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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
EDUCAÇÃO EM ALERTA: INFORMAÇÃO E PREVENÇÃO COMO ESTRATÉGIA PARA REDUZIR O CONSUMO DE DROGAS NAS ESCOLAS ¹
Autora: Danielle Iser Wagner ² Orientadora: Prof.ª Gisele Arruda ³
Resumo
A realidade em relação ao uso de drogas entre jovens e adolescentes é preocupante e reflete-se, também, no ambiente escolar. A importância fundamental da escola nesta questão se dá com a inserção da educação preventiva, como melhor alternativa para a formação de cidadãos saudáveis, conscientes e responsáveis pelo seu corpo, saúde, atos e suas opções de vida. Nesse aspecto, a disciplina de Ciências tem o papel fundamental de informar aos educandos os danos que as drogas acarretam à suas vidas, contribuindo, deste modo, para a diminuição da incidência de jovens usuários de drogas. O projeto foi desenvolvido no Colégio Estadual Humberto de Campos – Ensino Fundamental, Médio e Profissional, localizado no município de Santo Antonio do Sudoeste – PR, com adolescentes do 9º ano do ensino fundamental, e foram aplicadas diversas estratégias de ações, tais como questionários para a coleta de informações e direcionamento do tema à realidade da turma; dinâmicas; dramatizações; análises de músicas, reportagens, propagandas e filmes veiculados na mídia; pesquisas para produção de folhetos informativos de conteúdo preventivo. Durante a execução da Implementação Pedagógica foram abordadas as implicações negativas do uso de drogas e realizada uma mobilização para uma campanha de prevenção e incentivo a atividades saudáveis na escola, objetivando a conscientização e sensibilização em relação aos malefícios das drogas. O resultado final da implementação foi satisfatório, já que os alunos envolveram-se significativamente em todas as atividades, portanto, espera-se que as reflexões, esclarecimentos e informações trabalhadas sejam efetivamente aplicados por cada aluno em suas escolhas de vida.
Palavras-chave: Adolescentes. Drogas. Educação. Informação. Prevenção.
1 INTRODUÇÃO
A temática “drogas” e todos os males a ela associados tornaram-se um dos
maiores problemas de saúde pública do mundo, eis que a cada momento surgem
novas substâncias psicoativas diversificadas e com efeitos cada vez mais potentes.
Na sociedade os problemas decorrentes do uso de drogas são inúmeros e,
dentre eles, destacam-se a violência no âmbito familiar, no trânsito, assaltos, roubos,
prostituição, depressão, alterações de humor, entre outros.
¹ Trabalho apresentado à Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).² Professora participante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), com Habilitação em Matemática, Especialista em Matemática e no Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos(PROEJA), atuante no Colégio Estadual Humberto de Campos – Ensino Fundamental, Médio e Profissional e no Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos( CEEBJA).³ Professora Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional, Bióloga, Mestre em Ciëncias Bioquímica, atuante na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Francisco Beltrão-PR.
Segundo Putzke, Lazzarotto, Padoin (2010), grande parte dos acidentes de
trânsito com adolescentes acontecem quando os mesmos estão sob os efeitos de
alguma droga. Da mesma forma, várias situações advêm dos efeitos das drogas,
tais como, desentendimentos, brigas, suicídios, homicídios, a chamada overdose
(intoxicação aguda grave), morte por arritmia cardíaca, doenças, entre outras.
Atualmente o número de usuário de drogas, principalmente entre jovens e
adolescentes é preocupante e evidencia-se especialmente na escola, com jovens
agressivos, desligados, com baixo rendimento escolar e alterações comportamentais
sem motivos aparentemente relacionados ao contexto escolar.
Em razão destes fatores e tantos outros, a escola se apresenta como um
ambiente adequado e propício para o desenvolvimento da temática drogas,
discutindo e elaborando estratégias de informação, orientação e intervenção, em
que participem alunos, pais, professores e a comunidade escolar, desempenhado
assim um papel importante para a compreensão da abrangência e dimensão do
problema relativo ao uso de drogas tanto no aspecto psicológico, físico e social.
Perante esse cenário ascendente do uso de drogas por adolescentes
estudantes das escolas públicas, surge a necessidade de uma educação que
contribua de forma significativa para a promoção da informação e principalmente da
prevenção quanto à utilização dessas substâncias dentro e fora das escolas.
