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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA ENSINANDO GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA NA GEOGRAFIA ESCOLAR ATRAVÉS DOS RÓTULOS E USO DE
TECNOLOGIAS DE PESQUISA
Antônia Rosângela Pinto 1 RESUMO: O desenvolvimento das novas tecnologias da informação está ocorrendo com cada vez mais premência e atingindo um grande público usuário. Para tanto, a questão norteadora a qual se realiza o presente trabalho é que o espaço escolar, que é também um espaço social, deve possibilitar a inserção dessas novas ferramentas de ensino no cotidiano das aulas. Na Disciplina de Geografia, a prática pedagógica voltada ao ensino da Globalização com alunos do 9º ano dos Anos Finais do Ensino Fundamental, pode ser melhor trabalhada e como consequência, melhor compreendida e internalizada pelos alunos, se além dos conteúdos teóricos se faça uso das tecnologias e também dos rótulos de produtos. Com a aplicação prática dessa nova possibilidade de ensino, se teve como objetivo norteador a necessidade de preparar novas gerações para ajudar a formar uma sociedade civil responsável, que exerça a cidadania. Para que essa proposta se consolidasse, fez-se uso de uma revisão bibliográfica buscando suprir as inquietações decorrentes do processo de estudo. Espera-se que essa pesquisa, de alguma forma possa colaborar com outras práticas de ensino da Globalização. A importância de preparar consumidores conscientes, se exterioriza da sala de aula e reflete socialmente. PALAVRAS-CHAVE: Ensino; Globalização; Consumo; Tecnologias. INTRODUÇÃO
Sabe-se que atualmente, o uso das tecnologias no âmbito educacional
ocorre com cada vez mais assiduidade. Algumas instituições de ensino
disponibilizam desde as mais conhecidas como aparelhos de TV, DVD, rádios, até
as mais sofisticadas, como multimídia, tablets, notebooks com softwares educativos.
Em contrapartida, vale lembrar, que outras escolas, possuem apenas as primeiras
como ferramentas auxiliares de ensino, o que por vezes acaba dificultando o
processo educativo, já que a grande maioria dos alunos valorizam as outras
tecnologias citadas.
A difusão das tecnologias, e o fácil acesso a internet acaba indiretamente
interferindo no espaço escolar. Em especial, no modo como os alunos se relacionam
com os outros sujeitos sociais, que por vezes também são virtuais, ou seja, no modo
como a forma pelas quais são transmitidos os saberes escolares.
1 Professor PDE/2014 SEED/PR/UEPG; Graduada em Licenciatura em Geografia UEPG/1999.
Especialista em Ensino de História do Brasil,(UNICENTRO) 2005.
Nesse sentido, não se pode desconsiderar a influência dos meios
tecnológicos sobre os alunos, principalmente se tratando de aprendizagem. Adequar
às novas tecnologias as metodologias de ensino é uma forma positiva de aproximar
os alunos dos objetivos que se pretendem cumprir com os conteúdos teóricos. Logo,
esse processo resulta na qualidade de aulas que condigam com a realidade na qual
o aluno faz parte e interfere como sujeito social.
É neste contexto, em que se enquadra o trabalho com o tema Globalização.
Por vezes, superficialmente entendido pela maioria dos alunos apenas como
sinônimo de desenvolvimento, pelo fato de não sentirem-se parte desse processo.
Ainda mais do que isso, se deve enfatizar o fluxo comercial, portanto, econômico
que envolve essa temática.
Nessa linha de pensamento, se ressalta a necessidade de enfocar a
importância do consumo consciente e sustentável. Por isso, nesse interim se tem
como questão norteadora: como o espaço escolar deve possibilitar a inserção
dessas novas ferramentas tecnológicas de ensino no cotidiano das aulas? Ainda,
objetiva-se a necessidade de preparar novas gerações para ajudar a formar uma
sociedade civil responsável, que exerça a cidadania.
Cumpre assinalar, que as tecnologias no ambiente escolar, e, por
conseguinte no processo de ensino e aprendizagem deve ser um fator colaborativo,
não ocupando o lugar dos principais sujeitos – professor e aluno. Mas para que de
fato sejam de veras contribuintes, é preciso, por parte em especial dos professores a
adequação das mesmas, com direcionamento, objetividade, sem que o foco da aula,
e da aprendizagem sejam dispersos.
Sendo assim, ampliação dos estudos sobre a Globalização, devem permitir
ao aluno entendimento e compreensão sobre esse processo. Compreender as
causas e as relações políticas, econômicas, sociais, culturais e de consumo é algo
que possibilita ao aluno o entendimento da universalidade existente nessa
integração.
O uso dos rótulos no processo educativo possibilita, para que os aspectos
da Globalização Econômica sejam abstraídos como algo próximo. Mas que nem
sempre é sabido pelos alunos de suas particularidades de origem e produção. Ou
seja, é essencial que crianças e adolescentes tenham conhecimento das
proveniências dos produtos que utilizam no vestuário, tecnologias, alimentos, dentre
outros.
Outros determinantes que se firmam neste estudo, é a concepção do aluno
ser sujeito participante do processo de desenvolvimento da sua aprendizagem, o
professor ser o mediador para que essa aprendizagem aconteça, e as novas
tecnologias digitais como ferramentas auxiliares e contribuintes para que ocorra a
abstração dos conhecimentos historicamente acumulados.
Doravante, diante dessas considerações e de maneira bastante designativa,
é preciso ressaltar que o foco principal desse estudo é o processo de ensino sobre
Globalização Econômica, o uso das tecnologias no processo educativo e o consumo
consciente. Não obstante, se ressalta a necessidade do comprometimento e
empenho de um trabalho docente intencional e de qualidade.
