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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
O CONTEÚDO DE PRIMEIROS SOCORROS NAS AULAS DE
EDUCAÇÃO FÍSICA PARA ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO
Marshal de Almondes1
Jorge Both2
Resumo
O objetivo deste artigo foi avaliar a implementação de uma unidade didática que teve como temática os conteúdos de Primeiros Socorros dirigidos para estudantes do ensino médio. Esta implementação foi desenvolvida durante o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) no ano de 2014 e aplicado no Colégio Estadual Professor Malvino de Oliveira de Porecatu, Paraná, para turmas dos 3º anos e 2º ano, respectivamente, do período da manhã e noite. A unidade didática foi aplicada em 01 aula por semana durante 12 semanas, entre março e maio para 02 turmas selecionadas chamadas, de grupo experimento e 01 turma selecionada para o grupo de controle. Na primeira atividade, foi aplicado um questionário denominado pré-teste para avaliar os conhecimentos prévios dos alunos envolvidos. No grupo experimental foram ministradas aulas com os seguintes temas: Ferimentos; Estado de Choque; Corpos Estranhos; Mordidas e Picadas de animais; Hemorragias, Queimaduras, Desmaios, Intoxicações; Afogamentos; Parada Cardiorrespiratória; Transporte de pessoas acidentadas. Por fim, foi aplicado um pós-teste no grupo controle e experimental para verificar a aquisição de conhecimento sobre o tema abordado. O resultado demonstrou que o grupo experimental apresentou melhora significativa no nível de apropriação, em relação ao pré-teste. Já o grupo controle não apresentou variação significativa, o que demonstra que a intervenção apresentou ser importante na aquisição do conhecimento para os alunos.
Palavras Chaves: Primeiros Socorros, Educação Física, Acidentes, Ensino
Médio
1 Professor de Educação Física da Rede Estadual de Educação do Paraná, participante do
PDE/2013. E-mail: [email protected] 2 Orientador Professor Doutor em Educação Física na Universidade Estadual de Londrina. E-
mail: [email protected]
1 - INTRODUÇAO
As Diretrizes Curriculares da Educação Básicas de Educação Física
(2008) trazem em seus elementos articuladores a cultura corporal e saúde,
abordam o conteúdo “lesões e primeiros socorros”. De fato, ao considerar que
várias possibilidades de acidentes podem ocorrer no âmbito escolar e, mais
especificamente, nas aulas práticas de Educação Física, o conteúdo de
primeiros socorros não pode simplesmente se ater às lesões, mas ampliar
esses conhecimentos aos alunos para, quando houver a necessidade, seja
prestado o atendimento mínimo.
Segundo SANTINI (2008) “É relevante compreender que Primeiros
Socorros, se referem aos cuidados temporários e imediatos que se prestam à
pessoa que está ferida ou adoece repentinamente.” Desta forma, todas as
pessoas deveriam ter os conhecimentos básicos sobre o assunto. Pois,
ninguém sabe onde, como e quando pode sofrer um acidente, mal súbito, ou
ainda, presenciar ou envolver-se em um acidente no qual se necessita da
prestação de socorro.
Sabe-se que a escola deveria oferecer a todos que nela transitam um
ambiente seguro, procurando reduzir ao máximo os riscos de acidentes.
Entretanto, diante dos mais variados problemas estruturais com os quais nos
deparamos cotidianamente no ambiente escolar, entre os quais pisos
escorregadios, quadras ásperas, esburacadas, rampas inadequadas, falta de
acessibilidade, entre outros, ficam claros os perigos a que tanto alunos, como
professores e funcionários, estão expostos, tornando assim, imprescindível a
abordagem de conteúdos voltados aos primeiros socorros (FONSECA 2008).
