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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES PROPOSTA DE SISTEMA DE INDICADORES DE DESEMPENHO PARA SETOR DE TRANSPORTES DE EMPRESA DE DISTRIBUIÇÃO MARCO AURÉLIO CAMPETTI DA SILVEIRA Trabalho de Diplomação Orientador: Christine Tessele Nodari Porto Alegre 2008

Orientador: Christine Tessele NodariRESUMO Atualmente, a competitividade no mundo dos negócios está rompendo barreiras que antes eram vistas como detalhes intransponíveis. Um exemplo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES

PROPOSTA DE SISTEMA DE INDICADORES DE DESEMPENHO PARA SETOR DE TRANSPORTES DE EMPRESA DE

DISTRIBUIÇÃO

MARCO AURÉLIO CAMPETTI DA SILVEIRA

Trabalho de Diplomação

Orientador: Christine Tessele Nodari

Porto Alegre

2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES

PROPOSTA DE SISTEMA DE INDICADORES DE DESEMPENHO PARA SETOR DE TRANSPORTES DE EMPRESA DE

DISTRIBUIÇÃO

MARCO AURÉLIO CAMPETTI DA SILVEIRA

Trabalho de Diplomação para a obtenção do título de Engenheiro de Produção

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de Produção e Transportes

Orientador: Christine Tessele Nodari

Porto Alegre

2008

RESUMO Atualmente, a competitividade no mundo dos negócios está rompendo barreiras que antes eram vistas como detalhes intransponíveis. Um exemplo é o caso da logística. Antes vista como mal necessário a qualquer atividade econômica, além de inerte, veio a se transformar em diferencial competitivo, em operação chave para implementação de uma estratégia competitiva. Cada vez mais os gestores de empresa estão prestando atenção às atividades logísticas e buscando formas mais eficientes de entendê-las e levá-las ao limite da eficácia. Na busca por este discernimento entram os sistemas de indicadores de desempenho com o objetivo de traduzir em números e percentuais fatores intangíveis ou imensuráveis, além dos tradicionais fatores tangíveis. Entre diversos modelos, o Balanced Scorecard BSC, busca alinhar o sistema de medição de desempenho às estratégias traçadas nos mais altos níveis e traduzir de que forma a operação do dia a dia está conseguindo isto ou não. O BSC foi usado como referência para a execução do estudo, que foi implementado em oito etapas segundo as suas perspectivas. Ao fim da implementação do sistema por inteiro ficou clara a importância da etapa de definição dos indicadores utilizados, pois quanto melhor sucedida ela for, mais útil e eficiente será o sistema de indicadores de desempenho. Palavras chave: transporte – Balanced Scorecard – indicadores de desempenho

Abstract

Nowadays, competitivity in the de business world is breaking barriers that were seen

unbreakable in the past.One example is logistics. In the past, it was seen as something

necessary to any activiy, but now it is a competitive differentia, a key element for the

implementation of a competitive strategy. More and more, business managers are

paying attention to logistic activities and seeking more efficient ways to understand

them and make them more efficient in the search for this discernment, we have find the

systems that measure performance with the goal of translating into numbers and

percentages the intangible or immeasurable factors, besides the tradicional tangible

ones. Among several models, the Balanced Scorecard BSC, tries to align the system to

measure performance to the strategies in the highest and translate how the day to day

operation is getting this or not. BSC was used as reference to the study that was

implemented in eight phases according to their perspectives. At the end of the

implementation of the whole system, the importance of the phase that defined the

indicators that were used was clear, for the more successful it is, the more useful and

efficient, the performance indicators system will be.

Key words: transport – Balanced Scorecard – performance indicators

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 7 1.1 Comentário iniciais............................................................................................................7 1.2 Tema e objetivos................................................................................................................9 1.3 Justificativa do tema e obetivos.........................................................................................9 1.4 Método de pesquisa..........................................................................................................10 1.5 Delimitações.....................................................................................................................11 1.6 Estrutura...........................................................................................................................11 2 REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................................13 2.1 Logística...........................................................................................................................13 2.2 Distribuição física............................................................................................................16 2.2.1 Transporte.....................................................................................................................18 2.2.2 Nível de serviço............................................................................................................20 2.2.3 Custos Logísticos..........................................................................................................22 2.3 Indicadores de desempenho.............................................................................................23 2.3.1 Indicadores de desempenho logísticos..........................................................................26 2.4 Modelos de avaliação de desempenho.............................................................................28 2.4.1 Balanced Sorecard – BSC.............................................................................................29 2.4.2 O BSC e a estratégia......................................................................................................33 3. DESCRIÇÃO DO CENÁRIO............................................................................................34 3.1 Descrição do Grupo RBS.................................................................................................34 3.2 Descrição da viaLOG.......................................................................................................35 3.2.1 Descrição dos processos logísticos da viaLOG............................................................39 3.2.1.2 Processos logísticos para clientes internos................................................................39 3.2.1.3 Processos logísticos para clientes externos ...............................................................41 3.3. Processos de avaliação de desempenho atuais................................................................42 3.3.1 Perspectiva Financeira...................................................................................................43 3.3.2 Perspectiva Operacional................................................................................................44 4. DESENVOLVIMENTO....................................................................................................45 4.1.1 Demanda.......................................................................................................................47 4.1.2 Análise missão e valores do Grupo RBS......................................................................49 4.1.3 Relação entre o transporte e missão e valores Grupo RBS...........................................50 4.2 Levantamento de informações existentes........................................................................52 4.2.1 Coleta de dados.............................................................................................................52 4.3 BSC, Missão e Valores....................................................................................................54 4.3.1 Perspectiva de aprendizado e crescimento...................................................................54 4.3.2 Perspectiva de processos internos................................................................................56 4.3.3 Perspectiva de clientes.................................................................................................58 4.3.4 Perspectiva financeira..................................................................................................59 4.3.5 Confronto entre informações necessárias e disponíveis..............................................59 4.4 Estruturação piloto..........................................................................................................61 4.4.1 Estruturação piloto – Cálculo dos indicadores............................................................62 4.5 Piloto...............................................................................................................................63 4.6 Revisão............................................................................................................................66 4.7 Utilização do sistema em toda a operação de transportes...............................................68 4.8 Revisão geral da metodologia.........................................................................................69 5 CONCLUSÃO....................................................................................................................71 5.1 Sugestões para trabalhos futuros.....................................................................................72 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................73

Lista de Figuras

Figura 1- Elementos Básicos da Logística.............................................................................14 Figura 2- Fluxos logísticos.....................................................................................................15 Figura 3- Termos e componentes da cadeia de suprimentos..................................................17 Figura 4 - Volume e valor como determinantes do modo de transporte................................19 Figura 5 - Otimização dos elementos do sistema...................................................................21 Figura 6 - A cadeia de valor...................................................................................................22 Figura 7 - O modelo simples de criação de valor..................................................................30 Figura 8 - Indicadores genéricos do Balanced Scorecard......................................................31 Figura 9 – BSC é uma etapa de um processo contínuo..........................................................32 Figura 10 – Organograma atualizado viaLOG......................................................................38 Figura 11 - Macro-fluxo operação Jornal..............................................................................39 Figura 12 – Macro-fluxo operação Clientes viaLOG............................................................42 Figura 13 – Sequência lógica de etapas para implamentação da sistemática proposta.........45 Figura 14 – Processos que compõem o Transporte...............................................................46 Figura 15 – Classificação rotas de transporte e respectivas características...........................48 Figura 16 – Sequência lógica de etapas para implamentação da sistemática proposta..........50 Figura 17 – Relatório de desempenho Gráfico Diário...........................................................53 FIgura 18 – Tabela de ICD’s..................................................................................................53 Figura 19 - Cálculo de formação............................................................................................55 Figura 20 – Lista de indicadores selecionados.......................................................................60 Figura 21 – Indicadores ANTES X DEPOIS.........................................................................62 Figura 22 – Composição índices consolidados perspectivas.................................................63 Figura 23 – Construção Índice de Aprendizado e Crescimento............................................64 Figura 24 – Construção Índice de Processos.........................................................................65 Figura 25 – Construção Índice de Clientes............................................................................65 FIgura 26 – Construção Índice de Financeira........................................................................66 FIgura 27 – Construção Índice Global Consolidado.............................................................66 Figura 28 - Classificação de Importância e Urgência dos indicadores.................................68 Figura 29 - Percentuais de rateio das perspectivas Financeira e de Processos Internos.......69 Figura 30 - Ponderação geral dos indicadores......................................................................70

Lista de Tabelas

Tabela 1- O desempenho relativo de cada modo de transporte...........................................20 Tabela 2 – Criação viaLOG.................................................................................................37 Tabela 3 – Participação em quantidade dos produtos Grupo RBS......................................41

7

1 INTRODUÇÃO 1.1 Comentário iniciais

Atualmente o ramo de logística e distribuição tornou-se extremamente dinâmico e

disputado. O que antes era visto como uma simples necessidade na entrega de produtos e

serviços ao consumidor final, mostra-se como um elemento-chave e que pode agregar valor

aos bens e serviços oferecidos. Algo bem diferente do que era até pouco tempo atrás,

quando o termo, logística estava associado exclusivamente ao meio militar e ao

abastecimento de tropas em combate (NOVAES, 2004).

Hoje em dia, a rapidez e a qualidade de atendimento ao cliente são itens

estratégicos na concretização da comercialização de produtos ou serviços e fidelização de

consumidores. Até pouco tempo atrás, as organizações ao redor do mundo investiam

maciçamente seus recursos em aumento de produtividade, aumento de qualidade,

ferramentas de gestão que gerassem redução de custos, sistemas de gestão e planejamento

integrados, entre outros. Com o enorme avanço nestas outras áreas, o conhecimento acabou

sendo difundido e as empresas, de um modo geral, acabaram alcançando o equilíbrio. Em

face deste cenário fez-se vital desenvolver-se em outros aspectos, para assim, sobressair-se

a concorrência e ganhar a preferência do consumidor, que está cada vez mais exigente. Tal

desenvolvimentos é oriundo da intensa competição a qual as empresas estão expostas

(COLIN, 2006).

Como já ocorrido com outros setores em que o desenvolvimento tornou-se

essencial para redução de custos e sobrevivência das organizações, agora acontece com a

logística. Para a gestão da produção foi quase que obrigatório adequar-se ou pelo menos

adotar em parte os conceitos da produção enxuta. Na gestão de custos surgiu o custeio

baseado em atividades – ABC, na área da qualidade foram desenvolvidas e difundidas

inúmeras ferramentas como a metodologia Seis Sigma ou controle estatístico de processo.

Como uma sequência natural, boa parte dos esforços empresariais concentram-se na

otimização dos recursos destinados à logística e seus processos.

8

Até meados do século passado a logística era vista como uma parte inerte e sem

muita importância, a qual não poderia ser considerada como ponto decisivo numa estratégia

de sucesso, conforme ressalta Novaes (2004):

Por se tratar de um serviço de apoio, sem o glamour da estratégia bélica e sem o

prestígio das batalhas ganhas, os grupos logísticos militares trabalhavam quase

sempre em silêncio.

Foi o que também ocorreu nas empresas durante um bom período de tempo

Pg31/32

A realidade, hoje, demonstra exatamente o contrário, revelando a logística como um elo

crucial e de alta importância nas relações comerciais entre empresas e consumidores.

Segundo Novaes (2004), a logística deve ser considerada um dos elementos-chave na

estratégia competitiva das empresas e tornou-se, atualmente o ponto nevrálgico da cadeia

produtiva integrada.

A crescente importância que vem sendo dispensada à logística é reforçada por

Novaes (2001), quando afirma que os gerentes de logística estão sendo obrigados a

implementar práticas operacionais diferentes, a fim de atender novas formas de demanda

dos consumidores que não existiam uma década atrás. Stock e Vantine (1993) reforçam esta

idéia de evolução da participação da logística ao afirmar que somente nos últimos trinta

anos é que o segmento de negócios começou a se interessar realmente pela logística.

Com este crescente aumento de importância, o setor de logística começou a

ascender da mesma forma como aconteceu em outras épocas com a qualidade,

produtividade, custos e gestão. Começaram a surgir, também, novas formas de se fazer

logística e novos formatos de empresas de logística e distribuição. Hoje existe uma

concorrência feroz no mercado de operações logísticas, com o surgimento de novos

entrantes no mercado constantemente.

Como forma ou meio de realizar esta evolução da demanda nos processos

logísticos fez-se necessário conhecer ainda melhor a própria operação. Para alcançar este

objetivo, um sistema de indicadores de desempenho é fundamental. Sellito e Walter (2006)

propõem que inovações no sistema de medição de desempenho das operações são sugeridas

por este cenário atual. Os mesmos autores aprofundam ainda mais ao afirmar que a

9

medição e controle dos resultados gerados pela aplicação da estratégia constituem parte

relevante no processo estratégico da organização.

1.2 Tema e objetivos

O tema do trabalho refere-se ao uso de indicadores de desempenho logísticos.

Neste trabalho foi feito um estudo acerca dos processos de avaliação de desempenho do

setor de transporte de uma empresa de logística e distribuição, especializada na distribuição

de impressos. O objetivo geral do estudo é propor e implementar sistema de indicadores de

desempenho baseado nos conceitos do Balanced Scorecard.

Como objetivos específicos destacam-se:

• Avaliar processos de avaliação de desempenho usados atualmente;

• Avaliar indicadores existentes e sugerir melhorias que estejam

alinhadas ao objetivo principal;

• Analisar dados existente e necessário para composição do sistema;

• Alinhar o sistema de indicadores a missão e valores da empresa.

1.3 Justificativa do tema e objetivos

Segundo Sun Tzu (SÉCULO VI AC), apud Clawell (2003), se você se conhece e

ao inimigo, não precisa temer o resultado de uma centena de batalhas. Trazendo ao mundo

empresarial, o que foi dito acima, torna-se uma premissa verdadeira e valiosa, é de vital

importância conhecer seu próprio negócio. Nem sempre é fácil ou factível de forma direta,

fazendo-se necessário uso de ferramentas que auxiliem na mensuração dos processos

adotados pela empresa, e forneçam parâmetros para avaliar a situação.

Através da criação de indicadores de desempenho é possível conhecer e avaliar

crítica e concretamente as operações de uma empresa, com o transporte acontece o mesmo.

10

Ao longo do tempo, a logística vem-se integrando as demais funções das organizações de

tal forma, interna e externamente. Com isto, não se pode falar sobre o desempenho do

principal pilar da logística, o transporte, sem implicar no desempenho da organização por

inteiro (CAIXETA-FILHO; MARTI NS, 2007)

De acordo com Neely et al. (1995), o ato de medir o desempenho pode ser

compreendido como a técnica utilizada para avaliar a eficácia e a eficiência das atividades

desenvolvidas pela empresa. Tendo em vista a complexidade cada vez maior das

organizações e de seus processos, a forma mais correta de realizar tal medição é através de

indicadores alinhados aos objetivos da empresa.

A utilização de um sistema organizado de indicadores, coletados de forma

sistemática e seguindo diretrizes definidas previamente, permite uma avaliação real das

condições em que a empresa opera. É necessário criar uma metodologia ou rotina para que

os dados gerados sejam fundamentados, como se estivéssemos medindo os sinais vitais da

empresa (HRONEC, 1994).

