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Marilena Consuelo Horta de Melo Popoff Orquestra Brasileira de Minas Gerais Projeto TIM Música nas Escolas Belo Horizonte, MG UFMG/Escola de Música 2011

Orquesta Brasileira de Minas Gerais

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Marilena Consuelo Horta de Melo Popoff Orquestra Brasileira de Minas Gerais Projeto TIM Msica nas Escolas Belo Horizonte, MG UFMG/Escola de Msica 2011 Marilena Consuelo Horta de Melo Popoff Orquestra Brasileira de Minas Gerais Projeto TIM Msica nas Escolas Dissertao apresentada ao curso de Ps Graduao em EstudodasPrticasMusicais-EscoladeMsicada UniversidadeFederaldeMinasGerais,comorequisito parcialobtenodoTtulodeMestreemEducao Musical. Orientadora: Prof. Dra.Heloisa Faria Braga Feichas Belo Horizonte, MG Escola de MsicaUFMG 2011 P831o Popoff, Marilena Consuelo Horta de Melo. Orquestra Brasileira de Minas Gerais: projeto TIM msica nas escolas [manuscrito] / Marilena Consuelo Horta de Melo Popoff. 2011. 102 f., enc.: il. Orientadora: Heloisa Faria Braga Feichas. Linhadepesquisa:EstudosdasPraticasMusicais,ProgramadePs-Graduaoem Msica. Dissertao(mestrado em Msica)Universidade Federal deMinasGerais,Escola de Msica. Inclui bibliografia e anexos. 1.Msicaeeducao.2.Culturadepaz-UNESCO.3.RelatrioJacquesDelors.I. Feichas,HeloisaFariaBraga.II.UniversidadeFederaldeMinasGerais.Escolade Msica. III. Ttulo. CDD: 780.7 Aoutrafacedohumanismoadovalor edadignidadedetodoserhumano, qualquer que seja ele, venha de onde vier. Edgar Morin AGRADECIMENTOS Osmeussincerosagradecimentosaosquemeincentivarameapoiaramnesta pesquisa,assimcomoaminhaorientadoraHeloisaFeichas,eatodosos professores e coordenadores da Ps Graduao da Escola de Msica da UFMG que foram pertinentes ao meu trabalho. Aoscolegasdeturmaqueseguiramjuntosnestajornada,Darci,Andr,Cibele, Cristiano. AomeuqueridoYuri,pelotrabalho,pacincia,emuitocarinho.Eosfilhos, Mariana e Olivier, Diana, Pavel e Mateus, pelo apoio e compreenso.minhaqueridamecentenriadeBeloHorizonte,GeraldaMagelaHortade Melo, e ao meu pai, Prudente de Melo, minha gratido pela vida e muito amor. AosirmosPaulo,Gracinha,Letcia,Gilda,Berenice,Toninhoeatodosos sobrinhos. minhaqueridaLuciPopoffecunhados,TniaeLuizEugnio,Igor,Arkadie Ftima, Ina e Alik. sminhasamigasquetantomeajudaram,Onilis,MariaJos,Suzana,Luisa, Renata, Polyana e Ana. Ao Swami Nirmalatmananda e Luiz Antnio. Aosmeusdiretoresdeescola,D.MarinaLorenzoFernandes,CecliaCondee Sandra Santos. AgradeoaoportunidadedefazeroTIMMsicanasEscolasedestacaromeu querido amigo Roberto Gnatalli que abriu todas essas possibilidades para fazer a coordenao do projeto. Efinalmente,todososcolegasdetrabalho,Flvia,Eduardo,Pablo,Alejandro, Maria,Juliana,Cac,Stfanni,Adnam,Natlia,Matheus,Fred,Leonardo,as Diretoras Eliani e Luci Mary, as professoras Leila e Odalice. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLASCOEP- Comit de tica em Pesquisa DOU - Dirio Oficial da UnioEEEEDANB Escola Estadual D. Amaro Neves Barreto EEEFB - Escola Estadual Engenheiro Francisco Bicalho EEPJB - Escola Estadual Padre Joo Botelho EJA Educao de Jovens e Adultos EMUFMG - Escol de Msica da UFMG FAETEC - Fundao de Apoio Tecnolgico Escola Tcnica FEA/BH - Fundao de Educao Artstica de Belo Horizonte IDEB ndice de Desenvolvimento Escolar IDH -ndice de Desenvolvimento Humano LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional ONU - Organizao das Naes Unidas PEPEJA Programa de Ensino Profissional de Educao para Jovens e Adultos PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PPPP - Projeto Poltico Pedaggico Participativo REEEEFB - Regimento Escolar da Escola Estadual Engenheiro Francisco Bicalho SE Secretaria de Educao SEE Secretaria do Estado de Educao TELECOM Companhia telefnica TME - TIM Msica Nas Escolas UEMG - Universidade Estadual de Minas Gerais UES - Universidade Estcio de S UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais UNESCO-UnitedNationsEducationalScientificandCulturalOrganization (Organizao das Naes Unidas para a Educao, a cincia e a cultura) USB - Universal Serial Bus V&M Vallourec e Mannesmann SUMRIO ERA S O COMEO.............................................................................................10 CAPTULO 1 HISTRICO DO PROJETO E METODOLOGIA...........................12 1.2 Objeto de Pesquisa............................................................................ ............13 1.3 Objetivos....................................................................................................... 13 1.4 Descrio e Relevncia da Metodologia ........................................................ 14 1.5 Perfil dos Entrevistados .................................................................................. 15 1.6 A Coleta de Dados ......................................................................................... 19 1.7 Amostra .......................................................................................................... 26 1.8 A Msica como disciplina no curriculum escolar ............................................ 27 1.9 A Descrio das Atividades do TME .............................................................. 28 1.10 Documentao e Divulgao ........................................................................ 30 CAPTULO 2 A PROPOSTA DE MORIN E DE KOELLREUTTER .................... 32 2.1 A Relevncia da Anlise Crtica de Mourin .................................................... 33 2.2 Koellreutter : Seu Projeto de Ensino de Msica ............................................. 36 2.3 Articulao Filosfica e Pragmtica ............................................................... 37 CAPTULO 3 TIM MSICA NAS ESCOLAS ..................................................... 40 3.1 O Projeto TIM Msica no Brasil ...................................................................... 40 3.2 O TIM Msica nas Escolas TME ................................................................. 41 3.3 Organizao do TME ..................................................................................... 43 3.4 O Impacto do TME no Brasil .......................................................................... 45 3.5 O TME do Barreiro em Belo Horizonte ........................................................... 46 3.5.1 A Escola Estadual Padre Joo Botelho ....................................................... 48 3.5.2 Escola Estadual Engenheiro Francisco Bicalho .......................................... 51 3.5.3 A Implementao do TME ........................................................................... 55 3.5.4 Processo de Seleo dos Alunos ................................................................ 58 3.5.5 Material Didtico .......................................................................................... 60 3.5.6 Nossos Arranjos .......................................................................................... 64 3.5.7 Procedimentos Didticos, Pedaggicos, Contedo das Aulas .................... 66 3.5.8 Contedo Programtico dos Professores das Escolas do TME .................. 70 3.5.9 Contedo Programtico dos Professores das Escolas ............................... 73 CAPTULO 4 IMPACTO NA VIDA DOS ALUNOS ............................................ 74 4.1 Aspecto Social ................................................................................................ 75 4.2 Aspecto Escolar ............................................................................................. 79 4.3 Aspecto Familiar ............................................................................................. 83 4.4 A Escola e a Violncia .................................................................................... 84 4.5 Outros Aspectos ............................................................................................. 85 CONCLUSO ....................................................................................................... 87 REFERNCIAS .................................................................................................... 90 ANEXOS 1.......................................................................................................... 94 ANEXOS 2.......................................................................................................... 79 ANEXOS 3.......................................................................................................... 79 LISTA DE ILUSTRAES TABELA 1 Entrevistados ................................................................................... 16 TABELA 2 Relatrio Embaixadores da Paz ...................................................... 24 FIGURA 1 Mapa do Brasil TIM Msica nas Escolas ...................................... 40 FIGURA 2 Organizao do TME ....................................................................... 43 FIGURA 3 Atividades do TME ........................................................................... 45 FOTO 1 Escola Estadual Padre Joo Botelho .................................................. 48 TABELA 3 ndice do IDEB EEPJB .................................................................... 51 FOTO 2 Escola Estadual Engenheiro Francisco Bicalho .................................. 52 TABELA4 ndice do IDEB EEEFB ................................................................... 55 TABELA 5 Prova Brasil ..................................................................................... 55 TABELA 6 Cronograma De Horrios ................................................................. 57TABELA 7 Material Didtico .............................................................................. 61 FIGURA 4 Cho de Estrelas ............................................................................. 62 TABELA 8 Arranjos ........................................................................................... 66 FOTO 3 Professores do TME: Lena, Natlia, Stfanni e Coronel ..................... 71 FOTO 4 Orquestra Brasileira de Minas Gerais .................................................. 75 RESUMO

Esta dissertao aborda a implementao do Projeto TIM Msica nas Escolas, em duasescolaspblicasdoBarreiroEscolaEstadualPadreJooBotelhoe FranciscoBicalho,emBeloHorizonteMG,eoimpactoquecausou,coma formao da Orquestra Brasileira de Minas Gerais, para o desenvolvimento deste projeto.OspressupostostericosdaCulturadePazdaUNESCOnorteouo projeto e serviu de orientao de toda tomada de deciso, dentro do contexto da atividadepedaggico-musical,damaissimplesmaiscomplexa.Osquatro pilaresdaeducaocontemporneadoRelatrioDelorsaprenderaser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhecer constituem os eixos e caminhos deste trabalho. A abordagem da pesquisa qualitativa permitiu aproduodedadosdescritivoseaopoporutilizaraentrevista semiestruturadacomoprincipalinstrumentodecoletadedados,semprecomo interesse de pensar a Msica como disciplina importante no curriculum escolar de crianas e adolescentes. Palavras-chave: Projeto social, educao musical, impacto. ABSTRACT This study addresses the implementation of a social project for musical education supportedbyTIM-TIMMsicanasEscolas-andheldintwopublicSchoolsin Barreiro (Belo Horizonte-MG)- Escola Estadual Padre Joo Botelho and Francisco Bicalho-, as well as its further impact on its own development, with the formation of theBrazilianOrchestraofMinasGerais.Withinthecontextofeducationand musical activity, the theoretical framework of the UNESCO culture of peace guided theprojectforalldecision-making,fromthesimplesttothemostcomplex.Most fundamentally in relation to the axes of this work, the Jacques Delors approach to the Four Pillars of Contemporary Education is focused as a path: learning to know, learning to do, learning to live together and learning to be. The qualitative research approachenabledtheproductionofdescriptivedataandtheoptiontousesemi-structuredinterviewsasamaininstrument fordatacollection,withtheinterest of thinking music as an important subject in the school curriculum for young learners. Keywords: Social Project, Music Education, Impact.