Estudos relacionados às drogas apontam unanimemente que a educação
preventiva está como a melhor forma de combate ao uso de drogas, pois funciona
como uma pré-intervenção a ser efetivada antes que o uso das drogas ocorra
(FONSECA, 2008).
Diante desta realidade, buscou-se oportunizar aos estudantes o
conhecimento, a informação e a reflexão sobre as drogas, por meio da disciplina de
Ciências. Para tanto, na Implementação Pedagógica foram propostas diversas
ações envolvendo o tema drogas que objetivaram proporcionar um trabalho voltado
à educação preventiva, com atividades para diagnosticar o conhecimento prévio
sobre as drogas em geral, informações quanto as principais drogas usadas, seus
efeitos e consequências, promoção de uma análise crítica sobre a propagação do
tema drogas na mídia, identificação dos fatores que predispõe o adolescente ao
consumo de drogas, fornecendo conjuntamente informações para a promoção da
saúde individual e coletiva e foram também propostas variadas estratégias
metodológicas que objetivaram contribuir para um fortalecimento da autoestima,
desenvolvimento da capacidade de resolver problemas, tomar decisões e
desenvolvimento da interação e participação social.
Por todo exposto, o objetivo do trabalho foi aproveitar o ambiente escolar para
trabalhar as medidas e ações preventivas com relação ao uso de substâncias
psicoativas, de forma a minimizar os danos causados pelas mesmas na vida do
usuário, de suas famílias, na sociedade e nas instituições em que convivem.
2 DROGAS
Droga é qualquer substância que não é produzida pelo organismo e atua
sobre um ou mais de seus sistemas, acarretando alterações em seu funcionamento,
de acordo com a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) (BRASIL, 2012
).
Segundo Thomaz (2006), a utilização das drogas pelo ser humano não é uma
novidade apresentada nos tempos atuais. A humanidade desde os primórdios, já
fazia uso dessas substâncias com as mais diversas finalidades que variam desde
aspectos religiosos, industriais, medicinais, busca de prazer, entre outros.
Nos tempos atuais, as drogas continuam sendo utilizadas com diferentes fins.
Essa prática tem se iniciado cada vez mais cedo, ressaltando-se a etapa da
adolescência, como uma das mais propícias para o envolvimento com as mesmas.
Seu uso tem início muitas vezes na busca de um interesse pessoal, para preencher
um vazio ou fugir de uma realidade e, ainda, pela busca de prazer, ou para
aceitação de um grupo, entre outros motivos. Pois, "No período da adolescência, o
indivíduo está mais vulnerável, vivenciando sentimentos de insegurança e
desamparo em relação às alterações físicas e psicológicas específicas desta fase da
vida" (PUTZKE; LAZZAROTTO; PADOIN, 2010, p. 16).
Contudo, não é apenas na adolescência que a droga pode estar presente, é
em qualquer fase da vida. Porém, é na adolescência que ela se torna mais
marcante, pois é o período em que a pessoa passa por curiosidades, mudanças, um
mundo que permanece além da família, representa uma ocasião especial no qual a
droga exerce forte atrativo (BRASIL, 2012).
Frente às diversas mudanças que ocorrem no organismo na época da
puberdade, tanto no sentido morfológico quanto psicológico, o adolescente se
depara com um momento de transição entre a condição de criança e adulto,
buscando sua posição na sociedade. Essa busca pela autonomia e conquista de
liberdade faz com que nesta fase o indivíduo fique mais vulnerável à droga.
Assim, de acordo com Putzke, Lazzarotto, Padoin (2010):
A intoxicação por drogas é uma maneira direta de obtenção do prazer e de evitar sensações desagradáveis, pois são substâncias que agem diretamente sobre o Sistema Nervoso Central. Assim como no sonho, os adolescentes através das drogas buscam a realização de seus desejos, superação de seus medos, de modo mais direto e rápido (p.24).
Segundo Tiba (2007), estudos mostram que as drogas atuam diretamente no
sistema nervoso e, quando utilizadas sem indicação médica, têm a capacidade de
ativar o sistema de recompensa do cérebro, imitando a função dos
neurotransmissores e provocando sensações de prazer e, por atuar diretamente no
sistema nervoso, causam grandes malefícios para quem as utiliza.