Christopher (1992) afirma que para se ter um processo de gestão eficiente é

necessário um sistema logístico que proporcione respostas rápidas ao gerente. As

informações sobre a operação e respectivo desempenho são essenciais para se ter essa

eficiência.

Alcançar a excelência nas operações logísticas, ou seja, a capacidade de uma

empresa, simultaneamente, reduzir custos e melhorar níveis de serviço, tem sido objeto de

diversas pesquisas ao longo dos últimos quinze anos (BOWERSOX, CLOSS e STANK,

1999). Além de objeto de pesquisa de estudiosos do assunto, tornou-se uma obsessão e

necessidade no meio empresarial.

1.4 Método de pesquisa

O presente trabalho, por sua natureza, pode ser considerado como uma pesquisa

aplicada, de caráter quantitativo e qualitativo. Foram estudados os processos de avaliação

de desempenho atuais da empresa com o intuito de analisar e propor melhorias nos

11

mesmos. Em uma pesquisa aplicada existe a busca pela criação de conhecimento para

aplicação em solução de problemas específicos (GIL, 1991).

Quanto à abordagem dos problemas, a pesquisa pode ser caracterizada como uma

pesquisa-ação. De acordo com Franco (2005), quando alguém opta por trabalhar com o

modelo de pesquisa-ação, pesquisa e ação caminharão lado a lado obrigatoriamente para

que haja transformação das práticas.

Inicialmente é feita uma breve introdução ao tema de estudo, seguida de uma

revisão bibliográfica contendo os assuntos pertinentes ao desenvolvimento do trabalho.

Após a revisão bibliográfica são levantados os processos potenciais para desenvolvimento

do estudo e em seguida selecionados aqueles que melhor se adequam à implementação do

sistema de indicadores logísticos.

1.5 Delimitações

O presente trabalho versa sobre indicadores de desempenho voltados para o setor

de transporte de uma empresa de distribuição. São abordados os assuntos logística,

distribuição física, indicadores de desempenho e modelos de avaliação de desempenho

como fonte de conhecimento sobre o assunto.

Foram abordados outros pontos que fazem parte da cadeia logística de modo a

facilitar a compreensão do estudo, sendo objetivo a atividade transporte. Foram usados

como base para o sistema de indicadores de desempenho os conceitos do Balanced

Socrecard.

A atividade de transporte alvo do estudo tem interface de contato com diversas

outras atividades e processos. Além disto o transporte está presente em praticamente toda a

cadeia logística de formas diferentes. A atividade de transporte avaliada é denominada de

Transporte Pré-CD, que acontece imediatamente após os produtos estarem prontos para ser

expedidos e os leva até os centros de distribuição (CD’s). O estudo foi desenvolvido tendo

como base as operações realizadas no Rio Grande do Sul.

12

As metas e valores de referência para cada indicador foram definidos de forma

empírica. Não foram realizados estudos buscando sua a validá-las ou revisá-las. Também

não foram quantificados os custos de desenvolvimento ou implementação do sistema de

indicadores.

1.6 Estrutura

O presente trabalho está estruturado em cinco capítulos: introdução, revisão

bibliográfica, descrição do cenário, desenvolvimento e conclusões e considerações finais.

O primeiro capítulo, introdução, está dividido nos seguintes tópicos: comentários

iniciais, tema e objetivos, justificativa do tema e objetivos, método de trabalho,

delimitações e estrutura.

O segundo capítulo, revisão bibliográfica, é formado por quatro subitens: (i)

logística, (ii) distribuição física, (iii) indicadores de desempenho logísticos e (iv) modelos

de avaliação de desempenho.

O capítulo três trata sobre o cenário no qual foi desenvolvido o estudo. O objetivo

é possibilitar ao leitor entender tal cenário e também compreender melhor as necessidades e

objetivos do trabalho.

No capítulo quatro são apresentadas as etapas utilizadas para o desenvolvimento

do trabalho e à implementação de um modelo de avaliação de desempenho destinado à área

de transportes de uma empresa de distribuição de impressos. Cada etapa é detalhada acerca

dos passos que as compõem.

Por fim o capítulo cinco, no qual são apresentadas as conclusões e considerações

finais sobre o desenvolvimento do trabalho. Também são apresentados alguns temas

sugeridos para dar continuidade a este estudo.

13

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Logística

O processo logístico engloba as questões de planejamento, implementação e

controle do fluxo eficiente e eficaz de matérias primas, estoque em processo, produtos

acabados e informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo. Todas

essas questões devem estar focadas em atender as exigências dos clientes (DORNIER,

2000).

Na visão de Ballou (1993), o conceito básico de logística, é “colocar o produto

certo, na hora certa, no local certo e ao menor custo possível”. Mesmo sendo um conceito

bastante amplo, reflete de forma clara a abrangência e o objetivo da logística.

De acordo com Novaes (2004), a evolução que incidiu sobre a logística nestes

últimos sessenta anos tornou-a um dos elementos-chave na estratégia competitiva das

empresas. As atividades de logística deixaram de ser vistas simplesmente como atividades

de apoio:

Os executivos entendiam que, no fundo, tais operações não agregavam nenhum

valor ao produto. Dentro da organização empresarial, esse setor era encarado

como um mero centro de custo, sem maiores implicações estratégicas e de

geração de negócios. Em linguagem de hoje, diríamos que esse setor da empresa

atua de forma reativa e não proativa. Pg. 32.

Christopher (1997) afirma que a logística empresarial abrange as áreas que tratam

diretamente com o fluxo de beneficiamento das matérias-primas em produtos acabados,

tanto no aspecto interno de uma organização empresarial quanto no aspecto externo,

envolvendo todos os fornecedores de matérias primas e partes que compõe um produto, até

o ponto de ocorrência da demanda deste produto pelo consumidor final.

Para Slack et al. (1999), a cadeia logística é como o fluxo de água de um rio, onde

seus extremos, nascentes e foz, correspondem, respectivamente, à matéria prima

(fornecimento) e cliente final (demanda). Entre estes extremos existe uma infinidade de

empresas que podem ser vistas como afluentes e subafluentes que significam os diversos

fornecedores de materiais e serviços que alimentam o rio condutor da cadeia.

14

Neste contexto de evolução constante que hoje se fala em gestão da cadeia de

suprimentos e logística integrada, Lambert et al.(1993) afirmam que a gestão da cadeia de

suprimentos é a integração dos processos-chave de negócios desde o usuário final até os

fornecedores originais que provêem produtos, serviços e informações que agregam valor

para os consumidores e demais interessados no negócio.

O gerenciamento de cadeias de suprimento inclui um conjunto de processos de

negócio que em muito ultrapassa as atividades diretamente relacionadas com a logística

(LAMBERT, STOCK, 1998). Essa integração de conceitos dos elementos básicos da

logística pode ser visualizada na Figura 1.

Todos os elementos logísticos acompanhados dos fluxos logísticos, demonstrados

na Figura 2, devem estar alinhados de forma a satisfazer plenamente o consumidor final.

Processo de planejar, operar, controlar

Fluxo e armazenagem Matéria-prima Produtos em processo Informações Dinheiro

Do ponto de origem

Ao ponto de destino

De forma econômica, eficiente e efetiva

Satisfazendo as necessidades e

preferências dos clientes

Figura 1 - Elementos Básicos da Logística Fonte: adaptado de Novaes (2004)

15

Complementando o raciocínio de Novaes (2004), a logística moderna deve incorporar (i)

prazos previamente acertados e cumpridos integralmente, ao longo de toda a cadeia de

suprimento; (ii) integração efetiva e sistêmica entre todos os setores da empresa; (iii)

integração efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes; (iv) busca da

otimização global, envolvendo em toda a racionalização dos processos e a redução de

custos em toda a cadeia de suprimento; (v) satisfação plena do cliente, mantendo o nível de

serviço preestabelecido e adequado.

Para Fleury (2000) o sucesso no gerenciamento de cadeias de suprimento, por

muitos considerada a última fronteira na redução de custos, é um diferencial competitivo

que não pode ser descartado no processo de globalização em que vivemos. Em um

ambiente cada vez mais competitivo, a pressão do mercado por uma crescente variedade de

produtos e por melhores níveis de serviço ao menor custo possível têm feito com que a

logística integrada e o Supply Chain Management (SCM) estejam cada vez mais presentes

na agenda das empresas de todo o mundo. A tendência à especialização via

FORNECEDOR MANUFATURA DISTRIBUIDOR

VAREJISTA CONSUMIDOR

FLUXO DE INFORMAÇÃO

FLUXO DE MATERIAIS

FLUXO DE DINHEIRO

Figura 2 - Fluxos logísticos Fonte: Novaes (2004)

16

terceirização/desverticalização e a evolução cada vez mais rápida das tecnologias de

informação e de telecomunicações também têm influenciado nesta mudança.

Considerando a importância do gerenciamento de cadeias de suprimento como

parte integrante das atividades logísticas da empresa, uma nova definição de logística se fez

necessária. Ballou (1993) define logística como a integração da administração de materiais

com a distribuição física, abrangendo as atividades de movimentação e armazenagem e

considerando o fluxo dos produtos e informações até o cliente.

Caixeta-Filho e Martins (2007) propõem três fases distintas para a logística, de

acordo com o foco principal. Em um primeiro momento há a era pré-logística, a segunda

fase é denominada logística e a terceira neologística. A seguir são apresentadas as

principais diferenças e evoluções entre elas e seus objetivos.

1. Pré-logística: gestão com ênfase no custo do transporte, redução nas

rotas contratadas através da redução dos custos operacionais das

frotas próprias. Nesta fase, o transporte era administrado como uma

função independente das demais que constituem a organização;

2. Logística: o conceito de desempenho é ampliado, agregando outras

dimensões não consideradas antes como estoques, qualidade e nível

de serviço. Já inicia-se a analisar desempenho dos serviços de

transporte como integrantes da organização como um todo;

3. Neologística: nesta fase, a ênfase está no desempenho do sistema em

relação ao meio no qual está inserido, tornando definitivamente a

logística como parte integrante e de alta importância ao desempenho

global da organização. Neste período começa a surgir o conceito de

cadeia de suprimentos.

2.2 Distribuição física

Novaes (2004) explica que a logística é subdividida sob duas óticas. Logística de

suprimento ou inbound logistics, que é o processo de abastecer a manufatura com matéria-

17

prima e componentes. A outra ótica é denominada distribuição física ou outbound logistics,

que consiste em levar produtos manufaturados ou acabados até o cliente. Slack et al. (1999)

e Novaes (2004) convergem ao definir como distribuição física a transferência ou

transporte físico da empresa produtora até o cliente. Na Figura 3 é possível visualizar de

que forma a distribuição física faz parte da cadeia de suprimentos como um todo e os

limites com outras áreas componentes da mesma. Ainda Figura 3 pode-se ver de que forma

está inserido o transporte, processo alvo do estudo e que é abordado no próximo item.

O objetivo geral da distribuição física é levar os produtos certos para os lugares

certos, no momento certo e com o nível de serviço desejado, pelo menor custo possível

(NOVAES, 2004). Theisen (2004) define distribuição física como a parte da logística

reponsável pela movimentação e processamento de pedidos.

Ainda segundo Novaes (2004), há um certo antogonismo em garantir um nível de

serviço elevado e ao mesmo tempo reduzir custos. Isto porque grande parte das melhorias

Gestão da cadeia de suprimentos

Gestão de materiais

Logística

Gestão da distribuição física Gestão de compras e suprimentos

Figura 3 - Termos e componentes da cadeia de suprimentos Fonte: adaptado de Slack et al. (1999)

Inbound logistics outbound logistics

Transporte

18

que possibilitariam o aumento no nível de serviço implicam em custos maiores em

transporte, armazenagem e estoque.

2.2.1 Transporte

O principal fim da atividade de transporte dentro da logística é o deslocamento de

materiais de um ponto de origem a um de destino, atendendo a determinadas restrições

(NOVAES, 2004). Slack et al. (1999) ressaltam que as características do bem a ser

transportado são fundamentais e imprescindíveis no momento de planejar o transporte.

Acredita-se que os custos logísticos podem ser até dez vezes maiores que os de

publicidade (LAMBERT et al.,1993). Dentro deste contexto, Bowersox e Closs (2001)

afirmam que o transporte é um dos elementos mais visíveis nas operações logísticas e é o

componente mais necessário nos sistemas logísticos. Somando-se a estas afirmações Ballou

(1993) propõe que os custos relacionados ao transporte variem de 30 à 60 % dos custos

logísticos totais.

Existem diversos modais de transporte, e dentre rodoviário, ferroviário, aeroviário,

hidroviário e dutoviário. Especificamente falando do modal rodoviário, existem duas

principais formas de transporte de carga neste modal: carga lotada e fracionada (NOVAES,

2004). Na primeira, a carga é composta por um único lote de remessa, na segunda a

capacidade do veículo é compartilhada por diversos embarcadores.

No Brasil, o principal modal de transporte utilizado é o rodoviário. De acordo com

Slack et al (1999) há predomínio deste modal , alcançando 61 % de participação no total de

transporte realizado no país, sendo o que oferece mais flexibilidade de rotas.

Na Figura 4, observa-se a relação custo de transporte x volume transportado para

cada modal. Cada modal de transporte apresenta determinadas e diferentes características

em relação as principais dimensões através das quais são avaliados e determinam sua

melhor utilização ou finalidade (SLACK et al., 1999). A razão custo versus volume

transportado é praticamente inversamente proporcional, assim quanto maior a capacidade

de volume, menor o custo.

19

Isto se deve as dimensões do tranporte ilustradas na Tabela 1, como velocidade de

entrega e flexibilidade de rota. Os modais aéreo e rodoviário têm desempenhos muito bons

nestas dimensões, mas isto é traduzido diretamente em custos. Em contrapartida, os modais

duto e hidroviário têm os melhores desempenhos na dimensão de custo, pois transportam

grandes quantidades de carga para pontos fixos e de número reduzido, fazendo com que o

custo unitário (por fração, kg, tonelada, etc.) seja consideravelmente menor do que os

outros.

Aeroviário

Rodoviário

Ferroviário

Hidroviário

Dutoviário

$$

Volume transportado

Figura 4 - Volume e valor como determinantes do modo de transporte Adaptado de Slack el al (1999)

20

2.2.2 Nível de serviço

De acordo com Slack et al. (1999), os clientes somente poderão julgar a

confiabilidade de uma operação após receber o produto. Para a empresa isto significa

realizar o que é necessário para que a entrega seja concretizada dentro do prazo que foi

acordado.

Ballou (2001) define como nível de serviço o resultado do projeto do sistema

logístico, no qual são consideradas todas as atividades logísticas ou da cadeia de

suprimentos. Para Ballou (2001), na perspectiva da logística, serviço ao cliente é o

resultado de todas as atividades logísticas ou do processo da cadeia de suprimentos, ou seja,

dessa forma o projeto de sistema logístico estabelece o nível de serviço ao cliente a ser

oferecido. Existem três pontos que impactam diretamente no nível de serviço, eles podem

ser observados na Figura 5.

