ORGANIZAR E GERIR AS SALAS DE AULA COMO … · forma cooperada, soluções e regras de funcionamento do grupo de trabalho. GESTÃO DO TEMPO Tempo de Estudo Autónomo ... Como é constituído

ORGANIZAR E GERIR AS SALAS DE AULA COMO

COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM:

Entre o dizer e o fazer

RUI TRINDADE

UNIVERSIDADE DO PORTO (PORTUGAL)

O que é uma sala de aula organizada como uma comunidadede aprendizagem?

O que fazer para transformar uma sala de aula numacomunidade de aprendizagem?

CONTEÚDO

Uma sala de aula organizada como uma comunidade deaprendizagem é um espaço onde:

professor e alunos providenciam os apoios adequados e oscomentários a quem deles necessita

se gerem as tarefas a propor e as condições da sua realização

cada um contribui, à medida das suas possibilidades, para que osoutros possam aprender

A SALA DE AULA COMO COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM

Construir uma sala de aula como uma comunidade deaprendizagem implica:

deixar de pensar a relação dos alunos na sala de aula como umarelação competitiva;

aceitar que a colaboração e a cooperação entre alunos deixam de servistas como atividades que ocorrem ocasionalmente no espaço dassalas de aula.


A construção de comunidades de aprendizagem implica que sepense a ação educativa nas escolas a partir de outras conceçõessobre o que é ser estudante, o que é ser docente, o que é ensinar eo que é aprender.


Há quem defenda que a mudança a empreender nas nossas escolasimplica que:

os programas de trabalho se construam em função dos saberes, dasnecessidades e dos interesses dos alunos;

Os conteúdos e a informação percam relevância, dado que o objetivo dasescolas deve ser o de promover o desenvolvimento cognitivo e relacionaldos alunos ou o desenvolvimento de estratégias de pesquisa e deprocessamento de informação, para além de estratégias de resolução deproblemas;

os professores se assumam como facilitadores.


Há quem defenda que a mudança a empreender nas nossas escolasimplica que:

os programas de trabalho se construam em função dos saberes, dasnecessidades e dos interesses dos alunos;

Os conteúdos e a informação percam relevância, dado que o objetivo dasescolas deve ser o de promover o desenvolvimento cognitivo e relacionaldos alunos ou o desenvolvimento de estratégias de pesquisa e deprocessamento de informação, para além de estratégias de resolução deproblemas;

os professores se assumam como facilitadores.


Os alunos quando chegam à escola já são portadores de uma dadavisão do mundo e de determinados modos de pensar e de agir queos professores não poderão ignorar, ainda que a sua missão seja ade ajudar esses alunos a conhecerem outras visões do mundo eoutros modos de pensar, bem como a desenvolverem outrosinteresses e a descobrirem novas necessidades.


O desenvolvimento cognitivo e relacional dos alunos ou odesenvolvimento de estratégias de pesquisa, deprocessamento de informação ou de resolução deproblemas estão dependentes do fato desses alunospossuírem informações para que esse desenvolvimentoocorra.


Se educar é estimular, desafiar, organizar, propor, interpelar, avaliare apoiar os alunos a confrontarem-se com outras visões do mundo ecom outros modos de pensar e agir diferentes dos seus, o professor,mais do que um facilitador, tem de ser visto como um interlocutorqualificado.


De acordo com esta perspetiva, toda a aprendizagem é pessoal,mas ninguém aprende sozinho;

Se ninguém aprende por nós, também é verdade que nós só nostornamos capazes de aprender quer porque beneficiamos dainformação, dos instrumentos e dos procedimentos que outrosconstruíram quer do apoio que outros, ainda, nos ofereceram paraque nos pudéssemos apropriar dessa informação, dessesinstrumentos e desses procedimentos.


O professor e os colegas, com quem se compartilha a sala de aula, sãorecursos fundamentais das aprendizagens que cada um realiza:

criando as condições para que o trabalho aconteça; disponibilizando informação; propondo outras soluções e outras leituras; estimulando e provocando; oferecendo apoio; interpelando o trabalho realizado.


