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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · novo desafio que possibilita desencadear nos educandos, por meio da vivência ... as chamadas pinturas na caverna. A sociedade

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

ARTE MURALISTA: OLHAR ALÉM DO VER1

Liane Inês Finger Pletsch2

RESUMO

Este artigo apresenta o processo de desenvolvimento e os principais resultados do Projeto de Intervenção Pedagógica no ensino de arte, realizado no Colégio Estadual Carlos Drummond de Andrade, nos anos de 2013 e 2014, no munícipio de Foz do Iguaçu. A investigação teórico-prática se deu em decorrência do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Educação do Estado do Paraná, cujo objetivo foi a busca pela formação continuada do professor, contribuindo para a melhoria do ensino de modo contextualizado, por meio da elaboração de uma produção didático-pedagógica e da implementação de uma Intervenção Pedagógica. O tema escolhido foi a arte muralista, enquanto elemento de formação da educação dos sujeitos em relação à sensibilização pela arte. A arte muralista tem como característica a representação de fatos e de opiniões sociais realizados em espaços públicos. O surgimento dessa linguagem de arte é consequência da necessidade de levar a arte para a rua, deixando de ser um privilégio das classes dominantes, que têm acesso às galerias de arte. No Paraná, o artista que se destacou na realização de muralismo foi Poty Lazzarotto, um curitibano que se dedicou a levar a arte para o povo através do mural. No entanto, a abordagem apresentada não se limita só à contemplação da arte produzida, mas também se volta para o conhecimento da linguagem de arte que pode levar aos educandos a produção artística, por meio da representação de temas sociais, apresentados nos muros.

Palavras-chave: Intervenção pedagógica; Arte Muralista; Ensino de arte.

1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa teórico-prática foi realizada no Programa de Desenvolvimento

Estadual (PDE), da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Paraná, nos

anos de 2013 e 2014. O objetivo do PDE é proporcionar aos professores da rede

pública estadual subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações

educacionais sistematizadas. O resultado é a produção de conhecimento que busca

mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense, a partir da

1 Pesquisa realizada no Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Educação do

Estado do Paraná, sob orientação da Profª Desirée Paschoal de Melo (DEART-UNICENTRO) 2 Profª Liane Inês Finger Pletsch, licenciatura plena em Artes Plásticas pela Universidade do Oeste

Paulista (UNOESTE), 1999. e-mail:[email protected]

identificação de problemas percebidos pelos professores em suas práticas

pedagógicas e a investigação de alternativas de superação.

Desta forma, a partir do desafio de se investigar as reais necessidades de

enfrentamento de problemas existentes na escola de Educação Básica, no contexto

do professor-pesquisador, foi definida a proposta de se questionar ao aluno a

proximidade da arte e vida, por meio da arte muralista de Poty Lazzarotto, presente

na cidade de Foz do Iguaçu, no entanto, desconhecida por grande parte dos alunos.

O objetivo foi problematizar as seguintes questões: O que acontece fora dos

espaços institucionais como museus e galerias, denominados como arte pública?

Como a arte muralista pode aproximar o educando de uma experiência estética

significativa e contribuir para construir um sujeito crítico e reflexivo?

A partir dessas reflexões foi iniciado um aprofundamento teórico e

metodológico que investigou as possibilidades da arte muralista em promover a

vivência estética, por meio do processo de criação de um projeto artístico, que

incentivasse o conhecimento desta linguagem artística, bem como, estimulasse os

alunos a interpretarem situações do cotidiano envolvendo esse tipo de arte.

O objetivo foi planejar e elaborar uma produção didático-pedagógica e

implementar uma Intervenção Pedagógica que abordasse a arte muralista como

novo desafio que possibilita desencadear nos educandos, por meio da vivência

estética, a percepção do mundo que está em sua volta, estabelecendo uma conexão

da sua função social na sociedade e a reflexão sobre quais significados podemos

lhe atribuir.

Desde a pré-história, o ser humano sempre sentiu a necessidade de

expressar seus sentimentos, de se comunicar com o outro; a partir daí que surgiram

as primeiras formas de expressão nos “muros”, as chamadas pinturas na caverna. A

sociedade evoluiu, porém, ainda nos surpreendemos com as expressões murais.