10 ERA S O COMEO O que somos no termina. Era s o comeo o nosso fim. Yuri Popoff, Fernando Brant e Murilo Antunes Nascinumafamliagrande,unidaedemsicos:meuav,JooHorta,foi clarinetista,flautista,compositordemsicasacradosculoXIXeregentede BandadeMsicadeOuroPreto,Diamantina,Sabar,dentreoutrascidades mineiras.Essasbandasseapresentavamaosdomingosnaspraasdessas cidades.Meu pai, Prudente de Melo, tocava violo. Minha me, Geralda Horta de Melo,tocavabandolimepiano.Meusirmos,PauloeToninhoHorta,violoe contrabaixo. Meus tios e primos, violino e piano. Na minha famlia, tudo serve de motivao para compor e, depois, tocar, cantar de casa em casa dos parentes e amigos. Aos nove anos, compus meu primeiro tema de jazz ao violo: eram dois acordes, mi e r menor com stima, e o ritmo era trs por quatro. O violo foi meu primeiro instrumento. Recordo-me que tocava e cantava a msica Conceio, sucesso dos anoscinquenta.Cresciouvindoclssicos,romnticos,modernos,Stravinsky, Debussy, Ravel, Tchaikovsky, jazz, e bossa nova. Aos dezenove anos, ganhei minha primeira flauta transversa e tive, como primeiro professor, o maestro e flautista, Sebastio Viana. Ele me incentivou a fazer parte da Orquestra de Cmara da Escola de Msica da Universidade Federal de Minas GeraisEM/UFMG.Assim,em1973,comeceiaminhacarreiraprofissional, comoflautista.Nessemesmoano,encontrei,naEscoladeMsicadaUFMG,o YuriPopoff,contrabaixista,eoAndrDequech,violinistaepianista;logo, comeamosatocarduranteasaulasdoflautista,ExpeditoViana,professorde Flauta TransversadaGraduao deMsicadareferida Escola.Em1976,casei-me com Yuri; fomos nomeados como professores de orquestra para aOrquestra SinfnicaMunicipaldeCampinas,SoPaulo.Depoisdisso,nosanos80,fomos trabalharcomomsicosnaOrquestraFantasma,deToninhoHorta,naqual 11 estamosathoje,eparticipeitambmcomoflautistadaOrquestradeMsica Brasileira de Roberto Gnatalli. VivonoRiodeJaneiro,desde1984.FuiprofessoradeFlautaTransversado cursodeBacharelado,naUniversidadeEstciodeS,de1984a1998.Atualmente, sou professora de Flauta Transversa nos cursos de Bacharelado, de Licenciatura,deensinofundamentaletcnicodoConservatrioBrasileirode Msica, desde 1989 e na Fundao de Apoio Escola Tcnica FAETEC, desde 2000. Apsessetrajetodinmicoentreoscaminhosdamsicaedasescolasde educaobsicaegraduao,particularesepblicas,doRiodeJaneiroede BeloHorizonte,emjulhode2007,omaestro,compositoreprodutormusical, RobertoGnatalli,convidou-meparacoordenaraimplementaodoTIMMsica nas Escolas - TME, principal ao socioeducativa da TIM Celular S/A, em escolas pblicas,afetadaspelosfenmenosdaviolnciaedaexclusosocial,emBelo Horizonte,MG.Mesmosabendodasdificuldadesparafazerumtrabalhosocial junto a uma comunidade vulnervel, aceitei o convite. 12 Captulo 1- Histrico do Projeto e Metodologia Considerando a proposta socioeducativa, fui orientada pelo maestro Gnatalli, paraformar a orquestra Os Embaixadores da Paz nas escolas, luz dos pressupostos tericosdaCulturadePaz1quenortearam acriaodosEmbaixadores daPaz, noBrasil,nacapitaldoEstadodoRiodeJaneiro.Essespressupostosorientam toda tomada de deciso, dentro do contexto dessa atividade pedaggico-musical, desdeamaissimplesatamaiscomplexa,como,porexemplo,lidarcom problemasderelacionamentointerpessoaldascrianaseadolescentes integrantes do TME, at os usos sociais dos saberes adquiridos por eles. AaosocialTMEfoiimplementadaemquatroescolasmineiras,sendoduas municipais e duas estaduais, aps a parceria entre a TIM Celular e as Secretarias MunicipaleEstadualdeEducao.EssaparceriaestfundamentadanaLei 11769,de18deagostode2008quealteraaLei9394,de20dedezembrode 1996,LeidediretrizeseBasesdaEducaoNacionalLDBEN,paradispor sobreaobrigatoriedadedoensinodemsicanaeducaobsica(art.26,6) que visa a atender s necessidades educativas impostas pela sociedade, nos dias de hoje, s crianas e aos adolescentes2.Antesdeprosseguir,necessriaumaconsiderao:ATIMCelularS/Auma empresaprivadaquenoatuaespecificamentenareadeEducaoMusical.

1Educao,nosentidomaisamplodotermo,ocomponentecrucialdaCulturadePaz;uma educao que torne cada cidado sensvel ao outro, que imponha um senso de responsabilidade comrespeitoaosdireitoseliberdades.AEducaoparatodos,aolongodetodavida,formale informal,deveserbaseadanosquatropilaresdoconhecimento,conformesugereorelatrioda ComissoInternacionaldeEducaoparaoSculo21(1996)presididaporJacques Delors:aprenderaconhecer,aprenderafazer,aprenderaviverjuntoeaprenderaser, disponvel em: www.comitepaz.org.br. Acesso em 24/05/2011. 2 Texto publicado no Dirio Oficial da Unio - DOU, de 19/08/2008. 13 EstaempresaidealizouoPROJETOTIMMsicaqueestruturadoapartirde quatro pilares: O Prmio TIM de Msica, o TIM Festival, a construo do Auditrio Ibirapuera, e da respectiva Escola de Msica, e o TIM Msica nas Escolas. Com a parceriadoTMEeasSecretariasdeEducaodoEstadoeMunicpio escolheramasescolasinseridasnoprojetoEscolaVivaComunidadeAtiva,da Secretaria de Educao do Estado de Minas Gerais. 1.2 Objeto de pesquisa Noinciodeminhaparticipao,notinhainteresseempesquisarprojetosde ao social, mas, durante o processo de realizao das oficinas de musicalizao, observeialgumasmudanassignificativasnavidaescolar,familiaresocialdas crianaseadolescentes,alunosdeescolaslocalizadasemzonadeexcluso social.Essaevidnciadespertouemmimodesejodeinvestigaroimpactoda EducaoMusicalna vidaescolar, familiaresocialdesses estudantes. Porisso, essefatosecaracterizoucomoobjetodepesquisaderelevncianocontexto social,educacional,culturalemusicalbrasileiro.Paraanalisartaisimpactos, escolhi a pesquisa qualitativa, que implica a coleta e anlise dos dados, e, como campodepesquisa,asEscolasEstaduaisEngenheiroFranciscoBicalhoea PadreJooBotelho.Essasescolasforamselecionadasemparceriacoma Secretaria de Estado de Educao de Minas Gerais SEE-MG (vide ANEXO 1) quecriouecoordenaoprojetoEscolaVivaComunidadeAtiva.Talprojetona readeEducaoetemcomoobjetivotornarasescolaspblicasmelhor preparadasparaatendersnecessidadeseducativasdascrianase adolescentesafetadospelosfenmenosdaviolnciaedaexclusosocial, principalmente os da Regio Metropolitana de Belo Horizonte. 1.3 ObjetivosPensandonisso,elegicomoobjetivogeraldapesquisa,investigar,descrevere divulgaroimpactodasprticaseducativo-musicaisnavidaescolar,sociale familiardecrianaseadolescentesafetadospelosfenmenosdaviolnciae 14 excluso social e, como objetivos especficos: (1) apresentar a msica como uma das atividades que favorece o desenvolvimento da inteligncia e a integrao do ser;(2)defenderqueamsicapodecontribuirparaaharmoniapessoal, facilitando a integrao e a incluso social; (3) mostrar o papel fundamental que a msica exerce no processo de ensino aprendizagem e outros benefcios que ela podeproporcionarscrianaseaosadolescentes,tantonoaspectoemocional quantofsico,(4)incentivarasescolasabuscaremnamsicarecursospara melhoraroambienteescolaretorn-loumlugarnoqualascrianase adolescentesgostemdeestar,(5)colaborarcomorendimentoescolareo processo de ensino de aprendizagem e cognio. 1.4 Descrio e relevncia da metodologia Aabordagemqualitativapermitiuaproduodedadosdescritivosdeuma realidade, no mbito educacional, em que algumas particularidades s podem se tornarconhecidasmedianteaimersodopesquisadornocotidianodos participantes.Falodeaesereaesdecrianaseadolescentes,deseus desejos,dasrepresentaesconstitudasaolongodesuasvidassobre determinadosassuntos,deelementosquedevemseranalisadosapartirdo contexto no qual se inscrevem. Osdadoscoletados,predominantementedescritivos,apresentamcenasreais, como,porexemplo,crianaseadolescentesdemonstrandointeressepelas oficinasdemusicalizao.Assim,aolongodoanoletivoforamobservadas mudanas significativasde comportamento das crianas edos adolescentes que estavamsubmetidosaoprocessodeensinoaprendizagemmusical.Essas mudanaseramvisveisnavidaescolar,socialefamiliar,escolhiosprincipais profissionaisdestetrabalhodeeducaomusical,queforamosprofessores, produtora, maestro, monitor do TME e as diretoras e professoras das escolas. Aopoporutilizaraentrevistasemiestruturada,comoprincipalinstrumentode coleta de dados, aconteceu porque a entrevista permite dialogar com a realidade, inserindoouretirandoelementosimportantesduranteoprocessoderealizao, 15 dependendodaformacomoaconversaconduzida.Issoatendepesquisaa que me propus. Aentrevistasemiestruturada[...]secolocadeforma totalmenteaberta.Elapartedaelaboraodeumroteiro. Suasqualidadesconsistememenumerardeformamais clarapossvelasquestesqueopesquisadorquerabordar nocampo,apartirdesuashiptesesoupressupostos, advindos,obviamente,dadefiniodoobjetode investigao. (MINAYO, 1994, p.121) 1.5 Perfil dos entrevistados Aescolhadestessujeitosdeu-sepormeiodosseguintescritrios:todoseles deveriamterrelaodiretaeindiretacomoTME,entresetembrode2007,que marca o incio da implementao de tal projeto, e dezembro de 2011 que marca o fim.Porisso,aentrevistafoirealizadacomquatroprofissionaisdasescolas estaduaisduasprofessoraseduasdiretorasecomdozedoTMEuma produtora,seteprofessores,duasprofessoras,ummonitoreummaestroe arranjador. Asentrevistasforamrealizadas,conformedetalhadomaisadiante,comaLeila Maria, professora de Lngua Portuguesa da Escola Estadual Padre Joo Botelho, ElianiGeraldadeOliveiraFrana,diretora,hdozeanos,daEscolaEstadual PadreJooBotelho,Aldalice,professoradeMatemticadaEscolaEstadual EngenheiroFranciscoBicalho,LuciMaryLourenodaSilva,diretora,hcinco anos,daEscolaEstadualEngenheiroFranciscoBicalho,StfanniLanza, professoradecanto-coral,formadaemComunicaoSocialcomhabilitaoem RelaesPblicaspeloCentroUniversitrioNewtonPaiva,MatheusdeSouza Flix, professor de Bandolim, bacharelado em violino pela UniversidadeEstadual deMinasGerais(UEMG).LeonardoResende,professordeClarineta,graduado emmsicaebachareladoemclarinetapelaUniversidadeFederaldeMinas GeraisqueparticipoudaSemanadaMsicaemOuroBranco,NatliaPorto Coimbra, professora de Trombone e Trompete, formada pela Escola de Msica da UFMG.PabloLee,professordeVioloePercepoMusical,formadoem 16 EducaoMusicalpelaUEMG,EduardoMacedodeAlmeida,professorde CavaquinhoePercepoMusical,estudoumsicanaFundaodeEducao ArtsticadeBeloHorizonteFEA/BHelicenciadoemEducaoMusical EscolarpelaUEMG.Eleparticipoucomoalunodareademsicadediversas ediesdoFestivaldeInvernodaUFMG.YuriMenezesPopoff,maestroe arranjador, professor de Prtica de Orquestra e de Baixo Eltrico, estudou msica no Conservatrio de Msica de Montes Claros e contrabaixo no Conservatrio de Msica da UFMG. ex-integrante do Grupo Banz, da Orquestra de Cmera da UFMG,daOrquestraSinfnicadeMinasGeraisedaOrquestraSinfnica MunicipaldeCampinas,SoPaulo.ex-professordaUniversidadeEstciode S,RiodeJaneiro,capital,dentreoutrosfeitos.FredSelva,professorde Percusso,bachareladoempercussopelaEscoladeMsicadaUFMG. Adnam Franco Gonalves, monitor, estudante de baixo eltrico da FEA/BH, Flvia Mafra, coordenadora administrativa do TME, nas quatro escolas da rede pblica, produtora,iluminadoraeaudiovisualdeBandas,cantores,instrumentistascom turns nacionais e internacionais, e participa de programas de televiso, teatro e circo.PARTICIPANTESTMEESCOLA EEFBESCOLA EPJB DIREOLuci MaryEliani Frana PRODUOFlvia Mafra MAESTROYuri Popoff (professor) PROFESSORESEduardo Macedo(coordenador), PabloLee,Matheus Flix,Leonardo Resende,FredSelva, Alejandro. PROFESSORASNatlia, Stfanni, AldaliceLeila Maria MONITORAdnam Gonalves 17 TABELA 1 - Entrevistados Apartirdesse momento,entreiemcontatocomesses profissionais,explicando-lhes os objetivos da minha pesquisa e convidei-os para participarem dela, atravs darealizaodeumaentrevista.Todosaceitaramdarentrevistaparacontribuir comomeutrabalho.Abordeiapossibilidadedenorevelaronomedos entrevistados,seassimelesdesejassem.Nenhumdelesfezquestodo anonimato,eseusnomessocitadoscomosoconhecidos.Amaioriadas entrevistasforampresenciais,gravadasemUSB43,cadaumacomdurao varivelde10a20minutos;umavirtual,comocoordenadordoTME,eoutras foram realizadas nas prprias Escolas, entreum ensaio e outro da orquestra,no finaldecadaturnoounohorrioestabelecidopelasdiretoraseporalguns professores.Aprodutorafoientrevistada,comdiaehorriopreviamente marcados,naresidnciadela.Asentrevistasrealizaram-sedeabrilajulhode 2011.Tendooptadopelaamodalidadedeentrevistasemiestruturada,seguindoas recomendaesdeBODGAN&BIKLEN(1994),comaidiadequenada trivial,quetudotempotencialparaconstituirumapistaquenospermita estabelecer uma compreenso mais esclarecedora do objeto de estudo [...] nada consideradocomoumadquiridoenadaescapaavaliao,inicieias entrevistas com uma conversa informal abordando as experincias em educao musical dos entrevistados. Fui o mais discreta possvel, porque como professora participavadetodososensaioseconcertosdaorquestra,ecomopesquisadora ficavacomoolharatentosinteraes,sreaesesprefernciasmusicais dascrianasedosadolescentes.Portanto,procureifazerperguntasque deixassemosentrevistadosvontadeparafalarsobreosimpactosobservados na vida das crianas e dos adolescentes do TME. Entretanto, estimulei-os a falar do projeto: TIM Msica nas Escolas.

