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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · 2 Mestre em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela Unespar. ... Ao discutir o conceito de leitura, costuma-se partir

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO COMO PRÁTICA DOCENTE: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

CÁTIA SIMONE ROSSETO LOPES1

CARLOS DA SILVA2

Resumo: O presente artigo tem como objetivo apresentar a sistematização das atividades desenvolvidas no âmbito do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED/PR), durante os anos de 2013 e 2014, é resultado das reflexões realizadas, a princípio, na escola, e depois com os encontros promovidos pelo Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), sobre as dificuldades que os alunos e professores têm em relação ao processo de ler e compreender um texto. Dificuldade que, segundo pesquisas, é apresentada pela maioria dos estudantes brasileiros e comprovada pelo desempenho insatisfatório em avaliações oficiais, partindo do princípio de que, hoje, um dos grandes desafios para os professores de língua materna é encontrar mecanismos interessantes de aprendizagem que levem os alunos a aprenderem a gostar de ler e, quando gostam, aprenderem a compreender efetivamente o que lêem. Portanto, partindo dessa constatação é que se procurou elaborar este material didático, objetivando fazer que além dos educandos, os educadores também adquiram maior desejo pela leitura e sua compreensão. Este artigo não tem a pretensão de ensinar o professor a escrever, mas de proporcionar-lhe melhores condições para realizar leituras com as quais trabalha cotidianamente, além de lhe permitir abordagens do texto capazes de diversificar e melhorar sua prática docente. Os fundamentos teóricos em que se baseia este artigo encontram-se em BAKHTIN (2003); ANTUNES (2009); KOCH (2003); ORLANDI (1998); GERALDI (2011) e outros. Palavras-chave: Leitura; Educadores; Reflexão.

1. INTRODUÇÃO

As formações continuadas, os cursos de capacitação e a formação

profissional contribuem para a reflexão e o redimensionamento da prática

pedagógica dos educadores, porém, um dos grandes problemas encontrados em

sala de aula diz respeito às dificuldades que os alunos encontram em ler.

1

Pós-Graduada em Interdisciplinaridade. Formada em Letras pela Universidade do Paraná – Unipar – Professora do Colégio Estadual Tiradentes EFM 2 Mestre em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela Unespar. Professor do Colegiado de

Letras Unespar – Paranavaí – Orientador do PDE

Considerando tal dificuldade, procurou-se trabalhar essa habilidade

abordando uma metodologia de trabalho com fundamentos na leitura e que

possibilitasse a formação de leitores de textos variados.

A sugestão do projeto de intervenção pedagógica voltou-se para o

desenvolvimento de estratégias que pudessem gerar expectativas e previsões,

criando um desafio de leitura. Já que um dos grandes desafios que se coloca à

escola, hoje, é retirar a leitura do esquecimento em que tem estado nos últimos

anos e torná-la o centro de todas as discussões pedagógicas dentro do espaço

escolar. Os professores devem envolver-se na procura de alternativas e assumir

essa discussão como uma necessidade urgente e imprescindível. Porém, é

preciso ter em conta que há um longo e difícil caminho a percorrer.

O professor deve abandonar a convicção de que a responsabilidade é

sempre de fatores exteriores à sua profissão e abandonar o discurso da

preocupação com a leitura, assumindo, efetivamente, uma preocupação com a

prática, adquirindo uma postura preocupada com uma fundamentação teórica que

possa subsidiar uma nova postura metodológica, cumprindo com a sua função

nesse processo. Além disso, é imprescindível que ele próprio se afirme como

leitor, que vá ao encontro dos interesses dos alunos, motivando-os e despertando

neles o desejo de ler (SOARES, 1992). Por isso, Geraldi (2011), afirma que a

leitura pode ser entendida como interação entre interlocutores, incluindo a relação

professor-aluno, sendo este um agente, e não paciente nesse processo interativo.

Diante de tantos desafios relacionados à leitura é urgente promover uma

metodologia adequada a um melhor aproveitamento das aulas e do tempo

dedicado à leitura, em que a paixão pelos múltiplos tipos de textos se torne

contagiante. Assim, este artigo pretende discutir a leitura e a produção escrita no

ambiente escolar, incluindo aí a participação de professores em atividades de

escrita, numa tentativa de minimizar as suas dificuldades na elaboração de textos,

sejam quais forem sua tipologia.

