21
Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · 4.2.2 Visualização do filme: Narradores de Javé. Eliane ... Desta forma poderá haver uma apresentação de respostas, ... serão

Embed Size (px)

Citation preview

Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2014

Título:

Memórias da formação e identidade do Jardim Acrópole e Jardim Solitude em Curitiba, ao redor do Colégio Santa Rosa, a partir da década de 70

Autor:Joaquim Cecilio dos Santos

Disciplina/Área: História

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Santa Rosa

Cajuru - Curitiba

Município da escola:

Curitiba

Núcleo Regional de Educação:

Curitiba

Professor Orientador:

Aramando Dalla Costa

Instituição de Ensino Superior:

UFPR

Relação Interdisciplinar:

Português e Artes

Resumo: Consideramos a importância de conhecer e estudar a história local, procurando ressaltar a memória e a identidade dos que habitam naquele lugar geográfico.Cada lugar constrói suas especificidades dentro do seu modo de viver, de refletir e de se sustentar. Por receber influências externas, torna dinâmica a história do lugar. Buscara história local, não somente sobre a obrigatoriedade de conteúdos da História do Paraná, mas também observar as relações sociais no seu convívio cotidiano, nas suas mais diversas manifestações e atuações. O que pode identificar uma região ou um povo são atitudes e o modo de reagir diante das vicissitudes da vida. Se propõe reativar a memória como uma ferramenta para se identificar onde se vive.

Coletar algumas informações sobre a formação da região ao redor do Colégio Estadual Santa Rosa-Curitiba, buscando nasfontes oficiais dos Órgãos Públicos disponíveis. Mas, sobretudo atribuindo especial atenção aos depoimentos, situações e fatos narrados através de entrevistas e reuniões com os próprios moradores do lugar.

Todo o público alvo do Projeto se constituirá protagonista, ou seja, sujeito da elaboração de um acervo da história real do lugar, dentro das suas características. Este acervo pode conter desde acontecimentos históricos oficiais, como também passarpelas memórias de fatos mais sensíveis e únicos, até aqueles que constituem osfaitsdivers.

Palavras-chave:

História do lugar; identidade social; acervo

Formato do Material Didático:

Unidade Didática

Público: 9º Ano - Ensino Fundamental

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

PDE/2013 – PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

JOAQUIM CECILIO DOS SANTOS

CURITIBA – 2013

MEMÓRIAS DA FORMAÇÃO E IDENTIDADE DO JARDIM ACRÓPOLE E JARDIM SOLITUDE, EM CURITIBA, AO REDOR DO COLÉGIO ESTADUAL

SANTA ROSA, A PARTIR DA DÉCADA DE 1970

Produção Didático-Pedagógico, apresentado como requisito parcial ao Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE no Departamento de Políticas e Programas Educacionais da Secretaria de Estado da Educação – SEED

Orientador: Profº Drº Armando João Dalla Costa

CURITIBA – PARANÁ

2013

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

1. Dados de Identificação

Professor PDE: JOAQUIM CECILIO DOS SANTOS

Área PDE: HISTÓRIA

NRE: Curitiba

Escola de implementação: COLÉGIO ESTADUAL SANTA ROSA

Público objeto da intervenção: 9º ano

2. Tema

Memórias da formação de uma região de Curitiba

3. Título

Memórias da formação e identidade do Jardim Acrópole e Jardim Solitude, em Curitiba, ao redor do Colégio Estadual Santa Rosa, a partir da década de 1970

4. Estratégia de Ação

4.1 Apresentação

Neste Projeto consideramos a importância de conhecer e estudar a história local, procurando ressaltar a memória e a identidade dos que habitam naquele lugar geográfico. Até porque entendemos que cada lugar constrói suas especificidades dentro do seu modo de viver, de refletir e de se sustentar. Normalmente, por receber influências externas, torna dinâmica a história do lugar. Buscar a história local, não só pelo incentivo da Lei 13.381/01 – sobre a

obrigatoriedade de conteúdos da História do Paraná -, mas também observar as relações sociais no seu convívio cotidiano, nas suas mais diversas manifestações e atuações.

