Origem de Santa Quitéria pdf

Embed Size (px)

Citation preview

ORIGEM DO MUNICPIO DE SANTA QUITRIA Por ocasio das comemoraes do sesquicentenrio do municpio de Santa Quitria, o professor, historiador e pesquisador, Fernando Arajo preferiu uma palestra com o ttulo: Historia do municpio de Santa Quitria. Durante a palestra foi afirmado que por volta de 1683 o pernambucano Manuel de Ges e mais seis viajantes chegaram a foz do Rio Acara e verificaram que no se tratava apenas de um rio, mas de uma bacia hidrogrfica, com 14 afluentes e inmeras ravinas de efmeros cursos (grota), e ainda que as terras formadoras dessa bacia eram apropriadas para a criao de gado. Houve ento um grande interesse pela ocupao das referidas terras. A criao de gado foi ocupando terras do interior cearense e surgindo povoados, que posteriormente transformaram-se em cidades, entre elas Santa Quitria. Os criadores de gado iam ocupando as terras subindo pelos rios Acara, rio Parnaba, vindo do Piau, rio So Francisco, vindo da Bahia, que resultou numa convergncia, povoando os sertes cearenses. Com relao a este assunto Nertan Macdo diz o seguinte: O colono conduzia o boi, mas era o boi quem o fixava nos largos tabuleiros, ricos de gramneas e ciperceas. (MARCEDO Nertan, O Cl de Santa Quitria, 2 Ed. 1980, p. 26) No meu livro, Santa Quitria Histria, relato o seguinte:A chegada dos colonizadores ao norte do Cear, inclusive s terras que margeiam o Acara, teve incio no sculo XVII, quando foi concedida a primeira data de terra, constando de trs lguas de comprimento e duas ilharga (de cada um dos lados), ao pernambucano Manoel de Ges e Vasconcelos e a outros seus companheiros. em 23 de setembro de 1683. A concesso foi feita pelo Capito-mor Bento de Macedo Farias, transcrito s pgs. 59 a 61 do 1 volume das Sesmarias. A ocupao foi iniciada a partir da foz daquele rio penetrando serto a dentro. Na primeira metade do sculo XVIII s margens do Rio Acara, que na poca era chamado de Caracu, como tambm s do Rio Jacurutu, j se encontravam apossadas ou adquiridas por pernambucanos, riograndense do norte, portugueses ou ndios civilizados.(MOROR, Antonio Mauro Paiva Santa Quitria Histria, 2006, 11)

Por volta de 1730 os irmos Jos Miguel Machado Freire e Joo Machado Freire receberam, atravs de carta de sesmaria, as terras correspondentes as margens do Rio Groairas, terras que pertencem atualmente ao municpio de Santa Quitria. Fernando Arajo, em sua palestra anteriormente referida disse que existem indcios que eles tenham ocupado uma considervel poro de terras prximo de onde hoje o povoado Riacho das Pedras, h controvrsias sobre a ocupao dessas terras pelos irmos Machado Freire, entretanto no meu livro Santa Quitria Histria relato a venda de terras as margens do Groairas pelos herdeiros dos Machados Freire, vejamos o que digo:Senador Paula foi um dos que adquiriu, por compra, vastas reas de

terras s margens dos rios Acara, Groaras, Mundau, Aracatiau e do Corea. Ele, antes de ser Senador era comerciante em Sobral e possua um armazm de vendas em grosso. Em uma de suas viagens a Recife, para fazer compras, adquiriu dos herdeiros de Manoel Machado Freire, os Machados Freire que foram os primeiros a conseguirem terras s margens do Rio Groaras, vrias propriedades nas terras dos rios acima mencionados. A referida compra foi feita em sociedade com o seu sogro, Cel. Vicente Alves da Fonseca e o conterrneo e parente Jos Gomes de Albuquerque. As propriedades foram compradas por quarenta contos de ris, sendo a metade de Francisco de Paula Pessoa e a outra metade dos outros dois. Francisco de Paula Pessoa aps reunir os quarenta contos de ris, embarcou para Recife levando o dinheiro em moedas de prata, acondicionadas em pequenos sacos. Por ocasio do desembarque no Porto de Recife, dez sacos caram ao mar, contendo cada um cem pataces, causando um prejuzo de dois contos, cento e trinta mil ris. Francisco de Paula Pessoa teve que fazer um emprstimo na Praa de Recife, para completar a quantia, tendo pagado posteriormente e no aceitou dividir o prejuzo com os scios, dizendo ser portador e responsvel pelo dinheiro cado ao mar e talvez at se culpando por no ter tomado algum tipo de precauo. (MOROR, Antonio Mauro Paiva Santa Quitria Histria, 2006, p 13) A respeito da origem da cidade de Santa Quitria, Nertan Macedo diz o seguinte: A pouca distancia das suas nascentes, na Serra das Cobras, o Rio Jacurutu, afluente do Acara, faz uma curva graciosa, em meio a qual emerge a cidadezinha de Santa Quitria, nos sertes do norte do Cear, dilatados a sombra do paredo da Ibiapaba. Santa Quitria nasceu, como boa cidade sertaneja, de uma antiga fazenda de criao, a fazenda Cascavel, que era uma das diversas propriedades dos Pinto de Mesquita. um serto de paisagens, campos abertos, prprios para os gados, cheios de sabis e pau branco, malva e capim mimoso. No inverno, o capim mimoso chega a atingir quase a altura de um homem. E quando em julho, as chuvas j no molham a terra, os acamados desse capim ondulam ao sopro do vento, formando uma paisagem de suavidade e beleza incomparveis. O serto tem sempre curiosidades. Assim que, durante as chuvas, quando o mato reverdece, nele encontramos recantos dulcssimos, que parecem jardins civilizados, feitos artificialmente pela mo do homem. Creiam: h trechos de Paris e Londres no duro serto nordestino, quando chove. Purssima a gua que corre no leito do Jacurutu, conhecida em todo o Cear como gua de Santa Quitria, famosa pela sua frescura, leveza e limpidez. Dizem que quem toma a gua do Jacurutu nunca mais deixa a cidade de Santa Quitria (nota do autor) .................. aqueles sertes foram povoados a partir da primeira metade do sculo 18, por cavalarianos pernambucanos e riograndense do norte. Particularmente, os pernambucanos, muito afeioados a criao de gados e cavalos, de cujo comercio prosperaram, acabaram por fixassem nas fazendas situadas a beira daquelas ravinas de efmeros cursos. (MACEDO Nertan, O Cl de Santa Quitria, 2 Ed. 1980, p. 17, 18)

