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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · atividades lúdicas e envolveu a prática de leitura de poemas, adotando a linguagem poética associada a diversas formas de arte,

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Ficha de Identificação – Artigo Final

Professor PDE/2013

Título: Socialização da leitura: a magia da poesia

Autor Cleide Aparecida Cardoso

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização

Colégio Estadual Senador Teotônio Vilela – EFMP

Município da escola Assis Chateaubriand

Núcleo Regional de Educação Assis Chateaubriand

Professor Orientador Deise da Silva Guttierres

Instituição de Ensino Superior UNIOESTE

Resumo:

Este artigo tem como objetivo relatar a reflexão e o

resultado do projeto de intervenção pedagógica

“Socialização da leitura: a magia da poesia”,

realizado com alunos do nono ano do ensino

fundamental, do Colégio Estadual Senador

Teotônio Vilela, a fim de desenvolver a prática de

leitura destes alunos com o gênero poema,

objetivando desenvolver a leitura e a socialização

da mesma. Sendo assim, o trabalho buscou

apresentar atividades que envolvesse a prática de

leitura de poemas, utilizando a linguagem poética

associada a diversas formas de arte, tais como:

música, desenho, pintura, saraus, jornal e, ainda,

as ferramentas tecnológicas. Desse modo,

mostrou-se a relevância da prática de leitura de

poemas para o desenvolvimento da imaginação,

senso crítico, expressão oral, vocabulário, bem

como para fomentar o incentivo à leitura.

Palavras-chave: Ensino; Leitura de poemas; Socialização.

Formato do Material Didático: Unidade Didática

Público Alvo: 9° ano - ensino fundamental

SOCIALIZAÇÃO DA LEITURA: a magia da poesia

Autora: Cleide Aparecida Cardoso

Orientadora: Deise da Silva Guttierres

RESUMO

O presente artigo “Socialização da leitura: a magia da poesia” consistiu em pesquisar a importância da prática de leitura com textos poéticos em sala de aula, objetivando desenvolver a leitura e sua socialização. Dessa forma, propôs atividades lúdicas e envolveu a prática de leitura de poemas, adotando a linguagem poética associada a diversas formas de arte, tais como: música, desenho, pintura, saraus, jornal e, ainda, as ferramentas tecnológicas, indicando a relevância da leitura de poemas para o desenvolvimento da imaginação, senso crítico, expressão oral, vocabulário e incentivo à leitura. Este trabalho foi realizado com alunos do 9° ano do ensino fundamental do Colégio Estadual Senador Teotônio Vilela. Palavras-chave: Ensino; Leitura de poemas; Socialização.

1- INTRODUÇÃO

A partir da compreensão de que todo trabalho com a língua parte dos

gêneros textuais, faz-se necessário encontrar mecanismos para incentivar o

educando à prática da leitura.

Dentro da esfera literária, existem vários gêneros textuais, cada um com

suas características específicas. Entre eles, destaca-se o poema, um gênero

rico em vários aspectos que deve ser explorado em sala de aula, já que o

contato com a poesia sempre esteve presente em nossas vidas, seja nas

cantigas de ninar, nas cantigas de roda, nas parlendas, nos trava-línguas e nas

adivinhas da nossa infância, ou ainda, em versos de amor, em bilhetinhos e em

músicas que ouvimos na adolescência. Porém, com o passar dos anos, a

poesia vai se perdendo, talvez pela escola não trabalhar com mais frequência

esse gênero textual que faz parte do universo lúdico que o educando traz

consigo.

Dessa forma, a escola pode e deve ser um lugar onde a prática da

leitura de poemas aconteça naturalmente. Isso ocorre por meio da linguagem

poética associada a diversas formas de arte, tais como: música, desenho,

pintura, sarau, jornal e, ainda, as ferramentas tecnológicas. Esses artefatos

podem se tornar recursos didáticos atrativos e desenvolver a prática de leitura

que vem a ser uma influência para o desenvolvimento da imaginação, do senso

crítico, da expressão oral e vocabulário.

Assim, este artigo discorre sobre a implementação de uma proposta de

intervenção na realidade escolar, oportunizando o contato com diferentes

autores e estilos, apropriando de conhecimentos a fim de perceber o que é

fundamental na poesia, através de atividades diversificadas que possibilite

maior interpretação da linguagem poética e inicie suas próprias produções de

poemas. As atividades foram desenvolvidas durante o primeiro semestre de

2014, no decorrer de 30 aulas, em uma turma de nono ano vespertino.