Em muitos casos relacionados ao atendimento de primeiros socorros,
pode-se observar que as pessoas inseridas no ambiente escolar possuem
pouco ou nenhum conhecimento técnico sobre o assunto, apesar de
reconhecerem a necessidade de tê-lo (FONSECA 2008). Desta forma,
percebe-se a necessidade de abordar os conteúdos de primeiros socorros junto
aos alunos do ensino médio, porque é a partir dessa fase da vida que os jovens
tendem a se arriscar mais nas práticas esportivas e nas atividades do cotidiano
da sociedade. Com isso, observa-se a vulnerabilidade deste grupo a acidentes,
seja no âmbito escolar e esportivo, seja na sociedade.
Foi com a preocupação de levar os conhecimentos mínimos em primeiros
socorros aos estudantes do ensino médio do Colégio Estadual Prof. Malvino de
Oliveira que este estudo foi realizado. Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar a
implementação de uma unidade didática que teve como temática os conteúdos
de Primeiros Socorros dirigidos para estudantes do Ensino Médio.
2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nesta seção serão abordados aspectos relacionados ao temas Primeiros
Socorros, os quais são: breve histórico, conceitos, procedimentos, situações de
emergência, sua importância e pesquisas no âmbito escolar.
2.1 - PRIMEIROS SOCORROS
De acordo com NOVAES & NOVAES (1994) o nome “Primeiros
Socorros” surgiu no século XIX, mais precisamente em 1870, pelas mãos
dedicadas do suíço Jean Henry Dumant.
Tudo começou em 1859 quando Dumant, um administrador com
princípios humanistas e solidários, em viagem de negócios, chegou a uma
região da Itália (Solferino) que estava em guerra com os austríacos. Lá
observara a todo o momento, de ambos os lados, a chegada de homens dos
campos de batalhas, muitos feridos e sem assistência médica. Dumant, então,
mobilizou a comunidade local, convidou mulheres, médicos e alguns soldados,
criou o Corpo de Assistência aos Feridos e ordenara a todos que não fizessem
distinção no atendimento aos feridos, fossem eles soldados amigos ou
inimigos, pois costumava dizer “Todos são Irmãos” (NOVAES & NOVAES,
1994).
A partir desta ação, em 1863 criou-se a Cruz Vermelha, uma
organização internacional que visa prestar assistência médica ao redor do
mundo de forma imparcial. Em 1881 Dumant recebeu o Prêmio Nobel da Paz e
em 1910 faleceu aos 82 anos sendo sepultado em Zurick na Suiça (NOVAES &
NOVAES, 1994).
Segundo Novaes & Novaes (1994), denomina-se Primeiros Socorros ao
tratamento aplicado de imediato ao acidentado ou portador de mal súbito, antes
da chegada do médico. Sendo que as urgências podem ser classificadas em
quatro categorias:
1 – Extrema Urgência – Visa uma remoção imediata. Exemplo de
hemorragias internas; asfixiados.
2 – Primeira Urgência – É a remoção antes de uma hora. Exemplo,
membros esmagados; feridas abdominais.
3 – Segunda Urgência – É a remoção antes de três horas.
Exemplo: fratura exposta nos membros.
4 – Sem urgência ou pequena urgência – É quando a remoção
pode ser feita posteriormente. Exemplo: fraturas fechadas.
Destaca-se que o Socorrista é a pessoa que, após capacitação, está
habilitada a prestar os primeiros socorros utilizando os conhecimentos
adquiridos (NOVAES & NOVAES, 1994). Entretanto, normalmente, o Prestador
de Socorro é o sujeito que presta o primeiro atendimento à vítima até a
chegada da assistência médica especializada (CREF7, 2006).
