22
Revista Gestão Premium/Cursos de Administração e Ciências Contábeis FACOS/CNEC Osório DEZ/2012 Página 97 Os benefícios da elaboração e publicação do balanço social das organizações do terceiro setor um estudo de caso na entidade sindical de trabalhadores rurais Maique Pereira Carvalho 1 Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar a importância e os benefícios da elaboração e publicação do balanço social nas organizações do terceiro setor. O Terceiro Setor é considerado um agente entre o setor público e o privado, provido através da iniciativa de pessoas para produzir bens e serviços em prol da coletividade. Desta forma, justifica-se a apresentação deste estudo baseado na oportunidade de transparência dos atos e fatos que o Balanço Social pode trazer à sociedade, não apenas como forma de medir o sucesso do trabalho realizado, mas sim como uma maneira de proporcionar satisfação a todos sobre o resultado das ações, bem como o conhecimento e esclarecimento de eventuais dúvidas sobre o trabalho realizado pelo Terceiro Setor. Esta pesquisa trata-se de um estudo de caso, voltado a demonstrar os benefícios da utilização do balanço social em uma entidade sindical da classe de trabalhadores rurais situada em Santo Antônio da Patrulha/RS. É perceptível que a área social deste setor ganhará um reforço especial com o Balanço Social, principalmente no que tange a prestação de contas para com os principais beneficiados das ações organizadas pelas entidades sem fins lucrativos. Palavras-chave: terceiro setor - balanço social entidades - sindicato. Abstract: The work present has with object to analyze the importance and benefits of the preparing and publishing of the social balance sheet in the organizations of the sector third. The Sector Third is considered an agent between the public and private sectors, provided through the initiative of people to produce goods and services for the benefit of the community. Thus, it is appropriate to present this opportunity to study based on transparency of actions and events that Social Balance Sheet can bring to society, not just as a way to measure the success of the work , but as a way to provide satisfaction to all on the outcome of actions, as well as knowledge and clarify any doubts about the work done by the Sector Third. This research is a case study, aimed to demonstrate the benefits of using the social entity in a class union of rural workers located in Santo Antônio da Patrulha / RS. It is noticeable that the social sector this will win a special reinforcement with the Social Balance Sheet, especially regarding accountability towards the main beneficiaries of the actions organized by nonprofits. Keywords: sector third - social balance sheet entities - union. Introdução Terceiro Setor é um termo usado para designar o trabalho de um grupo de pessoas que se unem em favor de uma causa social, que mais tarde se tornará em missão 1 Acadêmico do curso de pós-graduação em Contabilidade, Controladoria e Finanças da Faculdade Cenecista de Osório FACOS/CNE. Contador formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS. Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Especialista. Orientador; Prof. Ms. Renato Silva.

Os benefícios da elaboração e publicação do balanço social ...facos.edu.br/publicacoes/revistas/gestao_premium/dezembro_2013/pdf... · que se unem em favor de uma causa social,

Embed Size (px)

Citation preview

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 97

Os benefícios da elaboração e publicação do balanço social das organizações do terceiro setor um estudo de caso na entidade

sindical de trabalhadores rurais

Maique Pereira Carvalho1

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar a importância e os benefícios da elaboração e publicação do balanço social nas organizações do terceiro setor. O Terceiro Setor é considerado um agente entre o setor público e o privado, provido através da iniciativa de pessoas para produzir bens e serviços em prol da coletividade. Desta forma, justifica-se a apresentação deste estudo baseado na oportunidade de transparência dos atos e fatos que o Balanço Social pode trazer à sociedade, não apenas como forma de medir o sucesso do trabalho realizado, mas sim como uma maneira de proporcionar satisfação a todos sobre o resultado das ações, bem como o conhecimento e esclarecimento de eventuais dúvidas sobre o trabalho realizado pelo Terceiro Setor. Esta pesquisa trata-se de um estudo de caso, voltado a demonstrar os benefícios da utilização do balanço social em uma entidade sindical da classe de trabalhadores rurais situada em Santo Antônio da Patrulha/RS. É perceptível que a área social deste setor ganhará um reforço especial com o Balanço Social, principalmente no que tange a prestação de contas para com os principais beneficiados das ações organizadas pelas entidades sem fins lucrativos. Palavras-chave: terceiro setor - balanço social – entidades - sindicato. Abstract: The work present has with object to analyze the importance and benefits of the preparing and publishing of the social balance sheet in the organizations of the sector third. The Sector Third is considered an agent between the public and private sectors, provided through the initiative of people to produce goods and services for the benefit of the community. Thus, it is appropriate to present this opportunity to study based on transparency of actions and events that Social Balance Sheet can bring to society, not just as a way to measure the success of the work , but as a way to provide satisfaction to all on the outcome of actions, as well as knowledge and clarify any doubts about the work done by the Sector Third. This research is a case study, aimed to demonstrate the benefits of using the social entity in a class union of rural workers located in Santo Antônio da Patrulha / RS. It is noticeable that the social sector this will win a special reinforcement with the Social Balance Sheet, especially regarding accountability towards the main beneficiaries of the actions organized by nonprofits. Keywords: sector third - social balance sheet – entities - union.

