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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Erotismo na literatura como forma de incentivo à leitura no
Ensino Médio.
José Augusto de Mello 1
Adriane Elisa Glasser 2
RESUMO: Este artigo busca desenvolver o gosto pela leitura da literatura clássica, utilizando-se
do erotismo apresentado nas obras literárias dentro da possibilidade de perspectiva voltada
especificamente para a formação de leitores, sabendo-se do problema verificado em nossos
colégios de desinteresse pela leitura de obras literárias canônicas, assim uma reflexão sobre a
importância dos clássicos e da sua leitura na e para a fundamentação teórica enquanto prática
pedagógica. Sugerimos atualmente um trabalho que, além de refletir sobre as possíveis causas
desse problema, proponha melhorar a qualidade do ensino da leitura no colégio, por meio do
estudo de obras literárias destacando os pontos de erotismo apresentado. A escolha desta
atividade se deve ao fato de este compreender narrativas literárias sobre situações que envolva
erotismo, temas que exerçam forte influência nos alunos. Essa proposta possibilita a aproximação
entre o adolescente e a obra literária. A aceitação do aluno, ao utilizar o material proposto para a
leitura, comprovou que o material atualizado, atrativo e próximo da sua realidade provoca para
despertá-lo ao gosto pela leitura clássica contribuindo para a formação de leitores decididos,
iluminados e decisivos, pois a leitura, o estudo de autores que fundamentam o conhecimento
constitui-se em uma das condições de melhoria do ensino.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura, leitura e erotismo
1 José Augusto de Mello: professor habilitado em Letras pela UNIOESTE, Foz do Iguaçu (FACISA
– 1993). Pós-Graduado pela UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA – Rio de Janeiro em „Supervisão Escolar‟; UFPR em „Gestão Escolar‟. Professor da Rede Pública do Estado do Paraná, disciplina de Português, atuando no Colégio Estadual Monsenhor Guilherme – EFMP, em Foz do Iguaçu – Pr, professor participante do PDE – 2013. 2 Adriane Elisa Glasser: Mestre em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná -
Unioeste, campus de Cascavel.
1. Introdução
Esse projeto tem uma temática um tanto curiosa: ao mesmo tempo que é
provocador, por outro busca promover a interação entre o leitor e o texto. É visto
que todo o projeto foi produzido para ser significativo e pautado na interação,
estabelecendo assim o diálogo entre os textos, envolvendo-os no processo, em
busca de uma prática de leitura mais aprimorada, supondo uma relação dialógica
entre sujeitos. Uma vez que ler é uma aprendizagem essencial em todo o sistema
de instrução pública. Um cidadão que não tenha essa aprendizagem está
condenado ao fracasso escolar e à exclusão social. O projeto estudado busca
incentivar a leitura literária, pois esta ideia parte do ponto de vista social que
apresenta e que é o domínio indispensável para democratizar o acesso ao saber.
Já no ponto de vista psicológico apresenta-se como um passo para a autonomia
do aluno. Do ponto de vista literário, funciona como um elo definitivo entre o leitor
e o mundo da escrita.
O artigo é aqui apresentado como parte integrante das atividades
previstas no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), promovido pela
Secretaria de Educação do Paraná (SEED). Apresenta-se também como
resultado do aprofundamento teórico, da reflexão a cerca da prática pedagógica,
de discussões em torno da abordagem da leitura de textos literários clássicos,
entre professores de Língua Portuguesa, via Grupo de Trabalho em Rede (GTR),
onde os professores puderam corroborar o desenvolvimento deste projeto; e da
Implementação, no Colégio Estadual Monsenhor Guilherme Ensino Fundamental,
Médio e Profissionalizante - de Foz do Iguaçu/Paraná, do projeto Erotismo na
literatura como forma de incentivo à leitura no Ensino Médio. O objetivo geral do
projeto é desenvolver o gosto pela leitura da literatura clássica, assim como
estimular a leitura, mostrando e discutindo as similaridades entre as narrativas,
focalizando o erotismo e fazer relação entre literatura clássica e contemporânea,
no âmbito erótico com vistas a ampliar o horizonte de expectativas e percepção
de mundo dos alunos do Ensino Médio.