Esse estudo proporcionou também conhecimento sobre os artistas

paranaenses como Poty Lazarotto3 e Adoaldo Lenzi4, que trabalham com a arte

muralista. Assim, o educando passa a ver a arte por outro prisma, analisando as

imagens e vendo como é possível realizar novas criações e dar “voz” as suas ideias

3 Obras de Poty Lazarotto, ano 2010. Disponível em:

http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=6322. Acesso em 05/11/2014 4 Obras de Adoaldo Lenzi. Disponível em: http://www.lenzi.art.br/seja-bem-vindo-ao-site-do-artista-

plastico-adoaldo-lenzi

e valores através dessa linguagem.

A arte muralista proporciona para o público acesso à “arte pública”, uma vez

que o acesso aos museus é difícil para boa parte dos cidadãos, isso devido a muitos

aspectos, entre eles os fatores econômicos, políticos, culturais, etc. Por conseguinte,

a pintura mural leva a arte para a esfera pública, onde muitas vezes os espaços

urbanos tornam-se verdadeiros museus a céu aberto.

A partir da pesquisa teórico-prática, os alunos investigaram a arte muralista

com outros olhos, a partir da observação, discussão, vivência estética e formação de

conhecimento sobre a importância da arte mural em nosso meio.

É por meio da arte que o professor tem a possibilidade de estimular e instigar

o aluno, promovendo mudanças na sua realidade dentro do ambiente escolar e

levando-o ao prazer na busca do conhecer. Com isso, o professor se torna um

mediador do conhecimento e da descoberta, provocando a sensibilidade artística do

aluno, tornando-o capaz de perceber e expressar sua criatividade, interagindo com

novas maneiras de obter e ampliar seu universo cultural.

Na concepção de Fischer (2002, p.170) “Novas maneiras de ver e de ouvir

não são apenas resultado de aperfeiçoamentos e refinamentos na percepção

sensorial, mas também uma decorrência de novas realidades sociais”, essas novas

maneiras de ver é que o professor deve demonstrar ao educando na esfera da arte.

A pintura mural ou parietal é uma arte pictórica cujos artistas usam os muros e

fachadas de prédios, ao invés de pintar em telas. Esta linguagem de arte está

profundamente vinculada a arquitetura, pois é uma arte realizada nas ruas das

cidades que se transformam em galerias de arte. Esse meio de expressão é

emergente não apenas pela dificuldade dos artistas participarem de exposições em

galerias e museus institucionais, mas na maioria das vezes é uma opção do artista,

porque é nas ruas que ele conseguirá que sua arte seja percebida por todos os

públicos.

Poty Lazarotto, artista paranaense, deixou sua expressão através do

muralismo por várias cidades do Brasil e também em outros países. Poty tem uma

forma simples de detalhar todo um enredo através de uma representação visual,

elemento fundamental para aguçar a imaginação do público ao perceber tais obras.

Para contemplar a complexidade do tema, na produção do material didático-

pedagógico e na implementação da intervenção pedagógica, foi adotada como

referência metodológica o escrito de Ana Mae Barbosa (2008) que afirma:

A construção do conhecimento em arte, acontece quando há a interseção da experimentação com a codificação e com a informação, considerando-se como objeto de conhecimento dessa concepção, a pesquisa e a compreensão da questão que envolve o modo de inter-relacionamento entre arte e público, propondo-se que a composição do programa de ensino de arte seja elaborada a partir de três ações básicas que executamos quando nos relacionamos com a arte. Ler a obra de arte, fazer arte e contextualizar (BARBOSA, 2008).

Essas ações quando levadas para a prática pedagógica poderão despertar no

educando a criticidade das diferentes linguagens artísticas.

Concomitante a implementação da intervenção pedagógica na escola, houve

discussões acerca da proposta e sua aplicabilidade em um Grupo de Trabalho em

Rede (GTR), com professores da rede pública de ensino do Paraná. As discussões

trouxeram grandes contribuições para a melhoria do tema e ainda serviram de

exemplo para a revisão de planos de aula.