2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA / REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Atualmente, a leitura literária não faz parte da prática diária da maioria

dos alunos, pois os meios tecnológicos são recursos muito mais atraentes para

as pessoas do que um bom livro.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná

de Língua Portuguesa (DCE),

Mesmo vivendo numa época denominada „era da informação‟, a qual possibilita acesso rápido à leitura de uma gama imensurável de informações, convivemos com o índice crescente de analfabetismo funcional, e os resultados das avaliações educacionais revelam baixo desempenho do aluno em relação à compreensão dos textos que lê. (PARANÁ, 2008, p. 48).

Ciente de que a escola é o ambiente propício para despertar nos

educandos a prática de leitura, já que a mesma não apenas abre horizontes

para o conhecimento, mas também para a imaginação, cabe ao educador

motivar os alunos à arte da leitura. Segundo Zilberman:

A instituição „escola‟ ensina como ler, começando pela alfabetização e chegando ao estímulo, ao consumo, à fruição e a valorização dos produtos tidos como elevados, qualidade usualmente conferida à arte e à literatura. Por isso, a eficiência do ensino viabiliza ou não a socialização dos textos a que dá acesso, sendo que, em caso negativo, a escola acaba por compreender sua própria continuidade (SILVA; ZILBERMAN, 2005, p. 113).

Considerando que saber ler não é um ato mecânico de decodificação, o

letramento insere as duas competências: ler e escrever, praticando-as

socialmente. Portanto, interpretar, refletir e compreender criticamente as

práticas sociais da linguagem e determinando sua voz no contexto social.

Como destaca Silva (1990, p.32), “[...] A leitura, enquanto um elemento

fundamental do processo de ensino é também, sem dúvida, um poderoso meio

para a compreensão e transformação da realidade”.

A prática da leitura conduz o aluno à formação integral para ser um

cidadão reflexivo, criativo, crítico e ativo, capaz de interferir no meio onde vive,

transformando a realidade que o cerca. Segundo as Diretrizes Curriculares da

Educação Básica do Paraná:

(...) compreende-se a leitura como um ato dialógico, interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os seus conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural, enfim, as várias vozes que o constituem. (PARANÁ, 2008, p. 56)

De acordo com Regina Zilberman, a leitura coloca-se como um meio de

aproximação entre os indivíduos e a produção cultural, podendo significar a

possibilidade concreta de acesso ao conhecimento e argumentação do poder

de crítica por parte do público leitor. (SILVA; ZILBERMAN, 2005, p. 112)

Sendo assim, o educador deve ser o primeiro a ter a prática da leitura,

pois não há como desenvolver no aluno o que ele não gosta ou não tem a

prática. Também segundo Silva, o ensino da prática de leitura requer um

professor que “além de posicionar-se como um leitor assíduo, crítico e

competente, entenda realmente a complexidade do ato de ler” (SILVA, 2002, p.

22).

Em uma entrevista com Regina Zilberman, a pesquisadora fala sobre o

trabalho com a leitura nas escolas e a importância de o professor ser ele

mesmo um leitor:

A leitura é um mundo. Talvez seja ela o mundo. Dar à criança a chave que abre as portas desse universo é permitir que ela seja informada, autônoma e, principalmente, dona dos rumos de sua própria vida. Afinal, não é à toa que se fala tanto em uso social da leitura e da escrita. E para despertar nos pequenos o gosto pela literatura é fundamental que os professores sejam eles mesmos

grandes entusiastas dos livros. É o que defende Regina Zilberman, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. (CAVALCANTE, 2010).

O trabalho com o texto literário infanto-juvenil, na sala de aula, tem

motivado várias discussões e a busca constante de inovações por parte dos

profissionais da educação. No entanto, a escola não tem dado conta desta

responsabilidade, principalmente no que diz respeito à prática de leitura dos

textos literários.

