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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS OS AMBIENTES COSTEIROS A PARTIR DA MODELAGEM DE TERRENO Giovanne Di Lorenzo Trigueiro João Pessoa 2009

OS AMBIENTES COSTEIROS A PARTIR DA MODELAGEM DE …paulorosa/gema/images/stories/monografias/... · O presente trabalho discute a compartimentação do relevo a partir de modelos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

OS AMBIENTES COSTEIROS A PARTIR DA

MODELAGEM DE TERRENO

Giovanne Di Lorenzo Trigueiro

João Pessoa

2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

Giovanne Di Lorenzo Trigueiro

OS AMBIENTES COSTEIROS A PARTIR DA

MODELAGEM DE TERRENO

Monografia apresentada à Coordenação do

Curso de Geografia da Universidade

Federal da Paraíba, para obtenção do grau

de bacharel no curso de Geografia.

Orientador: Prof. Msc. Paulo Roberto de Oliveira Rosa.

João Pessoa

2009

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TRIGUEIRO, Giovanne Di Lorenzo.

Ambientes costeiros a partir da modelagem de terreno

TRIGUEIRO, Giovanne Di Lorenzo. João Pessoa: UFPB,

2009.

67 p.

Monografia (Graduação em Geografia) Centro de Ciências Exatas e da

Natureza – Universidade Federal da Paraíba.

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Giovanne Di Lorenzo Trigueiro

OS AMBIENTES COSTEIROS A PARTIR DA MODELAGEM DE

TERRENO

Monografia apresentada como requisito para obtenção do título de Bacharel em Geografia pela

Universidade Federal da Paraíba, UFPB, aprovada pela seguinte banca examinadora:

_______________________________________________

Prof. Paulo Roberto de Oliveira Rosa

(Orientador)

_______________________________________________

McS Maria José Vicente de Barros

Presidente da APROGEO

_______________________________________________

MsC Maria Odete Teixeira do Nascimento

Prof.ª UVA

João Pessoa-PB, / /2009

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Giovanne Di Lorenzo Trigueiro

OS AMBIENTES COSTEIROS A PARTIR DA MODELAGEM DE

TERRENO

Agradecimentos

Agradeço a toda equipe Labema que deu apoio e suporte para que minhas idéias

continuassem desenvolvendo livre, sem censura e com direito de experimentar.

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Soprando pelos ventos de outros mundos,

E gerando na existência de outras eras,

O Cabo Branco na passagem dos segundos

Vai assistindo o passar das primaveras.

Desafio a própria natureza,

Sua ponta ligando o continente;

Sublime, senhor desta grandeza

Banhado pela luz do sol nascente.

E a sutileza das ondas lhe beijando,

Vai uma, vem outra, se evolando,

Se esvaindo no espaço cor de anil.

E do verde da flora ele se veste,

Recebe o soprar do vento agreste,

Este acidente geográfico do Brasil!

Paulo Miranda

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RESUMO

O presente trabalho discute a compartimentação do relevo a partir de modelos de terreno, faz

uma caracterização do litoral de João Pessoa, seguindo a divisão proposta por VIANA, 2009 este

dividido em duas regiões, litoral Sul e Norte, dando inicio a uma analise das feições do relevo

contidas ali. Utilizando técnicas convencionais e digitais para a visualização do relevo com a

criação dos modelos tridimensionais da área onde estão inseridos os principais elementos da

modelagem do terreno. Observa-se todo o comportamento hidrográfico analisando as principais

bacias e seus escoadouros, estes, com sua potencialidade em depositar materiais nas praias,

essas, encontram-se recortadas no trecho Sul por vários rios, descritos no trabalho, marcando

uma característica desta parte do litoral, ali se encontram as falésias em contato com o mar e

recortadas por estes rios. Faz-se uma descrição das fozes dos rios que recortam o litoral de João

Pessoa descrevendo a sua interação com a formação de nossas praias, tratando do rio Gramame

que é o primeiro rio no sentido Sul Norte e terminando no rio Jaguaribe ultimo rio que recorta

nosso litoral. Ao longo do percurso descrito no trabalho encontramos varias singularidades que

marcam a beleza desta região sendo um atrativo para os banhistas e fixação de residências

tornando uma intensa urbanização no litoral norte de João Pessoa.

Palavras - chave: Modelagem, ambientes costeiros, feições geomorfológicas,

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ABSTRACT

This paper discusses the partitioning of relief from terrain models, is a characterization of the

coast of João Pessoa, following the division proposed by VIANA, 2009 this divided into two

regions, south and north coast, giving way to an analysis of features relief contained there. Using

conventional techniques and digital visualization of relief with the creation of three-dimensional

models of the area which cover the main elements of the modeling field. It is observed any

behavior by analyzing the main hydrographic basins and the sinks, they, with their potential to

deposit materials on the beaches, these, are cut in the South section by several rivers, described

in the paper, marking a feature of this part of the coast , there are the cliffs in contact with the sea

and cut by these rivers. It is a description of the mouths of rivers that cut the coast of Joao Pessoa

describing its interaction with the formation of our beaches, in the case of the river Gramame

which is the first river in a South America and ending in the river Jaguaribe last river that cuts

our coast. Along the way described in the study we found several peculiarities that mark the

beauty of this region and is an attraction for swimmers and fixing homes becoming intense

urbanization in the north of João Pessoa.

Key-words: Modeling, coastal environments, geomorphological

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 11

PRIMEIRA PARTE 14

1 - Abordagem Teórica Conceitual 15

SEGUNDA PARTE

2 – Metodologia 20

2.1 Geotecnologia para os modelos de visualização 21

TERCEIRA PARTE 25

3 Caracterização do litoral pessoense 26

3.1 – Unidades do relevo de frente para o mar na zona costeira João

Pessoa

26

3.2 Clima e vegetação 28

3.3 Hidrografia 29

QUARTA PARTE 32

4. RESULTADOS DISCUSSÃO 33

4.1 Componentes da compartimentação topográfica da zona costeira:

Planaltos e Planícies como unidades do relevo

33

4.2. – Litoral Sul de João Pessoa: compartimento planáltico 33

4.2.1 O Rio Gramame com compartimento de maior envergadura

para o litoral pessoense

35

4.2.2 Riacho Camurupim 38

4.2.3 - Rio Cuiá curso, afluente e foz 39

4.2.4 – Riacho Jacarapé 41

4.2.5 – Riacho Aratu 42

4.2.6 – Rio Cabelo 43

4.2.7 O canal de escoamento superficial ao lado do farol do Cabo

Branco

45

4.3 – Compartimentação geomorfológica do litoral Norte de João Pessoa 48

4.3.1 – Áreas de acúmulos de areia e dunas 51

4.3.2 - Maceió do Bessa 53

4.3.3 - O rio Jaguaribe 55

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 57

REFERÊNCIAS 59

APÊNDICE 61

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01- Interação e integração dos grandes conjuntos naturais. 11 Figura 02 – Mapa conceitual do processo geomorfológico 20 Figura 03- Recorte da carta Nossa Senhora da Penha com as curvas de nível digitalizadas. 22

Figura 04 - Banco de dados das curvas de nível para a geração de um MNT. 23 Figura 05 - Modelo de superfície 3d gerado a partir de um banco numérico de dados. 24 Figura 06 - Modelo numérico de terreno do litoral Sul de João Pessoa. 27

Figura 07 - Litoral mais oriental de toda a costa americana. 28 Figura 08 – Direção dos ventos no litoral paraibano. 29

Figura 09 – Distribuição das praias no litoral pessoense. 31 Figura 10 – Rios do litoral pessoense. 34

Figura 11 - Perfil Longitudinal do Rio Gramame. 35 Figura 12 - Bacia hidrográfica do Rio Gramame. 36 Figura 13 - Foz do Rio Gramame caracterizando a visualização do vale de fundo chato. 36