3 Universal Serial Bus USB um tipo de conexo de perifricos sem a necessidade de desligar o computador. 18 Asperguntasfeitasversaramsobreoobjetivo,ocontedoprogramtico,o material didtico e o procedimento nas aulas. Era importante saber areao dos alunossubmetidosprogramaticamenteeducaomusical,portantofoi perguntado se eles, professores, tinham-se dado conta de mudanas de atitudes edecomportamentosapontodemelhorarodesempenhoescolareo relacionamento entre eles.Exemplo de algumas perguntas significativas feitas aos entrevistados:Qual o objetivo dessa ao socioeducativa?Como os alunos reagiram Educao Musical?Essa ao contribuiu para melhorar o desempenho escolar dos alunos?Houvemudanasdeatitudesedecomportamentosdosalunos,depoisdeeles trabalharem com a msica, inclusive de relacionamento entre eles?Qual a importncia da msica no processo de ensino-aprendizagem?Qual o impacto da msica na vida dos alunos e sobre o repertrio. Passadoesseperodo,quarentaecincopginasdeentrevistasforam integralmentetranscritas,considerandoqueapassagemdotextooralparao sistemaescritoenvolveacompreensodoquefoidito(Kleber,2006).Assim, buscando a maior fidelidade possvel na transcrio das falas, procurei interferir o menos possvel na natureza, na linguagem dos discursos (KLEBER, 2006, p. 59-60). At o final do ms de junho, as transcries estavam concludas. 1.6 A coleta e anlise dos dados A partir desse material e da escolha dos participantes da pesquisa, as entrevistas foramprocessadas,levandoemcontaatranscriofielgravao,porm corrigidaemmnimosdetalhesparamelhorcompreensodaanlise.Os entrevistados, ao se exporem, contavam suas histrias, falavam do aprendizado e aproveitamento dos alunos, das dificuldades tcnicas e das noes tericas. 19 Osarquivosemudioconstituram-seemumafontederepertrio,etodoesse materialserviudebaseparaouvirnovamente,analisareinterpretaraspectos relevantes, associados ao processo pedaggico-musical, nos diferentes contextos emqueosentrevistadospesquisadosfaziammsica.KLEBER(2006)utilizou este recurso para complemento e enriquecimento das novas categorias.Em todoprocessodastranscriesdasentrevistas,busqueinointerferirnanaturezado discursoproduzidodopontodevistadalinguagemedocontedo,paramelhor compreenso do texto (MARCUSCHI, 2004, p.56). Asentrevistasforamanalisadassegundoatcnicadeanlisedecontedoem modelo semiaberto do qual destaco a seguinte recomendao:Mesmoorganizado, o materialcontinuabrutoeno permite extrairtendnciasclaras,eainda,chegara umaconcluso, preciso para isso empreender um estudo minucioso de seu contedodaspalavrasefrasesqueocompem,procurar-lhesosentido,asintenes,comparar,avaliar,descartaro acessrio,reconstituiroessencialeselecion-loemtorno das ideias principais. (LAVILLE; DIONNE, 1994, p. 214) Asanlisesdecontedoemmodelosemi-aberto(LAVILLEeDIONNE,1994, p.214-230),consisteemumestudominuciosodocontedocoletado,desuas palavrasefrases,pararecolherseusconhecimentoseintenes,comparare selecionar o essencial, desmontando a estrutura e os elementos do contedo na buscapelassuasdiferentescaractersticasesignificaes(LAVILLEe DIONNE,1999, p.214). Ascategoriasdeanliseadotadasforamasseguintes:violncianaescola, impactonavidasocial,aspectossociais,escolaresefamiliares,histriae estrutura da orquestra, os arranjos, a Msica Popular Brasileira, os compositores, ascanes,osintrpretes,asprimeirasgravaes,ocontextomusical,a implementao,contextualizaodoprojeto.Osrelatriosdosprofessoresdo TME,oprojetoTMEdeparceriacomaSecretariadoEstadodeEducaode MinasGerais,asminhaspercepes,observaesepastadacoordenaoe relatosdealunosserviramparaacoletaeanlisededadosdurantetodoo processo da pesquisa. 20 Noanode2010,duranteosensaiosdeorquestra,pediaosalunosque escrevessemsobresuasmudanaspercebidasnassuasatitudes,noseu comportamento ao passarem pela experincia do TME, sendo que as entrevistas comosprofessoresforamofocoprincipaldecoletadedados.Foiumpedido intuitivo, de aproveitamento de tempo, na espera das partituras chegarem para o ensaio. Foram cinquenta relatos que me serviram de motivao e ilustraopara estapesquisa.Como, porexemplo, depoimentodo alunoMaycon que,noincio, tevemuitasdificuldadesnaescolhadosinstrumentos,ehoje,2011,eleestuda trombone. Euachoqueoprojetotransformoumuitoaminhavida. Assim que eu entrei no projeto eu pensava: cara isso deve ser muito difcil, mas depois eu pensei o pior no tentar, apartirdissominhasatitudesmudaramcompletamenteo rumodaminhavida.Comeceiaestudarmais,interagir-me comamsica,conhecernovaspessoaseoprincipal, descobriroqueamsica.Demoreimuitotempopara descobrir,mashojeeusei...Msicapramimtudooque nosenvolveetambmaartedeseexpressar.Mas, continuando,nasminhasatitudesemcasa,eucomeceia ouvirmaismsicas,danarbastante,almdecomeara gostar de todo o tipo de msica, desde a Bossa Nova at o HeavyMetal.Tudofoimuitobompramim.Jnocasodo meu comportamento, foi muito legal, em casa uma euforia, msicanovolume50spradeixaratividademaislegal. Toda hora, uma clave de sol no caderno (desenho da clave), cantartodahora,naescola,eubrincomuitocommsica, faoatividadesenvolvendoamsicaemuitomais.Tudo isso me influenciou a ser mais feliz, pois a msica algo que entra em voc e se voc gostar ela nunca mais vai sair, esse o meu caso, pois, a felicidade algo legal de se encontrar. Amsicaalgoquedevemoscolhereplantarhoje,pois amanh no pode mais ser o que ns imaginamos. Eu digo por mim, eu amo msica, eu sou apaixonado pela msica, e estou totalmente feliz por causa disso. Agradeo a Deus e a todaminhafamlia,quemeapiamparaaminha participao nesse projeto, e a professora Lena que passou essaatividadenoqualeutiveaoportunidadedeme expressar.ObrigadoaoYuri,aStfanneeaoPablo,meus professoresoficiais,eaJulianaeFlvia,coordenadoresdo projeto.(Aluno Maycon Gustavo Nascimento, 22/11/2010)

