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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · vivências, os valores, o que tem significado de quem aprende. Esta característica de vinculação com o vivido não é prerrogativa

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PELO COTIDIANO

Autor: Vanderlei Carlos Verdi1 Orientadora: Elizandra Fernandes Alves2

RESUMO: O presente artigo objetiva apresentar uma reflexão sobre as atividades desenvolvidas pelo autor do mesmo durante a sua participação no PDE (Projeto de Desenvolvimento da Educação), no qual foi desenvolvida uma Proposta Didático-Pedagógica implantada no primeiro semestre do ano de 2014, no 6º ano do Ensino Fundamental no Colégio Estadual José Armim Matte – EFMNP, no município de Chopinzinho – PR. A estrutura do trabalho didático-pedagógico baseou-se nos moldes da Unidade Didática e teve como principal objetivo a apresentação da Língua Estrangeira Moderna – Inglês, de forma harmoniosa e natural, com o uso das novas tecnologias aos alunos. Justifico essa abordagem do ensino de Inglês pela observação que tenho realizado da forma como as pessoas, de idades variadas, apropriam-se de palavras e expressões inglesas que lhes são apresentadas de forma natural nas peças publicitárias e em programas infantis. Palavras-chaves: Cotidiano. Tecnologias. Ensino. LEM-Inglês.

Introdução

No Brasil, a educação ainda não conseguiu sensibilizar os meios políticos,

das elites, das famílias e outros conjuntos sociais. E nas escolas, há muito

tempo, ocorre uma seletividade social através da classificação nos resultados

que se baseiam em avaliações geradas de forma centralizadas. Passamos,

assim, sucessivas décadas com uma política que pouco tem mudado nas

escolas e que não tem ajudado muito para melhorarmos os índices de

aprendizagem.

A escola, mais precisamente a escola pública, precisa ser reinventada.

Há mais de quinze anos trabalhando com ensino de Língua Estrangeira

Moderna – Inglês (doravante LEM e LI) percebemos uma situação que é

enfrentada no contexto escolar que tem consequência no resultado da

aprendizagem dos nossos alunos de LEM: eles chegam com expectativas,

ansiosos, curiosos e apaixonados pela LEM, e ao passar do ano parece que

esse interesse vai empalidecendo, definhando, e acaba por restar apenas

curiosidade por saber um termo ou outro que veem em jogos ou músicas.

1 Professor PDE 2013; Graduado em Letras Português/Inglês; Pós-graduado em Magistério do

Ensino Superior; atuante no Colégio Estadual José Armim Matte – Chopinzinho, PR; [email protected]. 2 Mestre em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Professora do Curso de

Letras – Inglês e Respectivas Literaturas, na Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, Campus Santa Cruz, Guarapuava, PR; [email protected].

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Pensando em oferecer um ensino de LI alternativo, no qual as atividades

fossem conduzidas de forma menos mecânica, e, consequentemente,

obtivesse uma a adesão mais significativa dos educandos em sala é que nos

dedicamos à formulação de uma Unidade Didática que trouxesse em sua

proposta a apresentação da LEM/LI aproveitando-se de situações cotidianas,

como um cartaz promocional, um convite para festa de aniversário, um

desenho animado, etc.

Segundo a educadora Esther Grossi, em seu livro A Coragem de Mudar

em Educação (2000, p. 51),

ensinar só cumpre sua finalidade se tiver a ver com o contexto de vida dos seus destinatários. Qualquer ensino só funciona se toca as vivências, os valores, o que tem significado de quem aprende. Esta característica de vinculação com o vivido não é prerrogativa da chamada educação popular. Ela é, sim, uma exigência de toda atividade didático-pedagógica.

Assim, em nossa prática escolar não devemos cobrar que o educando saia,

após o Ensino Médio (doravante EM), fluente no uso da LI, pois o mesmo

também não se aplica às demais disciplinas; caso fosse o contrário, teríamos

matemáticos, físicos, biólogos e outros profissionais saindo do EM. Contudo,

ao longo da experiência docente de LEM, percebemos que há pouca

internalização por parte dos educandos daquilo que efetivamente ensinamos.

