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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
MODELOS DIDÁTICOS NO ESTUDO DE ARTRÓPODES
Eloá Aparecida Bogucheski Camargo1
José Fabiano Costa Justus2
RESUMO
O presente artigo objetiva apresentar o resultado de um trabalho desenvolvido
durante o Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná – PDE,
2014/2015. O projeto contempla a modelagem de artrópodes como forma de
despertar o interesse dos alunos nas aulas de Ciências. A confecção e uso de
modelos didáticos como metodologia alternativa favorece a aprendizagem, pois alia
a teoria à prática, auxiliando a organização do conhecimento científico de forma
lúdica e sem a necessidade do espaço do laboratório. Este trabalho foi desenvolvido
com alunos do 7º ano do ensino fundamental. A modelagem teve como objetivo
auxiliar o aluno na visualização e reconhecimento do filo Artrópode e de suas
principais classes, identificando características que auxiliam em sua classificação
como sua morfologia externa e sua fisiologia, ressaltando sua importância para o
equilíbrio ecológico e a prevenção de doenças e acidentes causados por algumas
espécies, proporcionando também a oportunidade de relacionar seus conhecimentos
prévios com os conteúdos trabalhados. Mapas conceituais foram construídos para
que os alunos pudessem organizar suas ideias antes e depois de confeccionarem
seus modelos didáticos, permitindo assim verificar que o uso da modelagem
contribuiu na aquisição de novos conhecimentos.
Palavras-chave: Artrópodes. Modelos didáticos. Metodologia alternativa.
1 Especialista, Professora PDE 2015. E-mail: [email protected] 2 Professor Doutor, Orientador PDE/UEPG. E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
Na atualidade, um dos maiores desafios nas aulas de Ciências é tornar a
aprendizagem significativa, lúdica e dinâmica, mas sem desvincular-se do
conhecimento científico. Para que este fato realmente ocorra, o uso de modelagem
no estudo de artrópodes foi a metodologia alternativa utilizada com o intuito de
fornecer subsídios teórico-práticos embasado em atividades que favoreçam a
construção do conhecimento referente aos artrópodes, proporcionando ao aluno a
possibilidade de estabelecer relações entre o que está aprendendo e com o que ele
já conhece. De acordo com a proposta das Diretrizes Curriculares da Educação
Básica (DCE) do Estado do Paraná (2008), “a escola deve propiciar ao aluno formas
de interpretar o conhecimento de diferentes fontes, estimulando o discente a práticas
que o auxiliem na produção de seu conhecimento”. Segundo este preceito, a
modelagem permite que o aluno desenvolva sua atenção ao reproduzir a realidade
ao mesmo tempo em que confronta conhecimentos de senso comum com o
conhecimento científico.
A modelagem é uma metodologia alternativa que busca estimular a
criatividade, pois permite a materialização de uma ideia ou conceito, de forma que
possa ser confrontada com a realidade. Sendo assim, este trabalho desenvolvido
com alunos do 7º ano do Colégio Estadual Alcides Munhoz, município de Imbituva –
Paraná, teve a intencionalidade de fazer com que os mesmos, por meio desta
técnica, pudessem identificar algumas características referentes à morfologia e
fisiologia das classes que constituem o filo dos artrópodes, compreendendo a
importância para o equilíbrio do ambiente e os benefícios e malefícios que o convívio
com estes animais podem causar aos seres humanos.
Dessa forma a modelagem veio suprir a carência que existe em nossas
escolas, como a falta de laboratório, equipamentos e material biológico que
dificultam a execução de aulas práticas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A partir das dificuldades percebidas por muitos professores em apresentar um
conteúdo que desperte o interesse do aluno, e que a aprendizagem possa ocorrer
de forma lúdica, tendo como objetivo o conhecimento científico referente ao assunto
proposto, considerando as diversas interpretações de um mesmo assunto e
confrontando com as representações dos alunos, podemos considerar que a
modelagem cria situações que permitem ao estudante expressar seus
conhecimentos e dúvidas sobre os artrópodes, podendo problematizar suas
concepções, e a partir destes, podemos reorganizar seus saberes criando novos
conceitos. Com os conhecimentos adquiridos os educandos terão uma nova visão
em relação aos artrópodes. A construção dos modelos pelos próprios alunos permite
a visualização de suas características morfológicas externas o que permitirá aos
alunos identificar suas classes por meio destas características.
