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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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FICHA PARA CATÁLOGO DE ARTIGO – TRABALHO FINALPROFESSOR PDE/2014

TÍTULO

A FORMAÇÃO DO CIDADÃO VISANDO A PROFISSIONALIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO LOCAL DE FORMA SUSTENTÁVEL

AUTOR ARNALDO JOSÉ FERRO

ESCOLA DE ATUAÇÃO COLÉGIO ESTADUAL CHATEAUBRIANDENSE

MUNICÍPIO DA ESCOLA ASSIS CHATEAUBRIAND - PARANÁ

NÚCLEO REGIONAL ASSIS CHATEAUBRIAND - PARANÁ

ORIENTADOR JOÃO JORGE CORREA

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE

ÁREA DO CONHECIMENTO EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E FORMAÇÃO DE DOCENTES

RELAÇÃO INTERDISCIPLINAR RELAÇÃO COM TODAS AS DISCIPLINAS DO CURSO

PÚBLICO ALVO:ALUNOS DO 4º ANO DO CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO INTEGRADO MATUTINO E 3º SEMESTRE SUBSEQUENTE NOTURNO

LOCALIZAÇÃO:COLÉGIO ESTADUAL CHATEAUBRIANDENSE – ASSIS CHATEAUBRIAND – PARANÁ

RESUMO:

Este artigo pretende retratar os resultados obtidos no projeto de intervenção do Programa de Formação Continuada do Governo do Estado do Paraná (PDE-PR), realizado com alunos do 4º ano integrado e 3º semestre Subseqüente do Curso Técnico em Administração do Colégio Estadual Chateaubriandense, na disciplina de Elaboração e Analise de Projetos, filhos de agricultores, comerciantes e operários, que sem muitas expectativas de emprego e sequencia nos estudos universitários, rumam para as grandes cidades a procura de melhores condições, ou ainda se sujeitam a trabalhar nos abatedouros de aves da região em situações de trabalho fatigantes, e os demais disputam o pouco do trabalho que o comércio local oferece, situação esta que nos levou a propor trabalhar com esses alunos, para resgatar sua autoestima, promovendo a formação do cidadão quer seja para sequencia de seus estudos, quer seja como empregado em uma empresa que lhe permita mudanças em sua carreira quer seja como administrador nos negócios da família, ou como empresário, transformando assim sua realidade local, respeitando sua cultura, seus saberes, valorizando sua cidade, agindo como partícipes e promovendo as mudanças em suas vidas e consequentemente em sua cidade de forma a gerar desenvolvimento local e sustentável.

PALAVRAS-CHAVE Cursos técnicos; formação; trabalho; mudanças; desenvolvimento sustentável.

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A FORMAÇÃO DO CIDADÃO VISANDO A PROFISSIONALIZAÇÃO E

PARTICIPAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO LOCAL DE FORMA

SUSTENTÁVEL

Arnaldo José Ferro 1 João Jorge Correa 2

RESUMO: Este artigo pretende retratar os resultados obtidos no projeto de intervenção do Programa de Formação Continuada do Governo do Estado do Paraná (PDE-PR), realizado com alunos do 4º ano integrado e 3º semestre Subseqüente do Curso Técnico em Administração do Colégio Estadual Chateaubriandense, na disciplina de Elaboração e Analise de Projetos, filhos de agricultores, comerciantes e operários, que sem muitas expectativas de emprego e sequencia nos estudos universitários, rumam para as grandes cidades a procura de melhores condições, ou ainda se sujeitam a trabalhar nos abatedouros de aves da região em situações de trabalho fatigantes, e os demais disputam o pouco do trabalho que o comércio local oferece, situação esta que nos levou a propor trabalhar com esses alunos, para resgatar sua autoestima, promovendo a formação do cidadão quer seja para sequencia de seus estudos, quer seja como empregado em uma empresa que lhe permita mudanças em sua carreira quer seja como administrador nos negócios da família, ou como empresário, transformando assim sua realidade local, respeitando sua cultura, seus saberes, valorizando sua cidade, agindo como partícipes e promovendo as mudanças em suas vidas e consequentemente em sua cidade de forma a gerar desenvolvimento local e sustentável

PALAVRAS CHAVE: Cursos técnicos; formação; trabalho; mudanças; desenvolvimento sustentável.

Introdução

Este artigo pretende apresentar o projeto de intervenção desenvolvido

durante o ano de 2013 e aplicado no primeiro semestre de 2014, no Curso Técnico

em Administração do Colégio Estadual Chateaubriandense, com a participação de

alunos do 4º ano integrado matutino e 3º semestre subsequente noturno.