Além da busca do prazer, ou para a satisfação da curiosidade, ou da busca
por superação, ou mesmo, devido a problemas familiares, entre outros, vários são
os aspectos pessoais e vivenciais que tornam o adolescente mais vulnerável a
envolver-se com as drogas, tais como baixas autoestima e autoconfiança;
dificuldade de tomar decisões; fatores biológicos; violência doméstica; conflitos no
ambiente escolar; falta de informação e consciência dos efeitos das drogas;
ausência de um ideal de vida (BRASIL, 2012).
Fez-se, então, necessário um conhecimento de como as drogas agem no
organismo, para um entendimento do grande perigo de saúde individual e social em
que os usuários estão expostos, como também a importância da promoção de
campanhas de prevenção, que auxiliem os jovens a terem acesso a um tratamento
precoce de forma a recuperá-los e estimulá-los a ter uma vida saudável.
Para tanto, foram comentadas algumas das várias drogas existentes e
conhecidas, as lícitas e ilícitas, quanto à classificação geral das mesmas e seus
efeitos, dentre as mais comuns, o álcool, o cigarro, a maconha, a cocaína, o crack, o
ecxtasy, os solventes, os inalantes e os medicamentos.
De acordo com Brasil (2012), partindo do ponto de vista legal, pode-se
classificar as drogas em dois grupos: drogas lícitas e ilícitas.
Drogas lícitas são aquelas legalmente liberadas para a comercialização,
porém, algumas com restrições de venda para menores, como as bebidas alcoólicas
e tabaco, e certos medicamentos que exigem receita médica. Já as drogas ilícitas,
são as proibidas para o comércio, tais como maconha, cocaína, crack, LSD, ecstasy,
entre outras (BRASIL, 2012).
Ainda dentro dessa classificação, existe uma outra divisão: drogas
depressoras da atividade mental, drogas estimulantes da atividade mental e drogas
perturbadoras da atividade mental (BRASIL, 2012). Drogas depressoras da atividade
mental são as que causam diminuição da atividade global ou de certos sistemas
específicos do sistema nervoso central (SNC), causando como consequência uma
diminuição da atividade motora, da reatividade à dor e da ansiedade, tendo como
efeito comum uma euforia inicial seguida de aumento de sonolência. São exemplos
o álcool, solventes ou inalantes, entre outros.
Já as drogas estimulantes da atividade mental são aquelas que trazem como
sintoma um estado de alerta exagerado, insônia e aceleração dos processos
psíquicos. São exemplos, a cocaína e o tabaco. (BRASIL, 2012).
Drogas perturbadoras da atividade mental são as que provocam alteração do
funcionamento cerebral, que resultam em vários fenômenos psíquicos anormais
como delírios e alucinações, também conhecidas como alucinógenos. São exemplos
a maconha, LSD, ecstasy, entre outras (BRASIL,2012).
Destacou-se que, segundo Aquino (1998), os efeitos das drogas no
organismo humano dependem da dosagem e das características psicológicas de
cada pessoa, ou seja, os diversos efeitos decorrem de variáveis associadas às
circunstâncias do uso e à personalidade do usuário.
Numa visão mais ampla quanto aos efeitos causados pelas drogas,
destacaram-se os danos físicos, mentais e sociais provocados pelo seu uso
contínuo, comprometendo sua qualidade de vida e das pessoas ao seu redor.
No que tange aos fatores que predispõe o adolescente ao consumo de
drogas, oportuna a citação de Tiba (2007, p. 125), “Não apenas filhos de lares
desestruturados consomem drogas. Os nascidos em boas famílias nas quais nunca
faltou amor também o fazem”.
No passado, pensava-se que somente adolescentes com problemas
familiares e financeiros teriam pré-disposição ao uso de drogas, contudo, nos dias
de hoje sabe-se que as drogas tomaram dimensões inaceitáveis atingindo grande
parte dos jovens.
Entretanto, segundo Tiba (2007):
Hoje, essas situações até podem contribuir para um jovem experimentar drogas, mas, sem dúvida, não são as maiores responsáveis. A droga é usada hoje: por simples curiosidade; como uma aventura sem compromisso, dada a banalização desse uso; na busca do prazer sem preocupação com os riscos; para o jovem mostrar perante seus amigos que é corajoso e destemido fazendo o que tiver vontade; por imaginar que vai só experimentar sem tornar-se um viciado; por pensar que se usar uma vez só nada de mal lhe acontecerá; por falhas na educação; por baixa auto-estima, que faz o jovem absorver comportamentos indesejáveis de seus conviventes (p. 126).