O que pode identificar uma região ou um povo são atitudes e o modo de reagir diante das vicissitudes da vida. É o que neste Projeto se propõe realizar, ou seja, reativar a memória como uma ferramenta para se identificar.

Para que isto se realize, vamos coletar algumas informações sobre a formação da região ao redor do Colégio Estadual Santa Rosa – Curitiba, buscando nas fontes oficiais dos Órgãos Públicos disponíveis. Mas, sobretudo atribuindo especial atenção aos depoimentos, situações e fatos narrados através de entrevistas e reuniões com os próprios moradores do lugar.

Estas entrevistas e narrações trazidas pela memória nos darão uma ideia do início da formação, enquanto área geográfica e paralelamente irá se percebendo e destacando aspectos da identidade dos habitantes da região.

Todo o público alvo do Projeto se constituirá protagonista, ou seja, sujeito da elaboração de um acervo da história real do lugar, dentro das suas características. Este acervo pode conter desde acontecimentos históricos oficiais, como também passar pelas memórias de fatos mais sensíveis e únicos, até aqueles que constituem os faits divers.

Está previsto assim, as etapas de Ações:

4.2.1 Apresentação da Unidade Didática para a direção, equipe pedagógica, professores, agentes educacionais e voluntários

Cada vez que se submete a uma apresentação de todo o conjunto da Unidade Didática ou de uma proposta pedagógica, ela se torna mais completa e mais forte estruturalmente, devido às participações, contribuições e críticas. Por isso, pode-se envolver diferentes olhares, que se somam a uma contribuição dinâmica e um melhor desenvolvimento da referida Proposta Didática, sobretudo no que se refere ao ensino-aprendizagem e ao acúmulo de conhecimento e informações acerca da memória e da identidade do lugar onde se realiza a Proposta.

A partir de diversas intervenções podemos elaborar uma melhor

compreensão da formação social e econômica da região, onde estes ouvintes são, ora protagonistas, moradores; ora profissionais do Colégio e estudantes.

Esta apresentação se fará a princípio em dois momentos: na primeira Semana Pedagógica do Ano Letivo de 2014 e em segundo momento, logo no início do Ano Letivo de 2014, com os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental.

4.2.2 Visualização do filme: Narradores de Javé. Eliane Caffé. Lumière e

Riofilme. Brasil:2003.

No mundo contemporâneo é grande o apelo à imagem, a tecnologia e seus efeitos. O mesmo impacto acontece no ambiente de ensino e aprendizagem nas escolas. A imagem é uma ferramenta importantíssima, constitui-se outra linguagem, que é acessível a todos e com certa facilidade de apreensão de ideias e conceitos.

Os filmes não são registros de uma história tal qual aconteceu ou vai acontecer, mas representações que merecem ser entendidas e percebidas não como diversão apenas, mas como um produto cultural capaz de comunicar emoções e sentimentos e transmitir informações. (Bittencourt, 2004, p.353)

Assim, observando o contexto e o conteúdo do filme “Narradores de Javé”, percebemos neste momento uma ferramenta possível de fazer suscitar o interesse pela história dos sujeitos participantes e protagonistas do Projeto em questão. E ao longo do processo, a expectativa é que se identifiquem com os personagens, ainda que fictícios, e com a realidade da história do local trazendo elementos que possam auxiliar no nosso trabalho.

Antes da exibição do filme, é necessário tecer discussões sobre ideias de construção de uma identidade, do cotidiano social com suas dificuldades e os diversos problemas sociais que se defrontam no dia a dia. Conforme a orientação:

Antes de iniciar o trabalho com os filmes, é necessário tomar uma série de medidas práticas que ajudem a otimizar o trabalho. De início, trata-se de relacionar o filme com o conteúdo da disciplina que está sendo trabalhado... (Dalla Costa, 2011, p.58)

Após a exibição, é posto um momento de reflexões, onde podemos sugerir algumas perguntas, tais como:

- Qual o momento que mais chama a atenção no filme?