GLOBALIZAÇÃO: QUAL SUA IMPORTÂNCIA NO ENSINO E APRENDIZAGEM DA GEOGRAFIA?
Atualmente, o termo globalização está mais do que nunca intrínseco ao
processo educativo. Não somente pela necessidade do cumprimento dos conteúdos
da disciplina de Geografia, mas também pela importância que há por parte dos
alunos em compreender e refletir sobre as tessituras que envolvem o contexto social
globalizado no qual estão inseridos.
Com cada vez mais premência, se ressalta a necessidade e a importância
de uma formação escolar também globalizada. Ou seja, atualizada e que possibilite
aos educandos e seus educadores preparo para os desafios impostos pelo cotidiano
do ambiente escolar, como também do mercado de trabalho.
Dentre diversos fatores passíveis de discussões para o ensino da
globalização, destacam-se os rótulos. Popularmente conhecidos como “Marcas” de
produtos, qualidade, sinônimo/símbolo de poder aquisitivo, ou até mesmo de estima
e atualidade de seus consumidores. Em contrapartida, esses mesmos rótulos, são
na maioria das vezes desconhecidos da sua origem de produção e do processo do
fluxo comercial.
Nesse sentido, fica claro que não se pode dissociar a dinamicidade do
ensino do conteúdo à realidade dos alunos. Ou seja, o que faz parte do cotidiano,
mas não se tem total conhecimento de como o faz.
A este propósito, Santos (2000) corrobora que:
Entre os fatores constitutivos da globalização, em seu caráter perverso atual, encontram-se a forma como a informação é oferecida à humanidade e a emergência do dinheiro em estado puro como motor da vida econômica e social. São duas violências centrais, alicerces do sistema ideológico que justifica as ações hegemônicas e leva ao império das fabulações, a percepções fragmentadas e ao discurso único do mundo, base dos novos totalitarismos – isto é, dos globalitarismos – a que estamos assistindo. (SANTOS,2000, p.19).
Diante dessa consideração, vale ressaltar, que a integração dos meios:
políticos, econômicos e sociais também devem ser compreendidos como
constituintes do desenvolvimento da globalização. Visto que, se trata de algo
universal, disseminando-se cada vez mais em um menor espaço de tempo.
Sendo assim, é essencial que crianças, adolescentes e jovens tenham
conhecimento sobre os fatores reais que estão por de trás dos rótulos. Não somente
com o intuito de aprendizado, mas de entendimento sobre a influência de que eles
próprios são alvo.
Claro que, não se podem negar os aspectos positivos resultantes do
processo de globalização, como os meios de comunicação e transporte. Doravante,
é fundamental compreendê-lo com princípio de homogeneidade social, e
solidariedade. Isto é, buscando enfocar ações não no consumismo, mas sim no uso
consciente dos produtos.
Logo, segundo o mesmo autor:
Consumismo e competitividade levam ao emagrecimento moral e intelectual da pessoa, à redução da personalidade e da visão do mundo, convidando, também, a esquecer à oposição fundamental entre a figura do consumidor e a figura do cidadão. (SANTOS, 2000, p.25)
Torna-se, portanto, necessário despertar condições de um trabalho
educativo em que a teoria sobre o assunto não se torne uma elaboração abstrata,
mas sim, capaz de propiciar reflexões e fortalecer hábitos que contribuam para que
a formação escolar seja bem sucedida.
Sendo assim, além de se evidenciar os fatos históricos do processo de
globalização, como o seu início com as grandes navegações, suas causas, sua
importância e seus resultados. Se deve também optar pela integração desse
assunto com a realidade dos alunos. Segundo Delors (2000, p. 137) “A duração da
aprendizagem devia também ser diversificada na perspectiva de uma educação ao
longo de toda a vida [...]”.
Cumpre assinalar, que não se trata de uma proposta fácil. Ao contrário, de
uma construção cotidiana, em que não se busca pela facilidade, mas sim que o
professor consiga transmitir a complexidade do conhecimento para a assimilação e a
aprendizagem do aluno.
Em decorrência disso, para Nóvoa (1999):
O professor deve estar assim “sintonizado” culturalmente com os seus alunos e com os outros aspectos da situação, alguns dos quais podem estar além do seu controle imediato – a política da escola, os antecedentes dos pais, o tempo, etc. Os actos criativos trazem mudança. Mudam os alunos, os professores e as situações. Mas as percepções do professor quanto à situação têm de ser o mais exactas e completas possível, embora nunca possam ser compreendidas por inteiro. (NÓVOA, 1999, p. 132)
Por outro lado, vale ressaltar, a importância de uma sondagem para
qualquer ação pedagógica. Nesse caso, por exemplo, apesar dos rótulos serem na
sua maioria universais, não estão presentes em todos os lares. Pois para Freire
(1921, p.58): “Se faz preciso, então, enfatizar a atividade prática na realidade
concreta (atividade a que nunca falta uma dimensão técnica, por isso intelectual, por
mais simples que seja) como geradora de saber.” Por isso, o cuidado da seleção dos
mesmos, pois ao invés de ser um recurso positivo, pode acabar distanciando os
alunos da proposta inicial de aproximação e compreensão da temática em estudo.
Nessa perspectiva, não se inclui apenas o fato das classes sociais, que
indiretamente remete a um possível pensamento de que alguns produtos são
fabricados para pessoas bem sucedidas, no sentido financeiro, e outros para a
classe menos favorecida. Claro que esse fator não deixa de ter sentido, mas é
apenas a ponta de um iceberg que precisa ser trazido à superfície.