Ninguém ensina ninguém. Tão pouco ninguém aprende sozinho. Os homens aprendem em comum, mediatizados pelo mundo”

(Paulo Freire)

O que fazer para transformar uma sala de aula numa comunidade de

aprendizagem?

O QUE FAZER?

Movimento da Escola Moderna Portuguesawww.movimentoescolamoderna.pt

A organização e gestão cooperada do trabalho de

aprendizagem

O QUE FAZER?

As aprendizagens ocorrem através doenvolvimento em projetos de estudo,pesquisa e intervenção ou emsituações-problema

Os circuitos de comunicação paradifusão e partilha de produtosculturais


aprendizagem

O QUE FAZER?


As sessões de trabalho coletivas



aprendizagem

O QUE FAZER?


As sessões de trabalho coletivas

Trabalho autónomo e acompanhamento individual



aprendizagem

O QUE FAZER?

O QUE FAZER?

Viver e aprender numa sala de aula organizada como umacomunidade de aprendizagem

Como promover a participação dos alunos na gestão e organização da vida e do trabalho diário na classe?

Como organizar a vida e otrabalho diário dos alunos?

Atividades e instrumentos relacionados com a gestão cooperada do tempo de trabalho

GESTÃO DO TEMPO

GESTÃO DO TEMPO

Conselho de Cooperação Educativa

«O Conselho»

É a atividade da semana, onde se:

tomam as decisões acerca da vida daturma, registadas no Diário de Turma;

aprecia o trabalho realizado por cada um,analisando os Planos Individuais deTrabalho;

planificam as atividades.

GESTÃO DO TEMPO

Instrumento de registo de incidentes críticos ao longo da semana, para discuti-los e encontrar, deforma cooperada, soluções e regras de funcionamento do grupo de trabalho

GESTÃO DO TEMPO

Tempo de Estudo Autónomo

Ocorre diariamente (dura entre 1h. e1h30m.)

É o tempo de que os alunos dispõem pararealizar atividades, à sua escolha, previstasno seu Plano Individual de Trabalho (PIT)

Atividades: Fichas de trabalho, escrita erevisão de textos, resolução de problemas,trabalho em grupo, projetos, etc.

GESTÃO DO TEMPO

GESTÃO DO TEMPO

Sessões coletivas Não obedecem a nenhum tipo de cronologia

estabelecida;

Devem corresponder a necessidades doconjunto da turma;

Sessões mais frequentes: Reescrita de textos;

Apresentação de produtos de projetos;

Discussão de diferentes tipos de soluçõesencontradas face a um problema.

A professora aproveitou para escrever no quadro a novidade que a Rita, nessamanhã, tinha partilhado com todos:

«A minha gata já teve gatinhos»

Rita

Um texto que serviu de pretexto para o diálogo e para a atividade que se segue.

SESSÕES COLETIVAS

Professora: Alguém quer perguntar alguma coisa à Rita sobre a gata e os gatinhosdela?

Marina: Teve quantos ?

Rita: Três.

Professora: Então porque é que não escrevemos isso no texto ?Assim:

A minha gata já teve três gatinhos.

SESSÕES COLETIVAS

Luís: De que cor são ?

Rita: Um é todo branco e os outros são brancos e pretos.

Professora: Luís, como é que eu escrevo isso ?

Luís: Um gatinho é branco, os outros são brancos e pretos.

Rita: Ficava melhor se fosse assim: um gatinho é branco e os outros são pretoscom manchas brancas.

SESSÕES COLETIVAS

Professora: Eu escrevo:

A minha gata já teve três gatinhos. Um é branco, os outros sãopretos com manchas brancas.

SESSÕES COLETIVAS

Ana: O texto é muito pequeno.

Professora: Vamos saber mais coisas acerca da gata da Rita evamos torná-lo maior.

(...)