Introdução

Terceiro Setor é um termo usado para designar o trabalho de um grupo de pessoas

que se unem em favor de uma causa social, que mais tarde se tornará em missão

1 Acadêmico do curso de pós-graduação em Contabilidade, Controladoria e Finanças da Faculdade

Cenecista de Osório – FACOS/CNE. Contador formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos –

UNISINOS. Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Especialista.

Orientador; Prof. Ms. Renato Silva.

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 98

institucional das iniciativas ligadas ao atendimento de necessidades sociais,

filantrópicas e direitos humanos sem a pretensão de lucros.

O surgimento do Terceiro Setor está diretamente relacionado ao suprimento de

necessidades e carências entre o poder público e a iniciativa privada. Estas

entidades sociais desenvolvem suas atividades em áreas como: educação, saúde,

assistência social, assistência ao trabalhador, preservação do meio ambiente, entre

outras.

Cabral (2007), ressalta que tendo em vista o meio em que atua, as ações do

Terceiro Setor são alvo de interesse público, sendo assim, a clareza de suas

operações juntamente com a gestão administrativa dessas entidades são de

extrema importância, uma vez que, grande parte delas depende de doações,

subvenções e contribuições de voluntários como fonte de recursos para

permanecerem existentes.

O Balanço Social pode ser o elo que falta para a prestação de contas e

demonstração do desempenho das operações destas organizações. Segundo

Tinoco e Kraemer (2011), quando bem elaborado, o balanço social pode evidenciar

as prioridades de funcionamento da entidade, reunindo dados quantitativos

referentes à promoção social, humana e ambiental dos principais grupos

interessados, sejam internos (colaboradores) ou externos (comunidade como um

todo).

Desta forma, justifica-se a apresentação deste estudo baseado na oportunidade de

transparência dos atos e fatos que o Balanço Social pode trazer a sociedade, não

apenas como forma de medir o sucesso do trabalho realizado, mas sim como uma

maneira de proporcionar satisfação a todos sobre o resultado das ações, bem como

o conhecimento e esclarecimento de eventuais dúvidas sobre o trabalho realizado

pelo Terceiro Setor.

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 99

Terceiro Setor

O Terceiro Setor é formado por instituições que se caracterizam em sua essência,

com o comprometimento e ligação às questões sociais, atuantes em áreas onde há

carência de recursos, suprindo geralmente deficiências do Estado em: saúde,

educação, assistência social, cultura, preservação do meio ambiente, entre outros.

Tendo em vista que o Primeiro Setor é formado pela atividade pública de governo e

o Segundo Setor corresponde às empresas privadas. Tachizawa (2002), denomina

Terceiro Setor como uma nomenclatura geral adotada para distinguir as

organizações sociais particulares, que não são públicas muito menos privadas, com

papel de suprir os anseios e complementar os setores dominados por empresários e

governantes.

O Terceiro Setor é deveras considerado um agente entre o setor público e o privado,

provido através da iniciativa de pessoas para produzir bens e serviços em prol da

coletividade. Este tipo de organização não tem dono, e os lucros (superávits), se por

ventura existirem, não serão distribuídos, mas sim, reinvestidos nas atividades

desenvolvidas ou incorporados ao patrimônio da entidade (SANTOS, 2010).

Desta forma, pode-se dizer que o termo Terceiro Setor é designado às organizações

sem fins lucrativos, de caráter não governamental, que contam com a participação

de voluntários para o alcance de seus objetivos, e com isto contribuir

significativamente para o desenvolvimento social.

Do ponto de vista organizacional, as entidades que atuam no Terceiro Setor são

tipicamente prestadoras de serviços e abordam problemas sociais de natureza

pública, complementando o Estado no desenvolvimento de grupos de indivíduos.

Por outro lado, partem de uma iniciativa privada, da qual pessoas com os mesmos

interesses e concepções instituem e projetam sua demanda pela proposição de uma

missão (MELO NETO; FROES, 2005).

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 100

Compete ao Terceiro Setor generalizar e estimular a sustentabilidade daqueles que

usufruem seus benefícios, ao desenvolver projetos e atividades. Dessa forma, este

setor deve transcender ao assistencialismo e assim, agregar valor a todos aqueles

que direta ou indiretamente participam de suas ações.

Principais Características do Terceiro Setor

De modo geral, neste ramo assistencial a rentabilidade não é peculiar à atividade, ou

seja, o lucro não é o objetivo fundamental, porém, se ao término do exercício for

constatado resultado positivo, também conhecido por “superávits”, este deverá ser

investido integralmente na manutenção e/ou expansão das atividades propostas

pela entidade (OLAK; NASCIMENTO, 2010).