Legenda: 1=melhor desempenho; 5=pior desempenho

5 4 3 2 1 Flexibilidade de rota

1 2 5 4 3 Custo

1 5 4 3 2 Qualidade

1 5 4 3 2 Confiabilidade de entrega

4 5 1 3 2 Velocidade de entrega

Dutoviário Hidroviário Aéreo Ferroviário Rodoviário

Modo de Transporte

Tabela 1 - O desempenho relativo de cada modo de transporte Fonte: Adaptado de Slack et al. (1999)

21

Os estoques devem ser dimensionados e geridos de forma correta, caso contrário

podem impactar decisivamente nos custos logísticos. Existe um ponto de equilíbrio no qual

o cliente pode ser atendido dentro de suas expectativas e que não oneram demasiadamente

o sistema. O transporte é um dos pilares da logística e consume boa parte dos recursos

financeiros. Além destes, a distribuição física ao cliente final geralmente termina ou passa

pelo transporte. Completando estes dois tem-se a localização, que sendo apropriada impacta

diretamente na armazenagem e no transporte. Uma localização adequada contribui para a

redução de custos de transporte, redução de custos de estocagem com a minimização de

estoques e para a agilidade no atendimento às necessidades do cliente.

Segundo Ballou (1993), serviços logísticos personalizados, em resposta à

demandas diferencidas, podem influenciar diretamente a escolha dos clientes. Esta nova

visão contraria aquela antiga de que a logística somente poderia agregar valor a um produto

ou serviço através de prazos de entrega ou custos reduzidos.

Nível de serviço

Estoques: -níveis de estoque - métodos de controle

Transporte: -modos - roteiros - lotes de transferência - acondicionamento

Localização: -produção/armazenagem - alocação de demanda/oferta - número, tamanho e localização - instalações públicas/privadas

Figura 5 - Otimização dos elementos do sistema Fonte: Apostila de Gestão de operações logísticas e de distribuição – SEST/SENAT (2007)

22

2.2.3 Custos Logísticos

De acordo com Novaes (2004), em decorrência da forte competição entre as

empresas passou-se a buscar redução de custos em todos os níveis e de forma sistemática.

Isto, somado a representatividade que a logística tem na cadeia de valor dos produtos e

serviços, já explicado no item 2.2.1, faz com que se concentre esforços em otimizar os

processos logísticos.

Ainda segundo Novaes (2004), as empresas que não conseguirem implementar um

controle de qualidade adequado, a um custo adequado dificilmente conseguirão atuar de

forma integrada e com sucesso na cadeia de suprimento otimizada. Logo não basta ter

qualidade a um custo alto ou custo baixo com qualidade baixa. A empresa será rentável se a

receita total, derivada do preço que consegue estabelecer para um produto ou serviço, for

maior que a soma de todos os custos gerados para obter o produto ou serviço.

Através da Figura 6 é possível vizualizar como as diversas etapas de fabricação de

produto ou geração de serviços têm de ser consideradas, bem como as atividades de apoio.

A margem resultante na comercialização de um produto deriva de uma série de atividades,

sendo elas diretamente relacionadas a produção e movimentação ou não como gestão

recursos humanos e infra-estrutura da empresa. Apesar de serem atividades de apoio, são

essenciais e imprescindíveis para que sejam alcançados resultados satisfatórios.

Infra-estrutura da empresa

Gerenciamento de recursos humanos

Desenvolvimento de tecnologia

Aquisição de insumos e serviços

Logística Inbound Operações

Logística outbound

Marketing e Vendas

Assistência Técnica

M

A

R

G

E

M

Figura 6 - A cadeia de valor Fonte: Novaes (2004)

23

Neste contexto, Rocha (1997) propõe que os recursos consumidos pela empresa

devem ser analisados e os custos derivados classificados. A forma como isto é feito

impactará diretamente no resultado da empresa. Caso não haja um tratamento adequado dos

custos gerados pela fabricação de um produto ou serviço, principalmente daqueles ditos de

apoio que não são diretamente associados ao produto, o resultado pode ser

comprometedoramente distorcido, para melhor ou pior. Em ambos os casos há riscos, pois

deconhece-se a real situação da organização.

Para Bornia (2002), o conceito de gastos representa o montante empregado pela

empresa para adquirir insumos, mesmo que não sejam utilizados. Completando este

raciocínio, Kliemann (2004) afirma que custo é o valor que deveria ter sido gasto, de forma

eficiente, para produzir ou fornecer um bem ou serviço.

Para Novaes (2004), já é fato consumado a produção de bens/serviços com

altíssimos índices de qualidade e a custos minimizados ao limite no cenário atual. E

completa, ainda, que no mercado globalizado da atualidade este é um requisito mínimo para

ser competitivo.

2.3 Indicadores de desempenho

Pande et al. (2007) afirmam que a questão mais desafiadora hoje em dia, não é

“como obtemos sucesso?”, mas sim “como mantemos o sucesso?”. Existe uma sucessão de

líderes de mercado durante um período limitado, após este período vem o declínio. Com a

grande competitividade que existe hoje, não basta alcançar um nível superior ao da

concorrência, é necessário no mínimo manter tal nível. Complementando, Pande et al

(2007) ainda fazem uma analogia, entre gestão de negócios e andar de bicicleta, na qual o

sucesso nas duas, no longo prazo, depende de um “sistema de loop fechado”, onde tanto

informações internas quanto externas servem para orientar o executivo ou ciclista nas

eventuais correções de curso.

Um dos meios para manter o sucesso é saber de forma eficiente como está o

desempenho da organização. Druker (apud Caixeta-Filho; Martins, 2007), diz não ser

24

possível administrar o que não se mede, destacando a grande importância do desempenho

para as empresas.

Segundo Hronec (1993), desempenho é o modo como as atividades ou outputs de

um processo atingem suas metas. Para Beuren (2002), o uso de informações sobre os

ambientes interno e externo se torna cada vez mais importante para que os gestores

planejem e controlem as operações cada vez melhor. Isto os habilita a gerir colocando-os

em posição de vantagem para aproveitar as ações positivas que contribuam para assegurar a

continuidade da organização no mercado (BEUREN, 2002).

De acordo com Sink e Tuttle (1993), o desempenho de um sistema organizacional

pode ser medido através de um inter-relacionamento complexo entre sete critérios de

desempenho: eficácia, eficiência, qualidade, produtividade, qualidade de vida no trabalho,

inovação e lucratividade. A seguir seguem as definições desses critérios:

1. Eficácia: Indica em que grau a saída de um produto ou de um serviço

está de acordo com os requisitos. A definição operacional de eficácia é:

a realização das coisas “certas”, ou seja, o objetivo da atividade é

atingido;

2. Eficiência: indica em que medida ele produz as saídas de processo a um

custo mínimo;

3. Qualidade: grau em que o produto ou serviço satisfaz as necessidades e

expectativas do cliente e dos processos;

4. Produtividade: é relação entre o valor agregado pelo processo e valor

do trabalho e capital consumidos;

5. Qualidade de vida no trabalho: é a resposta ou reação afetiva das

pessoas do sistema organizacional a determinados fatores como:

remuneração, condições de trabalho, cultura, liderança, relacionamento

com colegas;

6. Inovação: é o processo criativo de mudar com êxito tudo (processos e

resultados) o que é necessário para sobreviver, competir, crescer e

conseguir os resultados desejados;

25

7. Lucratividade / orçamentabilidade: Lucratividade, para centro de

lucros, é uma medida ou conjunto de medidas que relacionam receita a

custos.

8. Orçamentabilidade, para centro de custos, é uma medida ou conjunto

de medidas da relação entre orçamentos, metas, entregas e prazos

combinados, e custos, cumprimento e prazos efetivos.

Para Leão (1998) desempenho pode ser avaliado através da relação direta entre

resultado obtido e resultado esperado, conforme sugerido na Equação 1:

Moreira (1991) apud Novaes (2004), define produtividade de forma similar, porém

incluindo no conceito a relação entre o que foi produzido e o que foi utilizado para

produzir, em um certo intervalo de tempo. Slack et al. (1999) afirmam não haver como

avaliar o desempenho de um negócio através de um único indicador. Se faz necessária a

associação um grupo de indicadores, mesmo que reduzido, para que se possa entender e

avaliar o resultado de uma empresa ou unidade de negócio completamente. Corroborando,

para Novaes (2004), dependendo do caso em questão, podem ser utilizados indicadores

parciais ou totais.

Seguindo essa lógica de complexidade de avaliação de desempenho, Daugherty et

al. (1996) garantem não haver nenhum consenso universal sobre a definição de

desempenho. Similarmente, não há nenhum consenso considerando quais fatores

constituem os melhores indicadores de desempenho.

O mais importante, no entanto, é medir o desempenho e utilizar estas informações

de forma coerente e eficaz. Para Caixeta-Filho e Martins (2007) temos de fazer três

perguntas obrigatoriamente quando pensamos em processo de avaliação de desempenho:

1. Por que avaliar?

Indicador de geração de resultado =

Resultado obtido

Resultado esperado

Eq.1

26

2. O que avaliar?

3. Como avaliar?

2.3.1 Indicadores de desempenho logísticos

A combinação de crescimento ecnonômico mais lento e a concorrência mais

acirrada forçou empresas de todos os setores a se concentrarem na apropriação eficaz e

eficiente de recursos logísticos. Tem sido despendido um esforço substancial para melhorar

a qualidade da informação que os executivos da logística têm a sua disposição para

monitorar, comparar e orientar o desempenho logístico. Os principais objetivos do

desenvolvimento e implementação de sistemas de avaliação de desempenho são estes:

monitorar, controlar e direcionar operações logísticas (BOWERSOX; CLOSS, 2001).

A integração e globalização da logística têm grandes impactos sobre a definição e

a utilização de medidas de desempenho para ela. Técnicas e medidas de desenvolvimento

adaptadas às realidades logísticas atuais são críticas, pois o controle eficaz da gestão de

custos e operações demanda informações sobre o desempenho logístico, de acordo com

Dornier (2000).

De acordo com Caixeta-Filho e Martins (2007) o transporte apresenta algumas

características que condicionam o desempenho de seus serviços como (i) demanda derivada

de outras atividades econômicas, (ii) mercados regulamentados e sem diferenciação de

produto, (iii) produção e consumo simultâneos com o cliente participando dos processos,

(iv) produção em movimento com interações com o meio ambiente, (v) atividade-meio

associada a uma rede de processos e parcerias, (vi) produto intangível, (vii) satisfação do

usuário associada ao resultado e à participação no processo, (viii) produtos e processos

heterogêneos, (ix) grandes oscilações espaciais e temporais de demanda, (x)

indivisibilidade de oferta e (xi) diferentes tecnologias para a produção do serviço.

A partir destas características surgem dificuldades a mais do que no caso de

produtos físicos para se definir e quantificar medidas de desempenho. A intangibilidade e

27

grande diversidade de produtos também contribuem para esta dificuldade de mensuração de

desempenho (CAIXETA-FILHO; MARTINS, 2007).

Bowersox e Closs (2001) definem como medidas logísticas comuns as seguintes:

• Tempo para entrega do pedido (por pedido);

• Prazo de entrega (por pedido);

• Tempo de separação do pedido (por pedido);

• Tempo de consulta (por pedido);

• Tempo para entrada do pedido (por cliente);

• Tempo de separação do pedido (por cliente);

• Prazo de entrega (por cliente);

• Tempo de separação do pedido (por produto);

• Prazo de entrega (por produto).

Os mesmos autores fazem, ainda, uma distinção entre três tipos básicos de

medidas de produtividade, que são estática, dinâmica e substituta. A medida estática é a

medida mais simples, na qual é expressa a relação entre recursos utilizados e resultados em

período de tempo, uma única vez. A dinâmica é o índice que relaciona dois ou mais

índices estáticos, pode ser considerado a evolução de um para outro. Por último, a medida

substituta que é aquela na qual são representados fatores que normalmente não são

incluídos no conceito de produtividade, mas têm grande importância como satisfação do

cliente, lucros, eficácia, qualidade, etc.

2.4 Modelos de avaliação de desempenho

Para Bond (1999), através da medição de desempenho fica mais fácil entender as

razões pelas quais as coisas estão acontecendo e quais possivelmente serão as ações que

28

reverterão um quadro negativo de resultados. De acordo com Lantelme e Formoso (2001),

os sistemas de medição de desempenho devem ser projetados de forma que possibilitem a

aprendizagem organizacional, permitindo um real entendimento daquilo que mudou e o

respectivo impacto destas mudanças.

Neste contexto de muitas mudanças e revisões acerca de conceitos logísticos e da

própria importância da logística, os modelos de medição de desempenho também vêm

sendo reavaliados. Os indicadores que traduzem o resultado da empresa não podem se

limitar aos tradicionais indicadores financeiros. O desempenho da empresa deve ser

avaliado sob outras perspectivas como qualidade, satisfação do cliente, participação no

mercado. Estes indicadores representam outras dimensões muito importantes para o sucesso

da empresa (ECCLES, 2000).

De acordo com Caixeta-Filho (2007) existem quatro passos básicos na criação de

um processo de medição de desempenho: (i) definição de quais os atributos são críticos

para que o sistema atinja suas finalidades; (ii) mapeamento dos processos interfuncionais e

relações de causa e efeito existentes; (iii) identificação dos elementos críticos e capacidades

necessárias para execução dos processos satisfatoriamente; (iv) concepção de medidas

apropriadas que monitorem estes elementos e capacidades, em seus padrões e metas.

Caixeta-Filho (2007) afirma que os executivos de hoje reconhecem a importância

de entender desempenho como um conceito mais amplo. Começa-se a questionar se as

clássicas medidas financeiras são tão importantes neste novo cenário empresarial.

Heskett et al. apud Caixeta-Filho (2007) ressalta que existem tendências

relacionadas à medição de desempenho conforme abaixo:

• cresce a utilização de aspectos relacionados à satisfação e lealdade de

clientes e empregados, taxas de inovação, segurança e saúde no

trabalho;

• as bases de referências não são mais exclusivamente monetárias;

• a preocupação, antes focada no passado, começa a incorporar

elementos de predição do futuro;

29

• começa-se a apresentar os determinantes de crescimento e lucro, não

somente o resultado;

• preocupação com identificação de potencial de desempenho futuro.

2.4.1 Balanced Sorecard – BSC

O Balanced Scorcard (BSC) surgiu de uma necessidade de mensuração de ativos

intangíveis, porém não menos importantes. O BSC consiste em um sistema balanceado de

mensurações que visa complementar os antigos e tradicionais indicadores contábil-

financeiros com indicadores não-financeiros, sob outras três perspectivas: clientes,

processos e aprendizado e crescimento.

Um dos requisitos para a implementação do BSC é a organização estar orientada à

estratégia. Para tanto Kaplan e Norton (2004) propõem cinco princípios gerenciais: (i)

traduzir a estratégia em termos operacionais, (ii) alinhar a organização à estratégia, (iii)

transformar a estratégia em tarefas de todos, (iv) converter a estratégia em processo

contínuo (v) mobilizar a mudança por meio de liderança executiva.

Kaplan e Norton (2004) afirmam que para ter êxito na medição de desempenho, os

Balanced Scorecards devem medir os poucos parâmetros críticos que representam sua

estratégia para a criação de valor a longo prazo. Para tanto o modelo do BSC propõem

distribuição destes indicadores de acordo com quatro perspectivas conforme Figura 7:

Financeira, de Clientes, de Processos Internos e de Aprendizado e Crescimento.

