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Os arquivos de Vó Alda

Os arquivos de Vó Alda - cjt.ufmg.br · com a ingenuidade do primeiro amor rever os meus companheiros matar a saudade e delirar de novo Volver aos meus 17, Viver passageiro e só

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Os arquivos de

Vó Alda

orelhas 10cmlombada 1 cm15 x 22 frente

nao pode passar de 55 cm

Reparação Psíquica e Construção de Memórias

Clínicas do

Clínicas do

S i g m u n d F r e u d A S S o c i A ç ã o P S i c A n A l í t i c AS i g

9 788588 022096

ISBN 978-85-88022-09-6

ilustraçao da capa: monotipia “tortura” de enio Squeff

fonte:maquina escrever: Kingthings Trypewriter Pro

Reparação Psíquica e Construção de Memórias

guri d’AmÉricA

— Raul Ellwanger

tomar o vinho da terra

com a ingenuidade do primeiro amor

rever os meus companheiros

matar a saudade e delirar de novo

Volver aos meus 17,

Viver passageiro e só aventurar

guri da América latina

Ave peregrina do que vai raiar

montevideo, Santiago e Buenos Aires

cantarolando donaires escuchados al pasar

entre mercados, fábricas, delegacias

mario, gonga e Seu Alfredo até pintar a luz do dia

Ser viajante no convéz da liberdade

Possuir cada cidade, cada amigo e cada amante

pai da psicanálise, Sigmund Freud, costumava descrever seu trabalho com uma metáfora que, além de bela, é esclarece-

dora para todos os que não somos conhecedores do processo analítico. “gostávamos”, disse Freud, “de compará-lo à técnica de escavar uma cidade soterrada”. tal qual um arqueólogo diante das ruínas de roma Antiga, o psicanalista tentaria descobrir, dispersando as camadas de terra a golpes de pincel, colunas despedaçadas, ossos soterrados, frag-mentos de muralhas há muito derrubadas. Quando insistente, quando bom interpretador, este explorador pode conseguir recompor pouco a pouco a trama de significados que envolve cada objeto encontrado, tra-zendo à tona uma história que, muito embora nos constitua, não somos capazes de enxergar.

Se não elaboram seus traumas, se não enterram seus mortos, sujeito e sociedade veem-se fadados a repetir os seus fracassos. eis a impor-tância deste projeto: a escuta oferecida pelas clínicas do testemunho, resgatando da vala comum da memória os efeitos subjetivos dos crimes da ditadura, faz parte dos esforços que devemos empreender na tentati-va de construir um país cujas instituições deixem de ser o principal vio-lador para se tornar o efetivo garantidor dos direitos de seus cidadãos. Sabemos que um estado solapado por ditadores tentou calar as vozes dos que gritavam contra a opressão. mas se há algo que nos ensinam os psicanalistas é que, calados, os gritos ressoam ainda mais forte.

Paulo Abrão

reAliZAção:

capa-Tortura-completa.indd 1 10/19/14 12:45 PM

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orelhas 10cmlombada 1 cm15 x 22 frente

nao pode passar de 55 cm

Reparação Psíquica e Construção de Memórias

Clínicas do

Clínicas do

S i g m u n d F r e u d A S S o c i A ç ã o P S i c A n A l í t i c AS i g

9 788588 022096

ISBN 978-85-88022-09-6

ilustraçao da capa: monotipia “tortura” de enio Squeff

fonte:maquina escrever: Kingthings Trypewriter Pro

Reparação Psíquica e Construção de Memórias

guri d’AmÉricA

— Raul Ellwanger

tomar o vinho da terra

com a ingenuidade do primeiro amor

rever os meus companheiros

matar a saudade e delirar de novo

Volver aos meus 17,

Viver passageiro e só aventurar

guri da América latina

Ave peregrina do que vai raiar

montevideo, Santiago e Buenos Aires

cantarolando donaires escuchados al pasar

entre mercados, fábricas, delegacias

mario, gonga e Seu Alfredo até pintar a luz do dia

Ser viajante no convéz da liberdade

Possuir cada cidade, cada amigo e cada amante

pai da psicanálise, Sigmund Freud, costumava descrever seu trabalho com uma metáfora que, além de bela, é esclarece-

dora para todos os que não somos conhecedores do processo analítico. “gostávamos”, disse Freud, “de compará-lo à técnica de escavar uma cidade soterrada”. tal qual um arqueólogo diante das ruínas de roma Antiga, o psicanalista tentaria descobrir, dispersando as camadas de terra a golpes de pincel, colunas despedaçadas, ossos soterrados, frag-mentos de muralhas há muito derrubadas. Quando insistente, quando bom interpretador, este explorador pode conseguir recompor pouco a pouco a trama de significados que envolve cada objeto encontrado, tra-zendo à tona uma história que, muito embora nos constitua, não somos capazes de enxergar.

Se não elaboram seus traumas, se não enterram seus mortos, sujeito e sociedade veem-se fadados a repetir os seus fracassos. eis a impor-tância deste projeto: a escuta oferecida pelas clínicas do testemunho, resgatando da vala comum da memória os efeitos subjetivos dos crimes da ditadura, faz parte dos esforços que devemos empreender na tentati-va de construir um país cujas instituições deixem de ser o principal vio-lador para se tornar o efetivo garantidor dos direitos de seus cidadãos. Sabemos que um estado solapado por ditadores tentou calar as vozes dos que gritavam contra a opressão. mas se há algo que nos ensinam os psicanalistas é que, calados, os gritos ressoam ainda mais forte.

Paulo Abrão

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orelhas 10cmlombada 1 cm15 x 22 frente

nao pode passar de 55 cm

Reparação Psíquica e Construção de Memórias

Clínicas do

Clínicas do

S i g m u n d F r e u d A S S o c i A ç ã o P S i c A n A l í t i c AS i g

9 788588 022096

ISBN 978-85-88022-09-6

ilustraçao da capa: monotipia “tortura” de enio Squeff

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Reparação Psíquica e Construção de Memórias

guri d’AmÉricA

— Raul Ellwanger

tomar o vinho da terra

com a ingenuidade do primeiro amor

rever os meus companheiros

matar a saudade e delirar de novo

Volver aos meus 17,

Viver passageiro e só aventurar

guri da América latina

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montevideo, Santiago e Buenos Aires

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mario, gonga e Seu Alfredo até pintar a luz do dia

Ser viajante no convéz da liberdade

Possuir cada cidade, cada amigo e cada amante

pai da psicanálise, Sigmund Freud, costumava descrever seu trabalho com uma metáfora que, além de bela, é esclarece-

dora para todos os que não somos conhecedores do processo analítico. “gostávamos”, disse Freud, “de compará-lo à técnica de escavar uma cidade soterrada”. tal qual um arqueólogo diante das ruínas de roma Antiga, o psicanalista tentaria descobrir, dispersando as camadas de terra a golpes de pincel, colunas despedaçadas, ossos soterrados, frag-mentos de muralhas há muito derrubadas. Quando insistente, quando bom interpretador, este explorador pode conseguir recompor pouco a pouco a trama de significados que envolve cada objeto encontrado, tra-zendo à tona uma história que, muito embora nos constitua, não somos capazes de enxergar.

Se não elaboram seus traumas, se não enterram seus mortos, sujeito e sociedade veem-se fadados a repetir os seus fracassos. eis a impor-tância deste projeto: a escuta oferecida pelas clínicas do testemunho, resgatando da vala comum da memória os efeitos subjetivos dos crimes da ditadura, faz parte dos esforços que devemos empreender na tentati-va de construir um país cujas instituições deixem de ser o principal vio-lador para se tornar o efetivo garantidor dos direitos de seus cidadãos. Sabemos que um estado solapado por ditadores tentou calar as vozes dos que gritavam contra a opressão. mas se há algo que nos ensinam os psicanalistas é que, calados, os gritos ressoam ainda mais forte.

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Os arquivos de

Vó Alda

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Esta publicação é resultado de iniciativa fo-mentada com verbas do projeto Clínicas do Testemunho da Comissão de Anistia, seleciona-da por meio de edital público. Por essa razão, as opiniões e dados contidos na publicação são de responsabilidade de seus organizadores e auto-res, e não traduzem opiniões do Governo Fede-ral, exceto quando expresso em contrário.

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Os arquivos de

Vó Alda

orelhas 10cmlombada 1 cm15 x 22 frente

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Reparação Psíquica e Construção de Memórias

Clínicas do

Clínicas do

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ilustraçao da capa: monotipia “tortura” de enio Squeff

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Volver aos meus 17,

Viver passageiro e só aventurar

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Ave peregrina do que vai raiar

montevideo, Santiago e Buenos Aires

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Ser viajante no convéz da liberdade

Possuir cada cidade, cada amigo e cada amante

pai da psicanálise, Sigmund Freud, costumava descrever seu trabalho com uma metáfora que, além de bela, é esclarece-

dora para todos os que não somos conhecedores do processo analítico. “gostávamos”, disse Freud, “de compará-lo à técnica de escavar uma cidade soterrada”. tal qual um arqueólogo diante das ruínas de roma Antiga, o psicanalista tentaria descobrir, dispersando as camadas de terra a golpes de pincel, colunas despedaçadas, ossos soterrados, frag-mentos de muralhas há muito derrubadas. Quando insistente, quando bom interpretador, este explorador pode conseguir recompor pouco a pouco a trama de significados que envolve cada objeto encontrado, tra-zendo à tona uma história que, muito embora nos constitua, não somos capazes de enxergar.