- Quem são os líderes na história do filme? Há alguma mulher entre eles?

- Qual o personagem que mais chama a atenção? Por quê?

- Como nos vemos em relação à nossa história? Há semelhanças entre a problemática do filme e a nossa realidade?

- Já houve algum movimento de emancipação nesta região? Quem foram os líderes?

- Hoje, quem são os líderes da nossa região?

- Gostaria de um filme que mostrasse a história desta região? Como seria?

- Quem morava por aqui antes do interesse de loteamento da região?

- Por que houve ocupação de terras nesta região?

Desta forma poderá haver uma apresentação de respostas, onde se formulará um maior interesse pelo tema deste Projeto, por parte dos sujeitos participantes.

Em um primeiro momento, o debate se fará de forma oral e livre, como em uma simples conversa, o que não impede que seja gravado ou registrado de alguma maneira. Em seguida, serão distribuídas as mesmas perguntas e em grupos poderão deixar por escrito, que servirão, oportunamente, para reforçar o conteúdo do Projeto.

Contudo, o objetivo da visualização do filme é dar início ao Projeto, relevando seu caráter de importância histórica, tanto quanto da construção de uma identidade.

4.2.3 Visitas a órgãos Públicos e Museus

Como muitos estudantes do 9º ano não possuem o hábito da prática de pesquisas fora do Colégio para incrementar seu acúmulo de conhecimento é proposto visitas de estudo orientadas a Órgão Público e ao Museu Paranaense.

Quanto ao Órgão Público, organizar a visita de estudos à Regional Cajuru, da Prefeitura, com a finalidade de consultar a planta da região e sua evolução em relação ao local geográfico. Outra visita de estudo será na Biblioteca da Câmara, para consultas em livro tombo. Outro Órgão Público a ser visitado será a pesquisa junto à Fundepar, com objetivo de buscar o histórico do Colégio Estadual Santa Rosa.

Estas visitas de estudo aos Órgãos Públicos visam promover oportunidades para melhor conhecê-los, ter contato com estes instrumentos, perceber como funciona sua relação com o ensino-aprendizagem e buscar informações sobre o lugar pesquisado neste Projeto. Os estudantes também terão oportunidade de conhecer estas Instituições Públicas e perceberem sua organização e estrutura.

No Museu Paranaense, a visita de estudo percorrerá os três setores: Antropologia, Arqueologia e Histórico, contemplando seus respectivos acervos. Neles, os estudantes perceberão os personagens líderes e os personagens “povo”, que juntos foram constituindo as áreas geográficas, social, política e econômica do Estado. Observarão também, os aspectos que fazem parte da experiência da formação de um território físico e cultural.

Entretanto, a visita ao Museu constitui uma experiência para conhecer as raízes da vida dos que agora fazem parte ativamente da sociedade atual. Mas também, através de um olhar crítico, refletir o quanto é importante às experiências cotidianas que realizamos. Igualmente, é uma oportunidade de realizar uma atividade de ensino-aprendizagem, em grupo, numa forma de descontração sem deixar de lado o critério científico da pesquisa que perpassa tanto o objetivo do Museu como o nosso.

O objetivo da visita é compreender, de forma geral, a formação, a evolução do desenvolvimento e a memória de um grupo social dentro de vários aspectos. Assim como, compreender a ideia de construção da vida social, observar a atuação dos sujeitos – lideres ou não, dominantes ou dominados, tendo em vista o abrir caminho na elaboração do nosso Projeto.