A perspectiva Financeira é o indicador de resultado, o critério definitivo do

sucesso da organização. Esta perspectiva permite avaliar se está sendo agregado valor

sustentável para os acionistas. Já a perspectiva de Cliente está atrelada a melhora do

desempenho financeiro, visto que visa-se medir a satisfação do cliente-alvo, através de

indicadores de satisfação, retenção e crescimento. Para a perspectiva Interna ou de

Processos Internos a medição de indicadores segundo esta ótica, permite visualizar a

tendência a melhorias que impactarão junto aos clientes e resultados financeiros. E por fim

na perspectiva de Crescimento e Aprendizado ou ativos intangíveis objetiva-se mensurar

30

fontes de criação de valor sustentável. Visa-se descrever como as pessoas, tecnologia e

clima organizacional se conjugam para alcançar as metas traçadas.

Segundo Kaplan e Norton (2004), após trabalhar com mais de 300 organizações, o

BSC, que inicialmente visava mensurar desempenho, é uma poderosa ferramenta gerencial

para descrever e implementar a estratégia da empresa. Este modelo de quatro perspectivas

fornece aos executivos de diferentes áreas uma linguagem comum para discussão da

trajetória seguida e das prioridades de seus empreendimentos. Na Figura 8 podem-se

visualizar alguns exemplos de indicadores genéricos para medir se a empresa está

alcançando ou não sua estratégia:

Perspectiva de aprendizado e crescimento

“Para realizar nossa visão como a organização deve aprender e melhorar?”

Perspectiva Interna

“Para satisfazer os clientes em que processos devemos ser excelentes?”

Perspectiva do Cliente

“Para realizar a visão, como devemos cuidar dos nossos clientes?”

Perspectiva Financeira

“Se formos bem sucedidos, como seremos percebidos pelos nossos acionistas?”

Estratégia

Figura 7 - O modelo simples de criação de valor Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (2004)

31

O BSC deve estar devidamente alinhado a estratégia da empresa e, segundo

Kaplan e Norton (2004) estratégia não é um processo gerencial isolado, mas sim um

processo contínuo e lógico que movimenta a empresa desde a declaração de missão de alto

nível até o trabalho executado pelos empregados da linha de frente e de suporte. Na Figura

9 podemos visualizar esta relação. De acordo com Kaplan e Norton (2001), as principais

dificuldades de implementação da estratégia estão relacionadas a seguir

• administração: 85% dos executivos gasta menos de uma hora por mês

discutindo a estratégia da organização;

• recursos: em 60% das organizações não são vinculadas verbas à

estratégia;

• pessoas: apenas 25% dos administradores têm incentivos vinculados à

estratégia;

• visão: apenas 5% de toda a força de trabalho conhece e entende a

estratégia.

Perspectiva Medidas genéricas

Financeira

Do cliente

Interna

Aprendizado e crescimento

Retorno sobre investimento Valor econômico agregado

Satisfação, retenção, participação de mercado, participação de conta

Qualidade, tempo de resposta, lançamento de novos produtos

Satisfação dos funcionários Disponibilidade de sistemas de informação

Figura 8 - Indicadores genéricos do Balanced Scorecard Fonte: Adaptado de Caixeta-Filho (2007)

32

A competição hoje em dia acontece no ambiente da informação. A era industrial

da competição entre empresas está se transformando na era da informação. No passado, o

sucesso estava diretamente ligado a novas tecnologias de produção aliadas aos ativos

físicos que permitiam produção em massa e eficiente. Durante este período começou-se a se

preocupar com a qualidade das informações que se tinha, principalmente as financeiras

(KAPPLAN E NORTON, 1997). O BSC complementa as tradicionais e não menos

importantes informações da era industrial com vetores que impulsionam para o futuro. Hitt

(2008) corrobora afirmando que esta é a era da informação e que quem não as têm já está

alguns passos atrás dos outros competidores.

2.4.2 O BSC e a estratégia

De acordo Kapplan e Norton (2002), o BSC deve estar perfeitamente alinhado a

estratégia da empresa. Os mesmos autores em 1997, defendem que tanto medidas

financeiras quanto não-financeiras devem fazer parte de um sistema de informações para

Resultados estratégicos

Acionistas satisfeitos Clientes encantados Processos eficientes

e eficazes

Colaboradores motivados e preparados

Objetivos pessoais O que preciso fazer

Metas e iniciativas O que precisamos fazer

Balanced Scorecard Mensuração e foco

Estratégia Nosso plano de jogo ou de vôo

Visão O que queremos ser

Valores O que é importante para nós

Missão Por que existimos

Mapa estratégico Traduz a estratégia

Figura 9 - BSC é uma etapa de um processo contínuo Fonte: Kaplan e Norton (2004)

33

fucionários de todos os níveis. Estas medidas devem derivar da missão e estratégia da

empresa obrigatoriamente.

Hitt et al. (2008) definem administração estratégica como o conjunto completo de

compromissos, decisões e ações necessários para que a empresa tenha vantagem

competitiva e retornos acima da média. A natureza da competição entre empresas está

mudando e, e este ritmo é implacável, por definição de um estratégia concisa e o seu

seguimento são fundamentais para gestão eficiente. Segundo Kaplan e Norton (2000), 275

gestores de empresas mostraram que a capacidade de executar a estratégia é mais

importante do que a qualidade da estratégia em si.

Mintzberg et al. (2006) propõem cinco definições de estratégia:

• Estratégia como plano: uma diretriz, um curso de ação conscientemente

pretendido, como por exemplo o plano de um empresa para capturar

um mercado;

• Estratégia como padrão: em complemento ao plano deve haver um

comportamento resultante;

• Estratégia como posição: um meio de localizar a organização naquilo

que os teóricos denominam ambiente;

• Estratégia como perspectiva: preocupação com a forma que os

estrategistas coletivos “olham” o mundo;

• Estratégia como um truque: na qual a própria estratégia é uma ameaça

ou manobra e induz à competição, como por exemplo um menino que

atrai um rival pulando a cerca, atrás da qual encontra-se seu cão.

34

3. DESCRIÇÃO DO CENÁRIO

O presente trabalho foi desenvolvido na viaLOG. A viaLOG é uma empresa de

logística do Grupo RBS. Neste capítulo são apresentadas as principais características

empresariais e operacionais da viaLOG e Grupo RBS.

3.1 Descrição do Grupo RBS

O Grupo RBS é uma empresa multimídia, que tem atuação em diversos

segmentos, sendo o de comunicação o principal. Desde a sua origem em 1957, este foi seu

principal foco, operando rádio, televisão e jornal. Atualmente, com os avanços na

informática, o Grupo também atua de forma bastante representativa na internet, sendo este

um de seus pilares para novos negócios.

Atualmente o Grupo conta com a operação de oito jornais no Rio Grande do Sul e

Santa Catarina, 22 estações de rádio, 17 emissoras de televisão, portais de internet como

ClicRBS e Hagah, empresa de comunicação e eventos voltada para jovens, entre outras.

Apesar de atuação do grupo em ambientes virtuais e que não necessitam de meio físico para

se disseminarem, como internet, rádio e televisão, a participação dos produtos como jornais

nos negócios é considerável.

Tratando-se somente em jornais, o Grupo tem hoje seis parques gráficos, nos quais

são impressos os jornais internos e produtos de terceiros. Dentro deste grupo de terceiros

encontram-se outros jornais que não pertencem ao Grupo, e não concorrem diretamente

com nenhum interno, até encartes comerciais, que podem ou não ser veiculados nos jornais

produzidos pelo Grupo.

Os parques gráficos estão divididos entre RS e SC, três em cada estado. No Rio

Grande eles estão situados nas cidades de Porto Alegre, Caxias do Sul e Cruz Alta. Estas

cidades são sedes dos três principais jornais que circulam no estado, a Zero Hora, o

Pioneiro e o Diário de Santa Maria.

35

3.2 Descrição da viaLOG

A viaLOG caracteriza-se por ser um operador logístico de armazenagem,

transporte e entrega expressa. A viaLOG tem atuação nos três estados do sul do país: Rio

Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Antes de ser o operador logístico, a viaLOG é também o setor de logística do

Grupo RBS, o que representa grandes diferenças de processos e gestão. A principal

diferença entre o setor de logística viaLOG e o prestador de serviços logísticos viaLOG

começa na operação. Enquanto 95% da carga transportada pelo primeiro é constituída de

impressos (jornais) e o restante de materiais entre sedes (de expediente, mobília e infra-

estrutura, etc), o perfil de carga da unidade de negócios viaLOG é constituído de 60%

revistas e 40% divididos entre CD’s, DVD’s, cama, mesa e banho, além de eletrônicos. A

segunda principal diferença é o momento do dia em que as operações acontecem, sendo que

o primeiro grupo predomina em horário noturno e o segundo durante o dia.

A empresa foi criada efetivamente no ano de 2000, mas desde 1998 já havia

começado uma movimentação interna e mudanças de conceitos que possibilitaram o

surgimento do operador logístico. Hoje, a estrutura da empresa conta com uma equipe de

gestão e a parte operacional é terceirizada. O planejamento, atendimento aos clientes

(internos e externos) e controle são feitos pela equipe própria da viaLOG. A execução dos

serviços logísticos transporte e distribuição são feitos por empresas fornecedoras do Grupo.

Este grupo de empresas é fixo e varia muito pouco.

Antes de a viaLOG ser criada, as atividades de transporte, distribuição, venda

avulsa e sistema informático (planejamento e cobrança) eram paralelas e nem sempre

estavam devidamente alinhadas. Após o surgimento da nova unidade de negócio, estas

operações foram unificadas até o limite, buscando uma gestão mais eficiente. Transporte e

distribuição passaram a ter uma gestão totalmente integrada, e as atividades de venda

avulsa e sistema informático passaram a ter um representante dentro da viaLOG. Os setores

de venda avulsa e de sistema informático ainda existem no Grupo, porém os assuntos em

que há aproximação ou contato com a logística, são conduzidos pela viaLOG. A gestão da

distribuição de venda avulsa, da cobrança e devolução de material é feito pela viaLOG,

porém o desenvolvimento de pontos de venda, negociações de valores e metas,

36

planejamento são feitos pela equipe de venda avulsa. O mesmo acontece com os sistemas

informáticos, pois existe um facilitador dentro da viaLOG que domina o assunto e é

responsável por mantê-lo sempre em dia. A parte específica, como programação e

desenvolvimento de programas, é feita por especialistas em informática da área de

Tecnologia da Informação.

Antes da unificação do setor de logística, além de uma gestão descentralizada, o

número de fornecedores era muito grande. Com esta condensação da equipe de gestão e

uniformização dos conceitos, o próximo passo foi tornar o grupo de fornecedores mais

consolidado e robusto. Esta diminuição da quantidade de fornecedores, de transporte e

distribuição, possibilitou que somente os melhores em qualidade de serviço e gestão

permanecessem no cenário. Com a diminuição de prestadores de serviço, aqueles que

permaneceram tiveram um aumento considerável no volume de serviço. Este aumento de

volume possibilitou a implantação de estruturas dedicadas, aumentando o nível de serviço.

Antes das mudanças havia 75 transportadores e 450 distribuidores, após o número

foi reduzido a 15 e, atualmente são menos de dez, sendo que no Rio Grande do Sul conta-se

com somente um fornecedor de transporte. Houve uma grande mudança no conceito de

distribuidor, antes praticamente cada cidade na qual havia distribuição, poderia ter um

distribuidor diferente. Durante a criação da viaLOG, foi implementado o conceito de

Centro de Distribuição (CD). Cada CD tem uma área limitada de atuação, e os três estados

nos quais a empresa tem operações foram divididos em regiões. Em uma região somente

um CD pode entregar, além de ser o responsável operacional e financeiramente pela

atuação nesta região. Na Tabela 02 pode-se visualizar o quanto a estrutura de fornecedores

mudou desde a unificação. Considerando somente o RS, após a reestruturação, o quadro de

fornecedores ficou em 29, um para transporte e 28 CD’s.

37

A viaLOG conta com estruturas próprias de gestão localizadas no Rio Grande do

Sul, Santa Catarina e Paraná. Cada uma delas tem atuação independente das outras, porém

a gerência geral é centralizada em Porto Alegre. Atualmente conta com mais de 2.200

profissionais, entre colaboradores e terceirizados. Na Figura 10 é possível visualizar a

estrutura própria de gestão.

28 450 Distribuidores 5 75 Transportadores

Centralizada Descentralizada Gestão (Transporte/Distribuição/Venda Avulsa/Sistema

Informático)

Após criação Vialog

Antes criação Vialog

Tabela 2: Criação viaLOG Fonte: viaLOG (2008)

38

Gerência Geral de Logística

Coordenadoria de Operações RS

Gerência de Operações SC

Coordenadoria de operações PR

Armazenagem Distribuição

Roteirização, Gestão de Riscos

e Processos

Transporte

Custos

Coordenadoria Regional A

Coordenadoria Regional B

Transporte

Gerência de Planejamento e

Desenvolvimento de Negócios

Atendimento a Jornais

Atendimento a Clientes Externos

Qualidade e Custos

FIgura 10 – Organograma viaLOG atualizado

Fonte: viaLOG (2008)

Gerência Geral de Logística

Coordenadoria de Operações RS

Gerência de Operações SC

Coordenadoria de operações PR

Armazenagem Distribuição

Roteirização, Gestão de Riscos

e Processos

Transporte

Custos

Coordenadoria Regional A

Coordenadoria Regional B

Transporte

Gerência de Planejamento e

Desenvolvimento de Negócios

Atendimento a Jornais

Atendimento a Clientes Externos

Qualidade e Custos

Gerência Geral de Logística

Coordenadoria de Operações RS

Gerência de Operações SC

Coordenadoria de operações PR

Armazenagem Distribuição

Roteirização, Gestão de Riscos

e Processos

Transporte

Custos

Coordenadoria Regional A

Coordenadoria Regional B

Transporte

Gerência de Planejamento e

Desenvolvimento de Negócios

Atendimento a Jornais

Atendimento a Clientes Externos

Qualidade e Custos

FIgura 10 – Organograma viaLOG atualizado

Fonte: viaLOG (2008)

39

3.2.1 Descrição dos processos logísticos da viaLOG

A viaLOG é uma unidade de negócios do Grupo RBS e também a área responsável

pela logística de distribuição do Grupo. Este discernimento é fundamental para a

compreensão das operações realizadas pela viaLOG e entendimento do estudo.

3.2.1.2 Processos logísticos para clientes internos

Quando olha-se para a viaLOG como setor de logística, os principais produtos são

os jornais e publicações do Grupo. Além destes, há fluxo de material interno entre sedes e

sucursais. A malha de transporte é toda baseada no processo dos jornais, seguindo fluxos,

horários e freqüências gerados ou necessários para atender aos jornais. Os pontos de origem

do transporte são os parques gráficos já mencionados e os destinos são os CD’s.

O transporte é a etapa que acontece após a impressão dos jornais, e desta forma,

uma vez que estejam prontos a prioridade é fazer com que cheguem aos CD’s. O processo

do jornal é razoavelmente estável, pois, o seu cronograma anual é bem definido. O que

pode variar são os horários de fechamento das edições, impactando diretamente no horário

de impressão e conseqüentemente no transporte. Na Figura 11 é possível visualizar de

forma macroscópica o processo do jornal como um todo e também de que forma o

transporte se encaixa no mesmo.