Conforme Santos (2010) pontua, estas instituições para serem enquadradas como

Terceiro Setor, precisam necessariamente cumprir requisitos fundamentais e

específicos, tais como:

O lucro não deve ser o principal intuito, porém necessário para a continuidade

e cumprimento institucional;

Deve ter sua origem com propósitos sociais;

O patrimônio não é pertencente aos sócios, diretores ou mantenedores, mas

sim à sociedade em geral;

As contribuições, doações e subvenções na maior parte dos casos, são as

principais fontes de recursos financeiros.

Partindo destas características, é possível definir o Terceiro Setor ou Entidades Sem

Fins Lucrativos como instituições privadas com finalidades sociais, mantidas em sua

maioria por contribuições, doações e subvenções que contribuem para a

constituição, mantenimento e ampliação do patrimônio social, nunca esquecendo

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 101

que este patrimônio de maneira alguma pode ser distribuído ou revertido aos seus

associados ou dirigentes.

Devido a sua essencial atividade, o Terceiro Setor conta com imunidade e isenções

de certos impostos e contribuições sociais que o Estado Maior criou com a finalidade

de incentivar e desonerar este setor. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo

150 proíbe a União, Estados, Distrito Federal e Municípios de instituírem impostos

sobre o patrimônio, venda ou serviços das instituições sem fins lucrativos de ensino,

assistência social, partidos políticos, fundações, entidades sindicais, dentre outras.

No entanto, segundo Tachizawa (2002), para que estas instituições pertencentes ao

Terceiro Setor se favoreçam desta imunidade ou isenção, deverão cumprir certos

requisitos que entre os principais estão: aplicar integralmente seus recursos na

manutenção e desenvolvimento de suas ações sociais, manter escrituração contábil

regular, não remunerar seus dirigentes pelos serviços prestados e demonstrar

publicamente as contas de todos os custos e fatos relativos ao destino de seus

recursos financeiros.

É importante ainda destacar, que dentro deste setor existem atividades imunes e

isentas, sendo que, é de suma importância saber diferenciar uma da outra para que

não haja conflitos entre os benefícios contidos em cada uma delas. Para corroborar

com o assunto, Borba et al. (2013), define imunidade como algo Constitucional

enquanto que a isenção é estabelecida por lei, ou seja, a atividade imune está

decretada na Constituição Federal, já a isenta decorre de dispensa legal e a

qualquer momento pode ser revogada.

A Norma Brasileira de Contabilidade (NBC T 10.19), que por sua vez estabelece

critérios e procedimentos específicos para as Entidades sem Fins lucrativos, em seu

item 10.19.13, faz a seguinte definição deste tipo de organização: “... são aquelas

em que o resultado positivo não é destinado aos detentores do patrimônio líquido e o

lucro ou prejuízo são denominados, respectivamente, de superávit ou déficit”.

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 102

De acordo com Melo Neto e Froes (2005), estima-se que no Brasil cerca de 600 mil

trabalhadores são contratados e desempenham suas atividades diretamente no

Terceiro Setor, mas se for somado o número de voluntários não remunerados, este

valor pode chegar à casa de 1,2 milhão de envolvidos no setor.

Classificação das entidades

De acordo com Olak e Nascimento (2010), definir uma classificação das atividades

desempenhadas pelas entidades sem fins lucrativos não é tarefa fácil, devido a sua

multiplicidade, mas destaca-se como principais segmentos:

Entidades de caráter beneficente, filantrópico e criativo;

Entidades de assistência à saúde;

Entidades religiosas;

Entidades de caráter educacional, cultural, instrutivo, científico, artístico e

literário;

Entidades de caráter recreativo e esportivo;

Associações de classe;

Entidades sindicais;

Sociedades cooperativas.

Está pesquisa, por se tratar de um estudo de caso voltado a demonstrar os

benefícios da utilização do balanço social em uma entidade sindical da classe de

trabalhadores rurais, terá como foco justificável a apresentação dos conceitos

básicos sobre este tipo de associação, que é totalmente sem fins lucrativos.

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 103

É possível, conceitualmente, definir uma Entidade Sindical como sendo uma

associação de caráter profissional, que reúne pessoas ligadas pelo mesmo

segmento econômico ou trabalhista, podendo ser empregados, empregadores ou

trabalhadores liberais, sem nunca esquecer que o intuito principal do sindicalismo é

a luta em defesa dos interesses individuais e profissionais dos seus associados

(CAMARGO et. al., 2002).

Sendo assim, é justificável caracterizar os sindicatos como entidades de direito

público, que desempenham atividades de interesses coletivos, geralmente

profissionais. No entanto, historicamente o surgimento dos sindicatos está

diretamente ligado à massa operária, em defesa de melhores condições de vida e

trabalho.