Através da modelagem, o aluno poderá ter contato com protótipos de animais,
o que antes só se faria por meio de imagens que não instigam a curiosidade e não
favorecem a aprendizagem significativa. Para os autores Justi e Gilbert um modelo
pode ser definido como:
Uma representação parcial de um objeto, um evento, um processo ou uma ideia (dentre as várias possíveis); que é utilizado com uma finalidade específica (por exemplo, facilitar a visualização de algum aspecto, favorecer o entendimento, promover a elaboração de previsões e o desenvolvimento de novas ideias; e é passível de modificações). (2003, p. 01)
Os modelos representam a realidade do ponto de vista de quem o está
produzindo, pois na maioria das vezes não é possível confeccioná-los com tamanho
e forma natural ou alguns detalhes podem chamar mais a atenção de seu produtor.
Ao trabalhar a modelagem acredita-se que o lúdico desenvolve a curiosidade, gera
discussões e assim, o conhecimento científico é construído.
A disciplina de Ciências enfrenta muitos desafios, os principais são o tempo
pequeno para a grande quantidade de temas a serem abordados e a resistência dos
alunos a se envolverem com determinados assuntos trabalhados, pois muitas vezes
desconhecem a sua importância, e estas temáticas contemplam conteúdos didáticos
de Ciências que estão previstos nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica
(DCE), a qual recomenda que os conteúdos disciplinares sejam tratados de forma
contextualizada. Portanto, o uso de modelos didáticos construídos em sala de aula
pelos alunos proporcionam aumento da aprendizagem dos mesmos, pois esta ação
formativa baseia-se no desenvolvimento da atenção e da reflexão, estratégias que
favorecem a compreensão dos modelos por eles criados, pois durante o processo
em que o estudante imita a realidade ele está experimentando com erros e acertos e
ele é o produtor do seu conhecimento, permitindo que seu saber prévio seja
reelaborado e reapropriado pelo educando.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais têm em suas propostas o envolvimento
ativo dos alunos durante as aulas, haja vista que nas últimas décadas ocorreram
inúmeras mudanças e que afetaram diretamente a educação. A cada dia que passa,
nota-se que os alunos perdem o interesse pela escola, pois os atrativos fora dela
são inúmeros.
Sabe-se que educar tornou-se um desafio aos professores que diante do
desinteresse dos alunos pelos estudos, tiveram que rever conceitos e buscar novas
metodologias de trabalho. E esta é a realidade dos professores de Ciências, que
buscam tornar a aprendizagem mais real, criando situações em que os educandos
adquiram a capacidade de análise, síntese e articulação de um pensamento crítico
mais apurado
Então, o uso da modelagem nestas aulas poderá facilitar a aprendizagem dos
conteúdos, possibilitando a incorporação dos conceitos, solucionando as
dificuldades dos alunos e tornando as aulas mais interessantes e prazerosas, pois o
conhecimento passa a ter novos significados.
Frente à importância dos artrópodes no ensino de Ciências, devido a maioria
dos conceitos se apresentarem de forma abstrata, numa tentativa de facilitar a
comunicação entre professor e alunos, fazendo com que compreendam e se
aproximem dos conceitos propostos (SANTOS et al., 2009), através de
conhecimentos de senso comum que o aluno traz a escola, e direcionando a sua
interpretação dos temas estudados. São estas interpretações que precisam ser
transformadas, fazendo com que o conhecimento de senso comum se transforme
em conhecimento científico para que seja apropriado pelo aluno, construindo novas
e corretas aprendizagens do ponto de vista científico o que vem de encontro ao
conceito de aprendizagem significativa, pois o uso da modelagem cria condições
para que os alunos participem ativamente de seu aprendizado, construindo relações
com o conhecimento através de suas experiências.
Articular saberes oriundos da prática de se produzir e reproduzir a vida com
saberes originados pela cultura científica, e proporcionar esta junção não é uma
tarefa fácil, visto que não podemos perder conhecimentos já adquiridos. A confecção
de modelos didáticos ajuda os estudantes não apenas a transformarem
conhecimentos acumulados, mas sim redirecioná-los para permitir a sua
reorganização. Partindo de uma visão de ensino em que o aluno é portador de
diferentes conhecimentos, sujeito as influências socioculturais, e portador de
experiências que criam, a sua maneira de ver e interpretar o mundo a que pertence,
esses conhecimentos em sua grande maioria fazem parte do senso comum, e estão
presentes no cotidiano escolar devendo ser ponto de partida para se desenvolver
um tema a ser estudado.