Impressão Distribuição Assinantes e

Bancas

Transporte Pós - CD

Expedição

Transporte Pré - CD

Recolhimento de Encalhe e Cobrança

3h - 6h30

Encarte Expedição

CD

23h - 4h

Figura 11 - Macro-fluxo operação Jornal Fonte: viaLOG (2008)

40

A operação jornal inicia no processo de impressão. Este processo só é iniciado

após o conteúdo do jornal estar pronto em formato digital. Durante a impressão

compreendem-se atividades como digitalização de imagens e conteúdo, produção de

matrizes para impressão, abastecimento de papel à impressora rotativa e impressão

propriamente dita. Após a produção, é necessário preparar e expedir os produtos, iniciando-

se assim a expedição. Durante esta etapa, os produtos, que são impressos de acordo com a

sequência de expedição, carregamento e descarregamento, são conferidos, manuseados e

preparados para serem carregados. Este processo é bastante automatizado, sendo necessária

a intervenção humana somente em casos especiais.

Após a expedição vem a etapa alvo deste estudo, o transporte pré-CD. O conceito

é simples, transferência de grandes quantidades de material de um ponto de origem (planta

produtora) para outro (Centros de Distribuição) em veículos de médio porte. Os produtos

são carregados de maneira coerente com a necessidade de descarga. Em seguida ao

transporte pré, há o recebimento por parte de cada centro de distribuição. O CD recebe,

manuseia e prepara a carga em lotes menores para ser enviada ao transporte pós-CD.

Inicia-se o transporte pós-CD, que acontece sempre após os produtos passarem pelos

centros de distribuição. Nestas rotas de transporte existem múltiplos pontos de entrega, em

cidades próximas ao CD, sendo estes fixos e regulares. O número de rotas pós-CD também

é maior, chegando quase ao dobro da quantidade de rotas pré-CD.

A última etapa é a distribuição ao cliente final, neste caso assinantes e bancas de

venda avulsa. Para a região metropolitana de Porto Alegre, em particular, não existe etapa

pós-CD, e sim direto a distribuição. Uma característica crítica desta etapa é que quanto

mais tarde ela ocorrer, mais demorada se tornará, pois o tráfego urbano aumentará

progressivamente.

O transporte pré-CD é uma etapa entre a impressão e a distribuição do jornal.

Qualquer problema ou atraso gerado nesta etapa dificilmente será revertido, pois desloca

toda janela de operação.

Na Tabela 3 estão apresentados os jornais do Grupo e respectivas participações em

volume, bem como a planta impressora de origem. Esta participação é em relação à

quantidade absoluta de produtos do Grupo. Os jornais de Santa Catarina não foram

41

incluídos na análise, por não fazerem parte do estudo. Os produtos com origem no Rio

Grande representam 75,40%, em quantidade, dos produtos transportados que fazem parte

do Grupo. O item “colecionáveis” representa outras publicações menos representativas em

quantidade absoluta, frente aos jornais. O peso acumulado transportado para estes produtos

passa das 200 toneladas no pico.

Para complementar, o total de rotas diárias é 33, ultrapassando 50 nas edições

pico, como a dominical. A quilometragem média percorrida por dia é de 9.000 quilômetros,

e são usados 30 veículos com capacidade de carga para até oito toneladas. Estas rotas são

fixas em relação a origem, ao destino e a distância percorrida. Durante a semana a

quantidade de rotas realizadas quase não varia, eventualmente é necessário aumentar este

número. Para a edição dominical há um aumento em quantidade de produtos e no peso dos

produtos, fazendo com que o número de rotas tenha de ser consideravelmente aumentado.

Em relação ao peso da edição mais leve, que acontece na terça-feira, o peso de uma edição

dominical chega a aumentar em 120%. A quilometragem varia relativamente pouco no

processo da edição dominical quando as rotas regulares são analisadas individualmente,

porém como as freqüências de realização são aumentadas, a quilometragem total percorrida

também é aumentada em aproximadamente 40%.

3.2.1.3 Processos logísticos para clientes externos

Para as operações de transporte de produtos de clientes da unidade de negócios

viaLOG, o processo tem algumas diferenças de conceito em relação ao jornal. A primeira

Jornal/produtoParticipação em quantidade

Parque Gráfico de origem

Diário Gaúcho 35,15% Porto AlegreZero Hora 31,63% Porto AlegrePioneiro 5,27% Caxias do Sul

Diário de Santa Maria 3,16% Cruz AltaColecionáveis 0,18% Porto Alegre

Tabela 3 – Participação em quantidade dos produtos Grupo RBS Fonte: viaLOG (2008)

42

delas é que todo e qualquer produto de clientes externos distribuído passa pelos únicos

centros de distribuição próprios da empresa. Estes CD localizam-se em Porto Alegre,

Florianópolis e Curitiba e não são terceirizados.

Os produtos de clientes passam por estes CD’s, pois têm de ser manuseados e

preparados para entrega ao cliente final. Existe um macro-processo diferente como pode-se

perceber na Figura 12, porém em alguns momentos há sinergia com as operações de

transporte de jornal.

Em um primeiro momento os fluxos podem parecer iguais, porém a participação

da viaLOG começa antes quando o processo de clientes externos é analisado. A operação

começa no recebimento de cargas consolidadas diretamente dos clientes, triagem, manuseio

e preparação para expedição. Após a expedição também vem o transporte pré-CD, porém

este não apresenta a mesma regularidade que o jornal. Em alguns casos, para os produtos é

aproveitada a malha do jornal com o objetivo de reduzir custos. É importante ressaltar que

os produtos dos clientes externos têm um perfil muito parecido com o do jornal quando

trata-se de prazo de entrega ao cliente final, sendo que menos de 24 horas a contar a partir

do recebimento. A abrangência de atuação da viaLOG ultrapassa o total de 700 cidades no

sul do país, dentre as quais mais de 400 somente no Rio Grande do Sul.

3.3 Processos de avaliação de desempenho atuais

Atualmente a empresa conta com um sistema de indicadores de desempenho

voltado para a atividade de transportes. Tal sistema pode fornecer dados e informações

sobre o desempenho da operação sob duas perspectivas: Financeira e Operacional. Ele

Processos realizados pela viaLOG

Expedição no cliente

Transporte Recebimento CD viaLOG

Manuseio e preparação

Expedição Transporte pré-CD Distribuição

Figura 12 – Macro-fluxo operação Clientes viaLOG Fonte: viaLOG (2008)

43

segue alguns conceitos padronizados e utilizados em outras operações. Apesar de

proporcionar uma análise e visualização do desempenho comum e comparável ao de outras

atividades, esta prática acaba por restringir a eficácia ou utilidade dos indicadores. A seguir

serão detalhadas as perspectivas bem como o sistema já utilizado.

3.3.1 Perspectiva Financeira

Na perspectiva financeira o principal conceito é o do Índice Composto de

Desempenho - ICD, que busca valorar o custo unitário de uma atividade. Através deste

indicador é possível atribuir o custo necessário para executar uma unidade em um período

de tempo, como é possível visualizar na Equação 2.

O ICD oficial e mais utilizado para o transporte é aquele que indica o custo por

quilômetro rodado. Com ele é possível comparar o desempenho obtido no transporte entre

diversas rotas e produtos. Este indicador também pode ser avaliado considerando-se a

quantidade de produtos transportados ao invés de distância percorrida. Desta forma é

possível comparar a atividade de transporte com outras como distribuição, expedição ou

armazenagem.

O principal ponto crítico deste indicador é que apesar de ser extremamente robusto

e confiável, depende diretamente do correto controle e execução de pagamentos. Um erro

ou falha no sistema de pagamentos da empresa pode distorcer o ICD de forma contundente.

Juntamente com isto a verificação ou correção do problema depende exclusivamente da

habilidade e conhecimento do gestor da operação em identificar o problema, seja ela qual

for.

Índice Composto de Desempenho =

Soma de todas as despesas relacionadas ao processo foco

Unidade de controle do processo foco

Eq.2

44

3.3.2 Perspectiva Operacional

Nesta perspectiva o principal conceito que norteia as operações logísticas é a

acuracidade. A definição utilizada é bastante simples e consiste em comparar o

desempenho operacional realizado contra o padrão, e possibilita apenas dois resultados,

atingiu ou não atingiu. Ela pode ser utilizada nas diversas operações logísticas, com o

objetivo de comparar os respectivos desempenhos.

No caso específico do transporte, este indicador compara o tempo de viagem ao

tempo padrão de viagem da rota realizada. Este conceito é bastante útil em direcionar os

esforços na busca de excelência na operação de transporte, porém sem o auxílio de algum

outro indicador ou informação complementar não facilita a correção do problema.

45

4. DESENVOLVIMENTO

Neste capítulo será apresentada a sequência de etapas proposta para a elaboração

de um sistema de indicadores de desempenho. Junto com a sequência de etapas, serão

detalhados os passos que as compõem. O desenvolvimento do trabalho descrito é composto

de oito etapas, subdivididas em três principais grupos, sendo estes: levantamento, análise e

implementação, parcial ou total. Na Figura 13 é apresentado fluxograma das mesmas e sua

ordem.

Análise da situação e cenário de trabalho

Levantamento de dados

informações disponíveis

Análise da indicadores disponíveis e necessários

Estruturação do modelo adequado

Realização de piloto parcial

Revisão dos resultados

Implementação integral

Revisão dos resultados e considerações

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

Etapa 4

Etapa 5

Etapa 6

Etapa 7

Etapa 8

Figura 13 – Sequência lógica de etapas para implamentação da sistemática proposta Fonte: criado pelo autor

Levantamento de dados

Análise

Execução/implementação

Convenções

46

4.1 Análise de situação e cenário de transporte

A operação foco do estudo foi o transporte. Na primeira etapa tal operação foi

desmembrada nos principais processos que a compõem. Esta redução de uma atividade que

abrange diversas áreas e formas foi possível através de reuniões com equipe operacional e

de gestores. Toda e qualquer atividade de transporte, obrigatoriamente, tem cada um dos

processos ilustrados na Figura 14.

A atividade de transporte começa com o surgimento ou criação de demanda de se

transportar algo de um lugar para outro. Para que o transporte realmente aconteça, sempre

há algum tipo de planejamento, mesmo que seja simples. No planejamento toda a atividade

é revisada desde a coleta até a cobrança, levando em consideração suas respectivas

características.

A operação de transporte começa fisicamente no momento de coleta ou expedição,

que é quando o material a ser transportado começa a ser manuseado. Após este processo

inicia-se o transporte propriamente dito, que é a movimentação do material de um local

para outro, terminando na entrega. Após esta sequência de processos, a atividade encerra-se

na cobrança do serviço. Pode acontecer de a cobrança não ser o último processo, mas foi

adotada esta sequência por facilitar a análise do problema e não interferir no resultado final.

Cada processo foi analisado detalhadamente e desmembrado de forma a fornecer uma visão

objetiva de seus respectivos pontos-chave.

Demanda Planejamento Coleta

Transporte Entrega Cobrança

Figura 14 – Processos que compõem o Transporte Fonte: criado pelo autor

47

4.1.1 Demanda

A demanda de transporte pode ser gerada de diversas formas e por diversos

fatores, por isto foi necessário um melhor entendimento sobre as variáveis que realmente

descreviam e separavam em grupos de semelhança. A separação em grupos de semelhança

se fez necessária, pois a variação do perfil de tarefas de transporte é alta e caso este ponto

não fosse considerado toda a sistemática estaria comprometida.

Através de observação e conversas com a equipe operacional, de gestores e

administrativo-financeiro, foi possível identificar e mapear tais grupos. A principal divisão

das atividades de transporte se resume a três grupos de demanda, que são elas: demanda

regular, esporádica e mista. Esta última combina características das duas primeiras que

serão explicitadas a seguir.

O primeiro passo no intuito de criar-se um mapa de geral do transporte foi

identificar quais áreas têm contato direto, físico ou não, com o transporte. O contato físico

existe entre a área que participa fisicamente de alguma operação que precede ou sucede o

transporte, e a própria operação de transporte. Um exemplo deste grupo é o manuseio que

acontece antes de o material ser expedido ou a entrega ao cliente final. Um exemplo de área

que não tem contato físico direto, porém é extremamente importante, é o setor

administrativo, responsável por todos os pagamentos necessários relativos ao transporte.

Desta rotina originam-se praticamente todos os dados financeiros relativos a operação de

transporte. Na Figura 15, estão separados os grupos de transporte aos quais foram

resumidas as atividades.

Cada um dos três grupos foi analisado de acordo com as dimensões definidas

como mais importantes pelas áreas já citadas. Na coluna Rotas está especificado o grau de

conhecimento e previsibilidade das rotas. Para as regulares é possível conhecer em detalhes

o que será executado durante o próximo período, ano por exemplo. Para as rotas

esporádicas já não há tal confiabilidade, elas originam-se de acordo com a demanda de

diversos clientes internos. Geralmente acontecem no momento em que o transporte

acontecerá. No caso das mistas, as rotas podem ser previstas com razoável confiabilidade

48

por um período limitado. Isto acontece, pois estas, originam-se de promoções e eventos que

o Grupo realiza de com regularidade.

A Frequência é quase uma consequência das rotas, variando para as esporádicas,

tendo regularidade e confiabilidade paras as regulares e variando pouco para as mistas. No

campo R$, é refletida a mecânica de pagamento das tarefas, não o valor. No caso das

tarefas regulares, os valores são pré-estabelecidos e conhecidos a longo prazo. Já para as

tarefas esporádicas e mistas, é possível prever em um horizonte de curto a médio prazo,

quanto será gasto.

Na dimensão volume, é avaliado o conhecimento sobre quantidades transportadas,

e não as próprias quantidades. Nas tarefas regulares há variação, mas não interfere no

dimensionamento de rotas. Só há grande variação de volume transportado quando há

remanejo de rotas ou eliminação. Para as rotas esporádicas, só é possível conhecer as

quantidades momentos antes de realizar o transporte ou quando surge a demanda. Nas rotas

mistas é possível dimensionar capacidades em um horizonte de curto a médio prazo,

sempre revendo-se tais premissas a medida que inicia-se uma nova campanha.

Outro ponto extremante importante é o perfil das rotas em relação à praça. Isto,

pois a composição dos custos varia consideravelmente. Para rotas urbanas, usado como

parâmetro até 100 quilômetros, há predominância da parcela de custos fixos como salário

Tipo Rotas Frequência R$ Volume Praça Carga Dificuldade

RegularesConhecidas em um horizonte de

longo prazo

Regular e conhecida

Pré-estabelecido

Pouca ou nenhuma

variabilidade

Urbana 47,6 %Interior 52,4 %

RegularReduzir custos sem prejuízo ao nível de serviçoAumentar nível de serviço sem aumentar custo

Esporádicas Variáveis DesconhecidaPrevisível

com margem de erro

ImprevisívelUrbana 85 %Interior 15 %

VariávelPrever demanda com confiança

Aumentar produtividade

MistasConhecidas em um horizonte de

curto prazo

Previsível com margem de erro

Previsível com margem

de erro

Previsível com margem de

erro

Urbana 95 %Interior 5 %

Variável com limites

Respostas mais ágeis

Figura 15 – Classificação rotas de transporte e respectivas características Fonte: criado pelo autor

49

de motorista e ajudantes, depreciação e despesas do veículo (IPVA, licenciamento e

seguro). Para as rotas de interior, aquelas em que a distância percorrida é maior 100 km, há

maior representatividade dos custos variáveis como combustíveis e pneus.