Figura 14 - Meandros do Rio Gramame próximos de sua foz. 37 Figura 15 - Desembocadura do Riacho Camurupim. 38

Figura 16 - Foz do Riacho Camurupim. 38 Figura 17 – Curso do rio Cuiá e seu principal afluente rio Laranjeiras 39 Figura 18 – Foz do rio Cuiá rompendo a força do mar na deposição dos sedimentos litorâneos. 40

Figura 19 - fozes do rio Cuiá e riacho Jacarapé. 41 Figura 20 – Riacho Aratu. 42

Figura 21 - Rio Cabelo composição montada no Google Earth. 43 Figura 22 - Foz do rio Cabelo, utilizada como balneário pela população. 44

Figura 23 - Escadaria do santuário de Nossa Senhora da Penha. 44 Figura 24 - Desembocadura do riacho intermitente. 45 Figura 25 - Sedimentos oriundos da drenagem superficial do canal de escoamento superficial. 46

Figura 26 - Localização da rede de drenagem superficial e da área em litígio. 47 Figura 27 - Litoral Norte de João Pessoa. 48

Figura 28 - Dunas com vegetação fixadora na divisa entre as praias de Manaíra e Bessa. 49 Figura 29 - Praça de Iemanjá no Cabo Branco. 50 Fitura 30 - Mar em contato com a calçada entre Tambaú e Manaíra. 50

Figura 31 - Muros de contenção para proteger as edificações na praia do Bessa. 51 Figura 32 – Planícies costeiras no Cabo Branco. 52

Figura 33 - Área de preservação da vegetação fixadora de dunas. 52 Figura 34 – Maceió na área de praia urbana do Bessa 53

Figura 35 – Configuração da urbanização no maceió do Bessa. 54 Figura 36 - Área de drenagem para o mar do maceió. 54 Figura 37 - Foz do Maceió meandrificada. 54

Figura 38 – Foz do rio Jaguaribe na divisa entre João Pessoa e Cabedelo. 55 Figura 39 - Possível foz do rio Jaguaribe no pretérito. 56

Figura 40 - Retirada de lixo as margens do rio Jaguaribe. 40 Figura 41 - Foz do rio Jaguaribe. 41

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INTRODUÇÃO

O ambiente costeiro é uma zona limiar entre as três grandes instâncias geográficas,

havendo uma interação entre os processos atmosféricos, terrestres e oceânicos. Não nos

deteremos no ambiente oceânico, iremos para os trabalhos de representação do ambiente

continental e suas categorias componentes, temos então os Planaltos e as Planícies, isso em se

tratando do litoral no município de João Pessoa – PB. Na questão dos Planaltos temos a situação

relativa às encostas de elevada declividade denominadas de falésias, estas chegam a inclinações

superiores a 75º.

Figura 01- Interação e integração dos grandes conjuntos naturais.

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Noutro sentido, ainda relacionado ao relevo, temos as planícies originadas da acumulação

de sedimentos oriundos da erosão vertical e laminar nas encostas continentais que são as

planícies flúvio-marinhas, ou fluviais ou ainda somente marinhas.

A dinâmica fluvial é inicialmente estabelecida pela busca pelos níveis de menor energia.

Nesse caminho das águas, a rede de drenagem na realidade erode de maneira longitudinal e

lateral as encostas, pois a ação das águas se dá em grande intensidade nos elos mais frágeis da

superfície inclinada, formando os vales fluviais. Assim, o relevo vai sendo modelado em níveis e

desníveis denotando uma rugosidade na superfície.

Essas situações permitem ao relevo e seu modelado determinar quais as tipologias de

ação e intervenção humana no sentido de ocupação do lugar, nesse caso, na superfície inclinada

da bacia hidrográfica. Tomando que a bacia hidrográfica é a unidade do relevo que, como

conjunto de elementos geográficos, indica as condições de interação também relacionadas à

sociedade na natureza; condições de convivência com alta ou baixa degradação.

A intervenção humana no sistema natural sempre traz um impacto na relação sistêmica,

seja em nível elevado ou baixo, dependendo da carga de pressão que se dá sobre o sistema

natural. Assim, a natureza vista como recurso, o impacto é sempre alto, porém quando a

intervenção observa que o sistema natural é de suporte à vida e à sobrevida, a carga de pressão

será sempre de menor impacto, pois, tende-se nesse caso preservar a dinâmica ambiental.

O planejamento de qualquer intervenção deverá primar pelas condições de

transformações das coisas naturais (ROSA & ROSA, 2009), mesmo que seja natural. A natureza

sendo real pode ser vista como coisa, não ainda como bem, pois nos dizeres de FRANCO

(1977:20), “coisa é o que simplesmente existe na natureza” e a sua transformação em bens

acontece para a satisfação das necessidades humanas.

O terreno visto como uma coisa que pode transformar-se em bem de produção, não deve

deixar de observar a diferença entre recurso e suporte, pois aquele não se preocupa com a

questão da carga de pressão, podendo transformar o ambiente até o esgotamento e sua

transformação total, já o suporte consiste em observar a relação entre a carga de pressão

interventora até os limiares de resiliência (DREW: 26).

A utilização de ferramentas cada vez mais sofisticadas permite ao gestor a tomada de

decisão com maior acuidade e acaba por diminuir o nível de incerteza. Essa incerteza se

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estabelece quando não se observa a carga de pressão efetiva sobre um dado lugar, cuja

exploração poderá ultrapassar o limiar não mais o lugar em bem, mas sim transformando a

paisagem contida no lugar em outra paisagem.

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PRIMEIRA PARTE

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1 - ABORDAGEM TEÓRICA CONCEITUAL

A abordagem teórica conceitual se dá nos três níveis sistematizados por Ab’Saber (1969)

que define o campo de estudo da geomorfologia em: compartimentação morfológica, estrutura

superficial e o estudo da fisiologia da paisagem.

Compartimentação morfológica: abrange os níveis topográficos e as características do

relevo. Assumindo a importância da geomorfologia aos diferentes graus de riscos que uma área

possui, dando sustentação a tomada de decisão quanto ao uso e ocupação do solo.

Estrutura superficial, ou depósitos correlativos: é a formação de camadas estruturais que

ao longo dos tempos vão sendo depositadas, com elas guardando características de diferentes

climas, sendo responsável pelo entendimento histórico da sua evolução, provado através dos

paleopavimentos.

Fisiologia da paisagem: tem como objetivo compreender a ação dos processos

morfodinâmicos atuais, inserindo-se na análise do homem como sujeito modificador. A presença

do homem tem geralmente influenciado nos processos morfogenéticos. A força da presença

humana, mesmo que indiretamente, assume uma interferência marcante na relação de força entre

as ações morfogenéticas ou morfodinâmicas, gerando desequilíbrios morfológicos ou impactos

geoambientais, como os movimentos de massa, boçorocamentos, assoreamento, dentre outros,

chegando a resultados catastróficos.

A abordagem do trabalho de análise do relevo dar-se na escala da compartimentação topográfica.

Entende se por compartimentação topográfica:

A separação de determinados domínios morfológicos que se individualizam por

apresentarem características, como determinados tipos de formas ou domínios

altimétricos. As formas resultantes do processo evolutivo do relevo podem

testemunhar episódios associados a determinados domínios morfoclimáticos,

refletindo o jogo de forças entre os agentes internos, comandados pela estrutura

e tectônica, e os externos, associados aos efeitos climáticos, em tempo

suficiente para deixar impresso no modelado paleoformas relacionadas a

processos morfogenéticos correspondentes.

A fisiologia da paisagem corresponde ao terceiro nível de abordagem do relevo

na sistematização da pesquisa geomorfológica adotado por Ab'Sáber (1969).