EdaalunaIsabellaquetransbordatalentoededicaoaoviolo,alunado professor Pablo. 21 Bom, sempre fui uma menina muito estudiosa e com esprito de liderana, mas a msica veio em um momento na minha vida em que eu estava esquecendo um pouco disso. Com a msicaalmdefortalecerquemeusou,vireiumapessoa maiscalma,pacienteesempretentandomelhorarnesses aspectos. Aprendi a realmente lutar pelo que eu quero e no casoasuperarasdificuldadescomoviolo.Namsica, encontreiumarazodeviveredeacordar5:50hpara ensaiarcomaorquestra,depassarosferiadosefinaisde semana estudando e sempre tentando dar o melhor de mim ehojemsicaoqueeuquerofazernavidasenoa msicanotersentido.Porfim,aprendiqueaquisomos um grupo, uma famlia, um corpo, que sozinhos no somos ningumequesuperandotodasasdificuldades,limites, obstculoseosdesafiossomosaOrquestraBrasileirade Minas Gerais. (Isabella Dutra de Moraes, 22/11/2010) De uma de minhas alunas de flauta transversa, que tocava clarineta na igreja com sua famlia.Bom,noteriacomoeuexpressartodasasminhas mudanasnestesimplespapel,mastentareidescrever minhasexperincias.Noinciodoprojeto,euerauma pessoamuitodesatenta,apesardissoeujtinha envolvimentocomamsica,masnoeratograndecomo eutenhoagora.Algumascoisasvmemnossavidapor acaso e pensamos que aquilo insignificante mas ao passar dotempopercebemosquefoiDeusqueenviouparanossa vida.Enfimeu agradeoatodospelapacincia,dedicao, e por tudo. (Nayanne Maluane de Souza, 22/11/2010) O da Camila, aluna de violo, que participou, desde o incio, do projeto, com doze anos, e, agora, est terminando o ensino mdio.DepoisdoProjeto,percebiumagrandemudanaemmeu comportamento; me centro mais nas coisas em que eu fao, enasceuumamor,umapaixoincrveleinterminvelem mim, em relao msica. um prazer estar aqui, tocando todasassegundas,quartasesbados.Mesintorealizada. porsabertocaruminstrumento.Amoestaraqui,estar tocando um prazer pra mim. (Camila Midi, 22/11/2010) Da aluna Lorraine que estuda clarinete e agora faz parte tambm da orquestra da Fundao de Educao Artstica (FEA). 22 Bom,quandomudeiparaaescolaPadreJooBotelho, minhas amigas falavam muito desse projeto. Falava que era legal e muito bom e que elas gostavam muito. A eu falei que assimquetivesseumaseleo,euiatentarentrar,atque chegou o dia da seleo e eu no fui selecionada, a ento, eu chorei muito, mas no desisti e falei que na prxima eu ia tentarde novo.Prontofoiditoe feito, no anode 2009, teve outraseleoeeuconseguipassar.Foiumacoisamuito boa pra mim porque pude aprender muita coisa, no comeo foi difcil porque eu no sabia quase nada de msica e nem domeuinstrumento,masquandoeuaprendiatocarnopareimais.Foiumaexperinciamuitoboaelegalpra mim,esperoqueoprojetocontinue.(LorraineFransuely, 22/11/2010) Deumaalunaquereencontrouseupai,hojesoamigos,eeleestsempre presente nas apresentaes. Desde criana a me criou-a sozinha, pois, quando elanasceu,seupaiestavacompletandoosdezoitoanosdeidade.Hojeuma aluna caprichosa e dedicada flauta transversa.Amudanafoiqueeurealizeimeusonhodetocarflauta com isso comecei a estudar mais na escola, ajudar mais em casa.Oprojetomeajudouadesenvolvernovasformasde olharamsica,saberdoqueelacomposta,osignificado dela.Oprojetofez-mecrerqueeusoucapazdechegar aonde quero, de realizar meus sonhos. Com isso eu fiz que amsicafizessepartedemim,queeudevoseguirnavida com a musica, quero tocar para me sentir feliz. No projeto eu comecei a estar aberta as outras coisas, de seguir em frente, de descobrir o desconhecido para mim. O projeto temtimo professores,todosnsdamosumapoiototalnaquiloque necessrio.Elesnosajudam,noimportaqualdeleste ajudam.Comosempretemumprofessorchato,masse olhar-nos eles esto certo, no tem que ser s moleza temos quepegarfirme.Asaulassotimas,osensaiostambm. Naauladeflauta,apesardoaquecimentoserchato,so bastantecompletaecomposta.Asaulasnosajudaatudo, tiraradvidadapartitura.Asaulasdemusicalizao comportavriosfragmentosparansdescobrirmose compreendermelhoromundodamsica.AauladoYuri, voctiraadvidamaior,eaaulaquevoctemquese concentrar mais, aula onde voc ouvir cada naipe e saber comoamsicavaificar,eaaulaquevoccompreendeo maestro e o arranjador.O projeto tambm ajuda as pessoas, comcestasebolsa.Oprojetoemsi,nogostade abandonarningum,elgicoquetemquetiraraspessoas 23 quenotocam,maiselesnogostam,dparaverpor causadojeitoqueelefica.Maisosquegostamdeestudar realmentemsicaestoaquiestudandoesededicando cadavezmaisaoprojeto.Oprojetofoiumagrande realizao na minha vida, um grande sonho realizado que eu noquerodeixarmorrer.Euqueroficaratofimdele. (Gabriela Micaelle Barbosa, 22/11/2010) Esses depoimentos ficaram como referncias do TME em Belo Horizonte.Osrelatrios,comocoletadedados,dasaulasdosEmbaixadoreseram elaboradospelosprofessoresefinalizadospelaminhacoordenao.Eram enviadosdequinzeemquinzediasparaaprodutoraMnicadaLaFabbricado Brasil,duranteosprimeirosmesesde2007ajunhode2008,comoreferncias histricas,musical,processodeensinoaprendizagem,repertrio,didticae material.Osrelatriosfalamdavidadiria,docontedoedosrelacionamentos das crianas e adolescentes durante as aulas. O Projeto TME de Belo Horizonte, doEstadodeMinasGerais,daSecretariadeEstadodaEducao,marode 2007, foi documento de pesquisa.Comafinalidadededarprosseguimentoedecontinuarrelatandocomose processoumetodologicamenteacoletadedados,paraservirdeelementode anlise do projeto em pauta, logo a seguir transcrevo o Relatrio produzido em 2 de novembro de 2007 segundo os seus prprios protocolos. 24 Embaixadores da Paz Cidade: _Belo Horizonte____________ Coordenador: __Lena Horta Popoff____________ Descrio das Atividades Data: 02__/11__/2007__ Horrio: Percepo Percusso Bandolim Cavaquimho Violo Pandeiro Clarineta Flauta Transversa Percepo Flauta Doce Prtica de Orquestra Teoria Comeamos o Projeto " Embaixadores da Paz" em Belo Horizonte no ms de setembro, sob a maior expectativa do que poderia acontecer. Diante de todososalunos,fomosnosapresentandoemostrandonossotrabalho musicaleconsequentementeosinstrumentos.Paranossasurpresao pblicodealunosnossurpreendeucantandooZumZumZum,folclore mineiro,deprimeiravez,commusicalidade,afinaoeexpressoqueo professorYuriPopoffemtrabalhardesdeoprimeirodia.Berimbaufoia msica que trabalhamos no mesmo dia com um resultado surpreendente, asflautasdocetocandoamelodiaemunssonocomocantoetodosos professoresacompanhando.OprofessordecantoAlejandrojhavia trabalhado, h alguns dias antes da estria do Projeto, a partevocal com exercciosebrincadeiras,quefacilitouasocializaoentreosalunos dando unidade na turma. De um modo geral todos os professores sentiram apresenadealunostalentososeumadisciplinaparaoaprendizado musical.Esteinciofoidevagarpelafaltadosinstrumentos:violo, clarineta, bandolim, e percusso. As flautas doce, transversa e cavaquinho deram um salto maior. Em outubro com a reunio da direo do projeto, Mnica, Roberto Gnattali e Jos Alexandre, ficaram bem claras a proposta do trabalho e as direes aseremtomadas.ComomaterialdidticoqueoRobertonosenviou, pudemos dar impulso nas msicas: As Pastorinhas, Asa Branca e Corao Civil;elogotivemosqueparar,porquerecebemosordemdedar prioridadessmsicasdaapresentaoemmarodoanode2008.No final de outubro tivemos os instrumentos que faltavam e a nossa produtora Flviadividiuedefiniuasturmasdasduasescolasporturnos.Optaram por sorteio o violo e o cavaquinho para no dar confuso, pois foi motivo de brigas entre alunos novos. Sobrecadaaula:apercepodepercussonaEscolaFrancisco Bicalho no turno da manh possui meninos muito jovens, com a idade de 11 anos, e alguns bem talentosos. No turno da tarde so garotos maiores e a turma tem interesse coletivo. Foram trabalhados os primeiros conceitos musicais. As aulas de Pandeiro no foram ainda desenvolvidas porque os pandeiros chegarammaistarde.OBandolimtambmestcomeandoagora,e foram passados aos alunos as posies, os dedilhados e o uso da palheta. Com o Cavaquinho foi ensinada a prtica de leitura rtmica com as figuras musicais.Compassosimplesquaternrio,solfejomeldicocomasnotas do,r,mi,f,sol, aclavedesol eaprtica de repetioemcoro,ritmos de sambaebaio.Nocantoforammostradosaposturacorreta,respirao, aquecimentovocal,mtodoKodly.AsmsicasforamZumZumZum, PeixinhosdoMar,BerimbaueporltimoasPastorinhas.NaPercepo, na flauta doce foram dados os primeiros conceitos de teoria, pauta, clave, 25 ritmos,figurasmusicais,leituramtrica,compassossimples,unidadesde tempo,unidadedecompasso,asposiesnaflauta,escaladed,e pequenasmsicasparaprticadeleituranaflauta.Armaduradeclave, pontodeaumento,inciodetrabalhocomsncope;exercciosde preenchimento de compasso e leitura primeira vista na flauta doce. Observaes EstasmsicasforamescolhidaspelonossoregentedeorquestraYuri Popoff para darmos incio ao trabalho.Necessidades bsicas: Precisadefinirassalasdeaulanasescolasparacadaprofessor,e tambm um armrio para arquivar o material de orquestra. Fichrio de presena com nome dos alunos para cada professor. Repertrio Atualizado Zum Zum Zum ( folcore mineiro) Peixinhos do Mar (folclore mineiro) Berimbau ( Baden Powell) Pastorinhas (Noel Rosa) TABELA 2 Relatrio Embaixadores da Paz Otrabalhodo TME nasescolascomascrianaseadolescentes fazpartedesta anlise, devido convivncia diria ao longo dos quatroanos de trabalho com a orquestra. Hoje tem o nome de Orquestra Brasileira de Minas Gerais, assim como todasasorquestrasdoBrasildoTMEtemonomedeOrquestraBrasileiraeo nomedacidadeoudoestado.Cabeaquidizersobreapercepohumanade Bergson5:anossaconscinciaincapazdeengendrarrepresentaes,ela apenasrefletemaneiradeumespelhoaluzoriundadomundo.Eaquesto queoautordestetextocompleta:porqueentonopercebemosdomundoa matria tal como se d no seu grau zero? Ento, o autor vaiperguntar: por que lidamos sempre com imagens que supomos estanques quando na verdade o real pura mobilidade?

5 In: AUTERIVES, Maciel Junior. Perceptos e Afetos: uma introduo lgica das sensaes.RiodeJaneiro,ConservatrioBrasileirodeMsica.Pesquisae Msica, v. 3, n1, 1997, p.28. 26 Arespostaqueanossaperceposedsempreemfunodosinteressesativosquenspossumos.Somospornatureza interesseiros, precisamos tirar partido do mundo que nos cerca [...] percebemosportantotudoaquiloquenosinteressadopontode vistadanossaao,deixando-nosatravessarportudoqueno nos for interessante.(AUTERIVES, 1997, p.28) Auterivesdizque,naverdade,afetoseperceptossoaquiloquedevemos extrairdasnossaspercepesedosnossossentimentosvividos,sequisermos construir uma obra de arte. 1.7 Amostra Utilizamosumaamostragemno-probabilsticadeterminadaportipicidadeeconvenincia(LAVILLE;DIONNE,1999,p.170).Dentreasquatroescolas, atendidaspeloprojeto,escolhiasduasnasquaiseuatuei.Selecionamos dezesseiscomponentes,entreesses,dozesoprofessores,para constituiressa amostra,umavezqueosprofessoresforamescolhidosnoaoacaso,masem funodasnecessidadesdapesquisa,eosoutrosquatrointegrantesforamas duas diretoras das escolas, uma produtora e um monitor (TME). A escolha foi feita considerandoafaixaetriadascrianaseadolescentes,entre10a18anos,e aulas coletivas de percepo musical, de instrumentos e orquestra. Optou-se por professores que trabalhavam com essa faixa etria em decorrncia da existncia de um critrio de uniformidade no enfoque pedaggico relacionado ao uso dos instrumentos e as idades.Emrelaosaulasadministradas nasduasescolas,otrabalhorealizadopelos professores do TME com essas crianas feito coletivamente, tanto nas aulas de percepo,comonasaulasdeinstrumentoeorquestra.Asaulasacontecemno contra turno da escola, duas vezes por semanadurante uma hora e meia, e aos sbados,oensaiogeraldaorquestra,dasnoveemeiasdozehoras.Essas aulas so denominadas de percepo musical, instrumento, canto e orquestra. A maioria toca um instrumento e os que no tocam optaram pelo canto. 27 OsintegrantesdasOrquestrasBrasileirasdoprojetoTMEnoBrasilesto multiplicandoosconhecimentosadquiridosatravsdeoficinasmusicais realizadasemescolasderedepblicalocalizadasemsuasregiesdeatuao6 So os prprios jovens msicos, em duplas ou pequenos grupos, que organizam asatividadesdeacordocomasuadisponibilidade ecomoshorriosdaescola. Os temas das oficinas mostram as diferentes propriedades do som e os percursos demusicalizao:JogodoSilncio,SinfoniadeSurpresasSonorase Tempestade na Floresta.7 1.8 A Msica como disciplina no curriculum escolar Apesquisadesenvolveu-senosentidodeobservarcomosepodeinserira disciplinadeMsicanoquadrocurricular,eabrirumespaoparasecomeara pensaremeducaopelamusicalizao,oqueimplicousensibilizarojovem estudante para uma carreira profissional. Em decorrncia disto outra especulao bem significativa ganhou visibilidade: qual o significado para o jovem de se tornar algumquepodeaprenderatocaruminstrumentonaescola?Dessas especulaes surgiu a oportunidade de estabelecer com os alunos um dilogo de aproximaocommatriasatentodesconhecidas:repertriomusical, compositores e a especificidade de cada instrumento de msica. Foi nesse tempo livre que os alunos obtiveram as aulas de percepo musical, de canto,deinstrumentos,osquaisreverberaramportodaaescolaeaospoucos vosendoinseridasasquestesdeconduta,detica,deeducaoede

6 Agenda de Eventos Especiais do TME, setembro de 2010. 7SoapostilasquetemcomoobjetivodeorientarosalunosnarealizaodasOficinasTIM Msica.Elesdevemrealizarpelomenostrsoficinascomopartedesuasatividadesdeestudo. Estematerialdeveserlidoatentamenteeestudadoparaquetenhamsucessonestaatividade. Tem um roteiro pensado para que eles imaginassem em sala de aula, e a faixa etria das crianas deseis,seteeoitoanosdeidade.AbibliografiaabordaMurraySchafer,DaniloTomic,Teca Alencar de Brito, Mrcia Visconti, Maria Zei Biagioni. 28 cidadania da cultura de paz. A msica, como contribuio para o desenvolvimento da sabedoria e do convvio social e o poder para a aprendizagem, est cada vez mais presente na vida escolar. O Clube da Esquina foi o tema da apresentao no PalciodasArtes.Orepertrio,osarranjos,osintegrantesdoClube,a contextualizaodoeventoforammotivodeinspiraoparaaequipede professoresdaEscolaEstadualPadreJooBotelho.Oenvolvimentodos professores da escola com a msica e seus alunos, nas apresentaes do festival de msica, com o tema de Clube da Esquina, valeu como avaliao para as notas dematriascommaisdeficincia.Resgatandoaculturaeinformaesdeseu convviosocial,buscandomaterialeestudandoesteestilomusicaldorepertrio brasileiro,aosalunosforamapresentadososcompositores:MiltonNascimento, L Borges, Beto Guedes, Wagner Tiso, Toninho Horta, Flvio Venturini e Tavinho Moura. O trabalho em equipe, formado por professores e alunos da escola para a organizaodofestival,resultouemcategoriasdemelhorgrupo,melhor intrprete,cantoroucantora,instrumentista,melhordana,coreografia,a exposiodematerialdepoca,enfim,todotrabalhoenvolvendoalunos, professores, comunidade escolar, familiares e comunidade do entorno da escola. Tudo aconteceu de forma espontnea e criativa. Os alunos da orquestra fizeram a diferenacomsuacontribuiomusicalparacompartilharcomoscolegasde classenaformaodegrupos,conjuntosinstrumentaisecantoemgrupo,tudo dirigido por eles. Alm disso, transformaram a escola em ambiente de exposio com baners dos principais compositores e o museu do Clube, que foi um resgate depoca.Cadaclasseescreveuabiografiadeumcompositor.Osdiscos,a radiola, ostelefones, fotografias,roupas,rdioeos lbunsdoClubedaEsquina foram recuperados e expostos no museu Clube da Esquina que ficava dentro de uma sala deaula. 1.9 Descrio das atividades do TME no Brasil. SegundoFabianaMarchezi,produtora da LaFabbricadoBrasil,nohouveuma formatizao do projeto do TME. Houve, sim, uma organizao das atividades do projeto e das atividades de sustentao para perdurar dentro das escolas. A TIM CelularS/AinvestigouumaempresaparaaproduodoTMEnoBrasile 29 escolheu a La Fabbrica do Brasil que se estabelece em So Paulo edesde 2003 aLaFabbricacomeoucomaEscolaAuditrionoparqueIbirapueraa desenvolver o TIM Msica nas Escolas. O discurso e o Power point da Fabiana na implementaodoTME,nacidadedoRiodeJaneiroem2006,serviramde referncia documental deste projeto.SoduasatividadesdesustentaodoTME:(1)OficinasdeMusicalizao; Shows; Embaixadores da Paz (formao de orquestra); Baterias e Ncleos de AgitaoCultural(Rdio-EscolaeBrincadeirasMusicais).Essasatividades fazem parte das oficinas de musicalizao. (2) Formao de professores (Canto emGrupo,ComaPalavraeMaterialDidtico).Apesardeconstituremotodo, cada uma dessas atividades possui seus limites, suas exigncias e sua funo no contexto do TME.8 As atividades, programadas para os alunos, tm como eixo temtico l - A Msica comoPatrimnioCulturaldaHumanidade.Apresenta-seessetema,atravsde oficinasdemusicalizao,aolongodoanoletivo.Assim,osestudantesso iniciadosnomundoextraordinriodamsicaedeseusrespectivoselementos:pulso e ritmos; timbre, intensidade, durao e altura; harmonias e melodias.As aulas, ministradas por msicos profissionais, maestros e educadores musicais, constituemoeixotemticollOFazerMusical.Prope-seessetemaaos EmbaixadoresdaPazformaodeorquestraeBateriaMirimex-participantes da oficina de musicalizao. Tais embaixadores tm aula de msica, semanalmente,paraaprenderemtocardiversosinstrumentos,edepois,por consequncia,fazemapresentaespblicas.Odesenvolvimentodoeixo temticolllOsUsosSociaisdosConjuntosdeSabereseAprendizagensdo TMEpermitecriarosNcleosdeAgitaoCultural:NcleosdeRdios; Ncleos de Brincadeiras Musicais; Recreios Musicais Monitorados, etc. Os alunos integrantesdessesncleossocapacitadospararealizarcadaumadessas atividades, atravs de shows, abertos comunidade, ministrados por profissionais convidadosecontratadospeloTME.Essesartistasnarramseuspercursos

