22
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · não só uma das fases mais importantes de nossa evolução cultural, mas o período mais fecundo em que foram lançados por D

  • Upload
    dinhque

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

1

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO - OESTE

ANTONIELA DE PAULA VEIGA

ANIMAIS VERTEBRADOS: OS DESAFIOS DE TORNAR O ENSINO

SIGNIFICATIVO COM O USO DE MÍDIAS

Artigo apresentado à SEED\SUED –PR como requisito para o cumprimento das atividades previstas dentro do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2014\2015 do Governo do estado do Paraná, orientado pelo Professor Hilario Lewandowski.

IRATI 2015

2

ANIMAIS VERTEBRADOS: OS DESAFIOS DE TORNAR O ENSINO

SIGNIFICATIVO COM O USO DE MÍDIAS

Veiga, Antoniela de Paula1

Lewandowski, Hilario2

RESUMO

O presente artigo apresenta o relato da experiência de implementação

pedagógica durante o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). O objetivo

principal do presente trabalho foi promover o estudo contextualizado dos vertebrados

a partir do uso de tecnologias do cotidiano dos alunos, visando obter ganhos no

processo de ensino e aprendizagem de ciências. Os passos metodológicos constam

de atividades que foram divididas em quatorze temas e envolveram trinta e quatro

alunos do 7º ano do Colégio Estadual Vila Nova – Ensino Fundamental e Médio, do

município de Prudentópolis. Os dados foram coletados a partir de observações em

sala de aula durante a bordagem dos temas, conversa com alunos e desempenho

em questionários. Neste sentido, foi possível verificar que utilizando

adequadamente as novas tecnologias, elas auxiliam no processo educacional, além

de tornar a aula mais atrativa e estimulante. Ao final da implementação do projeto

ficou claro que os objetivos propostos foram alcançados, pois foi observado que o

trabalho com mídias facilita a compreensão de conceitos de Ciências, desperta a

atenção o gosto dos alunos pela aprendizagem dos conteúdos abordados.

Palavras-chave: Vertebrados, mídias, educação, ensino e aprendizagem.

INTRODUÇÃO

O presente artigo é resultado das atividades desenvolvidas no Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE) 2014\2015, do Estado do Paraná, no qual foi

abordado o uso das tecnologias no ensino de ciências diagnosticando as

1 Professora de Ciências do Colégio Estadual Vila Nova.

2 Professor integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná –

PDE.

3

dificuldades de estudo e ensino referente a vertebrados no 7º Ano do Colégio

Estadual Vila Nova- Ensino Fundamental e Médio.

O objetivo principal do presente trabalho foi promover o estudo

contextualizado dos vertebrados a partir do uso de tecnologias do cotidiano dos

alunos visando obter ganhos no processo de ensino e aprendizagem de ciências,

bem como descrever os limites e possibilidades do uso do celular e máquina

fotográfica na sala de aula e conhecer as dificuldades e facilidades no uso das

mídias no aprendizado escolar.

Com base neste contexto tecnológico, no qual os alunos estão

constantemente envolvidos, pretendeu-se promover aulas mais significativas com a

participação dos mesmos e com o uso dos celulares como um recurso didático.

Diante desta realidade, todas as atividades elaboradas visaram responder as

seguintes problemáticas: De que forma aliar a tecnologia ao estudo dos

vertebrados? O que contribui para tornar o conhecimento mais significativo? Quais

serão as possibilidades e os limites no processo de ensino aprendizagem utilizando-

se de recursos tecnológicos como o celular e a câmera fotográfica?

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Lei de Diretrizes e Base da Educação Brasileira – LDB prevê que a

educação fundamental “promova a formação indispensável para o exercício da

cidadania, fornecendo-lhe meios para progredir no trabalho e nos estudos

posteriores”. A educação formal deve abranger além do ensino da língua portuguesa

e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural, ou seja, o ensino de

ciências. De acordo com a LDB, foram elaboradas as Diretrizes Curriculares da

Educação do Paraná na disciplina de Ciências - DCE, que divide o ensino de

ciências em cinco conteúdos estruturantes: Biodiversidade, Astronomia, Matéria,

Energia e Sistemas Biológicos.

Segundo Gadotti, (2002, p.13) “... a escola, embora tenha que ser local,

enquanto frente de partida deve ser universal, enquanto ponto de chegada”. O autor

sugere uma escola que parta do local para o global sem negligenciar nem um, nem

outro, significa valorizar o conhecimento trazido pelos alunos.

Novaes, (1975, p. 7) argumenta que a organização escolar na colônia está

rigorosamente ligada á política de colonização de Portugal. Nesse sentido as

4

relações de dominação e subordinação também foram legalizadas através do pacto

colonial instituído durante a colonização do Brasil pelos portugueses e pode ter

favorecido a inibição de transformações que pudessem conduzir a colônia á

produção interna e talvez até permitissem certa autonomia nas práticas

educacionais.

Assim sendo, o Brasil como as demais colônias na América sofreu influência

da imposição das metrópoles europeias quanto a sua economia, e, em

consequência, o ensino na colônia também foi moldado levando em consideração o

que as metrópoles consideravam aceitável, comumente desconsiderando o

interesse do nativo. Segundo Ribeiro (1998, p. 37):

A estrutura social do Brasil-Colônia já foi caracterizada como sendo organizada à base de relações predominantemente de submissão. Submissão externa em relação à metrópole, submissão interna da maioria negra ou mestiça (escrava ou semi-escrava) pela minoria „branca‟ (colonizadores). Submissão interna refletindo-se não só nas relações de trabalho como também nas relações familiares [...].