Tem por objetivo “entender os processos morfoclimáticos e pedogênicos

atuais”. Refere-se, portanto, ao estudo da situação do relevo atual, fruto das

relações morfodinâmicas resultantes da consonância entre os fatores intrínsecos,

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ou seja, inerentes ao próprio relevo, e os fatores extrínsecos, dando ênfase ao

uso e ocupação do modelado enquanto interface das forças antagônicas.

A compartimentação morfológica inclui observações relativas aos diferentes

níveis topográficos e características do relevo, que apresentam uma

importância direta no processo de ocupação. Nesse aspecto a geomorfologia

assume importância ao definir os diferentes graus de risco que uma área possui,

oferecendo subsídios ou recomendações quanto à forma de ocupação e uso.”1

Valter Casseti

Diferenciação entre Linha litorânea e Zona de costa:

Zona litorânea Área do fundo marinho compreendida entre a preamar e a

baixamar, rica em oxigênio dissolvido, com movimentação da água e presença

da luz solar.2

A zona costeira ou faixa litoral corresponde à zona de transição entre o domínio

continental e o domínio marinho. É uma faixa complexa, dinâmica, mutável e

sujeita a vários processos geológicos.

A ação mecânica das ondas, das correntes e das marés são importantes fatores

modeladores das zonas costeiras, cujos resultados são formas de erosão ou

formas de deposição.

As formas de erosão resultam do desgaste provocado pelo impacto do

movimento das ondas sobre a costa - abrasão marinha -, sendo mais notória nas

arribas.

As formas de deposição são conseqüência da acumulação dos materiais

arrancados pelo mar ou transportados pelos rios, quando as condições

ambientais são propícias. Resultam praias ou ilhas-barreiras.

O dinamismo elevado característico das zonas costeiras traduz-se numa

constante evolução destas áreas. Algumas formas modificam-se, mudam de

posição, umas desaparecem e outras aparecem.

A zona costeira é um sistema que se encontra num equilíbrio dinâmico, que

resulta da interferência de inúmeros fatores, quer naturais quer antrópicos.

Dos fenômenos naturais que interagem com a dinâmica das zonas costeiras

podem referir-se a alternância entre as regressões e transgressões marinhas, a

alternância entre períodos de glaciação e interglaciação e a deformação das

margens dos continentes.

Entre os fatores antrópicos que afetam a dinâmica das zonas costeiras,

destacam-se:

- o agravamento do efeito estufa;

- a ocupação, muitas vezes excessiva, da faixa litoral;

1 CASSETI, Valter. Geomorfologia. [S.l.]: [2005]. Disponível em: <http://www.funape.org.br/geomorfologia/>.

Acesso em 02 de novembro de 2009. 2 http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/glossario/conteudo.php?conteudo=Z

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- a diminuição de sedimentos que chegam ao litoral pela construção de

barragens nos grandes rios;

- a destruição de defesas naturais, que resulta do pisoteio das dunas, da

construção desordenada, do arranque da cobertura vegetal e da extracção

de inertes.

A ação dos fenômenos naturais e antrópicos sobre a zona costeira acelera o

processo de erosão dos litorais.3

No Brasil um decreto anuncia a zona costeira brasileira com

Art. 3º A zona costeira brasileira, considerada patrimônio nacional pela

Constituição de 1988, corresponde ao espaço geográfico de interação do ar, do

mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma

faixa marítima e uma faixa terrestre, com os seguintes limites:

I - faixa marítima: espaço que se estende por doze milhas náuticas, medido a

partir das linhas de base, compreendendo, dessa forma, a totalidade do mar

territorial;

II - faixa terrestre: espaço compreendido pelos limites dos Municípios que

sofrem influência direta dos fenômenos ocorrentes na zona costeira.4

O decreto anuncia algumas definições dos termos utilizados como:

V - dunas móveis: corpos de areia acumulados naturalmente pelo vento e que,

devido à inexistência ou escassez de vegetação, migram continuamente;

também conhecidas por dunas livres, dunas ativas ou dunas transgressivas;

VI - linhas de base: são aquelas estabelecidas de acordo com a Convenção das

Nações Unidas sobre o Direito do Mar, a partir das quais se mede a largura do

mar territorial;

VII - marisma: terrenos baixos, costeiros, pantanosos, de pouca drenagem,

essencialmente alagados por águas salobras e ocupados por plantas halófitas

anuais e perenes, bem como por plantas de terras alagadas por água doce; (...)

IX - região estuarina-lagunar: área formada em função da inter-relação dos

cursos fluviais e lagunares, em seu deságüe no ambiente marinho;

X - ondas de tempestade: ondas do mar de grande amplitude geradas por

fenômeno meteorológico;5

3 http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/glossario/conteudo.php?conteudo=Z

4 BRASIL. Decreto nº 5.300, de 7 de dezembro de 2004 Regulamenta a L-007.661-1988 - Plano Nacional de

Gerenciamento Costeiro 5 BRASIL. Decreto nº 5.300, de 7 de dezembro de 2004 Regulamenta a L-007.661-1988 - Plano Nacional de

Gerenciamento Costeiro

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Estes termos nos auxiliam na organização da representação elementar da

compartimentação topográfica da zona costeira.

Art. 5º São princípios fundamentais da gestão da zona costeira

V - a consideração, na faixa marítima, da área de ocorrência de processos de

transporte sedimentar e modificação topográfica do fundo marinho e

daquela onde o efeito dos aportes terrestres sobre os ecossistemas marinhos é

mais significativo;

Art. 1º São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 metros, medidos

para a parte de terra, do ponto em que se passava a linha do preamar médio de

1831:

a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e

lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés;

b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a

influência das marés.

Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, a influência das, marés é

caracterizada pela oscilação de cinco centímetros, pelo menos, do nível das

águas (atração luni- solar) que ocorra em qualquer época do ano.

Art. 2º São terrenos acrescidos de marinha os que se tiverem formado, natural

ou artificialmente, para o lado do mar ou dos rios e lagoas, em seguimento nos

terrenos de marinha.6

6 BRASIL. Decreto-lei nº 3.438, de 17 de julho de 1941 - Esclarecimento e Ampliação do DL-002.490-1940 -

Normas para o Aforamento dos Terrenos de Marinha. Esclarece e amplia o decreto-lei n. 2.490, de 16 de agosto

de 1940

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SEGUNDA PARTE

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2 – METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho teve como base o estudo teórico realizado em laboratório,

através da revisão literária do assunto em pauta, do uso de trabalhos técnicos, laudos periciais,

monografias, relatórios de impacto ambiental e livros relacionados ao tema. Porém, observou-se

de perto o que está proposto nos níveis conceituais por Casseti (op. Cit) e estabelecido como

passos a partir do que está posto no mapa conceitual, indicado na figura 2.

Figura 02 – Mapa conceitual do processo geomorfológico

Fonte: CASSETI, Valter. Geomorfologia. [S.l.]: [2005].

Disponível em: <http://www.funape.org.br/geomorfologia/>

Ainda na construção do conhecimento fez-se necessária a utilização de recursos como

cartas topográficas de 1:250 000, 1:100 000, 1:25 000, utilização de cartas batimétricas,

orthofotos, imagens aéreas de pequeno formato e por fim a utilização do Google Earth como

uma ferramenta de auxilio na visualização dos elementos do relevo, em estudo, no globo

terrestre.

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O planejamento foi usado como método de pesquisa no tocante as expedições realizadas

dos trabalhos de campo. No campo, utilizamos instrumentos comuns ao geógrafo como bússola,

GPS, anemômetro, clinometro, máquina fotográfica, binóculo e pranchetas para anotações de

campo.

Em laboratório utilizou-se dois tipos de técnicas para a construção dos mapas; a

convencional, com o uso de pranchetas de desenhos, papel milimetrado, grafite e réguas de

vários tipos, como, esquadro, transferidor, compasso e um curvimetro analógico e a construção

em meios digitais deu-se com a utilização de softwares que permitiram a visualização e o

tratamento de várias imagens e destas obtermos os mapas e modelos que serviram como base

para o estudo, as técnicas digitais serão abordadas a seguir.