Sobre esse aspecto, Freire (2013) relata que:
Quanto mais se problematizam os educandos, como seres no mundo e com o mundo, tanto mais se sentirão desafiados. Tão mais desafiados, quanto mais obrigados a responder ao desafio. Desafiados, compreendem o desafio na própria ação de captá-lo. Mas, precisamente porque captam o desafio como um problema em suas conexões com outros, num plano de totalidade e não como algo petrificado, a compreensão resultante tende a tornar-se crescentemente crítica, por isto, cada vez menos desalienada. (FREIRE, 2013, p.98).
É nesse contexto, em que se deve pensar que o fato de alguns bens de
consumo serem adquiridos por uma pequena parcela da sociedade, os torna
cobiçados. Pela beleza, valor, mas principalmente pelo que representa para o
restante maior da parcela que não pode o ter.
Então, mais uma vez se destaca a atividade escolar, tanto por ter a
possibilidade de trabalhar o sentido macro que é a globalização (integração entre
países, fluxo comercial), quando as questões individuais, trazidas cotidianamente
pelos seus alunos, professores, equipe gestora e a comunidade escolar.
QUALIDADE DE VIDA E EQUÍLIBRIO AMBIENTAL X CONSUMISMO
A complexidade que sombreia o consumo é o consumismo. Cada vez mais,
se vê crianças com aparelhos eletrônicos adultos, ou então com outros
desenvolvidos para sua faixa etária. Esse fato não se restringe apenas ao uso de
tais eletroeletrônicos, mas também a atualização no âmbito da moda, que muda e
inova constantemente em busca de seguidores.
Em algumas pessoas, é possível notar com nitidez a importância destinada à
aparência que se pretende transmitir, e isso envolve vestuário, moradia, bens de
consumo. Enfim, uma série de constituintes que os formam consumistas.
Sobre esse aspecto, Santos (2000) afirma que:
Para a maior parte da humanidade, o processo de globalização acaba tendo, direta ou indiretamente, influência sobre todos os aspectos da existência: a vida econômica, a vida cultural, as relações interpessoais e a própria subjetividade. Ele não se verifica de modo homogêneo, tanto em extensão quanto em profundidade, e o próprio fato de que seja criador de escassez é um dos motivos da impossibilidade da homogeneização. (SANTOS, 2000, p. 69).
Muitas vezes, o consumo desenfreado e não pensando impossibilita a
reflexão sobre o que realmente qualifica alguns produtos. Simplesmente são
comprados pelo valor representado por moeda. Por isso, a necessidade de desde a
infância e adolescência possibilitar aulas que proporcionem reflexões que envolvam
desde questões locais, regionais, nacionais até as mundiais.
Mesmo as crianças pequenas não tendo a noção territorial, é possível
explicar sucintamente que existem outros lugares, e que alguns produtos do dia-a-
dia são vindos desses lugares. À medida que o nível de ensino se eleva, a temática
globalização deve ser trabalhada integrada às questões pessoais de consumo. Já
que quanto mais se consome, mais recursos naturais deverão ser extraídos.
Para tanto, segundo Boff (1999):
Sustentável é a sociedade ou o planeta que produz o suficiente para si e para os seres dos ecossistemas onde ela se situa; que toma da natureza somente o que ela pode repor; que mostra um sentido de solidariedade generacional, ao preservar para as sociedades futuras os recursos naturais de que elas precisarão. Na prática a sociedade deve mostrar-se capaz de assumir novos hábitos e de projetar um tipo de desenvolvimento que cultive o cuidado com os equilíbrios ecológicos e funcione dentro dos limites impostos pela natureza. Não significa voltar ao passado, mas oferecer um novo enfoque para o futuro comum. Não se trata simplesmente de não consumir, mas de consumir responsavelmente. (BOFF, 1999, p.137)
Dar centralidade a qualidade de vida ambiental é também abstrair
conhecimentos sobre a globalização. Pois, não se pode pensar em uma estabilidade
de qualidade de vida sem antes dar importância à dimensão do equilíbrio ambiental.
Se trata, de ir além da consciência leve por separar o lixo adequadamente, mas
preocupar-se com o destino daquilo que produzimos e consumimos.
Nessa perspectiva, é indispensável que as pessoas de modo geral –
crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos - compreendam que não dependem
de objetos para se tornarem aceitas pelo seu grupo de amizade ou afinidade. Mas
sim, precisam de alguns bens para facilitar sua sobrevivência, como por exemplo,
quem não produz seu próprio alimento necessita comprá-lo, alguns medicamentos
se não naturais devem ser adquiridos em drogarias.
Grosso modo, não se pode homogeneizar consumo e consumismo, já que o
primeiro supre o que é indispensável, e o segundo é o dispensável, mas acaba se
tornando imprescindível.
Conforme o mesmo autor:
Não se trata somente de impor “Limites ao Crescimento” (...) mas de mudar o tipo de desenvolvimento. Diz-se que o novo desenvolvimento deve ser sustentável. Ora, não existe desenvolvimento em si, mas sim uma sociedade que opta pelo desenvolvimento que quer e que precisa. Dever-se-ia falar de sociedade sustentável ou de um planeta sustentável como pré-condições indispensáveis para um desenvolvimento verdadeiramente integral. (BOFF, 1999, p. 137).
Indubitavelmente, para que a prática educativa seja fortalecida no sentido de
preparar alunos e alunas com formação intelectual sustentável, é preciso de uma
educação refinada. Que ultrapasse o trivial de apenas a realização de uma boa aula,
e proporcione a internalização da responsabilidade social que cada sujeito tem
individualmente e para com os outros seres vivos.
Nessa linha de pensamento, vale ressaltar, que essa conjectura se inicia
com as reflexões e as ações dos próprios docentes. Isto é, quando o professor
demonstra que é consumista seja fisicamente pelos seus bens de consumo, como
vestuário, eletroeletrônicos, carro, ou então virtualmente através das redes sociais
manifestando seu pensamento, suas ações e claro seus pertences.