Segundo Ausubel (2003), o ser humano constrói significados de maneira

mais eficiente quando considera inicialmente a aprendizagem das questões

mais gerais e inclusivas de um tema, ao invés de trabalhar inicialmente com as

questões mais específicas desse assunto. Assim, em nossa proposta

apresentamos os conteúdos de forma simples, partindo daquilo que é familiar

aos educandos, e depois seguimos para o mais complexo.

Para a aplicação da proposta, optamos por trabalharmos com

educandos do sexto ano do Ensino Fundamental (doravante EF) do Colégio

Estadual José Armim Matte (JAM), de Chopinzinho, Paraná. A opção por tal

grupo se deu porque é neste ano que os educandos estão iniciando o estudo

da LEM, e estão, assim, menos suscetíveis a vícios metodológicos e pré-

dispostos ao envolvimento com a proposta oferecida.

Com a aplicação da proposta, a qual abarcou o ensino de LI,

especialmente a fala, por meio de atividades mais comuns ao cotidiano dos

educandos, acreditamos que municiaríamos os mesmos com condições de

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construir enunciados coerentes em LI, enunciados mais facilmente assimilados

e, portanto, aceitos.

Desta forma, o presente artigo busca retomar o referencial teórico usado

para que a proposta didático-pedagógica, confeccionada no segundo semestre

de 2013, fosse bem planejada. Em seguida, pretendemos apresentar os

resultados obtidos com a aplicação da proposta, realizada no primeiro

semestre de 2014, terminando com uma conclusão, no qual apontaremos a

importância deste trabalho para o ensino da LEM, mais especificamente da LI,

nas escolas do estado do Paraná.

Revisão da literatura

O ensino de LI há muito está envolto em dificuldades que se apresentam

de variadas formas. Tais dificuldades produzem um ambiente negativo na

escola e em sala de aula, causando, como consequência, pouco interesse e

valorização com relação à disciplina. Neste cenário cristalizam-se crenças,

como as citadas por Barcelos (2011): aquelas do professor sobre si mesmo

(“eu sei tudo”; “não posso errar”), as dos alunos sobre eles mesmos (“eu não

sei inglês”; “não consigo aprender inglês”, “não consigo aprender com essa

professora, com esse material, nesta escola, no Brasil”) e crenças da

sociedade sobre as aulas de inglês, principalmente na escola pública (“Não se

aprende inglês na escola pública”; “Não se sabe português quanto mais

inglês”).

O acima exposto se apresenta como alguns dos obstáculos para a

fruição adequada do processo de ensino-aprendizagem da LI nas escolas

públicas. Neste sentindo, perguntas como “É possível reverter esta situação?”

tomam corpo em instituições de ensino superior, de onde saem nossos

professores, e continuam sendo discutidas nas escolas e em cursos de

formação continuada.

Na perspectiva de aplicar uma ação docente que atenda tanto o

objetivo do professor quanto as expectativas de aprendizagem dos alunos,

apresentando os conteúdos de forma simples partido daquilo que é familiar aos

alunos e depois encontrar-se com o mais complexo. Segundo Ausubel o ser

humano constrói significados de maneira mais eficiente quando considera

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inicialmente a aprendizagem das questões mais gerais e inclusivas de um

tema, ao invés de trabalhar inicialmente com as questões mais específicas

desse assunto:

Quando se programa a matéria a ser lecionada de acordo com o princípio de diferenciação progressiva, apresentam-se, em primeiro lugar, as ideias mais gerais e inclusivas da disciplina e, depois, estas são progressivamente diferenciadas em termos de pormenor e de especificidade. Esta ordem de apresentação corresponde, presumivelmente, à sequência natural de aquisição de consciência cognitiva e de sofisticação, quando os seres humanos estão expostos, de forma espontânea, quer a uma área de conhecimentos completamente desconhecida, quer a um ramo desconhecido de um conjunto de conhecimentos familiar. Também corresponde à forma postulada, através da qual se representam, organizam e armazenam estes conhecimentos nas estruturas cognitivas humanas. (2003, p.166).