2.1 Geotecnologia para os modelos de visualização

O ato de ser é o processo de interação efetuado entre o indivíduo e a realidade, permitindo descobrir a

sua forma de ser ou, pelo menos, obter respostas provisórias para um problema definido.

Giovanni Seabra

É com a capacidade de interpretarmos que buscamos o aperfeiçoamento de várias

técnicas para poderem entender nossa realidade e interpretá-la Algumas técnicas para a

visualização do espaço são desenvolvidas para atender as necessidades dos pesquisadores. A

Modelagem Numérica de Terreno para a criação de gráficos de visualização é feita através das

seguintes técnicas computacionais:

Para se obter um modelo 3D de uma bacia hidrográfica temos como início a confecção do

modelo, vamos delimitar e identificar na carta escaneada a bacia hidrográfica, delimitando

através dos pontos cotados da carta topográfica. Em seguida, marcamos um retângulo nesta carta

e retiramos a parte não utilizável das curvas de nível. Tomamos como base cartográfica a Carta

da SUDENE Nossa Senhora da Penha FOLHA SB.25-Y-c-III-1-se, na escala de 1:25000 que nos

permite a visualização adequada para a leitura de todo a bacia hidrográfica do rio Cabelo (FIG

03).

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Figura 03- Recorte da carta (SUDENE) Nossa Senhora da Penha com as curvas de nível digitalizadas.

A partir da delimitação da área que será trabalhada, entramos na construção de um MNT

(Modelo Numérico de Terreno). Inicia-se pelo processo de atribuição dos valores numéricos

correspondente a cada curva de nível digitalizada (FIG. 04), no caso com o uso do AutoCAD7,

se obtém cada curva de nível pela construção de polilinhas8, em seguida se insere os valores

referentes ao seu nível altimétrico. Esses valores após a confecção no CAD serão

transformados em um banco de dados com todos os valores altimétricos e coordenadas

geográficas. Utiliza-se um programa computacional para transformar os dados que estão no

formato DXF9 em um banco de dados XYZ contendo todas as informações necessárias para a

criação do modelo de visualização.

O caminho seguinte é a utilização desse banco de dados (FIG. 05) para se trabalhar no

software SURFER10

, a partir desse software gerou-se o mapa da superfície tridimensional.

7 AutoCAD é um software do tipo CAD, computer aided design ou projeto com ajuda de computador, utilizado para

a elaboração de projetos técnicos, em duas ou três dimensões. 8 Polilinhas comando computacional utilizado pelo AutoCAD para a criação de linhas.

9 AutoDesk Drawing Interchange format, é um arquivo de intercâmbio para modelos de CAD, este arquivo é muito

importante pois se torna um formato padrão para todos os programas de CAD. 10

SURFER é um programa de mapeamento de superfície 3d.

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Figura 04 - Banco de dados das curvas de nível para a geração de

um MNT.

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Figura 05 - Modelo de superfície 3d gerado a partir de um banco numérico de dados.

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TERCEIRA PARTE

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3 - CARACTERIZAÇÃO DO LITORAL PESSOENSE

3.1 – Unidades do relevo de frente para o mar na zona costeira João Pessoa

A caracterização do relevo costeiro de João Pessoa dar-se da seguinte conformação:

predomínio de Planaltos e Planícies estes sendo esculpidos ao longo do tempo pela ação

hídrica que formam os rios e as bacias hidrográficas marcando a topografia do relevo. Podemos

observar a partir dos modelos, as compartimentações citadas acima nos modelos de terreno e

fotografia do local (FIG 06).

As feições do relevo costeiro do litoral de João Pessoa são constituídos pelas formas:

praia como “depósitos de areias acumuladas pelos agentes de transportes fluviais ou

marinhos.” (Teixeira Guerra 1989 p 344). Estuário segundo Teixeira entende-se por estuário o

local onde o rio deságua no oceano, oposto ao delta, aparece geralmente constituído por vários

braços e representam porções finais de um rio, estando sujeitos aos efeitos sensíveis das marés.

As enseadas11

significam o “(1) Setor côncavo do litoral, delineando uma baía muito aberta, em

forma de meia-lua. A enseada desenvolve-se freqüentemente entre dois promontórios e penetra

muito pouco na costa. Pode-se denominá-la também de baía aberta. (2) Reentrância da costa,

bem aberta em direção ao mar, porém com pequena penetração deste, ou, em outras palavras,

uma baía na qual aparecem dois promotórios distanciados um do outro (GUERRA, 1978)”.

11

http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./educacao/index.php3&conteudo=./glossario/e.html

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Figura 06 - Modelo numérico de terreno do litoral Sul de João Pessoa.

João Pessoa é a cidade que apresenta o litoral mais oriental de toda a costa americana

(FIG. 07). Com longitude oeste de 34º47'30" e latitude sul de 7º09'28, com altitude média da

borda do Planalto Costeiro de 37 metros e altura máxima de 74 metros próximo ao Rio

Mumbaba. Havendo também a presença das planícies costeiras que apresentam-se com certa

conformação abundante entre as feições planálticas. Em uma leitura puramente elementar

podemos destacar que o litoral é considerado em dois grandes compartimentos de relevo:

planáltico e de planícies (VIANA, 2009).

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Figura 07 - Litoral mais oriental de toda a costa americana.

Fonte Google Earth

Essa compartimentação nos permite uma leitura de que o relevo é relativamente simples,

pois de um lado, o planáltico há a ação erosiva e nas planícies, cuja conformação são as

enseadas, há o processo deposicional. Ainda olhando a figura nos é permitido a inferência de que

há um processo bastante ativo de revolvimento de sedimentos, esses a nosso ver é de origem

planáltica, o que dá uma certa turbidez a água.

3.2 Clima e vegetação

A proximidade do Equador, permite que o clima seja quente e com a proximidade do mar

com a forte presença dos ventos alísios de Sudeste há a umidade de forma bem significativa.

Ainda observando os ventos e sua direção predominante de Sudeste/Noroeste (FIG. 08), teremos

assim uma agente de ação efetiva na relação direta com a corrente litorânea indo em sua maior

Litoral pessoense

Planícies (enseadas)

Planície confinada (Seixas)

Planaltos com falésias

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parte do tempo no sentido Norte, o que nos permite uma primeira leitura de que os sedimentos

oriundos dos trabalhos erosivos da ação pluvial, sobre a região planáltica, caminham em sentido

Norte.

Figura 08 – Direção dos ventos no litoral paraibano.

Fonte: Atlas Geográfico do Estado da Paraíba, 1985

A vegetação em tempos pretéritos era a Mata Atlântica, porém hoje a mancha urbana

apresenta apenas alguns fragmentos denotando como testemunho de que foi uma grande Floresta

outrora. A mancha urbana expandiu de forma acentuada, ficando alguns fragmentos restantes

combinados com populações vegetais de cerrado e de campos e nas fozes dos rios, a vegetação

de mangue.

3.3 Hidrografia

A hidrografia no município de João Pessoa é marcada por cerca de doze rios e riachos,

com destaque para o Rio Jaguaribe que está localizado dentro da área urbana, ou seja, na cidade,

mesmo sendo um dos mais extensos rios da capital e completamente atacado pela ação antrópica.

Também marcante e de grande importância destaca-se o Rio Gramame, responsável pelo

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abastecimento da principal barragem que fornece água para a capital paraibana. O rio que marca

a historia da cidade de João Pessoa é o Sanhauá, pois é de suas margens que surgem às primeiras

edificações da cidade. No entanto, os rios e riachos que estão diretamente ligados ao mar e

contribuem para as feições costeiras são eles na ordem de observação direta e indireta do Sul

para o Norte: Gramame, Camurupim. Cuiá, Jacarapé; Aratu; Cabelo; o riacho que foi canalizado

na Ponta do Cabo Branco, dois Maceiós no Bessa e o rio Jaguaribe.