Consideramos a memória não como algo imitável e repetitivo, mas como uma possibilidade de reflexão sobre o passado através de sua representação no momento presente. Assim, a constituição de uma memória está intimamente relacionada com as transferências que o presente lhe confere na reelaboração do passado. (Bittencourt (org.),

2005, p.107)

Outra ênfase na visita ao Museu é a percepção das possíveis transformações em vários domínios. Nelas podem-se confirmar as contribuições legadas à sociedade, que foram acumuladas nas diferentes épocas até o momento presente. Sobre as transformações:

Da mesma forma que se diz, genericamente, que o homem transforma a natureza se transforma, podemos constatar que o indivíduo, ao produzir um objeto, transforma uma matéria que se torna coisa através da sua atividade, e pela própria atividade desenvolvida ele, indivíduo, se transforma.

... a importância vital do trabalho humano, pois é através dele que nos objetivamos socialmente, e é também através dele que nos modificamos continuamente, ou seja, nos produzimos, nos realizamos. (Lane, 2006, p.59)

Não é difícil de constatar que a boa parte dos problemas sociais e também das preocupações dos nossos estudantes, giram em torno do trabalho, então é necessário ressaltar numa visita a um museu a diversas fortes de atividades, das quais, o homem tomou posse e fez desenvolver sua região. É claro, que também sua identidade tem parte preponderante em suas ações. Então, é um conjunto de ações que leva a uma evolução da história de um lugar como este em que está situada a região do Colégio Estadual Santa Rosa.

4.2.4 Elaboração e realização de entrevistas com os pioneiros, líderes da

referida coletividade e outras pessoas

A elaboração da entrevista com os pioneiros da região, realizada pelos estudantes do 9º ano, permitirá uma visão da realidade da situação geográfica, social e econômica, onde se buscará informações que podem datar o início do povoamento do lugar.

O trabalho com a história oral diz respeito, sobretudo, a uma metodologia de pesquisa que se baseia em fontes orais. Essas fontes registram a experiência vivida, o depoimento de um indivíduo ou de vários de uma mesma coletividade. (Schimidt, 2004, p.126)

Apesar do trabalho de elaboração dos estudantes, algumas perguntas para iniciar a atividade, se fazem necessário:

- Qual seu nome? Há quanto tempo mora aqui?

- Qual sua cidade natal? Quando chegou aqui na região?

- Por que veio para este lugar exatamente?

- O que fazia? Onde morava antes e o que fazia quando chegou aqui? E o que faz agora?

Entretanto, a expectativa é de que os entrevistados possam expressar-se à vontade, de maneira livre, a exemplo de uma entrevista aberta, como se estivessem contando sua própria história. Assim observamos

... os depoimentos orais, próprios para a obtenção de dados informativos e factuais, bem como testemunho de entrevistas sobre determinadas situações vivenciadas por estes. (Schimidt, 2004, p.126)

No momento da entrevista, os estudantes poderão interferir formulando novas perguntas de seu próprio interesse, desde que contribuam para o desenvolvimento do Projeto. Até porque, depois de ver o filme e realizadas as visitas de estudo, poderá surgir algumas dúvidas, então os estudantes terão diante de si testemunhas que viveram no próprio espaço geográfico e poderão conversar e esclarecer as dúvidas e mesmo porque algumas vezes a história ‘oficial’ não traz certos fatos e acontecimentos que estão guardados no íntimo das pessoas e de famílias, como se fossem segredos particulares. Vamos ressaltar:

A memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas. (Le Goff, 2002, p.419)

É necessário salientar que todos estes sujeitos estão de posse de uma considerável gama de estrutura psicológica-emocional, e ao ter que narrar suas memórias, podem interferir na elaboração de suas respostas.

A partir desta Ação, podemos buscar informações acerca do objetivo central deste Projeto – memórias e identidade. Nesta Ação também, a proposta é de ouvir as falas dos entrevistados, contudo os estudantes se encarregarão dos registros das conversas, quer seja por escrito, gravações de áudio, gravação em vídeo e fotos.

Assim, a importância da entrevista se dá na possibilidade da elaboração de um acervo de história e mesmo de lendas, sobre o início da construção daquele grupo social no seu conjunto.