Se não elaboram seus traumas, se não enterram seus mortos, sujeito e sociedade veem-se fadados a repetir os seus fracassos. eis a impor-tância deste projeto: a escuta oferecida pelas clínicas do testemunho, resgatando da vala comum da memória os efeitos subjetivos dos crimes da ditadura, faz parte dos esforços que devemos empreender na tentati-va de construir um país cujas instituições deixem de ser o principal vio-lador para se tornar o efetivo garantidor dos direitos de seus cidadãos. Sabemos que um estado solapado por ditadores tentou calar as vozes dos que gritavam contra a opressão. mas se há algo que nos ensinam os psicanalistas é que, calados, os gritos ressoam ainda mais forte.

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Porto Alegre, 2015

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Conselho Editorial

Maity Siqueira - UFRGSClarissa Dirani - UNISINOSNey Fayet Júnior - PUCRSEnrico Silveira Nora - PUCRSPedro Augustin Adamy - PUCRS

Claudia Perrone - UFSMMiriam Grossi - UFSCMaria L. Tiellet Nunes - PUCRSDraiton G. de Souza - PUCRSTheobaldo Thomaz - UFCSPA

Coordenação EditorialRosana Nora e Claudia Perrone

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio e para qualquer fim, sem a autorização prévia da editora. Obra protegida pela Lei dos Direitos Autorais.

Celso Halperin - SBPPACarlos P. Thompson Flores - PUCRSDenise Hausen - CEP de PACarlos Alberto Veit - UNIRITTERRegina Zilberman - UFRGS

Editora Criação HumanaRua Mostardeiro 157/1006 – Moinhos de VentoCEP 90430-001 – Porto Alegre – RSTelefone: (51) 3346.5795Email: [email protected]: Criacao Humana Editorawww.criacaohumana.com.br

Monotipia da Capa gentilmente cedida porEnio Squeff

Diagramação e ImpressãoEvangraf - (51) 3336.2466

Projeto GráficoEditora Criação HumanaDADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO

Elaborado pela bibliotecária Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147

S576a Sigmund Freud Associação Psicanalítica

Os arquivos de vó Alda / Sigmund Freud Associação Psicanalítica [Org.] ; ilustração de Enio Squeff . – Porto Alegre : Criação Humana, 2015. – 68 p. – ISBN 978-85-88022-12-6 1. Psicanálise. 2. Trauma. 3. Memória. 4. Arquivo Público. 5. História do Brasil. I. Título. II. Squeff, Enio.

CDU: 159.964.2

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SIGMUND FREUD ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA - GESTÃO 2015/2017

orelhas 10cmlombada 1 cm15 x 22 frente

nao pode passar de 55 cm

Reparação Psíquica e Construção de Memórias

Clínicas do

Clínicas do

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9 788588 022096

ISBN 978-85-88022-09-6

ilustraçao da capa: monotipia “tortura” de enio Squeff

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Reparação Psíquica e Construção de Memórias

guri d’AmÉricA

— Raul Ellwanger

tomar o vinho da terra

com a ingenuidade do primeiro amor

rever os meus companheiros

matar a saudade e delirar de novo

Volver aos meus 17,

Viver passageiro e só aventurar

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entre mercados, fábricas, delegacias

mario, gonga e Seu Alfredo até pintar a luz do dia

Ser viajante no convéz da liberdade

Possuir cada cidade, cada amigo e cada amante

pai da psicanálise, Sigmund Freud, costumava descrever seu trabalho com uma metáfora que, além de bela, é esclarece-

dora para todos os que não somos conhecedores do processo analítico. “gostávamos”, disse Freud, “de compará-lo à técnica de escavar uma cidade soterrada”. tal qual um arqueólogo diante das ruínas de roma Antiga, o psicanalista tentaria descobrir, dispersando as camadas de terra a golpes de pincel, colunas despedaçadas, ossos soterrados, frag-mentos de muralhas há muito derrubadas. Quando insistente, quando bom interpretador, este explorador pode conseguir recompor pouco a pouco a trama de significados que envolve cada objeto encontrado, tra-zendo à tona uma história que, muito embora nos constitua, não somos capazes de enxergar.

Se não elaboram seus traumas, se não enterram seus mortos, sujeito e sociedade veem-se fadados a repetir os seus fracassos. eis a impor-tância deste projeto: a escuta oferecida pelas clínicas do testemunho, resgatando da vala comum da memória os efeitos subjetivos dos crimes da ditadura, faz parte dos esforços que devemos empreender na tentati-va de construir um país cujas instituições deixem de ser o principal vio-lador para se tornar o efetivo garantidor dos direitos de seus cidadãos. Sabemos que um estado solapado por ditadores tentou calar as vozes dos que gritavam contra a opressão. mas se há algo que nos ensinam os psicanalistas é que, calados, os gritos ressoam ainda mais forte.

Paulo Abrão

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Presidente:Eurema Gallo de Moraes

Diretora Administrativa:Simone Engbrecht

Diretora de Ensino:Elenara Vaz Faviero

Diretora Científica:Luciana Rechden da Rocha

Diretora da Clínica Psicanalítica:Rosana De Marchi Steffen

Diretora de Comunicação:Joana Nazário Schmidt

Secretária do Conselho Deliberativo e Fiscal:Bárbara Conte

Presidenta da RepúblicaDilma Vana Rousseff

Ministro da JustiçaJosé Eduardo Cardozo

Secretário-ExecutivoMarivaldo De Castro Pereira

Presidente da Comissão de AnistiaPaulo Abrão

Vice-Presidente da Comissão de AnistiaJosé Carlos Moreira Da Silva Filho

Diretor da Comissão de AnistiaVirginius José Lianza da Franca

Chefe de GabineteRenata Barreto Preturlan

Coordenadora Geral do Memorial da Anistia Política do BrasilRosane Cavalheiro Cruz

Conselheiros da Comissão de AnistiaAline Sueli De Salles SantosAna Maria GuedesAna Maria Lima De OliveiraCarolina De Campos MeloCaroline PronerCristiano Otávio Paixão Araújo PintoEneá De Stutz E AlmeidaHenrique De Almeida CardosoJuvelino José StrozakeManoel Severino Moraes De AlmeidaMárcia Elayne Berbich De MoraesMarina Silva SteinbruchMário Miranda De AlbuquerqueMarlon Alberto WeichertNarciso Fernandes BarbosaNilmário MirandaPrudente José Silveira MelloRita Maria De Miranda SipahiRoberta Camineiro BaggioRodrigo Gonçalves Dos SantosVanda Davi Fernandes De Oliveira

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COMISSÃO DE ANISTIA DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA - COMPOSIÇÃO ATUAL

PRESIDENTE: PAULO ABRÃO: Secretário Nacional de Justiça do Brasil. Presidente do Comitê Nacio-nal para Refugiados, do Comitê Nacional para o Enfrentamento ao Trafico de Pessoas e da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça que promove processos de reparação e memória para as vítimas da ditadura militar de 1964-1985. Diretor do Programa de Co-operação Internacional para o desenvolvimento da Justiça de Transição no Brasil com o PNUD. Integrou o Grupo de Trabalho que elaborou a Lei que institui a Comissão Nacion-al da Verdade no Brasil. Juiz integrante do Tribunal Internacional para a Justiça Restau-rativa em El Salvador. Membro diretor da Coalização Internacional de Sitio de Con-sciência e presidente do Grupo de Peritos contra a Lavagem de Dinheiro da Organização dos Estados Americanos. Atualmente coordena o comitê de implantação do Memorial da Anistia Política no Brasil. Possui doutorado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e é professor do Curso de Mestrado e Doutorado em Direito da Universidade Pablo de Olavide (Espanha). Possui publicações publicadas em revistas e obras em língua portuguesa, inglesa, alemã, italiana e espanhol.

VICE-PRESIDENTE:JOSÉ CARLOS MOREIRA DA SILVA FILHO: Conselheiro desde 25 de maio de 2007. Nascido em São Paulo/SP, em 18 de dezembro de 1971, é graduado em Direito pela Universidade de Brasília, mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Cata-rina e doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente é professor da Faculdade de Direito e do Programa de Pós- Graduação em Ciências Criminais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

DIRETOR:VIRGINIUS JOSÉ LIANZA DA FRANCA: Conselheiro desde 1º de agosto de 2008. Nascido em João Pessoa/PB, em 15 de agosto de 1975, é advogado graduado em Direito pela Universidade Federal da Paraíba, especialista em Direito Empresarial pela mesma instituição. Atualmente é Coordenador-Geral do Conselho Nacional de Refugiados do Ministério da Justiça (CONARE) e Diretor Adjunto do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça. Ex-diretor da Escola Superior da Advocacia da Ordem dos Advogados – Seccional Paraíba. Ex-Procurador do Instituto de Terras e Planejamen-to Agrário (INTERPA) do Estado da Paraíba. Igualmente, foi Secretário-Executivo do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP).