A cidade possui uma faixa litorânea com cerca de 24 km de extensão possuindo um dos

maiores trechos de praias urbanas do Brasil. As praias de João Pessoa que estão dentro das

planícies costeiras, no sentido Sul Norte, são: Praia da Barra de Gramame, Praia do Sol, Praia de

Jacarapé, Praia da Penha, Praia do Seixas, Praia do Cabo Branco, Praia de Tambaú, Praia de

Manaíra e Praia do Bessa. Com destaque para as cinco primeiras que compõe a

compartimentação Sul do litoral de João Pessoa (FIG. 09) (VIANA, 2009)

.

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Figura 09 – Distribuição das praias no litoral pessoense.

Fonte: VIANA, 2009

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QUARTA PARTE

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Componentes da compartimentação topográfica da zona costeira:

Planaltos e Planícies como unidades do relevo

O estabelecimento da

compartimentação da área que abriga tanto a

zona costeira como a linha litorânea deu-se a

partir da observação da conformação das

unidades predominantes do relevo com a

ação da corrente marinha Sul Norte.

Para aferir as feições dessa

compartimentação foi necessária uma

caminhada que teve inicio na foz do Rio

Gramame e término na foz do Rio Cabelo,

percorrendo um trecho de linha de praia de

aproximadamente 9 km.

Quanto à extensão da plataforma

podemos observar a relação entre o relevo

continental e marinho apresenta um relativo

equilíbrio de linha de perfil, ou seja, a

relação entre a topografia e a batimetria tem

uma certa semelhança.

Na zona da costa paraibana temos

um relevo continental de planaltos e

planícies, ou seja, a extensão da plataforma

sugerindo a extensão continental que é

influenciada pelo mar, pois esse contém uma

declividade suave indo diretamente da zona

costeira para a zona mais profunda.

Tomamos como referência o que

Leinz anuncia (1970: p 209) “O declive é

maior nas regiões onde a margem

continental é montanhosa e menor nas

regiões mais planas.”

O destaque para as feições contidas

na costa de João Pessoa nos permite um

aprofundamento nas estruturas geográficas

aí existentes, destacando a presença das

planícies e planaltos que compõem as duas

principais unidades do relevo desta área de

estudo. O planalto costeiro paraibano é

formado por deposição que se deu a partir,

possivelmente do desgaste do Planalto da

Borborema, este perdeu sedimentos, o que

permitiu a formação das barreiras e

posteriormente trabalhada pela ação hídrica:

pluvial e fluvial, dando as conformações

atuais do modelado.

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O estudo da representação das

feições a partir dos modelos de terreno que

se referem as compartimentações

geomorfológicas nos permitem uma leitura

mais adequada do comportamento do relevo

e assim pode-se tomar decisões mais

adequadas sobre a organização do espaço.

4.2. – Litoral Sul de João Pessoa: compartimento planáltico

Está compreendida

entre as fozes dos rios

Gramame ao Sul e ao

Norte a antiga foz do

rio Jaguaribe (FIG.

10). Assim sendo,

temos que a leitura in

loco não nos permite,

a não ser a partir de

imaginação, como

está relacionada à foz

com as cabeceiras, os

perfis impressos na

paisagem, as

singularidades

encontradas em cada

feição do relevo, para

essa situação ser

consolidada é

necessário uma

visualização técnico-

científica, assim faz

uso de vários recursos de visualização desde fotografias a imagens de satélites, modelos

Figura 10 – Rios do litoral pessoense.

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tridimensionais entre outras técnicas mais aprofundadas nos próximos capítulos. Cada

compartimento foi analisado a partir de suas bacias hidrográficas que estão descritas na seguinte

ordem de sentido Sul Norte. É interessante observar ainda como foi apresentado por VIANA

(2009) o compartimento planáltico apresenta-se com uma vertente para o mar bastante íngreme,

o que é chamado de falésia. No entanto entre os interflúvios, há a predominância no relevo desse

tipo de vertente: as falésias como penhascos, tomando aqui o qual nos aponta Bunting12

.

4.2.1 O Rio Gramame com compartimento de maior envergadura para o litoral pessoense

A seguir uma configuração para se entender o comportamento das forcas que interagem

na costa pessoense o perfil longitudinal de um rio13

, como o primeiro modelo o do Rio Gramame

que tem sua foz localizada no Litoral Sul de João Pessoa (FIG 11).

Figura 11 - Perfil Longitudinal do Rio Gramame.

No sentido Sul-Norte, encontramos a primeira bacia hidrográfica que recorta o litoral

pessoense a bacia do Rio Gramame (FIG. 12) que se localiza entre as latitudes 7º11' e 7º23' sul e

12

Brian T. Bunting – geografia do solo. Ângulos de encostas e formação de solos. 13

Perfil longitudinal de um rio – serve para representar a declinação do rio. Sua representação gráfica corresponde

a relação entra a altimetria e o comprimento do curso d’agua. O perfil característico é côncavo com maior inclinação

próximo à nascente, diminuindo em direção a foz. Ou nível de base. Guerra. p.323;

Ponto de equilíbrio

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as longitudes 34º48' e 35º10' oeste, no litoral do Estado da Paraíba. Abrange uma área de 589,10

km². O seu recorte na linha litorânea configura em um vale de fundo chato (FIG. 13).

Figura 12 - Bacia hidrográfica do Rio Gramame.

Fonte: Dalvanira Mabel julho/88

Figura 13 - Foz do Rio Gramame caracterizando a visualização do vale de

fundo chato. Fonte imagens do Google Earth.

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O Rio Gramame adquire seu perfil de equilíbrio dentro da divisa entre os

municípios de João Pessoa e Conde, ao atingir as planícies litorâneas no município de João

Pessoa o Rio Gramame “serpenteia”, ou seja, adquire meandrificações (FIG. 14) e cada vez

mais perto de sua foz essa característica se mostra mais visível. Segundo Strahler a busca

desse equilíbrio o rio adquire uma característica de meandrificação sendo dominante a

erosão lateral. Esse processo natural de erosão ocorre por anos de forma que seu trabalho

constante vai imprimir na paisagem costeira uma característica marcante.

Figura 14 - Meandros do Rio Gramame próximos de sua foz.

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4.2.2 Riacho Camurupim

Na seqüência da

compartimentação dos

ambientes costeiros do

litoral sul de João Pessoa

encontramos o Riacho

Camurupim, possuindo

uma pequena bacia

hidrográfica. Sua foz

encontra-se barrada pelo

cordão litorâneo,

impedindo do rio chegar ao

mar, essa situação é

estabelecida pela falta de

força do rio quando por época da estiagem de verão. Há também na foz um processo de

impermeabilização, pois acima do

curso foi construída uma estrada

para passagem de carros (FIG. 15).

Com a canalização foi construído

um balneário formado no entorno

atrai muitos banhistas, que de

forma direta e indireta, agridem o

ecossistema de mangue que

encontramos no local do riacho

(FIG. 16).

Figura 15 - Desembocadura do Riacho Camurupim.

Fonte: Google Earth

Figura 16 - Foz do Riacho Camurupim.

Desembocadura do Riacho

Camurupim encontra-se

canalizada.

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4.2.3 - Rio Cuiá curso, afluente e foz

O rio Cuiá tem o seu principal afluente o rio Laranjeiras (FIG 17) nasce em

superfície planáltica e desce de uma altitude aproximada entre 40 e 50 metros, percorrendo

aproximadamente 9km, por isso denota competência na retilinearidade, pois quase não é

meandrificado.

Como esse rio de maior competência ele consegue, mesmo em período de estiagem

vencer o mar na questão da deposição de sedimentos, pois o cordão litorâneo não consegue

fechar o rio, este então acaba por depositar as águas no mar (FIG. 18).