Outra grande importância desta ação com entrevistas é o contato com histórias da memória dos mais velhos, onde pode até mesmo haver confrontos. Por outro lado, pode suscitar atração pelos acontecimentos e pelo desenvolvimento. Com conflitos e com adesões, estas memórias podem alimentar ainda mais o interesse e a valorização do grupo social do lugar. Por se tratar de periferia, muitas vezes se julgam inferiorizados, ou sem histórias para contar. Sem ter o prestígio social, sentindo-se excluídos, muito desejam até mesmo a mudança de residência, bairro, até mesma de cidade para buscar lazer em outros centros, como pretexto para compensar este sentimento de não pertencimento.

Vale também lembrar que ao acolher a voz destas pessoas entrevistadas, o nosso objetivo que percorre toda esta Proposta, é de formar, acima de tudo, um acervo para o Colégio, preservando sua história.

Uma forte razão para inserir esta prática de entrevista, tendo os estudantes como autores/aplicadores é de intensificar a prática do diálogo, da conversa frente a frente e de se lançar numa atividade muito humana, que por vezes, é desprovida de valorização, sobretudo neste momento em que as práticas tecnológicas, muitas vezes frias, ganham muita repercussão. Eles, o diálogo e o mundo virtual, podem se desenvolver e crescer juntos a serviço do conhecimento e da informação. Não obstante, podemos notar:

O mais incrível, no entanto, é a maneira em que a era digital transforma o modo como as pessoas vivem e se relacionam umas com as outras e com o mundo que as cerca. (Palfrey & Gasser, 2011, p.13)

Não se trata de desconsiderar qualquer forma de comunicação, mas procurar um equilíbrio e colocá-las à disposição. No nosso caso, de uma prática para que o ensino-aprendizagem se realize da melhor forma possível.

4.2.5 Leitura e reflexão do capítulo “Conclusão” da Dissertação de

Marisa Valle Magalhães, 1996

O objetivo da leitura deste capítulo, todo ou alguns trechos, é perceber uma certa evolução do desenvolvimento do grupo social a que nos referimos neste Projeto. O texto fala sobre a dinâmica história econômica do Paraná, oferecendo alguns motivos para as migrações no estado, a consequente procura de melhores lugares para se estabelecer as necessárias condições materiais de vida.

A despeito da existência, hoje, de outras mídias que permitem o acesso fácil às informações necessárias para o viver no cotidiano, a escrita ainda se coloca como um meio mais eficaz e fundamental de acesso à informação, já que oferece a possibilidade de escolha e de liberdade face aos caminhos apresentados. Ao ler, o indivíduo constrói os seus próprios significados, elabora suas próprias questões e rejeita, confirma e/ou reelabora as suas próprias respostas. É ele quem inscreve ou reinscreve o significado do escrito a partir de sua própria história. (Ferreira & Dias, 2002)

O ato de ler é imprescindível durante e sempre na vida de um estudante. É oportuno, neste Projeto, dedicar um tempo para esta atividade. Até porque, ler estimula o aprender a escrever. Lendo é possível sair do conforto de seu próprio mundo e suas circunstâncias, e observar para entender outros conceitos. Por isso, se em uma primeira leitura o estudante do 9º ano não consegue apreender uma ideia específica, ele pode entender o dinamismo da história sobre migração no Paraná. Como o trecho que se segue:

A história da dinâmica de crescimento populacional do Paraná desde a etapa de ocupação intensiva do território, iniciada por volta dos anos 40, converge para as tendências mais gerais de evolução da população brasileira... (Magalhães, 1996, p.88)

O estudante não será pego de surpresa com um texto como este acima, porque como já vimos, ele já terá refletido nas ações anteriores, temas

correlacionados como o crescimento populacional, ocupações e evolução da população. Além disso, não é bom subestimar sua capacidade de entendimento, até porque estes conceitos anteriormente citados neste parágrafo, são fatos reais em sua própria vida onde mora. Depois, quando estabelecemos uma rede de relações entre estes conceitos e situações e quando forem compartilhados com outros estudantes, com as pessoas entrevistadas, com as visitas de estudo, os estudantes já terão construído um repertório significativo do tema sobre memória e identidade.