SESSÕES COLETIVAS

E o texto ficou assim:

Ontem, a minha gata Rosa teve três gatinhos. Um é todo branco e vaichamar-se Branquinho. Os outros são pretos com manchas brancas. Elesainda não abrem os olhos. Quando eu os quero ver, a minha gata arranha-me. Vou ficar com todos eles. Não vou dar nenhum.

Rita (com a ajuda do grupo)

SESSÕES COLETIVAS

Atividades e instrumentos relacionados com a gestão cooperada das atividades

PLANO DE TRABALHO DAS TURMAS

PLANO DE TRABALHO DAS TURMAS Língua Portuguesa – 3º anoÁrea: A comunicação escrita

Objetivos João Ana Maria

Ler por prazer (histórias, poesia…)

Ler para me informar (revistas, sites,…)

Ler sem hesitações para a turma

Dar títulos adequados aos textos

Descobrir no texto o sentido das palavras desconhecidas

Escrever textos livres

Escrever diversos tipos de textos (histórias, relatórios, notícias, cartas, etc.)

REGISTROS

TRABALHOS EM PROJETOS

Quem quer saber? O que queremos saber? O que já sabemos? Período de trabalho

Dia da comunicação

Luís O que comem oscamaleões?

Artur Porque é que de manhão mar está vazio e àtarde está cheio?

Susana Como é que nasceram as riscas às zebras?

PROJETO: ESTUDO DO PATRIMÔNIO

Escolha do problema • Que património histórico, artístico, arquitetónico e cultural existe, na nossa região, que valha a pena estudar?

Formulação de problemas parcelares

• É possível estudar todo esse património?

• Que interesse poderia ter esse estudo?

• Do património existente qual seria aquele que mais nos interessaria estudar? Porquê?

O que é que vamos fazer?

Preparação e planeamento do trabalho

• O que sabemos sobre esse património?

• Quem nos pode ajudar?

• De que recursos dispomos?

• Que tarefas teremos que realizar?

• Como é que nos vamos organizar? Precisamosde estabelecer um calendário de atividades?

• Como é que vamos tornar público o trabalhoque realizamos?

Como é que vamos fazer?



O que queremos saber?

O que já sabemos? Que atividades vamos realizar?

Quem faz? Quando se faz?

Quando se apresenta?

Monitorização do trabalho • Temos cumprido as tarefas previstas?

• Como é que o grupo tem funcionado?

• Quais os problemas que surgiram?

• Há novas tarefas a propor ou tarefas a cortar?

Preparação da apresentação pública do trabalho

• O que é vamos fazer para dar a conhecer otrabalho que fizemos?

• Como é que nos vamos organizar?

O que é que andamos a fazer?


• Quais os pontos positivos e negativos dotrabalho apresentado?

• Valeu a pena terem-se envolvido no projeto?

• Se voltassem atrás o que é que mudariam?

• Quais as razões que poderão explicar o sucessodo trabalho?

• Quais as principais dificuldades sentidas pelogrupo? Foram resolvidas? Como?

• Voltavam a trabalhar em grupo? Porquê?

• Que outros projetos gostariam de realizar?Porquê?

Como é que vamos fazer?

Avaliação final


PROJETO: A CIRCULAÇÃO DO SANGUE NO SER HUMANO

Atividades Material

Fase de planejamento:A turma planeja o trabalho a realizar, a partir da leitura dostemas do programa da disciplina de Ciências

Plano

de trabalho

Fase do trabalho de pesquisa:

Os alunos, com o apoio dos professores, definem o seu

plano de pesquisa, apoiados no guião

Guião

de trabalho

Fase da comunicação à turma Plano

de comunicaçãoà turma

Grupo de trabalho

Assunto Pesquisa Preparação da comunicação

Dia da comunicação

Início Fim Início Fim

LeandroAna LuísaGonçalo

Circulação do sangue no ser humano

Antónia

Sónia

Nelson

Alimentação do ser humano

PROJETO: A CIRCULAÇÃO DO SANGUE NO SER HUMANO

PLANO DE TRABALHO: GUIÃO DE TRABALHO O que devemos pesquisar Materiais de pesquisa