Assim, como em qualquer outro conteúdo, o ensino da prática de

leitura na escola necessita de metodologia como afirma Silva; Ziberman:

Uma pedagogia da leitura que objetiva a transformação do leitor e, através deste, da sociedade dificilmente se funda na descrição da estrutura do(s) texto(s). „Mais do que isso, uma pedagogia da leitura de cunho transformador propõe, ensina e encaminha a descoberta da função exercida pelo(s) texto(s) num sistema educacional, social e político‟ (SILVA; ZILBERMAN, 2005, p. 115).

O texto literário dialoga com os sentimentos revelados, suscita o

imaginário. A poesia é a expressão de nossos sentimentos. Moisés (1997)

afirma que “a poesia é a mais antiga forma de expressão da arte literária.

Sendo sua conceituação bastante complexa” (MOISÉS, 1997, p. 102-134).

O poema é um gênero textual capaz de dar continuidade à

experiência linguística, que o aluno já tem e que foi o próprio fundamento do

seu aprendizado da língua, determinando sua voz no contexto social. De

acordo com Cunha:

(...) a poesia de nossa época está próxima das cantigas populares e folclóricas, das canções de ninar, dos versos de roda e dos jogos – e ao entrar na escola esta experiência que a infância tem, e continuará a ter no período escolar no campo da poesia. (CUNHA, 1994, p.120).

Conforme as DCEs do Estado do Paraná:

No caso da leitura de textos poéticos, o professor deve estimular, nos alunos, a sensibilidade estética, fazendo uso, para isso, de um instrumento imprescindível e, sem dúvida, eficaz: a leitura expressiva. O modo como o docente proceder à leitura do texto poético poderá tanto despertar o gosto pelo poema como a falta de interesse pelo mesmo. Assim, antes de apresentá-lo para os educandos, o professor deve estudar, apreciar, interpretar, enfim, fruir o poema. (PARANA, 2008, p.76).

As DCEs ressaltam que numa atividade de leitura com o texto poético, é

preciso observar o seu valor estético, o seu conteúdo temático, dialogar com os

sentimentos revelados, as suas figuras de linguagem, as intenções (PARANÁ,

2008, p. 72).

Sendo assim, é fundamental que o educador e educando estejam

atentos ao texto poético a fim de que consigam entender a mensagem

transmitida pelo autor. No entanto, é de suma importância que o professor faça

a leitura e a interpretação prévia do poema para sua compreensão e,

consequentemente, possa conduzir o trabalho de forma satisfatória.

Segundo Freire (1996), a leitura de poesias no ambiente escolar

potencializa uma prática diferenciada, capaz de desenvolver o intelectual,

criatividade e a imaginação. Em consonância com Filipousk (2006), a poesia é

uma das formas mais radicais que a educação pode oferecer de exercício de

liberdade através da leitura, de oportunidade de crescimento e problematização

das relações entre pares e de compreensão do contexto onde interagem

(FILIPOUSKI, 2006, p. 338).

Novamente recorrendo às DCEs do Estado do Paraná 2008:

No ambiente escolar, a racionalidade se exercita com a escrita, de modo que a oralidade, em alguns contextos educacionais, não é muito valorizada; entretanto, é rica e permite muitas possibilidades de trabalho a serem pautadas em situações reais de uso da fala e na produção de discursos nos quais o aluno se constitui como sujeito do processo interativo. (PARANÁ, 2008, p. 55).

Para Antônio Candido, a Literatura é fator indispensável de

humanização:

Entendo aqui por humanização [...] o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. (CANDIDO, 1995, p. 249).

Nesse contexto, constata-se que a prática de leitura de poemas é

requisito fundamental à formação humana, o que justifica o foco do presente

projeto.

2.1- O projeto “Socialização da leitura: a magia da poesia” em ação

A produção didático-pedagógica, em formato de unidade didática,

“Socialização da leitura: a magia da poesia” foi implementada em uma turma de

9° ano vespertino, formada por 19 alunos, do ensino fundamental, do Colégio

Estadual Senador Teotônio Vilela-EFMP, durante o primeiro semestre do ano

letivo 2014. Esta unidade didática, com carga horária de 30h/a, foi distribuída

em 11 encontros de duas aulas de 50 minutos, realizados nas terças-feiras.

Pretendeu-se trabalhar com o aluno de maneira mais livre e reflexiva,

por meio de atividades lúdicas, possibilitando fazer inúmeras leituras, sem se

preocupar com exercícios exaustivos que viessem posteriormente delas. Para

que, assim, os alunos se sentissem motivados a ler cada vez mais textos

poéticos, estimulando-os, consequentemente, à prática de leitura literária.