A leitura do capítulo de Conclusão da Dissertação, já referida, traz um vocabulário e conceitos de uma pesquisa científica, o que é de bom proveito aos estudantes para terem contato com este tipo de literatura. O que pode ser novidade para eles é também ter acesso a uma produção de trabalho acadêmico reconhecido por outros profissionais da área.

Toda atividade de leitura pode levar a uma melhor compreensão de seu próprio mundo, como escreveu Paulo Freire:

Na medida, porém, em que me fui tornando íntimo do meu mundo, em que melhor o percebia e o entendia na “leitura” que dele ia fazendo, os meus temores iam diminuindo. (Freire, 2005, p.15)

Continuando, Freire fala no Congresso Brasileiro de Leitura, em Campinas, em 1981 que: “... a leitura da palavra, da frase, da sentença, jamais significou uma ruptura com a “leitura” do mundo”. Então, uma ação pode levar a outra o que leva ao desenvolvimento do conhecimento, atribuindo ao sujeito, no caso o leitor, instrumentos de formação e de criação.

A atitude da leitura no nosso Projeto não é somente de estar consciente dos fatos narrados em si, mas sobretudo oferecer oportunidades de refletir sobre as condições sociais e econômicas no decorrer do tempo e em distintas regiões do Paraná.

Apesar de esta dissertação conter aspectos econômicos, a leitura e a reflexão propostas se dirigem a uma observação com maior ênfase aos aspectos sociais, como por exemplo, o relacionamento entre as pessoas que migram; aspectos culturais trazidos de suas terras de origens; a valorização do novo espaço; atividades profissionais que assumiram no lugar que habitam; a importância das escolas construídas na região, ideias e planos que esperam para o futuro. Esta reflexão será também apoiada nas atividades realizadas nas ações anteriores.

Os estudantes, em pequenos grupos, irão registrar comentários desta

reflexão, e propor aspectos e necessidades que merecem maior atenção no plano da Educação, Social e Político. Também irão elaborar, a partir destes registros, cartazes que serão expostos no final do prazo deste Projeto.

4.2.6 Elaboração de síntese do Projeto pelos estudantes do 9º Ano.

Portanto, desenvolvidas todas as Ações propostas neste Projeto, os estudantes do 9º Ano, de forma individual, se submeterão à produção de uma importante síntese de todas as situações e experiências vivenciadas neste período do Projeto, que teve o prazo dentro do primeiro trimestre do ano letivo de 2014.

Nesta síntese, através de um texto de duas laudas no mínimo, o aluno poderá fazê-la registrando suas impressões sobre o Projeto e seu tema, sobre a valorização da região, sobre o cotidiano escolar durante a realização do Projeto, sobre as visitas de estudo, sobre as entrevistas, sobre o vídeo. Enfim, dos vários aspectos em que se encontrou envolvido.

Estas sínteses farão parte do acervo de informações sobre o tema, que serão arquivados no Colégio para futuras consultas e pesquisas, sob o motivo de que todo este trabalho deverá ter levantado parte da memória da região e do Colégio.

4.2.7 Organização de exposição sobre o Projeto

Um dos itens mais importantes e especiais deste Projeto consiste no momento da exposição do acervo levantado durante o restrito espaço de tempo da pesquisa. Todo material recolhido e organizado deve ser apresentado, sendo o resultado do trabalho e da dedicação dos estudantes do 9º Ano. Representa também o sentido de relevar aspectos valorativos tanto de pessoas em sua particularidade como de todo o grupo social da região referida.

Cabe aos estudantes, junto ao professor da disciplina, a organização desta ação, assim como a tarefa de apresentação e explicações durante a exposição aos visitantes, até porque são autores das pesquisas. Entretanto, o auxílio e a participação de outros professores e funcionários do Colégio serão

essenciais.