Segundo Varella (2009), qualquer pessoa está sujeita a presenciar uma
situação de emergência, nos mais variados lugares. Dependendo da situação
pode haver risco de morte para a(s) vítima(s). Frente a um acidente, aqueles
com um pouco de conhecimento e técnica podem e devem prestar os primeiros
socorros para tentar assim, evitar o agravamento do problema até a chegada
do atendimento especializado. De acordo com Novaes & Novaes (1994), para
que haja um primeiro atendimento com êxito são necessários alguns
procedimentos:
Nunca deixar de prestar atendimento a quem precisa;
Chamar o serviço de urgência o mais rápido possível;
Ao ligar para a urgência procurar ter o máximo de informações possível
sobre a vítima e o local do acidente;
Antes do atendimento, analisar o local do acidente e a vítima;
Analisar se há perigo para a vítima e para quem pretende ajudar;
Manter a calma, falar com a vítima e procurar acalmá-la;
Usar sempre equipamentos de proteção (luvas, panos limpos, etc);
Dispersar os curiosos.
2.2 – SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA
Todos nós, por mais cuidadosos que sejamos, estamos sujeitos a nos
depararmos com uma situação de emergência em qualquer momento e em
qualquer lugar. Logo após um acidente ou mal súbito, no atendimento de
primeiros socorros, devemos nos ater à preservação da vida, evitando
complicações físicas e psicológicas, tentando assim aliviar a dor e acalmar a
vítima até a chegada do resgate. Pensando em situações de emergência, o
SENAC (2012) elencou alguns casos em que o atendimento de primeiros
socorros poderá ser fundamental:
Parada Cardiorresporatória: parada respiratória e parada cardíaca;
Estado de Choque
Ferimentos: escoriação; amputação; contusão; entorses; fraturas e
luxações.
Hemorragias: hemorragia externa; hemorragia interna;
Queimaduras: Insolação; Intermação.
Desmaios: vertigens; convulsões.
Choque Elétrico
Corpos Estranhos: olhos, garganta, nariz, ouvido, pele
Intoxicações: alimentar; medicamentosa; drogas; substâncias químicas
em geral;
Afogamento
Transporte de pessoas acidentadas: em maca; sem maca.
Mordidas e picadas de animais: serpentes; Insetos; gatos e
cachorros; aranhas e escorpiões.
2.3 - IMPORTÂNCIA DOS PRIMEIROS SOCORROS
Acredita-se que um grande número de acidentes poderia ser evitado se
as pessoas fossem mais cuidadosas. Porém, quando eles acontecem,
conhecimentos simples podem ajudar e fazer a diferença para diminuir o
sofrimento, evitar o agravamento da saúde e salvar vidas.
Segundo Varella (2009), é de suma importância saber que em situações
de emergência, deve-se tentar manter a calma e ter consigo que os primeiros
socorros não excluem a necessidade de um médico. Um atendimento de
emergência mal realizado pode comprometer a saúde da vítima.
O artigo 135 do Código Penal Brasileiro deixa claro que: “Deixar de
prestar socorro à vítima de acidentes ou pessoas em perigo eminente, podendo
fazê-lo, é crime”, mesmo que não seja a causadora do fato (BRASIL, 2008).
No caso especifico das escolas, segundo Liberal (2005), as escolas vêm
assumindo um importante papel na prevenção de acidentes, na promoção da
saúde e na prevenção de doenças entre crianças e adolescentes, visto que
elas tendem a passar, aproximadamente, um terço do dia na escola. O espaço
escolar deveria ser seguro não só nas questões emocionais, mas também nas
questões psicológicas e estruturais.
Mas, como é do conhecimento da maioria das pessoas, no ambiente
escolar, é normal a constante movimentação dos alunos, seja durante as aulas
práticas de Educação Física ou das demais disciplinas, seja nos corredores, no
pátio na hora do intervalo, nas salas de aula, na hora da entrada e saída dos
alunos, sem deixar de mencionar as inadequações estruturais das escolas que
muitas vezes aumentam os perigos enfrentados pelos alunos e até mesmo
possibilitam a ocorrência de acidentes dentro do ambiente escolar. Tudo isso
pode levar a acontecimentos que resultariam em lesões nos alunos.