Acreditamos que o professor tem papel preponderante no processo de

ensino de uma LEM, e isto não seria diferente em uma LI, mas corroboramos

com Gasparin, que discute sobre a importância de se pensar no processo de

ensino-aprendizagem por meio de uma tríade:

Os sujeitos aprendentes e o objeto da sua aprendizagem são postos em recíproca relação através da mediação do professor. É sempre uma relação triádica, marcada pelas determinações sociais e individuais que caracterizam os alunos, o professor e o conteúdo. Nenhum dos três elementos do processo pedagógico é neutro, todos são condicionados por aspectos subjetivos, objetivos, culturais, políticos, econômicos, de classe, do meio em que se encontram ou de onde provêm (2003, p.51).

Os educandos têm curiosidade de aprender uma LEM, porém,

esbarramos sempre no que Holden discute:

[...] o que os alunos podem não perceber perfeitamente é que a aprendizagem de qualquer idioma estrangeiro requer muito trabalho, precisa de prática, de atividades de memorização, assim como de atividades comunicativas e criativas. Semelhante ao aprendizado para tocar um instrumento musical ou dirigir um carro, também requer bastante experiência para que o aluno esteja apto. O problema com um idioma estrangeiro – em especial o inglês – é que muitos alunos adquirem uma competência superficial usando-o fora da sala de aula. (2009, p.17).

O uso de equipamentos de mídias atraiu a atenção e despertou a

motivação dos alunos, pois possibilitou a associação de cores, movimentos,

sons e outras situações que estimularam e facilitaram a aprendizagem, no

nosso caso, da língua estrangeira.

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Com a variedade de recursos multimodais que hodiernamente dispomos

e que podem ser associados à sala de aula é possível dinamizar as aulas e

apresentar os conteúdos através de outros meios que não só a fala do

professor. Na intervenção realizada no Colégio desenvolvemos as atividades

com uso de vídeo, assim as imagens foram associadas ao conteúdo

apresentado. Trabalhar com a perspectiva de aplicar novas estratégias para e

ensino requer coragem, boa formação e estratégia planejada para obter a

adesão significativa do alunado, pois a contra gosto deles dificilmente

avançaremos no que for proposto.

Para fazer diferente, então, o professor não precisa virar a sala de

cabeça para baixo ou pedir coisas do outro mundo para os alunos, irá sim

orientar os alunos sobre a necessidade de aprender a língua inglesa e que isso

pode ser um diferencial na vida futura, na perspectiva de emancipação bem

como de posicionar-se no mundo do trabalho.

As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná para a Educação

Básica (doravante DCEs) (PARANÁ, 2008, p. 53) propõem

que a aula de Língua Estrangeira Moderna constitua um espaço para que o aluno reconheça e compreenda a diversidade linguística e cultural, de modo que se envolva discursivamente e perceba possibilidades de construção de significados em relação ao mundo em que vive. Espera-se que o aluno compreenda que os significados são sociais e historicamente construídos e, portanto, passíveis de transformação na prática social.

No entanto, por muito tempo, nas aulas de LEM o que se usava era resumido

em quadro negro, giz e saliva (o quê, inegavelmente, ensinou muita gente),

mesmo com as inovações tecnológicas que aconteciam fora da escola. Isto, de

certa forma, ia contra o avanço tecnológico mundial, impedindo a expansão do

estudo de uma LEM para as habilidades de listening, por exemplo, o quê, em

contrapartida, reduzia as possibilidades de se trabalhar o speaking de forma

efetiva e natural.

Com o uso de equipamentos de áudio e vídeo nas aulas, sobretudo nas

de LEM, Ortenzi e Gimenez (2008) mostram que se abriram novas

possibilidades de se trabalhar o ensino de LI, por exemplo, por meio de uma

abordagem que não se restringisse às habilidades da escrita e da leitura do

idioma.

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Assim, estamos vivendo uma mudança de época em que as inovações

da modernidade passam a fazer parte do cotidiano das escolas e nos chamam

a uma realidade que traz alguns desafios:

A hipótese fundamental é que educação não deve perder tempo em temer a modernidade. Deve procurar conduzi-la e ser-lhe o sujeito histórico. Neste sentido, modernidade na prática coincide com a necessidade de mudança social, que a dialética histórica apresenta na sucessão das fases, onde uma gera a outra. Menos que a marca técnica, modernidade poderia significar o desafio de compreender os tempos novos, abarcar os anseios das novas gerações, perscrutar os rumos do futuro (DEMO, 1993, p. 21).