O ensino jesuítico baseado no ensino europeu no Brasil se inicia em meados

do século XVI e tem caráter literário e humanista. Xavier (1994, p.41), conta que:

Ao mesmo tempo, os jesuítas deveriam cuidar da reprodução interna do contingente de sacerdotes, necessário para a garantia da continuidade da obra. Sua tarefa educativa era basicamente aculturar e converter „ignorantes‟ e „ingênuos‟, como os nativos, e criar uma atmosfera civilizada e religiosa para os degredados e aventureiros que para aqui viessem. Isso constituía uma empreitada que exigia muita criatividade no que diz respeito aos métodos de ação, considerada a heterogeneidade da clientela que tinham diante de si.

Conforme salienta Ribeiro (1998, p. 21-22), no Brasil os jesuítas elaboraram,

tendo como base o Ratio Studiorum, um plano de estudos de forma:

(...) diversificada, com o objetivo de atender à diversidade de interesses e de capacidades. Começando pelo aprendizado do português, incluía o ensino da doutrina cristã, a escola de ler e escrever. Daí em diante, continua, em caráter opcional, o ensino de canto orfeônico e de música instrumental, e uma bifurcação tendo em um dos lados, o aprendizado profissional e agrícola e, de outro, aula de gramática e viagem de estudos à Europa. (RIBEIRO, 1998, p. 21-22).

Após a ruptura do momento da expulsão jesuítica, foram implantadas as aulas

régias, o subsídio literário, mas não houve uma estruturação na educação que fosse

expressiva como fora a dos jesuítas.

5

Gonçalves (1998, p. 45), defende que “A política pombalina tinha como

objetivo primordial o fortalecimento do Estado, através da subordinação de todos os

setores à Coroa, entre esses estavam o clero e a nobreza, que gozavam, até então,

de certa autonomia”.

Foi a partir do início do século XIX (1808), quando fugindo de Napoleão a

Família Real portuguesa transferiu o seu reino para o novo mundo, que se pode

atribuir de fato, uma nova ruptura ao modelo anteriormente imposto. D. João VI abriu

Escolas de Direito e Medicina, academias militares, Biblioteca Real, Jardim Botânico,

e a Imprensa Régia que inaugurou essa mudança. Para Azevedo, (1958):

“ Circunscrita no espaço quase que exclusivamente à Bahia e ao Rio de Janeiro, foi certamente muito restrito o domínio que iluminou, deixando, fora de sua irradiação, toda a parte restante da Colônia que continuava mergulhada no mesmo atraso: ela representa, no entanto, não só uma das fases mais importantes de nossa evolução cultural, mas o período mais fecundo em que foram lançados por D. João VI os germes de numerosas instituições nacionais de cultura e de educação” (AZEVEDO, 1958, p. 69-71).

Aranha (2002) salienta que medidas tomadas por D. João VI reforçaram o

caráter já comum na colônia, de aspecto elitista e aristocrático da educação.

A autora aponta para um caráter elitista, ou seja, que ainda não inclui a

população na educação brasileira, na medida em que oportuniza o acesso aos

nobres proprietários de terras e filhos de administradores da colônia limitando a

participação na educação daqueles que desenvolviam trabalhos braçais.

Na constituição de leis de 1824, não se apresentavam grandes mudanças

educacionais que favorecem a maioria do povo.

“A instrução primária, confiada às províncias e reduzida quase exclusivamente ao ensino da leitura, escrita e cálculo, sem nenhuma estrutura e sem caráter formativo, não colhia nas suas malhas senão a décima parte da população em idade escolar, e apresentava-se mal orientada não somente em relação às necessidades mais reais do povo, mais aos próprios interesses da unidade e coesão nacionais”. (AZEVEDO, 1996, pág. 561).

Anísio Teixeira (1996) lamentaria mais tarde a situação herdada do período

monárquico e no início, logo após a Proclamação da República:

“Como organizávamos as nossas escolas segundo os padrões europeus e como tais padrões presumiam níveis de educação coletiva e doméstico relativamente altos, comparados aos existentes em nossa população mais baixa, a escola, mesmo a que se designava de popular, não era popular, mas tipicamente de classe

6

média(...). Abaixo dessas classes, média e superior, dormitiva, esquecido, o povo”. (TEIXEIRA, 1996, p. 16).

Mais de um século depois da chegada da corte portuguesa ao Brasil, o

Manifesto de 1932 inaugurou um novo rumo na educação, uma vez que, defendeu a

educação para todos e não para uma pequena elite que vinha se beneficiando dela.

Este movimento da década de 1930 também foi chamado de Escola Nova

com a divulgação em 1932 de um Manifesto. O documento pregava a

universalização da escola pública, laica e gratuita, de bandeiras de conteúdo liberal,

pautada pelos princípios pedagógicos renovados, inspirados nas teorias de Dewey e

Kilpatrick. Este documento continha ideias fecundas para a educação no Brasil.

Procedido de 26 educadores o lançamento do Manifesto dos Pioneiros da Educação

Nova abordava a reconstrução educacional no Brasil.

Foi com a LDB 9394/96 posteriormente que novas propostas foram pensadas

e inseridas fazendo com que parcela da população que antes não frequentava a

escola passasse então a frequentar e ter o direito assegurado pela legislação de ter

um ensino público e gratuito.

A Escola Nova constituiu um importante movimento de renovação da escola

tradicional. Alicerçava o ato pedagógico na ação, na atividade da criança e menos

na instrução dada pelo professor.