As atividades esportivas ou recreativas de caráter competitivo acabam
aumentando os índices de acidentes dentro e fora do ambiente escolar. Essas
disputas, junto com um maior contato entre os participantes, faz aumentar o
nível de lesões nas práticas esportivas (MOREIRA, 2003; SANTOS e SANTOS,
2011).
De acordo com Liberal (2005), um estudo epidemiológico realizado na
França em 2002 observou que os adolescentes que frequentaram a enfermaria
da escola, vítimas de acidentes, se acidentaram durante as atividades
esportivas (52,8%) e durante as atividades de recreação (12,7%). As principais
causas mencionadas pelas vítimas foram: descuido pessoal (26%), falta de
jeito, inabilidade (17,5%), não percepção do risco (13,8%). Os tipos de lesões
foram: contusões (50,7%), ferimentos (18,7%), tendinite (11,7%), distensão
(9,2%), outras (7,3%). Desses, 11,4% se afastaram da escola por algum
período, 16,3% foram dispensados das atividades esportivas e 2,7%
precisaram ser hospitalizados.
Assim, o professor, e, especialmente docente de Educação Física,
dentro de um ambiente escolar, tem a tarefa de educar e supervisionar no que
diz respeito ao atendimento de traumatismos (SANTOS & SANTOS, 2011).
Segundo Flegel (2002), o professor de Educação Física, em muitos casos, é o
primeiro profissional a presenciar um acidente no ambiente escolar e, como
não há médicos, acaba por ser o responsável pelos primeiros socorros.
Já nos Estados Unidos da América, segundo Ghirotto (1997),
profissionais da educação e alunos sabem como proceder em caso de
urgência, porque, passam por treinamentos periódicos de desocupação de
prédios em caso de incêndio, além de cursos específicos de socorros de
urgência com duração de um ano, extensivo a toda a comunidade.
2.4 - PESQUISAS QUE TRATAM DO TEMA PRIMEIROS SOCORROS
NA ESCOLA
Poucas investigações tratam sobre o tema Primeiros Socorros na
escola, entretanto, destacamos as que foram realizadas na realidade brasileira.
Souza e Tibeau (2008) realizaram uma pesquisa com 25
professores de escolas públicas do ensino fundamental da
cidade de Barueri, estado de São Paulo. Na investigação,
buscaram verificar quais as principais causas de acidentes nas
aulas de Educação Física; quais os procedimentos adotados
pelos professores e pelos profissionais da educação em geral
frente a esses acidentes e que tipo de treinamento os
professores receberam para enfrentar tais situações. O trabalho
concluiu que as principais causas de acidentes nas aulas de
Educação Física são a falta de segurança nas quadras e também
a atividade física em si, pelo contato físico nas atividades.
Destacou-se que o conteúdo de Primeiros Socorros estava
presente na formação dos professores entrevistados, mas foram
considerados insuficientes, não atendendo às necessidades
básicas para se prestar um socorro de urgência. Todos os
professores entrevistados responderam que o tema é de suma
importância para a profissão, mas somente 60% deles haviam
feito algum tipo de curso sobre o assunto depois de formados.
Santos e Santos (2007) pesquisaram uma escola estadual na
cidade de Balneário Camburiú-SC. Na época, foi aplicado um
questionário sobre traumatismos em 188 estudantes do ensino
médio. Desses, 40 meninos e 27 meninas relataram terem
sofrido um ou mais tipos de traumatismos. Após o detalhamento
da pesquisa sobre os traumatismos com os estudantes, verificou-
se que o maior trauma eram contusões devido às atividades
recreativas e competitivas realizadas nas aulas de educação
física. Foi durante essas aulas que aconteceu o maior número de
acidentes traumáticos associado ao tipo de piso, muito irregular
das quadras poliesportivas e ginásios. Dentro da aula de
Educação Física, os choques entre alunos foram a principal
causa dos traumas nos alunos pesquisados.