Para programar o projeto de intervenção no colégio foi optado pelo 2º ano
A do Ensino Médio – período matutino do referido colégio, tendo em vista o
planejamento das aulas, conteúdos previstos e também pela temática e
linguagem das narrativas. Esta Unidade Temática tende partir para o processo de
formação do leitor no espaço escolar, mostrando a importância da leitura literária
é necessária, assim podendo desenvolver o conhecimento maior na literatura, e
esta apresentando o mundo das obras literárias.
Os nossos alunos não gostam de ler aquilo que os professores
determinam e procuram evitar este processo, esta preocupação é geral, os
professores que participaram do GTR apresentaram as mesmas preocupações,
pois não é fácil, será preciso muito trabalho, vivemos num mundo que visa o
imediato e ler textos completos parece ser impossível, perca de tempo e
certamente será mais difícil, mas não impossível. Nessa perspectiva podemos
reforça a ideia de que é compromisso da escola e do professor despertar o
interesse pela leitura, fazendo de forma prazerosa e com conhecimento teórico
sobre o assunto. Dentro desse processo, de fazer várias leituras, o aluno pode ter
uma considerável forma de ver o mundo e interpretá-lo de forma diferente como o
seu próprio conhecimento de mundo, estabelecendo e fortalecendo a relação
aluno X leitura. Temos que trazer para a sala de aula o incentivo, o desejo à
leitura, isso é muito importante tornando-os leitores efetivos de todos os tipos de
textos que o cercam em suas práticas sociais, partindo do princípio de que tudo é
texto, tudo é linguagem e de que vivemos em uma sociedade que procura o
conhecimento através da literatura.
Cada unidade didática apresenta atividades diversas, compreendendo o
trabalho individual, em duplas, em pequenos grupos e com toda a turma de
estudantes, além de atividades expositivas do professor.
O tema de estudo Leitura e Escrita Literária é justificado pela necessidade
de estudar a Literatura numa abordagem que enfatiza a multiplicidade e o
dinamismo, partindo dos pressupostos teóricos nas Diretrizes Curriculares do
Estado do Paraná, como encaminhamento metodológico para o trabalho com a
Literatura.
2. Desenvolvimento
Este projeto buscou desenvolver no aluno o gosto pela leitura da literatura
clássica, utilizando-se do erotismo apresentado nas obras literárias que fazem
farte do conteúdo do ensino de Lìngua Portuguesa para o Ensino Médio.
Num primeiro momento foi feita a apresentação da Produção Didático-
Pedagógico a turma escolhida para o desenvolvimento do projeto, 2º ano A do
Ensino Médio, esta sala se apresenta com 28 alunos matriculados e eles tiveram
a oportunidade de tirar dúvidas, fazer questionamentos, mas pôde-se notar o
desejo em desenvolver as atividades propostas, assim como as leituras, pois
assim poderiam descobrir um novo caminho , entendimento para com as obras
literárias. Nas primeiras aulas foram apresentado a Escola literária do
Romantismo, assim como os conceitos para desenvolver as ideias românticas,
com temperamento e sensibilidade, sem esquecer de mostrar a origem do termo
segundo Afrânio Coutinho. Neste processo, na sequência das aulas, utilizando da
tecnologia que o colégio dispunha no momento pudemos trabalhar a diferença
entre erotismo e sensualidade, para que os(as) alunos(as) não confundam com
pornografia.
Antes de partir para as gerações românticas foi mostrado a ruptura e a
renovação: nacionalismo, as paixões ideológicas e a brasilidade com o texto
“Modernismo” de Gilberto Mendonça Teles. Em seguida, apresentou-se as
características do Romantismo, mostrando que nesse período existe a inspiração
e está intimamente vinculada aos sentimentos do poeta para partir daí começar a
desenvolver algumas atividades que consistiram em aulas divididas entre leitura,
exposição, pesquisas, discussões e construções. As atividades visaram o estudo
da escola literária: o Romantismo no Brasil e suas gerações (Romantismo das
mulheres vistas com virtudes e pecados).
a Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde proveio.(COUTINHO, 1978, p. 9-10)
Assim as obras destacadas dentro das gerações românticas, o
movimento romântico cultua o amor com base na irrealidade, o individualismo e o
subjetivismo em detrimento às regras fixas proferidas pelo Classicismo
caracterizando assim neste momento como espécie de repúdio as ideologias
pregadas pela era Clássica e as pesquisas desenvolvidas aqui pelos(as)
alunos(as) trazem mais argumentos para a discussão em sala de aula, da mesma
maneira que procuraram compreender os aspectos peculiares que nortearam as
fases romântica da literatura como a Primeira geração (Nacionalista) que trouxe
os temas: o índio, a saudade, a natureza, o amor impossível; a Segunda (Ultra
Romântica) com temas da dúvida, do tédio, da orgia, da morte, da infância, do
medo de amar e do sofrimento; a Terceira (Social, liberal ou condoreira) mostrou
temas da escravidão, da república e do amor erótico; e a Prosa Romântica ( Com
seu amor, sensualidade e a ingenuidade no erotismo). Assim, o professor
assumiu a responsabilidade de fazer o aluno descobrir, desvendar os mistérios,
as maravilhas da literatura (e proporcionou grandes aventuras, pois a literatura
corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de
mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão
do mundo, ela nos organiza)3, nos liberta do caos e, portanto nos humaniza.
“Negar a fruição da literatura é mutilar a nossa humanidade” (CÂNDIDO, 1995, p.
256).
Assim, com leituras e interpretações de textos referentes as gerações
românticas como: “Virgem Morta” de Álvares de Azevedo; “Lira” de Gonçalves
Dias e “O navio negreiro” de Castro Alves mostra o contato do(a) leitor(a) com
vários textos, tendo em cada leitura a transação que ocorre, e o texto em um
determinado momento e lugar formam determinados conhecimentos trazendo
com ele o seu mundo para que possa haver a troca, a discussão, nessas
perspectiva a atividade traz esse paralelo da vida, do conhecimento do aluno com
as obras, não obstante trazendo diversos materiais de leitura que falam sobre o
tema proposto, trabalhando as metáforas que ali se apresentam e seus
significados, e nesse processo a apresentação das atividades, trabalhos foi muito
importante para a socialização, mostrando os desafios, enfoques teóricos de cada 3 http://www.ocafezinho.com/2013/09/08/a-leitura-e-os-direitos-humanos/
escola e os(as) alunos(as) se divertiram com a scomparações e relações que se
apresentavam, onde nesse momento o professor estava procurando sempre
incentivar os alunos para a leitura, porque ler não é tão simples, ela se apresenta
como uma habilidade e envolve muitos conhecimentos e é através dela que se
pode desenvolver no processo de descoberta e interação consigo, como
apresenta Marcuschi (1999, p.96)
é um ato de interação comunicativa que se desenvolve entre o leitor e o autor, com base no texto, não se podendo prever com segurança os resultados. Assim, mesmo os textos mais simples podem oferecer as compreensões mais inesperadas
Assim podemos falar que o erotismo é uma manifestação cultural e desta
forma temos: o erotismo nas cantigas do Trovadorismo, Humanismo; nos sonetos
do Classicismo; nos textos de Literatura de Informação; a relação da religião e o
erotismo no Barroco; o leve erotismo apresentado no Arcadismo; sem falar o
Romantismo das mulheres vistas com virtudes e pecados; o Naturalismo com “O
cortiço”, marco da literatura brasileira; a materialização do amor no Realismo; a
perda da vulgaridade passando o erotismo tendo sua unidade no próprio ato de
vivê-lo no Parnasianismo; no Simbolismo o erotismo carnal e a sublimação;
Drummond e seu erotismo no Modernismo, assim como outros autores; e as
literaturas contemporâneas com seus tipos de erotismos.
No desenvolvimento das aulas, dentro das comparações, podemos mostrar
que a Prosa Romântica no Brasil é um movimento literário que veio transformar o
romance brasileiro, pois as carcterizava-se por ser uma adaptação do romance
europeu, desta forma já cansados desta influência os escritores brasileiros
começaram a desenvolver anossa própria literatura, nessa ideia os(as) alunos(as)
comentam as obras contemporânes, podemos citar “A Moreninha”, apresentações
teatrais modernas em relação à obra de Joaquim Manuel de Macedo.