Outra característica que cria uma forte divisão entre os grupos é o perfil de carga,

no caso o produto a ser transportado. Para as rotas regulares o produto a ser transportado é

conhecido e não varia. Nas rotas mistas o produto varia, porém sempre com o mesmo perfil

e nas esporádicas há variabilidade bastante grande. Por fim a dimensão que faz parte do

objetivo do trabalho, que é dificuldade particular de cada rota, aquilo que se buscava

diminuir ou melhorar. Cada grupo tem pontos críticos diferentes, devido a todas suas

características já citadas. No caso das rotas regulares, o mesmo ponto que facilita a gestão e

operacionalização, a regularidade, cria barreiras na redução de custos ou aumento do nível

de serviço, sem impactar negativamente um no outro. Para as rotas esporádicas é sabido

que havia uma falta de produtividade devido ao seu perfil irregular. Para as mistas, que

combinam características de ambas, havia uma falta de agilidade em atender demanda

relativamente bem conhecida.

4.1.2 Análise da missão e valores do Grupo RBS

O Grupo RBS tem como missão “facilitar a comunicação das pessoas com o seu

mundo”. Seus valores são:

• Responsabilidade empresarial;

• Satisfação do cliente;

• Compromisso social e comunitário;

• Desenvolvimento pessoal e profissional;

• Liberdade e igualdade;

• Ética e integridade.

Desta forma a missão e os valores do Grupo RBS foram essenciais na definição de

sistemática de medição de desempenho para o transporte. O sistema de indicadores está

50

intimamente ligado a estas premissas, isto é, de que forma o transporte pode contribuir para

a realização das mesmas? Através de reuniões com gestores da área de logística foram

estabelecidos os pontos-chave nesta relação entre transporte e missão e valores do Grupo

RBS.

4.1.3 Relação entre o transporte e missão e valores Grupo RBS

A atividade de transporte já foi segmentada em grupos conforme suas

características operacionais. Para o real alinhamento entre o sistema de indicadores e a

visão da empresa, foi necessário detalhar nas relações entre estes e a operação de

transporte. Na Figura 16 é possível visualizar a forma como estas relações acontecem. A

missão já citada, e os valores (i) responsabilidade empresarial, (ii) satisfação do cliente, (iii)

compromisso social e comunitário, (iv) desenvolvimento pessoal e profissional, (v)

liberdade e igualdade e (vi) ética e integridade foram associados a itens de controle de

operações de transporte.

Figura 16 – Sequência lógica de etapas para implementação da sistemática proposta Fonte: criado pelo autor

Itens de controle MIssão i ii iii iv v vi Importância NecessidadeAcidentes 2 2 2,0 2Avaria de produtos 1 1,0 1Cidades atendidas 2 1 1 1,3 3Desempenho rotas 5 4 4,5 2

Evolução das pessoas 2 2 2,0 2

Impostos 1 2 3 2,0 3Jornada de trabalho 3 3,0 1Motivação 1 3 2,0 2

Quantidade de produtos transportados

1 1,0 1

Término de transporte 3 2 3 2,7 3

Valor justo 4 4 4,0 2Velocidade média 4 5 3 4 1 3,4 5

Valores

51

Através de questionário não estruturado, realizado junto ao grupo de gestores de

logística, foram selecionados os principais itens de controle na validação de realização da

missão e valores da empresa. Aos itens de controle foram atribuídas as dimensões de

importância e necessidade. A partir destas dimensões foi possível selecionar aqueles que

deveriam fazer parte do trabalho. No caso da importância, cada item de controle recebeu

um peso de acordo com a missão ou o valor ao qual se refere. Para a importância, quanto

menor o peso, mais prioritário é o item, e a importância geral do item é média entre todos

os pesos que recebeu. A necessidade do item de controle é simplesmente a quantidade de

vezes que o item é necessário, no caso quanto maior mais necessário é o item.

Cada item tem uma particularidade, sendo assim necessário detalhar e especificar

que exatamente diz respeito e seus respectivos limites. Tais definições foram formuladas

em reuniões, com os gestores e equipe operacional juntos, de modo a haver uma

uniformidade nos conceitos.

O item Acidentes compreende todo e qualquer evento que possa vir a prejudicar o

tempo de viagem, a carga ou colocar em risco a vida ou saúde dos envolvidos no processo.

A Avaria de produtos representa toda e qualquer avaria ou dano causado ao material

transportado durante o transporte.

Cidades atendidas é a soma do número de cidades às quais chegam produtos

através do transporte, direta ou indiretamente. O Desempenho de rotas significa o confronto

entre os tempos de viagem realizados e os padrões de tempos de viagem. Neste item não é

avaliado o grau de desvio em relação ao padrão, apenas se o realizado está dentro ou fora

da meta. Evolução das pessoas trata de um ponto mais subjetivo, o qual se refere ao

crescimento e aprendizado profissional destas. Complementando este item há a Motivação,

definida como pesquisa de clima organizacional entre os colaboradores. Jornada é o item

que diz respeito ao seguimento da legislação vigente sobre a jornada de trabalho para o

transporte. Impostos é referente aos encargos tributários aos quais o setor está sujeito e

deve mantê-los em dia.

A Quantidade de jornais transportados diz respeito a quantidade absoluta de

materiais transportados. O Término de transporte é o momento no qual é terminada a última

rota de transporte, neste caso o momento no qual a operação de transporte termina por

52

completo. O item Valor justo é referente a avaliação das tarifas praticadas no transporte,

levando em consideração valores de referência como sindicato, índices de inflação e

variação de preços, para correção de distorções. Por fim o item de controle de Velocidade

média, que avalia diretamente o desempenho operacional das rotas frente a especificações

de velocidade, dividindo a distância total percorrida pelo tempo utilizado.

4.2 Levantamento de informações existentes

Para a realização deste trabalho foram usados dados e informações já disponíveis

regularmente e também foram desenvolvidos relatórios e controles necessários para

completar a sistemática. Nesta unidade são apresentados aqueles que foram levantados.

Num primeiro momento é explicado cada item e a seguir avaliadas as questões de

confiabilidade, disponibilidade e acessibilidade dos mesmos.

4.2.1 Coleta de dados

Atualmente existem dados disponíveis de diversas naturezas, como financeira,

operacional e de qualidade. Apesar da grande disponibilidade de dados, a coordenação

destes de modo a gerar informações organizadas é quase inexistente. A seguir serão

apresentados os dados disponíveis, bem como suas naturezas, confiabilidades, facilidades e

freqüências de obtenção.

Como os produtos transportados são bastante sensíveis ao tempo que se leva para

entregar ao cliente final, uma das fontes mais ricas de dados são controles operacionais que

monitoram tempos de operação. A principal fonte destes dados é um controle diário,

denominado “Gráfico de Transporte”, no qual cada rota regular tem registrados seus

horários de início e término, bem como distância e percorrida. Para as rotas esporádicas e

mistas não há tal controle estruturado, que pode ser visualizado na Figura 17.

53

Existem também controles financeiros bem estruturados. Estes são originados do

software de gestão integrada utilizado pela empresa e, uma vez que sejam lançados no

sistema corretamente, as possibilidades de erros são muito baixas. A grande deficiência

deste controle, é que um lançamento de despesa incorreto, pode distorcer o resultado final,

caso a despesa não seja apropriada ao período correto. Do controle geral de despesas,

deriva um dos principais indicadores utilizados, o Índice Composto de Desempenho (ICD).

Este indicador consiste na divisão do total de despesas em um determinado período pela

distância total percorrida no mesmo período. Na Figura 18 podemos visualizar exemplos

deste indicador.

Não existe uso destes controles de forma padronizada e que de alguma forma

auxilie na gestão do transporte proativa, apenas reativa. Isto acontece, pois, atualmente este

Figura 17 – Relatório de desempenho Gráfico Diário Fonte: viaLOG (2008)

DATA

16/5/2008 Saida ChegadaPadrão de

chegada

Tempo de

viagem

Tempo padrão

de viagem

Dif. do padrão

chegada

Dif. do

padrão

viagem

Km da

rota

Veloc.

média em

Km/h

Ocorrência

Interior POA

Cidade A 23:37 08:23 07:00 08:46 07:15 01:23 01:31 510 58,17 Acidente na estrada

Cidade B 23:48 05:29 04:00 05:41 05:50 01:29 00:09 350 61,58 Atraso na liberação carga

Cidade C 23:50 06:08 05:00 06:18 06:00 01:08 00:18 420 66,67 Tráfego intenso

Cidade D 00:02 05:31 06:00 05:29 05:40 00:29 00:11 400 72,95

Cidade E 00:10 05:05 05:05 04:55 05:30 00:00 00:35 385 78,31

Cidade F 00:13 04:40 05:15 04:27 05:40 00:35 01:13 399 89,66

Cidade G 00:16 04:20 03:25 04:04 03:50 00:55 00:14 271 66,64 Acidente na estrada

Cidade H 00:18 02:40 01:44 02:22 02:00 00:56 00:22 140 59,15 Chuva

Relatório tempos de viagemJornal "Y"

ProdutoQuilometragem percorrida

Despesa Total ICD ICD Meta Desvio

A 326.500 246.700,00R$ 0,7556R$ 0,8000R$ -5,55%B 5.900 8.865,00R$ 1,5025R$ 1,8000R$ -16,53%C 3.456 9.087,00R$ 2,6293R$ 2,2300R$ 17,91%D 48.679 36.898,00R$ 0,7580R$ 0,7200R$ 5,28%E 10.134 18.390,00R$ 1,8147R$ 1,7700R$ 2,52%F 12.908 37.643,00R$ 2,9163R$ 2,9200R$ -0,13%G 1.325 8.020,00R$ 6,0528R$ 6,0100R$ 0,71%H 7.000 3.876,00R$ 0,5537R$ 0,5700R$ -2,86%I 24.832 10.793,00R$ 0,4346R$ 0,4800R$ -9,45%

FIgura 18 – Tabela de ICD’s Fonte: viaLOG (2008)

54

indicador é verificado de forma corretiva, sempre após algum problema. Outro ponto

importante, é que este indicador, apesar de robusto e confiável, por si só não explica como

a operação está acontecendo, apenas se há ou não alguma distorção.

4.3 BSC, Missão e Valores

Para a construção do sistema de indicadores de desempenho para operação de

transporte foi utilizada a lógica do Balanced Scorecard. As premissas do BSC

fundamentaram a estruturação do modelo, aproveitamento das informações já existentes e

também o desenvolvimento daquelas que foram necessárias.

Na seção 4.1.3 foram analisadas a Missão e os Valores da empresa e relacionadas

com itens de controle, de acordo com os gestores. Isto é, de que forma a operação de

transportes pode contribuir para a realização dos mesmos. Nesta seção é apresentado como

tais itens de controle foram transformados em um sistema de indicadores de desempenho

tendo como base as perspectivas do modelo do BSC, aprendizado e crescimento, processos

internos, clientes e financeira.

4.3.1 Perspectiva de aprendizado e crescimento

Através de reuniões com gestores foram definidos três indicadores para traduzir

esta perspectiva, sendo eles Pesquisa de Clima, Formação e Turn Over. Nesta seção são

explicadas as características de cada um.

O primeiro indicador e talvez o mais importante, revela a satisfação dos

colaboradores em trabalhar na empresa. Trata-se de uma pesquisa realizada a cada dois

anos em todo o Grupo RBS, com cada colaborador. Esta pesquisa é feita através de

questionário estruturado e anônimo. É possível acessar o desempenho de cada unidade,

porém não são discriminados os motivos individuais de cada uma para tal resultado. Para

toda a corporação é possível visualizar os pontos que fizeram o resultado acontecer da

forma que aconteceu.

55

Para a unidade de negócio Vialog foi adotado o índice de satisfação somente. Não

foi possível mergulhar nas razões e motivos, apenas saber como está o clima. Esta pesquisa

é realizada pelo departamento de recursos humanos e faz parte do Planejamento Estratégico

do grupo, uma vez que não existe uma flexibilidade em individualizá-la, a cada unidade de

negócio.

Como o primeiro indicador deixa algumas lacunas muito importantes no

entendimento de como o capital humano está evoluindo, foram definidos outros dois

indicadores com o objetivo de completar o primeiro. Em face disto, criou-se o Indicador de

Formação do Capital Humano. Este indicador visa mostrar como está a formação dos

colaboradores, através de ponderação de pesos a funções e geração do índice global de

formação. Através deste indicador é possível perceber se está havendo evolução da

capacitação dos colaboradores. A forma de obtenção foi definida pela equipe de gestores

que atribuiu níveis de formação acadêmica desejada para cada nível hierárquico. Cada nível

de formação tem peso específico, e o somatório dos pesos de todos níveis constitui o valor

ideal a ser alcançado. Para gerar o índice deste indicador basta confrontar a situação real

com a esperada e na Figura 19 é possível visualizar um exemplo de obtenção do índice

geral para este indicador.

Para complementar a perspectiva de crescimento e aprendizado, foi definido o

indicador de Turn Over, que mede como está a rotatividade do quadro de colaboradores. A

forma de obter este indicador também foi definida pelos gestores de logística considerando-

Nível hierárquico Nível esperado PesoQuadro Atual

Índice individual esperado

Índice individual alcançado

Gerente Pós-Graduação 10 1 10 10Coordenador Pós-Graduação 10 1 10 10Supervisor Graduação 8 3 24 14Analista Graduação 8 3 24 14Assistente Técnico 5 6 30 27Estagiário Cursando Graduação 3 1 3 3Auxiliar Cursando Graduação 3 1 3 3

104 81

Índice geral de formação: 81 = 77,88%104

Figura 19: Cálculo de formação Fonte: Criado pelo autor

56

se as características das funções que compõem o time de logística. O período atribuído

como padrão é de dois anos (24 meses). Como, por diretriz do departamento de recursos

humanos, nenhum colaborador pode ser promovido ou mudar de função sem exercer 12

meses na mesma função, este período foi padronizado como média padrão de tempo de

empresa. A forma de calcular é simples, é a representatividade do grupo de colaboradores

com 24 meses ou mais de tempo de empresa, mesmo que passando por mais de uma

função, frente ao quadro total. É possível visualizar a forma de obtenção do indicador na

Equação 3

4.3.2 Perspectiva de processos internos

A segunda perspectiva trabalhada foi a de processos internos, aqueles que

compõem a atividade de transporte, conforme explicado em 4.1. Cada processo foi

analisado separadamente e investigado de que forma impacta na operação de transporte

como um todo. Para cada processo foram desenvolvidos ou aproveitados indicadores já

existentes independentes uns dos outros.

Como o primeiro processo, surgimento da demanda, confunde-se

operacionalmente com o planejamento, estes foram consolidados. Esta simplificação não

atrapalhou ou distorceu em nada o desenvolvimento do estudo. Os indicadores foram

definidos de forma a responder às questões levantadas na Figura 16 - Classificação das

rotas de transporte e respectivas características:

• Reduzir custos e aumentar nível de serviço nas rotas regulares;

• Previsão de demanda e aumento de produtividade nas rotas

esporádicas;

Indicador de TURN OVER

=

Total de colaboradores com mais de 24 meses de casa

Total de colaboradores na empresa

Eq.3

57

• Respostas mais ágeis nas rotas mistas.