CONSELHEIROS:ALINE SUELI DE SALLES SANTOS: Conselheira desde 26 de fevereiro de 2008. Nascida em Caçapava/SP, em 04 de fevereiro de 1975, é graduada em Direito pela Uni-versidade de São Paulo, mestre em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos e doutoranda em Direito pela Universidade de Brasília. É professora da Universidade Federal do Tocantins/TO.ANA MARIA GUEDES: Conselheira desde 04 de fevereiro de 2009. Nascida em Reci-fe/PE, em 19 de abril de 1947, é graduada em Serviço Social pela Universidade Católica de Salvador. Atualmente é membro do Grupo Tortura Nunca Mais da Bahia e integrante da comissão organizadora do Memorial da Resistência Carlos Mariguella, Salvador/BA.ANA MARIA LIMA DE OLIVEIRA: Conselheira desde 26 de abril de 2004. Nascida em Irituia/PA, em 06 de dezembro de 1955, é Procuradora Federal do quadro da Advoca-cia-Geral da União desde 1987 e graduada em Direito pela Universidade Federal do Pará.CAROLINA DE CAMPOS MELO: Conselheira desde 02 de fevereiro de 2012. Na-scida na cidade do Rio de Janeiro, em 22 de janeiro de 1976, é graduada e mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e doutora em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É Advogada da União desde setembro de 2003. É também Professora do Departamento de Direito da PUC-Rio e Coordenadora Acadêmica do Núcleo de Direitos Humanos. Atualmente é assessora na Comissão Nacional da Verdade.CAROLINE PRONER: Conselheira desde 14 de setembro de 2012, nascida em 14 de julho de 1974 em Curitiba/PR. Advogada, doutora em Direito Internacional pela Universidade Pablo de Olavide de Sevilha (Espanha), Professora de Direito Interna-cional da Universidad Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Co-Diretora do Programa Máster-Doutorado Oficial da União Européia, Derechos Humanos, Interculturalidad y Desarrollo - Universidade Pablo de Olavide/ Univesidad Internacional da Andaluzia. Concluiu estudos de Pós-Doutorado na École de Hautes Etudes de Paris (França). É au-tora de artigos e livros sobre direitos humanos e justiça de transição.CRISTIANO PAIXÃO: Conselheiro desde 1º de fevereiro de 2012. Nascido na cidade de Brasília, em 19 de novembro de 1968, é mestre em Teoria e Filosofia do Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), doutor em Direito Constitucional pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e fez estágio pós-doutoral em História Moderna na Scuola Normale Superiore di Pisa (Itália). É Procurador Regional do Tra-balho em Brasília e integra a Comissão da Verdade Anísio Teixeira da Univerisidade de Brasília, onde igualmente é professor da Faculdade de Direito. Foi Professor visi-tante do Mestrado em Direito Constitucional da Universidade de Sevilha (2010-2011). Co-líder dos Grupos de Pesquisa “Direito e história: políticas de memória e justiça de transição” (UnB, Direito e História) e “Percursos, Narrativas e Fragmentos: História do Direito e do Constitucionalismo” (UFSC-UnB).ENEÁ DE STUTZ E ALMEIDA: Conselheira desde 22 de outubro de 2009. Nascida no Rio de Janeiro/RJ, em 10 de junho de 1965, é graduada e mestre em Direito pela Univer-sidade do Estado do Rio de Janeiro e doutora em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. É professora da Universidade de Brasília, onde coordena um Grupo de Pesquisa sobre Justiça de Transição no Brasil, e leciona e orienta na graduação e pós-grad-uação em direito. Integra ainda a Comissão Anísio Teixeira da Memória e Verdade da UnB.HENRIQUE DE ALMEIDA CARDOSO: Conselheiro desde 31 de maio de 2007. Na-scido no Rio de Janeiro/RJ, em 23 de março de 1951, é o representante do Ministério da Defesa junto à Comissão de Anistia. Oficial de artilharia do Exército pela Academia Militar de Agulhas Negras (AMAN), é bacharel em Ciências Econômicas e em Ciências Jurídicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.JUVELINO JOSÉ STROZAKE: Conselheiro desde 25 de maio de 2007. Nascido em Alpestre/RS, em 18 de fevereiro de 1968, é advogado graduado pela Faculdade de Direito de Osasco (FIEO), mestre e doutor em Direito pela Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo. É membro da Rede Nacional de Advogados Populares (RENAP).MANOEL SEVERINO MORAES DE ALMEIDA: Conselheiro desde 01 de junho de 2013. Nascido em Recife, em 22 de fevereiro de 1974, é Bacharel em Ciências Sociais (1999) e Mestre em Ciência Política (2004) pela Universidade Federal de Pernambuco. Membro da Comissão da Memória e Verdade Dom Helder Câmara de Pernambuco. Professor de Direitos Humanos e Ciência Política da UNINASSAU. Associado do ID-HEC - Instituto Dom Helder Camara; Dignitatis – Assessoria Técnica Popular; Cend-hec - Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social e Associação Nacional de Direitos Humanos, Pesquisa e Pós- Graduação - ADHEP; IDEJUST - Grupo de Estudos sobre Internacionalização do Direito e Justiça de Transição. Ex-Conselheiro do Con-selho Nacional de Segurança Pública – Ministério da Justiça (CONASP - 2010/2011) e colaborador do Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana CDDPH; Signatário do PNDH3. Colaborador da rede de defensores e defensoras de direitos hu-manos das Américas mediado pela Anistia Internacional (RED DE DEFENSORES Y DEFENSORAS DE DERECHOS HUMANOS DE LAS AMÉRICAS). MÁRCIA ELAYNE BERBICH DE MORAES: Conselheira desde 23 de julho de 2008. Nascida em Cianorte/PR, em 17 de novembro de 1972, é advogada graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). É especialista, mestre e doutora em Ciências Criminais, todos pela mesma instituição. Foi integrante do Conselho Penitenciário do Estado do Rio Grande do Sul entre 2002 e 2011 e ex. pro-fessora da Faculdade de Direito de Porto Alegre (FADIPA). Atualmente é professora de Direito Penal do IBMECRJ.MARINA DA SILVA STEINBRUCH: Conselheira desde 25 de maio de 2007. Nasci-da em Guaíra/SP, em 12 de abril de 1954, é graduada em Direito pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo/SP. Atuou como defensora pública da União por 22 anos. É funcionária pública desde 1973.MÁRIO ALBUQUERQUE: Conselheiro desde 22 de outubro de 2009. Nascido em Fortaleza/CE, em 21 de novembro de 1948. É membro da Associação Anistia 64/68. Atualmente preside a Comissão Especial de Anistia Wanda Sidou do Estado do Ceará.MARLON ALBERTO WEICHERT: Conselheiro desde 13 de maio de 2013. Procura-dor Regional da República, atuando há mais de dez anos com o tema da Justiça de Transição, especialmente responsabilização criminal e civil de perpetradores de graves violações aos direitos humanos, acesso à informação e à verdade, implantação de espaços de memória e reparações imateriais. Perito em justiça de transição indicado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. Coordenador do Grupo de Trabalho Memória e Verdade da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. Coordenador do projeto Brasil Nunca Mais Digital. Mestre em Direito do Estado pela PUC/SP e graduado em Direito pela Universidade Federal Fluminense. Especialista em Direito Sanitário pela Universidade de Brasília – UnB.NARCISO PATRIOTA FERNANDES BARBOSA: Conselheiro desde 25 de maio de 2007. Nascido em Maceió/AL, em 15 de setembro de 1970, é graduado em Direito pela Universidade Federal de Alagoas e possui especialização em Direitos Humanos pela Universidade Federal da Paraíba. É advogado militante nas áreas de direitos humanos e de segurança pública.NILMÁRIO MIRANDA: Conselheiro desde 1º de fevereiro de 2012. Nascido em Belo Horizonte/ MG, em 11 de agosto de 1947, é Jornalista e mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi deputado estadual, deputado fed-eral e ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da Repúbli-ca (SEDH – 2003/2005). Quando deputado federal Presidiu a Comissão Externa para Mortos e Desaparecidos Políticos. Foi autor do projeto que criou a Comissão de Direitos Humanos na Câmara, que presidiu em 1995 e 1999. Representou por 07 (sete) anos a Câmara dos Deputados na Comissão Especial dos Mortos e Desaparecidos Políticos. É membro do Conselho Consultivo do Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil, denominado “Memórias Reveladas”. Foi presidente da Fundação Perseu Abramo por 05 (cinco) anos. Atualmente é Deputado Federal por Minas Gerais e, na Câmara dos Deputados, é Vice-Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, titular da Comissão de Desenvolvimento Urbano e suplente da Comissão de Legislação Partic-ipativa.PRUDENTE JOSÉ SILVEIRA MELLO: Conselheiro desde 25 de maio de 2007. Na-scido em Curitiba/PR, em 13 de abril de 1959, é graduado em Direito pela Universi-dade Católica do Paraná e doutorando em Direito pela Universidade Pablo de Olavide (Espanha). Advogado trabalhista de entidades sindicais de trabalhadores desde 1984, atualmente leciona nos cursos de pós-graduação em Direitos Humanos e Direito do Trabalho do Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina (CESUSC).RITA MARIA DE MIRANDA SIPAHI: Nasceu em Fortaleza/CE, em 1938. Formada pela Faculdade de Direito da Universidade do Recife. Servidora pública aposentada pela Prefeitura do Município de São Paulo. Suas principais atividades profissionais situam-se na área educacional, do Direito e da gestão pública. Militante política a partir dos anos 1960. Participa do Núcleo de Preservação da Memória Política de São Paulo e do Coletivo de Mulheres de São Paulo. Conselheira da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça desde outubro de 2009.ROBERTA CAMINEIRO BAGGIO: Conselheira desde 25 de maio de 2007. Nascida em Santos/SP, em 16 de dezembro de 1977, é graduada em Direito pela Universidade Federal de Uberlândia, mestre em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Si-nos e doutora em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é professora na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre/RS.RODRIGO GONÇALVES DOS SANTOS: Conselheiro desde 25 de maio de 2007. Nascido em Santa Maria/RS, em 11 de julho de 1975, é advogado, graduado e mestre em Direito Público pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos/UNISINOS. Professor licenciado do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista Isabela Hendrix de Belo Horizonte. Consultor da Fundação Getulio Vargas (FGV). VANDA DAVI FERNANDES DE OLIVEIRA: Conselheira desde 26 de fevereiro de 2008. Nascida em Estrela do Sul/MG, graduada em Direito pela Universidade Federal de Uberlândia e doutoranda em Direito Ambiental pela Universidad de Alicante (Es-panha). É presidente da ONG Ambiente e Educação Interativa - AMEDI, e membro do CBH Paranaíba.