Há importantes relatos de que as primeiras lutas salariais e políticas ocorreram na

Inglaterra no século XIX, dando origem às primeiras associações coletivas em prol

de benefícios sociais. No Brasil, o movimento sindical ganhou forma no início do

século XX, em destaque estão grandes lutas de trabalhadores na década de 20.

Balanço Social

Tinoco e Kraemer (2011, p. 63), discorrem um entendimento conceitual sobre o que

é o Balanço Social, tratando-o como sendo,

Um instrumento de gestão e de informação que visa evidenciar, de forma mais transparente possível, informações contábeis, econômicas, ambientais e sociais, do desempenho das entidades, aos mais diferenciados usuários.

O Balanço Social, informativo não obrigatório das demonstrações contábeis atuais,

tem por finalidade evidenciar os efeitos da interação entre a entidade e o ambiente

em que se encontra. Seus principais destaques fazem referência a dados

ambientais, recursos humanos, contribuição da organização para o desenvolvimento

econômico-social e demais contribuições à sociedade em geral (FUNDAÇÃO...,

2010).

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 104

No Brasil, o surgimento do Balanço Social em meados dos anos 80, foi atrelado à

iniciativa incansável do Sociólogo Herbert de Souza (Betinho), que por muitos anos

comandou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE.

Segundo Carvalho (2012), o Balanço Social evidencia o processo de evolução social

da instituição, além disto, permite que a sociedade de modo geral (stakeholders)

avalie os pontos fortes e fracos de atuação no campo social. No entanto, é

importante destacar que somente a transparência e a veracidade destas

informações é que contribuirão para o êxito deste processo.

Responsabilidade Social

A grande responsabilidade social das organizações sejam privadas, públicas ou

assistenciais, está vinculada à geração de benefícios, renda e oportunidades de

emprego, sobretudo se estes recursos forem distribuídos de forma equitativa em prol

do desenvolvimento sustentável (TINOCO; KRAEMER, 2011).

Entretanto, conforme Melo Neto e Froes (2005), para ser responsável socialmente

não basta apenas preservar o meio ambiente e perseverar pelo desenvolvimento da

comunidade, é preciso investir no bem-estar dos seus colaboradores, propiciar um

bom ambiente de trabalho que garanta a sinergia e retorno aos acionistas,

perfazendo a satisfação de clientes e/ou consumidores.

Esta responsabilidade pode ser exposta através da publicação do Balanço Social,

que implica na responsabilidade e dever de noticiar com exatidão e presteza todos

os dados decorrentes do desempenho da organização no âmbito social e

organizacional, de modo que todos os interessados se sintam confortáveis para

avaliar, compreender e, se entenderem oportuno, questionar suas ações.

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 105

Objetivos e usuários do Balanço Social

No Brasil, existem relatos de organizações classificadas como terceiro setor desde

os anos 50, porém, por se tratarem de entidades integradas em causas sociais,

sempre dispuseram de pouco espaço na mídia, sendo consideradas notícias de

pouco impacto (OLIVEIRA, 2004).

O Balanço Social pode ainda servir como fonte para o fornecimento de indicadores

de desempenho para o desenvolvimento social, para que desta forma, demonstre ao

final a eficiência ou não das ações realizadas pela organização. Por meio destes

dados é possível no futuro estabelecer uma medida da satisfação do público

envolvido com a entidade, sejam internos ou externos.

O Quadro abaixo, elaborado com base em Tinoco (2001), apresenta os principais

grupos de usuários beneficiados com as informações do Balanço Social:

USUÁRIOS BENEFÍCIOS

Clientes Produtos com qualidade, preço bom e cortesia no atendimento.

Fornecedores Parceria e segurança na continuidade das atividades.

Colaboradores Salários adequados, incentivos à produção e produtividade,

segurança no emprego.

Investidores Aumento da rentabilidade, liquidez e crescimento no mercado.

Acionistas Valorização da ação, maior liquidez, valor adicionado e maiores

retornos sobre ativos.

Gestores Retorno sobre o patrimônio líquido, continuidade, qualidade e

produtividade.

Governo Aumento na produtividade e maiores tributações.

Sociedade Contribuição social, preservação ambiental, segurança e qualidade

de vida.

Quadro 1 – Balanço Social e seus benefícios aos usúarios Fonte: Adaptado de Tinoco, 2001.

Para Tinoco e Kraemer (2011), o Balanço social tem por objetivo ser o mais

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 106

transparente possível para satisfazer a necessidade de informações e comunicar de

forma íntegra todos os usuários, que de alguma maneira possam se beneficiar com

tais dados.

O Balanço Social evidencia o grau de cidadania das empresas e faz distinção a dois

tipos de ações: ações sociais com foco na qualidade de vida de seus colaboradores

e ações sociais direcionadas a educação, meio ambiente, cultura, esporte e lazer

dos demais membros da sociedade. (MELO NETO; FROES, 2005).