Podemos assim dizer que no desenvolvimento deste projeto a literatura
tem uma função social, estimular o aluno a fazer leituras, se possível de todas as
formas de textos, mas aqui a prioridade foi o texto literário em função do caráter
específico de sua estrutura de linguagem, por três razões: pelo fato de a literatura
ser ficção, o leitor pode acumular experiências só vividas imaginariamente, o que
o torna mais criativo e crítico; a leitura possibilita ao leitor internalizar tanto
estruturas simples quanto complexas da Língua, desenvolvendo o desempenho
linguístico; e o raciocínio lógico na criança segundo VILLARDI (1999 apud.
FELIPE et all, 2004) e uma relação com tudo que o cerca em toda sua
diversidade e significação, pois a história da vida dele está de uma certa forma
relacionada a um processo de construção do imaginário, é transformar o real
dentro da imaginação criando assim outra forma de ver as coisas como em “Os
anjos da meia-noite” de Castro Alves, investigar a presença da figura de Don
Juan, pois a amada não é distanciada como era comum em outros romances.
Dentro dessa perspectiva podemos dizer que o aluno pode criar, recriar sem pôr
em conflito e prejuízo àquilo que a literatura possa trazer, pois ela é universal,
colocando os alunos de uma forma organizada de ver o mundo satisfazendo o
seu desejo de conhecer, incluir no mundo da literatura, nesse sentido
Ler literatura é uma forma de acesso a esse patrimônio, confirma que está sendo reconhecido e respeitado o direito de cada cidadão a essa herança, atesta que não estamos nos deixando roubar. E nos insere numa família de leitores, com quem podemos trocar idéias e experiências e nos projetar para o futuro. Aceitar que numa sociedade podemos ter gente que nunca vai ter a menor oportunidade de ter acesso a uma leitura literária é uma forma perversa de compactuarmos com a exclusão. (Machado, 2001, p.137)
Assim, no desenvolvimento desse projeto de formação de leitor, foi
colaborado para que o aluno se veja preparado para o mundo literário e mostrar
ao leitor um olhar próprio, inovador, uma visão diferente das coisas, que
surpreende, inspira e desperta emoções naqueles que leem os textos literários. O
escritor escreve para brincar, emocionar, divertir, convencer, fazer pensar o
mundo de um jeito novo pois o erotismo é a forma de se expressar com a arte de
saber lapidar as palavras dando-lhes prazer e desejo. As imagens são
substituídas pela leveza e tentação dos vocábulos, que docemente instauram
desejo aos olhos de quem os lê. Isto não é Pornografia, mas sim Literatura
Erótica e a colocação das palavras entre os vocábulos nos locais certos, faz
despertar a beleza da leitura, por isso estávamos prontos para transmitir nosso
entusiasmo pela literatura, contagiando-os, mostrando que eles têm potenciais,
mas tudo de forma organizada, mesmo sabendo que o aluno não fosse um leitor
nato.
[...] ninguém resiste à tentação de saber o que se esconde dentro de algo fechado – seja a sabedoria do bem e do mal no fruto proibido, seja na caixa de Pandora, seja o quarto do Barba Azul. Mas, para isso, é preciso saber que existe algo lá dentro. Se ninguém jamais comenta sobre as maravilhas encerradas, a possível abertura deixa de ser uma porta ou uma tampa e o possível tesouro fica sendo apenas um bloco compacto ou uma barreira intransponível (MACHADO, 2001, p. 149).
Mesmo que o aluno tenha dificuldades em todo o processo, tendo feito
apenas uma leitura o professor não pode dar-se por satisfeito, deve incentivar,
propor, instigar, desafiar seus alunos para novas leituras, mostrar a necessidade
pela sua formação, mesmo que na sua leitura o interlocutor não atinja o propósito
final, mas tenha certo significado. Nessa visão o professor deve aparecer como
modelo, ser mais um leitor, deve gostar de ler, pois ele é o que ensina e só pode
ensinar aquilo que sabe, assim o despertar para o gosto da leitura, proporcionar
um ambiente onde a leitura torna-se mais fácil e prazerosa.