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Fichário

apresentação .................................. 13contar histórias .............................17

1 tudo começou ................................ 252 Maria Ana .................................... 293 arquivos de Vó Alda ...................374 os netos ........................................ 45

glossário .......................................... 53referências ..................................... 61

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apresentação

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O projeto SIG Clínicas do Testemunho em convênio com a Co-missão de Anistia/MJ desenvolve o trabalho de atendimento às pessoas que viveram o período da ditadura civil-militar e foram

afetadas pelo terror de Estado, bem como seus familiares: filhos e ne-tos. Este livro é fruto do trabalho coletivo que iniciou em um grupo de testemunho onde a maioria de seus membros são filhos de pessoas que viveram a violência da tortura, da perda dos direitos civis e do silencia-mento produzido pela vergonha e medo de falar sobre o acontecido em suas vidas. Este livro é o resultado de um processo que, por posteriori-dade, permitiu que histórias fossem reveladas e famílias se reencon-trassem com o passado da experiência vivida, mas não narrada, ou dita aos pedaços. Hoje, Os Arquivos de Vó Alda propõe que novas histórias constituam-se narrativas e memória e que este sensível trabalho de re-construção adquira voz e se torne objeto de conhecimento da história de nosso país, principalmente para o público infanto juvenil, a quem se destinam os Arquivos que apresentamos.

Anamaria Visintainer, Ana Lucia Ramires, Alexei Indursky, Bárbara de Souza Conte, Carlos Augusto Piccinini, Eurema Gallo de Moraes, Francisco de Carvalho Jr., Maria Luiza Castilhos Cruz, Marilia Bene-venutti e Nilce Azevedo Cardoso.

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contar histórias

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“...E stava a velha no seu lugar. Quando a mosca veio incomodar.A mosca na velha e a velha a fiar.Estava a mosca no seu lugar. Veio a aranha lhe fazer mal. A aranha na mosca,a mosca na velha e a velha a fiar...”

Não sai da minha cabeça a cantilena da Velha a Fiar enquanto leio Walter Benjamin assinalando:

“Contar histórias sempre foi a arte de contá-las de novo, e ela se perde quando as histórias não são mais conservadas. Ela se perde porque ninguém mais fia ou tece enquanto ouve a história”.

A imagem da minha mãe com seus crochês, tricôs e bordados então se estabelece. E a palavra cantada fica mais forte:

“... Estava a mulher no seu lugar. Veio a morte lhe levar. A morte na mulher, a mulher no homem, o homem no boi, o boi na água, a água no fogo, o fogo no pau, o pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a mosca na velha e a velha a fiar...”

Então me concentro em Galeano;

“A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo”.

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Sigo a cantilena:

“Estava a morte no seu lugar. Veio a vida lhe incomodar. A vida na morte, a morte na mulher, a mulher no homem, o homem no boi, o boi na água, a água no fogo, o fogo no pau, o pau no cachorro, o cachorro no gato, o gato no rato, o rato na aranha, a mosca na velha e a velha a fiar.”

E faço como Saramago me diz:

“Do novelo emaranhado da memória, da escuridão dos nós cegos, puxo um fio que me parece solto. Devagar o liberto, de medo que se desfaça entre os dedos...”

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Aviso: a história que se segue é muito comum e o livreto que a re-gistra não tem fim. E pior, a intenção é partilhar com o leitor a responsabilidade de torná-la algo que valha à pena... Trata-se de

uma provocação dirigida aos mais jovens, feita com cenas e persona-gens que povoam nossa realidade brasileira - avós cujas ações políticas viraram segredo familiar e, filhos e netos que ficaram sem saber do seu protagonismo.

Apresentamos vó Alda e o que não aconteceu em sua história, para ser lido como elemento disparador do tema da ditadura… Encontrarás em anexo um pequeno glossário de gírias e termos usados na época por mi-

litantes da resistência ao golpe, bem como uma relação de livros, links, sites, documentários e filmes lançados sobre o tema.

O que se segue depois tu podes decidir. Ou encerras o arquivo de Vó Alda numa ficção, ou o abre para a realidade de 1964 e de seus efeitos sobre as gerações seguintes. Para lutar contra o “Mal de Alzheimer” que teima em confundir e impedir a memória social do Brasil quanto ao golpe civil-militar que durou 21 anos, entregamos a história com um convite subversivo: reunir pessoas no teu espaço social para uma das coi-sas mais antigas na história da comunidade - escutar as histórias dos antepassados – o mais diretamente possível da fonte de quem a fez; isto que chamamos de história viva, narrada com os detalhes e a emoção de quem viveu o cenário original... Pessoas de carne e osso, muitas vezes

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iguais aos jovens de hoje, cheios de irreverências e ideais de sociedade.

Nossa expectativa é de estimular a descoberta de outros testemunhos, quebrando a lógica do esquecimento: alguém perto de ti pode saber de mais uma história da ditadura justificando a organização de pessoas para ouvi-la. Em ato final, algo ainda mais subversivo: registrar o que foi transmitido neste encontro...

Esta é a proposta: que o registro escrito de outros testemunhos faça con-traponto ao destino de vó Alda compondo nosso arquivo de memória e um livreto sem fim. E assim sucessivamente… lançando desafios desta construção coletiva de memória para outro grupo. Uma caça ao tesou-ro das verdades. Afinal, quase aconteceu comigo. Eu e minha família precisamos de 44 anos para quebrar um pacto de silêncio e ouvir nossa própria história.

Avisei: história comum.

O livro é sem fim.

Onde tua autoria fará a diferença!

Maria Luiza Castilhos

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1e tudo começou

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Alda tinha 84 anos quando numa tarde levantou da sesta, atra-vessou a bolsa no peito feito um cinturão de balas e saiu do quar-to decidida a fugir para o Uruguai.

Os netos, Laura e Guilherme assistiam aos jogos da copa do mundo na TV e a viram passar com andar acelerado, olhos estalados miran-do através das paredes da sala. Os gestos ganhavam um vigor que não conheciam: com cabelos amassados, camisola e meias curtas, parecia marchar repetindo muitas vezes as mesmas perguntas:

- Onde eles estão? Vieram me buscar?

Os dois entreolharam-se e a gargalhada surgiu simultânea e incontro-lável, para logo depois cessar bruscamente percebendo que sairia da-quele jeito do apartamento se não a barrassem. Correram para chavear a porta. Como criança, tentava desvencilhar-se das mãos dos dois in-sistindo aflita:

- Eles estão vindo... Vão me colocar na “maricota”... Vou para o Uruguai...

Minutos depois, sentada na poltrona parecia desligada da tomada, no-vamente pequena e frágil. Em tom baixo, mais calma, iniciava nova cantilena:

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- O aparelho caiu... O aparelho caiu...

Laura e seu irmão de 15 anos, pouco mais moço que ela, a partir daí rapidamente viram fracassar seus sentimentos mais fraternos – unir afeto à paciência exigida para cuidar da vó era coisa para profissionais. Mas Maria Ana, filha única de Alda, às voltas com sua nova empresa de turismo levou mais tempo para perceber a complexidade da situação criada quando a trouxe para morar com eles.

A gota d’água foi na decisão entre Brasil e Colômbia, com Neymar sen-do retirado do jogo na maca, e a vó insistindo que gorilas a perseguiam por toda parte.

- Punk... Muito punk! – tentava explicar Guilherme para a mãe -, “ainda que triste”, pensava, justificando que a confusão mental da vó os con-fundia também. - Precisei conferir o quarto e me certificar de não haver aparelho ligado. Ela poderia ter derrubado algo, ou colocado a funcio-nar algum equipamento elétrico.

Laura e Guilherme tinham certeza do limite. Deles, ao menos.

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2Maria Ana

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O médico insistia em dizer que a mudança brusca no compor-tamento de Alda não era comum a um quadro de senilidade. Enquanto aguardavam o resultado dos exames, o melhor era

procurar saber o que estava acontecendo na sua vida; era possível que houvesse sofrido alguma situação de stress. Maria Ana não identifica-va nada. Ao contrário, lembrava dela entusiasmada com um projeto novo, projeto, aliás, que só depois do adoecimento – na mesma medida que constatou o descaso com que a ouviu -, percebeu ser importante recordar: era qualquer coisa relacionada a criar uma biblioteca.

Tinha consciência de não haver dedicado a atenção necessária a mãe nos últimos meses, absorvida pelo bom investimento feito naquele pe-ríodo de Copa. O fato é que, nem esse, nem o outro argumento exposto aos amigos – de que a mãe dispensava cuidados pela sua capacidade de autonomia-, acalmava o mal-estar de ter sido negligente com ela. De outra forma, oscilava entre justificar sua desinformação atribuindo à mãe uma característica restritiva de personalidade, e responsabilizar a si própria pelo insucesso de conquistar acesso a sua intimidade. De qualquer modo lutava contra a sensação de ser um fracasso como filha.

Neste meio tempo a clínica geriátrica tornou-se uma urgência para cuidar de Alda. Não havia estrutura doméstica para lidar com o que estava se apresentando e o divórcio penoso havia lhe ensinado que sua família agora era ela e os filhos adolescentes.

