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5/17/2018 ORLANDI,Eni.aLinguagemeSeuFuncionamento-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/orlandi-eni-a-linguagem-e-seu-funcionamento 1/3 , . ; u J l . l " ' ~ , V " ' l U \ ' " a linguagem. Logo, o texto equivale a ato de linguagem em que instaura uma forma de interação e não como do conceito de ato do nível do enunciado. Seria interessante se chamar aqui a atenção para considerações ordem teórica e metodológica, relativas ao desenvolvimento dos i FS1UO()S da linguagem e à proposta dos três tipos de discurso. deslize que apontamos no início desse trabalho, e que se por constituir uma lingüística feita do ponto de vista do ; lO;cul:or, vai se caracterizar, em relação aos tipos, por generalizar para caracterização da natureza da linguagem algo que é próprio de um de funcionamento dela. Assim, toda linguagem é vista sob a :i'A"ulJuau'-J',a do eu, do agente exclusivo da linguagem, da contenção polissemia, etc. O que acontece é que - sob a égide do Discurso Autoritário - desarticula o característico da interlocução que é a articulação ' 1in ,,. .. tnr--""vinte, assim como se rompem as outras articulações que daí ,-lI1P"n,rrp1"" e que se organizam sob a forma de dicotomias. No interior dicotomias, se passa a olhar através de um de seus pólos - o eu locutor, o da produção, o da intenção, o do percurso psíquico, ORLANDI, Eni. A linguagem e seu funcionamento : as formas do discurso. São Paulo: Brasiliense, 1983.

ORLANDI, Eni. a Linguagem e Seu Funcionamento

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, . ; u J l . l " ' ~ , V " ' l U \ ' " a linguagem. Logo, o texto equivale a ato de linguagem

em que instaura uma forma de interação e não como

do conceito de ato do nível do enunciado.

Seria interessante se chamar aqui a atenção para considerações

ordem teórica e metodológica, relativas ao desenvolvimento dos

iFS1UO()S da linguagem e à proposta dos três tipos de discurso.

deslize que apontamos no início desse trabalho, e que se

por constituir uma lingüística feita do ponto de vista do;lO;cul:or, vai se caracterizar, em relação aos tipos, por generalizar para

caracterização da natureza da linguagem algo que é próprio de um

de funcionamento dela. Assim, toda linguagem é vista sob a

:i 'A"ulJuau'-J' ,a do eu, do agente exclusivo da linguagem, da contenção

polissemia, etc.

O que acontece é que - sob a égide do Discurso Autoritário -

desarticula o característico da interlocução que é a articulação

' 1in,,.. .tnr--""vinte, assim como se rompem as outras articulações que daí

,-lI1P"n,rrp1"" e que se organizam sob a forma de dicotomias. No interior

dicotomias, se passa a olhar através de um de seus pólos - o

eu locutor, o da produção, o da intenção, o do percurso psíquico,

ORLANDI, Eni. A linguagem e seu funcionamento : as formas do discurso. São Paulo: Brasiliense, 1983.

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g ~ ~ a l ) e fala ( i n d i v ~ d u a l ) , o discurso é lugar social. Nasce aí aslbllIdade de se considerar a linguagem como trabalho,

!,alar em discurso é falar em condições de rodu ãorelaçao a e s ~ a s condições, gostaríamos de destacar :ue, c ~ m o e ~ p o s t ~ por Pecheux (1979), são formações imaginárias e nessasmaçoes contam a, r ~ l a ç ã o de forças (os lugares sociais dos 'c u t o r e ~ e sua poslç,ao relativa, no dis curso) , a relação de sentidoc o r o e vozes, a mter textuahd ade a relaça-o que ' 'td' 'exls entreIscurso e os outros) a antecipação (a maneira como o locutorpresenta as representações do seu interlocutor e vice-versa) ,

Em relação a essas { ~ r m a ç õ e s imaginárias e aos fatores

~ ~ ~ : ~ ~ i t : e : : ~ ~ n ~ : , V ~ % O ~ , 1 ~ 7 ! ~ a ~ e a q ~ ~ s : , ~ ~ ~ ~ ~ e ~ ~ v ~ n ~ ~ : g : m C ~ n s t i t u t i esta reproduzido nela, acreditando ser a fonte exclusiva docurso quando , ?a v e ~ d a d e , o seu dizer nasce em outros seu

~ o p o ~ t o d ~ vlst,a discursivo, as palavras, os textos , são partes? r ~ a ç o e s discurSivas que, por sua vez, são partes de formação 'l o g l c ~ . Como ~ s formações discursivas determinam o que pod

ser dito a partir de u . - e e, , ma poslçao dada em uma conjuntura dada assie que se considera o discurso como fenômeno social. '