Assim, combinando a ação positiva do professor com uso racional dos

recursos tecnológicos, estabelece-se um cenário para várias atividades com

finalidades educacionais altamente producentes e que podem trazer resultados

ainda não experimentados no ensino de LI.

A IMPLEMENTAÇÃO: RESULTADOS E DESDOBRAMENTOS

A Proposta Didático-Pedagógica foi organizada na forma de Unidade

Didática que é uma estratégia que garante unicidade ao trabalho do professor,

promovendo encaminhamentos e intervenções que partem do mais familiar

para o novo a ser ensinado e aprendido. Entendemos também que a criação de

uma unidade de atividades deve permitir a transformação gradual das

capacidades iniciais dos alunos. Dessa forma, as atividades podem ser

concebidas inicialmente de forma mais lúdica e envolvente e a cada atividade,

aumentando o grau de dificuldade excedendo as capacidades iniciais dos

alunos, a fim de levá-los à superação de cada estágio conjuntamente.

A aplicação da proposta didático-pedagógica, intitulada de Aprendendo

Inglês pelo Cotidiano, foi desenvolvida em 32 (trinta e duas) aulas, no Colégio

Estadual José Armim Matte - EFMNP, no primeiro semestre de 2014, com a

turma do sexto ano B, que contava com 26 educandos. Para a aplicação do

material foram escolhidos esses educandos, que contavam com a idade entre

10 e 11 anos, e que ainda não haviam tido aulas regulares de LI. Isto

possibilitou uma condução harmônica do trabalho, havendo sintonia entre as

proposições e a adesão dos educandos.

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Na primeira aula foi feita uma sondagem sobre o que os educandos

afirmavam saber sobre a LI, como, por exemplo, onde se fala a língua. Os

países usam a LI como primeira ou segunda língua foram mostrados através

do uso de mapas. Nas aulas seguintes foram apresentadas palavras e

expressões em LI que são usadas em nosso cotidiano. Os próprios educandos,

por meio de seus exemplos, produziram uma lista de palavras que utilizamos

constantemente, embora não fossem falantes a língua, por exemplo: milk

shake, skate, play, start, download, facebook, play list. Esta atividade serviu

para desmistificar, logo no início da aplicação do projeto, o mito de que a LI é

difícil e impossível de ser aprendida.

Após a atividade de reconhecimento das expressões inglesas que

usamos, passou-se para uma abordagem mais técnica, fazendo a

apresentação do alfabeto em inglês com o auxílio de um game, o Hangman, o

que produziu um estímulo proativo para a realização da atividade. Dada esta

atividade inicial, partiu-se para algo um pouco mais elaborado, com

apresentação de cartazes promocionais com anúncios que se utilizam de

expressões inglesas e que são de circulação corriqueira em vitrinas variadas. O

aspecto visual, colorido e casual dos cartazes ajudou a envolver os educandos

na atividade que se seguia, na qual eles tinham que produzir cartazes similares

aos vistos.

Pensando na função comunicativa do ensino de LI, passou-se a

apresentar o vídeo Dora A Aventureira, mais especificamente o episódio

intitulado Fantástica Ginástica (parte 1), que traz no seu desenvolvimento um

momento de apresentação dos personagens, e, assim, possibilita a associação

às situações de apresentação pessoal proposta aos educandos. Este mesmo

vídeo traz, ainda, outras expressões inglesas que possibilitam novas inserções

em diálogos propostos pelo professor.

A aprendizagem, até o momento, como toda situação de ensino,

precisava ser averiguada. Através da proposta de um novo game, que consistiu

em uma trilha montada pelo professor, com perguntas sobre o assunto

estudado até então postas sob cada uma das casas do jogo. Os educandos,

organizados em equipes, deveriam jogar os dados para determinar seu avanço,

o qual só seria efetivado se eles soubessem responder o que lhe fora

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questionado. Este game foi muito motivador e proporcionou uma bela manhã

de aula de LI, em um espaço ao ar livre, mudando a rotina da aula da turma.