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Estava feito - pensava ao voltar para casa-, restava procurar recons-tituir os últimos tempos lúcidos de Alda conversando com os amigos mais chegados e com Teresa, a fiel diarista, muitas vezes sua acompa-nhante. Precisava por em ordem o apartamento onde a mãe vivera e fazer dele um meio de sustento para o custeio da clínica.

O dia havia sido longo e tenso. Jogou-se no sofá. Como quem desmon-ta um corpo desvencilhou-se dos sapatos e bolsa, surpresa pelo alí-vio nas pernas e pés. O peito, porém, sem consolo, seguia oprimido ao olhar o porta-retrato sobre o aparador vendo nele a riqueza com que Alda tinha mantido sua vida até pouco tempo atrás: olhos redon-dos de boneca, cabelos e cílios fartos delineando as feições fortes e, o sorriso de canto de boca, característico de sua prudência na expres-são das emoções. Na foto recebia da Câmara de Vereadores o título de Cidadã da Cidade pelo trabalho com meninos de rua. Longe dali, a internação. As cuidadoras tentando acalmá-la na cadeira de rodas, para que chegasse ao quarto de dormir. Com o rosto encavado e tenso, sobrancelhas ralas e brancas, Alda grita estar “sendo levada para a cadeira do dragão”. Depois, já deitada, repete o comportamento, estra-nho e recente, de listar nomes desconhecidos em rigorosa ordem alfa-bética na hora de dormir. Ironicamente, sem conseguir identificar o nome da filha a sua frente.

Desanimada percorre com o olhar a desordem da casa: igual à desor-dem da cabeça de Alda. Encontra sobre a mesa de centro o livro favo-rito: Manoel de Barros, o único que poderia entender o desejo de trocar aquele momento de sua vida para ter a sua volta formigas, minhocas e lagartixas. Evoca o tempo de criança em que se ocupava apenas do que acontecia rente ao chão...

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O choro silencioso está longe de anunciar alívio com as decisões do dia. Pega no sono. Nem viu os filhos chegarem do colégio. A última coisa que lembrava era de ter desejado que chovesse mansinho. Combinaria melhor com o fim do dia.

Mas não choveu.

***

O café da manhã foi estranho. Maria Ana falou sobre a internação em meio ao silêncio constrangido dos filhos. Laura sem outros sinais de emoção abraçou a mãe fortemente antes de sair. Guilherme só pergun-tou se poderia continuar a ver a vó na Clínica.

O resto do dia foi rotina, exceto pelo alívio e a vergonha do alívio. Na escola, Guilherme confidenciou para seu colega de aula:

- Minha vó tá sinistra. Parece Alzheimer... É como vírus no computador: desconfigura!

Laura ainda levaria um tempo para comentar a mudança da vó com suas amigas.

Por sorte estavam em plena Copa do Mundo. Poucas aulas, muitas coi-sas para distrair.

Brasil 1, Alemanha 7.

Acabou.

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3arquivos de Vó Alda

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O apartamento é uma possibilidade de compreender os últimos acontecimentos, pois dos seus amigos apenas Paulo acrescentou informação nova: ela lhe telefonou na véspera de adoecer pedin-

do para encontrá-lo. Teria algo importante para contar, que não che-gou a fazer, pois acordou desorientada.

Teresa no esforço por identificar alguma coisa, só consegue acrescen-tar sua inconformidade com a desorganização da sala. Se antes parecia uma biblioteca, nos últimos tempos havia piorado, por estar transfor-mada em escritório:

“- Andava lendo menos livros e mexendo mais em pastas velhas e no computador... Não me deixava arrumar nada. Antes de sair para a casa de vocês guardou alguns papéis... Como sempre, colocou atrás dos li-vros. Ah! A insônia voltou. Estava tomando chá de melissa.”

Maria Ana olha impaciente para as prateleiras que cobrem uma parede da sala e mais a do corredor. A viuvez de Alda foi mais um dos seus pretextos para cultivar a leitura, sua atividade preferida, então não há novidade na quantidade de livros e sim no hábito de esconder coisas em meio a eles. Uma rápida verificada indica um mundo paralelo a ser descoberto: cartas de família, documentos guardados em pequenas caixas e algumas pastas dispostas no fundo. O apartamento é em si, um memorial. As fotos de família e objetos espalhados pela decoração da casa anunciam a dificuldade que terá para ser rápida e racional na exe-

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cução dos descartes. O suspiro conformado de Maria Ana indica uma nova postura: depois do acontecido, tudo que antes parecia entulho é agora rastro da vida de Alda e, dia a dia ganha nova e maior impor-tância afetiva. Sente-se em total disponibilidade para descobrir a in-timidade da mãe antes de dar outro destino aos seus pertences. Tudo estimula o repassar da sua história como se assim pudesse retê-la.

Laura e Guilherme querem saber sobre tudo.

- Ela se formou em Física pela USP antes de trabalhar em educação... Ela e o avô de vocês casaram no Rio Grande Do Sul...

- Por que casaram aqui se os dois eram paulistas, pergunta Guilherme.

Por que mesmo? Não sabe. Incomoda não ter conhecimento de fatos, mesmo que banais, diante da perspectiva de perda definitiva de luci-dez em Alda. Cresce a convicção de que é a sua memória, não a de Alda, que permitirá que ela não desapareça.

- Tua vó não era de falar muito sobre o passado dela, justifica talvez para si própria, recorrendo à lembrança do modo gentil, mas reservado, que mantinha com todos.

Laura observa a preferência da avó na escolha dos livros, enquanto se-leciona os que serão úteis ao vestibular após verificar o estado de con-servação.

- Ela devia ter estudado História no lugar da Física-, comenta com a atenção dirigida para a folha avulsa que cai de dentro de um deles. Nela está impressa a imagem de uma cadeira de estilo medieval, com braços e espaldar feitos de metal e madeira. Em voz alta, lê o destaque da le-genda:

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- CADEIRA DO DRAGÃO: instrumento de tortura onde a pessoa era colocada amarrada nos pulsos por cintas de couro e recebia choques elétricos através de fios amarrados em diversas partes do corpo. As pernas afastadas por travessa de madeira, com o espasmo do choque batiam contra a madeira, machucando a pessoa. Tortura utilizada no Regime Civil-Militar Brasileiro.

- Massa! - Exclama Guilherme, como se acordasse repentinamente – Pa-rece coisa de filme! Tipo cadeira elétrica!

- Foi em 1964... - apressa-se em dizer Laura,- na ditadura! E lançando olhar de censura para o irmão afirma: nem sabe o que é né? Foi quan-do o exército, ajudado pelos EUA, tirou o presidente João Goulart para colocar militares no governo. Acusavam todo mundo de comunista, prendiam políticos, matavam, torturavam... – interrompe o relato, en-tusiasmada com a serventia das aulas que destacam o aniversário de 50 anos do Golpe Militar no Brasil, buscando a confirmação da mãe. A percebe sorrindo.

Maria Ana recorda de Alda sendo levada na cadeira de rodas, gritando algo sobre a “Cadeira do Dragão”. Está admirada:

- O médico queria saber de onde ela tira algumas expressões, pois esta eu já sei...

Guilherme quer mais detalhes. Mais fotos e descrições de instrumentos de tortura são encontrados em outras folhas avulsas. Os três se debru-çam sobre o material:

-“Pau de Arara, Telefone, Geladeira, Maricota ou Pimentinha...” – Gui-lherme grita ao identificar a palavra “Maricota”:

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- A vó está falando em coisas daquela época!

Um vão entre os livros deixa ver pastas ocultas. Mapas e anotações mostram a grafia bem desenhada de Alda, ainda sem os sinais da idade.

Maria Ana, curiosa, examina pequenos trechos das anotações sem sen-tido aparente, indicando o caráter pessoal do registro.

1968

Vera Silveira Telles, 28 anos, recém-casadaGinásio completo

Facção, Indústria Renner

Sílvio Amaral Traube, 31 anos,Almoxarifado, Editora GloboAparelho: Fernando Machado

Treinamento: "escopeta", "Floresta"

Contato: Tuca -Escola Sindical- noite 352167"Roda-Cotia", 6 meses

Marcelo Benevenuto - acidente de carro, morte suspeita...

Localizam recortes de jornais datados de 67, com notícias sobre o Ato Institucional numero 5 e a relação de pessoas cassadas. Outro pedaço de jornal recente, com data de 2014, traz reportagem feita com Paulo Malhães, torturador que confessa crimes para a comissão que investiga a verdade dos fatos ocorridos em 64. Marcações de caneta feitas com a letra de Alda assinalam vários trechos da entrevista transcrita.

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- Alceri Maria Gomes da Silva... Alfeu de Alcântara Monteiro... Cilon Cunha Brum... Luiz Eurico Tejera Lisboa... Manoel Raimundo Soares... – Como assim “Lista de Desaparecidos no Rio Grande do Sul” -, pergunta Guilherme, sobre os nomes relacionados no mesmo envelope.

Repentinamente séria Laura questiona Maria Ana:

- Que envolvimento a vó teve com política na época da ditadura?

Maria Ana com ar contrariado parece tomar impulso para discorrer sobre o ridículo da questão. Não chega a fazê-lo. Enquanto os filhos aguardam, ela parece soletrar palavras que desiste de tornar audível. A imagem da mãe saindo de casa furtivamente talvez - óculos escuros e lenço na cabeça, olhando para trás-, ocupa seus pensamentos de so-bressalto trazendo sentimentos de angústia. Que lembrança era essa? Poderia recordar algo relacionado com a época da repressão, ou estava imaginando coisas?