Segundo Freire (2003, p.47) devemos “saber que ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção”. O autor se refere a necessidade de o professor estar aberto as
necessidades do aluno, procurando despertar a sua curiosidade e criatividade,
fazendo-o superar seus limites e inibições, sem entregar o conhecimento pronto e
acabado. O professor de ciências deve ir além de ser informante de conhecimentos
científicos, e passa a investigar seus alunos, considerando seus argumentos e suas
experiências provenientes do ambiente cultural em que estão inseridos, instigando-
os a produzirem novos conhecimentos.
Para que o processo ensino-aprendizagem aconteça é necessário muito mais
do que professor, aluno e giz, segundo Perrenoud (2010) é necessário organização
e situações que propiciem a aprendizagem, onde os erros são usados para
reestruturar sua compreensão de mundo, “a escola não constrói a partir do zero,
nem o aprendiz é uma tábua rasa, uma mente vazia” e partindo do que o aluno já
conhece, trabalhar para envolvê-lo em atividades de pesquisa desenvolvendo a
cooperação e o respeito onde um possa participar do processo de aprendizagem do
outro, fazendo com que o desejo de aprender se desenvolva na criança e que
sintam prazer em superar obstáculos.
O filo Artrópode é um grupo extremamente diversificado, tendo algumas
espécies de animais pouco conhecidas e outras que fazem parte do nosso dia-a-dia.
Eles podem variar em forma e tamanho; alguns são minúsculos, e essas variações
dificultam o seu estudo, assim como a grande quantidade de termos e conceitos
relacionados aos artrópodes desestimula os alunos, então o uso de metodologias
alternativas, é uma forma para que os mesmos se interessem pelo assunto, e ainda,
podem substituir o uso do laboratório, que muitas vezes não existe no espaço
escolar ou não possui os materiais laboratoriais e biológicos necessários. A
modelagem didática vem para tentar suprir esta carência, fazendo com que o aluno
visualize na prática os conceitos vistos na teoria. Para Justina & Ferla (2006):
...a visualização de uma estrutura em três dimensões, podendo facilitar o processo de ensino e aprendizagem (...) mas, um modelo por mais perfeito que pareça ele não é uma cópia da realidade, apenas uma forma de representá-la com todas as interpretações pessoais daquele que está modelando (2006).
A expressão aprendizagem significativa pode ser definida como um novo
conhecimento que passa a ter significado para o educando. Pois na maioria das
vezes ocorre aprendizagem mecânica, na qual ocorre armazenamento de
informações de forma arbitrária, porém, com o passar do tempo a pessoa pode
reproduzir o que foi aprendido mecanicamente, mas sem significado ou sentido para
ela. No caso da aprendizagem significativa, os conceitos serão incorporados aos
conhecimentos que o aluno possui de forma mais elaborada, servindo de base para
a aquisição de novos conhecimentos. Os mapas conceituais constituem diagramas
que representam conceitos e as relações entre esses, são representados por
palavras normalmente colocados em elipses ou retângulos. Criados por Novak, os
mapas têm inspiração na teoria ausubeliana e caracterizam-se pela apresentação de
forma hierárquica em que conceitos mais gerais e inclusivos devem vir no topo do
mapa, decrescendo no grau de generalidade e inclusividade até chegar aos
exemplos, na base do mapa.
Os mapas conceituais permitem a observação da estrutura proposicional,
possibilitando ao professor analisar ligações deficientes ou concepções alternativas,
bem como, são indicativos do grau de diferenciação dos conceitos na estrutura
cognitiva do aluno, além disso, “pelos mapas pode-se também detectar os
conhecimentos prévios, ausência de conceitos, bem como mudanças na estrutura
cognitiva” (MOREIRA & BUCHWEITZ, 1993).
Pode-se afirmar que os mapas conceituais informam sobre o conhecimento
dos alunos, construído durante o desenvolvimento de atividade de modelagem
didática, pois sinais observáveis nos mapas podem ser considerados indícios da
ocorrência de aprendizagem significativa dos conteúdos envolvidos ou indicativos de
aprendizagem significativa.