Esta atividade de exposição dos materiais reunidos contribui para a contextualização dos estudos e temas, para a construção do conhecimento e contato com informações que são de interesse dos que convivem ao redor do Colégio.

O material a ser exposto deve ser bem organizado de acordo com cada atividade, ou seja, as entrevistas transcritas, os textos, cartazes, fotos e vídeos produzidos pelos estudantes. O local da exposição será no pequeno auditório do Colégio, para onde serão convidados os demais estudantes os envolvidos no Projeto, assim como, os visitantes.

Sob o título de “Memória e Identidade da nossa Região”, a exposição esta prevista para o mês de junho, aberta a todo público interessado, durante o período escolar do Estabelecimento.

Através da exposição de todo o material elaborado durante o Projeto os visitantes terão condições de refletir e de perceber o quanto a região está inserida no conjunto da História do lugar e que esta se relaciona com toda a História que se expande para outras regiões do estado.

5. Orientação pedagógica

Neste Projeto, procuramos desenvolver diferentes atividades pedagógicas, como o uso de filme, leitura de texto, a escrita, o diálogo, visitas fora da escola, trabalhos individuais e coletivos. Como já observamos anteriormente nas Estratégias de Ações, nota-se que vem mostrando que os procedimentos se voltam, sobretudo, ao que os estudantes, interagindo, tenham condições de construir um conhecimento de forma que ele se vê sujeito da ação e ao mesmo tempo, que ele perceba a realidade histórica em que vive.

A cada Estratégia o estudante em questão segue desenvolvendo seu campo de conhecimento e de compreensão sobre a história do lugar, argumentando de forma mais crítica, deixando de lado as simples opiniões despertando sua capacidade intelectual. Tendo as áreas de português, geografia e artes auxiliando certas atividades percebe-se ainda o aprimoramento do exercício de experiências da interdisciplinaridade, o que produz um conjunto de apreensão do conhecimento de forma mais amplo e consistente.

Em um mundo cada vez mais saturado de imagens, a ‘leitura’ de diferentes textos, passa a ser um importante instrumento pessoal e coletivo para a compreensão do passado e do presente. Não são os novos recursos tecnológicos no ensino que irão trazer inovações, mas seu uso é que promove uma melhor apreensão e assimilação dos fatos históricos, e que também, estimula, de certa maneira, o interesse do estudante pelos temas sugeridos. Por isso, todas as atividades, sempre que possível, serão elaboradas ou transpostas para o uso de recursos tecnológicos que o Colégio dispõe. Colaborando assim para o envolvimento do estudante nos novos meios que facilitam e qualificam a pesquisa, apropriando-se também de um direito social sobre estas novas ferramentas tecnológicas de consultas e de trabalho.

Junto a cada Estratégia de Ação o estudante poderá reconhecer que o que existe no lugar onde mora é fruto do trabalho e da transformação humana, e então ele também identificar não só as mudanças, mas também o que permanece e o que resistiu ao tempo. Muito mais do que revisitar o passado, na melhor das intenções, é propor aos estudantes uma reflexão que os levem a elaborar projetos para um futuro próximo, a fim de auxiliá-los na construção uma sociedade mais democrática e solidária.

6. AVALIAÇÃO

Diante destas considerações não podemos ver a avaliação como um mero medidor numérico, muito menos como índice de resultados de ganhadores e perdedores. Assim:

Esta sugestão de conteúdos tem como finalidade estudar e avaliar de modo processual, cumulativo e contínuo, as estruturas que simultaneamente inibem e possibilitam as manifestações culturais que os sujeitos promovem numa relação com o outro instituída por um processo histórico. Pretende-se perceber como os estudantes compreendem: a experiência humana, os sujeitos e suas relações com o outro no tempo; a cultura local e a cultura comum. Deve-se verificar a compreensão do aluno acerca da utilização do documento em sala de aula, propiciando reflexões sobre a relação passado/presente. (PPC, 2012)

A avaliação deve se pautar pela participação ativa, atenção, valorização em cada uma das atividades propostas pelo Projeto. Desta forma, o estudante

deve ter condições de construir e desenvolver conhecimentos e elencar informações, registrando em textos e anotando suas reflexões, como também, sua produção de cartazes.