8 Documento TIM, 2006. (Discurso da Fabiana). 30 profissionais,seusestilosedoinformaestcnicas,como,porexemplo, manipularequipamentosdardio-escola;produzirprogramasevinhetasde utilidadepblica.Almdessescontedos,osalunosaprendemosprincpios fundamentaisdeCulturadePaz.Assim,essesestudantesvocumprindoa missodepromoveraMsicacomoaLINGUAGEMmaiseficientede entendimento entre eles e o que lhes estranho (Discurso TIM, 2006).Igualmente,asduasatividadesfundamentaisquesoatividadesdesustentao doprojeto,dentrodasescolas,elaboradasparaosprofessores,tm,comono eixo de sustentao l a Formao de Professores. A formao para aplicao dasUnidadesDidticaseosEncontroscomapalavra.Todososprofessores interessadospodemparticipar,comoporexemplo,paraocantoemgrupo, capacitaoministradaporumprofessordecantoemoficinassemanais.As Unidades Didticas foram desenvolvidas para envolver todas as disciplinas. E so divididasemdoiscamposconceituais:odamsicaeodaculturadepaz.Os professores,queseengajam,participamdeummomentodecapacidadeetm apoio da produo do projeto. Como no eixo de sustentao ll Com a Palavra, essa atividade realizada por um pesquisador e um educador que tm a msica como linha de pesquisa ou atuao (D.T.2006).OsEncontroscomaPalavrasoconduzidosporeducadoresepesquisadores convidadosquetmamsicacomolinhadepesquisaouatuao.Esses educadoressocontratadospeloprodutorlocale,nessesencontros,so abordadosaspectosdiferentesquantoestilizaodamsicacomoferramenta pedaggica. A estrutura apresentada implementada de maneira cronolgica nas escolas e est dividida em trs anos de atuao (D.T.2006). 1.10 Documentao e divulgao O Documento de referncia n.46, fevereiro de 2007; a Resoluo 53/25 de 10 de novembro de 1998, junto TIM Celular S/A. O documento Termo de Parceria, da TIMCelularS/AcomaSecretariadeEducaodoEstadodeMinasGeraisno AnexoI.ApesquisafoisubmetidaaoComitdeticaemPesquisa(COEP)- UFMG,paraaprovao,seguindoumrigorosoprotocolodetica.Odocumento 31 de aprovao do COEP para a realizao desta pesquisa pode ser encontrado no Anexo II. Adivulgaodasapresentaes,daorquestrafez-senamdia:porpanfletos, encartes,folder,fotografias,CDs,DVDs;pelosjornais:EstadodeMinas,de 25/11/2009; Cultura, de 24/11/2009, p.5, Coluna Hit, Cultura, de 05/11/2009, p.3; OTempo,de25/11/2009.Magazine,de25/11/2009;ColunaPauloNavarro, Magazine,p.4;HojeemDia,de25/11/2009;Minas,p.20;21/11/2009Coluna PauloCsardeOliveira,Minas,p.18;19/11/2009,Minas,p.20.Diriodo Comrcio editados, a saber, 25/11/2009, Coluna Cici Santos, Geral, p.28;Jornal daPampulha,21a27/11/2009,Cultura,p.8;ClippingRegionalMG-TIMMsica nas Escolas, Cliping eletrnico; Rdios UFMG Educativa 24 e 25/11/2009. 15h e 28min;RdioInconfidncia,25/11/2009,FM-Plugue15he30min;porsites: SecretariadeEstadodeEducaodeMinasGerais,online;FundaoClvis Salgado.Acessadoem24/11/2009.Relatrios,materialdidtico,Estatutodos EmbaixadoresdaPaz,OrquestraBrasileiradeMinasGerais),juntoaEscola EstadualPadreJooBotelho(PlanodeDesenvolvimentoPedaggicoe Institucional(PDPI),blogefolder),ejuntoaEscolaEstadualEngenheiro Francisco Bicalho (blog, Rdio-Escola, Projeto Poltico Pedaggico Participativo e o Regimento Escolar da EEEFB).Buscando a fundamentao terica que orienta a anlise dos dados, no decorrer desta pesquisa, compreende os principais fatores: a educao musical e a msica nas escolas.Dois autores so fundamentais para essa anlise: Edgar Morin e J. F. Koellreutter. Pequeno resumo da contribuio dos dois, na educao musical, e naeducaoparaosculoXXI.Assim,osautoresacimamencionados, encaminham as anlises conforme descrito.: 32 CAPTULO 2.A PROPOSTA DE MORIN E A DE KOELLREUTER A UNESCO solicitou a Edgar Morin que expusesse suas ideias sobre a educao paraoSculoXXI.EdgarMorinocupaumacadeiraitinerantedaUNESCOna rea do pensamento complexo. Ele aceitou o desafio e contribuiu com o texto Os setesaberesnecessrioseducaodofuturo(1999)9.Ossetesaberes enunciados por Morin constituem eixos e caminhos que se abrem a todos os que pensam, fazem educaoe estopreocupadoscomo futurodas crianase dos adolescentes.EnquantooRelatriodeJacquesDelors10foimuitoimportanteao estabelecerosquatropilaresdaeducaocontempornea:aprenderaser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhecer,Nocampodasarteseespecificamentenareamusical,Hans-Joachim Koellreuter (1997) trouxe ideias inovadoras para a educao musical, assim como nodecorrerdestetrabalhofuiaproximandoestesdoiseducadorescom preocupaessemelhantesaosprincpiosdeeducaoparaosculoXXI. Koellretter dedicou-se educao, no sentido amplo do termo, e funo social do msico na realidade, tais como, desenvolver a capacidade dos jovens para um raciocnio globalizante e integrador.11 Os Cadernos de Estudo n 6, da Escola de MsicadaUFMG,temcontribudonombitodaformaomusical,almde possuir vrios artigos, relatos, estudos crticos e anlises de tcnicas pedaggico-musicais, enfoques histricos, sociolgicos e psicolgicos da educao musical e entrevistas originais de diferentes autores sobre este grande educador.

9 Ttulo original: Les sept savoirs ncessaires lducation du futur. (UNESCO, 1999) 10RelatriodaComissoInternacionalsobre aEducao paraoSculoXXI,da UNESCO,quepassouaintegraroseixosnorteadoresdapolticaeducacional brasileira (Morin, p.11). 11 Educao Musical, 1997, p.38. 33 2.1 A relevncia da anlise crtica de Morin Logo no primeiro captulo As cegueiras do conhecimento: o erro e a iluso, dolivroOsSeteSaberes,Morindatenoeducaolivredeteoriasdo conhecimento falveis e ilusrias: os paradigmas que controlam a cincia podem desenvolver iluses, e nenhuma teoria cientfica est imune para sempre contra o erro(MORIN,2005:21).Trata-sedeumapreocupaoquedecorredeuma posturadequempretendetraarobjetivosdaeducaofugindodatradiode relacionar conhecimento, memria, razo e educao. Resta, portanto, pensar em educarparainstaurar alucidez:Odeverprincipalda educao deamarcada umparaocombatevitalparaalucidez(MORIN,2005:33),paraidentificara origemdeerros,ascaractersticascerebrais,mentais,culturaisdos conhecimentoshumanos,deseusprocessosemodalidades,dasdisposies psquicas e culturais que o conduzem ao erro ou iluso.Comestapredisposio,opensadorfrancs,considerandoacomplexidadedo conhecimento,abordaaquestofundamentaldaeducaoareformado pensamento,paraatendernossaaptidoparaorganizaroconhecimento (MORIN, 2005: 35). Perceber e conceber o contexto global, a relao todo/partes, omultidimensional,ocomplexo,segundoopensadorfrancs,faz-senecessrio organizar os conhecimentos pertinentes e reconhecer os problemas do mundo,o que envolve uma mudana de paradigmas em qualquer metodologia educacional. Talposturadecorredoentendimentodeeducarparaconhecerocontexto,o global,omultidimensionaleocomplexo.Assim,ficaestabelecidoqueterviso multidimensionaldispordosrecursosdoprocessodaeducao.Podeparecer ser o prprio mundo, dimensionado pelo seu habitante, a oferecer os referenciais quelhessopertinentes:multidimensoecomplexidade.Morindeteve-ses caractersticasdavidacontemporneanomaispossveisdeseremexpressas fora do contexto das informaes e dos sentidos.Portanto,nocabemaiseducarparaler,porexemplo,acidadeouanao, contando histrias, fazendo literatura ou estatstica. O mundo do sculo XXI, que foipreocupaodaconfernciadeMorin,jperderadevezomapadas 34 fronteiras.Tomar,assim,ocontextocomoumconjuntodeinformaesedadosdeondeemanaosentidodaspalavrasedascoisasteremmosum importante pressuposto para educar de acordo com os emergentes paradigmas.Parafundamentaraimportnciaemdarvisibilidadeaocontextono estabelecimentodoconhecimentopertinente,Morindefensordenovosobjetivos naeducao,recorreaClaudeBastien12quenotaoseguinte:aevoluo cognitivanocaminhaparaoestabelecimentodeconhecimentos cadavezmais abstratos,masaocontrrio,parasuacontextualizao(MORIN,2005:36)que, segundooprpriopensadorcitado,aeficciadofuncionamentocognitivoest condicionada contextualizao do conhecimento. Mais dois aspectos compem o tema do conhecimento pertinente dentro da viso dasunidadescomplexas:anaturezamultidimensionalecomplexadoser humano,porqueapropostadeMorin,emmatriadeeducao,uma metodologia para promover a inteligncia geral apta a referir-se ao complexo, ao contexto,demodomultidimensionaledentrodaconcepoglobal(MORIN, 2005:39). Procurandoilustrarosentidodecomplexo,recorrenteestabelecerrelaes. Assim procedeu o conferencista, e foi feliz associandoo conceito decomplexo comodetecido.oportunolembrarqueRolandBarthes(1968)definiutexto como tecido:TextoquerdizerTecido;masenquantoataquiessetecidofoi sempretomadoporumproduto,porumvutodoacabado,por trsdoqualsemantm,maisoumenosoculto,osentido(a verdade),nsacentuamosagora,notecido,aideologiagerativa dequeotextose faz,setrabalhaatravsdeumentrelaamento perptuo;perdidonestetecidonessatexturaosujeitose desfaznele,qualumaaranhaquesedissolveelamesmanas secrees construtivas de sua teia. (O prazer do texto. So Paulo: Perspectiva, 1977, p. 82 e 83).