Quanto ao desenvolvimento da produção didático-pedagógica, o colégio

disponibilizou os materiais necessários como: sulfite, cartolina, cola, lápis de

cor, textos impressos, livros da biblioteca, entre outros. Também permitiu o

acesso à biblioteca, laboratório de informática e utilização dos equipamentos

disponíveis no colégio (TV pen drive, datashow, microfone, câmera filmadora e

fotográfica).

2.2- Ações desenvolvidas na implementação e a metodologia utilizada

A implementação do projeto de intervenção no ambiente escolar iniciou

no dia 05/02/2014, durante a semana pedagógica, momento em que

apresentou a unidade didática “Socialização da leitura: a magia da poesia” para

a direção, equipe pedagógica, agentes educacionais 1 e 2 e corpo docente, os

quais se inteiraram da proposta de leitura com o gênero textual poema e se

dispuseram em colaborar na execução da mesma.

Na sequência, na sala de aula com os alunos dispostos em círculo, foi

apresentada a proposta do trabalho com a leitura de textos poéticos e rap,

enfatizando a importância da prática da leitura literária e o que esta pode

proporcionar, dentro de um processo de autoconstrução do conhecimento. A

seguir, o professor distribuiu cópias impressas do texto “O que é o amor” para a

realização de uma dinâmica. Os educandos participaram, lendo e cantando, ao

som do violão musicalizado pelo professor de música do programa mais

educação, professor Reinaldo. Também teve a colaboração de Osias,

laboratorista de informática, que filmou e fotografou esse momento, ambos

convidados para a atividade.

Após, realizou-se debate sobre a temática do texto “O que é o amor” e a

diferença entre poema e poesia. Para concluir o encontro, os alunos

confeccionaram marcadores de página com poemas e, através de sorteio,

presentearam um colega da sala. Logo, a turma envolveu-se nas atividades,

tornando a aula agradável e descontraída.

Na atividade seguinte, utilizando datashow, foram apresentados os

poemas de Marina Colasanti, “Eu sei, mas não devia”; de Cora Coralina,

“Saber viver” e o rap de Gabriel, O Pensador, “Linhas tortas”. Foram

disponibilizadas, aos alunos, acomodados em círculo, folhas impressas com as

obras apresentadas. O professor tematizou as obras por meio de

questionamentos e debate, oportunizando ao aluno perceber as inúmeras

temáticas e leituras que este gênero pode abordar e atribuir sentido ao poema,

aumentando sua compreensão leitora.

Assim, aguçados pela curiosidade deste gênero literário, os educandos

foram encaminhados ao laboratório de informática para pesquisarem e

realizarem leituras de poemas e raps dos autores contemplados no projeto.

Elegeram uma obra e levaram-na para a sala de aula. As atividades tiveram

continuidade ao retomar conceitos como rima, rítmo, versos, estrofes, formas

fixas, livres, entre outros. Na sequência, o educador apresentou o poema,

“Saber viver”, de Cora Coralina, enfatizando a sonoridade e o rítmo, recursos

importantes para a leitura expressiva de poemas.

Após estudo teórico, os alunos declamaram os poemas contemplados

no laboratório de informática para a turma com muita expressividade e, então,

montaram um varal de poemas na sala.

A atividade seguinte, no laboratório de informática, os alunos

pesquisaram a biografia de Cora Coralina e, na sala de aula, assistiram a um

vídeo sobre a escritora em estudo e sua cidade, Goiás. Na continuidade do

trabalho, os alunos, de posse do poema “Saber viver”, em grupos de três

elementos, discutiram sobre o que lhes davam prazer na vida. Os grupos

selecionaram palavras e expressões que mais os sensibilizaram, trocando-as

por outras. Apresentaram para a classe, expressando a reflexão da equipe,

momento este de descontração e criatividade.