Tão importante quanto à discussão sobre a obrigatoriedade da elaboração do

Balanço Social é a transmissão e veracidade destes dados aos interessados em

interpretar este demonstrativo, de tal modo que o mesmo venha se tornar fonte de

conhecimento frente à atuação ética da entidade perante os anseios sociais.

Aspectos Legais do Balanço Social

A partir de 1° de janeiro de 2006, a Resolução CFC 1.003/2004 aprovou a NBC T 15

– Informações de Natureza Social e Ambiental, que surgiu para aprovar

especificamente os procedimentos para evidenciação de informações de natureza

social e ambiental, com o objetivo de demonstrar à sociedade a participação e a

responsabilidade social da entidade.

Diante do exposto anteriormente, embora existam leis tramitando nas esferas

federal, estadual e municipal, a apresentação e publicação do Balanço Social, de

maneira geral, ainda possui caráter facultativo para a maior parte das organizações

brasileiras.

O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE é uma organização

da sociedade civil fundada em 1981, entre outros, o sociólogo Herbert de Souza

(Betinho), com o objetivo de radicalização da democracia e incentivo ao

desenvolvimento social. Este órgão é sem dúvida o principal incentivador para que

as empresas adotem uma postura mais social e menos paternalista, foi dele a

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 107

criação de um modelo de Balanço Social em 1997 que é utilizado como base até os

dias de hoje por diversos grupos empresariais.

O selo IBASE, por exemplo, é um importante aspecto que corrobora para a

divulgação das empresas socialmente responsáveis, uma vez que o nível de

conhecimento da população sem referência ao assunto ainda é baixo, necessitando

de instrumentos que validem estes dados expostos por parte das empresas.

É recomendado que o Balanço Social seja submetido a um processo de auditoria,

antes que venha cair nas mãos da sociedade, pois levando-se em consideração que

cada empresa pode desenvolver seu próprio modelo de balanço, uma auditoria

solucionaria futuras questões referentes a objetividade, pertinência e fidelidade

destas informações.

Demonstração do Valor Adicionado (DVA)

A Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007 alterou e revogou dispositivos contidos na

Lei n° 6.404/76, especialmente no art. 176, introduzindo mudanças e alterações na

maneira como vinham agindo os profissionais da contabilidade, uma dessas

modificações foi a inclusão da Demonstração do Valor Adicionado – DVA no

conjunto de demonstrações financeiras que devem ser elaboradas e publicadas

pelas companhias de capital aberto.

Segundo o Pronunciamento Técnico CPC 09, a Demonstração do Valor Adicionado

– DVA é originada em decorrência da diferença entre a receita bruta da organização

e os recursos de terceiros obtidos e aplicados em todo o processo produtivo, bem

como a distribuição deste resultado entre colaboradores, governos, sócios e

fornecedores.

Conforme Santos e Schmidt (2011), a demonstração do valor adicionado deve

mensurar no mínimo as receitas, os insumos adquiridos, os valores retidos com

depreciação, amortização e exaustão, valores recebidos de outras entidades, valor

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 108

total adicionado e a distribuição deste valor.

Ribeiro (2010) vai mais além, e discorre um entendimento que o valor adicionado

gerado em cada organização num determinado período, vem representar o quanto

esta sociedade cooperou para a determinação do Produto Interno Bruto – PIB do

país.

A DVA possui como principal fonte de dados a Demonstração do Resultado do

Exercício – DRE, entretanto estes dois demonstrativos não podem ser confundidos,

uma vez que a DRE tem como objetivo demonstrar o lucro do período, enquanto a

DVA evidencia o lucro gerado aos acionistas e também a destinação do restante do

montante gerado.

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC emitiu o Pronunciamento Técnico

CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado, que por sua vez, orienta que a DVA

faça parte do conjunto de informações que compõem o Balanço Social.

Ao analisar a DVA, seguramente nota-se a sua relação com indicadores sociais em

decorrência da distribuição de parte da riqueza gerada pela entidade entre

colaboradores, financiadores e governo (FUNDAÇÃO..., 2010).

Estudo de caso

O estudo de caso é aplicado quando há interesse por parte do pesquisador em

observar ocorrências que afetem o campo social, não somente de maneira teórica.

Gil (2010, p. 37), define este tipo de pesquisa como “estudo profundo e exaustivo de

um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado

conhecimento”.

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Antonio da Patrulha – STRSAP é

uma Entidade Sindical de primeiro grau, com Carta Sindical registrada em 29 de

Julho de 1966, atualmente possui cerca de 2.600 associados, constituído por prazo

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 109

indeterminado para representar a categoria dos trabalhadores rurais, tendo por

finalidade estudar, coordenar e defender os interesses dos representados.