Na garantia de que todos pudessem ter ensino básico gratuito, as mudanças

no Brasil são recentes, estão sendo consolidadas com a Constituição de leis

apelidada de Cidadã (1988) e a LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Na

LDB (Lei de Diretrizes e Bases) está evidenciado no artigo um e dois, que:

Art.2 A educação, dever da família e do Estado, inspiradas nos princípios de liberdade e nas ideias de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, CNE /CEB, 1999).

Marandino (2005, p. 162), argumenta que o ensino de Ciências no Brasil

sofreu influências das relações de poder que foram se estabelecendo entre as

instituições de produção científica, pelo papel reservado à educação na socialização

desse conhecimento e no conflito de interesses entre antigas e recentes profissões,

7

“frutos das novas relações de trabalho que se originaram nas sociedades

contemporâneas, centradas na informação e no consumo”.

Antigas instituições como Universidades, Institutos de Pesquisa e os Museus

de História Natural favoreceram a consolidação e a institucionalização das ciências

naturais no país ao longo do século XIX. Essa contribuição diz respeito tanto a

produção do conhecimento científico quanto ao ensino de ciências.

Segundo as DCEs, doravante Diretrizes Curriculares Estaduais, do Estado do

Paraná da disciplina de Ciências (2008) “na Primeira República (1889-1930) as

poucas instituições escolares que existiam nas cidades, frequentadas pelos filhos da

elite, contratavam professores estrangeiros dedicados a ensinar conhecimento

científico em caráter formativo.” Assim o mesmo conhecimento produzido pela

pesquisa científica era organizado, selecionado e socializado de formas distintas.

Mas conforme Macedo & Lopes (2002), a organização curricular em disciplinas tem

sido “prática comum” na história do currículo.

O sentido maior de se ensinar Ciências hoje está em possibilitar ao

educando a compreensão dos conhecimentos científicos que resultam da

investigação que nesse trabalho será a pesquisa e a socialização, em um contexto

histórico, social, tecnológico, político, cultural e ético onde o projeto de intervenção

constituirá a base de se aliar a teoria com a prática. Nesse sentido a proposta segue

a junção do que o aluno vivencia, no seu dia a dia com a ampla inserção de recursos

midiáticos como o celular, na medida em que o conhecimento científico seja

mediado pelo professor em sala, buscando maior significância do que se estuda

frente à proposta curricular.

Mèszáros, (2007, p. 212), propõe que a escola fundamente a prática

pedagógica em diferentes metodologias, atribuindo valor as concepções de ensino e

aprendizagem (internalização), que possibilitem aos alunos e professores

conscientizarem-se da necessidade de “... uma transformação emancipadora. É

desse modo que uma contra consciência, estrategicamente concebida como

alternativa necessária à internalização dominada colonialmente, poderia realizar sua

grandiosa missão educativa”.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) contempla o direito das

crianças a uma educação de qualidade com todas as tecnologias disponíveis

através de uma comunicação livre e sem preconceitos.

8

Esteve (2004, p. 12), aponta algumas mudanças que refletem também na

questão da educação escolar:

Nos próximos anos, o novo desafio da integração da aprendizagem eletrônica e do ensino por Internet ainda trará profundas exigências de mudança para nossos sistemas educacionais. E, além disso, nossas sociedades apresentarão novas exigências de adaptação, pedindo a nossos sistemas educacionais que respondam as demandas imprevisíveis de sociedades no qual o processo de mudança social se acelerou (ESTEVE, 2004 p. 12).

Silva (1995, p.20), defende que o conhecimento da mídia vai além do

aprendizado referente ao trabalho com elas, mas possui fundamental papel na

contribuição das mudanças necessárias que se avizinham na escola, a que o autor

denomina como uma “teoria da articulação”.

Sacristán (1995, p.67) ao se referir à formação docente argumenta que “é

importante repensar os programas de formação de professores, que tem uma

incidência forte nos aspectos técnicos da profissão do que nas dimensões pessoais

e culturais”. Isso quer dizer que o professor precisa levar em consideração as

vivências do aluno e o conhecimento em sala de aula cada de forma que apresente

significativo para a vida de cada um professor e aluno.

Para Mercado (2000, p.73), “a pretensão da escola é fazer o aluno pensar,

estimular suas faculdades, criar oportunidades de utilizar seus talentos, respeitando

os diversos modos de aprender e de expressar. A escola terá que ser um espaço de

produção e aplicação do conhecimento”. Assim as mídias de constante uso cotidiano

dos alunos como “o celular que tira fotos”, podem favorecer o intercâmbio de

informações entre eles, que alicercem as aulas de ciências referentes aos animais

que possuem em casa e que serão reunidos nas categorias de vertebrados e

invertebrados bem como suas características peculiares. Moran (2000, p. 36)

argumenta que:

“A educação escolar precisa compreender e incorporar mais as novas linguagens, desvendar os seus códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. É importante educar para usos democráticos, mais progressistas e participativos das tecnologias que facilitem a educação dos indivíduos”. (MORAN, 2000, p.36).

De acordo com as DCEs – doravante Diretrizes Curriculares Estaduais do

Estado do Paraná da disciplina de Ciências, o professor como mediador precisa ser

capaz de contextualizar, na medida em que, for articulando o saber científico com as

9

vivências dos educandos, ou seja, aproximando do aluno e tornando a prática

pedagógica mais dinâmica:

Contextualizar é uma forma de articular o conhecimento científico com o contexto histórico e geográfico do estudante, com outros momentos históricos, com os interesses políticos e econômicos que levaram à sua produção para que o conhecimento disciplinar seja potencialmente significativo. (DCEs, 2008, p.74).