2. REVISÃO DE LITERATURA

Ao discutir o conceito de leitura, costuma-se partir da etimologia da palavra

“ler”, que vem do latim legere. Na origem do vocábulo, três interpretações são

possíveis. (1) Primeiramente, “ler” significa soletrar, agrupar letras em sílabas. É

uma concepção de leitura em seu aspecto mais restrito. (2) Seu sentido também

pode estar relacionado ao ato de colher, de buscar sentidos no interior do texto –

que é uma “árvore” de significados e o leitor deve colhê-los. (3) Outra definição

aproxima o sentido de “ler” ao de “roubar”. O leitor tem a possibilidade de retirar do

texto sentidos ocultos, criando até mesmo significados impensados pelo autor;

este apenas escreve e aquele atribui vida ao texto. (DARNTON, 1992).

Conforme afirma Freire (2006) desde o início de sua vida, o sujeito se

constitui enquanto leitor interagindo com outros sujeitos e com o mundo que o

cerca. A leitura do mundo é um ato de compreensão do que se vê ou se sente.

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura

desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e

realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada

por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

Todo texto independente de sua intenção e finalidade só passa a existir

através da leitura. Antes dela, há somente uma escrita sobre o papel. As marcas

presentes no texto representam o modo de o autor se comunicar com o leitor

através das escolhas que faz em seu texto. A partir destas, o leitor apresenta sua

compreensão, estabelece relações com objetos e/ou sujeitos. O processo de

leitura estabelece uma relação dinâmica que vincula a linguagem à realidade.

Neste sentido, a leitura ultrapassa o texto escrito.

Pode-se observar que, desde o nascimento, o sujeito realiza uma leitura do

mundo que o cerca. Aos poucos, a leitura da palavra começa a fazer parte de

suas experiências de leitura. As práticas de leitura do mundo e de leitura da

palavra vão se entrelaçando num processo contínuo de comunicação social. As

letras, as palavras, os textos são percebidos, experimentados, compreendidos nas

relações com outros sujeitos – em relações concretas, com familiares, amigos,

professores; e em relações intertextuais com os autores dos textos.

Diante de um texto, o leitor apresenta-se com as leituras (de mundo e de

palavras) que se constituíram em sua experiência de vida e confronta-as com as

informações que o autor lhe fornece em seu próprio texto. Os sentidos são

criados, são produzidos no confronto das relações que são socialmente

construídas (FAVARO, 2009).

Segundo as Curriculares da Educação Básica, para a Língua Portuguesa

(2008), a leitura é vista como um diálogo. O leitor, nesse contexto, tem um papel

ativo no processo da leitura, e para se efetivar como co-produtor, procura pistas

formais, formula e reformula hipóteses, aceita ou rejeita conclusões, usa

estratégias baseadas no seu conhecimento linguístico, nas suas experiências e na

sua vivência sociocultural. (PARANÁ, 2008).

Ler é familiarizar-se com diferentes textos produzidos em diversas esferas

sociais: jornalísticas, artística, judiciária, científica, didático- pedagógica, cotidiana,

midiática, literária, publicitária entre outros. No processo de leitura, também é

preciso considerar as linguagens não verbais. A leitura de imagens, como: fotos,

cartazes, propagandas, imagens digitais e virtuais, figuras que povoam com

intensidade crescente nosso universo cotidiano, deve contemplar os

multiletramentos mencionados nestas Diretrizes.

Trata-se de propiciar o desenvolvimento de uma atitude crítica que leva o

aluno a perceber o sujeito presente nos textos e, ainda, tomar uma atitude

responsiva diante deles. Sob esse ponto de vista, o professor precisa atuar como

mediador, provocando os alunos a realizarem leituras significativas. Assim, o

professor deve dar condições para que o aluno atribua sentidos a sua leitura,

visando a um sujeito crítico e atuante nas práticas de letramento da sociedade

(PARANÁ, 2008).

Ler é produzir sentidos, pois obriga o indivíduo a redimensionar o que já

está estabelecido, introduzindo seu mundo em novas séries de relações e em um

novo modo de perceber o que lhe cerca. A leitura é parte de um processo cultural

e histórico de desenvolvimento do sujeito que evidencia valores e ideais de uma

determinada época e permite um diálogo do sujeito com outros discursos, como

sugere Bakhtin (1986). Portanto, a leitura se apresenta como uma experiência

com a linguagem que pode desencadear diferentes interações no universo do

leitor.