Figura 17 – Curso do rio Cuiá e seu principal afluente rio Laranjeiras

Fonte: Google Earth 2009

Rio Laranjeiras

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Figura 18 – Foz do rio Cuiá rompendo a força do mar na deposição dos sedimentos litorâneos.

Fonte: Google Earth

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4.2.4 – Riacho Jacarapé

A partir da foz do rio Cuiá indo em direção Norte surgem mais três grandes feições

oriundas da erosão no planalto a partir da incidência pluviométrica. No entanto, o que nos

chama bastante a atenção é o Riacho Jacarapé, cuja relação aos seus vizinhos aparenta ser

bem jovem, isso por conta de que ainda está sendo trabalhado pela erosão.

Figura 19 - Olhando na linha do horizonte, do mar para o continente surgem duas feições

correspondentes as fozes do rio Cuiá e riacho Jacarapé

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4.2.5 – Riacho Aratu

O riacho14

Aratu (FIG. 20) ele é outro fato geográfico que tem pouco tempo de

existência, tomando que ele surge na superfície de aproximadamente 15 metros e com um

curso de aproximadamente 1 km e uma pequena área de inundação que não atinge 250mts.

Esse riacho também não tem força suficiente para romper o cordão litorâneo, a não ser nos

períodos de muita chuva, pois assim a força estabelecida pelo aguaceiro na bacia hidráulica

auxilia o riacho e ele consegue romper o cordão litorâneo, ficando aberto pelo tempo

denominado de inverno que ocorre entre maio e setembro.

14

Rio e Riachos, a diferença entre esses dois fenômenos está em que “Considera-se um corpo de água como

rio quando a relação vazão/superfície representa uma velocidade maior que 0,0l m/seg” (Schäfer, 1985: 301)

Figura 20 – Riacho Aratu.

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4.2.6 – Rio Cabelo

O rio Cabelo ao se inserir na paisagem de forma de forma singular, que faz jus ao

seu nome, pois, trata-se de um rio estreito e bastante meandrificado, comparando a outros

rios ele assemelha-se a um fio de cabelo (FIG 21). A importância do rio Cabelo é

fundamental na conformação do relevo praial, é um rio que tem sua foz em constante

mudança, em algumas épocas do ano ele muda de conformação dando a similaridade como

uma dança. Essa dança do rio cabelo imprime ao longo do tempo vários pontos de

deposição de material.

Figura 21 - Rio Cabelo composição montada no Google Earth.

Na observação de campo podemos analisar as deposições de sedimentos na foz do

rio Cabelo (FIG 22) e a utilização do mesmo por banhistas.

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Figura 22 - Foz do rio Cabelo, utilizada como balneário pela população.

Figura 23 - Escadaria do santuário de

Nossa Senhora da Penha.

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O rio Cabelo é palco de uma manifestação

religiosa que ocorre todo ano na em João Pessoa que é a procissão de Nossa Senhora da Penha

uma manifestação religiosa que ocorre a cerca de 247 anos, com sua parte mais tradicional, a

romaria, ocorrendo a cerca de 100 anos. Reúne milhares de pessoas todos os anos e uma

caminhada que vai da igreja de Nossa Senhora de Lourdes até o Santuário da Penha (FIG 23) as

margens do rio Cabelo.

Fonte: Arquivo O Norte Online

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4.2.7 O canal de escoamento superficial ao lado do farol do Cabo Branco

Com base em estudos e observação da paisagem e devidamente validado pelo Laudo

Pericial realizado no local em 31 de maio de 2007, pelo Professor Paulo Roberto de Oliveira

Rosa e equipe, podemos destacar uma feição muito singular, uma área de drenagem que forma

um canal de escoamento superficial intermitente que recorta o trecho de falésia (FIG. 24), ao

lado do farol do Cabo Branco, e joga toda carga de sedimentos no mar (FIG. 25).

Figura 24 - Desembocadura do riacho intermitente.

Data: 31 de maio de 2007

Foto: Maria Barros

Desembocadura do canal de

escoamento recortando a falésia do

Cabo Branco, observa-se antigas

edificações destruídas pela força da

água.

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Figura 25 - Sedimentos oriundos da drenagem superficial do canal de

escoamento superficial intermitente.

Data: 31 de maio de 2007

Foto: Maria Barros

A área do canal de escoamento hoje se encontra modificada, pois, uma obra realizada no

local mudou a configuração da drenagem, esta agora não deposita mais seu sedimento no mar

provocando um desequilíbrio ambiental. Com base no laudo pericial do local podemos destacar

alguns questionamentos e respostas obtidos pelo mesmo.

Abaixo estão descritos os quesitos formulados pela Exma

. Deputada Dra

Nadja Palitot e logo a seguir as respostas a cada um deles:

Quesito 1 - Houve agressão ao meio ambiente no local em que está

ocorrendo a ocupação?

Resposta 1: Sim houve agressão no sentido que se quebrou o sistema ambiental

referente à drenagem, a vegetação, ao relevo e a interrupção de matéria para o

sistema vizinho.

Quesito 2 - Em caso positivo, quais são essas agressões?

Resposta 2: A região que contém a micro bacia hidrográfica foi bastante

danificada com a terraplanagem. A hidrografia foi alterada, sendo alterada

também o volume e o fluxo das águas, o lenços freático será alterado com a

impermeabilização do lugar. A vegetação foi suprimida da área, assim como

todo o sistema onde ocorre a serrapilheira.

Quesito 3 - Em caso de constatação, qual a extensão desses danos/

Resposta 3: Num primeiro momento o que põe em destaque é o fluxo e volume

hídrico que irá atuar diretamente no sistema vizinho, os recifes marinho

Carga de sedimentos oriundos da

drenagem superficial.

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imediatamente a frente do Cabo Branco. O lenço freático será alterado, logo, o

solo e o subsolo irão perder a umidade que age como elemento agregador das

partículas sedimentares (areia e argila) dessa área do Planalto. A retirada da

vegetação até as proximidades da Falésia na área mais ao Norte irá ampliar a

fragilidade do ambiente. A carga de pressão que será proporcionada pelo tráfego

irá abalar a estrutura nessa área mais ao Norte a cumeada da Falésia.

Quesito 4 - Ainda em se constatando o dano agressivo, quais as

medidas mitigadoras?

Resposta 3: A área, dado a fragilidade de sua paisagem, não permite edificação

que sobrecarregue o sistema natural, o máximo que ela, a paisagem permite,

seria uma ocupação mais adequada ao próprio sistema ambiental, com baixa

quantidade de solo impermeabilizado, mínima alteração na população vegetal e

um EIA/RIMA com técnicos e cientistas que já desenvolvem trabalhos e

pesquisas no lugar.

Figura 26 - Localização da rede de drenagem superficial e da área em litígio.

Fonte: Labema laudo pericial.

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4.3 – Compartimentação geomorfológica do litoral Norte de João Pessoa

A compartimentação geomorfológica do litoral Norte de João Pessoa caracteriza-se por

uma área de planícies, que tem inicio no Cabo Branco e estende-se até o limite com Cabedelo.

Dentro desta conformação do relevo podemos observar três enseadas (FIG. 27) sendo

estas localizadas nos bairros do Cabo Branco, Tambaú, Manaira e Bessa, podemos observar

nesta região a ausência de rios recortando este trecho de litoral, com exceção do Bessa que

abriga o rio Jaguaribe tratado no tópico seguinte.

Figura 27 - Litoral Norte de João Pessoa.

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A área de planície é bastante sedimentada, destacando a presença de dunas ao longo de toda a

linha litorânea, a maior parte destas dunas encontra-se fixadas por vegetação de praia (FIG 28),

a exceção dos trechos de maior fluxo de pessoas e pontos de edificações.