Promover um ambiente onde a leitura seja algo natural, ou seja, algo que exista diariamente e que faça o aluno perceber sua importância e sentir “necessidade” em ler, é o primeiro passo para que sua identidade de leitor seja revelada. As práticas discursivas realizadas no contexto escolar são as principais responsáveis por essa formação. (Glasser, 2012 p.65).
Na atualidade, no decorrer do desenvolvimento do projeto observamos
diversos tipos de alunos no processo de leitura, tem aqueles que diziam que não
gostavam de ler, os que não tinham tempo para leitura até aqueles que liam e no
final diziam que não entenderam nada do que leram ou aquele que leu e disse
que não é desse tipo de leitura que gostava, esses problemas se apresentaram
por notar a partir do pouco conhecimento de mundo, a estrutura familiar em que
vive onde pais não têm o costume de ler ou mesmo que não são alfabetizados,
além do conteúdo que não faz com que o aluno entenda com facilidade o que o
autor deseja.
Desta forma o professor teve que combinar, planejar formas para o
desenvolvimento da leitura, mostrar habilidade, dominar a arte da leitura, assim
desenvolvendo estratégias com os alunos, podendo falar sobre o assunto da obra
em detalhe, fazendo pesquisas antes sobre o autor, depois fazer uma explanação
mais detalhada, o desenrolar da época, discutindo sobre o gênero e apresentando
outros gêneros e sem esquecer o tema, fazendo uma discussão, debate e
apresentando o porquê do autor ter colocado esse tema, por que é importante o
aluno saber as estratégias no processo de compreensão e as diferenças entre os
textos.
(…) sendo a leitura vista como uma (inter)ação social, percebe-se que a ação de ler não se resume a um único gênero de discurso, pois constantemente lemos diversos e diferentes textos. (…) leituras diferenciadas e que nos pedem posturas diferentes quanto leitores. Por isso, compreender a noção de gêneros do discurso é essencial para entender a formação de leitor no âmbito social. (Glasser, 2012, p.22-23).
Na globalização o profissional da educação não pode esquecer que é um
leitor em formação, pois devemos conhecer as teorias para sustentar a sua
prática, trocar informações com o aluno sobre as obras, assim o aluno fica
entusiasmado, justificando e tendo segurança naquilo que fala sobre a leitura que
fez, possibilitando a partir dessa leitura a compreensão e novos artifícios como
debates, intertextualidade, troca de experiências, tornando-os autônomo,
reflexivos e livres para descobrirem o mundo do livro e suas histórias como a
paixão amorosa, sensualismo (erotismo) que a literatura proporcionou desde o
início dos tempos.
Dessa forma, acreditando que a leitura foi prazerosa e que possamos
resgatar a cultura de bom leitor e verificar a evolução da sociedade no decorrer do
tempo no qual vivemos, assim como aconteceu no Colégio Estadual Monsenhor
Guilherme, os alunos superaram as expectativas, depois das apresentações que
fizeram em sala de aula, apesar de poucos alunos, a ajuda que os grupos tiveram
para com os outros foi gratificante, observou-se a troca, doação, empenho,
dedicação. As visitas ao teatro barracão, biblioteca municipal, troca de
experiências, conversas com pessoas que trabalham com teatro, trouxe o
entusiasmo para as produções. Foram atividades que tiveram que desenvolver no
contra turno, assim a dificuldade de fazer com que todos se encontrassem para
as atividades, mas a troca com atores amadores da cidade, conversas com
roteiristas e contato com figurinos de peças teatrais, fizeram com que os alunos
por momento repensassem na questão da leitura. O encantamento com as
possibilidades transpareciam e as preocupações também com o pouco tempo
para desenvolver o novo mundo da leitura.
3. Considerações finais
Partindo-se do desígnio norteador das Diretrizes Curriculares Estaduais,
em que o ponto de vista do ensino da língua portuguesa é a de ampliar os
campos de uso das linguagens, a Literatura se tenciona como um dos eixos deste
processo. O apontamento prevê a ação do professor de Literatura como
mediador(a) na desenvolvimento do leitor, ao adequar os materiais, os textos aos
alunos dando uma abordagem por meio da influência mútua construindo
conhecimentos, ampliando o conhecimento no vasto campo da leitura de textos
literários..