As palavras selecionadas pelo sujeito do contexto de suas relações, ao

serem enunciadas, são carregadas de sentidos saturados por valores sociais e

ideológicos, marcando a posição, os julgamentos e avaliações daquele que

enuncia. Ao tomar a palavra e, consequentemente, ao realizar um ato social e

ideológico, os sujeitos iniciam um processo marcado por conflitos,

reconhecimentos, relações de poder e constituição de identidade (FAVARO,

2009).

Para Bakthin, (1986) ler significa entrar em diálogo com suas próprias

palavras e com a palavra do outro, construídas durante a história de cada um e

para Lodi (2004) ler é construir sentidos a partir de um processo responsivo ativo,

numa relação dialógica estabelecida com a multiplicidade de vozes sociais em

circulação no texto.

Mas os aspectos característicos de cada leitor e de cada situação de leitura

estão relacionados ao tema. Cabe ao leitor, ao ler, constituir sentidos. Nessa

concepção, os sentidos são produzidos na enunciação. (FAVARO, 2009).

A leitura é uma forma de diálogo, uma situação de interação verbal, onde o

leitor é ativo, estabelece relações dialógicas com o texto, concorda ou discorda do

que lê. Na amplitude deste processo dialógico, encontra-se a compreensão, que é

réplica, é sempre ativa e responsiva, exige a oposição da palavra de um leitor à

palavra do outro. É assim que o sentido se produz. Compreender não é entender

exatamente o que o outro disse, mas é a elaboração que cada um faz do que foi

dito – que pode estar mais ou menos adequada ao entendimento que o locutor

propôs (FAVARO, 2009).

Compreender, de acordo com Orlandi, (1998, p.25– 46). “é saber que o

sentido poderia ser outro”.

O sujeito que lê em condições de produzir uma interpretação a partir de sua

criticidade diante do texto, da sua postura mediante o assunto tratado, e se

conseguir realizar essa interpretação, consequentemente poderá produzir textos

partindo da sua compreensão.

Já para Bakhtin (2000), a compreensão é uma forma de diálogo, pois

envolve a apreciação valorativa do outro e sua posição à palavra do locutor, sua

resposta (que pode ser outra palavra, mas que também pode ser um olhar, um

gesto ou mesmo o silêncio). Compreender não é um ato solitário do sujeito, é um

efeito de interação verbal, de construção de sentidos, no qual leitor, autor e texto

(ou, de modo mais amplo, interlocutores e discursos) participam ativamente e no

qual a palavra revela-se como produto vivo das interações das forças sociais. A

apropriação da palavra do outro não é passiva, permite concordância, acordos,

adesões, mas também divergências, desacordos, recusas, dissonâncias.

Além da compreensão, os sentidos de todo e qualquer texto ou discurso

sofrem a intervenção e são determinados pela posição social ocupada por aqueles

que o produzem, implicando em diferentes leituras ou interpretações decorrentes

da relação deste discurso com as variadas posições ideológicas constitutivas dos

sujeitos. Diante dessa pluralidade, a permanência de determinados elementos é

essencial para que exista comunicação (FAVARO, 2009).

O sentido da enunciação se constitui do tema – da concretude da situação,

daquilo que não é reiterável - e da significação – da abstração, do que é reiterável.

Nenhuma situação ou enunciação se repete (tema), mas existem elementos que

não se alteram (significação), para que a comunicação seja possível. Não há

sentido sem tema e significação. Desse modo, por exemplo, no momento da

leitura, existe algo que é comum a todos os leitores, aquilo que se repete em toda

leitura devido à interação do autor com seu texto, aquilo que o texto apresenta;

mas também existe algo que é construído por cada leitor, aquilo que o leitor traz

para o texto, suas experiências de leitura, os diferentes sentidos que são

construídos por cada contexto de comunicação (FAVARO, 2009).

A comunicação entre os seres humanos pressupõe o uso da linguagem e,

mais concretamente, de signos. Bakhtin (2000) explica que todo signo é resultado

do consenso entre indivíduos socialmente organizados, durante o processo de

interação. Sendo assim, as formas do signo dependem da organização social dos

indivíduos e das condições em que a interação acontece. O signo é parte da

realidade externa, podendo ser uma representação visual, formas de arte, fala,

palavra escrita, gesto, enfim, partes da realidade que podem refletir e refratar

outra realidade.