Siqueira (2011) buscou avaliar o conhecimento de 10 Professores
de Educação Física do Ensino Fundamental da cidade de Ubá
(Minas Gerais) diante de situações de Primeiros Socorros. No
estudo, foi empregado um questionário semiestruturado
contendo 13 questões. Os resultados demonstraram que os
professores de Educação Física estavam preparados para
atuarem em situações mais simples de primeiros socorros. Todos
confirmaram terem estudado a disciplina de primeiros socorros
na graduação, mas 30% deles consideraram o conteúdo
insuficiente.
Del Vecchio, Blanco e Gonçalves (2010) tiveram o objetivo de
avaliar os efeitos de programa de educação, baseado no ensino
de primeiros socorros no ambiente escolar para alunos do Ensino
Fundamental. Assim, 45 alunos de uma escola pública de
Campinas tiveram uma aula semanal de 60 minutos durante
quatro semanas. Os alunos foram divididos em grupo
experimental e grupo controle. Após a divisão, foi aplicado um
questionário para os dois grupos e, após o teste, somente o
grupo experimental recebeu os conteúdos teóricos/práticos
durante as quatro semanas da pesquisa. Após a intervenção,
aplicou-se novamente o mesmo questionário para os dois grupos
e o grupo experimental teve seu resultado melhorado em 25% ao
passo que o grupo controle, que não recebeu o treinamento,
melhorou apenas 0,9%. Os autores concluem que quatro
semanas de aulas teórico/prático de 60 minutos são suficientes
para elevar as respostas corretas dos alunos quanto aos
primeiros socorros proposto na intervenção, mas que o nível de
conhecimento desses alunos, entre 13 e 15 anos, é considerado
baixo para atuarem em situação de emergência. Os autores
relatam que segundo os PCNs (BRASIL, 2000) o tema Primeiros
Socorros poderia ser inserido nas aulas de Educação Física.
3 – MÉTODO
Este estudo teve uma abordagem quantitativa de caráter experimental.
O grupo estudado foi composto por duas turmas do 3º ano, período da manhã
e uma turma de 2º ano período da noite do Colégio Estadual Prof. Malvino de
Oliveira localizado na cidade de Porecatu - Paraná. Nas turmas dos 3º anos
denominado GE (Grupo Experimento), a participação foi de 67 alunos e na
turma de 2º ano período da noite, denominado GC (Grupo controle), a
participação foi de 32 alunos.
O GE recebeu a intervenção pedagógica entre março e maio de 2014.
Por outro lado, o GC apenas participou do pré-teste e pós-teste. O instrumento
utilizado para a verificação dos conhecimentos pré e pós intervenção da
unidade didática com os alunos foi um questionário contendo 20 questões
fechadas elaboradas especialmente para esse estudo (ALMONDES, 2013). O
sistema de aula utilizado foi o expositivo-dialogada, utilizando também as TICs
como data show, vídeos, textos. O quadro abaixo apresenta os temas
geradores em ordem cronológica e seus conteúdos para os alunos do ensino
médio envolvidos no projeto.
Quadro 1. Temas geradores e seus conteúdos da unidade didática.
Aula Temas Geradores e Conteúdos
1° Apresentação do Projeto de Intervenção e primeira coleta de dados (questionário) pré-teste.
2° Ferimentos: Contusão, escoriações, amputação, ferimento no tórax, ferimento no abdome, ferimento nos olhos.
3° Estado de Choque: Avaliação e atendimento Corpos Estranhos: Olhos, pele, ouvido, nariz e garganta
4° Mordidas e Picadas de Animais: Gatos e cachorros, serpentes, escorpiões e aranhas, conduta geral de urgências
5° Hemorragias: Interna e externas, nasal, estômago e duodeno, esôfago e dos pulmões.
6° Queimaduras: Queimaduras de 1º, 2º e 3º graus, queimaduras por produtos químicos.
7° Desmaios: Sinais e sintomas, como atender, procedimentos Choque Elétrico: Procedimentos
8° Intoxicações: Por alimentos, por medicamentos, substâncias químicas Afogamentos: Como proceder
9° Parada Cardiorrespiratória: Parada respiratória, parada cardíaca, como proceder.