Cito ao disposto nas DCE‟s, é muito importante ter apresentar que
(...) o ensino da literatura seja pensado a partir dos pressupostos
teóricos da Estética da Recepção e da Teoria do Efeito, visto que essas
teorias buscam formar um leitor capaz de sentir e de expressar o que
sentiu, com condições de reconhecer, nas aulas de literatura, um
envolvimento de subjetividades que se expressam pela tríade
obra/autor/leitor, por meio de uma interação que está presente na prática
de leitura. A escola, portanto, deve trabalhar a literatura em sua
dimensão estética. (PARANÁ, 2008, p. 58)
Este exercício promove que seja percebido pelo professor como se dá a
relação entre o aluno leitor e a obra, é nela que o desenho de mundo do autor se
confere com a representação do mundo do aluno, tornando o ato de ler ao mesmo
tempo em que se apresenta solitário pretende provocar discussão, debate,
diálogo. Assim, o aluno ampliará sua visão para o universo da leitura, tomando as
obras trabalhadas em sala de aula e cada qual em sua época, rica e atual, gera
releituras a partir do seu conhecimento cultural.
Considerar os entendimentos presentes nas DCE‟s de Língua Portuguesa
e com apoio na fração a seguir torna-se presente a obrigação dos educadores em
provocar os alunos para um trabalho com o texto literário efetivando a leitura
como um canal de comunicação entre os sujeitos com as ideias presentes no
meio em que vivem:
Para as teorias críticas, nas quais estas diretrizes se fundamentam, o
conceito de contextualização propicia a formação de sujeitos históricos –
alunos e professores – que, ao se apropriarem do conhecimento,
compreendem que as estruturas sociais são históricas, contraditórias e
abertas. É na abordagem dos conteúdos e na escolha dos métodos de
ensino advindo das disciplinas curriculares que as inconsistências e as
contradições presentes nas estruturas sociais são compreendidas. Essa
compreensão se dá num processo de luta política em que estes sujeitos
constroem sentidos múltiplos em relação a um objeto, a u
acontecimento, a um significado ou a um fenômeno. Assim, podem faze
escolhas e agir em favor de mudanças nas estruturas sociais. (PARANÁ,
2008, p. 30).
Neste processo de abordagem, a elocução é idealizada como atividade
que se alcança entre os alunos, ponderada nos diversos discursos que a
unificam, abrangendo em si a contribuição de outros apontamentos como a
música e o cinema.
O entendimento do que seja o produto literário, em detrimento ao
processo de leitura, está sujeito a mudanças históricas, não considerando apenas
em sua composição, mas em suas relações com outros textos em diferentes
épocas
A literatura contemporânea é muito rica em diversificado campo para com
a leitura caracterizando diversas figuras, apresentando diversas características e
cabe ao professor selecionar os textos de acordo com a realidade de seus alunos,
de seu colégio e de sua própria equipagem de leituras e concepção textual;
porém, como assentam as DCE‟s, “é preciso que o professor tenha cuidado para
não empobrecer a construção do conhecimento em nome de uma prática de
contextualização.”(PARANÁ, 2008, p. 28).
Utilizar a arte literária como a música e o cinema como componentes de
ponderação: este é o caráter da proposta do projeto para com o estudo do texto
literário nas aulas. A leitura de obras literárias é um recurso que vem despertar no
aluno leitor uma diferente percepção de mundo, pois com seus recursos ajustados
para expor as histórias, documentando, sensibilizando e emocionando constitui
uma inovação no olhar para o mundo e, com isso, constitui uma forma
característica de conhecimento, proporcionando assim o desenvolvimento de uma
visão compreensiva da realidade.
Esta compreensão encontra apoio nas DCE‟s ao alvitrar que:
É nesse processo de luta política que os sujeitos em contexto de
escolarização definem os seus conceitos, valores e convicções advindos
das classes sociais e das estruturas político-culturais em confronto. As
propostas curriculares e conteúdos escolares estão intimamente
organizados a partir desse processo, ao serem fundamentados por
conceitos que dialogam disciplinarmente com as experiências e saberes
sociais de uma comunidade historicamente situada. (PARANÁ, 2007, p.