A interação entre leitor e autor é parte constitutiva do texto. O leitor dialoga

constantemente com o texto na busca de significados. Desse modo, a leitura

configura-se como um processo de compreensão ativa, no qual os múltiplos

sentidos em circulação no texto são construídos a partir de uma relação dialógica

estabelecida entre autor e leitor, entre leitor e texto e entre as múltiplas vozes e

linguagens sociais que ecoam no texto (FAVARO, 2009).

Consequentemente, linguagem e realidade prendem-se dinamicamente. A

compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção

das relações entre o texto e o contexto. Independente da finalidade, todo texto só

passa a existir através da leitura. Antes dela, há somente tinta sobre o papel. As

marcas presentes no texto representam o modo de o autor se comunicar com o

leitor através das escolhas que faz em seu texto. A partir destas, o leitor apresenta

sua compreensão, estabelece relações com objetos ou sujeitos. O processo de

leitura estabelece uma relação dinâmica que vincula a linguagem à realidade.

Neste sentido, a leitura ultrapassa o texto escrito (FAVARO, 2009).

Lajolo (1982) entende que a leitura não deve ser vista como um ato

adivinhatório, senão que é no texto que o leitor encontra oportunidade do encontro

com os propósitos do autor, ou de rebelar-se contra eles, estabelecendo, assim, o

verdadeiro processo de leitura.

Ainda segundo Lajolo (1982) ler tem que ter um significado, ninguém deve

ler sem dar uma significação ao que leu, reconhecer o que o texto quis, tentou

transmitir a esse leitor, o leitor também pode ser contra a opinião do autor, ter uma

visão diferente daquela apresentada no texto.

Devido a tantas mudanças e inovações do nosso dia a dia é que Oliveira

(2004) diz que o docente tem que estar se preparando para acompanhar essas

mudanças, pois, o educando já está inserido quase que automaticamente nas

novas tecnologias que o mundo oferece, mas lembrando que a leitura

independente de qualquer nova tecnologia necessária, é através dela (a leitura)

que as pessoas irão conseguir ter as informações, formações que possam

mostrar-lhes como funcionam tais novidades.

Sendo a leitura um instrumento de apropriação do conhecimento,

ferramenta que permite aprender a aprender, configurando-se como uma atividade

de ensino em todas as áreas, a tarefa de formar leitores é da responsabilidade dos

educadores das diversas disciplinas, e não apenas do professor de Língua

Portuguesa, pois em todas as áreas do conhecimento, na escola ou fora dela, é a

língua materna o meio de comunicação utilizado por todos que precisam

comunicar-se. Assim, não há justificativa para transferir para os professores de

Língua Portuguesa uma responsabilidade que é inerente a todo falante da língua

materna.

3. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS

Em uma sociedade letrada, a leitura e a escrita são competências que o ser

humano deve desenvolver de forma ativa, compreensiva. Cabe aos educadores

de língua materna desenvolver em seus educandos a capacidade para

surpreender, no texto, nas diversas esferas de comunicação, o que está além da

escrita, o que não tem sido fácil de conseguir.

Visando melhorar o aprendizado através da leitura, foram desenvolvidas

atividades com algumas alternativas para que os participantes desenvolvessem

habilidades quanto à leitura, a interpretação dos variados gêneros textuais e a

consequente produção escrita.

O trabalho foi promovido através de diversos gêneros textuais em

circulação nas esferas de comunicação, permitindo a esses educadores um

contato crítico, reflexivo, com a leitura de textos verbais e não verbais. O contato

com esses gêneros textuais permitiu que eles mesmos pudessem desenvolver a

leitura e a compreensão dos textos com os quais lidam diariamente.

O projeto permitiu, ainda, aos que trabalham no ensino de língua materna

subsídios necessários para o desempenho de suas funções com mais

desenvoltura e criticidade, considerando o reconhecimento de sua parte as

dificuldades existentes para o trato com a leitura e a interpretação de textos.

A resistência à leitura é uma constatação em sala de aula. Educadores, em

geral, deparam-se diariamente com os problemas costumeiros quando o assunto é

ler, interpretar e produzir textos, quaisquer que sejam sua natureza.