E nesse sentido que se entende a construção do conhecimento de forma

significativa, na medida em que conduz o aluno a relacionar o que sabe o que faz

parte do seu dia a dia, com aquilo que lhe pareceu tão distante, até conseguir

estabelecer relações com o que observa ao seu redor. Sendo assim, as DCEs

(2008) propõem que:

“É preciso, porém, que o professor tenha cuidado para não empobrecer a construção do conhecimento em nome de uma prática de contextualização. Reduzir a abordagem pedagógica aos limites da vivência do aluno compromete o desenvolvimento de sua capacidade crítica de compreensão da abrangência dos fatos e fenômenos. (DCEs, 2008 p.30).”

O processo de ensino e aprendizagem contextualizado pode suscitar a

curiosidade do aluno e favorecer sua confiança, uma vez que, contribui na

significação e ressignificação do conteúdo estudado frente a tantos desafios que tem

se imposto no processo educacional.

“O processo de ensino-aprendizagem contextualizado é um importante meio de estimular a curiosidade e fortalecer a confiança do aluno. Por outro lado, sua importância está condicionada à possibilidade de [...] ter consciência sobre seus modelos de explicação e compreensão da realidade, reconhece-los como equivocados ou limitados a determinados contextos, enfrentar o questionamento, colocá-los em cheque num processo de desconstrução de conceitos e reconstrução/apropriação de outros.” (RAMOS, 2004, p.02).

Parafraseando Edwards (1999), em função da variedade de possibilidades

pedagógicas viabilizadas por distintas mídias, da realidade complexa na qual o aluno

vive hoje, das muitas mudanças referentes a representações, aos valores sociais e

saberes disciplinares, a educação precisa ser repensada, enquanto diversifica os

recursos que utiliza.

Ao propor alternativas levando em consideração os meios de expressão

condizentes com a cultura que permeia a vida do aluno, o professor pode viabilizar a

10

construção de um conhecimento mais significativo onde se potencialize a

interpretação do que está sendo aprendido a partir do uso de mídias como o celular

e de diferentes pontos de vista resultantes de ideias plurais de alunos que se

encontram numa sala de aula.

Nas Diretrizes Curriculares de Ciências, o conteúdo relacionado

Biodiversidade – organização dos seres vivos que se articulará com os conteúdos

básicos referentes aos vertebrados que é contemplado no 7º ano do ensino

fundamental, articulado aos conteúdos estruturantes propostos, poderá ser

problematizando de forma que se torne significativo o trabalho pretendido.

Para que o conhecimento seja o foco nas situações escolares, não se pode

negligenciar a prática do aluno e o contexto social, cultural, econômico e político no

qual está inserido.

O envelhecimento do conteúdo e a evolução de paradigmas na criação de saberes implica a seleção de elementos dessas áreas relativos à estrutura do saber, nos métodos de investigação, nas técnicas de trabalho, para continuar aprendendo e em diferentes linguagens. O conteúdo relevante de uma matéria é composto dos aspectos mais estáveis da mesma e daquelas capacidades necessárias para continuar tendo acesso e renovar o conhecimento adquirido (SACRISTÁN, 2000, p. 152-153).

Utilizando as imagens e informações trazidas por eles, suas pesquisas,

fotografias, imagens e fatos filmados ou gravados serão ressignificados no contexto

da aula, atendendo ao propósito de construção conjunta do conhecimento. Esse

projeto de intervenção se faz necessário para ressignificar o uso de recursos

midiáticos, entre vários o celular comumente utilizado e nem sempre para fins

educativos.

METODOLOGIA

O estudo foi desenvolvido no Colégio Estadual Vila Nova - Ensino

Fundamental e Médio do NRE - Irati – Paraná, no município de Prudentópolis. O

trabalho se alicerça nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná e no Projeto

Político Pedagógico do Colégio, bem como nas regras do Programa de

Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná. Portanto, teve:

Levantamento bibliográfico;

Organização e planejamento das atividades para trabalhar o tema;

11

Apresentação e debate do referido projeto através do GTR (Grupo de

Trabalho em Rede) com professores da área de Ciências.

Produção de uma Unidade Temática implantada no 1º semestre de 2015 que

foi desenvolvida por temas. Segue abaixo a descrição dos temas :

1º TEMA – “Tecnologia no dia a dia”

Procedimentos: A princípio foi realizada uma conversa com os alunos sobre o

uso de aparelhos eletrônicos no dia a dia de cada um e a solicitação para que

respondessem o questionário apresentado abaixo, que possui os resultados no final

deste trabalho:

Seus pais possuem celular? ( ) sim ( ) não

Seus pais usam o celular com frequência? ( ) sim ( ) não

Você tem celular? ( ) sim ( ) não

Seu celular fotografa? ( ) sim ( ) não

Você tem máquina fotográfica? ( ) sim ( ) não

É interessante utilizar o celular como recurso nas aulas de ciências? ( ) sim ( ) não

É interessante utilizar a máquina fotográfica nas aulas de ciências? ( ) sim ( ) não

Você tem computador? ( ) sim ( ) não

Você usa o computador com frequência na edição de fotos e vídeos? ( ) sim ( ) não.

Você gosta de fotografar? ( ) sim ( ) não

Que recursos do celular e máquina fotográfica, você conhece e considera importantes para utilizar nas aulas de ciências? R: 2º TEMA – “Animais Vertebrados”

Procedimentos: A conversa com os alunos foi mediada com slides e foi feita

a exposição de todas as etapas do trabalho, focando na participação de todos e no

trabalho que foi pautado na responsabilidade e comprometimento.