Figura 28 - Dunas com vegetação fixadora na divisa entre as praias de Manaíra e Bessa.

Dentro destas enseadas podemos destacar ainda alguns trechos de maior

vulnerabilidade, trechos que estão sofrendo constante ataque do mar, no Cabo Branco destaque

para uma faixa que vai do restaurante Bargaço ao ponto do girador da Avenida Cabo Branco,

este ponto sofre constantes ataques do mar (FIG 29), em Manaíra podemos citar a área que vai

do hotel Tambaú até as mediações da Praça de Manaíra, esse é um trecho que sofre agressão

direta do mar, podemos observar pontos já destruídos por essa ação (FIG 30).

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Figura 29 – Praça de Iemanjá no Cabo Branco.

Figura 30 – Mar em contato com a calçada entre Tambaú e Manaíra.

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Seguindo no sentido Sul Norte podemos observar mais um ponto que é o Iate Clube um

local já bastante erodido pelo mar, onde os muros de contenção são refeitos constantemente

para que o mar não destrua as edificações (FIG 31).

Figura. 31 - Muros de contenção para proteger as edificações na praia do Bessa.

4.3.1 – Áreas de acúmulos de areia e dunas

Ao longo do litoral Norte de João Pessoa encontramos trechos de areias que formam

micro dunas e dunas, essa área compreende do Cabo Branco ao fim do bairro do Bessa (FIG

32)

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Figura 32 – Planícies costeiras no Cabo Branco.

A preservação das dunas é muito importante para que a cidade não venha a sofrer com

as agressões do mar, pois funcionam como barreira natural de contenção. Para que estas dunas

venham a se fixar no solo a presença de vegetação é indispensável (FIG. 33).

Figura 33 - área de preservação da vegetação fixadora de dunas.

Região de acumulo de

areias no Cabo Branco,

com vegetação fixadora

de dunas.

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Por sua importância para a fixação das dunas as áreas que encontram este tipo de

vegetação são preservadas e regidas pela lei Nº 7.661 decreto federal nº 5.300, onde é proibido

a instalação de quais quer equipamentos sobre as plantas.

4.3.2 - Maceió do Bessa

Dentro da caracterização podemos ainda destacar a existência de um maceió, localizado

no bairro do Bessa (FIG. 34), que é responsável por drenar parte da água das chuvas para o

mar. Entende-se por maceió, região lagoeira no litoral, formada pelas águas do mar nas grandes

marés, e também pelas águas das chuvas.

Essa é uma região de vital importância para que a população não venha sofrer com

alagamentos, pois o Bessa possui um histórico de problemas com a drenagem superficial, em

vários períodos do ano o bairro encontra-se alagado. O maceió localiza-se no sentido Sul Norte

logo depois do Iate Clube da Paraíba, encontra-se atualmente em estado de engessamento, pois

toda área próxima a foz encontra-se edificada.

Figura 34 – Maceió na área de praia urbana do Bessa.

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Podemos observar (FIG. 35) , como se encontra a configuração urbana no local do

Maceió, uma pista passa sobre a área que é

canalizada para o mar (FIG 36).

Ao atingir o equilíbrio, este maceió adquire sua meandrificação (FIG. 37) e se tratando

de uma área urbana a leitura em campo ainda nos revela o descuidado da população, na FIG

XX podemos observar a presença de crianças, animais e lixos na foz deste maceió.

Figura 37 - Foz do Maceió meandrificada e com presença de crianças

brincando próximo ao lixo.

Figura 35 – Configuração da urbanização no

maceió do Bessa. Figura 36 - Área de drenagem para o mar do

maceió.

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4.3.3 - O rio Jaguaribe

O rio Jaguaribe é um dos mais importantes rios de João Pessoa, seu curso d'água possui

uma extensão aproximada de 21 quilômetros até sua desembocadura no oceano Atlântico, entre

o Bessa e o bairro de Intermares, em Cabedelo (FIG. 38). Seus principais afluentes são o

Timbó, pela margem direita, e o riacho dos Macacos, na margem esquerda, segundo Sérgio

Tavares “hoje desaparecido em razão da expansão do bairro da Torre e de parte do bairro de

Jaguaribe”.

Figura 38 – foz do rio Jaguaribe na divisa entre João Pessoa e Cabedelo.

No entanto, a configuração do rio Jaguaribe em relação a sua foz é complexa, pois, ao

longo dos tempos geológicos sua foz varia. Segundo Rosa, o rio Jaguaribe rompeu a falésia e

obteve sua possível foz, que um dia foi onde hoje é o girador do Altiplano Cabo Branco (FIG.

39) e hoje se encontra confinado entre a planície costeira e a falésia.

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Figura 39 - Possível foz do rio Jaguaribe no pretérito.

Fonte: Jornal Contra PONTO – PB Março de 2009

Confinado entre essas duas unidades do relevo, a planície costeira e a falésia, o

Jaguaribe ainda encontra mais alguns fatores que contribuem para intervir nas relações de

forças existentes, que é o confinamento pela ação humana, uma ação nociva ao equilíbrio

natural e de todo ecossistema, que se encontra em um rio e em todo seu entorno.

A população contribui de forma nociva com a constante falta de cuidado com lixo,

fazendo deste rio um local de depósito. Segundo dados da Prefeitura Municipal de João Pessoa

na dragagem realizada em 2005 foram retirados 17 mil metros cúbicos de entulhos do seu leito.

Entre os entulhos: móveis, utensílios domésticos, lixo e até um cadáver foram encontrados

(FIG. 40).

Algumas observações em campo podem dar uma

noção do que acontece com a falta de cuidado com o meio

ambiente, podemos ver que o rio não tem mais força para

romper a linha litorânea (FIG. 41) e que seu fluxo de água

encontra-se estagnado, em alguns trechos o fluxo chega a

inverter devido a força dos ventos.

Figura 40 - Retirada de lixo as

margens do rio Jaguaribe.

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Figura 41 - Foz do rio Jaguaribe.

QUINTA PARTE

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O relevo no litoral Sul de João Pessoa é marcado pela presença de seis rios e riachos que

imprimem sua força no modelado do relevo marcando as falésias da formação Barreiras, que

trata-se de uma área não urbanizada, mas já marcada pela ação antrópica, por se tratar de uma

região de beleza singular torna-se atrativo turístico.

A ação do homem no meio foi observada ao logo dos trabalhos ao identificarmos estradas

de barro que cortam a falésia em vários trechos do litoral, estradas pavimentadas e barracas de

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praia. Observamos o início de ravinas em pontos das estradas de barro e queda constante de

barreiras.

A observação da configuração do relevo nos mostra uma marcante característica no

sentido da deposição dos sedimentos do litoral de João Pessoa. O litoral Sul, responsável por

abrigar a maior parte dos rios do recorte litorâneo, é o agente de descarga sedimentar, ou seja, ele

deposita areia e esta é transportada pelas correntes marinhas que é em sentido Sul Norte.

Vimos em campo estas conformações onde a matéria depositada por esses rios começa a

se acumular formando as praias do litoral norte, praias marcadas por extensões de areias e

dunas.Este acúmulo de areia inicia-se na planície litorânea, que compreende o trecho que vai da

praia do Cabo Branco até o Bessa, porém esse acúmulo de matéria não é uniforme, alguns pontos

do litoral Norte apresentam acúmulos enquanto outros pontos, perda de matéria.

O acúmulo sedimentar foi observado nas enseadas, próximos aos pontões, em sentido sul

e a perda do material logo após na parte norte, os pontões funcionam como gabiões fazendo com

que a praia acumule sedimentos em um dos lados.