A partir da avaliação positiva da aprendizagem até o referido momento,

passou-se a apresentação, através de ilustrações, de situações que ensejavam

a ideia da marcação do tempo (horas) em LI. Nesta atividade foi explicado o

significado da expressão AM e PM, que os educandos já conheciam. Depois, o

foco passou ao estudo dos números, uma vez que para poder indicar as horas

é primordial que saibamos os números. Para fixação desse conteúdo foi

realizada uma atividade em conjunto com os números da chamada. Na

atividade seguinte foram utilizados relógios impressos para que os educandos

pudessem assinalar as horas indicadas e também escrever as horas já

impressas.

Para poder fazer a associação da aprendizagem com situações reais de

comunicação utilizaram-se convites para festa de aniversário reais, através dos

quais foi realizado o estudo das expressões impressas, como

to/from/where/when, e realizado o preenchimento em LI, materializando o uso

do que foi aprendido até então. Por fim, os educandos produziram seus

próprios convites e os entregaram aos colegas.

Em movimento articulado, foi exibido o vídeo clipe e distribuída cópia da

letra da música Friday I’m in Love, da banda The Cure, para introduzir o estudo

do nome dos dias da semana, ampliando o período de tempo a ser demarcado

em inglês. Neste estudo também foi realizado um exercício com questões que

tinham como resposta os dias da semana.

Os documentos de reserva e de check in de hotel também foram

utilizados para exercitar o uso das expressões inglesas ligadas à marcação do

tempo (dias e horas), além de outros números que são pertinentes ao

preenchimento desse tipo de documento. Após a atividade com o modelo de

ficha de reserva e de check in, os educandos produziram uma dramatização

que imitou a situação real de reserva e entrada em hotel, usando as

expressões que aprenderam.

Avançando no estudo das marcações de tempo, passou-se ao estudo

dos meses e as estações do ano. Sobre os meses foi realizada uma atividade

de levantamento dos aniversários dos educandos e sobre as estações do ano.

Os educandos sugeriram um símbolo para cada uma delas, e após a definição

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no coletivo de qual seria o símbolo, eles produziram cartazes ilustrativos com o

símbolo e o nome da estação em inglês. Novamente, há que se registrar a

expressiva participação dos educandos nas atividades.

Outro vídeo utilizado foi Go! Diego Go! (personagem que é primo de

Dora A Aventureira), que mostra a importância da relação respeitosa e sensível

que precisamos ter o meio ambiente. Após a exibição do vídeo, trabalhou-se

um pequeno texto para situar, mais precisamente, quem era o personagem

Diego. Com este conteúdo introduziu-se o estudo do nome de animais em

inglês e também foram introduzidos alguns verbos ligados ao movimento dos

animais para sua locomoção.

O estudo dos animais possibilitou a apresentação do Tsuru, figura

resultante de Origami, técnica japonesa de dobradura em papel. A opção por

apresentar o Tsuru foi para, além de explicar a técnica para produção do

pássaro, contar a lenda que há em torno da produção de mil Tsurus, o que

serviu de motivação e atração para os educandos.

Encaminhando-se para o encerramento das atividades da proposta

didático-pedagógica, foi proposta a confecção de um painel com as imagens da

Dora e do Diego, a partir de imagens que os educandos receberam e coloriram,

para depois serem expostas em um painel.

Ao concluir a aplicação da unidade didática, aplicou-se um questionário

para confrontar com a sondagem inicial e verificar possíveis avanços. De fato,

a situação final dos educandos revelou que a aplicação foi exitosa e eles

chegaram, ao final das trinta e duas aulas, ainda empolgados com estudo de

LI, e com ótimo aproveitamento do que foi ensinado. Ressalta-se que a

execução das atividades sempre teve a utilização dos recursos midiáticos das

novas tecnologias o que possibilitou maior interação por parte dos educandos

por tratar-se de algo contemporâneo, dinâmico e comum a sua vivência diária,

deixando a aula mais natural.

Ao mesmo tempo em que foram aplicadas as atividades aos educandos,

foi oportunizada a apresentação da proposta no GTR (Grupo de Trabalho em

Rede). O GTR foi um momento de apreensão e crescimento, pois foi o

momento em que nos colocamos para análise e avaliação de nossos colegas

professores de LEM, que, com muita elegância e compromisso, participaram

fazendo suas tarefas e proporcionando assim reflexões sobre o fazer docente

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que havia proposto, pois vários apresentaram contribuições de experiências

similares às propostas na unidade didática, porém cada qual com suas

particularidades no encaminhamento metodológico e até no uso de materiais.