10° Transporte de Pessoas Acidentadas: Transporte com maca e transporte sem maca.
11° Palestra com Profissional de Saúde ou Bombeiro: As condutas sobre alguns procedimentos e relato de experiências.
12° Segunda Coleta de Dados: Pós teste
Fonte: Próprio autor
Para a análise dos dados, empregou-se o teste não paramétrico de
McNemar que compara os resultados das questões dos GE e GC. Para avaliar
o número de questões certas evidenciadas pelos alunos entre o pré e o pós
teste dos grupos GE e GC, empregou-se o teste não paramétrico de Wilcoxon
para dados pareados. Destaca-se que em todas as análises empregou-se um
nível de significância de 95,0% (p<0,05).
4 - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Na comparação do número de questões que foram respondidas pelos
alunos, observou-se melhora positiva no nível de conhecimento dos alunos que
receberam intervenção (GE). Por outro lado, não houve diferença significativa
na avaliação pré e pós dos alunos que não receberam intervenção (GC)
(Tabela 1). A melhora do número de questões certas do GE pode estar
associado ao fato do tema Primeiros Socorros ter gerado nos alunos um maior
interesse para os conteúdos da implementação pedagógica. Diferente dos
resultados obtidos no GC, o que pode estar associado à falta de conhecimento
do tema Primeiros Socorros.
Tabela 1: Mudança do conhecimento dos alunos entre pré e pós-intervenção
Na análise de comparação entre os resultados das avaliações ocorridas
no início e no fim da intervenção pedagógica nas turmas que receberam aulas
sobre os conteúdos de primeiros socorros (Tabela 2), constatou-se que três
questões que remetiam aos assuntos Ferimento, Mordidas e Picadas de
Animais e Pedido de Resgate apresentaram elevada porcentagem de acertos
em ambos os momentos (Valores acima de 60%). Por outro lado, oito questões
que tratavam sobre Ferimentos, Corpos Estranhos, Queimaduras, Desmaios,
Parada Cardiorrespiratória e Afogamentos apresentaram elevado índice de
acerto na segunda avaliação graças à intervenção (Valores acima de 60%).
Intervenção Mudança de Conhecimento
p Positivo (%) Igual (%) Negativo(%)
Com 84,38 1,56 14,06 <0,001 Sem 62,50 12,50 25,00 0,114
Tabela 2. Resultados das questões dos alunos que sofreram intervenção:
Tema da Pergunta
Erro no Início e Fim
da Intervenção
(%)
Acerto no Início e Erro no Fim da
Intervenção (%)
Erro no Inicio e Acerto no
Fim da Intervenção
(%)
Acerto no Início e Fim
da Intervenção
(%)
P
Quem pode ser socorristas
89,1 3,1 7,8 0,0 0,453
Ferimentos 9,4 0,0 31,2 59,4 <0,001 Contusão 7,8 17,2 9,4 65,6 0,332 Estado de Choque 37,5 25,0 18,8 18,8 0,572 Corpo Estranho 25,0 0,0 51,6 23,4 <0,001 Mordida de Cachorro 7,8 4,7 23,4 64,1 0,008 Mordida de Cobra 78,1 7,8 9,4 4,7 1,000 Hemorragia Externa 59,4 6,2 31,2 3,1 0,002 Hemorragia Interna 37,5 10,9 34,4 17,2 0,008 Queimadura 4,7 1,6 40,6 53,1 <0,001 Insolação 10,9 14,1 26,6 48,4 0,169 Desmaios 35,9 10,9 29,7 23,4 0,029 Choque Elétrico 9,4 6,2 34,4 50,0 0,001 Intoxicação Alimentar 35,9 17,2 14,1 32,8 0,824 Afogamento 18,8 9,4 46,9 25,0 <0,001 Parada Cardíaca 17,2 6,2 28,1 41,4 0,004 Parada
Cardiorrespiratória 29,7 9,4 20,3 40,6 0,167
Transporte de Acidentado
31,2 20,3 15,6 32,8 0,678
Fratura Exposta 25,0 10,9 31,1 25,0 0,002 Pedido de Resgate 1,6 1,6 9,4 87,4 0,125
Na comparação dos resultados do pré e pós-teste, observou-se que as
turmas que sofreram intervenção demonstraram que 11 questões
apresentaram uma melhora no conhecimento e 9 questões não demonstraram
associação significativa. Destaca-se que as questões que tratam dos temas:
Ferimentos, Corpos Estranhos, Mordidas e picadas de animais, Hemorragias,
Queimaduras, Desmaios, Parada Cardiorrespiratória e Afogamentos
evidenciaram uma melhora nos acertos após a intervenção (Tabela 2).