Este artigo tem como preocupação apresentar o desenvolvimento e os

principais resultados desta pesquisa teórico-prática e, na intenção de tornar o texto

mais claro para o leitor, a estrutura desse artigo está organizada em três partes. A

primeira parte apresenta os principais apontamentos que contribuíram para a

reflexão do problema, para a definição da produção didático-pedagógica e para a

implementação da intervenção pedagógica. A segunda parte apresenta de modo

objetivo e sintético a descrição e análise do desenvolvimento da produção didático-

pedagógica e da implementação da intervenção pedagógica. A última parte

apresenta os resultados pertinentes as ações realizadas e analisadas.

2. ARTE MURALISTA

O ser humano sempre procurou representar a realidade em que vive pessoas,

objetos, animais e elementos da natureza através da arte. A Arte não só reflete a

realidade em sua aparência, mas também a traduz. A concepção de arte enquanto

criação ou trabalho criador não exclui as outras duas vertentes das teorias críticas

que são: arte como ideologia e como forma de conhecimento, sendo que as mesmas

se constituem em fundamento teórico das DCEs de Arte e norteadoras para a

organização desta disciplina.

O ensino de Arte deve basear-se num processo de reflexão sobre a finalidade da Educação, os objetivos específicos dessa disciplina e a coerência entre tais objetivos, os conteúdos programados (os aspectos teóricos) e a metodologia proposta. Pretende-se que os alunos adquiram conhecimentos sobre a diversidade de pensamento e de criação artística para expandir sua capacidade de criação e desenvolver o pensamento crítico. (DCEs,2008,p.52)

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O valor social da arte mural, tema central desse estudo, visa demonstrar sua

importância, já que ao longo da História, ela tem sido utilizada pelo homem como

forma de linguagem e de expressão. Isso tem se dado pelos motivos mais diversos,

inclusive para a sensibilização e mobilização do público em torno de ideais

filosóficos, políticos e sociais.

Sendo assim, a arte inserida na escola de uma forma especial e

fundamentada de conhecimentos, pode contribuir para o desenvolvimento do

educando, para sua plena formação, como sujeito crítico e autônomo, mais liberto e

apto a entender o mundo de forma proativa. Promovendo assim uma articulação de

saberes e permitindo ter uma visão mais integrada do mundo em que vive,

promovendo na escola a interdisciplinaridade, levando o aluno a expressar seus

sentimentos e opiniões de forma apropriada.

A partir do momento que o aluno começa a valorizar sua cidade isso faz que

ele valorize mais o ambiente escolar, modificando suas ações, passando a acreditar

que a arte muralista tem seu valor, seu significado e que seus conteúdos favorecem

o senso crítico e faz uma compreensão mais precisa do ser humano e da sua

história.

A arte amplia a visão de mundo e permite ao aluno ter vínculos com diferentes

contextos. Essas atividades proporcionam aos educandos um novo olhar sobre os

muros que os cercam, despertando para o senso critico, e de alguma forma também

a vontade de se expressar através da arte. Por conseguinte, contemplar sua própria

arte todos os dias, pondo em prática a teoria.

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná de Arte

(2008) harmonizam-se com a teoria da prática de atividades relacionadas à criação.

Criar é fazer existir algo inédito, um objeto novo que expressa o sujeito criador e, simultaneamente, o transcede, enquanto objeto portador de um conteúdo de cunho social e histórico e

³ DCEs: Diretrizes Curriculares Educação Básica do Paraná, disciplina de Arte. SEED - Secretaria

Estadual do Paraná, 2008.

enquanto objeto concreto, como uma nova realidade social. (PEIXOTO, 2003, p.39. In: Diretrizes, 2008, p. 23).

Assim, busca-se resgatar a importância da disciplina de Arte na formação do

cidadão consciente, crítico e criativo, capaz de expressar suas ideias e sentimentos

através da arte.

Com todas essas colocações, de como desenvolver a arte na escola e

despertar o interesse no educando, a arte possibilita ainda reflexões e interpretações

referente às culturas. Desta forma, também é um consenso expresso na concepção

dos estudiosos a seguir:

É preciso perceber e analisar de que maneira as inter-relações artísticas e estéticas vêm ocorrendo ao longo do processo histórico social da humanidade. Além disso, é preciso verificar como tais relações culturais mobilizam valores, concepção de mundo, de ser humano, de gosto e de grupo social. (FERRAZ & FUSARI, 2004, p.18).