Conforme Nóvoa:
A actuação do professor não consiste em solucionar problemas como se fossem nós cegos, que, uma vez solucionados, desaparecem. Pode ser o caso de conflitos pontuais, mas não é o da prática “normal”. Esta consiste em tomar decisões num processo que se vai moldando e adquire identidade enquanto ocorre, no decurso do qual se apresentam opções alternativas, face às quais é necessário tomar uma decisão. (NÓVOA, 1999, p. 87)
Por isso, não pode haver contradições entre o que se transmite através dos
conteúdos das aulas, e o que se objetiva com tais propostas de ensino. Aliás, vale
lembrar, que esse fator – as propostas de ensino – são vinculadas à política pública
que é a educação. Mas em todo caso, cabe ao docente adequar e instigar seus
alunos para a busca de um engrandecimento no próprio conhecimento.
FATORES POSITIVOS DA GLOBALIZAÇÃO NO ENSINO DE GEOGRAFIA
A Educação Básica, constituída pela Educação Infantil, Ensino Fundamental
Anos Iniciais e Anos Finais, e o Ensino Médio possui em todos os níveis a
dinamicidade do processo de ensino e aprendizagem que é constantemente movido
e orientado pelos seus principais sujeitos: professor e aluno, ou aluno e professor.
Todavia, a tessitura que envolve o fenômeno educativo por ser também
cultural, e de políticas públicas, recebe intervenções das mais variadas formas,
sendo sempre resultantes das necessidades dos momentos históricos de cada
sociedade.
Por isso, não se pode tentar ter uma compreensão diminuta e superficial do
processo educativo, mas sim, atentar para suas mais variadas formas de
manifestação, priorizando claro por aquelas que primam formalmente pela formação
não neutra do indivíduo enquanto membro pertencente a sua própria sociedade.
A este propósito, Freire deixa claro que:
[...] A neutralidade da educação de que resulta ser ela entendida como um que fazer puro, a serviço da formação de um tipo ideal de ser humano, desencarnado do real, virtuoso e bom, é uma das conotações fundamentais da visão ingênua da educação. Do ponto de vista de uma tal visão da educação, é da intimidade das consciências, movidas pela bondade dos corações, que o mundo se refaz. E, já que a educação modela as almas e recria os corações, ela é a alavanca das mudanças sociais. (FREIRE, 1991, p. 28).
Decorrendo do modo sintético, ou seja, da sala de aula com as relações
entre professor e aluno se objetiva a aprendizagem, tanto de um, quanto de outro.
Posteriormente, em esfera analítica, com as constituições hierárquicas do ensino:
das Leis e seus sujeitos representantes como ministros e secretários, se sobressai
novamente à aprendizagem, mas dessa vez refletindo as posições teóricas que são
elaboradas pelos mesmos sujeitos, visando às práticas de ensino e aprendizagem.
Nesse contexto, o ensino dos conteúdos pertencentes à disciplina de
Geografia, devem estar cronometrados ao tempo dos educandos. Aliás, o espaço
escolar num todo deve possibilitar a integração de seus alunos e, mais do que isso,
do conhecimento empírico que cada um possui. Segundo Becker (2012, p.124)
“Para que o professor parta dos conceitos espontâneos do aluno, é imprescindível
que ele ouça e observe o fazer do aluno, se logra êxito ou não – incluindo nesse
fazer a sua fala. O professor precisa „aprender‟ seu aluno. É isso que lhe dá
legitimidade para ensinar.” Trata-se, então, do aluno sentir-se pertencente na
construção e estruturação da sua aprendizagem.
Não obstante, não se pode esquecer das tecnologias presentes no ambiente
escolar. Desde as mais conhecidas e usadas pelos docentes como o quadro-negro,
materiais didáticos e paradidáticos ou ainda os laboratórios, até as tecnologias mais
atuais como multimídia, tablets, notebooks, celulares, hardwares, softwares, usados
para fins educacionais. Daí a importância de enfatizar que se usados com
intencionalidade e adequadamente resultam e contribuem com efeitos positivos para
uma aprendizagem significativa.
Sobre aprendizagem significativa, Antunes afirma que:
[...] a essencial diferença no conceito de aprendizagem não agrega mais ou menos dificuldade do professor, mas exige uma consciência crítica sobre o seu papel e sobre a importância do mesmo em ajudar seus alunos a localizar, meditar, comparar, classificar e usar ainda outras habilidades reflexivas. (ANTUNES, 2011, p.35)
Em contrapartida, não se deve, entretanto, afirmar que a não utilização das
tecnologias não possa resultar também em uma aprendizagem significativa. Até
mesmo por que, muitas escolas não possuem esses recursos, ou pior, possuem mas
não estão em condições de uso, ou ainda seus profissionais por opção não utilizam,
ou não acreditam na possibilidade de melhoria do ensino que pode facilitar.
Trata-se de repensar as tecnologias como ferramentas auxiliadoras aos
professores e alunos em um novo modelo social, portanto de interações sociais
dentro e fora da escola. A este respeito, Sampaio e Leite (1999, p. 10) afirmam que:
“[...] hoje o professor precisa estar preparado para realizar seu trabalho com
competência, consciente de que vivemos num mundo onde diversos meios podem
levar ao raciocínio e ao conhecimento e a aprendizagem pode acontecer de várias
maneiras, além da tradicional aula expositiva.” Torna-se imprescindível ressaltar que
por melhor que as tecnologias sejam, de modo algum, substituem a prática docente.
Ao contrário, para que de fato as tecnologias colaborem com as situações de
aprendizagem, necessitam ser usadas por um profissional de priorize o aluno no
plano central da ação educativa.