, S e ~ u n d o o que temos proposto, a análise de discurso não é

n,IVte! .dlferente ~ e ~ n á l i s e , se consideramos níveis como o fonéticoSIO ~ t I C O , o,semanhco.É, antes, um ponto de vista diferente . 'ana Isar ,umdades ,d,e vários níveis - palavras, frases, p e r í ~ d o s _ naperspectiva da analIse de discurso. Essas unldade - dT 'd ' s nao per em a espe-

CI ICI ade de seu mvel - lexical, morfológico, sintático, semântico _ .mas, ao o l h a ~ m o s pela perspectiva da análise do discurso veremos

~ ~ ~ : : , determmações que revelarão aspectos discursivos d ~ s s a s .

.. , .0 ponto de , vista da análise de discurso é diferente do da ling ~ ~ S h C a e s t a ~ e l e c l d a . e, por isso, instaura um objeto diferente. Esse 'o jeto, ~ u e e um ob/eto de conhecimento, é o discurso como o vimoscaractenzando , enquanto interação .

d d,Nessa ~ e s m a perspectiva consideramos que a unidade da análise

e lscurso e o texto.

I

O q u ~ caracteriza a relação entre discurso e texto é o seguinte'

e es se eqUivalem mas em ' " ., Olvels conceptuais diferentes. Isso significa

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que o discurso é tomado como conceito teórico e metodológico e oIcxto, em contrapartida, como o conceito analítico correspondente.Il á, portanto, uma relação necessária entre eles.

Se considero o texto nesta perspectiva teórica estabelecida pelodiscurso, não basta dizer que o texto é a unidade de análise, mas simque texto é a unidade complexa de significação, consideradas as condições de sua realização. É então uma unidade de análise não formal ,

/lias pragmática .

O texto pode ter qualquer extensão: pode ser desd e uma simplespalavra até um conjunto de frases. O que o define não é sua extensãomas o fato de que ele é uma unidade de significação em relação à ,situação,

Pensando-se o texto no processo da interlocução, podemos tomálo como o centro comum, a unidade que se faz no processo de interação entre fàlante e ouvinte. Em termos de interação, portanto, podemos dizer que o domínio de cada um dos interlocutores, em si, é

parcial e só tem a unidade no/ do texto. Essa unidade - ot ex to -

é unidade do processo de significação, é a totalidade da qual se partena análise da estruturação do discurso.

Lembrando Voloshinov (1976), eu diria que o texto é o enun-

ciado como entidade total. O enunciado completo que, como ele diz,na lingüística (imanente) fica a cargo de outras disciplinas: a retóricae a poética. A noção de discurso, no entanto, como a colocamos maisacima , acolhe essa entidade.

Nesse passo, podemos fazer um paralelo entre a noção de texto- como centro comum que se faz na interlocução - e diálogo, dizen

do que sua unidade (do diálogo) é a do texto, isto é, não é só daordem de um dos interlocutores ou do outro, -e interação. Indo maisalém, e invertendo agora a perspectiva dessa afirmação, diria que arelação dialógica é básica para a caracterização da linguagem: o conceito de discurso se .assenta sobre a relação dialógica na medida emque é constituído pelos interlocutores, ou seja, todo texto supõe arelação dialógica, se constitui pela ação dos interlocutores. Teremos,então, diferentes espécies de texto, segundo as diferentes formas derelação que se estabelecerem entre locutores: um comício, uma con-versa, uma aula, etc. .

Pensando-se a linguagem como processo, e fazendo do usoo documento lingüístico essencial, reflexo da situação social, a idéia

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de diálogo está na base de qualquer reflexão sobre a linguagetlt(Voloshinov, 1976). Assim, as noções de texto, discurso e diálogÓ,nesse trabalho, se equivalem. Ma s se distinguem de conversa, d e b u ~sermão, etc., que, estas, são situações particulares de discurso (text"diálogo) e têm, com o discurso, a relação de espécie para gênero.