As propostas pedagógicas, professores e o sistema educacional em geral

buscam tornar viável a estruturação de uma percepção que conduz o aluno a

adquirir consciência crítica ativa e exigente em relação à realidade humana e social,

na busca de compreender os reflexos dessa realidade por meio da arte.

Para Ana Mãe, (2008, p.72) ao tecer uma diferenciação entre olhar e ver,

alguns teóricos e artistas ressaltam que começamos olhando para depois

chegarmos ao ato de ver. Em geral, olha-se sem ver.

O professor de arte deve construir esses significados de posse dos

conhecimentos que são adquiridos com um processo de alfabetização visual,

despertando assim, o gosto em ver, olhar, observar, criticar e criar. Muitas vezes, não

observamos os muros, parques e praças, e a arte pública, ao céu aberto, passa

despercebida.

Andando pelas ruas das cidades brasileiras, encontramos rabiscos, letras,

desenhos e pinturas feitas sobre os muros de casas, edifícios comerciais, igrejas e

prédios públicos. Em meio a tanta informação visual, começaram a surgir desenhos

e pinturas bastante originais. Elaborados, variando estilos, essas espontâneas

expressões dos artistas, muitas vezes anônimos, é chamado de grafite e vêm se

tornando uma linguagem artística que democratiza a arte. O fato de estarem nas

ruas para todo mundo apreciar, faz com que desafiem a análise dos que buscam

questionar, compreender e comentar os centros urbanos contemporâneos. Contudo,

a pintura mural tem raízes no instinto primitivo dos povos que adornam seus

ambientes, usando a superfície das paredes para expressar ideias, emoções e

crenças. Entre os povos mesopotâmicos, egípcios e cretenses, os murais eram

empregados para ornar palácios e monumentos funerários.

Para encontrarmos esta arte é simples, é só observarmos muros, parques,

praças etc. Muitas vezes, com o corre-corre da vida, passa despercebido, não

apreciamos, nem notamos esses verdadeiros museus a céu aberto, tal proposta é

proporcionar ao público uma maneira de contemplar as obras de artes nas cidades,

e refletir um pouco sobre seu significado.

Essa arte comunicativa, que se manifesta a céu aberto, uma arte popular que

está ao alcance de todos, auxilia as pessoas a aumentar sua percepção estética e

cultural, interagindo com o outro através da sua expressão artística.

Poty Lazarotto, artista analisado nessa pesquisa, é paranaense, deixou sua

expressão através do muralismo por várias cidades no Brasil e, também, em outros

países. Poty tem uma forma simples de detalhar um enredo através de uma obra de

arte, o que aguça nossa imaginação ao visualizar tais obras. Observando as

algumas ruas do Brasil, principalmente no Paraná, é possível se deparar com obras

do muralismo, em sua maioria assinadas por Poty Lazzarotto, filho de italiano,

Napoleon Potyguara Lazzarotto, conhecido como simplesmente Poty. Nasceu em

1924 na cidade de Curitiba, no Paraná.

Poty estudou litografia em Paris e lecionou em escolas de artes na Bahia,

Recife e Curitiba. No decorrer de sua vida trabalhou principalmente com desenhos,

murais, serigrafia e litografia, também ilustrou livros de Jorge Amado, Graciliano

Ramos, Euclides da Cunha, Machado de Assis, Guimarães Rosa e Gilberto Freire. O

mestre muralista, faleceu de câncer no pulmão, em 1998, na capital paranaense.

Essa pesquisa teórico-prática teve como principal elemento de análise um dos

painéis de Poty, intitulado “Barrageiro”, exposto em um ponto turístico visitado por

milhares de pessoas todos os anos na cidade de Foz do Iguaçu, Paraná. O painel

“Barrageiro” simboliza a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, obra que

homenageia em especial os trabalhadores da gigantesca usina. A obra de arte

impressiona, tem 180 metros quadrados e está em frente ao Mirante Central, de

onde se pode ter a melhor visão da monumental barragem. Constitui-se em mais um

atrativo para quem aprecia a arte.

No âmbito da proposta, vale ressaltar as particularidades da cidade de Foz do

Iguaçu em relação à arte muralista, sendo também importante para o educando

perceber o seu entorno. Foz do Iguaçu é uma das cidades que compõem a Tríplice

fronteira, lugar que reúne muitos pontos turísticos, belezas naturais e obras

conhecidas no mundo, como a Usina Hidrelétrica Itaipu e a Ponte da Amizade. Por

ser um lugar de inúmeras culturas e etnias, as manifestações artísticas dialogam de

maneira harmoniosa.