30).
A promoção do conhecimento social produzido gera avanços em toda
acepção da vida dos alunos do Ensino Médio do Colégio Monsenhor Guilherme,
alcançando um conhecimentos com base científica ampliando sua visão dentro
da leitura de textos literários clássicos, fazendo paralelo com o mundo e seus
conceitos sucedidos de sua realidade.
Dentro das discussões no GTR podemos observar, discutir entre os
professores que são grandes a dificuldade encontrada nos dias de hoje, em se
tratando de erotismo, é que muitos livros acabam se perdendo na abordagem
erótica, isso quando não se equivocam. Erotismo é sugerir, não mostrar, muito
menos escancarar. O erotismo não precisa estar vinculado ao sexo ou
sexualidade. Na Bíblia mesmo podemos encontrar exemplos de erotismo, como
nos Cantares de Salomão. É lamentável que pseudo-leitores subvertam o que é
erotismo e não reconheçam a arte que ele contém em si. Muito do que se produz
hoje em matéria de literatura não contempla o erotismo, é uma abordagem,
digamos quase que florida de pornografia. Há que se ter cuidado ao se trabalhar o
tema, pornografia não é arte, e a fronteira entre ambos é muito tênue. Só não
podemos confundir a arte complexa e requintada do erotismo com a banalização
e apologia da pornografia. É preciso que o professor se dispa de seus paradigmas
e veja a obra como literatura, ou então passará uma visão equivocada para seu
aluno, reforçando a visão estigmatizada que circula entre muitos de que todo texto
erótico é apelativo e pornográfico. Espero que possamos vencer essas barreiras
por meio de nossas discussões e tornar as aulas de Literatura prazerosas,
despertar o gosto pela leitura de obras clássicas, além de promover a interação
entre os alunos, a troca de conhecimentos e práticas da vida é um desafio muito
grande, mas não impossível. E é examinando cuidadosamente nossas práticas
pedagógicas que é possível realizar uma reflexão promovendo a ampliação de
sentido sobre a prática docente.
E nota-se que os integrantes do grupo do GTR estão abraçando e
mostram que devemos buscar outras práticas e esse é um caminho que
possibilita uma intensiva troca de imagens e diálogos, tornando tudo uma
realidade. E podemos notar que este projeto foi um incentivo para mudança.
Vários professores do GTR não enveredavam para este lado nas aulas por não
dominar o assunto. Abordava outros temas, mas o erotismo certamente será uma
motivação para que os alunos leiam mais e na íntegra. Assim poderão perceber
que resumos não terão essa característica, mas o texto integral sim. É um
trabalho pioneiro na literatura e no GTR que trabalha a questão do erotismo.
Professores foram em busca de fontes para aprofundar a parte teórica e
observaram que os livros disponibilizados somente citam o erotismo, mas sem
aprofundamento. É um campo para novos estudos e formação aos professores.
Somente nos sentiremos capazes e seguros para trabalhar nas aulas com
leituras, reflexões e discussões. Professores escolheram este GTR justamente
pelo tema: instigante, motivador, novo e que demanda mais estudo. Desejamos
que o desenvolvimento deste projeto estimule outros para novas investigações.
4. Referências
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. Vários escritos. 3. ed. São Paulo: Duas
Cidades, 1995.
COUTINHO, Afrânio. Notas de teoria literária. 2. ed. Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, 1978. p. 9-10
GLASSER, Adriane Elisa. Leitura e Fronteira: a formação do leitor em cenário
intercultural. 1. Ed. Curitiba: Appris, 2012.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da educação
Básica: Língua Portuguesa, Curitiba: SEED, 2008.
MACHADO, Ana Maria. Texturas: sobre leitura e escritos. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2001.
MARCUSCHI, Luiz Antonio. A Leitura como Processo Inferencial num Universo
Cultural-Cognitivo. In: BARZOTTO, Valdir Heitor (org.). Estado de Leitura.
Campinas: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1999.