Segundo Becker:
[...] é esse centro ativo, operativo, de decisão, de iniciativa, cognitivo, de tomada de consciência, simultaneamente coordenador e diferenciador, que é capaz de aumentar sua capacidade extraindo das próprias ações ou operações novas possibilidades para suas dimensões ou capacidades. É “espontaneidade cognitiva” [...] (BECKER, 2012, p. 44).
Sendo assim, é preciso ressaltar que a grande maioria dos alunos
pertencentes aos Anos Finais do Ensino Fundamental, sejam eles provenientes de
escolas públicas, particulares ou privadas, são crianças que apesar da pouca idade
cronológica, vivem muito próximas e possuem grande destreza e conhecimento nos
aparatos tecnológicos. Logo, todo e qualquer conteúdo trabalhado dentro e fora da
sala de aula deve ser interessante ao ponto de despertar a busca pela aquisição de
um novo conhecimento teórico – prático – tecnológico. Já que segundo a proposta
estabelecida nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de
nove anos, no Art. 12º da Resolução nº 7, de 14 de Setembro de 2010 se têm que:
Art. 12 Os conteúdos que compõem a base nacional comum e a parte diversificada têm origem nas disciplinas científicas, no desenvolvimento das linguagens, no mundo do trabalho, na cultura e na tecnologia, na produção artística, nas atividades desportivas e corporais, na área da saúde e ainda incorporam saberes como os que advêm das formas diversas de exercício da cidadania, dos movimentos sociais, da cultura escolar, da experiência docente, do cotidiano e dos alunos. (BRASIL, 2010, p. 04) (grifos da autora).
Diante dessa consideração, cumpre assinalar que o desenvolvimento do
trabalho da disciplina de Geografia pode parecer em um primeiro momento
rebuscado, ou distante dos alunos. Por isso, além dos vários recursos, utilizados
como os mapas, globo, rosa dos ventos, textos, livros, vale lembrar a importância
dos mais atuais como softwares e o Google Earth. Não esquecendo claro, dos
rótulos. Estes, por pertencerem a bens de consumo muito conhecidos e na maioria
das vezes cobiçados, são de grande valia para que o processo de globalização seja
compreendido.
Quando se utiliza de tais recursos, é possível que o entendimento sobre o
assunto ocorra de forma mais clara ao aluno. Em algumas práticas educativas são
inclusive interdependentes, auxiliando os alunos de forma lúdica no fortalecimento
da abstração do conhecimento.
Claro que, cada sujeito possui um tempo diferente em sua aprendizagem,
podendo alguns internalizarem os conteúdos com maior rapidez, e outros
apresentarem mais dificuldade em sua assimilação. O mesmo pode ocorrer com o
trabalho do assunto globalização. Dessa forma, o processo de ensino sobre esse
assunto deve ser contínuo e gradativo, não acarretando sobre o aluno todos os
fatores constituintes de uma vez só, mas sim por etapas.
Já que para Antunes:
Esta ou aquela situação de aprendizagem, entretanto, não faz com que a competência do aluno se desenvolva espontaneamente. Por essa razão é essencial que o professor saiba conhecê-la e assim melhor estimulá-la e, por sua vez, um professor somente alcança a plenitude dos objetivos da situação de aprendizagem e das competências que as mesmas evocam se souber buscar ser um professor competente. (ANTUNES, 2011, p.67)
Dando continuidade a essa reflexão, é importante ressaltar que existem
programas governamentais que garantem a inclusão digital nas instituições de
ensino. A exemplo, o ProInfo, trata-se do Programa Nacional da Informática na
Educação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE. Segundo
as informações disponibilizadas no portal do MEC, o programa foi criado pela
Portaria nº 522/ MEC para “promover o uso pedagógico de Tecnologias de
Informática e Comunicação (TICs) na rede pública de ensino fundamental e médio”
(BRASIL).
Para tomar parte do ProInfo Urbano ou Rural os municípios, como também
estados devem primeiramente realizar a adesão, depois o cadastro e por fim, a
seleção das escolas. Sendo selecionadas, as escolas recebem do MEC os
laboratórios de informática instalados, cabendo aos governos locais à infraestrutura
para o recebimento do material.
Nota-se então, a grande valia que tal recurso tecnológico – laboratório de
informática – possibilita para as mais variadas práticas educativas. Em Geografia,
por exemplo, fazendo uso de um programa disponibilizado gratuitamente na internet
(Google Earth) os alunos podem compreender as mais variadas características do
mundo, dos países do próprio estado da cidade que são pertencentes e inclusive do
bairro onde vivem.
Eventualmente, a disciplina de Geografia remete apenas a ideia de
conhecimentos de localização territorial disposta nos mapas. Entretanto, além disso,
se deve considerar as dimensões espaciais e os aspectos físicos, humanos e
econômicos que envolvem a relação homem-meio.
Segundo Moreira:
[...] tudo em geografia começa e se resolve nas práticas espaciais. Em geral, as práticas são atividades que ocorrem no âmbito da relação homem-meio no momento e na colagem da sua busca de prover-se de meios de sobrevivência. De modo que toda relação homem-meio é uma forma de prática espacial, mesmo que a recíproca não seja verdadeira em forma direta. (MOREIRA, 2007, p.24).
Nesse sentido, o docente que trabalha com a disciplina de Geografia, e mais
especificamente remetendo-se ao assunto globalização, deve suscitar
questionamentos e atividades de investigações e pesquisa. Assim, os alunos
estarão desenvolvendo o exercício crítico e reflexivo dos saberes geográficos,
definidos também por Moreira (2007, p. 25) como: “A percepção é o aspecto chave
dessa relação. Nascendo no âmbito da prática espacial, fornece os elementos que a
abstração mental vai transformar no saber espacial, e, mais à frente, na ciência
geográfica.” Com o auxilio dessa prática, é possível que os alunos tenham maior
entendimento sobre o seu meio, e consigam elaborar conjecturas sobre o seu
próprio conhecimento.