A organização detém como principais prerrogativas: buscar a melhoria das

condições de vida e de trabalho ao pequeno agricultor, bem como propugnar em

favor da independência e autonomia sindical, da intensificação da solidariedade

entre a categoria não só no âmbito municipal, mas também regional, estadual e

nacional.

Por fim, cabe ao STRSAP, representar perante as autoridades administrativas e

judiciais as disposições gerais de sua categoria profissional e os interesses

individuais e coletivos dos seus associados. Também concerne a este setor

defender as instituições democráticas por justas liberdades individuais e coletivas,

respeito à justiça e aos direitos fundamentais do ser humano.

O IBASE dispõe em sua página eletrônica de um modelo de Balanço Social voltado

diretamente para organizações sociais, e é com base neste que se dará

continuidade à pesquisa dedicada ao estudo de caso selecionado.

Inicialmente o Balanço Social sugerido pelo IBASE trás a introdução das principais

características que acabam por identificar as Entidades Sem Fins Lucrativas, como

por exemplo, sua natureza jurídica, se possui isenção da cota patronal do INSS, se

possui certificado de entidade beneficente e registro nos principais conselhos de

classe.

Na sequência, o item 2, trata de expor as origens dos recursos, ou seja, de onde são

provenientes as receitas das entidades, que consequentemente mantém o

patrimônio e geram condições para o andamento de seus fins institucionais.

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 110

Figura 1 – Balanço social para instituições de ensino, fundações e organizações sociais Fonte: adaptado de Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, 2013.

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 111

As receitas de qualquer entidade, seja ela com ou sem fins lucrativos, pode ser

definida como a entrada bruta de recursos que provém do curso normal de suas

atividades. Deste modo, a constituição, manutenção e ampliação do patrimônio das

entidades do Terceiro Setor, de forma genérica, decorre principalmente de

contribuições, doações e subvenções (SLOMSKI; CARVALHO; ALVES, 2004).

Não obstante disto, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Antônio da

Patrulha possui como fonte de recursos financeiros, as contribuições sociais

oriundas de pessoas filiadas à entidade (associados), que seguem determinações

sobre valores e prazos constantes no Estatuto Social da entidade. Há ainda receitas

provenientes da prestação de serviços e/ou venda de produtos, visto que a entidade

disponibiliza uma gama de produtos visando melhor preço e atendimento ao seu

associado.

Para Ribeiro (2010), as aplicações de recursos são tudo aquilo que a entidade

dispõe e converte em bens ou direitos que geralmente trarão benefícios e

continuidade para a organização. Já despesas e custos são caracterizados pelo

consumo de bens ou serviços durante o período do processo de geração da receita,

por exemplo, energia elétrica, materiais de expediente e limpeza, matéria-prima, etc.

O item 3 trata em específico das aplicações dos recursos, abrangendo o destino que

é dado a todo dinheiro que abastece a entidade por intermédio das origens de

recursos. Neste tópico não se pode esquecer os custos com a elaboração de

projetos ou programas, os gastos com pessoal, bem como todas as demais

despesas necessárias para o perfeito funcionamento da entidade.

Segundo Tinoco e Kraemer (2011), as remunerações e benefícios (custo com

pessoal) no Brasil, ainda é uma discussão um tanto quanto obscura, e o Balanço

Social tem a missão de evidenciar uma das áreas consideradas menos transparente

na rotina empresarial.

Com referência aos indicadores sociais internos, a instituição selecionada para o

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 112

estudo de caso poderá certificar as ações e benefícios concedidos ao seu grupo de

colaboradores. Atualmente o STRSAP possui convênio com o Programa de

Alimentação do Trabalhador – PAT, que garante ao trabalhador melhores condições

nutricionais e de qualidade de vida.

Dentre os benefícios concedidos estão o vale transporte, o auxílio creche, convênio

médico para o trabalhador e segurança no trabalho por meio do Programa de

Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO. No campo educacional e

capacitação profissional, a entidade periodicamente desenvolve cursos e

treinamentos com a lógica de qualificar o grupo e melhor satisfazer as necessidades

dos associados.

Pesquisas recentes apontam forte crescimento e profissionalização do mercado de

trabalho no Terceiro Setor, isto reflete a grande procura de interessados em atuar

nesta área social formada pelas organizações de sociedade civil. Entretanto, é

preciso considerar o perfil destes futuros colaboradores, levando em conta questões

como o envolvimento do candidato com os princípios institucionais da organização

(TACHIZAWA, 2002).

Os itens 6 e 7 do Balanço Social tratam de temas que evolvem a estrutura funcional

da entidade, tais como: o número de colaboradores, idade, salários, cargos, e

distribuição racial. Existe ainda a mensuração do grau de escolaridade de todos os

envolvidos, para que se faça um apanhado geral do nível de instrução e se

necessário seja realizado políticas de incentivo ao estudo.