O primeiro indicador criado foi o de tempo de resposta no acionamento de uma

rota mista ou esporádica. O objetivo é medir e ajudar a fornecer informações sobre a espera

para realização de rotas desde o surgimento da demanda. Outro indicador que foi

visualizado como necessário foi o de ocupação das rotas mistas e esporádicas. Ele definido

como a relação entre a quantidade de horas utilizadas no mês e respectiva capacidade. O

terceiro indicador mede a acuracidade de orçamentos. Neste caso, o grau de

correspondência entre o planejado e executado. O principal objetivo deste indicador é

ajudar a otimizar e melhorar a atividade de orçamento de transporte, visto que a operação

pode consumir até 60% dos recursos financeiros de logística.

Findo o processo de planejamento, tem-se a Coleta. Neste foram definidos dois

indicadores, visto que não havia nenhum. O primeiro, Tempo de Coleta, visava medir o

tempo que realmente é necessário para este processo e separá-lo daquele que é perda. O

segundo indicador foi chamado de indicador de Avaria de Coleta, que objetivava mensurar

quantidade de produtos com defeito ou coletas com algum tipo de problema. A necessidade

do mesmo se deve à importância que uma coleta comprometida pode ter, como por

exemplo entregar um produto danificado ou errado ao cliente final.

O processo físico avaliado como crítico pelos gestores da empresa é o transporte

propriamente dito, a movimentação de determinado material entre dois pontos. Para tanto

foram designados três indicadores que traduzem exatamente o andamento deste processo. O

primeiro é o indicador de velocidade média, calculado rota a rota, dividindo-se a distância

total percorrida pelo tempo necessário para realizá-la. Este indicador revela se as metas de

tempo de viagem estão adequadas e indica possíveis alterações. Além disto, fornece dados

para avaliar se empresa está realizando dois de seus valores, Responsabilidade Empresarial

e Ética e Integridade, através de respeito às leis de trânsito vigentes.

O segundo indicador deste processo é o Desempenho de Rotas, que avalia de

forma o transporte está atendendo às metas de tempo de viagem. Para completar o ciclo de

movimentação física, foi criado o indicador de Acidentes, com objetivo de medir o impacto

que estes eventos têm no desempenho do transporte e também nos valores citados

anteriormente.

58

O processo que foi analisado na seqüência foi a Entrega. Foram necessários dois

indicadores para expressar o andamento de tal processo. Em um primeiro momento eles

foram expressos em único, porém por terem causas e implicações diferentes foram abertos

em Avaria de Entrega e Acuracidade de Entrega. O primeiro representa a razão de produtos

danificados durante o transporte e o segundo possíveis extravios.

A atividade de transporte termina quando há a cobrança de clientes ou pagamento

de fornecedores. De certa forma, este processo representa a parte burocrática da operação,

porém vital. Já havia dois indicadores que possibilitavam o acompanhamento deste

processo, porém não eram padronizados. Um deles é referente aos impostos contemplados

no transporte e se há real cumprimento dos mesmos. O segundo, chamado de Valor Justo,

mede o grau de divergência entre os valores praticados e considerados justos. Este

indicador tornou-se essencial na análise rota a rota, pois fornece informações apuradas

sobre quais são rentáveis ou não.

Por fim, foi criado um indicador que se revelou extremamente importante na

avaliação dos resultados. Este indicador também compõe a Perspectiva Financeira e é

chamado de indicador de Descolamento entre Pagamento/Cobrança e Execução. Devido ao

grande volume de rotas, diversos clientes e respectivos procedimentos financeiros, havia

distorção na avaliação de resultados. Isto acontecia, pois despesas relacionadas a

determinadas receitas eram contabilizadas em períodos diferentes. Este indicador avalia se

existe este problema e qual o seu grau de representatividade.

4.3.3 Perspectiva de clientes

Na perspectiva de Clientes, foi incorporado o desempenho consolidado da

perspectiva anterior. Foi colocado desta forma devido ao consenso da equipe de gestores

em que uma é resultado da outra. Desta forma, se os processos estão alinhados e atendendo

às metas traçadas, tem impacto positivo na perspectiva dos clientes. Por outro lado, se os

processos não estão tendo sucesso como um todo, o cliente sentirá os reflexos negativos

disto.

59

Para completar esta perspectiva foram criados três outros indicadores globais. O

primeiro é o Término do Transporte, que mede o impacto no cliente de forma macro. A

lógica deste indicador é que não importa terminar 99% das rotas dentro do horário previsto,

pois se 1% exceder as metas, certamente haverá clientes insatisfeitos.

Os próximos indicadores estão intimamente relacionados à missão da empresa, e

medem respectivamente a quantidade de produtos distribuídos e quantidade de cidades

atendidas. Em ambos os casos, o indicador é relativo, sempre comparando o período atual

com o anterior, sendo positiva uma relação maior que um.

4.3.4 Perspectiva financeira

Por fim a perspectiva financeira, que em relação às outras era a mais desenvolvida

e padronizada. Foi incluído apenas o indicador de Descolamento entre

Pagamento/Cobrança e Execução. Isto foi necessário para complementar e legitimar os

outros dois indicadores que já existiam e foram mantidos.

O primeiro é chamado de ICD ou Índice Composto de Desempenho, que é a

relação entre total de despesas e total de quilômetros percorridos. Este era o principal

indicador de transporte e junto com o indicador Superação eram controlados mensalmente.

O Superação é um confronto entre orçamento de despesas de transporte e despesas

realizadas. Estes indicadores foram mantidos da mesma forma.

4.3.5 Confronto entre informações necessárias e disponíveis

Levantados os dados e informações já disponíveis e utilizáveis, foi necessário

avaliá-los quanto à facilidade, confiabilidade e disponibilidade de obtenção. Além de tais

atributos, também foi necessário verificar quais itens de controle e variáveis já estão

cobertas pelos controles atuais. Na Figura 20 pode-se visualizar a consolidação de

indicadores definidos e respectivas características.

60

Nº Indicador Perspectiva Processo Origem Existia? Disp. Conf. Acess.Demandas relacionadas

1 Clima Aprendizado GestãoMissãoValores

Sim Sim Alta Alta Todas

2 Formação Aprendizado GestãoMissãoValores

Não Não Média Baixa Todas

3 Turn over Aprendizado GestãoMissãoValores

Não Não Média Baixa Todas

4 Tempo de resposta Processos DemandaMissãoValores

Não Sim Baixa MédiaMistas e

Esporádicas

5 Ocupação Processos Planejamento BSC Não Sim Média AltaMistas e

Esporádicas

6Acuracidade de

orçamentoProcessos Planejamento BSC Sim Sim Alta Alta Todas

7 Tempo de coleta Processos Coleta BSC Não Sim Baixa Alta Todas

8 Avaria de coleta Processos ColetaMissãoValores

Não Não Média Alta Todas

9 Velocidade média Processos TransporteMissãoValores

Sim Sim Alta Alta Todas

10 Desempenho de rotas Processos TransporteMissãoValores

Sim Sim Alta Alta Regulares

11 Acidentes Processos TransporteMissãoValores

Não Sim Média Média Todas

12 Avaria de entrega Processos EntregaMissãoValores

Não Sim Média Alta Todas

13Acuracidade de

entregaProcessos Entrega

MissãoValores

Não Sim Média Alta Todas

14Descolamento

financeiroProcessos

CobrançaPagamento

MissãoValores

Não Sim Média Média Todas

15 Impostos ProcessosCobrança

PagamentoMissãoValores

Sim Sim Alta Média Todas

16 Valor Justo ProcessosCobrança

PagamentoMissãoValores

Sim Sim Média Média Todas

17 Término de transporte Cliente GestãoMissãoValores

Sim Sim Alta Alta Regulares

18Quantidade de

produtosCliente Gestão

MissãoValores

Não Sim Alta Média Todas

19 Cidades atendidas Cliente GestãoMissãoValores

Não Não Alta Média Todas

20 Superação Financeira Gestão BSC Sim Sim Alta Alta Todas

21Descolamento

financeiroFinanceira Gestão BSC Não Sim Média Média Todas

22 ICD Financeira Gestão BSC Sim Não Alta Alta Todas

Figura 20 – Lista de indicadores selecionados Fonte: criado pelo autor

61

Cada indicador foi avaliado de acordo com dimensões essenciais para a realização

do trabalho como existência, disponibilidade, confiabilidade e acessibilidade. O objetivo

desta classificação era identificar a melhor forma de trabalhar com cada um. Na dimensão

existência, é exatamente o que o nome diz, se o indicador já existia. Disponibilidade quer

dizer se existiam informações prontas para gerar o indicador. Quanto à confiabilidade, se

trata dos dados necessários para gerar tal informação, se estes eram confiáveis ou poderiam

ter erros implícitos. Por último os indicadores foram analisados quanto à acessibilidade,

pois de nada adiantava ter um ótimo indicador, se o esforço para gerá-lo fosse grande

demais.

4.4 Estruturação piloto

Com base na análise do cenário e demanda de indicadores foi estruturado um

modelo adequado. A confiabilidade era essencial, então foram priorizados aqueles

indicadores que com os quais havia este problema, os que apresentaram confiabilidade

média ou baixa. Neste grupo estavam os indicadores de Formação, Turn Over, Tempo de

Resposta, Ocupação, Tempo de Coleta, Avaria de Coleta, Acidentes, Avaria de Entrega,

Acuracidade de Entrega, Descolamento Financeiro e Valor Justo.

Para aqueles indicadores da perspectiva de processos (Tempo de Resposta,

Ocupação, Tempo de Coleta, Avaria de Coleta, Acidentes, Avaria de Entrega e

Acuracidade de Entrega) a solução foi simples. Os dados existiam, porém não eram

registrados forma adequada. Para acabar com diversas fontes de dados, estas informações

foram incluídas no Relatório de Rotas diário.

Para os indicadores da perspectiva de crescimento e aprendizado Formação e Turn

Over e os da perspectiva de processos Descolamento Financeiro e Valor Justo foram

fixadas freqüências e formas padronizadas de calcular. O time de análise da empresa ficou

responsável por gerar estas informações nos momentos corretos.

Nos casos em que havia dificuldade de se gerar os indicadores, as freqüências

foram analisadas de forma que compensasse gerá-los. Para Acidentes e Tempo de Resposta,

o problema foi solucionado ao incorporar tais informações no Relatório de Rotas. Para o

62

restante como o esforço necessário era grande, foram acordadas freqüências menores com

os gestores de modo a viabilizar o modelo. Na Figura 21 pode-se visualizar como foi

estruturado o modelo em relação a antes e depois do estudo. A principal dimensão que foi

revista foi a de Freqüência de Verificação, que nada mais é do que freqüência com que cada

indicador é avaliado ou coletado.

4.4.1 Estruturação piloto – Cálculo dos indicadores

O modelo foi montado de forma a oferecer um índice percentual consolidado por

perspectiva. Este índice traduz em números quanto a área de transporte está conseguindo

realizar em cada uma das perspectivas, de acordo com a Missão e Valores da empresa.

O índice de cada perspectiva é construído a partir dos indicadores apresentados.

Cada qual tem sua respectiva representatividade dentro de seu contexto. Tais ponderações

Nº Indicador PerspectivaFrequência ANTES

Frequência DEPOIS

Origem ANTES Origem DEPOIS

1 Clima Aprendizado Anual Semestral RHRH + Time de Analistas

Vialog

2 Formação Aprendizado NENHUMA Semestral Não padronizada Time de Analistas Vialog

3 Turn over Aprendizado NENHUMA Bimestral Não padronizada Time de Analistas Vialog

4 Tempo de resposta Processos NENHUMA Semanal Não padronizada Relatórios de rotas

5 Ocupação Processos NENHUMA Semanal Relatórios de rotas Relatórios de rotas

6Acuracidade de

orçamentoProcessos Mensal Quinzenal ERP ERP

7 Tempo de coleta Processos Mensal Mensal Não padronizada Relatórios de rotas8 Avaria de coleta Processos NENHUMA Trimestral Não padronizada Relatórios de rotas9 Velocidade média Processos Diária Quinzenal Relatórios de rotas Relatórios de rotas

10 Desempenho de rotas Processos Diária Diária Relatórios de rotas Relatórios de rotas

11 Acidentes Processos NENHUMA Semanal Não padronizada Relatórios de rotas12 Avaria de entrega Processos NENHUMA Trimestral Não padronizada Relatórios de rotas

13Acuracidade de

entregaProcessos NENHUMA Diária Não padronizada Relatórios de rotas

14Descolamento

financeiroProcessos NENHUMA Mensal Não padronizada Time de Analistas Vialog

15 Impostos Processos Semestral Trimestral Time de Analistas Vialog Time de Analistas Vialog16 Valor Justo Processos Anual Semestral Não padronizada Time de Analistas Vialog

17 Término de transporte Cliente NENHUMA Diária Relatórios de rotas Relatórios de rotas

18Quantidade de

produtosCliente NENHUMA Bimestral ERP ERP

19 Cidades atendidas Cliente NENHUMA Semestral ERP ERP20 Superação Financeira Mensal Mensal ERP ERP

21Descolamento

financeiroFinanceira NENHUMA Mensal Não padronizada Time de Analistas Vialog

22 ICD Financeira Mensal Mensal ERP + Relatórios de rotas ERP + Relatórios de rotas

Figura 21 – Indicadores ANTES X DEPOIS Fonte: criado pelo autor

63

foram definidas em conjunto com equipe de gestores e podem ser revisados se for

oportuno. As composições de cada perspectiva estão apresentadas na Figura 22.

Seguindo esta lógica, o índice consolidado de cada perspectiva é o somatório do

desempenho de cada indicador multiplicado pelo seu peso. O índice de 100% quer dizer

sob tal perspectiva se os resultados estão sendo alcançados na sua plenitude. É possível

desempenho maior do que 100%, isto significaria superação do desempenho planejado.

4.5 Piloto

Após estruturar o modelo inicial, foi realizado um teste piloto para avaliar a real

operacionalização do mesmo e calibrar parâmetros. Para esta realização foi selecionado

grupo de rotas regulares. O motivo desta escolha se deve ao fato de as variáveis serem

melhor conhecidas neste grupo e os controles do mesmo já estarem mais desenvolvidos e

estabilizados.

Financeira PesoSuperação 40,00%Descolamento 30,00%ICD 30,00%

Total 100,00%

Clientes PesoTérmino de transporte 25,00%Quantidade de produtos 25,00%Cidades atendidas 25,00%Processos 25,00%

Total 100,00%

Processos PesoTempo de resposta 10,00%Ociosidade 10,00%Acuracidade de orçamento 10,00%Tempo de coleta 5,00%Avaria de coleta 5,00%Velocidade média 11,67%Desempenho de rotas 11,67%Acidentes 11,67%Avaria de entrega 5,00%Acuracidade de entrega 5,00%Descolamento financeiro 5,00%Impostos 5,00%Valor Justo 5,00%

Total 100,00%

Aprendizado PesoClima 40,00%Formação 35,00%Turn over 25,00%

Total 100,00%

Figura 22 – Composição dos índices consolidados por perspectivas Fonte: criado pelo autor

64

Para a perspectiva de crescimento e aprendizado foi considerada toda a equipe de

logística e é o único índice que não variou de acordo com o horizonte de teste. Na Figura

23 é possível visualizar a construção do mesmo:

Já para processos, o piloto contém um volume de dados menor que o total, mas foi

possível avaliar o relacionamento entre as variáveis, demonstrado na Figura 24. No caso

específico do indicador de Impostos, houve problemas, pois o período analisado foi de um

mês. Desta forma alguns dos encargos tributários ainda não estavam no momento correto

de ajuste e distorceria o indicador. Foi feita uma pesquisa no histórico de dados referentes a

este controle, como não foram encontradas irregularidades, foi atribuído o valor de 100%.