A aplicação dos saberes teóricos dos conteúdos, pode ser facilitada quando
ocorre a consolidação das propostas de ensino organizadas em círculos
concêntricos. A este exemplo, o docente que se utiliza da influência destinada da
globalização sobre os bens de consumo, pode proporcionar aulas instigando seus
alunos, a busca por saber sobre os fatores que trazem seus produtos até o seu
cotidiano.
Os celulares, notebooks, tablets, roupas, tênis, e algumas franquias
alimentícias. Por mais, que sejam fabricados nacionalmente, a maioria desses
produtos são originários das fábricas multinacionais. E, esse aspecto também é
passível de reflexão, ou seja, procurar compreender o motivo que envolve a
instalação de tal indústria em nosso país, e como esse processo se difundiu, faz
parte do saber que envolve a disciplina de Geografia.
Pois, conforme Moreira:
[...] podemos dizer que a geografia é um discurso teórico universal que combina a escala mais simples das coisas singulares da percepção à mais abstrata e complexa da totalidade do conceito, embutindo em sua estrutura desde as práticas espaciais e seus saberes até o pensamento abstrato que é o domínio da ciência. Eis a origem de sua popularidade: é uma forma de conhecimento que do tudo chega ao todo. Um procedimento que não é apanágio da geografia acadêmica. Mas envolve uma inusitada peculiaridade. Na verdade, a maioria das pessoas forma, mesmo que intuitivamente, o juízo do espaço como modo integralizado da existência, uma vez que a prática e a percepção e a sua conversão no senso comum do saber espacial é o cotidiano de vida de todo ser vivo. (MOREIRA, 2007, p.26).
A este propósito, se entende que o processo de ensino e aprendizagem na
perspectiva geográfica, possui uma preocupação latente com a formação do sujeito,
auxiliando e possibilitando condições favoráveis a uma construção intelectual onde a
centralidade envolve a compreensão de sentir-se integrado ao meio em que vive.
Para Mizukami (2013, p.96): “Toda ação educativa, para que seja válida, deve
necessariamente, ser precedida tanto de uma reflexão sobre o homem como de uma
análise do meio de vida desse homem concreto, a quem se quer ajudar para que se
eduque.” Este movimento dinâmico é dependente de alguns fatores indissociáveis,
como: aulas bem elaboradas, professores preparados, materiais didáticos com boa
qualidade de ensino, recursos didáticos ou tecnológicos usados adequadamente, e
claro que os alunos tenham boa vontade em aprender.
Mas é claro, que nem sempre todos esses constituintes funcionam de forma
integrada, o que agrava a qualidade do resultado das aulas, mas principalmente da
estruturação do conhecimento dos alunos. Na medida em que, as “ameaças”
surgem, o professor deve combatê-las. Seja pela mudança em sua própria prática
educativa, seja no fortalecimento da importância que se deve transmitir aos seus
alunos, por aprender sobre a temática em estudo.
Se tratando de globalização, o professor, em especial, deve mostrar-se
atualizado no tema e com domínio sobre o assunto. Não se pode esperar que os
alunos exerçam sozinhos a assimilação de algo tão complexo. As mudanças físicas,
políticas e culturais, portanto, de ordem geográfica, deve ser compreendida pelos
alunos como suas próprias interferências, enquanto seres vivos.
Logo, para Santos:
No mundo da globalização, o espaço geográfico ganha novos contornos, novas características, novas definições. E, também, uma nova importância, porque a eficácia das ações está estreitamente relacionada com a sua localização. Os atores mais poderosos se reservam os melhores pedaços do território e deixam o resto para os outros. (SANTOS, 2000, p.39)
Nessa linha de pensamento, o desenvolvimento das ações educativas
durante as aulas ocorrem dialeticamente. Pois na medida em que as concepções
teóricas são demonstradas e explicadas aos alunos, se deve possibilitar momentos
reflexivos, onde as questões econômicas e políticas não sejam deixadas para um
segundo plano. Pois a globalização, envolve países grandes, pequenos, pobres,
ricos ou emergentes e atinge todos os setores da sociedade.
Logo, o ambiente escolar que é composto por sujeitos sociais, é também
indiretamente globalizado, não apenas pela presença dos bens de consumo de seus
indivíduos, mas também pela diversidade cultural e pela subjetividade presente em
cada um. É igualmente interessante enfatizar que a existência da universalidade de
algumas culturas possivelmente interfere no desenvolvimento da identidade do
aluno. Seja pelo uso de algum acessório, roupa, ou até mesmo comportamento.
Sobre isso, Pennac afirma que:
[...] É assim a criança cliente: uma criança que, em certa quantidade de terrenos de consumo idêntica a de seus pais ou de seus professores (roupa, alimentação, telefonia, música, eletrônica, locomoção, lazer), tem acesso, sem contribuir em nada, à propriedade privada. Fazendo assim, ela tem o mesmo papel econômico que os adultos que têm o encargo da sua educação e sua instrução. Ela constitui, como eles, uma parte enorme do mercado, faz, como eles, circular divisas (o fato de que não sejam suas não entra na conta), seus desejos, tanto quanto os de seus pais, devem ser solicitados e renovados permanentemente, para que a máquina continue a funcionar. [...] (PENNAC, 2008, p.224) (grifos do autor)
Diante dessas contribuições, vale ressaltar, que a intencionalidade de um
trabalho voltado à globalização não se restringe exclusivamente a compreensão
apenas do que estrutura os conteúdos teóricos. Muito além, se trata de contribuir
para que os alunos internalizem a importância que o seu consumo interfere na sua
qualidade de vida. Não apenas enfocando para o bem estar ou lazer, pois se assim
fosse seria uma concorrência desleal com o que segue: meio ambiente, vivências
interpessoais de consumo consciente, economia dos recursos naturais e
econômicos, dentre outros.