Em se tratando de arte muralista, é possível observar pelas ruas da cidade

fronteiriça muros que exibem alguns exemplos dessa arte. No viaduto da Avenida JK

com Tancredo Neves há um exemplo dessa linguagem, muitos transeuntes param

seu percurso para observá-la. As pinturas preenchem os grandes muros e

impressionam os olhares de quem passa por ali no dia a dia, bem como são alvos

das lentes fotográficas dos atentos turistas.

Em outros pontos da cidade, percebem-se os desdobramentos da arte

muralista na contemporaneidade, pinturas em forma de grafite e outros estilos, em

conformidade com um tradicional pensamento, expresso na cultura popular, mas que

se mantém atualizada, reforçando a ideia de que a “A arte não pode estar dissociada

da vida, e vice versa”.

Após o aprofundamento teórico e metodológico, foi possível planejar uma

produção didático-pedagógica intervindo através da implementação no contexto

escolar. A preocupação é promover o desenvolvimento da formação do educando

incentivando sua criticidade às contradições sociais, políticas e econômicas

presentes na estrutura da sociedade contemporânea, permitindo a compreensão da

produção científica e da reflexão filosófica a respeito do contexto que a constitui. A

seguir, apresentaremos a descrição e análise desta proposta.

3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA PROPOSTA

3.1 A Produção didático-pedagógica

A unidade didática foi organizada, enquanto estratégia metodológica, com a

apresentação de uma proposta de intervenção pedagógica que abordou a arte

muralista como tema, na intenção de incentivar a aproximação do educando a uma

experiência estética significativa, e, desta forma, contribuir na construção de um

sujeito crítico e reflexivo.

A unidade didática aponta as possibilidades da arte muralista enquanto

elemento de formação da educação dos sujeitos em relação à arte. A arte muralista

tem como características a reprodução de fatos e de opiniões sociais, assim a

unidade teve como direcionamento principal desenvolver a análise da arte muralista

enquanto princípio de arte popular, direcionada à população em geral.

A unidade didática foi organizada em três módulos a serem desenvolvidos

com os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, teve a finalidade organizar o

trabalho de forma a tornar possível a construção de conhecimentos sobre a arte

muralista a partir da análise da biografia e obras do artista paranaense Poty

Lazzarotto e da formação de conceitos sobre a finalidade social do muralismo, uma

vez que os muros, neste caso, são instrumentos de comunicação com o público,

aferindo à arte uma conotação social e política.

As obras de Poty servem como base de análise para a produção muralista.

Os alunos são estimulados a pesquisar sobre o referido tema (mural) e sua relação

ao longo da história da arte.

O primeiro módulo conceitua o muralismo, apresenta Poty Lazzarotto e

analisa sua obra, o segundo módulo fundamenta a arte muralista e conceitua as

partes que a compõem, identificando os muros e paredes como instrumentos da

arte, mas também como elemento de comunicação social da arte. Enfim, o terceiro

módulo desenvolve técnicas e realiza um mural artístico com os alunos

Ao propor a utilização da Unidade Didática, organizado em torno da arte

muralista nas aulas de arte, pretendemos instigar, provocar e estimular o aluno

promovendo mudanças dentro e fora do ambiente escolar, levando ao prazer na

busca do conhecer e, neste instante, o professor se torna um mediador do

conhecimento e da descoberta provocando a sensibilidade artística do aluno,

tornando-o capaz de expressar sua criatividade, sua expressividade e buscar novas

maneiras de obter e ampliar seu universo cultural.

A arte muralista contribui para que os alunos entendam e compreendam a

proximidade da arte histórica social, aliada ao cotidiano do aluno, que de certa forma

possibilita uma análise de que esta arte não está tão distante do seu dia-a-dia.

Para Ana Mae Barbosa, a construção do conhecimento em arte acontece

quando há a interseção da experimentação com a codificação e com a informação.

Com a produção desse trabalho busca-se a descoberta o despertar a capacidade

critica do aluno, colocando em prática alguns pressupostos da metodologia do

ensino da arte.