O mapeamento conceitual é uma técnica muito flexível e em razão disso pode
ser usado em diversas situações, para diferentes finalidades: “instrumento de
análise do currículo, técnica didática, recurso de aprendizagem, meio de avaliação”.
(MOREIRA & BUCHWEITZ, 1993).
Aparentemente simples e às vezes confundidos com esquemas ou diagramas
organizacionais, mapas conceituais são instrumentos que podem levar a profundas
modificações na maneira de ensinar, de avaliar e de aprender. Procuram promover a
aprendizagem significativa e entram em choque com técnicas voltadas para
aprendizagem mecânica. Utilizá-los em toda sua potencialidade implica atribuir
novos significados aos conceitos de ensino, aprendizagem e avaliação. Por isso,
apesar de se encontrar trabalhos na literatura ainda nos anos setenta, até hoje o uso
de mapas conceituais não se incorporou à rotina das salas de aula (MOREIRA,
2010).
DESENVOLVIMENTO
Este projeto foi realizado com 35 alunos do 7º ano do Colégio Estadual
Alcides Munhoz – Ensino Fundamental e Médio, localizado à Rua Marechal Floriano
Peixoto nº 61, no município de Imbituva - PR.
O trabalho junto aos alunos foi dividido em etapas. Inicialmente foi explicada
as funções dos mapas conceituais, pois se faz necessário que o aluno tenha
conhecimento quanto às formas e possibilidades de construção de um mapa
conceitual, para que tenha autonomia em produzir seu próprio mapa, e que de fato,
consiga classificar conceitos, fazer ligações entre eles e estabelecer ordem e
conexão entre as informações que dispuser em seu mapa conceitual.
Para auxiliar os estudantes a elaborarem mapas conceituais fazendo com que
os mesmos compreendessem a sua estrutura e função, foi realizado um trabalho
onde foram elaborados dois mapas conceituais usando textos com temas
conhecidos e já trabalhados anteriormente. O exercício teve como objetivo
reconhecer, selecionar e relacionar os conceitos considerados relevantes sobre o
que estava sendo estudado. Os conceitos destacados do texto foram ordenados em
uma folha partindo do todo, até chegar às partes mais específicas, organizados no
sentido vertical, então o estudante conectou os conceitos complementares por meio
de linhas e setas, e na horizontal, foram relacionados os conceitos equivalentes. A
última etapa de construção do mapa conceitual foi interligar os conceitos, usando as
frases de ligação.
Em seguida os alunos foram orientados a produzir um novo mapa conceitual
com o tema artrópodes, onde colocaram seus conhecimentos a respeito do assunto.
A produção do primeiro mapa de conceitos foi tumultuada, tanto pela insegurança
dos alunos em realizar a atividade por ser o primeiro mapa de conceitos elaborado
por eles sem auxílio do professor, e também porque a maioria não sabia a que se
referia o termo artrópode. Já os próximos mapas de conceitos foram executados
com mais tranquilidade, principalmente porque os alunos sabiam a que o tema se
referia, e não demonstraram dificuldade em organizar seus conhecimentos.
Após a construção do mapa conceitual, foi introduzido o assunto com um
vídeo sobre as características gerais do filo Artrópode e todos os alunos receberam
como material de apoio, uma apostila, que aborda os conteúdos teóricos sobre o
estudo morfológico e fisiológico do filo, visando auxilia-los na confecção de modelos
didáticos. O estudo teórico foi intercalado com vídeos referentes ao assunto
trabalhado, e algumas aulas em que tiveram acesso a materiais biológicos, como
diversas espécies de insetos, exoesqueleto de cigarras, crustáceos, piolho de cobra
e aranhas.
Os alunos participaram com entusiasmo e buscaram contribuir para a
realização das aulas, trazendo algumas espécies de insetos comuns em nossa
região, e devido à diversidade de espécies trazidas pelos mesmos, pode-se
organizar um insetário. Observou-se que as classes insecta e aracnida são as que
os alunos apresentaram maior conhecimento de senso comum, e demonstraram que
é com eles que tem maior convívio, relatando acidentes e doenças transmitidas
pelos mesmos, diante disso sempre foram alertados sobre a necessidade da
manutenção das diversas espécies para o equilíbrio ecológico e também para o
manuseio correto e seguro de algumas delas.