De certa forma, o desenvolvimento dessa nova possibilidade de consumo
consciente pode parecer em um primeiro momento, um dos melhores caminhos a
serem seguidos pelas gerações vindouras. Não se pode negar ao fato, que quanto
mais às tecnologias da informação evoluem, mas evoluídos serão os sujeitos
consumidores. Assim, as práticas de consumo desmedidas, sem necessidades,
também devem ser combatidas com o uso das tecnologias, mas estas utilizadas no
trabalho educativo, por mais desafiador que seja.
Segundo o mesmo autor:
[...] Dura tarefa para o professor esse conflito entre os desejos e as necessidades! E dolorosa perspectiva para o jovem cliente ter de se preocupar com suas necessidades em detrimento de seus desejos: esvaziar a cabeça para formar o espírito, desligar-se para se conectar com o saber, trocar a pseudoubiquidade das máquinas pela universalidade dos conhecimentos, esquecer as bugigangas brilhosas para assimilar invisíveis abstrações. [...] (PENNAC, 2008, p.227).
Talvez, um dos aspectos que mais contribui para que a criança e o jovem se
tornem consumistas, é além do exemplo familiar ou de terceiros, a conformidade
existente nos grupos de amizade ou afinidade. Trata-se, da aceitação por utilizar,
possuir ou adquirir determinados modismos. Sejam referentes ao vestuário, bens
tecnológicos, ou status econômico.
Para Freire (2013, p. 122): “Neste caso, antes de buscar apreendê-lo em sua
riqueza, em sua significação, em sua pluralidade, em seu devenir, em sua
constituição histórica, teríamos que constatar primeiramente, sua objetividade. Só
depois, então, poderíamos tentar sua captação.” De forma alguma, se busca
generalizar tais princípios de aceitação, entretanto não se pode deixar de convir que
são passíveis de interferência na formação intelectual, escolar e humana dos alunos.
E, portanto, cabe também a escola e mais intimamente aos educadores auxiliarem
nesse processo de instrução.
É possível, que cotidianamente os professores se deparem mais com a face
cliente, do que com a face jovem do seu aluno. Por mais que se trate de um mesmo
sujeito, é notória a importância, o valor que esses precoces consumistas dão aos
bens de consumo. Como consequência, os desafios do trabalho educativo adquirem
maiores empecilhos, em especial aos professores que não buscam inovar em sua
prática.
Permanentes ou efêmeras, as mudanças no âmbito educacional ocorrem.
Derivadas de mudanças ou transformações maiores, ocorridas socialmente e
disseminadas em seus sujeitos. Seus possíveis resultados podem estar
relacionados, a novas formas de concepções e entendimento sobre o mundo,
hábitos, maneiras de agir e até mesmo novas conjecturas de pensamento.
O desenvolvimento de fontes de informação alternativas, basicamente dos meios de comunicação de massas, obriga o professor a alterar o seu papel transmissor de conhecimentos. Cada dia se torna mais necessário integrar na aula estes meios de comunicação, aproveitando a sua enorme força de penetração. O professor que pretenda manter-se no antigo papel de “fonte única” de transmissão oral de conhecimentos perde a batalha. O professor deve reconverter a sua acção de modo a facilitar a aprendizagem e a orientação do trabalho do aluno. [...] (NÓVOA, 1999, p.101)
Cumpre assinalar, que apenas o uso das tecnologias em sala de aula não
operam todo o processo de ensino e aprendizagem. Elas facilitam e auxiliam
professores e alunos com momentos de mais criatividade e ludicidade nas aulas.
Para isso, é necessário, que o professor se permita em inovar sua prática
pedagógica que é também profissional.
Fazer uso de novos recursos, como os tecnológicos, é também demonstrar
aos seus alunos preocupação com a sua aprendizagem e com a qualidade das
aulas. Dentre diversos fatores positivos que podem ser elencados, cita-se: slides
com imagens, vídeos, filmes, pesquisas. Não se pode cristalizar o que por si só é
heterogêneo, ou seja, o cotidiano escolar possui um movimento próprio. De
pensamentos, de convicções, e principalmente de ações. Logo, práticas engessadas
a metodologias ultrapassadas devem ser repensadas e atualizadas ao novo modelo
de aluno e, portanto de escola.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O ano letivo de 2015 teve início com acontecimentos marcantes para a
educação no Estado do Paraná. No entanto foi iniciada a implementação do Projeto
PDE intitulado “Ensinar Globalização Econômica na disciplina de geografia através
dos rótulos e utilizando as tecnologias de pesquisa”.
A implementação se deu com alunos do 9° ano do Colégio Estadual Santo
Antônio, situado na Av. Sete de Setembro, nº 700, centro, Imbituva –PR com êxito.
Embora alguns entraves fizeram parte dessa trajetória, como por exemplo a
falta de materiais, de espaço físico adequado, de transporte para os alunos
participarem das atividades no contra turno, até mesmo a greve do professores da
rede estadual Paranaense em função da manutenção dos seus direitos adquiridos
ao longo da carreira e de reajustes em seus provimentos tiveram impacto no cenário
educacional.
A aplicação teve início ao se estabilizar o retorno das aulas sem prejuízos
aos educandos.