3º TEMA – “Passe a Bola”

Procedimentos: Nessa atividade foi realizada uma dinâmica que consistiu

em fazer um círculo com 10 alunos na sala de aula e entregar uma bola para um

aluno que deveria dizer seu nome e revelar o nome de um animal. Em seguida, o

aluno passava a bola para o aluno seguinte que deveria repetir o nome e o que

revelou o aluno anterior.

4º TEMA – “Pesquisando Vertebrados”

Procedimentos: Os alunos foram conduzidos ao laboratório de informática,

após salvar no compartilhamento público todos os textos sobre os vertebrados

disponíveis em http://www.brasilescola.com/animais/definicao-um-vertebrado.htm,

sob o título “Artigos de vertebrados”, e elaboraram um resumo e um cartão com as

principais características do animal que escolheram.

12

5º TEMA – “Confecção de cartões sobre Vertebrados”

Procedimentos: Após a confecção dos cartões com a imagem ou nome do

animal foi feita a atividade de “pergunta e resposta”. A turma foi dividida em duas

equipes e cada aluno da equipe 1 perguntou ao outro aluno da equipe 2 sobre as

categorias, Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero. Após a dinâmica os alunos

colaram num painel todos os cartões e fizeram a exposição na sala de aula.

6º TEMA – “Estudando o Peixe e o Sapo”

Procedimentos: Os alunos trouxeram para a sala de aula o animal

fotografado, transferiram as imagens para o computador e guardaram numa pasta.

Em lousa digital foi iniciada a explanação com foco nas propriedades do peixe e do

sapo abordando os outros animais trazidos também, mas, focando nas categorias

peixes e anfíbios. Após a explicação os alunos responderam em duplas diversas

questões e preencheram uma tabela.

7º TEMA – “Construção de Painel e Classificação dos animais por Categoria”

Procedimentos: Foi feita uma explanação geral focando na diversidade de

animais e suas características e foi solicitado que os alunos montassem um mural

com a diversidade de animais e classificassem quanto às categorias: réptil, peixe,

anfíbio, ave e mamíferos.

8º TEMA – “Conhecendo vários animais”

Procedimentos: Os alunos receberam um texto contendo as características

das diferentes categorias de animais: mamíferos, répteis, peixes, anfíbios e aves.

Em seguida, separados em grupos de 6 a 8 alunos para cada categoria que foi

estudada, apresentaram os textos da categoria que estudaram em uma exposição

de cerca de 10 minutos para cada equipe.

9º TEMA - “Explorando Vertebrados e Invertebrados com o uso das mídias”

Procedimentos: A apresentação dos textos iniciou do último ao primeiro. Os

alunos organizaram um vídeo ou montaram painéis com fotografias tiradas por eles.

Tiveram 10 a 15 minutos para as apresentações.

10 º TEMA- “Revelando e abordando animais fotografados pelos alunos”

Procedimentos: Aula expositiva com o uso das fotografias tiradas pelos

alunos. Em forma de slides a professora expôs cada uma dessas fotografias e falou

sobre as características gerais de cada animal. Aliado a essa exposição foi utilizado

como recurso três vídeos referentes à Classificação dos animais (Disponível em

13

https://www.youtube.com/watch?v=VxeJaBfBUAU, acessado em 04/10/2014), à

Classificação dos animais vertebrados (disponível em

https://www.youtube.com/watch?v=_BTipc8I7PU, acesso em 06/10/2014), e Animais

vertebrados e invertebrados (disponível em

https://www.youtube.com/watch?v=y8516EINIao, acessado em 05/10/2014).

11º TEMA – “Respondendo e analisando dados”

Procedimentos: Como atividade de sondagem final foram feitas 05 questões

(citadas abaixo) com o objetivo de verificar se as tecnologias contribuíram no

processo de ensino e aprendizagem e estes dados foram tabulados juntamente com

os alunos e foi feita a análise dos mesmos.

1- O trabalho como o uso da tecnologia como o celular foi produtivo para você? Sim ou Não? Justifique:

2- Você gostou da proposta de intervenção da maneira como foi desenvolvida? Sim ou não? Justifique:

3- Sentiu dificuldade em fazer uso do celular? Sim ou não? Justifique: 4- A intervenção realizada teve por objetivo principal promover o estudo

contextualizado dos vertebrados a partir do uso de tecnologias do cotidiano dos alunos visando obter ganhos no processo de ensino e aprendizagem de ciências com a turma do 7º ano vespertino do Colégio Estadual Vila Nova. Para você, o objetivo foi alcançado? Sim ou não? Justifique:

5- Escreva em poucas linhas como desenvolver um trabalho no qual se use a tecnologia nas aulas de ciências, evidenciando que tecnologia e como poderia ser utilizada:

12º TEMA – “Socializando gravações, fotografias e vídeos”

Procedimentos: Após o término das atividades propostas foi realizada a

socialização das gravações e filmagens, bem como as fotografias feitas pelos

alunos, para que visualizassem e analisassem as possibilidades e os limites de se

trabalhar com recursos como o celular e a máquina fotográfica, bem como o

computador no dia a dia escolar.