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APÊNDICE

Relatório de campo

A excursão exploratória com o objetivo

de observar e descrever mesmo que de

forma elementar as feições do relevo

costeiro do litoral sul de João Pessoa teve

inicio às 6 horas da manha do dia 29 de

novembro de 2009 o primeiro local de

parada foi na vertente esquerda do Rio

Gramame onde pudemos observar

algumas características básicas do local, a

formação do solo é barreiras com

presença de concreções ferruginosas esse

solo torna-se frágil se estiver exposto, ou

seja, desmatado, e assim sendo vulnerável

ao trabalho da ação erosiva (FIG 42).

Ainda na vertente esquerda do Gramame

podemos ir a sua cumeada para poder ter

uma visão panorâmica de toda a extensão

da foz do rio (FIG 43). A área do fundo

do vale do Gramame é bastante

sedimentada em sua foz com formação de

dunas e restinga formando uma pequena

ilha próximo ao mar. A região é bastante

rica em manguezais (FIG 44), uma região

frágil que tem que ser preservada, pois, o

local já é uma área de atração para

banhistas.

Figura 42 - Processo de ravinamento da

vertente esquerda do Rio Gramame.

Figura 43 - Vista panorâmica da foz do Rio

Gramame

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Figura 44 - Manguezal do Rio Gramame.

A caminhada prosseguiu rumo à

praia com, chegando às margens do Rio

Gramame podemos observar sua força,

que deposita muito material na praia, esse

material em alguns pontos forma pequena

ilhas de areia. Seguindo a linha de praia

sentido Sul Norte, sentido da corrente

marinha, podemos ver uma das principais

características do relevo da região sul do

litoral de João Pessoa, as falésias, que

nesta área de estudo encontram-se em

atividade com o mar (FIG 45), essa

característica predomina no cenário das

praias do litoral sul de João Pessoa.

O nosso trabalho de campo foi

marcado por uma forte chuva, que teve

inicio no trecho das falésias, enfrentando

a chuva encontramos o segundo local de

observação que foi o Riacho Camurupim,

uma pequena bacia hidrográfica que

deságua no mar formando mais uma

feição marcante, no local, podemos

observar que a foz do riacho foi

completamente agredida pela a ação

humana, no local foi construído uma

estrada e uma tubulação para canalizar a

água do riacho, comprometendo todo o

fluxo natural do rio. Ainda vimos à

utilização da área como um balneário com

uma estrutura voltada para os banhistas

(FIG 46).

Figura 45 - Falésia ativa situada na vertente

esquerda do Rio Gramame, com

predomínio de calcário.

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Figura 46: Desembocadura do Riacho

Camurupim.

Em seguida, caminhamos rumo ao Rio

Cuia com uma alta meandrificação

próximo a sua foz, uma área rica em

sedimentos, vimos a presença de muitas

dunas (FIG 47).

Figura 47 - Foz do Rio Cuia

A excursão foi marcada por uma

forte chuva que por volta das 9 horas nos

atingiu tornando nossa caminhada ainda

mais emocionante, pois em alguns trechos

recortados por falésias e cercado por

rochas, ficou complicada nossa passagem

(FIG 48).

Figura 48 - Área de risco de desabamento

de falésia.

A seqüência do nosso trabalho

deu-se de forma mais tranqüila, quanto a

segurança dos trechos, fomos alertados

por barraqueiros da região para termos

cuidado, pois segundo ele, estava

ocorrendo assaltos em alguns trechos do

caminho, podemos observar na pratica o

que este barraqueiro nos informou, ao

seguidos por algumas pessoas e

encontrarmos alguns brigas de banhistas

que se encontravam no local.

Ainda em nossa caminhada

encontramos um pequeno riacho que não

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tem nome, esse riacho sem nome gerou

muitas duvidas, em investigação para

tentar descobrirmos seu nome foi em vão

pois na carta topográfica e em entrevistas

com moradores do local, não obtive a

informação a respeito do nome do riacho.

O fim do trabalho exploratório

deu-se na Praia do Seixas, observando o

Rio Cabelo o último rio da

compartimentação sul do litoral

pessoense, este rio possui um

singularidade a respeito de sua foz pois

como o próprio nome diz Cabelo trate-se

de um rio muito fino, sua foz encontra-se

em constante mudança. A respeito da

ação antrópica podemos dizer que é um

rio já em área urbana, conseqüentemente,

agredido pelo homem, pode-se encontrar

edificações ao entorno do rio.

Nosso trabalho foi marcado por

muitas interações, clima hidrografia

relevo e homem, com suas ações

marcantes na paisagem, por fim

encontramos resquícios de uma das mais

importantes manifestações culturais de

João Pessoa ocorre na véspera do nosso

trabalho, comemora-se neste dia Nossa

Senhora da Penha. Uma procissão que

reúne milhares de fieis em uma

caminhada que perdura uma noite com

fim ao amanhecer do dia seguinte. Esse

final foi o dia que coincidiu com nosso

trabalho, e termina na Igreja da Penha,

local onde o Rio Cabelo passa, tornando

assim nossa excursão exploratória com as

graças de uma cultura marcante para essa

população.

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Relatório de campo II

No intuito de compreender a extensão

total do litoral de João Pessoa, foi realizado

um segundo trabalho de campo, cobriu o

litoral Norte da cidade, trecho não percorrido

no primeiro campo. O levantamento do litoral

Norte deu-se a partir da praia do Cabo Branco

no dia 22 de Dezembro de 2009, o intuito foi

observar as feições existentes neste trecho.

No local onde o farol do Cabo Branco

localiza-se encontramos uma área de risco de

desabamento que atualmente encontra

cercada (FIG 49).

Figura 49 – Área cercada para evitar maiores

danos à falésia.

O trânsito no local foi modificado

para que o impacto dos veículos sobre a

falésia fosse minimizado.

Em seguida, podemos observar

formações de corais no trecho de praia que se

segue a ponta do Cabo Branco, dando inicio a

planícies costeiras do nosso litoral. Nessa

área podemos observar a formação de dunas

devido a deposição de areias pelos ventos e

correntes marinhas (FIG 50).

Figura 50 – Planícies costeiras no Cabo Branco.

No trecho ainda destacamos a

presença da vegetação fixadora de dunas

(FIG51), que marca a paisagem em todo

percurso, está vegetação é de fundamental

importância para a fixação das areias nas

praias, impedindo que estas venham a causar

futuros prejuízos com o avanço sobre as vias

públicas.

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Figura 51 – Área de preservação lei Nº 7.661

decreto federal Nº 5.300

O trecho seguinte da caminhada nos

leva a uma grande enseada que vai da ponta

do Cabo Branco ao hotel Tambaú, marcado

por praias largas, dunas e vegetação fixadora.

Logo após o hotel Tambaú começa a

praia de Manaira e o primeiro ponto de

agressão do mar na via publica, o trecho que

vai da parte posterior do hotel as mediações

da quadra de Manaíra encontra-se com pouca

sedimentação, deixando assim o caminho

livre para que o mar avance durante a maré

alta.

Após esse ponto critico a praia volta a

adquirir acúmulos de material formando

novamente dunas e aparecendo a vegetação

típica (FIG 52).

Figura 52 – Praia de Manaíra.

Mais alguns pontos críticos são

observados ao longo do percurso como caso

do Iate Clube (FIG 53)

Figura 53 – Muro de arrimo construído para

deter o mar em frente ao Iate Clube, praia do

Bessa.

Em seguida encontramos ainda um

maceió que tem sua drenagem num trecho de

área urbana atualmente encontrando-se

confinado (FIG 54).

Figura 54 – Maceió do Bessa em uma área

confinada.

Por fim pudemos observar a foz do

rio Jaguaribe, rio que foi marcado ao logo de

seu percurso a sua foz, por inúmeros crimes

ambientais (FIG 55).

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Figura 55 – Foz do rio Jaguaribe no limite da

cidade de João Pessoa.

Hoje o rio Jaguaribe não tem força

para romper o cordão litorâneo e depositar

suas águas no mar chegando ao ponto de sua

corrente se inverter devido à ação dos ventos