É parte integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE),

como ação da política de formação continuada dos professores da rede pública de

ensino do Paraná, proposto pela Secretaria Estadual de Educação (SEED), em

parceria com a Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior

(SETI), através das Universidades Estaduais, no caso específico com a

Universidade Estadual do Paraná – Unioeste.

Durante os dois últimos anos, o PDE, proporcionou que fosse inicialmente

elaborado projeto de intervenção na escola, onde foram escolhidas as turmas para

levantamento do problema inicial, posteriormente este projeto se transforma em uma

produção didática a ser implementada na escola com os alunos em questão, e num

1 Professor do Curso Técnico em Administração da Rede Estadual de Ensino do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Assis

Chateaubriand. E-mail: [email protected] Professor Orientador da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) – Campus de Foz do Iguaçu – Pós Doutor em Educação. E-mail: [email protected]

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mesmo momento, discutida e partilhada com professores da rede estadual na forma

de trabalho em rede denominado GTR, e que contribui em muito com depoimentos

e sugestões ao longo da intervenção. A soma de todo esse material resulta neste

artigo aqui apresentado.

A dualidade entre o ensino para as classes dominantes e classe trabalhadora

fez parte do cotidiano da população em quase toda sua maioria, perpetuando que o

filho de quem detinha o poder era preparado para exercer as profissões de elite e os

filhos da classe trabalhadora, que conseguiam frequentar uma escola eram

preparados para executar profissões que eram consideradas inferiores.

Nessa perspectiva, o Curso Técnico em Administração, o Colégio Estadual

Chateaubriandense, trabalha na formação de seus alunos, que na maioria são filhos

de agricultores, comerciantes e operários, para que possam competir de forma

igualitária na sequência dos estudos no ensino superior. Mas, ao mesmo tempo

tendo formação técnica, para trabalhar, manter seus estudos, manter a família e

participar do desenvolvimento da cidade, não mais oferecendo mão de obra barata,

e reproduzir o sistema vigente.

O problema levantado para estudo e intervenção foi o seguinte: Como

trabalhar com esses alunos, para resgatar sua autoestima, valorizando sua cidade,

agindo como partícipes e promovendo as mudanças que irão gerar desenvolvimento

local e sustentável?

O estudo teve como intuito trabalhar com os alunos de modo a contribuir com

sua aplicação na escola, para que as mudanças apresentadas fossem as seguintes:

• Promoção de mudança de conceito na formação dos alunos e

transformação em suas vidas e cidade.

• Resgate e valorização do aluno agricultor e sua família, para se

orgulhar do que faz e possa melhorar sua condição de vida, de

agregação de renda, não sendo mais tão dependente da monocultura,

multinacionais e cooperativas.

• Incentivo do empreendedorismo na iniciativa de pequenas

agroindústrias familiares e microempresas.

• Promoção de palestras em que se possam demonstrar outras formas

de diversificação na agricultura, com o envolvimento de EMATER,

Secretaria de Agricultura, Sindicatos e SENAR.

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• Apresentação dos resultados do projeto para os envolvidos e a

comunidade.

O mesmo projeto utilizado pelos alunos foi também analisado por professores

de diferentes localidades e regiões, por meio do Grupo de Trabalho em Rede on-line

(GTR), disponibilizado pela Secretaria de Educação do Paraná como outro

instrumento de formação continuada aos profissionais da educação, e que foi

desenvolvido durante o ano de 2013 e aplicado no GTR, no primeiro semestre de

2014

2. Descrição das atividades desenvolvidas no projeto de intervenção

“Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe

determina a consciência."Karl Marx,1859 apud Florestan Fernandes, 2008, capa

A maioria das cidades do interior, como no caso da cidade de Assis

Chateaubriand, vive da monocultura soja/milho, dependendo o comércio e as

pequenas indústrias locais das oscilações do mercado do agronegócio, tornando o

agricultor refém das multinacionais e cooperativas, o pequeno comerciante sem

muitas perspectivas e o trabalhador urbano à oferta de subempregos.

O agricultor, com tantas oscilações no modelo de agricultura que pratica, não

perde tempo em tentar retirar seus filhos de seu ramo preparando-o para seguir

outra profissão.

Já os trabalhadores urbanos por sua vez são poucos os que conseguem

prosseguir nos estudos, pois necessitam trabalhar. Alguns rumam para as grandes

cidades, tentar novas oportunidades, outros se sujeitam a trabalhar nos abatedouros

de aves da região em situações de trabalho fatigantes, e os demais disputam o

pouco do trabalho que o comercio local oferta.

[...] a escola de cultura geral deveria propor a tarefa de inserir os jovens na atividade social, depois de tê-los levado a certo grau de maturidade e capacidade, à criação intelectual e prática e a certa autonomia na orientação e na iniciativa. (GRAMSCI, 1968, p. 36).