Ainda em relação à turma que sofreu intervenção, 3 questões que tratam
dos temas: Ferimentos, Mordidas de animais e Pedido de resgate, tiveram mais
de 60% de acerto tanto no pré como no pós-teste. Isso evidencia que estes
alunos já tinham os conhecimentos básicos sobre estes assuntos.
Em 4 questões que tratam dos temas: Socorristas, Estado de choque,
Mordida de cobra e transporte de acidentados, não houve diferenças
significativas, evidenciando que os resultados são baixos por conta de os
temas abordados não fazerem parte do cotidiano dos alunos. Nesse sentido,
torna-se necessária a retomada destes conteúdos. Pois, conforme Fonseca
(2008), acidentes podem acontecer em qualquer lugar e momento, sendo de
suma importância que todos os presentes ao evento tenham conhecimentos
básicos de primeiros socorros para ajudar no atendimento básico.
Nas demais questões do grupo que recebeu intervenção, os resultados
mostraram que a aplicação da unidade didática teve resultados positivos, ou
seja, a intervenção fez efeito e eles assimilaram os conteúdos. Esses
conhecimentos adquiridos auxiliam os alunos a prestarem os primeiros
socorros. Pois, a pessoa com um pouco de conhecimento e técnica na ação de
prestar serviço de primeiros socorros pode auxiliar o acidentado até a chegada
do atendimento especializado (VARELLA, 2009).
Tabela 3. Resultados das questões dos alunos que não sofreram intervenção
Tema da Pergunta
Erro no Início e Fim
da Intervenção
(%)
Acerto no Início e Erro no Fim da
Intervenção (%)
Erro no Inicio e Acerto no
Fim da Intervenção
(%)
Acerto no Início e Fim
da Intervenção
(%)
p
Quem pode ser socorristas
95,8 0,0 0,0 4,2 1,000
Ferimentos 20,8 25,0 20,8 33,3 1,000 Contusão 0,0 29,2 12,5 58,3 0,344 Estado de Choque 20,8 29,2 33,3 16,7 1,000 Corpo Estranho 58,3 0,0 29,2 12,5 0,016 Mordida de Cachorro 20,8 41,7 4,2 33,3 0,012 Mordida de Cobra 41,7 0,0 54,2 4,2 <0,001 Hemorragia Externa 50,0 12,5 37,5 0,0 0,146 Hemorragia Interna 33,3 4,2 58,3 4,2 0,001 Queimadura 41,7 25,0 20,8 12,5 1,000 Insolação 33,3 33,3 0,0 33,3 0,008 Desmaios 54,2 4,2 20,8 20,8 0,219 Choque Elétrico 12,5 29,2 33,3 25,0 1,000 Intoxicação Alimentar 33,3 25,0 25,0 16,7 1,000 Afogamento 41,7 4,2 29,2 25,0 0,070 Parada Cardíaca 29,2 41,7 8,3 20,8 0,039 Parada
Cardiorrespiratória 41,7 20,8 8,3 29,2 0,453
Transporte de Acidentado
29,2 45,8 4,2 20,8 0,006
Fratura Exposta 45,8 8,3 25,0 20,8 0,289 Pedido de Resgate 8,3 16,7 12,5 62,5 1,000
Nas análises entre o pré e pós-teste da turma que não recebeu
intervenção pedagógica sobre os conteúdos primeiros socorros, constatou-se
que apenas a questão que tratou sobre pedido de resgate evidenciou que a
maioria dos alunos demonstrou conhecimento nos dois momentos de coleta de
dados. Além disso, evidenciou-se que as questões sobre Ferimentos e
Hemorragias obtiveram índices maiores de 60% na segunda avaliação (Tabela
3). Isso demonstra que os alunos apresentam conhecimentos desses assuntos,
os quais podem ter sido aprendidos em outros ambientes e meios, como:
mídia, escolas pré-desportivas, grupos de escoteiros, etc.