Com relação aos materiais, a escola disponibiliza poucos recursos como:
mapas, alguns já ultrapassados com fronteiras antigas delimitadas; possui alguns
Atlas gerais e Altas temático do Estado do Paraná desatualizados. Para se realizar
a implementação, fez-se necessário, por parte do professor, a aquisição com
recursos próprios de alguns materiais novos e atualizados de acordo com as
necessidades atuais.
O trabalho de implementação teve como base a Unidade Didática que foi
construída a partir da experiência pessoal enquanto Professora de Geografia na
rede Estadual de ensino, sob a orientação de uma professora orientadora da IES -
Universidade Estadual de Ponta Grossa.
A Unidade Didática tem por objetivo a compreensão da Globalização
Econômica, os alunos vivenciam diariamente a influência da globalização e a
dominação das grandes empresas multinacionais (transnacionais), em produtos
consumidos em suas casas e não percebem no seu dia a dia que eles estão
inseridos nesse processo.
Na sequência iniciou a aplicação das oficinas temáticas de “Ensinar
Globalização Econômica na disciplina de geografia através dos rótulos e utilizando
as tecnologias de pesquisa” todas às atividades desenvolvidas atingiram os
objetivos propostos e apresentaram ótimos resultados, a participação dos alunos
ocorreu de forma satisfatória.
Na primeira atividade intitulada “Ensinar globalização econômica na
geografia” Manipular materiais como: livros, embalagens, recortes, reportagens,
charges, vídeos, slides, internet. Desenvolveu-se essa oficina relacionando os
rótulos de produtos consumidos (marcas e preços) com seu país de origem,
construindo assim uma noção mais concretizada sobre redes e fluxos, possível de
se demonstrar no Mapa Mundi suas localizações.
Exibiu-se ainda o vídeo com o Mapa Mundi errado com a reação das
pessoas. Na sequência aplicaram-se atividades referentes aos materiais utilizados.
Os alunos relacionaram o conteúdo estudado com a realidade vivida, bem
como foi despertada uma visão crítica sobre o capitalismo que incentiva o
consumismo. Atividade desenvolvida com êxito.
A Segunda oficina desenvolvida teve por base a interpretação do texto
“Globalização é a fase mais avançada do capitalismo”. Atividades desenvolvidas
relacionadas ao consumismo com o quadro de produtos mais consumidos utilizando-
se de embalagens e rótulos e os países de origem e suas respectivas filiais,
localizando as multinacionais nos continentes e países.
Na sequência desenvolveu-se a oficina “Máxima do Capitalismo: Mesmo na
crise da educação, quem lucra” debate realizado sobre a influência das
multinacionais no Brasil em especial no segmento da educação.
Terceira oficina análise do “Hino das Marcas”, a influência das multinacionais
aqui no Brasil.
Quarta oficina com a música 3ª do plural (Engenheiros do Hawaii). Nesta
música a letra apresenta uma crítica sobre a influência que os meios de
comunicação em massa exercem sobre a sociedade. Explorou-se a visão crítica em
relação ao consumismo, a mídia e o interesse capitalista apresentada na letra da
música.
Quinta oficina explorando o texto: “O consumo, o meio ambiente e a
violência” diferenciar: consumo de consumismo, bem como debater questões
relacionadas.
Finalizando a implementação do Projeto PDE, foi a aplicada a Oficina onde
se construiu um mural contemplando os conhecimentos adquiridos durante o projeto
através de fotos e depoimentos. Através do trabalho implementado os educandos
assimilaram noções de: redes comerciais, influências na mídia, globalização,
capitalismo e outros assuntos relacionados à temática. As oficinas desenvolvidas
utilizaram recursos disponíveis bem como favoreceram os educandos contextualizar
o assunto apresentado à realidade que estão inseridos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As considerações apresentadas neste estudo tiveram como mola propulsora
a importância da inserção das novas tecnologias no processo educativo, e em
especial no ensino do conteúdo de Globalização Econômica para alunos do 9º ano
dos Anos Finais do Ensino Fundamental.
Sendo assim, os aspectos a serem considerados resultantes de uma aula
com qualidade, perpassam a mera transmissão de conteúdos teóricos. Mas, atingem
de modo dialético as principais peças da engrenagem que constitui a aprendizagem
– professor e alunos.
Atualmente, não se pode negar o uso e a influência que os recursos
tecnológicos são capazes de produzir. Portanto, no espaço escolar, cabe ao
professor a tarefa de instruir seus alunos da melhor maneira de usá-los, sempre
como auxiliares na aquisição e melhor compreensão de novos conhecimentos.
Se tratando da disciplina de Geografia, além de aulas bem elaboradas,
professores preparados e recursos disponíveis, vale ressaltar a importância de
sempre o docente buscar por uma formação constante, para que de fato mantenha-o
atualizado ao aluno de seu tempo. Este, que já não se contenta apenas com a
teoria, mas necessita de experiências novas para assimilar o meio onde vive.
Outra variável, em que se deve assentar maior relevância, é quanto ao uso
dos rótulos como instrumentos de recursos didáticos, para aulas onde a temática
seja globalização. Com essa inserção, acredita-se que a abstração sobre os fatores
que envolvem o tema geral, possam ser melhor compreendidos, e posteriormente
trabalhados com as questões de consumismo, consumo, consumo consciente e
práticas sustentáveis.
Apesar de desafiador, a elucidação da formação de um cidadão responsável
pela qualidade de vida do espaço onde vive, é extremamente necessária. Embora,
muitos elementos contribuam para que o consumo seja uma constante nas
modalidades de lazer, moda, tecnologias, vestuário, o principal redirecionamento
das inovações tecnológicas e de consumo deve permitir aos sujeitos uma nova
continuidade de vida. Onde não sejam exauridos os valores reais, em troca dos
virtuais, ou superficiais.
REFERÊNCIAS
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