«Conhecer a Vida» «Viva a Terra» «Terra à Vista»

Como é constituído o sistema circulatório?

pg. 140 pg. 148 pg. 135

Qual é a função do coração? pg. 140 pg. 148 pg.135

Quantas cavidades tem o coração? pg. 140 pg. 148 pg. 135

Observar com atenção o esquema sobre o sistema circulatório, para se responder às questões que o livro contém.

pg. 141

(…)

PROJETO: GUIÃO DA COMUNICAÇÃO À TURMA

Nome Assunto

Ana Explicar porque é que é importante o sangue percorrer todo ocorpo

Leandro Explicar quais são os órgãos do sistema circulatório

Leandro Explicar a função do coração

Gonçalo Identificar as cavidades do coração

Gonçalo Explicar em que lado do coração circula o sangue arterial e osangue venoso

(…)

A turma tinha acabado de expor o projeto que havia desenvolvido sobre ospássaros, dando-se início ao debate:

Diogo – Vocês estudaram se os pássaros também morrem com doenças, ou não?

Beatriz (membro do grupo) – Não sabemos.

Professora - Claro, os pássaros também podem morrer por doença, como aspessoas, se não forem tratadas a tempo.

AS TURMAS COMO COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM: A APRENDIZAGEM DE CIÊNCIAS NO 1º ANO DE ESCOLARIDADE

Joel – Eu não sabia que havia aves a viver na água, pensava que elas só faziam ninhosapenas nos telhados.

Inês (outro dos membros do grupo) – Eles às vezes fazem no chão, mas têm de ter muitocuidado por causa dos crocodilos e cobras que podem vir a comer os ovinhos.

Lucas – Eu não sabia que o pica-pau também fazia ninhos.

Beatriz – Todos os pássaros fazem ninhos. Os ninhos são as casas deles.


Após muitos comentários de outros colegas fez-se a avaliação da apresentação dacomunicação.

Lucas – A Beatriz e a Inês apresentaram muito bem o cartaz.

Gabriela – A Inês e a Beatriz apresentaram muito bem e aprendi que o pica-pau pica aárvore para fazer lá o ninho

Miguel – Elas apresentaram muito bem e aprendi que os pássaros têm os ossos muitolevezinhos e por isso conseguem voar.


David – Elas comunicaram muito bem e aprendi que os pássaros não têmnada dentro dos ossos, mas a professora teve de explicar algumas coisasporque vocês não sabiam responder.

Luís – Eu gostei da comunicação e ainda não sabia e aprendi nomes demais pássaros.

Joel – Quando elas começaram, não conseguiam dizer bem as coisas, aBeatriz não consegui explicar muito bem as coisas dos livros, mas a Inêsajudou-a (…). Depois, mais para a frente, elas já apresentaram muito bem..


PROJETO: CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO


Trabalhar bem num projeto é:

Escrever acerca do que lemos e compreendemos.Não basta copiar as coisas dos livros.

Aprender coisas novas para ensinar aos outros.

Ilustrar bem os trabalhos.

Organizar bem as folhas, com títulos.

Registar de onde retiramos a informação.


Apresentar bem um estudo é:

Ler bem.

Não ler só, explicar também.

Explicar o que querem dizer as palavras novas.

Saber responder às perguntas dos colegas.

A cooperação como modo de trabalho pedagógico não significa asubmissão de cada sujeito a um coletivo;

A cooperação significa, apenas, que cada sujeito tem melhorescondições de se realizar como pessoa beneficiando da sua inserçãonuma comunidade de aprendizagem.

AS TURMAS COMO COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM: PRESSUPOSTOS

A VIDA EM COMUM: COMO?

OBRIGADO!

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ORGANIZAR E GERIR AS SALAS DE AULA COMO … · forma cooperada, soluções e regras de funcionamento do grupo de trabalho. GESTÃO DO TEMPO Tempo de Estudo Autónomo ... Como é constituído