Assim esta Unidade Didática, poderá ser utilizada por outros professores da

rede estadual de Ensino do Paraná (SEED) como uma eficaz ferramenta

pedagógica.

3.2 A implementação do projeto de intervenção pedagógica

Para o desenvolvimento das atividades planejadas na unidade didática,

fizemos uso do laboratório do colégio para realizarmos as pesquisas acerca das

obras de Poty Lazarotto, acessando links da SEED. Assim, com o objetivo de

despertar o interesse nos educandos em conhecer mais a respeito desse tipo de

arte. Através da pesquisa se tornou mais fácil conhecer e compreender a vida e

obra do artista Poty Lazarotto, bem como, localizar a obra “Barrageiro”, em Foz do

Iguaçu e outro painel intitulado “Mural em homenagem aos pioneiros da cidade

Santa Terezinha de Itaipu”6, localizado em Santa Terezinha de Itaipu e “Mural que

retrata a história do município Santa Helena”, em Santa Helena, municípios

paranaenses.

Após essa importante pesquisa, os educandos produziram poesias

direcionadas ao conteúdo dos painéis. Explorando detalhes e aspectos do painel

através do encantamento dos versos, expondo as cores, as formas e o valor social

das obras para suas referidas cidades.

Em seguida, oportunizamos aos educandos conhecerem mais sobre a arte

muralista assistindo a um vídeo sobre “A importância da arte muralista dentro do

circuito Arte”, os pintores com mais destaque no Brasil e no mundo, dando ênfase as

obras de Cândido Portinari, como sendo o principal iniciante do muralismo no Brasil.

Após os alunos terem assistido o vídeo sugerido na Unidade, fizemos um breve

debate (comentários) sobre muralismo, uma forma de Arte pública que se encontra

em todos os cantos do mundo desde os tempos mais remotos até os dias atuais.

Passando por diversas fases conforme os acontecimentos sociais, políticos,

6 Mural em homenagem aos pioneiros da cidade de Santa Terezinha de Itaipu-

http://www.stitaipu.pr.gov.br/turismo/mural.html

econômicos dependendo do período e do autor que a registrou. Podendo ser em

forma de afresco ( feito sobre argamassa ainda fresca), mural ou grafite.

Na sequência organizamos um passeio até a Usina Hidrelétrica de Itaipu para

observar a obra de Poty, que serviu como base para análise e estudo da arte

muralista. A obra escolhida para o desenvolvimento do projeto é o painel

“Barrageiro” (Fig.01) que se encontra localizado em frente ao Mirante Central da

Usina de Itaipu em Foz do Iguaçu.

Figura 01: Painel “Barrageiro” Fonte: Fotografia registrada pela autora (2014)

O painel "Barrageiro" de Poty Lazarotto e Adoaldo Lenzi, exposto na Itaipu

Binacional de Foz do Iguaçu, é uma homenagem às pessoas que trabalham na

usina hidrelétrica de Itaipu.

Com essa visita também aproveitamos para fazer juntamente com os

educandos algumas observações acerca da pintura mural, por exemplo, o emprego

das cores, das formas, das linhas, das texturas e o tratamento temático, o que pode

alterar radicalmente a percepção espacial da construção.

A visita foi muito significativa, pois, os alunos perceberam, comentaram,

acharam muito interessante um pintor com renome internacional ter deixada sua

marca em nossa cidade e região como Santa Terezinha e Santa Helena. Muitos já

haviam visto o painel da Itaipu, porém não sabiam que era de um pintor reconhecido

mundialmente. Observaram também os painéis de Santa Helena e Santa Terezinha

de Itaipu, feitos em pareceria com Adoaldo Lenz.

Após essa etapa, foram observadas próximo a Usina, no viaduto da Avenida

JK com Tancredo Neves, em Foz do Iguaçu, as pinturas muralistas que unem

técnicas diversas como op art e o grafite. Observou-se que ali também é um ponto

estratégico para estudos da arte muralista, porém passa despercebido com pouca

apreciação da população.

Para debater as diferenças e semelhanças entre o grafite e a pichação, foram

apresentandas algumas imagens encontradas no portal “Dia a dia da educação”

referente ao tema. Em seguida, iniciou-se um debate sobre o assunto e, observou-

se que os alunos reconhecem as particularidades de cada manifestação, seja grafite

ou pichação. Nesse momento, fez-se necessário abordar a lei da pichação7

(vandalismo é crime). Novamente os alunos observaram e tiraram fotos de

pichações encontradas em nossa cidade.