12 BASTIEN, Claude. Le dcalage entre logique et connaissance. In: Courrier du CNRS. Sciences cognitives,n. 79,outubro, 1992. 35 E, se o terico da linguagem assim define texto, desprezando a figura do autor do texto,opensadordofinaldosculoXXpareceterassimiladodeBarthesa complexidade inerente figura de autor de textos, que perdeu sua individualidade em um mundo onde os saberes esto entrelaados.Em outro momento, Barthes volta ao mesmo tema. Importa observar que se trata de uma significante conscincia de ser o texto a expresso da multiplicidade:[...]umtextofeitodeescriturasmltiplas,oriundasdevrias culturasequeentramumascomasoutrasemdilogo,em pardia,emcontestao:mashumlugarondeessa multiplicidade se rene, e esse lugar no o autor, como se disse atopresente,oleitor:oleitoroespaomesmoondese inscrevem, sem que nenhuma se perca, todas as citaes de que feita uma escritura: a unidade do texto no est em sua origem, mas no seu destino, mas esse destino no pode mais ser pessoal: o leitor um homem sem histria, sem biografia, sem psicologia: eleapenasessealgumquemantmreunidosemumnico campotodosostraosdequeconstrudooescrito.[...]para devolverescrituraoseufuturo,precisoinverteromito:o nascimentodoleitordevepagar-secomamortedoAutor. (Ibidem) quaseforosoreconhecerqueapropostadeMorinmereceserconsiderada como retomada dessa conscincia, que, se estava voltada para a palavra escrita e consagrada, no deixou de dar margem leitura de texto e contexto no final do sculoXX.Dolugaremqueopensadormaisprximohojedensfala,cabea definiodecontexto comoelementos diferentes,inseparveisqueconstituem o todo;aunioentreaunidadeeamultiplicidadee,porconsequncia,a aceitaodeumaeducaoparapromoveraintelignciageralaptaareferir-se aocomplexo,aocontexto,demodomultidimensionaledentrodaconcepo global.AtoinciodosculoXXamaioriadascinciasobedeciaaoprincpiode reduo,quelimitavaoconhecimentodotodoaoconhecimentodesuaspartes, como se a organizao do todo no produzisse qualidades ou propriedades novas emrelaospartesconsideradasisoladamente.Eliminando,dessaforma,o elemento humano do humano, isto , paixes, emoes, dores e alegrias.O sculo XX produziuavanos gigantescos em todas as reas do conhecimento cientfico, principalmente em todos os campos da tcnica, mas Morin observa que 36 o fluxo de conhecimentos, no final do sculo XX, traz nova luz sobre a situao do ser humano no universo (2005: 47), oque lhe permite pensarcomo meta da educao do futuro, fundamentada no conhecimento das cincias naturais para contextualizar a condio humana no mundo , e, tambm, no conhecimento das cinciashumanasparaevidenciaramultidimensionalidadeeacomplexidade humanas (2005:p.48). 2.2 Koellreutter: seu projeto para o ensino de msica HermannScherchen(1891-1966)aprimeirarefernciadegrandeimportncia paratratardeprojetodeensinodemsicadeKoellreutter.Asnovidadesdo CrculoMsicaNovaedoCrculodeMsicaContempornea,nosanosde 1930naEuropa,chegamaoBrasil.OpercursodoMsicaViva,noBrasil,foi traado por Koellreutter com a participao de alguns musicistas informados com a vanguarda musical do velho continente. MsicoseintelectuaisquesereuniamnalojademsicaPinguim,naRuado Ouvidor,noRiodeJaneiro,criaramoCrculoMsicaVivaBrasileiro.Essa poca,comsuarelevnciaemmatriadepedagogiamusical,foicontadae analisadaporKater(2001):polmicas,oManifestode1944,1945ede1946, posies estticas e poltico-partidrias. A importante participao de Koellreutter se deu com a criao de cursos, escolas eseminrios,sempredestacandoseufundamentalprincpiopreciso aprenderaapreenderdoalunooqueensinar.Narealidade,eracomoseele entendesse a msica como uma linguagem nos termos modernos da lingustica: o indivduonascecomapredisposiodelinguagemquegeralinguagem.Bem depois de Koellreutter, Noam Chomsky abordando o campo das reflexes sobre a linguagem(1975)atentaparaafaculdadedelinguagemesuaestrutura gramatical,semsedeterapenaslinguagemarticulada,epressupeuma gramtica universal que se depreende dessa estrutura gramatical. 37 significativo o entendimento da predisposio para a linguagem no ser humano, parareconheceravaliadoprojetodeKoellreuter.Oaprendizdemsica potencialmenteumindivduoequipadodafaculdadedelinguagem,masa manifestaodelinguagemsserealizaporestmulos.Socializareeducarso os estmulos. O contato com os instrumentos de msica e com a prpria msica determinante para despertar a faculdade de linguagem musical. Koellreutter (1997), em seus escritos, defende o esforo sistemtico de dedicar-se aos jovens, pois a eles pertence o futuro e so eles que construiro o mundo. 2.3 Articulao filosfica e pragmticaAdmitindo-seoprojetodeeducaopelavisodeMorineaespecfica metodologiamusicaldecorrentedoprojetoMsicaviva,deH.J.Koellreutter, oportunoarticular,nestetrabalho,opensamentocomtendnciafilosfica contempornea com o pragmatismo de um msico formado em pleno movimento de jovens da vanguarda artstica do primeiro tero do sculo XX. Compreender,hoje,acondiohumana,nomundoeacondiodomundo humano,desdeoRenascimentonasartes,talvezsejaumtruquedeMorin querendo acreditar que possvel vencer as ciladas desta era cujo domnio virtual domundopermiteromperfronteirastemporaisdomundono-virtual(Morin, 1999). EsteprojetonasduasescolasemMinaslevaemconsideraooconhecimento do artista Mrio de Andrade, nele reconhecendo os valores de autenticidade e de responsabilidade como artista e a importncia de ser mestre das novas geraes, de certa forma, depreende pragmaticamente dados da realidade cultural no Brasil. Opoetadaprimeirageraomodernista,SemanadeArteModernade1922no Brasil e estudioso de msica a referncia de quem traz na bagagem um projeto de Msica Viva. Para Mrio de Andrade (1997) o artista deve servir a uma causa comum,sabendoqueasuaarteapenasasublimaodossentimentosedas ideias da coletividade. 38 Hquestesfundamentais,referentesaoprofessordemsica,queso abordadas por Koellreutter, e uma delas a do contexto de aprendizagem em sua amplarealidade;outra,nodemenorimportncia,dizrespeitoaoindivduo poltico-socialcomosendoumarepresentaohumanaecultural.Assim,o pragmatismodessemestredamsicapodeserarticulado,semprejuzo,coma postura de filsofo contemporneo em sua proposta de educao no seu trabalho para a UNESCO em 1999. Hriscosnessaaproximao,mashlucros,porquedopensadorfrancsdos saberes de valor para a educao vem o pressuposto da emergncia, no mundo demltiplosprogressoseumapotenteredesocial,demuitosequvocos: interdependnciasmultiplicaram-se,oplanetaatravessadoporredes,fax, telefones,modems,Internet,himportantesemltiplosprogressosda compreenso, mas o avano da incompreenso parece ainda maior (2005, p.93).O lucro da aproximao dos dois pensadores ganha visibilidade no tratamento do temadematriadecompreensodoconhecimentopelapalavradeMorin:a compreensonopodeserquantificadaeeducarensinaracompreenso entreaspessoascomocondioegarantiadasolidariedadeintelectualemoral da humanidade (2005, 93). Portanto, a abordagem da educao musical, de H. J. Koellreutter, no Brasil, no se distancia da proposta do autor de Os sete saberes necessrios educao do futuro.Nosdoisestimplcitaaimportnciadaticaemeducao.oportuno lembrar que Morin, no captulo VI, item 3 (2005, p.99), abre espao para tratar do temadaticadacompreenso,eodesenvolvedialeticamentecomomtodode todaasuaexposio:pe,contrapeedispedeconceitostradicionaisem matria de saber. SegundoMorin,hduasformasdecompreenso,aintelectualobjetivaea intersubjetiva.Compreendersignificaintelectualmenteapreenderemconjunto, impe ticas, abraar junto o texto e seu contexto, as partes e o todo, o mltiplo e o uno.Acompreensohumanad-seentreindividualidades,queseidentificampor empatiaesimpatia,assimexplicaMorin,pretendendomostrarcomoa 39 incompreensopodegerar,emsociedade,omal-estarsempreindesejadoe perigoso.Maisumavez,possvel,nestemomento,recorreraKoellreuttercujotrabalhopedaggicorevelasuacompreensodafunodoartistaedopedagogo, considerando-se a necessidade de conscincia das grandes ideias de seu tempo, mesmo sabendo que o mundo eas ideias mudam (1997, p.136).Assim, fica o lucro da articulao do pragmatismo com as sedutoras reflexes de naturezafilosficaemqueconhecimentoeticanoestoempercursos antagnicos. 40 CAPTULO 3. TIM MSICA NAS ESCOLAS TIM Msica nas EscolasAuditrio Ibirapuera FIGURA 1 Projeto TIM Msica no Brasil 3.1 O Projeto TIM Msica no Brasil Halgunsanosiniciou-seumatendnciamundialdosinvestidoresprocurarem empresassocialmenteresponsveis,sustentveiserentveisparaaplicarseus recursos.EssasaplicaesdenominadasInvestimentosSocialmente Responsveis SRI consideram que empresas sustentveis geram valor para o acionistanolongoprazo,poisestomaispreparadasparaenfrentarriscoseconmicos, sociais e ambientais. NoBrasilestatendnciajcomeoueh muitaexpectativadocrescimentodas empresasseconsolidaremrapidamente.Atentasaisso,aBM&FBovespa,em conjunto com vrias instituies13, decidiram unir esforos para criar um ndice de

13InstituiesparticipantesdoConselhodoISE:ABRAPP,AssociaoBrasileiradasEntidades dosMercadosFinanceirosedecapitais;APIMEC,AssociaodosAnalistaseProfissionaisde Investimento do Mercado de Capitais; BM & FBovespa, Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros; 41 aes que seja um referencial para os investimentos socialmente responsveis, o ndicedeSustentabilidadeEmpresarialISE.OISEtemporobjetivorefletiro retornodeumacarteiracompostaporaesdeempresascomreconhecido comprometimentocomaresponsabilidadesocialeasustentabilidade empresarial,etambmatuarcomopromotordasboasprticasnomeio empresarial brasileiro. ATIMBRASIL,subsidiriadogrupoTELECOMItlia,trabalhacomfocoem inovao e qualidade realizando vrios investimentos em tecnologia e educao. A TIM foi a primeira operadora a ter presena nacional. A operadora teve incio no Brasilem1998eintegrou-senacarteiradondicedeSustentabilidade Empresarial ISE, da BM & FBOVESPA, em 2008/2009. OProjetoTIMMsicafoiestruturadoapartirdequatropilares:oTIMFestival, O Prmio TIM de Msica, a construo do Auditrio Ibirapuera e da Escola de Msica do Auditrio e o projeto TIM Msica nas Escolas TME. 3.2 TIM Msica nas Escolas TME ATIMutilizaa msicacomolinguagemem projetossocioeducativos.O principal projetoqueaempresaapoiaoTIMMsicanasEscolas,cujoobjetivo possibilitarscrianaseaosadolescentesoacessoadiferentesmodosde aprendizagemeatuaonasociedade,utilizandoalinguagemuniversalda msica. OTIMMsicanasEscolasamaioraosocioeducativadaTIM,destinadoa estudantes de escolas pblicas localizadas em comunidades em situao de risco e de excluso social. desenvolvido em parceria com as secretarias municipais e estaduaisdeeducao.Teveincionoanode2003com20.540(vintemil quinhentosequarenta)estudantese2941(doismilnovecentosequarenta)

IBGC,InstitutoBrasileirodeGovernanaCorporativa;IFC,InternacionalFinanceCorporation; Instituto ETHOS de Empresas e Responsabilidade Social; Ministrio do Meio Ambiente e PNUMA, Programa das Naes Unidas para o meio ambiente. 42 professores de 62 (sessenta e duas) escolas pblicas, localizadas em regies de excluso social ou que atendem alunos oriundos dessas reas. Comeou em So Paulo, em abrilde 2003,coma produtora LaFbbrica doBrasil, convidadapela TIM Celular S/A para apoiar o projeto em todo o Brasil e foi ampliando para mais quatrocapitaiscomo:PortoAlegre(RS),Salvador(BA),Recife(PE)eBelm (PA). Ao todo foram 5040(cinco mil e quarenta) crianas participantes. Em 2005 expandiu-separaoRiodeJaneirocom2500(doismilequinhentos),eRibeiro Preto (SP), com 1000 (mil) alunos beneficiados das redes estaduais e municipais. Em agosto de 2006, foi para a cidade de Florianpolis (SC) atendendo 1000 (mil) estudantes.Em2007,cinconovascidadesreceberamoprojeto,SantoAndr (SP),Manaus(AM),BeloHorizonte(MG),Cuiab(MS)eNatal(RN)envolvendo 6000 (seis mil) alunos de 16 (dezesseis) escolas pblicas. (Discurso TIM, 2006)14 Trata-sedeumainiciativaquepossibilitaaosjovensoacessoeducao musicaleainserodospreceitosdaculturadepazdaUNESCO. Incio: 200320.540 estudantes 62 escolas pblicasFIGURA2TIM no Brasil