Outro aspecto que está em conta, é o reconhecimento do estudante pela importância dada ao tema proposto e trabalhado, formando assim, um conjunto de atuações, onde ele deve sinalizar seu desenvolvimento no aprendizado e na apreensão do tema proposto, suas dúvidas e dificuldades. A partir daí, rever os problemas, solicitar que continue repensando, rever as ideias. O professor, ao longo do processo poderá perceber estas variações e interferir sempre quando necessário, caso em que o estudante não esteja interagindo.

Como critério de avaliação, lembramos e reforçamos o que está descrito nos Parâmetros Curriculares Nacionais – História – 1998, p.74 e 75, entre outros itens:

*Reconhecer diferenças e semelhanças entre os confrontos, as lutas sociais e políticas;

*Reconhecer características da cultura contemporânea atual e suas relações com a História mundial nos últimos séculos;

*Reconhecer a diversidade de documentos históricos.

A avaliação completa ao longo do desenvolvimento das Estratégias de Ações servirá também como um ‘feedback’, onde se assegura, tanto para o estudante como para o professor, a intencionalidade do interesse na produção do conhecimento, das informações e das reflexões. Na medida do possível, pode indicar também a eliminação de formas de representações ideológicas que minimiza a expressão, o pensamento e a liberdade intelectual.

BIBLIOGRAFIA

BITTENCOURT, Circe. (Org.) O saber histórico na sala de aula. 10 ed. – São Paulo: Contexto, 2005.

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004. (Coleção docência em formação. Série ensino fundamental / coordenação Antônio Joaquim Severino, Selma Garrido Pimenta)

BRASIL. Ministério da educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: história. Brasília: MEC/SEF, 1998.

DALLA COSTA, Armando João. O ensino de história e suas linguagens. Curitiba: Ihpex, 2011. (Coleção Metodologia do Ensino de História e Geografia; v.7)

FERREIRA, Sandra Patrícia Ataíde; DIAS, Maria da Graça Bompastor Borges A escola e o ensino da leitura. Psicol. estud., Jun 2002, vol.7, no.1, p.39-49. ISSN 1413-7372) Acesso em 27/11/2013.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 46 ed. - São Paulo: Cortez, 2005.

LANE, Silvia T. Maurer. O que é Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 2006. (Coleção Primeiros Passos; 39)

LE GOFF, Jacques. História e memória. 5 ed. – Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2003.

MAGALHÃES, Marisa Valle. O Paraná e a Migração – 1940 a 1991. 108 f. Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Economia, Área de Concentração em Demografia Econômica, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional – CEDEPLAR, da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre. Belo Horizonte, 1996. (p. 88-92)

NARRADORES DE JAVÉ. Eliane Caffé. Lumière e Riofilme. Brasil: 2003. Color, 100 min. DVD.

PALFREY, John; GASSER, Urs. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração dos nativos digitais. Porto Alegre: Artmed, 2011.

PARANÁ. Lei 13.381, de 18 de dezembro de 2001. Torna obrigatório, no Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública Estadual de Ensino, conteúdos da disciplina História do Paraná. Diário Oficial do Paraná. N.6134 de 18/12/2001.

PARANÁ. Projeto Político Curricular (PPC). Colégio Estadual Santa Rosa - Ensino Fundamental e Médio. 2012.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica- História, 2008.

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO. Representações, memórias, identidades / obra coletiva. – Curitiba: SEED - Pr., 2008. P112. (Caderno de História do Paraná).

SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. História local e ensino da História. In: Ensinar história. São Paulo; Scipione, 2004.

THOMPSON, Paul. A voz do passado – História Oral. 3ª edição. São Paulo: Paz e Terra, 2002.