Por fim, o Balanço Social reúne informações quanto à ética, transparência e

responsabilidade social que a entidade desempenha com referência aos seus

processos de admissão ao trabalho, avaliação social e ambiental de futuras

parcerias e a transparência de todo o processo eleitoral que envolve a escolha da

diretoria.

A Demonstração do Valor Adicionado tem fortes ligações com as causas sociais por

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 113

mensurar dados que influenciam no desenvolvimento econômico da sociedade,

portanto, não há como falar de Balaço Social sem ir ao encontro da DVA.

Diante da exposição deste estudo de caso, é imprescindível trazer um modelo de

DVA ajustado para o terceiro setor conforme demonstra a figura seguinte:

Figura 2 – Demonstração do valor adicionado Fonte: adaptado de FUNDAÇÃO..., 2010.

É notável a contribuição da DVA para o avanço da própria ciência contábil,

especialmente por tratar de indicadores e informações de caráter social que acabam

por atingir um maior número de usuários, entre eles: colaboradores, associados,

Em reais Em reais

20X1 20X0

1 – RECEITAS SERVIÇOS E OUTRAS

1.1) Contribuições

1.2) Receitas de vendas ou prestação de serviços

1.3)Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Reversão / (Constituição)

1.4) Outras Receitas

2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS

2.1) Serviços Profissionais e Contratados

2.2)Custos e Despesas de Operacionalização

2.3) Perda / Recuperação de valores ativos

2.4) Outras (especificar)

3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)

4 – DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO

5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)

6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA

6.1) Resultado de equivalência patrimonial

6.2)Contribuição Social

6.2) Receitas financeiros

6.3) Convenios, Subvençoes e Auxilios Fianceiros

6.3) Outras

7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)

8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*)

8.1) Pessoal

8.1.1 – Despesas com Pessoal

8.1.2 – Benefícios

8.2) Impostos, taxas e contribuições

8.2.1 - Encargos Trabalhistas - folha de pagamento

8.2.2 - Encargos Trabalhistas - Serviços de Terceiros

8.2.3 - Impostos Federais

8.2.4 - Taxas Federais

8.2.5 – Impostos Estaduais/Distrital

8.2.6 – Impostos municipais

8.2.7.- Outras taxas

8.3)Distribuição da Programação

8.3.1 – Transferencia de Contribuição Social Agentes do Sistema(2)

8.3.2 – Transferências Entidades Parceiras(convenios)

8.3.3 - Transferências de Recursos de Entidades Parceiras para AS uf(2)

8.3.4 - Outras Transferências

9)Valor Adicionado a Aplicar

9.1. Valor Adicionado a aplicar em fins institucionais

DESCRIÇÃO

Demonstração do Valor Adicionado – ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 114

financiadores e sociedade (RIBEIRO, 2010).

Relacionando a Demonstração do Valor Adicionado com o terceiro setor e em

especial ao estudo de caso escolhido, ressalta-se a mensuração de tudo que é

captado em forma de contribuição e venda de produtos contra todos os valores

aplicados em projetos, ações, despesas com pessoal, encargos e tributos oriundos

do cumprimento institucional.

A DVA se torna importante por demonstrar o quanto cada segmento beneficiado

retém do valor adicionado a distribuir, ou seja, este demonstrativo define o valor de

recursos destinados ao pessoal através de salários e benefícios sociais, aos

acionistas em forma de remuneração ao capital investido, aos financiadores pelo

aporte de recursos na empresa e ao Estado por meio de impostos diretos, indiretos

e taxas (TINOCO; KRAEMER, 2011).

Desse modo, destaca-se a finalidade da DVA em demonstrar como é originada a

geração de renda da entidade, e como este valor foi distribuído entre os principais

envolvidos direta ou indiretamente neste processo.

Considerações finais

As entidades do Terceiro Setor, hoje exercendo grande representatividade

econômica, normalmente são subsidiadas por contribuições, doações e subvenções,

que por isto, para manter sua credibilidade, precisam a todo o momento demostrar a

transparência (accountability) de suas atividades no desempenho dos fins

institucionais.

O Balanço Social unido a Demonstração do Valor Adicionado constituem uma

importante fonte de informações visto que, este conjunto de elementos fornecem

dados que permitem uma perfeita análise do desempenho econômico (MELO NETO;

FROES, 2005). Além disso, é possível evidenciar os efeitos sociais decorrentes da

distribuição dos recursos gerenciados pelas organizações, principalmente quando

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 115

estas são exclusivamente sem finalidades de lucros.

A contabilidade como efetiva ciência social, pode dar sua contribuição de forma

decisiva ao Terceiro setor, assim como faz no anseio empresarial. Desta forma, este

estudo teve por objetivo analisar a importância e os benefícios da elaboração do

balanço social neste setor, onde para tal conclusão foi abordado um estudo de caso

em uma entidade sindical, do qual se percebe que todos os dados relevantes para

esta produção são de fácil acesso e trariam maior transparência e melhor

entendimento dos fins sociais perante a sociedade.