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A educação profissional do Paraná está firmada nos pilares: educação,

ciência, tecnologia e cultura, e visam à formação de um cidadão para além do

“mercado de trabalho”, que se insira no mundo do trabalho, entendendo e

promovendo as mudanças necessárias à sua realidade local.

Nesse viés o curso técnico em administração, em sua matriz curricular, traz

algumas disciplinas como: comportamento organizacional, legislação social do

trabalho, contabilidade, teoria geral de administração, marketing e vendas,

elaboração e análise de projetos, finanças e orçamento, entre outras, que vão ao

encontro dessa mudança de comportamento, através de projetos de pequenas

empresas que são montados durante o curso, das pesquisas de mercado,

comportamento de consumidores, empreendedorismo, educação financeira,

relações humanas entre patrões e empregados e legislação.

O projeto de intervenção junto aos alunos foi dividido nas turmas de 4º ano do

Curso Técnico em Administração Integrado matutino e no 3º semestre do Curso

Técnico em Administração Subseqüente noturno, divididos em 16 aulas de 04 horas

perfazendo um total de 64 horas que foram trabalhados em vários temas, conforme

o cronograma abaixo, que apresentava os seguintes desafios:

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PROJETO DE INTERVENÇÃO

AULA TEMPO ATIVIDADE01/ 02 08 horas MAPEAMENTO DO PERFIL DOS ALUNOS: AUTOESTIMA X

EXPECTATIVA DE FUTURO03 04 horas PALESTRA MOTIVACIONAL COM PROFISSIONAL NA ÁREA DE

EMPREENDEDORISMO04/05/06 12 horas LEVANTAMENTO DE POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO

LOCAL E REGIONAL DE FORMA SUSTENTÁVEL07/08 08 horas MONTAGEM DAS EQUIPES NA DISCIPLINA DE ELABORAÇÃO E

ANÁLISE DE PROJETOS E DEFINIÇÃO DOS RAMOS DE ATIVIDADES A SEREM TRABALHADOS

09/10 08 horas PESQUISA DE MATERIAL SOBRE AS POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO

11/12 08 horas VISITA TÉCNICA A UMA EMPRESA, INDÚSTRIA OU PROPRIEDADE13/14 08 horas MONTAGEM DE SEMINÁRIO15/16 08 horas SEMINÁRIO SOBRE DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL

Nas duas primeiras aulas a ideia era produzir um mapeamento do perfil dos

alunos e explorar temáticas relacionadas à autoestima e suas expectativas em

relação ao futuro. Nesta etapa efetuou-se um levantamento da real situação em que

se encontravam esses alunos, apontamentos de seus pontos fortes e pontos fracos,

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suas expectativas para o futuro, se há desejo de mudanças e valores, para enfim ser

traçado um perfil para o grupo e poder ser trabalhado conceitos de mudanças.

No terceiro encontro planejamos uma palestra realizada por profissional da

área de gestão com o tema empreendedorismo, para esclarecer sobre os pontos

fortes e fracos de qualquer investimento, levantamento de recursos financeiros,

mercado, concorrência, oportunidades, de forma a desmistificar esse tema para os

alunos.

Nos encontros quatro, cinco e seis buscamos pesquisar informações tais

como: levantamento das possibilidades de desenvolvimento local, mercado local,

suas potencialidades, pesquisa de mercado para saber da demanda de mais um

produto e/ou empresa no ramo, na cidade, na região, perfil de seu consumidor,

quantitativamente e geograficamente, poder de compra, e ainda buscar outras

formas de diversificação na agricultura e comércio, envolvendo Emater, Secretaria

de Agricultura, Sindicatos, SENAR, Associação Comercial, SEBRAE.

A partir do sétimo e oitavo encontro, na disciplina de Elaboração e Análise de

Projetos, trabalhamos a montagem de empresas juniores, na qual fazem pesquisa

de mercado, composto mercadológico para um produto, aspectos legais como

documentação legal para abertura de uma empresa, questão ambiental, vigilância

sanitária, embalagem, rótulo e por fim produzirem e comercializarem o produto para

no final do ano fazerem a apresentação de balancete com os resultados obtidos no

período podendo apurar se o negócio em questão é viável ou não.

Por se tratar da disciplina de elaboração e analise de projetos, os alunos

necessitam ao final do ano ou semestre, apresentar os resultados obtidos, então a

maioria buscam por produtos que possam ser produzidos e comercializados ao

longo do período escolar, assim sendo, os ramos de atividades desenvolvidos pelas

empresas juniores focam na área de alimentação, agroindústria e prestação de

serviços.