Diante dessa situação, surgiram alguns questionamentos procurando

alternativas para minimizar os efeitos negativos da resistência à leitura e escrita. O

que fazer para que os educandos adquiram o gosto pela leitura e pela escrita?

Com relação aos ensinamentos da língua materna, o que é necessário para se

tornarem mais eficientes em sua tarefa com a leitura e produção de textos de seus

alunos?

Pensando nessas questões, este artigo visou minimizar as dificuldades

ainda presentes com a leitura e produção de diversos tipos de textos dos

educandos, através de ações pedagógicas direcionadas para os educadores de

língua materna. Buscou-se, assim, novos objetivos para um caminhar diferenciado

e promover nos assistidos aspiração e encantamento pelo processo de leitura e

escrita.

A aplicação do Projeto PDE 2013 denominado “Leitura e produção de texto

como prática docente: desafios e perspectivas”, apresentado pela autora do

presente artigo e professora do Colégio Estadual Tiradentes – Ensino

Fundamental e Médio, do município de Cafezal do Sul – PR, teve a finalidade de

melhorar o nível de compreensão de leitura dos educadores em geral, desse

mesmo colégio.

O projeto foi divulgado pela autora para a direção, equipe pedagógica e

demais educadores do Colégio Estadual Tiradentes – EFM ainda em 2013, nas

reuniões pedagógicas e nos primeiros dias do mês de fevereiro do ano letivo de

2014, em uma das reuniões pedagógicas da escola.

A intervenção pedagógica na escola foi realizada através da Implementação

de uma Produção didático-pedagógica.

Primeiramente, foi realizada a inscrição dos educadores interessados em

realizar a capacitação e, na sequência, o primeiro de oito encontros que foram

realizados entre Maio e Julho.

4. DESENVOLVIMENTO DA UNIDADE DIDÁTICA

A apresentação do Projeto de Intervenção aos professores teve o propósito

de esclarecer que as dificuldades existentes em relação à leitura e à escrita

poderiam ser minimizadas, com a adoção de uma metodologia direcionada para

algumas estratégias didático-pedagógicas apropriadas.

Nos encontros, foram desenvolvidas atividades de diálogos através de uma

verificação das dificuldades que os educadores encontram em relação à leitura.

Após a verificação, algumas atividades foram trabalhadas com os cursistas, a fim

de conhecer as leituras que já realizaram e sobre o que conhecem do processo de

leitura.

Esta implementação ainda teve o propósito de trazer algumas concepções

de leitura, por meio de slides, vídeos e reflexões sobre o ato de ler.

Nos slides, alguns conceitos de leitura foram abordados, oportunizando

considerações sobre esses conceitos da professora PDE, ao mesmo tempo dos

cursistas.

A formação foi iniciada com apresentação mais aprofundada do projeto e

detalhes que alguns professores, por ventura, desejariam saber. A professora

PDE seguiu com atividade de questionamento e discussão relacionados à leitura.

A metodologia promoveu um estudo de textos para reconhecer alguns

gêneros textuais e suas características, proporcionando uma visão diferenciada de

mundo através da leitura, a intenção de quem escreve e um estudo para o

desenvolvimento do vocabulário, favorecendo a estabilização de formas

ortográficas.

As atividades foram sempre guiadas por questionamentos, explicações,

comentários e reflexões, incluindo reportagens e vídeos sobre o tema discutido.

Nos encontros as dinâmicas sempre presentes e relacionadas à leitura,

fundamentos e conceitos da mesma, recortes de vídeos sobre a importância da

leitura, seguidas de esclarecimentos, inferências e troca de experiências.

Utilização da linguagem verbal e não verbal. O trabalho foi realizado através

de teoria, seguida de várias imagens sobre o tema, e análise das mesmas,

dinâmica com figuras (linguagem não verbal).

Análise e discussão de filme relacionado ao tema da unidade.

Leitura de um livro, breve histórico da cultura africana, seguida da confecção de

uma personagem dessa cultura, com dinâmica e todas as atividades relacionadas

ao tema.

Considerando o trabalho docente em sala de aula, a preocupação dos

professores, em geral, esteve direcionada para as discussões sobre variados

temas envolvendo o processo de leitura, a compreensão dos textos lidos, além da

tentativa de surpreender o não dito, o interdito, a partir da manifestação escrita do

autor.