Um aspecto surpreendente em nossa implementação é o fato dos alunos

deliberadamente mostrarem interesse em, além de apreciar, também produzir

grafites nos muros escolares. Diante disso, reunidos em grupos, os educandos

criaram moldes vazados em papel cartão ou cartolina e decalcaram cores e formas

nos muros, exibindo os movimentos do Grafite. Essa atividade não estava proposta

para os muros, seria somente feito um painel em papel craft8, para os alunos

vivenciarem como é feito o grafite. No entanto, o desejo deles em fazer o grafite,

além do mural na escola, foi unânime, contagiou a todos, pois, mostraram muito

entusiasmo. Assim, os alunos se propuseram em trazer os tubos de spray9 e foi

decidido construir uma composição para o mural na parte interna do muro e para o

grafite nas paredes externas do colégio.

O passeio foi de extrema importância para vivenciarmos a prática, o que

incentivou também os educandos à produção da arte muralista no Colégio.

Realizamos algumas considerações acerca das observações dos educandos,

questionando sobre a relevância dessa atividade ao ar livre, fora dos muros

7 Lei da Pichação. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-

2014/2011/Lei/L12408.htm 8 Papel craft é um tipo de papel fabricado a partir de uma mistura de fibras de celulose curtas e

longas, provenientes de polpas de madeiras macias. Esta mistura de fibras confere a este tipo de papel características de resistência mecânica com bom desempenho para o seu processamento em máquinas e uma relativa maciez. Disponível em: wikipedia.org/wiki/Papel_kraft. 9 Spray [sprei]

1 é um equipamento de emissão de tinta atomizada do qual, sobpressão, se emite tinta

misturada com o gás (ou ar), dando possibilidade de pintura com diversos efeitos como esfuminho, degradês, entre outros. A tinta, ao misturar-se com o gás, torna-se micropartículas. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Spray.

escolares. Percebemos grande interesse em por “a mão na tinta”, em querer

construir formas através das cores nos muros da escola. A temática escolhida foi a

própria cidade, pontos turísticos mundialmente conhecidos, animais que

representam a fauna da região, entre outros ícones da fronteira, como se observa

nas imagens a seguir (Fig.02,03 e 04):

Figura 02: Muros internos do Colégio Carlos Drummond de Andrade

Fonte: Fotografia registrada pela autora (2014)

Após o preparo realizado com fundo branco nos muros e nos pilares, os

alunos desenharam com giz os esboços para posteriormente fazer uso da tinta. Com

a ajuda da professora, misturaram os pigmentos à tinta branca a base d’água para

conseguir as tonalidades desejadas. Terminada a pintura mural, produziram o grafite

nos pilares usando os stencils e o spray. O resultado ultrapassou as expectativas, os

educandos receberam elogios de toda a comunidade escolar, inclusive alunos das

outras turmas vieram procurá-los com o intuito de participar do projeto. A própria

turma envolvida na atividade mostrou-se empenhada em dar continuidade ao

projeto.

É possível observar o desprendimento dos jovens artistas, sobrepondo o

cenário urbano de Foz do Iguaçu aos pontos turísticos (Fig.02). Também colocando

em evidência as aves que se encontram no Parque das Aves, as grandes araras

coloridas. Outro aspecto relevante e que chama a atenção são as cores fortes e

traços bem definidos.

Em outra parte dos muros (Fig.03), pode-se perceber a presença da fauna

nativa, animais que inclusive encontram-se no Refúgio Biológico de Itaipu.

Novamente a riqueza do colorido encanta e confere vivacidade a pintura. Técnicas

de sombreamento também foram utilizadas.

Figura 03: Muros internos do Colégio Estadual Carlos Drummond de Andrade Fonte: Fotografia registrada pela autora (2014)

Figura 04: Muros internos do Colégio Estadual Carlos Drummond de Andrade Fonte: Fotografia registrada pela autora (2014)

O uso da sobreposição de imagens ressaltando os pontos turísticos de Foz do

Iguaçu foi uma estratégia bem interessante, pois possibilitou abordar mais de um

tema em uma única representação (Fig.4). Desta forma, ficou em evidência a Ponte

da Amizade e o Marco das Três Fronteiras. Ao lado das duas imagens, observa-se o

contraste com o meio urbano citando a arquitetura dos hotéis. Cores e traçados

fortes marcam o cenário, delineando as imagens.