Tenho observado com certa insistência, que o conceito de UI)

dade, de totalidade, não implica, em relação ao que estamos caracte

rizando, o conceito de completude . Dito de forma mais direta: llQconsiderar o texto como unidade de significação não estou dizendo q u c í ~ esta unidade, que se faz pelos vários (dois ou mais) interlocutores,:por isso é completa. Não diria, então que o sentido, parcial na ordem 'de cada um dos interIocuróres, é completo quando tomamos o centrocomum (texto) que se constitui com (e por) eles. O texto tem unidade, mas a relação das partes com o todo - quando se trata de texto -é complexa. O texto não é a soma de frases e não é tampouco soma de ·interlocutores. Na constituição do texto entram elementos menos dei 'terminados, menos mensuráveis que segmentos lineares e número deinterlocutores. Como o texto é um espaço, mas um espaço simbólico;não é fechado em si mesmo: tem relação com o contexto e com os'outros textos. A intertextualidade pode ser vista sob dois aspectos:primeiro, porque se pode relacionar um texto com outros nos q u ~ i , ele nasce e outros para os quais ele aponta; segundo, porque se pode ;relacioná-lo com suas paráfrases (seus fantasmas), pois sempre sepode referir um texto ao conjunto de textos possíveis naquelas condi- lções de produção. A intertextualidade é, pois, um dos fatores que ,constituem a unidade do texto. . ~

Por outro lado, observando-se os turnos de uma conversa, emque o processo da interlocução aparece em sua forma mais direta, !

diríamos que não há compartimentos estanques que se preenchem acada turno dos interlocutores. Na verdade, não creio que haja umasucessão linear, mas simultaneidade, o que redunda em não haverum limite claro que separa o dizer de um e o dizer do outro. Nemhá segmentos que se· juntam linearmente para formar uma unidademaior. Ao contrário, a linguagem tem como condição a incompletude,e seu espaço é intervalar. Intervalar nas duas dimensões: a dos interlocutores e a da seqüência de segmentos. O sentido é intervalar. Nãoestá em um interlocutor, não está no outro: está no espaço discursivo(intervalo) criado (constituído) pelos/nos dois interlocutores. Assimcomo não está em um segmento, nem em outro, nem na soma detodos os segmentos que constituem um texto determinado. Está na

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, e mentos se organizam. Aliás, por nãoullidade a partir da qual os s g dem linearmente, quando se trata

ntos que se suce , D ' osI ' I ratar de segme todo organiza. elxam ,

, falar em recortes que o ) ~ \\r. lextO, propomos " b ' nalismo (relação dos segmentos \J

I\ssim, o domínio do dlstn UCIO, . m que a noção de recorte nostro campo teonco, e . t a'1IlramoS em um ou. _ de forma mais abrangen e,

\.

fc mete à situação de l ~ t e r l O C d u ç ~ d o , elo'g'la Há então, um domínio de. d denvam a I eo . ,

particulanda es que . ' _ da unidade textual.Indeterminação na constltUlçao

, SI\NTIDO LITERAL E E F ~ I ! O S DE SENTIDO:tlMA QUESTÃO DA HlSrORIA

f 't A questãoido literal e seus e elOS. .. .postula-se sempre um . s e ~ t b o estatuto do sentido hteral,

Ilara a análise do . d i s c u r s ~ ~ : ; i ~ ~ d ~ o ~ : o como transmissão de, inforlima vez que o dlscu;s.o e d sentidos entre locutores (M. P e c ~ e ~ x , mação, mas como e ~ l t O . e artida ue o contexto, as condlçoes1969). Se já se conSidera,. de p , .d variação é inerente aode produção são constit,utlvas do senti o, a

próprio conceito de sentido. b ' em consi-. - d rodução entra tam em

Em termos de condlçoes . e ,p. O' forma passam a contard t to hlstonco essa, t

deração a noção e con ex . . 'mediato (ligados ao momeno

desde determinações no contexto maIS I .s amplo (como a ideologia) .s do contexto mal .

da interlocução) como a , .texto como constitutiVo, q u a l ~ u ~ r

Portanto , se pensarmos o con d - é relevante para a slgmvariação relativa às condições de pro u Ç n a i ~ m o s de efeitos de sentido

' d citar como meca '1 eficação. Dai po ermos registro (enquanto estio qudesde o lugar social do locutor, ou o ma função significativa), até

'd fd de social que tem u ' for

aponta uma 1 en ~ a como é a da formação discursiva com a -relações menos dlretasmação ideológica.

_ stão no mesmo plano. Eles con-Os diferentes contextos n a ~ e do Voloshinov (1976), no

. . pode ser VISto, segun , t lotrastam entre SI e ISSO e üência de conversa, com os lO er . -diálogo (conversa): em u ~ a s q(A B) uma mesma palavra podecutores A e B, em duas b n h ~ s a m e n ~ e antagônicos. Em nossa tipo-. em dois contextos mu u .

flgurar . 1 de discurso polêIillCO.logia, sena um exemp o 1 do do outro linear-

- t-o um ao a 'Os diferentes contextos nao es a outro' OS contextos se en-

mente, como se um nada tivesse com o . 161