13º TEMA – “Dinâmica da Formiga”

Procedimentos: Corrida das formigas em busca de alimento. A turma foi

dividida em dois grupos que formaram duas fileiras. Trouxeram folhas de árvores e

colocaram numa caixa de sapato que ficou na frente das duas fileiras com o número

de folhas dentro da caixa equivalente ao número de alunos por fileira. Cada fileira

tinha uma caixa de sapatos vazia para que os alunos pegassem as folhas e

colocassem dentro. O primeiro aluno da frente da fileira correu com a caixa na

cabeça para buscar a folha da caixa cheia e trazer para o próximo da fileira

continuar, assim sucessivamente até que todos buscassem a sua folha. Se a caixa

14

cair, o aluno precisava juntar e continuar. Ganhou a fileira que antes trouxe todas as

folhas. O número de folhas deveria ser equivalente ao número de alunos. Após esse

trabalho, foi contado o conto da formiguinha e a neve: disponível em

http://atividadesescolaresmarciabelinha.blogspot.com.br/2010/01/cantigas-de

roda_3734.html, acesso em 10/10/2014.

Após a dinâmica foi solicitado que os alunos desenhassem uma formiga

grande na cartolina com olhos, antenas, pernas, pelos e mandíbulas. Após o

desenho os alunos foram conduzidos ao laboratório de ciências para observar uma

formiga no microscópio. Após retornar para a sala de aula classificaram os animais

da história como vertebrados ou invertebrados, diferenciando os vivos dos não vivos.

Em seguida fizeram desenhos das observações feitas na formiga por meio do

microscópio e no caderno registraram essas observações desenhando e relatando.

Após a dinâmica foi solicitado que os alunos desenhassem uma formiga grande na

cartolina com olhos, antenas, pernas, pelos e mandíbulas.

14º TEMA – “Avaliação escrita e individual”

Procedimentos: A avaliação final foi realizada com questões pontuais sobre

os animais e suas características, focando os vertebrados. Em seguida após a

avaliação, foi realizado jogo sobre vertebrados e um coquetel com uma dinâmica

que favoreceu a solidariedade entre os alunos e a socialização.

DISCUSSÃO E RESULTADOS

O projeto de intervenção pedagógica desenvolvido buscou promover o estudo

contextualizado dos vertebrados a partir do uso de tecnologias e os dados foram

coletados a partir de observações em sala de aula durante abordagem dos temas,

conversa com alunos e desempenho em questionários. A análise foi realizada

levando em consideração o desempenho dos alunos no pré-teste, pós-teste e

durante o desenvolvimento das temáticas.

Primeiramente, os alunos foram questionados se “devemos ou não usar o

celular em sala de aula?”.

As respostas de 34 alunos foram “sim”, pois a maior parte pensava que

iriamos apenas jogar ou visualizar qualquer coisa, sem que fosse voltado para fins

de estudo.

15

No pós-teste os alunos já não foram unanimes com suas respostas, pois dos

34 alunos participantes 27 responderam que o trabalho foi interessante e inovador, 7

alunos acharam chato pois gostariam de ficar apenas jogando e entrando nas redes

sócias. As respostas dadas pelos alunos podem ser sintetizadas nas seguintes

frases. “Considero importante para fazer pesquisa na internet e fotografar”; “Não

considero importante, achei chato, pois pensava que iríamos apenas jogar”; “É

importante para fazer pesquisa, vídeos, filmar e fotografar”; “Não sei, gosto de usar

apenas para jogar”; “Não gosto das aulas de ciências, mas foi interessante usar o

celular para pesquisar e fotografar.”

Os resultados mostram que o trabalho sendo bem conduzido e voltado para

fins didáticos leva os alunos a mudaram suas concepções quanto à utilidade das

mídias.

No tema “Passe a Bola” foi observado que os alunos ficaram motivados em

realizar a referida dinâmica, pois compartilharam o nome de um animal vertebrado e

deveriam estar atentos para não repetir o nome do mesmo animal. Constatou-se que

o objetivo desta atividade foi parcialmente atingido, devido à falta de atenção de

alguns alunos e maior comprometimento de outros. No sentido de obter mais dados,

procurou-se conversar com os alunos, onde a grande maioria afirmou que gostou da

dinâmica. Relataram que: “a atividade foi legal”; “gravei o nome de vários animais”;

“consegui decorar o nome de meus colegas”; “tinhamos que estar prestando atenção

para não repetir o nome do animal”. Em percentuais, 67% dos alunos gostaram da

atividade. Sendo que 33% demonstraram desinteresse e falta de atenção. Segundo

suas falas isso gerou confusão no desenvolvimento da atividade.

Essas afirmações e análises críticas realizadas pelos próprios alunos e um

momento muito importante de aprendizagem e revelam aspectos positivos da

proposta.

No tema “Pesquisando os Vertebrados” foi desenvolvido no laboratório de

informática do colégio. Os alunos formaram duplas para que pudessem utilizar todos

ao mesmo tempo os computadores e alunos que possuíam celulares foram

autorizados pela direção para utilizar. Os educandos relataram que foi interessante

estudar dessa maneira, usando o celular e o computador para pesquisar e não

apenas para jogar. Segue os comentários de alguns alunos: “que interessante

professora pesquisar os animais usando o celular “; “como é bom fazer pesquisas no

16

laboratório “; “a professora e o professor de mídias nos ajudaram muito”; “foi muito

legal estudar dessa forma”; “foi massa né professora usar o celular na sala de aula”.

Em percentuais 97% dos alunos gostaram de trabalhar dessa maneira 3% dos

alunos não se envolveram, pois queriam ficar apenas jogando no celular ou nos

computadores.

Sendo assim, as mídias usadas para fins de pesquisa proporcionam ao aluno

maior motivação e gosto pelo conteúdo abordado.