As demais atividades foram na biblioteca. No datashow, os educandos

assistiram ao vídeo sobre a biografia de Gabriel, o Pensador e alguns raps. Em

seguida, o professor disponibilizou livros e folhas impressas com obras do

escritor e músico em estudo. A turma, motivada com os vídeos, leu interagindo

com os colegas e, em duplas, confeccionaram cartazes com obras e biografia

do autor que, posteriormente, foi montado um mural no pátio do colégio. Como

alguns alunos já conheciam os raps propuseram-se apresentá-los para o

restante da turma, momento ímpar de descontração.

Num próximo encontro, o professor distribuiu dois textos, um do rap “Pra

onde vai”, de Gabriel o Pensador; e o outro do poema “Saber viver” de Cora

Coralina. Os alunos realizaram a leitura oral, cantaram o rap e declamaram o

poema. O professor promoveu um dedate, focalizando o valor da vida, através

de questionamentos e intertextualizando os dois textos. Na sequência, o

educador apresentou o gênero textual acróstico. Após estudo teórico, os alunos

produziram acrósticos, dando ênfase ao valor da vida e montaram um mural na

sala.

As atividades prosseguiram com a produção artística. Grupos de três

alunos através de ilustracões construíram fita de filme, representando a

interpretação dos poemas em estudo. Os alunos gostaram da brincadeira e

aprenderam outra forma de interpretar. Este trabalho foi fixado no mural do

pátio.

Então, os alunos produziram seus poemas com diversas temáticas,

apresentaram-nos primeiro para a sala e, depois, para toda a comunidade

escolar e publicaram no jornal do colégio.

Para finalizar as atividades, os alunos, sob orientação da professora,

organizaram o sarau, que foi o termômetro dos trabalhos deste projeto. Neste

evento, os alunos apresentaram rap, poemas dos autores estudados no

decorrer da implementação e obras de suas autorias, momento singular para

expressarem as emoções com habilidades próprias da linguagem poética como

ritmo, entonação de voz, expressões faciais e corporais, onde o educando se

tornou confiante em se expressar perante o público, elevando sua autoestima.

Portanto, um dos objetivos do trabalho de leitura com o gênero textual

poema foi desenvolver a sensibilidade, a criatividade e o senso crítico e, de

acordo com as DCEs, “[...] para o encaminhamento da prática de leitura, é

relevante que o professor realize atividades que propiciem a reflexão e

discussão [...]” (PARANÁ, 2008, p. 74).

Figura: Convite do Sarau

Fonte: arquivo pessoal

2.3- Grupo de trabalho em rede

Grupo de trabalho em rede, GTR1, realizado no primeiro semestre de

2014, objetivou promover a integração dos professores do Estado do Paraná,

através da socialização das experiências de trabalho, assim como oportunizar

a capacitação dos educadores cursistas. De acordo com o ambiente virtual de

aprendizagem, o grupo de professores, que participou do GTR deste projeto

“Socialização da leitura: a magia da poesia”, contribuiu para o sucesso de sua

realização, analisando o projeto, a produção didático-pedagógica e a

1 Grupo de Trabalho em Rede – GTR – constitui uma atividade do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE – que se caracteriza pela interação virtual entre os Professores PDE e os demais professores da Rede Pública Estadual. Um dos objetivos desse trabalho em rede é socializar o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola elaborado pelo Professor PDE com os demais professores da Rede. Disponível em <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/ conteudo/conteudo.php?conteudo=503>. Acesso em: 23/07/2014.

aplicabilidade das ações de Implementação, dando suas valiosas

contribuições. Para a participante Joana2,

O projeto “Socialização da leitura: a magia da poesia” propõe o trabalho com a poesia de maneira agradável e interessante, aliando-a à música. Esses dois gêneros são "casados" desde o início da história da humanidade e da Literatura e sempre fizeram sucesso, inclusive fora da escola. É interessante mostrar aos alunos os benefícios que a poesia traz ao coração, à alma e à vida. E quando perceberem isso, certamente a leitura de poesias será uma prática constante em suas vidas, pois como nos ensina Voltaire: “A poesia é a música da alma, e, sobretudo, de almas grandes e sentimentais”. Fonte das interlocuções, fórum GTR 2014.