Figura 04 Grafite produzido nas paredes externas do colégio. Fonte: Fotografia registrada pela autora (2014)

O grafite também foi um diferencial nesse projeto, pois surgiu de maneira

espontânea por parte dos educandos. A oportunidade fez com que se olhasse

também para esse estilo que agrada muito aos educandos (Fig.4). Os temas ficaram

entregues ao processo criativo de cada jovem artista, expressando suas razões

naquele momento.

As formas, cores e outros aspectos da produção muralista foram obtidos a

partir da escolha dos educandos. Assim, o professor desempenhou papel de

mediador viabilizando a atividade. As cores vivas encantaram aos demais

estudantes da instituição, bem como, professores e funcionários. Essa arte tão

significativa para aquele grupo ficará registrada nas paredes e na memória dos

participantes que, todos os dias se deparam com uma lição aberta a todos.

Os professores e pedagogos ressaltaram a importância do muralismo na

escola declarando que a pintura trouxe alegria para a escola e que esse estilo de

arte valoriza e contribui para o desenvolvimento do educando. Os muros ganharam

a simpatia de todos os inseridos no ambiente educacional.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o planejamento da produção didático-pedagógica e da

implementação de uma Intervenção Pedagógica, foram definidas atividades que

objetivaram a discussão e definição do papel da arte muralista e popular na

atualidade; que estimulassem o educando para a criação e exploração da

imaginação, com ações e estratégias capazes de ampliar o universo de expressão.

Assim, possibilitando uma reflexão sobre as criações artísticas; proporcionando

conhecimento e valorização da arte muralista e popular na comunidade escolar. Por

fim, o desafio de desenvolver um projeto de arte muralista no ambiente escolar,

especificamente no Colégio Estadual Carlos Drummond de Andrade, foi uma

experiência que rendeu resultados positivos.

O fascinante no trabalho voltado para a arte muralista é ver a emoção nos

olhos dos educandos. Quando eles, sujeitos do processo ensino-aprendizagem,

descobrem a arte que já estava diante de seus olhos, porém, que passava

despercebida. E ainda o mais intrigante, ver alunos que nunca ouviram falar de

determinado artista, e se surpreenderam ao conhecer sua história e obra. Essa

emoção foi expressa nas ações do projeto, de maneira que nos encantou a cada

nova atividade. As contribuições dos alunos enriqueceram o projeto, pintaram as

paredes com versos coloridos, imagens que de fato tinham sentido para aquele

contexto. Os olhares para a arte muralista já não eram mais os mesmos, nem

tampouco para os muros de sua própria escola.

Desenvolver essa proposta foi muito significativo, pois, durante a realização

do Grupo de Trabalho em Rede (GTR), atividade caracterizada pela interação a

distância entre o professor PDE e os demais professores da rede pública estadual

de ensino, também pudemos demonstrar as ações para outros professores da área,

discutindo estratégias. Alguns cursistas demonstraram interesse em desenvolver tal

proposta em suas escolas, bem como, aplicar atividades da Unidade Didática em

suas aulas. Por conseguinte, também agregamos sugestões e trocamos

informações acerca da temática, socializamos o conhecimento proporcionando

também a interação em nossa proposta.

A experiência vivenciada no PDE é algo singular na carreira de um professor

comprometido com a aprendizagem, é se permitir olhar a própria prática por outra

ótica, de fora da escola e da própria problemática. Em nosso foco de estudo,

conseguimos demonstrar aos educandos a importância de saber apreciar e valorizar

esse tipo de arte que, para muitos é e será como um verdadeiro museu a céu

aberto. A satisfação de ver a concretização de um sonho estampado nos muros do

colégio é indescritível, vivenciada juntamente com os protagonistas da arte muralista

no espaço escolar, os alunos, os artistas daquela obra. Esse foi um momento que se

resume nos versos do grande poeta além-mar, Fernando Pessoa, que traduz

sentimentos em palavras “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

5. REFERÊNCIAS

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