Quando foi trabalhado o tema “Confeccionando Cartões”, os alunos

comentaram: “nós participamos do processo de construção e desenvolvimento do

conteúdo”; “que fotografando nossos animais em casa ou de nossos vizinhos nossos

pais puderam perceber que estávamos fazendo uma aula diferente e que estávamos

comprometidos com o trabalho que estava sendo desenvolvido pela professora”;

Diante das afirmações, percebe-se que aulas mais dinâmicas e inovadoras

despertam o interesse do aluno pelo conteúdo e extrapolam os limites da sala de

aula.

No tema “Estudando o Peixe e o Sapo” os alunos voltaram a utilizar o livro

didático e os textos pesquisados como material de pesquisa. Sendo que 96%

realizaram as atividades propostas e 4% não realizaram. De acordo com alguns

comentários “foi bom professora voltar usar o livro para realizar a atividade”; “não

tivemos dificuldade em realizar”; “foi legal observar os peixinhos do aquário do

colégio”. Perceberam através dessa atividade a importância de participar das aulas

para desenvolver um bom trabalho e de entender as novas formas e métodos de

explicar os conteúdos, melhorando à interação entre aluno/aluno e aluno/professor.

No tema “Construção de um painel” os alunos coletaram todos os cartões

confeccionados e montaram um mural. Segundo os relatos coletados as afirmações

da grande maioria se aproximam das seguintes: “todos nós precisamos participar”;

“o mural só ficará completo se cada um classificar seu animal”; “devemos trabalhar

em conjunto para facilitar o trabalho de montar o mural“; “façam vocês pois, não

gostei dessa forma”.

Verificou-se que essa atividade proporcionou ao educando maior

compromisso/responsabilidade com relação à confecção, desenvolvimento e entrega

17

das atividades. Também cabe ressaltar a capacidade de trabalho em grupo,

liderança e a criatividade.

No tema seguinte “Conhecendo Vários Animais” os educandos apresentaram

e explanaram aos demais alunos o resultado de seus trabalhos. Eles vivenciaram a

experiência de falar para os colegas e segundo suas afirmações: “perdi o medo de

falar, consegui explicar”; “através de trabalho com este sei que preciso me comportar

nas aulas ,pois é difícil querer falar quando não prestam atenção”.

Esse tema proporcionou e permitiu a socialização dos conteúdos, o

envolvimento e também exigiu dedicação por parte de todos os envolvidos. Este

ambiente que se criou ou melhor, estre clima de sala de aula, permitiu ganhos de

aprendizagem nos mais diversos aspectos como: saber se expressar, organizar

ideias, tomar atitudes, se impor diante do público.

No tema “Revelando e abordando animais fotografados pelos alunos” os

educandos realizaram uma grande revisão dos temas trabalhados. Eles perceberam

que através de suas fotos e imagens utilizando celular, máquina fotográfica e

computador, as mídias contribuem para melhorar a qualidade das aulas. Através da

revisão os alunos visualizaram o trabalho realizado por eles. Sendo que teceram os

seguintes comentários: “olha aquelas imagens fui eu que fotografei”; “olha o nossa

apresentação à professora filmou”; “como foi legal fazer essas atividades”; tive a

oportunidade de fotografar os animais de nosso sítio”; “ até o meu cavalo participou

e estudei sobre ele, foi bem legal”

Através do tema “Respondendo e analisando dados” foi realizada uma

sondagem final com perguntas descritivas com o objetivo de verificar se as

tecnologias contribuíram ou não no processo de ensino e aprendizagem. Percebeu-

se que 90% dos alunos responderam sim e suas respostas mais comuns foram: ”foi

diferente usar o celular para fotografar, fazer pesquisa, produzir vídeos e não só para

jogar”; Foi bem diferente “;”De usar o celular não tive dificuldades, mas de usar o

computador sim”; “Tivemos ajuda da professora do projeto de mídias, foi bem legal”;

Porque a professora utilizou várias formas de explicar a matéria” . Também teve um

percentual de 10% dos alunos que responderam não, suas respostas podem ser

18

sintetizadas na seguinte fala: ”Não. Queria ficar apenas jogando e não queria fazer

as atividades”;

As afirmações e as reações dos alunos em sala revelam que as novas

tecnologias proporcionam ao educando maior motivação para desenvolver as

atividades propostas levando a ganhos de aprendizagem.

De acordo com o tema “Socializando gravações, fotografias e vídeos” foi

realizada a socialização das gravações e filmagens, bem como as fotografias feitas

pelos alunos durante o desenvolvimento do trabalho. Através dessa dinâmica os

alunos visualizaram e analisaram as diversas possibilidades de uso dos recursos

como o celular, máquina fotográfica e o computador no dia a dia escolar. Eles

relatam pontos positivos como: “foi uma forma diferente de estudar”; “pudemos filmar

e fotografar nossos animais”; “ a professora utilizou várias mídias para desenvolver o

conteúdo”.

Estas falas mostram que os alunos percebem quando o professor busca

inovar a abordagem dos conteúdos, isso também desperta neles o gosto pela

aprendizagem servindo de motivação.

Quanto ao tema “Dinâmica da formiga” os alunos puderam participar de forma

prática e aplicar sua criatividade através do ato de desenhar ou cantar. Além disso,

perceberam que todos os animais são de suma importância no ambiente onde

vivem. Que todos os seres são importantes e não se deve comprometê-los com

ações humanas que permitam a destruição, tanto dos animais quanto do seu habitat.

O trabalho em equipe foi o ponto positivo para o desenvolvimento desse tema.