O Sindicato dos Trabalhadores rurais de Santo Antônio da Patrulha – STRSAP

presta contas anualmente aos seus associados por meio de assembleia geral, onde

a entidade convoca todos os interessados e expõe os dados com base nos relatórios

contábeis. Implementando o Balanço Social, esta organização terá posse de

informações valiosas quanto a sua forma de agir com relação às receitas,

investimentos em pessoal, impostos e encargos, benefícios concedidos aos

colaboradores e principalmente os valores destinados aos projetos e ações que a

entidade desenvolve.

É importante ressaltar que estes dados, de uma forma ou de outra, são expostos

publicamente, porém sem a devida força social que cada informação desta contém,

é neste momento que se estampa as vantagens advindas do balanço social. Estes

valores agregados darão ao STRSAP maior transparência e melhor entendimento

dos atos praticados pela gestão aos associados, e estes terão em poder mais uma

ferramenta para contestar ou apoiar a continuidade das atividades organizacionais

da entidade.

A pesquisa deixou evidente que o Terceiro Setor e em especial o caso abordado

fornecem dados suficientes para a elaboração deste informativo, uma vez que, o

Balanço Social fará o papel de organizador destes números que de certa forma já

são produzidos, porém, sem a devida valorização de associados, funcionários e

comunidade. É reconhecido que a área social destas entidades ganhará um reforço

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 116

especial com o Balanço Social, principalmente no que tange a prestação de contas

para com os principais beneficiados das ações organizadas pelas entidades sem fins

lucrativos.

Referências

BORBA, Ana Paula Oliveira de et al. Gestão Tributária. Uberaba: Cenecista, 2013.

BRASIL. Constituição 1988. República Federativa do Brasil. Brasília: Senado

Federal: São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

BRASIL. Lei n 11.638, de 28.12.2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 10 set. 2013.

CABRAL, Eloisa Helena de Souza. Terceiro Setor Gestão e Controle Social. São

Paulo: Saraiva, 2007.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC n 877, de 18 de

abril de 2000. Aprova a NBC T 10.19 – Entidades sem finalidade de lucros.

Disponível em: <http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2000/

000877>. Acesso em: 15 set. 2013.

CAMARGO, Mariângela franco de et al. Gestão do Terceiro Setor no Brasil. 2. ed.

São Paulo: Futura, 2002.

CARVALHO, Gardênia Maria Braga de. Contabilidade Ambiental: teoria e prática.

2. ed. Curitiba: Juruá, 2012.

FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAIS E

FINANCEIRAS. Manual de Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2010.

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 117

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas,

2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECONÔMICAS. O Balanço

Social/2008: modelo para instituições de ensino, fundações e organizações sociais.

Disponível em: <http://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm>.

Acesso em: 10 out. 2013.

MELO NETO, Francisco Paulo de; FROES, César. Responsabilidade Social e

Cidadania Empresarial: a administração do Terceiro Setor. 2. ed. Rio de Janeiro:

Qualitymark, 2005.

OLAK, Paulo Arnaldo; NASCIMENTO, Diogo Toledo do. Contabilidade para

Entidades Sem Fins Lucrativos (Terceiro Setor). 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

OLIVEIRA, Tatiana Gabriela Bonzini. O terceiro setor e a importância do balanço

social. 2004. 61 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação) – Departamento de

Ciências Econômicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 2004.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Geral Fácil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

SANTOS, Cleston Alexandre dos. Práticas de contabilidade das organizações

sem fins lucrativos de Curitiba. 2010. 112 f. Dissertação (Mestrado) – Setor de

Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 2010.

SANTOS, José Luiz dos; SCHMIDT, Paulo. Contabilidade Societária. 4. ed. São

Paulo: Atlas, 2011.

SLOMSKI, Valmor; ALVES, Cássia Vanessa Olak; CARVALHO, Luiz Nelson Guedes

de. O reconhecimento dos contribuições, doações e subvenções nas entidades do

terceiros setor: uma comparação entre os US-GAAP, normas do IASB e do CFC. In:

CONGRESSO USP DE CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 4. São Paulo, 07 e

R e v i s t a G e s t ã o P r e m i u m / C u r s o s d e A d m i n i s t r a ç ã o e C i ê n c i a s C o n t á b e i s – F A C O S / C N E C O s ó r i o D E Z / 2 0 1 2

Página 118

08 de outubro de 2004. Anais... do 4º Congresso USP de Controladoria e

Contabilidade. São Paulo, 2004.

TACHIZAWA, Takeshy. Organizações Não Governamentais e Terceiro Setor.

São Paulo: Atlas, 2002.

TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Balanço Social: uma abordagem da

transparência e da responsabilidade pública das organizações. São Paulo: Atlas,

2001.

TINOCO, João Eduardo Prudêncio; KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira.

Contabilidade e Gestão Ambiental. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011.