Nos encontros nono e décimo, com as empresas já montadas, definiu-se as

linhas de pesquisa para posteriormente serem feito o tratamento do resultado e

escolha dos ramos que comporão os projetos e as possibilidades a serem

apresentadas no seminário.

Foi pensado para os encontros décimo primeiro e décimo segundo, visita

técnica em que pode ser numa empresa, indústria, propriedade rural na cidade e/ou

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região, para ser posteriormente discutido com os alunos os diferenciais, a gestão, o

que dá certo ou não.

Para os encontros treze e quatorze, foi previsto trabalhar os aspectos técnicos

para a montagem do seminário, como: palestrante a ser convidado, atração cultural,

organização do evento, local, lanche, convites, tarefas de cada um e a mediação do

evento.

Nos dois últimos encontros concluímos os trabalhos com a realização do

seminário sobre desenvolvimento local de forma sustentável, com a participação de

todos os alunos da turma (4º ano integrado e 3º semestre subsequente) na

organização do evento, participação dos demais alunos do curso (1º, 2º e 3º anos) e

professores, bem como a sociedade organizada da seguinte forma: 02 (dois)

participantes de cada entidade representativa, sendo convidados: poder público

(executivo, legislativo e judiciário), entidades religiosas, sindicatos de empregadores

e empregados (urbanos e rurais) clubes de serviços e afins (Lions, Rotary, Câmara

Junior, Observatório Social), associações, conselhos, imprensa (rádio, TV, jornal),

NRE, faculdade UNIMEO, escolas particulares, cooperativas, comércio em geral,

SEBRAE e instituições financeiras, sendo desenvolvido em dois dias com carga

horária de quatro horas cada, sendo no primeiro a abertura cívica, compondo a

mesa dos mediadores de trabalhos, apresentação cultural, palestra sobre o tema e

em seguida passando a discussão sobre novas possibilidades de desenvolvimento e

oportunidades.

No segundo dia, sequência dos trabalhos, apresentação dos resultados e

encerramento com palestra e cerca de oitenta participantes, sendo

aproximadamente trinta alunos envolvidos e demais convidados representantes da

sociedade organizada e professores do Colégio.

Pretendemos nesse seminário levar para a sociedade a visão da escola

enquanto produtora de conhecimento, através de seus alunos, demonstrando a

preocupação com assuntos que não dependem simplesmente de suas vontades,

mas sim de uma transformação muito maior, envolvendo toda a comunidade.

3. Esboçando as possibilidades de mudança

A partir da sensibilização com os alunos envolvidos nesse momento, pode-se

perceber uma diferença entre as duas turmas pesquisadas: o 4º ano integrado

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matutino, formado por alunos em idade na faixa dos 17 anos, alguns já inseridos no

mundo do trabalho, e outros ainda dependentes dos pais e consequentemente um

pouco menos preocupados com o futuro, com um olhar de expectativas num bom

emprego, universidade e tudo mais, natural pela tenra idade.

Já os alunos do 3º semestre noturno, cujo perfil é de alunos trabalhadores,

com idade entre 20 e 30 anos, são jovens sempre dependeram de trabalhar e

estudar, sem conseguir dar sequencia aos estudos universitários, mas com muita

vontade de mudar rumo de suas vidas, motivados principalmente pelo parco salário

que recebem e as condições humanas a que são expostos e, há ainda outros

desanimados com seu futuro.

Pelo que foi levantado com os alunos, buscou-se por um palestrante que

pudesse trabalhar com a motivação necessária para despertar a mudança. Dessa

forma, o profissional escolhido foi um professor universitário, mestre em

administração, que passou pela mesma situação, pois foi aluno do colégio e

explanou sobre os desafios, contando sua trajetória de lutas, suas dificuldades para

estudar e trabalhar. Na oportunidade discorreu sobre CHA (conhecimento,

habilidade e atitude). Sobre conhecer o sabor da vitória com suas lutas e mudanças.

Relatou as tendências e as perspectivas de mercado, promovendo e gerando muitos

comentários positivos entre os alunos.

Os alunos foram agrupados em equipes, onde tiveram a oportunidade de

assistir vídeos, revistas e matérias sobre desenvolvimento local de forma sustentável

com suas potencialidades, utilizamos da técnica brainstorming ou tempestade de

idéias, onde se anota todas as idéias para posterior seleção das melhores para

pesquisa.