Na comparação entre o pré e pós-teste, verificou-se que sete questões
apresentaram diferenças significativas. Constatou-se que em quatro questões
que tratam sobre os temas: Mordidas e picadas de animais, Desmaios, Parada
Cardiorrespiratória e Transportes de pessoas acidentadas, os alunos obtiveram
um desempenho mais fraco no segundo momento da coleta de dados. Por
outro lado, os alunos melhoraram o desempenho em três questões que tratam
sobre Corpos Estranhos, Mordidas e picadas de animais e Hemorragias.
(Tabela 3). Nas questões em que o GC obteve fraco desempenho nas
respostas, evidenciou-se a necessidade dos discentes adquirirem
conhecimento nesses assuntos. Por outro lado, observa-se que as questões
em que os alunos apresentaram uma melhora nos índices de acerto no pós-
teste pode estar atrelado a alguns fatores, como: conversas com colegas que
participaram da intervenção (GE), observação de vídeos apresentados na
televisão, conhecimento adquirido no cotidiano com familiares, entre outros.
Na turma que não sofreu intervenção, as questões que tratam dos
temas: Mordida de cachorros, Insolação, Parada cardíaca e transporte de
acidentados tiveram um resultado negativo após a aplicação do pós-teste.
Conclui-se que eles não compreenderam que os primeiros socorros não são
ações apenas de um especialista. De fato, Varella (2009) descreve que os
Primeiros Socorros não são apenas procedimentos técnicos, pois até
conversando com a vítima de acidente, com o intuito de acalmá-la, se está
prestando os Primeiros Socorros.
5 – CONCLUSÃO
Ao considerar as evidências desse estudo, conclui-se que a intervenção
pedagógica realizada com as turmas do ensino médio teve resultados positivos
no que se refere ao conhecimento sobre o tema Primeiros Socorros. Mas,
ressalta-se que a vivência prática (situação real) não foi avaliada no estudo.
Assim, afirmar que os alunos tenham habilidades suficientes para aplicar tais
conteúdos não pode ser avaliado ao final da unidade didática.
Ficou evidenciado nesta intervenção que os alunos possuem algum
conhecimento sobre o tema Primeiros Socorros. Destaca-se que, com a
intervenção, os discentes do GE observaram que não são necessários
conhecimentos técnicos para se prestarem os primeiros socorros. Pois, com
pequenas ações, como acalmar a vítima e pedir o resgate, já estarão ajudando
uma vítima.
O tema abordado nesta pesquisa teve aceitação por parte dos alunos
envolvidos e revelou ser de suma importância para toda comunidade escolar e,
por consequência, se estendendo para a comunidade geral por intermédio dos
alunos. Faz-se necessário a realização de outros estudos ligados ao tema para
aperfeiçoamento do mesmo e ainda a sugestão da implementação de
treinamentos periódicos sobre os primeiros socorros a toda comunidade
escolar, em especial aos professores de Educação Física que são os primeiros
a atender, na maioria das vezes, os acometidos em acidentes dentro da escola.
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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