Expõe as lembranças incompletas para os filhos. A imaginação aguça-da os coloca na procura insistente por mais evidências da vida política de Alda. Laura está convencida que sua avó foi revolucionária, “talvez uma guerrilheira”, “torturada”, cochicha para Guilherme. Seu irmão mantém tese contrária, mais por seu perfil fantasioso do que pelo da avó: “ela pode ter perseguido comunistas, sido uma espiã torturadora!”.

A campainha estridente toca. Os três estremecem como se estivessem a fazer algo proibido. É Paulo chegando.

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4os netos

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-Primeiro de abril de 1964! (Dia dos bobos!). O senador Moura de Andrade se aproveita da confusão do plenário. Homens com óculos grandes, de aro preto e grosso, vestindo cami-

sas brancas e ternos cinza, estão de pé e agitados, o que neste particular não é muito diferente das sessões de hoje; a fofoca corre solta, ninguém sabe o que é verdade e o que é mentira... (isto também é igual). A voz imponente de Auro Moura de Andrade (precisa dizer o nome completo dele?), conforme combinado previamente com seus comparsas, decla-ra que está vaga a presidência da república. Sons de campainha, gritos de vaias e aplausos são escutados ao mesmo tempo:

- É mentira... Traidor... É isso mesmo!... Viva!... Canalha!- O som, que não é estereofônico, cheio de ruídos, reproduz a reação do plenário para quem escuta em casa o rádio de válvulas, ouvido colado para não per-der nenhum comentário.

Cavalos corcoveiam com policiais militares tentando se equilibrar no lombo. Porretes são utilizados para bater nos manifestantes (como hoje), num primeiro momento parecendo que estão chicoteando o ca-valo, mas é sobre as pessoas: estudantes e jovens em geral que se aglo-meram nas ruas protestando contra o Golpe.

Jango não sabe se foge, se fica, mas acaba no Uruguai, segundo seus amigos para não provocar guerra civil com mortes de inocentes.

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Generais feios e de diversas origens étnicas (ninguém observou isso e não sei se é importante, mas eu notei: italiano, alemão, alagoano...), se sucedem por muitos e muitos anos. São especialistas em disfarçar e dar vários argumentos para se manterem no lugar de presidentes elei-tos. Todos têm medo porque eles possuem o comando do exército, da imprensa, dos empresários e dos EUA. Fazem tudo por baixo do pano: subterrâneos, porões, casas disfarçadas e pessoas disfarçadas prendem em nome deles, fazendo desaparecer do Brasil os opositores, engraçadi-nhos e inteligentes em qualquer atividade que estiverem!

Guilherme encerra a fala, olhar curioso dirigido a Laura:

- Depois de ouvir o relato de Paulo e ler sobre a Ditadura... Foi assim que imaginei o dia do golpe!

- Parece a irradiação de uma partida de futebol. Não precisa falar tão rápido... Já escolheu a música?

- Ainda não sei se ponho “O Pequeno Exilado” de Raul Elwanger, can-tado por ele e a Elis Regina como o professor sugeriu, ou uma nova, da Banda Renascentes, que se chama “Atrás dos Olhos”, também legal. Acho que vou dividir o tempo entre as duas.

Laura aumenta o volume da TV, mas nem olha para a tela, pensativa. Conclui com convicção:

- Vai ser legal! Mas “alagoano” não é raça... Tira isso.

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Desde que Paulo confirmou que Alda teve uma vida clandestina du-rante a Ditadura, Laura pensa nela com um misto de tristeza e orgu-lho. Não consegue entender o que leva alguém a não compartilhar seu maior sofrimento - e também seu maior “feito” -, com a família. Da mesma forma que não compreende como o silêncio se transformou num comportamento coletivo, pactuado entre as pessoas da época, e mantido ainda hoje, como se a resistência tivesse sido algo criminoso, motivo de vergonha ou quem sabe, uma postura perigosa, “contamina-dora”. Maria Ana, mesmo ouvindo reiteradas vezes de Paulo - “Isto é re-sultado da violência e foi produzido pelo que se chama de Repressão!”-, busca em si mesmo elementos que expliquem seu “não-saber” sobre o passado da mãe.

Laura gostaria muito de saber o que a vó fez na sua juventude, pois pela primeira vez a história do Brasil e a de sua família se juntam a dela com clareza. Mas Paulo contou que ela não conseguia falar. As torturas acabaram por prejudicar-lhe a memória e ao insistir em lembrar acon-teciam as dores de cabeça. Aliás, insistiu ele, seu interesse por falar era recente; iniciou quando começou a acompanhar os relatos de muitos outros afetados pela ditadura como ela. Estava decidida a buscar ajuda para conseguir fazê-lo e por isso Paulo estava certo de que ela queria contar-lhe algo importante que lembrara quando adoeceu.

***

O que fazer com a descoberta do segredo de Alda tornou-se a questão mais discutida na família e até mesmo na escola onde programavam expor trabalhos sobre “A descomemoração dos 50 anos do golpe de 64”. O plano original feito pela avó, de uma biblioteca ambulante com a

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temática da ditadura brasileira, não parecia suficientemente atraente para a era da internet móvel.

Foi quando Laura assistia a apresentação teatral animada de Guilher-me, que percebeu a diferença em aprender história viva. E assim for-mulou sua proposta:

- Um livro sem fim! Escrito aos poucos, por vários jovens, com história viva...

E explicando melhor, pois ninguém entendeu, acrescentou:

- Vamos espalhar a história inacabada da vó Alda e reivindicar o di-reito de conhecer a história de 64 como realmente aconteceu... Cada escola acrescenta mais uma história contada por quem viveu aquele momento... Vamos escrevendo assim a nossa história... Vamos produzir memória!

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glossário

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1-Militantes: todos aqueles (homens e mulheres) que se dedicam a uma atividade ou pertencem a alguma organização política ou de par-tidos políticos.

2-Aparelho: via de regra, local – apartamento, casa... - utilizado como refúgio, ponto de encontro para reuniões, abrigo para camaradas per-seguidos, etc! Apenas para isso. Era um local “frio”, ou seja, disfarçado, destinado às ações de organização política.

3-Gorilas ou macacos: palavra utilizada para referir-se ironicamente aos militares. Também para os demais repressores mas, em especial, aos militares.

4-Maricota ou pimentinha: aparelho de tortura utilizada para mi-nistrar choque elétrico. Normalmente um telefone de campanha, em que se ligavam os fios e à medida que girava a manivela para tal apare-lho funcionar, acionava-se o choque elétrico no corpo do torturado. De-talhes como a watagem e voltagem eram importantes para prolongar sua utilização sem matar o torturado.

5- Resistência: Amplo movimento de oposição ao Golpe civil-militar de 1964 que envolveu diversos setores sociais e políticos. Esta resistên-cia ia desde passeatas, emissão de jornais e panfletos informativos, até ações de enfrentamento armado.

6-Subversivo: Toda pessoa tida como revolucionária que se opôs e re-sistiu ao Golpe civil e militar de abril de 1964, não importando idade, profissão, etc.

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7-Cadeira do Dragão: Instrumento de tortura aplicado nos militantes políticos. Era uma cadeira revestida de metal onde o preso ficava sen-tado com pernas e braços imobilizados por tiras de metal. Molhavam o preso e aplicavam o choque elétrico.

8-Regime civil-militar: regime ditatorial imposto via Golpe mili-tar em 1º de abril de 1964 no Brasil e que durou 21 anos, com apoio de importantes setores civis como empresários e religiosos. Justificava-se que setores progressistas, junto ao Governo Constitucionalmente eleito de João Goulart pretendiam impor uma República Sindicalista e/ou comunista.

9-Pau de arara: Outra forma de tortura muito utilizada no período da Ditadura. O preso era despido, amarravam as pernas na altura das canelas e, também os punhos. A pessoa ficava em posição fetal, depen-durada numa barra de ferro que era colocada entre os punhos e pernas amarrados e sustentada por dois cavaletes ou mesa, enfim... Eram então aplicados severos golpes no prisioneiro, comumente sendo mesclado outras formas de tortura junto a essa.

10-Telefone: Forma de tortura em que se aplicava com ambas as mãos um golpe nos ouvidos do prisioneiro e também na nuca.

11- Geladeira: O preso depois de torturado era colocado numa sala com portas duplas, sem nenhuma abertura nas paredes, com o ar con-dicionado na temperatura mínima lá permanecendo por um tempo a critério dos torturadores. Retirado da geladeira, retomavam as torturas.

12- Cassado: Retirada de direitos das pessoas, quer políticos públicos ou não, mediante os chamados Atos Institucionais e Decretos-Lei que passaram a regrar a vida política pós o Golpe que “fechou” o Congresso Nacional. Essas pessoas eram então, conhecidas como “cassadas”, sendo proibidas de toda e qualquer manifestação política.

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13-Repressão: Ato constante de reprimir, conter, deter, impedir e pu-nir um indivíduo, um objeto, uma idéia ou um desejo. Em política, a repressão é um tipo de ação pública, geralmente (mas nem sempre) por parte do Estado para conter e calar manifestações de oposição, sub-versão e dissidência ao regime estabelecido. Típica de regimes de força como o autoritarismo, ditaduras militares e o totalitarismo.

14- Clandestinidade: Os militantes políticos, sindicalistas e/ou po-pulação em geral que reagiram ao Golpe, não podiam ser conhecidos ou reconhecidos. Daí viver na “clandestinidade”, com outros nomes, documentos de identificação e em outras moradias que, para maior se-gurança eram mudadas constantemente. Em regimes ditatoriais é uma das poucas formas de se conseguir exercer oposição às políticas impos-tas pelo partido no poder, exigindo na maior parte das vezes uma situ-ação bastante precária, sem legalidade, sendo assim ignorada a existên-cia do indivíduo perante o estado.