Durante o período do GTR, houve a abordagem de uma colega que

apontou dificuldades na realização da atividade do Hangman, devido à

organização da turma. Ao receber sua contribuição, orientei-a a agir

diferentemente, organizando as equipes pelas filas da sala, e não por

afinidade, o que, segundo ela funcionou bem melhor.

Cito essa passagem para materializar uma situação que o GTR nos

oportuniza: a interação com os feedback em tempo real e na medida da

necessidade e do interesse dos professores. Igualmente, algumas sugestões

recebidas de alunas cursistas do GTR contribuíram para aperfeiçoar a

aplicação da proposta.

A professora Regina Haidt, em seu livro Curso de Didática Geral,

apresenta a teoria piagetiana da “equilibração progressiva que é o mecanismo

através do qual as estruturas mentais gradualmente se reorganizam e se

ampliam” e a assim culminam com a “aprendizagem que é a mobilização dos

esquemas mentais do indivíduo, que leva a participar ativa e efetivamente da

ação de adaptar-se ao meio quer pela assimilação, quer pela acomodação”

(1994, p. 34-35, grifos da autora).

Considerando essas coloções, o trabalho desenvolvido ao longo da

aplicação da sequência didática procurou proporcionar situações iniciais

conhecidas e avançar para situações mais desafiadoras com a clara intenção

de que os alunos busquem a dita equilibração progressiva e como resultado

internalizem uma aprendizagem significativa da LEM, sem, no entanto, perder a

paixão pelo estudo do idioma.

Considerações Finais

A participação no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) foi

um momento importantíssimo, pois após quase duas décadas de docência, ter

a oportunidade de parar durante um ano com as atividades em sala e usar o

tempo para pensar, repensar, estudar sobre nossa própria ação, sobre a forma

como evoluirão as possibilidades de aprendizagem e do ensino com o passar

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do tempo, faz-nos retornar à escola com outro olhar: mais limpo e mais

sintonizado com a realidade.

Quanto à participação dos alunos na escola, houve um envolvimento

superior até ao previsto, o que motivou ainda mais a aplicação das atividades.

Os alunos participavam da atividade proposta na aula, e ao serem informados

do que haveria na aula seguinte era notório o entusiasmo com que

aguardavam.

A equipe pedagógica da escola também merece uma citação, pois

acompanhou as atividades constantemente e deu o suporte para a realização

das atividades, auxiliando na explicação aos pais sobre a proposta e a

importância do momento para as futuras ações no ensino de LEM na escola.

Ainda, a direção, sempre que requisitada, disponibilizava os recursos materiais

necessários para a implantação das atividades e também os espaços físicos

diferenciados necessários para as atividades que foram propostas para fora da

sala de aula.

Por fim, acreditamos que saímos deste programa melhor do que antes.

Acreditamos, ainda, que este trabalho ajudará muito na ação escolar futura do

autor deste artigo, bem como outros professores, nesta tarefa de apaixonar

nossos educandos pela LI, e, ao mesmo tempo, ensinar-lhes o que, a cada

tempo, é necessário. Fazendo referência a expressão bíblica um semeia e

outro colhe, que assim de fato seja, que estejamos com esse trabalho fazendo

a boa semeadura e que nossos colegas possam ceifar os bons frutos dela

oriundos.

REFERÊNCIAS

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DEMO, P. Desafios Modernos da Educação. 9. Ed., Petrópolis, RJ: Editora

Vozes, 1993.

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GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 2. Ed.,

Campinas, SP. Autores Associados, 2003. GROSSI, Esther. A Coragem de mudar em educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. HAIDT, R. C. C. Curso de Didática Geral. São Paulo: Editora Ática, 1994.

HOLDEN, S. O Ensino da Língua Inglesa nos dias atuais. São Paulo: SBS

Editora, 2009. ORTENZI e GIMENEZ. Túnel do Tempo: Recursos didáticos no ensino-aprendizagem de LE a partir dos anos 50. In: ORTENZI, Denise I. B. G. (org.). Roteiros pedagógicos para a prática de ensino de inglês. Londrina: EDUEL, 2008. PARANÁ, Secretaria de Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica, 2008.