Os professores cursistas também fizeram observações quanto à

produção didático-pedagógica. Para Linara:

Toda atividade de leitura e escrita deve ser pautada na interação. Achei sua proposta ativa e prática. As atividades são criativas e abordam temas da realidade dos alunos. Eles gostam de propostas em que participam com canto, danças e desenhos. Mostrar poesia ao aluno artisticamente é estimular todos os sentimentos positivos do ser humano. Com certeza, o público-alvo irá gostar e muito. Os autores selecionados, Marina Colasanti, Cora Coralina e Gabriel O Pensador, são criativos, emotivos e críticos e o conteúdo de suas obras envolve temas do dia a dia dos cidadãos. O amor, os problemas sociais tudo isto está presente na vida das pessoas e os alunos se envolvem com estes temas polêmicos que despertam emoções. Gostei muito da fita de filme ilustrada, utilizando a música de Gabriel O Pensador. Gosto de trabalhar poesias com meus alunos. Com certeza, vou utilizar suas ideias em minhas aulas, pois elas são ótimas. Fonte das interlocuções, fórum do GTR 2014.

No módulo três do GTR, os professores cursistas analisaram a

aplicabilidade das ações de Implementação do Projeto de Intervenção na

Escola. Segundo Lena:

Olá, professora Cleide! Seu trabalho foi muito bem elaborado e as atividades muito bem organizadas. O que você propôs trabalhar com o gênero discursivo poesia foi satisfatoriamente cumprido. As poesias escolhidas da autora Marina Colasanti e Cora Carolina são realmente muito lindas e encantam a todos, assim como a escolha da música de Gabriel O Pensador. Seus alunos, com certeza, amaram suas aulas. Parabéns pelo trabalho. Fonte das interlocuções, fórum do GTR 2014.

3- CONSIDERAÇÕES FINAIS

2 Os participantes do GTR neste projeto serão identificados com nomes fictícios para preservar

suas identidades.

A leitura é pré-requisito fundamental para o desenvolvimento do intelecto

crítico do ser humano. Ela conduz o aluno à formação integral para ser um

cidadão reflexivo, criativo, crítico e ativo, capaz de interferir no meio onde vive,

transformando a realidade que o cerca. Segundo as Diretrizes Curriculares da

Educação Básica do PARANÁ (2008, p. 56), compreende-se a leitura como um

ato dialógico, interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas,

econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado momento.

Sendo assim, vale ressaltar que a prática da leitura é fundamental para o

exercício da cidadania e requer metodologias diferenciadas a fim de aproximar

o educando do exercício da prática da leitura cotidiana.

E com o propósito de tornar a prática da leitura realidade nos espaços

escolares como estratégias pedagógicas, buscou-se associar o texto poético à

música e formas dinâmicas para expressar suas ideias, sentimentos nas mais

variadas temáticas, conduzindo o aluno à reflexão para torná-lo mais completo,

crítico e competente a transformar o próprio conhecimento, capaz de

humanizar a sociedade.

E, ainda, a partir da implementação da proposta pedagógica, pôde-se

constar que ações como estas, ou seja, trabalhos de leitura com o gênero

textual poema são possíveis, cujo intuito é de desenvolver a prática da leitura

proficiente, atribuindo significados e contribuindo para que ampliem seus

conhecimentos.

4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS CANDIDO, Antônio. et al. Direito à literatura. In: ____. Revista e ampliada, 3. ed. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1995. CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil: teoria e prática. São Paulo: Ática, 1994. FILIPOUSKI, Ana Mariza Ribeiro. Para formar leitores e combater a crise da leitura na escola: acesso à poesia como direito humano. In: Ciências e Letras: Revista da Faculdade Porto-alegrense de Educação, Ciência e Letras. Momentos da Poesia Brasileira-Dossiê Mario Quintana. Porto Alegre, jun./Jul. 2006. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MOISÉS, Massaud. A Criação Literária. Poesia. 13. ed. São Paulo: Cultrix, 1997. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008. SILVA, Ezequiel Teodoro da. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. 7ª ed. São Paulo: Cortez, 1996. ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel Theodoro. Leitura, perspectivas interdisciplinares. São Paulo: Editora Ática, 2005. P.115. _____. Entrevista com Regina Zilberman. In: Nova Escola de língua portuguesa. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/linguaportuguesa /pratica-pedagogica/juventude-leia-mais-423892.shtml. Acesso em: 05 jun 2014

PDE: Grupo de trabalho em rede. Disponível em:<http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/ conteudo/conteudo.php?conteudo=503>. Acesso em: 23/07/2014.