15- Revolucionária/o: Toda pessoa que pensava e agia diferente das idéias impostas pela ditadura, que realizavam atos contrários ao regi-me e procuravam promover transformações e resistência contra o po-der estabelecido. Instigavam a população em geral para reagir ao que estava acontecendo sob o regime militar, buscando alterações profun-das nas instituições políticas, econômicas, culturais e morais da época.

16-Guerrilheira/o: Pessoas que fizeram opção pela luta e enfrenta-mento armado contra o golpe militar. A guerrilha podia ser rural ou urbana, de acordo com as idéias e teorias da época. Em espanhol: guer-rilla, “pequena guerra” é um tipo de guerra não convencional no qual a principal estratégia é a ocultação e extrema mobilidade dos comba-tentes, chamados de guerrilheiros, incluindo, mas não limitado a civis armados (ou informais). Pode se constituir também como uma movi-mentação híbrida, ou seja, ora centralizada por uma atitude bélica cujo aspecto pode ser colaboracionista com as forças regulares de deter-

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minadas regiões, e ora pode se dar o enfrentamento sem conexão com qualquer força armada regular.

17- Comissão da Verdade: Tem origem no processo de resistência e luta de diversos movimentos pelas liberdades democráticas, como os da anistia e de familiares em busca de mortos e desaparecidos. Em 1978 são criados Comitês Brasileiros pela Anistia em vários estados e o movimento estudantil ganha as ruas ampliando o apoio. Graças as lutas sociais levadas a efeito por todas organizações sócio/políticas a idéia de criar uma Comissão inspirava-se no exemplo de outros países do Cone Sul, como Uruguay, Argentina, Chile, Paraguay que também sofreram Golpes militares e buscavam investigar os crimes do regi-me militar. Em 2001 o presidente Fernando Henrique edita a Medida Provisória 2151. Além da conquista da Lei de Anistia, criam-se oficial-mente grupos que já vinham atuando, como os Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janei-ro, fundado em 25 de setembro de 1985, o Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo, 1987, etc. que além das liberdades democráticas lutavam pela volta dos exilados e pela localização dos mortos e desaparecidos políticos, principalmente. Finalmente houve a criação da Comissão Nacional da Verdade em dezembro de 2009 com a finalidade de ouvir os testemunhos dos atingidos pela Ditadura Civil-Militar de 1964. Pos-teriormente, a Presidenta Dilma Roussef criou através da Lei Nº 12.528, de 18 DE NOVEMBRO DE 2011 a Comissão Nacional da Verdade no âmbito da Casa Civil da Presidência da República. Assim existindo em âmbito nacional e estadual, as comissões buscam promover a verdade sobre a violência produzida na Ditadura, bem como Justiça.

18- Memória Social: A memória é sempre produto da história indivi-dual e da história da sociedade em que se está inserido. Não há memória que não seja social, pois não há pessoa que se constitua como tal sem ser pela experiência de socialização. Psiquicamente podemos dizer que

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o que se vive nunca desaparece do insconsciente, pois esquecer não é eliminar dele o que foi vivido. A repressão produzida pela ditadura, ou seja, a violência do Estado durante este período incidiu sobre a memó-ria da população brasileira criando obstáculos coletivos a transmissão de conhecimento e ao aprendizado da cidadania, da democracia e da vida política em geral. Sendo o que permite constituir a identidade de uma sociedade torna-se imprescindível o trabalho de reconstrução da memória deste período. É a memória social que promove a conscienti-zação acerca dos problemas da sociedade e que fornece os elementos para a transformação dessa mesma sociedade. A questão da memória ganhou importância a partir do Holocausto promovido pelas nazistas durante a 2ª Guerra Mundial. Os sobreviventes nada tinham a não ser a memória para reconstituir o horror e tentar reorganizar suas vidas. A partir daí, passou a ser estudada com atenção por perceberem que somente através dela seria possível “reconstruir”, “recompor” os indi-víduos e, por extensão, uma sociedade, ao fornecer a possibilidade de buscar a verdade sobre fatos e acontecimentos traumáticos para todos. É desta maneira que, entre tantas ciências, ganha importância a His-tória; nossas histórias constituem nossa estrutura psicológica, social, política para reagir e construir novas proposições para uma sociedade.

19- Pé de porco ou “rato”: designações para os policiais! “Pé de porco” vinha da inscrição “PP” que tinha no capacete da Brigada Militar. Aqui no sul eram também conhecidos por “Pedro e Paulo.”

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referências

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Histórias em quadrinhos

1. O Pasquim: Fundado em 1969 – por Jaguar, Sérgio Cabral, Tarso de Castro e Ziraldo -, o semanário ficou conhecido por fazer forte oposição ao regime militar, à medida em que se tornava mais politizado, com o passar dos anos. A tiragem, de 20 mil cópias semanais, chegou a 200 mil em meados da década de 1970, sempre apresentando textos, cartuns e charges políticas. Colaboraram jornalistas, escritores, cartunistas e artistas de outras áreas, como Millôr Fernandes, Prósperi, Claudius, Fortuna, Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa, Carlos Leonam, Sérgio Augusto, Ruy Castro, Fausto Wolf, Chico Buarque, Rubem Fonseca, Odete Lara, Gláuber Rocha e outros. A redação che-gou a sofrer censura prévia e vários integrantes foram presos durante a década de 1970. O Pasquim terminou em 1991, seis anos após o fim da ditadura, na edição # 1072. O periódico foi relançado em 2002 e durou até 2004.

2. HQs e cartuns de Carlos Zéfiro e Henfil: Os quadrinhos eróticos de Carlos Zéfiro (pseudônimo de Alcides Aguiar Caminha) desafiaram o regime militar. Alcides era funcionário público e escondeu sua atividade paralela até mesmo da família, preferindo o anonimato. Em 1970, aconteceu uma investigação por parte dos militares para descobrir quem publicava tais quadrinhos subversivos e Hélio Brandão, amigo do artista, chegou a ser preso. A investigação terminou inconclu-siva. A verdadeira identidade só foi revelada em 1991, um ano antes de sua morte e ele já aposentado, numa reportagem de Juca Kfouri para a revista Playboy. Já Henfil foi um dos principais opositores do golpe de 1964. Com seus cartuns e criações, como Fradim, Graúna, Ubaldo e outros, as obras sempre tiveram forte posicionamento político e social. Na década de 1970, foi morar em Nova York para fugir da censura e da prisão e seus trabalhos também foram publicados em jornais norte-americanos. Em 1984, lançou o livro Como se faz humor político.

3. Rango, de Edgar Vasques: Criado em 1970, Rango é um desempregado bar-rigudo, sem dinheiro e que vive num depósito de lixo, numa crítica às desi-gualdades sociais do Brasil. Os quadrinhos do Rango, um anti-herói das tiras nacionais, simbolizaram a resistência à ditadura militar e, passados mais de 30

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anos, continuam modernas em sua crítica à desigualdade social. O personagem apareceu pela primeira vez na revista Grilus, do diretório acadêmico daFacul-dade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em que Vasques estudava, na época. A partir de 1973, Rango passou a ocupar as páginas de vários periódicos brasileiros, como Pasquim e Folha da Manhã.

4. Subversivos, de André Diniz: Ao todo, foram lançadas três edições impressas da série: Subversivos (1999), Subversivos – Companheiro Germano (2000) e Sub-versivos – A farsa (2001). Em cada volume, ilustrado por Laudo e Marco, uma história de dor e perda depois que pessoas decidiam lutar contra a imposição do governo ditatorial. Em 2003, outros quatro episódios foram produzidos, dessa vez exclusivamente no formato digital: Eternamente Guerrilheira, A Embosca-da, Ato 5 e Bigode e Costeleta. Ato 5 chegou a ser relançada mais tarde, numa revista própria, com arte de José Aguiar. O título é uma referência ao AI-5 (Ato Institucional nº 5, de 1968), decreto que dava poderes extraordinários ao pre-sidente e suspendia diversas garantias constitucionais. A história é centrada no trio de amigos Juan, Gabriel e Lorena. Os três participam de uma companhia de teatro que enfrenta os obstáculos impostos pelas autoridades. Apesar do fantas-ma da ditadura, o foco está nas relações de amor e amizade entre eles.

5. Ditadura no ar, com textos de Raphael Fernandes e arte de Abel. Está no facebook: Criado originalmente em 2011, em formato digital, e depois publi-cado em versão impressa, conta a história do fotógrafo freelancer Félix Panta, que tenta a todo custo descobrir o paradeiro de sua namorada comunista Nina, presa pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social, cujo objetivo era controlar e reprimir movimentos políticos e sociais contrários ao regime no poder) durante um protesto.

6. Ovelha Negra – A revista que o Brasil não leu: Entre 1954 e 1969, circulou em Belo Horizonte a revista Ovelha Negra. Ela trazia quadrinhos e matérias hu-morísticas que satirizavam os mais variados temas e setores da sociedade, mas sofreu com o regime militar e a circulação ficou prejudicada até encerrar suas atividades, em 1970. Em 2011, os autores Daniel Werneck (doutor em artes e pro-fessor da Escola de Belas Artes daUFMG) e e o ilustrador Ricardo Tokumoto (Ryot) lançaram um especial apresentando narrativa fragmentada – misturando quadrinhos, ilustrações e textos – para contar uma história complexa e interes-sante com seus mais de dez personagens.