Esta atividade foi seguida da produção de um novo mapa conceitual pelos
alunos, para verificar o aproveitamento dos mesmos, a respeito do conteúdo
trabalhado. Após a produção de Mapas Conceituais, os alunos confeccionaram os
Modelos Didáticos, onde puderam fazer uso do material teórico disponível sobre o
assunto como apoio nas modelagens propostas com massa de biscuit.
A classe foi dividida em grupos, de no máximo quatro alunos. Os alunos
decidiam qual classe do filo Artrópode trabalhariam durante a aula, e todos os
alunos da equipe produziam um representante da classe escolhida e assim foi
sucessivamente até que todas as classes fossem trabalhadas, ficando cada
integrante da equipe com pelo menos um exemplar de cada classe dos artrópodes
trabalhados.
O material utilizado na confecção dos artrópodes foi a massa de biscuit, pois
não é tóxica e dá grande durabilidade ao que for produzido com ela. Os grupos,
após a produção dos modelos didáticos fizeram a apresentação dos mesmos para
os demais alunos da escola, destacando a características morfológicas e fisiológicas
da espécie desenvolvida.
A massa foi produzida pela professora em sua casa, pois é um trabalho que
necessita de tempo e materiais e que o acesso é mais fácil na própria residência. Ao
produzir as primeiras massas de biscuit, o ambiente ficou bagunçado e até alguns
materiais foram desperdiçados, porque na primeira tentativa a massa não ficou no
“ponto” adequado.
Em média foi usado um quilo e meio de massa de biscuit por aula para que
todos os alunos pudessem confeccionar seus modelos. E todos se detiveram em
detalhes da morfologia externa dos animais, cuidando do número de pernas e
antenas e discutindo detalhes específicos de cada classe como, por exemplo, qual o
tipo de respiração que determinado animal apresenta ou sobre a região do corpo em
que estão inseridas suas pernas, sempre comparando a sua modelagem com a
teoria. Os colegas questionavam e eram questionados sobre as características do
animal que estavam desenvolvendo.
Foto 1: Crustáceo
Fonte: A Autora
Foto 2: Alunos Desenvolvendo a Modelagem
Fonte: A Autora
Foto 3: Modelagens Produzidas
Fonte: A Autora
Foto 4: Inseto
Fonte: A Autora
Foto 5: Aracnídeo e Quilópode
Fonte: A Autora
Na sequência, objetivando verificar a contribuição da produção de modelos
didáticos para o processo de ensino e aprendizagem, os alunos produziram novos
Mapas Conceituais, que possibilitam avaliar quais conceitos foram incorporados
após a execução das modelagens, e como os estudantes relacionam estes
conceitos. Portanto os Mapas Conceituais foram utilizados como instrumento para
verificar a evolução do processo de ensino e aprendizagem em relação ao tema
artrópode, pois, por meio deles, o aluno pode organizar suas ideias e estabelecer
relações entre diferentes conceitos.
RESULTADOS
A verificação do aproveitamento se deu por meio da análise dos mapas
conceituais produzidos pelos alunos, tendo como referência os trabalhos de Moreira
o qual considera:
Avaliação não com objetivo de testar conhecimentos e dar uma nota ao aluno, a fim de classificá-lo de alguma maneira, mas no sentido de obter informações sobre o tipo de estrutura que o aluno vê para um dado conjunto de conceitos. (2006, p. 17)
Os mapas conceituais apresentados por Moreira foram produzidos por alunos
de nível universitário, mas segundo ele nada impede que sejam trabalhados com
alunos em diferentes níveis de escolaridade, se eles tiverem conhecimento sobre o
assunto tratado. O professor deve ser hábil conduzindo e estimulando seus alunos a
elaborarem seus próprios mapas conceituais, sem que ficassem condicionados,
esperando receber modelos de mapas para serem seguidos.
Por meio dos mapas conceituais os alunos puderam dispor e organizar os
conceitos adquiridos de forma hierárquica, demonstrado sua visão sobre o assunto e
criando mecanismos que auxiliaram e facilitaram sua aprendizagem.
Não existe uma única forma ou uma forma certa de apresentar um mapa
conceitual, eles podem ser traçados com formatos variados, o aluno não será
avaliado pela estética de seu mapa, mas sobre os termos conceituais que
apresentou.