14DiscursoePowerPointTIMdaFabianaMarchezi,DiretoradeProjetosdaLa Fabbrica do Brasil, na implementao do TME na cidade do Rio de Janeiro, 2006. 43 3.3 Organizao do TME Estrutura FIGURA 3 Organizao do TME OProjetofoiarticuladoemtrseixos.Oprimeiroreconheceamsicacomoum patrimniocultural,oferecendoOficinasdeMusicalizaoquesedesenvolvem, duranteoanoletivodasescolas,atendendocrianaseadolescentes,sem restrio,todososalunossodasescolas.Osegundodizrespeitoprtica musicalnasOrquestrasBrasileirasenasBateriasTimMsica,queso compostas por jovens selecionados a partir das oficinas. (Ibdem) Interesse,aptidoeconcordnciadospaisforamoscritriosadotadosparaa seleonasoficinas.Osalunosdabateriaparticipamdeoficinassemanais.Os jovensqueparticipamdasorquestrastambmrealizamatividadessemanais, conduzidas por uma equipe de professores e profissionais de msica contratados. (Ibdem) Osalunosaprendematocarvriosinstrumentos:violo,cavaquinho,bandolim, flauta,clarinete,percusso,eentramemcontatocomariquezadamsica brasileira.Realizamapresentaespblicasemteatros,escolas,centrocultural, 44 praaspblicas,eventos.Sorespeitadosnasescolas,pelopblico,nas comunidadescomocidados.Tornam-sepessoasdaconvivncia,daculturade paz. Almdaformaomusicaleocontatocomestanova linguagem,aaplicaodestesconhecimentoseda estruturao dos grupos em aes sociais relevantes como, porexemplo,campanhassobreDST,dengue,preservao urbanaeambientaleoutrodostemasquepossamserdo interessedascomunidades.Oobjetivotrazerparaa realidade destes jovens a importncia de temas como a paz eosDireitosHumanosalmdepossibilitarocontatocom linguagens,procedimentoseorganizaesquepermitema atuaoefetivadestesgruposnasoluodosproblemas que estes temas apresentam.(Projeto de parceria TME Belo Horizonte,EstadodeMinasGerais,comaSecretariade Estado da Educao, maro de 2007). O terceiro eixo est relacionado aos usos sociais dados aos conjuntos de saberes eaprendizagensdoprojeto,referentesaoNcleodeAgitaoCultural.Esse ncleolegadosescolas,apsotrminodoprojeto.Constitui-sedealunos das oficinas de musicalizao que tm como misso promover atividades culturais dentrodaescola.OsalunosdosNcleosdeBrincadeirasMusicaisaprendema monitoraroficinasdebrincadeirasmusicais,querealizamcomcolegasmais novos, gratuitamente durante o horrio do recreio escolar. H tambm as duas atividades fundamentais: a de formao de professores, para aplicao dasUnidades Didticas, e osEncontrosCom a Palavra, sendo que todos os professores interessados das escolas podem participar.AsUnidadesDidticasforamdesenvolvidasparaenvolvertodasasdisciplinas, docurrculoescolar,divididasemdoiscamposconceituais:odamsicaeoda cultura de paz. Os professores que tm o interesse de participar de um momento decapacitaorecebemapoiodocentrodecoordenaodoprojeto.Os EncontroscomaPalavrasoconduzidosporeducadoresepesquisadores musicaisconvidados.Nelessoabordadosaspectosdiferentesquanto utilizao da msica como ferramenta pedaggica.Cadaunidadecontmvriasatividadesaseremrealizadas emsaladeaulaeorientadasporprofessoresdequalquer disciplina.Seroconvidadosdezprofessoresdecadauma 45 das quatro escolas participantes esse encontro de formao. OstemasabordadosnaFormaoseroamsicaeos DireitosHumanos.Ostemasso:ExplorandoSons,esta unidadepretendeenvolverosalunosemexploraes sonoras,sensibiliz-losacusticamentearespeitodeseu ambienteedespert-losparaaescutaeaproduode sons. As duas ltimas atividades versam sobre a msica dos alunosedepesquisasobreosmovimentoseestilos musicaisquesurgiramouestabeleceram-senoBrasilna Histriarecente.(ProjetoTME,BeloHorizonte,MG,SEE, maro de 2007). FIGURA 4 Atividades do TME 3.4 O Impacto do TME no Brasil Em 2005 e 2006 foram realizadas pesquisas para avaliar o impacto do projeto. O estudofoiconduzidopeloeconomistaFlvioComim,consultordaOrganizao dasNaesUnidasONU.Talabordagemmedeobemestardaspessoas segundoaquiloqueelaspodemseroufazeremcontraposioaoquantoelas possuem e a opinio subjetiva das mesmas sobre o seu bem-estar. O impacto do 46 envolvimentocomoprojetoequivaleaumacrscimodeumoudoisanosde estudoparaosalunosparticipantesdogrupodosEmbaixadores,segundo Comim, tomando-se como comparao os melhores referenciais internacionais de taxa de formao e capital humano na educao. Os Embaixadores da Paz so osestudantesqueparticipamdaorquestra,oriundosdasoficinasde musicalizao, equetm a msicacomoseuprincipalveculode aprendizagem junto aos princpios fundamentais da cultura de paz. Melhorou a autoestima, contribuiu para as habilidades cognitivas, comportamento dosalunos,formaodeobjetivospessoais,estimulouacuriosidade,a participaoondehaviaapatia,desinteresse,promoveuasocializaoem ambientesmenosviolentosemaisalegres,maisconfiananoscolegas,mais tolerantes com seus familiares, mais conscientes do papel social da msica. AprimeiraetapadapesquisadeComimrevelouqueaparticipaonoprojeto melhorouodesenvolvimentocognitivo,aautoestimaeocomportamentodos alunos tanto na esfera escolar como na familiar. Maisdeoitomilcrianasparticiparamdaavaliaoemoitocidadesbrasileiras, duranteosmesesdenovembroedezembrode2006.Aavaliaoseguiuuma perspectivadeDesenvolvimentoHumano,adotadapeloProgramadasNaes UnidasparaoDesenvolvimentoPNUDeoutrasinstituiesinternacionais, focadanaAbordagemdasCapacitaes,desenvolvidapeloprmioNobelde Economia, professor Amartya Sem. 3.5 O TME do Barreiro em Belo HorizonteOBarreiroasegundaregiomaismovimentadadeBeloHorizonte,apso centro comercial da capital. Completou em 2010, 155 anos de idade. A regio tem ocomrcioeaprestaodeservionoBarreirodeBaixo.Aindustrializaose desenvolveu a partir da implantao da Siderrgica Mannesmann, em 1952, hoje V&M do Brasil, a maior indstria de Belo Horizonte e a maior produtora de tubos 47 deaosemcosturadomundo.Essaregiopossuiumtotalde63bairros.6O Barreiro de Cima e o Bairro Novo das Indstrias so os bairros das comunidades escolares nasquais esto inseridas asquatroescolas estaduaise municipais do TME, em Belo Horizonte. As duas escolas estaduais ficam distantes, cinco quilmetros, e, entre elas, est a CompanhiaV&MdoBrasil.Osalunosdasescolas,quefazempartedoTME, transitavam atravs de nibus contratado pela empresa TIM, para fazer as aulas e osensaiosnaEscolaEstadualdeEnsinoEspecialDr.AmaroNevesBarreto (EEEEDANB).Pois,em2007,2008einciode2009,oTMEficoudentrodas respectivas escolas, e os professores se deslocavam duas vezes por dia entre as escolas, nos turnos da manh e tarde para as aulas. Eles se locomoviam atravs detransportescoletivosqueuniamosbairrosefaziamsuasrefeiesnas escolas. As aulas eram de durao de uma hora e meia. Em 2009 e 2010, o TME foi transferido para uma outra escola estadual, devido falta de espao nas duas escolas,portanto,osalunoscomearamaselocomovernosnibuscontratados pela TIM, entre a Escola Estadual Padre Joo Botelho (EEPJB) e a (EEEEDANB), noBarreirodeCima,pertodaEscolaEstadualEngenheiroFranciscoBicalho (EEEFB), enquanto os alunos da EEEFB transitavam a p para a EEEEDAN.A Escola Estadual de Ensino Especial Dr. Amaro Neves Barreto EEEEDANB estprximapraadaFebem,naruaXimango280,nobairroFlvioMarques ondeselocalizatambm,nasproximidades,aEEEFB.Portanto,aEscolade EnsinoEspecialabrigouoTME,porserumaescolacommaisespaoparaas aulas,oficinaseensaiosdaorquestra:duassalaseumauditrio,ondeaos sbadosacontecemosensaiose,duranteasemana,nasegundaequartafeira pelamanhetarde,aprticadeorquestra;asaulasdeinstrumentoseteoria

6Disponvelem:http://www.pnud.org.br/atlas/Acessoem:23dejaneirode2010.AtlasdeDesenvolvimentoHumanoderegiometropolitanadeBeloHorizonte ProgramadasNaesUnidasparaoDesenvolvimentoPUND.2)Bairrosda regiodoBarreiroemBeloHorizonteemM.G.Acessoem:25dejaneirode 2010. 48 realizam-se nas outras duas salas. O espao externo da escola os jardins so aproveitados para aulas e recreao dos alunos do TME. AEEEEDANBcomaproximadamentequatrocentosalunos,comdeficincia mentalefsica:cegos,surdos,mudos,deficientesfsicos,altistas,sndromede Down,mltipladeficinciaeparalisiacerebral.Algunscomatendimentofora, comoporexemplo,aFonoaudiologia,noclnicos,paraajudarnocotidiano.A professoradeeducaofsica,CacildaTorres,trabalhacomorientao complementaraosprofessoresdessaescola:fisioterapeuta,fonoaudiloga, psicloga, e assistncia pedagoga mental7. Com motivao maior atravs dessa orientao complementar, os alunos possuem maior interesse ou maior motivao para a vida. Nosanosde2009e2010,oTMEpassouavivernesteespao,pois,deuma maneirageral,acrescentoudeformamuitopresentenestainstituioespecial. Colaborandocomossonsenvolvidosnoambienteeinteragindocomos excepcionais,aproduolocaldoTMEcontratouumprofessorparatrabalharo ritmo, com instrumentos de percusso, com algumas turmas. 3.5.1 Escola Estadual Padre Joo Botelho - EEPJB Foto 1- EEPJB (Blog)ASEsemprepercebeuointeressedaescolaemestar trabalhando com a msica. Por que antes desta parceria eu