Trabalhar em conjunto significa que todos possuem uma função e em conjunto

conseguem realizar várias coisas. Concluíram e comentaram que “trabalhar em

grupo é legal”; “ professora como é bom fazer brincadeiras assim”; “como nós temos

talento né professora”; “bagunçamos um pouco professora mas, nós fazemos”;

“como a senhora é legal”. Em percentuais, 97% gostaram e participaram das

atividades, apenas 3% não gostaram dizendo que não eram crianças para cantar a

música da formiguinha.

Com a implementação da intervenção pedagógica na escola e através da

realização das atividades os alunos puderam construir seu conhecimento dentro dos

19

conteúdos propostos e desta forma criando as condições para que a aprendizagem

ocorra.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do objetivo proposto e dos dados obtidos podemos tecer algumas

considerações relativas ao estudo realizado.

Pode-se verificar um grande interesse por parte dos alunos e um grande

envolvimento na implementação das atividades bem como alguns obstáculos e um

pouco de dificuldade em compreender como fazer a utilização dos celulares com

intuito pedagógico.

Neste sentido, a aplicabilidade do projeto possibilitou a verificação de como é

importante trabalhar com materiais que já estão inseridos no contexto do aluno,

como as mídias e tecnologias, no entanto, é fundamental orientá-los e impor certos

limites e objetivos ao utilizarem essas mídias, como o celular, por exemplo, no

sentido de que façam o uso de maneira correta e bem direcionada para que este uso

possa contribuir no processo de ensino aprendizagem.

Através deste trabalho conclui-se que as tecnologias usadas com fim

educacional / pedagógico ampliam as possibilidades de o professor ensinar e o

aluno aprender. Quando utilizada com significado e critério, a tecnologia pode

contribuir para a produção do conhecimento e a melhoria do processo ensino -

aprendizagem. O professor precisa buscar conhecer e estar consciente de que a

adoção de tecnologias da informação e da comunicação na área educacional tem

reflexos na sua prática docente e nos processos de aprendizagem, conduzindo para

a apropriação de conhecimentos.

Ao final da implementação do projeto ficou claro que os objetivos propostos

foram alcançados, pois foi observado que o trabalho com mídias facilita a

compreensão de conceitos de Ciências, desperta a atenção o gostoso dos alunos

pela aprendizagem dos conteúdos abordados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2002.

20

AZEVEDO, Fernando de. A Cultura Brasileira: introdução ao estudo da cultura no Brasil. Tomo III: A transmissão da cultura. 3ª edição revista e ampliada. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1958, pág. 69-71. __________. Cultura Brasileira. Rio de Janeiro, Editora EFRJ/UNB, 6ª edição, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino médio. Bases legais/ Ministério da Educação- Brasília: Ministério da Educação/ Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 1999. DCEs - Diretrizes Curriculares Estaduais de Ciências, 2008. Disponível emhttp://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/dce_cien.pdf, acessado em 21/03/2014. EDWARDS, Carolyn et al (org.) As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emília na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artmed, 1999. ESTEVE, J. M. A terceira revolução educacional: a educação na sociedade do conhecimento. {tradução Cristina Antunes}. São Paulo: Moderna, 2004.- (Coleção educação em pauta). ECA - LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm, acessado em 10/06/2014. GADOTTI, Moacir, 1985. História das Ideias Pedagógicas. São Paulo: Ática, 2002. _________. História das ideias pedagógicas. 8ª ed. São Paulo: Ática, 2004. GONÇALVES, R. A. (org.) Luzes e Sombras sobre a Colônia – Educação e Casamento na São Paulo do século XVIII. Nº 3. São Paulo: Humanitas Publicações FFLCH/USP-Departamento de História, 1998. LDB - LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm, acessado em 08/06/2014. MACEDO, E. F. de; LOPES, A. C. A estabilidade do currículo disciplinar: o caso das ciências. In: LOPES, A. C; MACEDO, E. (Org.) Disciplinas e integração curricular: história e políticas. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, p. 73 - 94. MARANDINO, M. A pesquisa educacional e a produção de saberes nos museus. (161-181), 2005. MERCADO, L.P.L. (2000). „Novas tecnologias na educação: novos cenários de aprendizagem e formação de professores’. In: OLIVEIRA, M. Reflexões sobre conhecimentos e Educação. Maceió: EDUFAL. MÉSZÁROS. István. O desafio e o fardo do tempo histórico. São Paulo: Bomtempo, 2007.

21

MORAN, J. M. (2000). Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus. NOVAIS, Fernando A. Estrutura e dinâmica do artigo sistema colonial (séc. XVI – XVIII). 2º ed.; São Paulo brasiliense. 1975 (cadernos CEBRAP s: 17), 47p. RAMOS, M. N. A contextualização no currículo de ensino médio: a necessidade da crítica na construção do saber científico. São Paulo: Mimeo, 2004. RIBEIRO, Maria Luísa Santos. História da educação brasileira: a organização escolar. 15. ed. Campinas: Autores Associados, 1998. SACRISTÁN, J. Gimeno. Consciência e ação sobre a prática como libertação profissional dos professores, p.63-92. In NÓVOA, Antônio (Org.) Profissão Professor. Tradutores: Irene Lima Mendes, Regina Correia e Luisa Santos Gil. Porto, Portugal: Porto Editora LDA, 1995. __________.O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artmed, 2000. SILVA, Tomaz Tadeu. Currículo e Identidade Social: Territórios Contestados. In. SILVA, Tomaz Tadeu (Org.). Alienígenas na sala de aula: uma introdução aos estudos culturais em educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. Significado de Pacto Colonial. Disponível em http://www.dicionarioinformal.com.br/pacto%20colonial/. Acessado em 12/06/2014. TEIXEIRA, A. Educação é um direito. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.