7. A Dama do Martinelli, com roteiro de Marcela Godoy e desenhos de Jef-ferson Costa: Os autores misturam realidade e ficção nesta história de sus-pense. Perseguida pela ditadura militar no Brasil da década de 1970, uma famí-lia acaba indo morar no edifício Martinelli, no centro da cidade de São Paulo. Lá, seus integrantes descobrirão que as paredes do famoso edifício paulistano escondem muito mais do que perseguidos políticos.

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8. Brasil – Ditadura Miliar – Um livro para os que nasceram bem depois… Obra independente destinada ao público jovem, contando a história de Clarice,

uma menina que cresceu durante o regime militar no Brasil. A partir de sua vida, são narrados alguns momentos marcantes desse período no nosso país.

O livro é de autoria de Joana D’Arc Fernandes Ferraz – professora da UFF, membro da diretoria do Grupo Tortura Nunca Mais – e Elaine de Almeida Bortone, psicóloga e historiadora. Ambas são pesquisadoras da memória do re-gime militar brasileiro. Os desenhos são de Diana Helene, ilustradora, cartunis-ta e designer gráfica. Disponível para download.

9. 1968 – Ditadura Abaixo, com texto de Teresa Urban e arte de Guilher-me Caldas: Lançado em 2008, com o objetivo de mostrar às novas gerações de-talhes sobre esse período da história do Brasil, a jornalista Teresa Urban contou com desenhos de Guilherme Caldas para transformar sua história na forma de quadrinhos e tornar mais fácil a compreensão das crianças. A ideia veio quando ela quis mostrar aos netos suas experiências no movimento estudantil como uma militante de esquerda, presa política nos anos da repressão.

Livros

1. Dossiê Ditadura – Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil –1964-1985. Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos políticos – IEVE-Insti-tuto de Estudos sobre a Violência do Estado. Imprensa Oficial, São Paulo, 2009

2. Direito à Memória e à Verdade – Comissão Especial sobre Mortos e De-saparecidos Políticos. Secretaria especial dos Direitos Humanos da Presi-dência da República. Brasilia, 2007

3. Memórias da Resistência e da Solidariedade: O Movimento de Justiça e Direitos Humanos contra as Ditaduras do Cone Sul e sua conexão re-pressiva. Enrique Serra Padrós e Jorge Eduardo Enrique Vivar. Porto Alegre, ASF-Brasil, 2013.

4. A Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul –1964 Histó-ria e Memória 1985. Volume 1 Da Campanha da Legalidade ao Golpe de 1964. Corag, Porto Alegre, 2010.

5. A Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul –1964 His-tória e Memória 1985, Volume 2 Repressão e Resistêncianos anos de Chumbo. Corag, Porto Alegre, 2010.

6. A Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul –1964 Histó-ria e Memória 1985, Volume 3 Conexão Repressiva e Operação Condor. Corag, Porto Alegre, 2010.

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7. A Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul –1964 His-tória e Memória 1985, Volume 4 O Fim da Ditadura e o Processo de Redemocratização. Corag, Porto Alegre, 2010.

8. Entre a Memória e o Esquecimento – Estudos sobre os 50 anos do Golpe Civil-Militar no Brasil. Carlos Artur Gallo e Silvania Rubert.Organizadores. Porto Alegre: Editora Deriva, 2014.

9. Abaixo a Repressão! Movimento Estudantil e as Liberdades Democrá-ticas. Ivanir josé Bortot e Rafael Guimarães. Porto Alegre: Libretos, 2008.

10. Operação Condor – o Sequestro dos Uruguios em Porto Alegre: Uma reportagem dos tempos da ditadura. Luiz Cláudio Cunha. Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.

11. “Justiça de Transição: Direito à Justiça, à Memória e à Verdade”- Co-missão de Anistia do Ministério da Justiça.

12. Listagem de Publicações - http://www.memoriasreveladas.arquivonacio-nal.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid =17&sid=4

13. Antes do Passado: o silêncio que vem do Araguaia de Liniane Haag Brum. Arquipélago, 271 páginas.

14. Clínicas do Testemunho: Reparação Psíquica e Construção de Memórias. Sigmund Freu Associação Psicanalítica (coedição). Porto Alegre, Ed. Criação Hu-mana, 2014 . site da Sig , link: http://www.sig.org.br/

15. Elvis, Che, meu pai e o Golpe de 64 de Maria Luiza Castilhos. Porto Alegre. Ed. Libretos, 2008.

Links diversos para estudo

1. Comissão Nacional da Verdade: https://www.cnv.gov.br/institucional-a-cesso-informacao/a-cnv.html

2. Resistência em Arquivo: Memória e História da Ditadura: https://re-sistenciaemarquivo.wordpress.com/tag/arquivo-publico-do-estado-do-rio-grande-do-sul/

3. Justiça de Transição: Direito à justiça, à memória e à verdade – com Giuse-ppe Tossi, Lucia Guerra e Paulo Abrão: https://www.academia.edu/10518945/Justi%C3%A7a_de_Transi%C3%A7%C3%A3o_Direito_%C3%A0_Justi%-C3%A7a_%C3%A0_Mem%C3%B3ria_e_%C3%A0_Verdade_-_com_Giuse-ppe_Tossi_L%C3%BAcia_Guerra_e_Paulo_Abr%C3%A3o_Completo_

4. Vídeo Rita Mauricio: https://www.youtube.com/watch?v=KO0-7Wn- RNM&feature=youtu.be

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5. Blog do Paulo Fonteles Filho: http://paulofontelesfilho.blogspot.com.br/2015/02/a-verdade-e-revolucionaria-jureuda.html?m=1

6. Vídeo Filhos e Netos por memória, verdade e justiça: https://www.you-tube.com/watch?v=36WUHJ9Eqo0

7. Reportagem do jornal Sul 21 - Antes do Passado: a dor e a injustiça do si-lêncio, por Milton Ribeiro: http://www.sul21.com.br/jornal/antes-do-pas-sado-ou-a-injustica-do-silencio/

8. Clínicas do testemunho – reparação psíquica e construção de memória: https://www.facebook.com/601946519867304/photos

Filmes

1. O dia que durou 21 anos. De Camillo Tavares, 77 min., 2012. 2. Cidadão Boilessen. De ChaimLitewski, 92 min., 2009. 3. Infância Clandestina. De Benjamin Avila, 112 min., 2001. 4. Cara ou Coroa. De Ugo Giorgetti, 98 min., 1939. 5. Memórias do Chumbo – O Futebol nos Tempos do Condor. De Lúcio de

Castro, 100 min., 2012. 6. No – Adeus, Sr. Pinochet. De Pablo Larraín, 117 min. 7. Diário de uma busca. De Flavia Castro, 111 min., 2011. 8. Hoje. De Tata Amaral, 87min., 2013. 9. 1962 O Ano do Saque. De Rodrigo Dutra e Victor Ferreira, 45min., 2014. 10. Tear. De Taiane Linhares, 62min., 2014. 11. Quem Foi Dom Adriano? De PIBD de História da UFFRJ, 12min., 2014. 12. Pra Frente Brasil (1982)13. O Que é Isso Companheiro? (1997)14. Batismo de Sangue (2007)15. Zuzu Angel (2006)16. O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006)17. Nunca Fomos Tão Felizes (1984)18. Tanga - Deu no New York Times? (1987)19. Corpo em Delito (1990)20. Lamarca (1994)21. Ação Entre Amigos (1998)22. A Terceira Morte de Joaquim Bolívar” (2000)23. Quase Dois Irmãos” (2004)24. Cabra-Cega” (2005)25. Corpo” (2007)

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Page 68: Os arquivos de Vó Alda - cjt.ufmg.br · com a ingenuidade do primeiro amor rever os meus companheiros matar a saudade e delirar de novo Volver aos meus 17, Viver passageiro e só

26. A Memória que Me Contam” (2013)27. http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/cinema/2014-04-01/de-pra-frente-

-brasil-a-hoje-15-filmes-fundamentais-sobre-a-ditadura.html28. 15 Filhos” (1996)29. A Culpa é do Fidel (2006)30. Revista Fórum: http://www.revistaforum.com.br/blog/2013/04/diario-li-

berdade-lista-os-35-melhores-filmes-da-esquerda-na-historia/31. http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/divirta-estudando/5-filmes-para-

-estudar-a-ditadura-militar-no-brasil/#.VWctVhAKnMo.gmail

Vídeos:

Série sobre Censura Militar ao Teatro, TV Brasil:https://www.youtube.com/watch?v=-ANFOwLUu_s&sns=emhttps://www.youtube.com/watch?v=vn8xF3dTvLMhttps://www.youtube.com/watch?v=yplwrQIWgIwhttps://www.youtube.com/watch?v=6-Sz1A2_80A&feature=youtu.behttps://www.youtube.com/watch?v=sb1TX02cRVUhttps://www.youtube.com/watch?v=cViE1f 3zA&ist= PLVFF 9Gu9H0C3z_Ui7Vgrp Af Lu rxq Acfi/a.60250 0079811948.1 0737418 31.601946519867 304/87205 2589523 361/?type=1&theater

Filmes :http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/divirta-estudando/5-filmes-para-es-tudar-a-ditadura-militar-no-brasil/#.VWctVhAKnMo.gmail

Série sobre Censura Militar ao Teatro, TV Brasil:https://www.youtube.com/watch?v=-ANFOwLUu_s&sns=emhttp://www.desaparecidospoliticos.org.br/index.php?m=1http://www.documentosrevelados.com.br/geral/70-anos-de-nascimento-e-42-de-morte-de-soledad-barrett-pela-ditadura/http://imagenesparamemoriar.com/2014/11/17/dictaduras-en-latinoamerica--la-impunidad-no-cierra-heridas/http://www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=17&sid=4

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