Como complemento dessas atividades, algumas horas foram dedicadas à

leitura de textos fílmicos, enquanto atividade dirigida, cujo propósito era o de

aproximar a leitura do texto verbal com os sentidos projetados pela imagem em

movimento.

5. CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRUPO DE TRABALHO EM REDE (GTR)

O Grupo de Trabalho em Rede – GTR tem por objetivo a socialização do

Projeto de Intervenção Pedagógica e da Produção Didático-Pedagógica do

professor PDE aos educadores da rede estadual de ensino, efetivando-se a partir

das interações que ocorrem por meio do ambiente virtual de aprendizagem.

Essa modalidade de estudo representa uma importante alternativa de

formação continuada aos professores, possibilitando estabelecer relações teórico-

práticas com a disciplina de formação.

Participaram dezesseis colegas, os quais compartilharam anseios,

apontaram sugestões e relataram experiências em relação as atividades do

Projeto. O Grupo de Trabalho em Rede – GTR/2014, ao oportunizar a interação

entre o Professor PDE e os demais professores participantes, cumpriu com o

objetivo de socializar e discutir o Projeto de Intervenção Pedagógica, a Produção

Didático-Pedagógica e a Implementação do Projeto na Escola.

A participação nos Fóruns contribuiu para aproximar o grupo na troca de

experiências e no enriquecimento de suas práticas docentes. A partir da leitura do

Projeto de Intervenção Pedagógica, para aprofundar os conhecimentos teórico-

metodológicos, embasadores do referido Projeto, os professores participaram de

forma expressiva, discutindo o tema e expressando seu interesse pelo assunto

proposto, demonstrando que, realmente, há uma relevância muita grande quanto

ao tema.

Ao longo da apresentação da Produção Didático-Pedagógica, os

participantes interagiram, expondo suas expectativas diante das atividades

sugeridas e de como aplicá-las em sua prática docente. Todos mostraram

conhecimento a respeito do tema, bem como a busca de alternativas inovadoras e

eficientes para auxiliar os alunos a desenvolver uma leitura eficiente.

A partir das Ações do Projeto de Implementação, os relatos e discussões do

grupo evidenciaram o empenho deste em desenvolver as sugestões

apresentadas, adequando-as as suas realidades, além de sugestões de filmes

apresentadas pelos cursistas, que foram utilizadas durante a implementação.

Através do Acompanhamento das Ações postadas pelos participantes, ficou

evidente o resultado satisfatório deste Grupo de Trabalho em Rede.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apresentar a leitura e a produção de texto como uma proposta diferenciada

de atividade docente era um dos objetivos do Projeto de Intervenção, que este

artigo pretendeu mostrar, em síntese, as atividades desenvolvidas com os

professores envolvidos.

Sabe-se que utilizar vídeos, imagens, músicas auxiliam no ato de ler e

compreender o texto lido. Com o auxílio destas ferramentas visuais é possível

direcionar as atividades de modo interativo, levando a classe a refletir, questionar

e emitir opiniões, e assim também foi feito com os professores participantes dos

encontros.

Com a implementação do projeto de intervenção e das atividades do Grupo

de Trabalho em Rede – GTR- ficou evidente a importância da leitura e da

produção de texto, mesmo em se tratando de profissionais com alguma

experiência didático-pedagógica. A informação, a interação, o estímulo à

curiosidade, são instrumentos necessários ao desenvolvimento da criatividade,

dentro ou fora da sala de aula, ainda que se trata de professores da língua

materna.

A Produção didático-pedagógica analisada neste trabalho e aplicada com

educadores de uma escola da rede pública, no Colégio Estadual Tiradentes - EFM

no município de Cafezal do Sul – Pr, contribuiu para que habilidades em leitura

dos educadores melhorasse, mas mesmo assim, ainda há um desafio pela frente:

é preciso buscar formas de melhorar a apreensão, apropriação e a construção de

sentidos, o que permitirá, a educadores e alunos, a aquisição de habilidades

compatíveis com a prática docente, diminuindo, dessa forma, algumas dificuldades

ainda presentes em relação à leitura e à produção de texto.

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______. Resenha o velho e o mar. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=y8GKd3m1jrw > acesso em 27 set 2013.

______. O velho e o mar. Disponível em < http://www.youtube.com/watch?v=qx-3VYKvDUA> acesso em 27 set 2013.

______. O velho e o mar Música. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=tljx8JDdPyU > acesso em 27 set 2013.