Os resultados foram interessantes, pois revelaram muitas áreas com potencial

de implementação. A fim de dar suporte, buscamos pesquisas e levantamentos

sobre alguns dados interessantes da cidade, tais como:

• A cidade não produz produtos hortifrutigranjeiros necessários para

consumo tendo que importar de cidades vizinhas a sua grande maioria;

• Num estudo já realizado pela secretaria de agricultura do município,

demonstra que a cidade contempla uma das maiores quantidades de

lâminas d’água da região para criação de peixes em cativeiro e

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juntamente com a região Oeste do Paraná uma das maiores bacias

leiteiras do Estado.

As áreas levantadas para objeto de estudos e pesquisa então foram as

seguintes:

a) Desenvolvimento de novas empresas e agroindústrias no município, ação

essa vinculada aos poder público, conselho de desenvolvimento econômico,

associação comercial;

b) A piscicultura em cativeiro, aproveitando o potencial água existente e o

mercado favorável para esse ramo.

c) A produção de hortifrutigranjeiros para atender a demanda existente;

Dividimos os alunos em várias “empresas juniores”, sendo na produção

alimentícia, turismo rural, agroindústria de transformação dos derivados de leite.

Todas as empresas efetuaram pesquisa de mercado, composto

mercadológico para o produto, aspectos legais como documentação legal para

abertura de uma empresa, questão ambiental, vigilância sanitária, embalagem,

rótulo e por fim produção e comercialização do produto.

Paralelamente ao desenvolvimento dos projetos de cada equipe, ou seja,

“empresa junior”, os alunos de ambas as turmas trabalharam com a pesquisa dentro

das possibilidades levantadas; e com os dados estatísticos que tinham em mãos,

passaram a traçar as linhas de pesquisa a serem apresentadas no seminário de

encerramento sobre desenvolvimento local de forma sustentável junto à

comunidade.

Foram efetuadas visitas a uma propriedade rural e a uma indústria no ramo

do vestuário. Tiveram também vídeos e materiais sobre empresas, propriedades

rurais que se destacam no município, principalmente as que concorreram nos

últimos anos como “propriedades padrão”, trabalho que é realizado pelo Rotary Club

da cidade e que tem como principais critérios os quesitos: qualidade de vida,

participação e inserção na comunidade em que vive, preservação do meio ambiente,

gestão, diversificação, entre outros.

Na organização do seminário os alunos se dividiram em equipes e a partir do

que fora proposto, envolveram a sociedade organizada em suas mais diversas

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formas de representação, onde tiveram a preocupação de convidar 02 (dois)

representantes de cada segmento: poder público (executivo, legislativo e judiciário),

entidades religiosas, sindicatos de empregadores e empregados (urbanos e rurais)

clubes de serviços e afins (Lions, Rotary, Câmara Junior, Observatório Social),

associações, conselhos, imprensa (rádio, TV, jornal), NRE, Faculdade UNIMEO,

escolas particulares, cooperativas, comércio em geral, SEBRAE e instituições

financeiras.

Algumas instituições como uma das cooperativas da cidade e uma instituição

financeira, colaboraram com a doação do coffee break, copos, guardanapos e água

e por fim organizaram o ambiente para a realização do seminário.

A realização do Seminário sobre A Formação do Cidadão e o

Desenvolvimento Local de Forma Sustentável, ocorreu no dia de 10 de junho de

2014, nas dependências do Auditório do Sindicato Rural de Assis Chateaubriand,

com a presença dos alunos, professores, direção e convidados.

O Seminário iniciou com abertura e composição da mesa principal, passando

posteriormente a apresentação do projeto de intervenção pedagógica sobre a

formação do cidadão visando sua profissionalização e participação no

desenvolvimento local de forma sustentável.

Em seguida foram apresentados os resultados dos trabalhos desenvolvidos

destacando um dos alunos que trabalhou com a fabricação de iogurtes,

aproveitando a produção de leite na propriedade da família.

Os demais trabalhos apresentados versaram sobre as possibilidades de

desenvolvimento local pesquisadas pelos alunos, que dentre elas citamos as

seguintes: Desenvolvimento da Piscicultura; Incentivo às Agroindústrias e Indústrias

Locais; Incentivo e Desenvolvimento do Turismo Rural; Fortalecimento do Comércio

Local; Valorização de Nossa Cultura e Nossa Cidade; Diversificação da Agricultura:

Horticultura/Fruticultura; Ensino Superior voltado para nossa realidade.

Para falar sobre desenvolvimento sustentável, foi convidado o professor

Vademir Ossuci que apresentou um amplo trabalho que desenvolve com o

aproveitamento da água e da sua importância em todos os segmentos da sociedade.

O mediador abriu para debates e perguntas, apontamentos de novas idéias,

gerando uma participação muito expressiva e produtiva envolvendo os participantes

presentes, poder público executivo e legislativo, os sindicatos, Emater, igrejas e

conselho de desenvolvimento, comércio. Em conjunto reafirmavam as propostas

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apresentadas e reiteravam a necessidade de haver maiores estudos e incentivos a

projetos como esse apresentado.