A construção de mapas conceituais em diferentes etapas da aprendizagem
permitiu que o professor visualizasse os conceitos já adquiridos pelo educando e
quais assuntos deveriam ser retomados. A organização das ideias em um mapa
conceitual proporcionou mecanismos demonstrativos da estrutura cognitiva do
aluno, auxiliando na verificação dos conhecimentos prévios antes dos trabalhos
serem desenvolvidos e para determinar se houve apropriação do conhecimento
após a realização dos estudos e da modelagem didática.
Para Moreira (1983) o fato de alunos organizarem e representarem o
conteúdo de seus mapas conceituais de forma diferenciada sugere “diferentes
maneiras de organizar o conteúdo cognitivo em certa área, ou seja, diferentes
estruturas cognitivas”.
Após analisar os mapas produzidos pelos alunos, observou-se que os
mesmos não usaram palavras de ligação e usaram poucas flechas para sequenciar
os conceitos, fato que não faz com que seus mapas não estejam corretos, pois seria
injusto compará-los aos apresentados pelo autor de referência em seus trabalhos,
visto que estes foram produzidos por alunos do 7º ano e não por universitários que
possuem maior agilidade em estruturar seus conhecimentos.
Após desenvolver a modelagem didática, um novo mapa conceitual foi
elaborado para verificar os novos conceitos incorporados pelos alunos e foi
constatado que a forma com que os trabalhos foram executados permitiu a
apropriação de novos saberes, sendo assim podemos considerar que a modelagem
proporcionou ao educando a oportunidade de aliar teoria e prática, dando significado
a conceitos estudados.
Os alunos dispuseram seus conhecimentos na formulação de seus mapas
conceituais de forma diferenciada, o que não o torna certo ou errado, pois não existe
uma regra rígida para sua construção. O importante é que os conceitos
apresentados nele, façam sentido.
Figura 1: Mapa produzido após estudar a teoria.
Figura 2: Mapa elaborado após as modelagens.
Nos mapas anteriores foi possível verificar que houve hierarquia vertical de
conceitos, visto que o aluno, após a citação do tema, colocou o significado do termo
artrópode no mapa conceitual e citou as classes principais em que o Filo está
dividido. Em seguida foram colocadas as características gerais dos animais que a
pertencem cada classe, com alternância na ordem em que estes conceitos
aparecem, visto que todas as características são importantes por tratarem da
morfologia e fisiologia dos animais estudados.
Em seu primeiro mapa conceitual, o estudante colocou os conceitos
relacionados a classe dos quilópodes nos diplópodes e vice-versa, no segundo
mapa a troca não ocorreu, e a modelagem didática pode ter contribuído pois permitiu
que o aluno visualizasse o animal identificando suas características e as de sua
classe. Corrigiu também conceitos relacionados à classe crustácea, adicionando
ainda novos conceitos em todas as classes.
Figura 3: Mapa conceitual produzido após estudo da teoria.
Figura 4: Mapa conceitual elaborado após a modelagem.
Ao comparar os mapas conceituais produzidos antes e após a modelagem
didática, foi verificado que em todas as classes de artrópodes houve aumento no
número de conceitos citados e também correção de alguns conceitos citados no
mapa anterior as modelagens, como o número de pernas dos Quilópodes e
Diplópodes, a forma de trocas gasosas dos Crustáceos, e a divisão do corpo dos
insetos. Cita também o significado do termo artrópode que foi amplamente discutido
durante a execução dos modelos didáticos. O exoesqueleto também foi uma das
características que chamou muita atenção durante as modelagens porque dão
sustentação ao corpo do animal.
Os mapas que pouco se diferenciam na forma de apresentação, mas a
quantidade de conceitos contidos nos mapas após a modelagem é significativo. O
que pode ser considerado reflexo da teoria trabalhada e posteriormente revisada
durante a modelagem didática.
Comparando todos os mapas conceituais produzidos pelos alunos do 7º ano
foi verificado que a grande maioria conseguiu atingir os objetivos propostos pelo
projeto, com aumento significativo no número de conceitos apropriados, onde é
possível verificar que a modelagem didática contribuiu para que seus conhecimentos
fossem ampliados, pois durante todo o processo de modelagem, a anatomia e
fisiologia das diversas espécies de artrópodes trabalhadas foi muito discutida e
questionada pelos alunos, fato que desperta a curiosidade e atenção contribuindo
para desenvolver a imaginação e a memória, fatores que contribuem para a
aprendizagem.
REFERÊNCIAS
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