7 Estes dados foram relatados em entrevista pela educadora, especialista pedagoga Sandra Dias (09/09/2010), na EEEEDANB. 49 tinha dentro do contedo curricular de artes um trabalho com msica.Oprofessordeartesgostava.Eleeraprofessorde msica, ento ele comeoua trabalhar msica na escola. E como a escola faz parte do projeto Escola viva, comunidade ativa,escolasinseridasemzonaderisco, eutinha oficinas nofinaldesemana,escolaabertadepercusso.Depoiso Danielincluiuaflautadocenasoficinas.Tinha oportunidadesdeaescolalevarestaexperincia,ela sempreestavalevandoencontroaSE.Estaescolatem um desejo,ento,surgiuoportunidadedamsica,aelesme convidaram, e eu topei logo (Eliani, 24/04/2011). ElianiFrana,diretorah12(doze)anosdestaescola,teveummotivogrande paralutardiantedetantaviolncia,quesuaescolasofreu,noanode2000.Um alunomatouocolegadentrodaescola,perododeturbulnciaedetranstorno paraacomunidade,esvaziamentoedesinteressedosalunos.Comopassardo tempo, a escola foi-se adequando e trabalhando para um melhor ensino, onde o desejo de se transformar foi atravs da msica, e com a msica sua escolateve umaoportunidadecomo projetoEscolaViva,ComunidadeAtiva,paraoqual foi indicado o TME para esta escola. A EEPJB foi criada em 15 de setembro de 1970, integrante de Rede Estadual de Ensino,estlocalizadanaRuaMariadeLourdesManso,n81,noBairroNovo das Indstrias, regio do Barreiro em Belo Horizonte. A Escola oferece Ensino Fundamental 1 ao 9 ano, Ensino Mdio, Educao de JovenseAdultos(EJA)eProgramadeEnsinoProfissionaldeEducaopara Jovens e Adultos (PEPEJA), e oferece ainda diversos projetos: Escola de Tempo Integral,EscolaAberta-AbrindoEspao,ProjetosdeArteeCulturaentreeleso TIM Msica nas Escolas (TME) e muitas parcerias com diversos setores. Caractersticas da Escola Corpo Discente: Ensino Fundamental 23 turmas 769 alunos Ensino Mdio 14 turmas 563 alunos 50 Total de alunos -- 1332 Corpo Docente e Administrativo: Corpo Docente 74 Administrativo 24 Total de funcionrios 98 Aaopedaggicabuscarespostasnareflexosobreaaoerealizada considerando-se o cotidiano, a experincia e a realidade social, histrica e cultural de seus alunos. Fundamenta-se em diferentes correntes pedaggicas, facilitando este direcionamento do Projeto Pedaggico da escola. 1 Construtivismo (Jean Piaget) 2 Scio-interacionismo (Lier S. Vygotsky) 3 Pedagogia Rogerana (Carl. Rogers) 4 Modelo de Competncia (Phillipe Perrenoud) 5 Pedagogia da Autonomia (Paulo Freire) 6 Pedagogia de Projetos (Fernando Hernandez) AmissodaEscolaestaliceradanosquatropilaresdeDelors:Aprendera CONHECER, Aprender a CONVIVER, Aprender a FAZER, Aprender a SER, pois jtemessedirecionamento,promovendooespritodacidadaniaatravsda formaobsicaparaavida,desenvolvendoalternativasconscientesparaum trabalhoresponsvel,coletivo,participativo,viabilizandoumcurrculorealque permitir participao ativa do aluno, promovendo a formao do ser humano em suasdimensescognitivas,afetivasepsicomotoras.Essespilaresrefletemo desejo da comunidade escolar de instaurar uma poltica de atendimento.A finalidade deixar visvel a organizao do trabalho da Escola, suasdemandaseaesparatornaraEscolamelhorpreparada 51 paraatenderasnecessidadeseducativasdascrianasejovens afetados pelo fenmeno da Excluso Social e da Violncia. Temos ocompromissocomoatoeducativoedesenvolvermos significativos esforos com o objetivo de proporcionar a qualidade de ensino e combate da violncia escolar, atravs do trabalho de todos,nadiversidadedasfunesecampodeatuao,com esprito de coragem, esperana e f, com metodologia dinmica e cooperativadeAoReflexoAo(ProjetoPoltico Pedaggico da EEPJB, 2011). Arealidadeeaviolncianasescolastmcrescidomuitonosltimosanos, despertandoosrgospblicosatomaremalgumasmedidasdepreveno,conformeodispostonaConstituioFederal05/10/1988naLDBEMn9394de 20/12/1996,naLein8069dejulhode1990EstatutodaCrianaedo Adolescente. Com o fenmeno da violncia, a escola e a comunidade se organizam na criao do projeto institudo pela SEE Escola Viva, Comunidade Ativa , com a misso de oferecer uma formao bsica para a vida do ser humano. O ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica IDEB, da EEPJB est bem crescidodevidobasenoresultadodeaprovaodaprovaBrasilmaiso resultado da aprovao interna da escola. A escola ficou acima da mdia,porque o ndice da mdia seis (6). A escola tem mdias 4,8 (quatro, oito) em 2005 e 5,9 (cinco, nove) em 2007 e chegando a 6,7 (seis, sete) em 2009, nas sries iniciais doensinofundamental,oquefacilitoumuitocomachegadadenovosprojetos dentro da escola. TABELA 3 ndice do IDEB EEPJB Parceriasforamdesenvolvidasdesde2005comaWhiteMartinsACMJovens; EmpresaVALLOURECMannesmannTubes;ProjetoFred-Confecodetapetes 4,8 5,9 6,7 4,9 5,2 5,6 5,9 6,1 6,4 6,6 6,8 0,0 5,0 10,0 IDEB EE. Padre Joo Botelho 52 e aula de dana (parceria com a Semig); TV Globo/ TV Belo Horizonte; APP MG; oTIMMsicanasEscolas(TME);FundaodeDesenvolvimentoGerencial; Projeto Infoeducacional-Virtus Letramento e outros.Atualmente,otrabalhocoletivodadireoesuaequipe,temsidocondio indispensvel para o desenvolvimento de projetos, os conflitos que surgem entre os alunos proporcionam momentos de reflexo e retomada da ao educativa. 3.5.2Escola Estadual Engenheiro Francisco Bicalho - EEEFB FOTO 2 EEEFB (Blog)AprofessoraLuciMarycontapartedahistriadaEscolaEstadualEngenheiro Francisco Bicalho, tomando como refernciaa data do inciode seu cargocomo Diretora: EuvimdeIbiritprac,fuiindicadapelaSEpraocupara direo da escola, tem cinco anos que eu estou aqui. Nossa! EuachoquefoicoisadeDeusrealmentequeaconteceu. Porquequandoeuchegueinestaescola,eufiqueimuito assustada,porqueaquieraumaescolaassim,totalmente destruda.QuepareciaCarandiruabandonada,umaescola totalmentedanificada,fechada,umvisualmuitoruimeos meninoseramtotalmenteexcludos.Porqueaprpria sociedade da regio do Barreiro os exclua. No convidavam praparticipardenada.SetinhaumeventonoBarreiro,a EEEFBnoparticipavaporqueeramelementosperigosos daregio,etodomundotinhamuitomedodosmeninos. Entoquandoeuchegueiaqui,eupercebiaisso,quena realidadeelesnoeramtoviolentosassim.Queo problema deles era questo da baixa-estima. Porque quanto mais voc exclui, mais eles ficam agitados e violentos. Ento oqueeubusqueifoijustamenteestetrabalhosocial.A escolafazpartedoprojetoEscolaVivaComunidadeAtiva. 53 EuprocureimuitaajudadesteprojetoEscolaViva,at mesmoprapoderincrementaroalunodetempointegral, que j existia e no funcionava bem. A escola passou a abrir nos finais de semana, tinha atividades aqui. A a escola viva percebeuqueeusempregosteidotrabalhosocial,euacho queaeducaonopodeficardesvinculadadotrabalho social (Luci Mary, entrevista 16 de maio de 2011). AEscolaEstadualEngenheiroFranciscoBicalhositua-senaAvenidaOlinto Meireles,2632,noBarreirodeCima,BeloHorizonte,MinasGerais-MG,cep: 30620332. O prdio foi construdo no perodo que compreende os anos de 1962 e 1963, em umterrenoqueanteriormentepertenciaaumafazenda,queabrigavauma pequena escola de sete turmas com alunos de 1 a 4 sries do Ensino Escolar a serchamadaGrupoEscolarEngenheiroFranciscoBicalho,atendendoapenas alunosde1a4sriesdoEnsinoFundamental.Apartirde1981,coma implantao do ensino de 5 a 8 sries do ensino fundamental, a escola passou a funcionarcomadenominao deEscolaEstadualEngenheiroFranciscoBicalhoquepermaneceatosdiasatuais.Noperodode1991a1998funcionouo2 grauqueofereciaoscursostcnicosdeMagistrioeContabilidade.OEnsino Mdiocientficofoiimplantadoapenasnoanode1996.Atualmenteaescola participadoprojetoEscolaVivaComunidadeAtiva,doGovernodoEstadode Minas Gerais. AescolaoferecehojeoEnsinoFundamentaleoEnsinoMdio,atendendo aproximadamente a 1200 alunos da regio, e a clientela assim foi descrita: A clientela constituda por jovens e adultos, moradores da VilaCemig,ConjuntoEsperanaedemaisbairrosda redondeza.Soalunos,queemsuamaioria,convivem diariamente com a violncia, drogas e principalmente com a carnciafinanceiraeafetiva,acentuadapeladestruio familiar. A maioria deles, sem limites, desinteressados pelos estudosedefasados cognitivamente.Fatoresquedificultam oprocessodeensino aprendizagemecontribuiparaa falta dedisciplinanaescola.Htambmalunosquetentam recuperarotempoperdidoquepormotivosdiversos, principalmente financeiros, fizeramopo portrabalharem e abandonaremaescola.Hoje,jmaisamadurecidose 54 conscientesdanecessidadedeteremumaformaoeum diploma, retornam para a escola na tentativa de recuperar o tempoeconseguirumaformaoacadmicapara disputaremnoconcorridomercadodetrabalho(Projeto Poltico Pedaggico da EEEFB, 2011). AEEEFBtemcomoobjetivodoEnsinoFundamentalaqualidadedaformao dosestudantes,considerandoosinteressesenecessidadesdacomunidade escolar.Paraaformaodoserhumanoemsuasmltiplasdimenses cognitiva,social,polticaecultural;proporcionaraoeducandoaformao necessria ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto-realizao, preparao para o trabalho e exerccio consciente para a cidadania. O Ensino Mdio valoriza a pesquisa no trabalho em grupo como nas atividades de campo com os alunos. Dessa forma, os valores como solidariedade, pensamento autnomo,conhecimentosociocultural,interaocomacinciaetecnologia deveriam estar contemplados neste nvel de ensino. Aescola,almdasquestespedaggicas,convivecomasquestesatitudinais, ouseja,qualqueraluno,independentedeseudesempenhoescolar,apresenta atitudesecondutasnointeriordaescola,frutodesuahistria,situao circunstancialeouexperinciasdegrupo.Estetambmumcontextode atuao do Projeto Poltico Pedaggico da Escola Estadual Engenheiro Francisco BicalhoPPPEEEFB.OcritriodeanlisedoPPEEEFBdassituaesvividas levar em considerao tambm atitudes que se deseja desenvolver: RESPEITO-TOLERNCIA-DILOGO-DIREITOS-HUMANOS-PARTICIPAO.O projeto poltico pedaggico dever ser constantemente divulgado, considerando toda a comunidade escolar com vistas a favorecer o processo de convivncia e de aprendizagem,combaterediminuiraviolncianaescola,eaSecretariaAs atividadesculturaisfazempartedavidadaescola,totalmentevoltadaparaa comunidade.Aprogramaoculturaldiversificadaenvolve,deformaprazerosa, ossujeitosaquesedestina,contacomaescolaabertaaosfinsdesemana (ProjetoEscolaViva,ComunidadeAtiva),comarealizaodeoficinasque possamserteiscomunidade,comotapeariaembarbante;biscuit;bordado em pedraria; ax; dana de rua; vlei; futsal; taekwoond; graffit; bombom; kung fu. 55 OIDEBacombinaodedoisindicadoreseducacionaisAprovaoe Desempenho dos estudantes obtidos, respectivamente, a partir do Censo Escolar edaProvaBrasil.AsmetasdoIDEBforamestabelecidasconsiderandocada estgiodedesenvolvimentoeducacionaldessasunidadesderefernciae, tambm, a diminuio das desigualdades entre elas. Portanto, a meta para 2022 doIDEBdoBrasilparaosanosiniciais6,0(seis,zero)eparaosfinais5,5 (cinco, cinco). TABELA 4 ndice IDEB EEEFB A comparao entre as escolas pesquisadas mostra o resultado da Prova Brasil, queumaavaliaonacionalquetemcomoobjetivofazerumlevantamento sobre os nveis de aprendizagem em Lngua Portuguesa com nfase na leitura, e em Matemtica, na resoluo de problemas. TABELA 5 Prova Brasil 3,8 3,2 3,5 3,83,9 4,2 4,6 5,0 5,2 5,5 5,7 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 IDEB EE. Engenheiro Francisco Bicalho 289,61 244,34 273,25 227,50 -50,00 50,00 150,00 250,00 350,00 EE. Pe. Joo BotelhoEE. Eng. Francisco Bicalho Prova Brasil 9 ano 56 3.5.3 A Implementao do TMEO processo inicial foi: a La Fabbrica. Atravs de mim a gente fez um mapeamento, junto com a , primeiro de tudo foi entrar com a Secretaria Estadual e Municipal de Educao. Atravs delesagentefezummapeamentojcomumaparceria falada,noestavaassinadaainda,masagenteestava correndocomospapis,elesjtinhamtopadoaparceria, masenquanto a situao se desenrolava na burocracia, fez ummapeamentodeescolas.Visitounescolastantodo estadoquantodomunicpiopraverqualescolatinha estrutura principalmente fsica, que o nosso grande, aonde pega, pra receber todas as oficinas, um milho de atividades durante o perodo de aula da escola, se tinha o pessoal, uma estrutura mesmo pra receber as aes do projeto. A a gente chegounumconsensoldasescolasqueiamfazerparte, da a gente firmou contrato de parceria, tanto com o estado quantocomomunicpio,umcontratoquetemvalidade, por que o projeto no tamanho originaldele, ele durou s trs anos, e agora ele deu proseguimento s com a orquestra e o contratoagora,estvlidoapenasscomasecretaria estadual (Flvia, entrevista 2 de maio de 2011). Em2010haviatrsanosdeprojeto,econformeavalidadedesse,comas Secretarias do Estado e do Municpo, as oficinas de brincadeiras, os ncleos de agitao cultural, rdio, e canto coral de professores e alunosforam desativados apsostrsanosdepermannciadocontrato,atravsdaproduodaTIM.A partirdesseano,somenteaorquestrapermaneceucomsuasatividades,devido aos alunos que so das escolas estaduais. AimplementaodoTME,nasquatroescolas,duasdoEstadoeduasdo Municpio, ficou dividida da seguinte forma: ao Municpio cou