Após a sistematização e encerramento dos trabalhos o público foi agraciado

com coquetel e a apresentação musical do grupo Chapéu Pinéu.

4. Discutindo preliminarmente os resultados

O mesmo projeto utilizado pelos alunos foi também analisado por professores

de diferentes localidades e regiões, por meio do Grupo de Trabalho em Rede on-line

(GTR), disponibilizado pela Secretaria de Educação do Paraná como outro

instrumento de formação continuada aos profissionais da educação, e que foi

desenvolvido durante o ano de 2013 e aplicado no GTR, no primeiro semestre de

2014.

Foi dividido em três momentos, sendo que no primeiro momento foi

apresentado aos cursistas o projeto de intervenção pedagógica, onde levantamos o

problema para estudo e intervenção, de como trabalhar com esses alunos para

resgatar sua autoestima e fazer com que valorizem sua cidade agindo como

partícipes, promovendo as mudanças que irão gerar desenvolvimento local e

sustentável, assim possibilitando a troca de ideias e dos fundamentos teóricos

relacionados à temática proposta.

No segundo momento procuramos socializar produção didática pedagógica

que seria aplicada aos alunos em estudo, onde questionamos a qualidade de vida

que estamos preparando para nós e nossos jovens, uma maneira de conciliar

desenvolvimento com questões sustentáveis, enfim viver de uma forma melhor.

Por fim, no terceiro momento, foram apresentadas as experiências e os

resultados parciais observados no desenvolvimento do projeto desenvolvido na

escola, convidando o cursista do GTR a refletir e opinar sobre os resultados que

apresentados, oferecendo contribuições para o debate.

Na primeira atividade relatamos a exclusão dos alunos trabalhadores, a

dificuldade das pequenas cidades interioranas como a que temos em estudo e foi

proposto aos cursistas do GTR, que são professores da rede estadual espalhados

por todo estado, em diferentes ou iguais situações, buscando alternativas para

superar esse desafio.

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Com base nessa afirmação de Antunes, como podemos entender o futuro de

nossos jovens que anseiam por um espaço no mundo do trabalho, e ajudá-los em

sua formação, quando vemos que o que conhecemos como "emprego formal", ao

que parece caminha para extinção?

A presença de bolsões de pobreza no coração do “Primeiro Mundo”, através da brutal exclusão social, das explosivas taxas de desemprego estrutural, da eliminação de inúmeras profissões no interior do mundo do trabalho em decorrência do incremento tecnológico voltado centralmente para a criação de valores de troca, as formas intensificadas de precarização do trabalho, são apenas alguns dos exemplos mais gritantes das barreiras sociais que obstam, sob o capitalismo, a busca de uma vida cheia de sentido e emancipada, para o ser social que trabalha. Isso para não falar do Terceiro Mundo, onde se encontra 2/3 da força humana que trabalha em condições ainda muito mais precarizadas. (ANTUNES, 2011, p. 203)

Quando apresento este questionamento, ele parte dos problemas levantados

na cidade de Assis Chateaubriand, especificamente com alunos do curso em estudo,

mas que em maior ou menor grau acontece na grande maioria das cidades

pequenas do interior, onde a força do capitalismo sobrepõe os direitos sociais e

humanos dos trabalhadores, expulsando-os às vezes de suas cidades em busca de

melhores salários, e encontro eco em alguns cursistas:

A história do seu projeto pedagógico se assemelha com da minha vida, pois sou filho de pais agricultores e pecuaristas, vim para estudar na cidade e acabei enrraizando-me na cidade, cursando duas faculdade a de ciências contábeis e administração com PDE em Administração e em Plano de Negócios. Acredito que uma das soluções do emprego no Brasil seria o empreendedorismo onde os pequenos proprietários e os filhos de agricultores poderiam formar empreendimentos para solucionar os problemas do desemprego porque as micro e pequenas empresas são responsáveis por mais da metade dos empregos gerados no Brasil. (Cursista A)

Na terceira temática do GTR propomos socializar a Produção Didático-

pedagógica e possibilitar a troca de ideias e dos fundamentos teóricos e

metodológicos relacionados à Produção.