No caso do Descolamento Financeiro também pode ter havido erro deste tipo, pois algumas

cobranças ou pagamentos podem ter sido realizadas dentro dos prazos corretos, porém

ficaram fora do horizonte.

Peso Indicador Desempenho Participação40,00% Clima 71,00% 28,40%35,00% Formação 77,00% 26,95%25,00% Turn over 81,25% 20,31%

75,66%Aprendizado e Crescimento

Figura 23 – Construção Índice de Aprendizado e Crescimento Fonte: criado pelo autor

65

Na Figura 25, são apresentados os indicadores da perspectiva dos clientes. Como

há pouca variação nos indicadores de Quantidade de Produtos e Cidades Atendidas, pode

ser necessário uma correção no peso dos fatores.

Por fim a perspectiva financeira apresentada na Figura 26, não revelou nenhuma

incoerência. Os resultados foram coerentes com andamento das operações e também de

acordo uns com os outros. O ponto principal é que ainda não está totalmente auto-

explicável. O objetivo destes indicadores é que por si só expliquem qual a origem das

informações que estão representando.

Figura 24 – Construção Índice de Processos Fonte: criado pelo autor

Peso Indicador Desempenho Participação10,00% Tempo de resposta 83,50% 8,35%10,00% Ociosidade 71,30% 7,13%10,00% Acuracidade de orçamento 99,20% 9,92%5,00% Tempo de coleta 95,90% 4,80%5,00% Avaria de coleta 92,00% 4,60%

11,67% Velocidade média 98,60% 11,50%11,67% Desempenho de rotas 81,50% 9,51%11,67% Acidentes 96,30% 11,24%5,00% Avaria de entrega 97,20% 4,86%5,00% Acuracidade de entrega 98,70% 4,94%5,00% Descolamento financeiro 89,70% 4,49%5,00% Impostos 100,00% 5,00%5,00% Valor Justo 89,00% 4,45%

90,77%Processos

Figura 25 – Construção Índice de Clientes Fonte: criado pelo autor

Peso Indicador Desempenho Participação25,00% Término de transporte 89,00% 22,25%25,00% Quantidade de produtos 100,00% 25,00%25,00% Cidades atendidas 100,00% 25,00%25,00% Processos 90,77% 22,69%

94,94%Clientes

66

Para fechar o ciclo, é necessário avaliar o cenário como um todo, que é

apresentado na Figura 27. Inicialmente cada uma das perspectivas teve a sua participação

no índice atribuída de forma igual. Cada uma delas contribui com 25% do índice. Esta

ponderação foi definida em reunião com equipe de gestores, porém a alta divergência entre

o índice obtido na perspectiva de aprendizado e crescimento e as outras indicou uma

possível distorção do resultado.

4.6 Revisão

Além dos ajustes já comentados, a realização do piloto também indicou que a

ajuda de um sistema de informação dedicado para este sistema de medição de desempenho

seria bem vinda. A grande quantidade de dados necessários para gerar as informações,

juntamente com a vulnerabilidade da forma como são registrados, cria uma barreira à

eficiência do modelo, além de aumentar os riscos .

Com um software de gestão de transporte adequado, a tarefa de medir o

desempenho e contribuição para realização da missão e valores seria bem mais fácil e

correta. Este problema faz com que a freqüência de alguns indicadores tenha de ser

Figura 27 – Construção Índice Global Consolidado Fonte: criado pelo autor

Peso Indicador Desempenho Participação25,00% Financeira 91,01% 22,75%25,00% Clientes 94,94% 23,74%25,00% Processos 90,77% 22,69%25,00% Aprendizado e Crescimento 75,66% 18,92%

88,10%Índice Global Consolidado

Figura 26 – Construção Índice de Financeira Fonte: criado pelo autor

Peso Indicador Desempenho Participação40,00% Superação 92,00% 36,80%30,00% Descolamento financeiro 89,70% 26,91%30,00% ICD 91,00% 27,30%

91,01%Financeira

67

diminuída quando deveria ser aumentada. Isto acontece com diversos indicadores que se

estivessem prontos em um período menor certamente ajudariam a ter uma gestão melhor e

mais eficaz.

O conjunto de indicadores, apesar de resumido para cada perspectiva

individualmente, mostrou-se um tanto quanto difícil de ser operacionalizado

completamente. Uma das causas desta dificuldade foi a quantidade de origens de

informações e falta de padronização na sua geração. Como não existia um recurso

específico para realizar a consolidação dos dados, as freqüências de verificação individuais

foram reavaliadas, em paralelo à importância. Esta avaliação foi feita de acordo com

opinião dos gestores em relação aos indicadores, conforme apresentado na Figura 28. Não

foram usadas técnicas ou análises estatísticas, apenas opinião baseada na experiência e

conhecimento dos gestores. Foi introduzido o conceito de urgência nesta análise, que

significa o quanto a freqüência de verificação do indicador atende as necessidades, podendo

ser classificada como (i) supera as necessidades, (ii) atende as necessidades ou (iii) não

atende as necessidades. Os indicadores de Clima, Avaria de entrega e Quantidade de

produtos tiveram a classificação de urgência como Não atende, isto, pois a freqüência

definida é aquém da que foi julgada como necessária. Para a Avaria de Entrega e

Quantidade de produtos a restrição é o sistema informático que não possibilita a realização

de verificação com maior freqüência, No caso do Clima, os dados são fornecidos pelo

departamento de recursos humanos e como trata-se de uma pesquisa realizada em toda a

empresa, a sua freqüência é anual e não é viável alterá-la em função de uma única unidade

de negócio. O caso da Avaria de entrega é um pouco mais simples, pois o indicador de

Acuracidade de Entrega também representa as avarias, podendo-se assim descartar o

indicador de Avaria de Entrega.

68

4.7 Utilização do sistema em toda a operação de transportes

Após a primeira rodada de testes do sistema de indicadores de desempenho

desenvolvido avaliando as rotas regulares, foi utilizada a metodologia proposta em toda a

operação de transporte. As rotas esporádicas e mistas foram incorporadas ao estudo sob a

mesma ótica de avaliação de desempenho já apresentada. Os indicadores foram definidos

de forma a contemplar os três grupos de rotas.

Nas perspectivas de Aprendizado e Crescimento e Clientes os indicadores são

únicos, os mesmos para cada um dos grupos de rotas. Para as perspectivas de Processos e

Financeira, foi necessário detalhar o que é respectivo a cada grupo. Para tanto foi feito um

rateio de acordo com a participação de cada uma. Para a Financeira, a medida foi o total de

despesas com transporte. No caso de Processos, a quantidade de quilômetros rodados foi o

índice de rateio. Na Figura 29, é possível visualizar as respectivas participações de cada

Nº Indicador Perspectiva ProcessoFrequênciaAvaliada

Frequência Alterada

Importância Urgência

1 Clima Aprendizado Gestão Anual - Alta Não atende2 Formação Aprendizado Gestão Semestral - Baixa Atende3 Turn over Aprendizado Gestão Trimestral - Média Supera4 Tempo de resposta Processos Demanda Semanal Mensal Alta Supera5 Ocupação Processos Planejamento Semanal Mensal Alta Supera

6Acuracidade de

orçamentoProcessos Planejamento Mensal Trimestral Alta Atende

7 Tempo de coleta Processos Coleta Mensal - Alta Atende8 Avaria de coleta Processos Coleta Trimestral - Baixa Atende9 Velocidade média Processos Transporte Diária Mensal Média Supera

10 Desempenho de rotas Processos Transporte Diária - Alta Atende

11 Acidentes Processos Transporte Semanal Mensal Baixa Atende12 Avaria de entrega Processos Entrega Trimestral - Baixa Não atende

13Acuracidade de

entregaProcessos Entrega Diária Mensal Alta Atende

14Descolamento

financeiroProcessos

CobrançaPagamento

Bimestral - Média Atende

15 Impostos ProcessosCobrança

PagamentoTrimestral Bimestral Alta Atende

16 Valor Justo ProcessosCobrança

PagamentoSemestral - Baixa Supera

17 Término de transporte Cliente Gestão Diária - Alta Atende

18Quantidade de

produtosCliente Gestão Bimestral Trimestral Média Não atende

19 Cidades atendidas Cliente Gestão Semestral - Baixa Atende20 Superação Financeira Gestão Mensal - Alta Atende

21Descolamento

financeiroFinanceira Gestão Bimestral - Baixa Atende

22 ICD Financeira Gestão Mensal - Média Atende

Figura 28 - Classificação de Importância e Urgência dos indicadores Fonte: Criado pelo autor

69

rota. Foram usados dados de despesas e distâncias percorridas dos últimos seis meses para

obter-se os índices de rateio.

O período de realização do estudo não foi suficientemente extenso para possibilitar

uma avaliação mais detalhada de sistemática proposta para as perspectivas de aprendizado e

crescimento e de clientes. O principal ponto que não pôde ser avaliado é relativo ao uso da

sistemática como regra, pois como as freqüências de verificação destes indicadores são

baixas, não foi possível avaliar criticamente o uso regular da metodologia. Como

verificação de indicadores pontuais, a sistemática e indicadores propostos mostraram-se

bastante robustos e confiáveis.

4.8 Revisão geral da metodologia

A utilização de metodologia para avaliar o desempenho de toda a operação de

transportes convergiu ao mesmo resultado, que a utilização de sistema dedicado e adequado

possibilitaria uma melhor eficiência do mesmo. A metodologia se mostrou bastante robusta,

no sentido de fornecer respostas devidamente alinhadas à percepção da equipe sobre a

operação. Na Figura 30 está o quadro geral com a ponderação de indicador considerando os

três tipos de rota.

Figura 29 - Percentuais de rateio das perspectivas Financeira e de Processos Internos Fonte: viaLOG (2008)

RotasDespesas Transporte - Perspectiva Financeira

Distância percorrida - Perspectiva de Processos

Regulares 75% 80%Mistas 11% 7%Esporádicas 14% 13%

70

Não foi possível realizar um estudo mais detalhado sobre as metas de cada

indicador, para tanto foram usadas as metas que já existiam, nos casos em que foi possível.

A definição das metas deve ser feita com o mesmo cuidado que a elaboração dos

indicadores. Uma vez que as metas não sejam executáveis ou abaixo da capacidade do

processo, a eficiência da sistemática de medição de desempenho estará comprometida.

Perspectiva Indicador Regulares Esporádicas MistasClimaFormaçãoTurn overTempo de resposta 2,0% 0,3% 0,2%Ociosidade 2,0% 0,3% 0,2%Acuracidade de orçamento 2,0% 0,3% 0,2%Tempo de coleta 1,0% 0,2% 0,1%Avaria de coleta 1,0% 0,2% 0,1%Velocidade média 2,3% 0,4% 0,2%Desempenho de rotas 2,3% 0,4% 0,2%Acidentes 2,3% 0,4% 0,2%Acuracidade de entrega 1,0% 0,2% 0,1%Descolamento financeiro 1,0% 0,2% 0,1%Impostos 2,0% 0,3% 0,2%Valor Justo 1,0% 0,2% 0,1%Término de transporteQuantidade de produtosCidades atendidasProcessosSuperação 30,0% 5,6% 4,4%Descolamento financeiro 22,5% 4,2% 3,3%ICD 22,5% 4,2% 3,3%

Rotas

6,3%6,3%6,3%6,3%

10,0%8,8%6,3%

Processos

Cliente

Financeira

Aprendizado e Crescimento

Figura 30 - Ponderação geral dos indicadores Fonte: Criado pelo autor

71

5 CONCLUSÃO

A principal conclusão a que se pode chegar com desenvolvimento do trabalho é

que o ato de avaliar o desempenho deve ser feito de forma mais objetiva possível. Deve-se

medir somente aquilo que realmente agregará valor ao cliente ou à empresa, não somente

valor financeiro. Neste contexto é fundamental entender a missão e valores da empresa para

que, não somente, a avaliação de desempenho seja feita de acordo com os mesmos, mas

também as operações do dia a dia sejam realizadas coerentemente. Às vezes olhando-se

somente para a parte operacional, preocupa-se em medir e entender problemas que são

menos importantes que outros no que diz respeito à realização dos objetivos da empresa. O

correto direcionamento dos esforços se dá quando são atacados problemas que realmente

implicam na realização destes. O entendimento de quais problemas são mais importantes

nem sempre é fácil ou naturalmente consensual, por isto ao adotar uma sistemática de

indicadores de desempenho devidamente alinhados e balanceados aos objetivos da empresa

fica mais claro e fácil que os envolvidos na operação percebam em qual direção devem

concentrar seus esforços.

Em segundo plano, pôde-se compreender que além de se usar um sistema de

indicadores de desempenho alinhado aos objetivos da empresa, a operacionalização do

mesmo é fundamental. Por isto, a metodologia deve ser concebida de forma mais

simplificada possível, pois gerar indicadores, sejam do que for, não é a maior dificuldade, e

sim o aproveitamento da informação gerada. Cada indicador deve gerar aos gestores e

equipe um mapa detalhado da operação que facilite e guie a intervenção destes no sistema

quando necessário. Para auxiliar neste caso, um software ou ferramenta específica para

gestão da metodologia de avaliação de desempenho tornaria o processo mais automático,

fácil de utilizar e robusto. No estudo proposto, as fontes de dados eram diversas e sem

padrão, o que aumenta as chances de erros na medição de desempenho.

A utilização dos conceitos do Balanced Scorecard, como perspectivas,

mensuração de ativos intangíveis, para uma atividade predominantemente operacional

possibilitou um melhor entendimento de como tal atividade pode contribuir para a

72

realização dos objetivos da empresa. A incorporação destes conceitos também permitiu a

compreensão de como os processos se relacionam e geram o resultado final.

Por fim e consolidando os pontos já apresentados, ficou evidente a dificuldade e

também importância de se traduzir de forma eficiente uma operação em números. Isto

acontece desde o início da avaliação de desempenho quando a metodologia é formatada e

desenvolvida, estruturada, testada e executada. A validação das premissas iniciais das quais

se originarão os indicadores é fundamental, talvez a parte mais importante da

implementação da metodologia de avaliação de desempenho.

5.1 Sugestões para trabalhos futuros

O presente trabalho foi focado no desenvolvimento de uma metodologia de

avaliação de desempenho voltada à atividade de transportes de uma empresa de

distribuição. Durante o desenvolvimento surgiram vários pontos, os quais não faziam parte

do escopo do estudo, porém têm forte relação com o mesmo. Seguem sugestões para

continuação e complementação deste:

• Avaliação de custos e viabilidade implantação/desenvolvimento de

software específico para utilização da metodologia;

• Estender a utilização da metodologia para todas as operações logísticas

como recebimento, distribuição, expedição e armazenagem;

• Estudo aprofundado acerca das metas e validação das mesmas,

estruturando metodologia de avaliação e atualização destas;

• Aplicação da metodologia em outra empresa ou atividade logística,

visando avaliar a real utilidade da mesma.

73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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