Em 1730 Jos Miguel Machado Freire e seu irmo Joo Machado Freire obtiveram carta de sesmaria para explorarem as margens do Rio Groairas, terras que pertencem ao atual municpio de Santa Quitria, porm foi Joo Pinto de Mesquita, natural de Braga, provncia do Minho em Portugal, que desbravou as terras as margens dos rios Jacurutu, Groairas e outras. Em uma palestra proferida pelo professor, historiador e pesquisador Fernando Arajo, por ocasio das comemoraes dos 150 anos de emancipao do municpio de Santa Quitria, o mesmo afirmou que em determinada poca do ano, ndios seminmades, cruzavam essas terras em direo a Serra da Ibiapaba ou ao litoral. Os ndios que povoavam a Serra de Ibiapaba eram os Camocins, Anacs, Araris da raa Tapuia, alm dos Tabajaras do Grupo Guarani. Nertan Macdo diz que Manoel Santiago Pinto de Mesquita, irmo de Joo Pinto de Mesquita casou-se com uma jovem de origem Tabajara..... Manoel Santiago Pinto, foi, por sua vez, residir na Vila Viosa Real da Amrica, atual cidade de Viosa do Cear. Naquela vila, casou Manoel com Dona Luiza Pereira de Santiago, de origem Tabajara. (MACEDO Nertan, O Cl de Santa Quitria, 2 Ed. 1980, p. 24)

Podemos imaginar que o mapa do local onde hoje foi a sede do nosso municpio, era aproximadamente o exposto ao lado. O historiador Fernando Arajo afirmou tambm que prximo foz do Riacho Cascavel existia uma mina dgua (olho dgua) onde os ndios e posteriormente os colonizadores utilizavam-no para suas necessidades prprias e para matar a cede de seus animais.

Foto montagem da Praa Senador Pompeu na dcada de 40 do Sculo XX

Foto montagem da Praa Senador Pompeu na dcada de 40 do Sculo XX

O historiador Antonio Bezerra, em 1884, descreveu a ento Vila de Santa Quitria da seguinte maneira:Assentada sobre a margem ocidental do rio Jacurutu, numa plancie em forma de ngulo que descreve o rio deste lado, conta a vila de Santa Quitria umas 120 casas distribudas na larga praa, em cujo centro se acha a igreja-matriz, em trs ruas, das quais a melhor e bem edificada corre a esquerda do templo em rumo de sul a norte, e ainda em outras com largos intervalos em sentido contrrio atravessando estas. H aqui alguns prdios excelentes, construdos ao gosto moderno: portas altas e frentes terminadas em cimalha. Um edifcio elegante que se v ao lado oriental da praa, destinado a servir para a cmara municipal, est abandonado e tem necessariamente de cair falta de um pequeno auxlio dos cofres provinciais, visto como lhe faltando coberta, as chuvas tm estragado as madeiras do andar superior e ameaam as paredes. pena; no h melhor em outra parte. Est traado com todas as regras de arte. O mercado, no extremo sul da rua mais extensa, no est ainda acabado, mas, no que se h feito, apresenta quartos de frentes elevadas, que prometem na concluso um excelente edifcio. Perto daqui se levantam diversas casas, pelo que noto que a vila se estende para este lado. a primeira localidade que se lembrou de construir depois da seca de 1877, no sei se por lhe abundarem os recursos ou por influncia de moradores de outros lugares a vila apresenta perspectivas alegre, e como serto o seu territrio um dos mais produtores da provncia. em duas escolas de instruo primria para ambos os sexos, regularmente freqentadas, e na Barra do Macaco, 60 quilmetros ao sul, o Sr. Raimundo Minervino Ramos, moo habilitado, mantm uma a seu esforo, onde recebem instruo numerosos alunos. Tem duas escolas de instruo primria para ambos os sexos, regularmente freqentadas, e na Barra do Macaco, 60 quilmetros ao sul, o Sr. Raimundo Minervino Ramos, moo habilitado, mantm uma a seu esforo, onde recebem instruo numerosos alunos. A sua populao calculada atualmente em 10.000 almas, tendo tido antes da seca um tero a mais.

As rendas provinciais arrecadadas pela Coletoria montaram no ltimo ano a soma de 5:510$498 ris. (BEZERRA, Antonio - Notas de Viagem, 1965, p. 281, 282).

Mapa da Cidade de Santa Quitria em 2006