Vivemos num momento histórico em nosso mundo globalizado, em que a

cada dia nos deparamos com a condição de que precisamos trabalhar mais, produzir

mais, consumir mais, numa correria desenfreada, não percebendo as manobras do

sistema em que estamos inseridos:

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O mercado imbeciliza a população quando vende como regras de mercado o que é apenas acerto das elites, vilipendia o Estado para que sirva apenas aos interesses do capital, privatiza o bem comum, privilegia as instituições financeiras como se fosse fim da sociedade, prega a livre iniciativa apenas para o capital, apregoa a globalização como cassino totalmente livre para o capital. A noção de pobreza política realça que os pobres são menos carentes do que mantidos na ignorância. É principalmente massa de manobra. Não conseguem assumir o destino em suas mãos. Não tomam consciência de sua condição de expulsão, não são capazes de se organizar, não alcançam introduzir na história práxis alternativa. (DEMO, 2001, p. 89)

Constantemente nas conversas com os alunos, quando questionados sobre

seu futuro, no imaginário de muitos, expressam o enorme vão que os separa daquilo

que realmente gostariam de ser, outros rebatem dizendo que a profissão que

escolherão é aquela que proporcionará resultados financeiros, assim o mundo vai

vivendo das ilusões propostas por aqueles que se utilizam do poder para manipular

através de uma bonita embalagem, a vida e o futuro de nossos jovens.

A flexibilização de horas, banco de horas, compensação das horas

extraordinárias, empregabilidade, funcionário polivalente, são termos moderníssimos

nos dias atuais.

De um lado empresas verticalizadas que perpetuam o modelo

fordista/taylorista em que o funcionário precisa de pouco conhecimento técnico, mas

sim de executar tarefas sequenciais, com alto índice de rotatividade e um aumento

estrondoso de doenças funcionais por excesso de repetição, em condições

insalubres.

De outro, empresas altamente tecnificadas ligadas num mundo virtual onde

não há mais barreiras, facilitadas pelos meios de comunicação, globalização, celular,

tablets, internet, eliminando os meios, cortando gastos, diminuindo funções,

empregos,

O consumo aumentou de forma vertiginosa, entramos numa ciranda de

produção contínua – ‘tudo que se produz se consome’ – aumentamos nossos

índices de doenças, como cânceres, diabetes, obesidade e tantas outras novas que

aparecem a cada dia. Não temos mais tempo para vivermos em comunidades,

temos pressa.

Colocamos à disposição dos cursistas essas discussões para que fossem

feitas observações à produção didática pedagógica, questionando se as usariam em

suas aulas, se os alunos compreenderiam e absorveriam esta produção, e por fim

quais as propostas que mais se destacavam.

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Houve muitas contribuições positivas como a da cursista b, que nos relatou o

seguinte:

Primeiro, quero parabenizá-lo pelas ótimas estratégias que estão e serão adotadas em sua intervenção pedagógica. Entendo ser de grande valia para seus discentes. Ficou bastante clara a estrutura do cronograma de apresentações e intervenções. E, o mais importante em seu trabalho foi articular o envolvimento de todos os atores do seu município. Quando apresentamos nossos cursos, nossos alunos que serão potenciais profissionais qualificados nesse cenário aos potenciais interessados mercadologicamente falando, traduz aos alunos uma motivação, instiga uma credibilidade no curso e no futuro. Acreditar que somos capazes e que mais do que isso, temos alguém que acredita em nossos sonhos é muito motivador. Podemos perceber claramente em seu projeto o desejo de fomentar profissionais que se desenvolvam em sua própria região. Que não tenham os sonhos podados por falta de oportunidade. Que possam atuar em todas as frentes do mundo do trabalho. Sendo o próprio empreendedor ou executor qualificado. Muito importante envolver os políticos, o SEBRAE, as cooperativas locais, agricultores porque estes poderão levar esperança a esses jovens. Mas, o mais importante é oportunizar que estes jovens não sofram com o êxodo. Que estes jovens não tenham que migrar para cidades grandes em busca de oportunidades porque sua região não foi capaz de absorvê-los e com isso inchar o índice de exclusão, desemprego e pobreza. Muito louvado seu propósito. Corroboro com suas ações muito bem articuladas. Visam mitigar o pessimismo laboral otimizando as diversas oportunidades que bem pensadas e pesquisadas podem certamente elevar o ativo da região e do próprio discente. Parabéns. (Cursista B)

Enfim os cursistas do GTR foram convidados a apresentar contribuições à

produção e pudemos perceber que a mesma preocupação com os alunos também

ocorre em outras localidades, e intervenções semelhantes nos foram apresentadas:

Que maravilha! Em nosso colégio também temos a famosa banca e temos muitas surpresas: desde plágio até propostas fantásticas que já viraram inclusive empresas reais. É muito gratificante avaliarmos tanto o desempenho dos mestres neste envolvimento e até mesmo daqueles alunos que acabam surpreendendo na oratória, na explanação das ideias e viabilização do projeto. Também realizamos na semana da administração desde 2005 uma feira do empreendedor, momento onde são convidadas micro empresas e até empresas grandes para expor seus produtos ou serviços. Neste momento os alunos empreendedores também montam seus expositivos e tentam implementar as teorias mais relevantes para seu negócio e o marketing é um dos primeiros: a imagem, o local para expor é fundamental, ou seja, o layout, o diferencial para conquistar seu potencial cliente, as condições, o tempo, o atendimento, o manuseio, enfim, momentos de colocar também em prática ou vivenciar com outras organizações expositoras aquilo que veio adquirindo ao longo do curso. Posso lhe garantir que tem causado impacto positivo tanto para a comunidade quanto para nossos alunos. Esse é um dos caminhos. Mas o segredo... Fica por conta de... (Cursista C)

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No curso técnico em administração, a disciplina de elaboração e analise de

projetos, permite e instiga a busca por atividades praticas em que o aluno possa

demonstrar os conhecimentos adquiridos ao longo do curso na soma de todas as

disciplinas, para que possa estar preparado para ingressar no mundo do trabalho, e

promover as evoluções no conhecimento e formação do cidadão, que são esperadas

5. Considerações finais

Durante todo o decorrer do PDE, estudamos, levantamos hipóteses,

problematizamos, contamos com a preciosa orientação de professores da Unioeste,

em destaque o professor orientador, na conduta e correções dos trabalhos. A

seleção dos alunos a serem objetos de estudo, também foi de fundamental

importância para que o trabalho fosse desenvolvido, pois foi a partir das

observações com os mesmos que nasceram as linhas a serem trabalhadas. As

instigantes contribuições dos alunos cursistas do grupo de trabalho em rede GTR,

foram fundamentais para uma melhor forma de intervenção que fosse ao encontro

do desejo e necessidade dos alunos envolvidos.

O ideal apregoado por Gramsci, de uma escola que leve seus educandos a

uma maturidade, com iniciativa, prática e autonomia, nos faz refletir que aluno

estamos formando. A força do capital que esmaga e atropela, utilizando de todos os

meios disponíveis para vender a imagem do pleno emprego, em sobram vagas e

falta mão de obra qualificada, propondo a formação aligeirada, para o mercado de

trabalho, com aval inclusive de alguns setores públicos.

O trabalho foi desenvolvido em uma escola pública num total de

aproximadamente mil alunos, onde trabalhamos com um seleto grupo de trinta

alunos. Promover mudanças no comportamento de pessoas demanda uma

responsabilidade e compromisso muito grandes, pois o que propomos, advém de

observações percebidas durante as aulas e no decorrer de anos como professor.

Entretanto nem sempre o que entendemos ser o ideal para nós pode ser

aplicado e considerado necessário para outros. A proposta lançada a todos os

alunos do 4º ano e 3º semestre do Curso Técnico em Administração teve igualdade

de apresentação e proposição, entretanto a grande diferença que pode ser

percebida nos resultados, reside na diferença de idade, no perfil dos alunos e

principalmente no tempo de mudanças de cada um.

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Observamos alunos com uma visão bastante desenvolvida quanto ao tema

proposto, outros ainda nem tanto, e alguns já promovendo mudanças em suas vidas

e no seio de sua família, como o caso de fabricação de pizzas, ampliando o leque de

produtos da família, o caso de produção de iogurtes, que pretende levar a idéia

adiante, aproveitando o leite produzido pela família, aplicando na prática o projeto

estudado, ou o caso do empregado de um ramo de alimentação, que faz as contas e

se ensaia nos fins de semana e alguns eventos com seus salgados,

complementando sua renda e projetando sua independência.

Também pode ser observado em todos os casos, a preocupação com a

sequencia dos estudos como forma de melhoria, e talvez a única de mudanças em

sua condição de vida.

Toda mudança é desconfortável, pois mexe com a zona de conforto de

muitos, e nem todos estão propícios a isso, a semente foi lançada, a mudança é

lenta, gradual e contínua, mas os frutos serão de muito valor a quem se propor

realizá-los. Há muito que se fazer em nossa caminhada, mas é possível. ´É o que

acreditamos.

Referências

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho? Ensaio sobre as Metamorfoses e a Centralidade do Mundo do Trabalho. São Paulo: Cortez, 2011.

DEMO, Pedro. Cidadania Pequena, Campinas, São Paulo, Autores Associados, 2001.

GRAMSCI. Antônio. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

http://www.oregionalnet.com.br/impresso.html?start=50, Edição 3488, p. 4, 14 de junho de 2014 <Acessado em 24/11/2014>.

MARX, Karl. Contribuição à critica da economia política, 1859, tradução e introdução de Florestan Fernandes, 2ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2008.