Outros fatores que convergem para o uso de drogas pelos adolescentes são o
acesso fácil e a precária fiscalização no cumprimento do que prevê a legislação
pertinente nos eventos e festas e, ainda, algumas situações como problemas de
interação e integração social, pressão do grupo, desinibição, busca de
independência, fatores biológicos, entre outros, também são fatores que
impulsionam os adolescentes ao uso.
2.1 O papel da escola na prevenção ao uso de drogas
A escola é um ambiente de convívio mútuo entre adolescentes estudantes,
professores e demais pessoas que compõem a comunidade escolar e é neste
cenário que os adolescentes constroem parte de sua personalidade, adquirem
conhecimentos, formação e estabelecem relacionamentos.
Dentre as varias definições e atribuições da escola:
a escola é, por definição um espaço de socialização do saber; a escola é o local onde o aluno passa boa parte da sua vida. E essa é a fase mais rica para a aprendizagem, para mudança de posturas, atitudes e comportamentos; a escola, mais do que qualquer instituição, é privilegiada como espaço educativo de educação formal; a escola, em relação às drogas, pode ser um espaço para discussão e possibilidades de informação confiáveis fortalecendo as relações pessoais e o convívio em grupo; a escola tem competência para mobilizar diferentes segmentos da comunidade (AQUINO, 1998, p.109).
Neste sentido, tem-se que a escola é uma instituição que possui duas
características essenciais, a de ensinar conteúdos e a de formar pessoas por meio
de valores, ideias, crenças, preceitos morais e éticos (BRASIL, 2012).
Além de objetivar e proporcionar primeiramente o conhecimento e a formação
do sujeito, a escola, também, representa para a sociedade um espaço privilegiado
de encontro de variados grupos sociais, ocorrendo interação e socialização entre os
sujeitos envolvidos e, considerando que nesse ambiente inicia-se a vida em
sociedade do estudante, deve ser abordado na escola a temática drogas, até
porque, de acordo com Fonseca (2008):
Não restam dúvidas a respeito do lugar privilegiado conferido à escola no âmbito do debate sobre psicotrópicos. A escola, como a família, é o espaço concreto de socialização de estudantes, no qual crianças e adolescentes fazem amizades e podem ter interação com adultos significativos. Ao lado de pais, o professor é a pessoa que está em melhores posições para ajudar o estudante a se tornar capaz de atuar ativa e criticamente na sociedade, exercitando sua cidadania diante de questões sociais, entre as quais a fármaco-dependência. A escola passa, assim, a constituir-se em núcleo irradiador de saúde, alicerçado nos conhecimentos e valores da educação preventiva (p. 18).
No ambiente escolar aparecem os primeiros vestígios e indicativos do
envolvimento do adolescente com drogas e, em razão disto, a abordagem deste
tema na escola de uma forma contemporânea, buscando falar a mesma “língua” dos
adolescentes, sem proibições e moralismo, pode se tornar um meio eficaz de
combate ao uso das drogas (PUTZKE; LAZZAROTTO; PADOIN, 2010).
Na mesma linha, Fonseca (2008) destaca:
“[...] é na escola que aparecem os conflitos e é nela que os mesmos podem ser resolvidos. Se por um lado, a escola representa o local onde os jovens se reúnem e vivenciam formas de comportamento, é na escola que se deve possibilitar o acesso a informações esclarecidas e sem preconceitos em assuntos delicados como o consumo de drogas (p. 58).
Por todos esses pontos, tem-se a relevância e importância da abordagem do
tema drogas nas escolas, o qual, mesmo não obrigatório no currículo escolar, esta
cada vez mais presente nas metas educacionais.
Especificamente tratando das disciplinas curriculares, em especial, a
disciplina de Ciências, segundo o Ministério da Educação apud Fonseca (2008), a
mesma tem como objetivo geral o conhecimento, o cuidado e a valorização do
próprio corpo, adotando hábitos saudáveis como aspectos básicos da qualidade de
vida e agindo com responsabilidade com o individual e a saúde coletiva.
Partindo dessa ideia, abordou-se por meio da disciplina de Ciências, o uso
das drogas entre adolescentes nas escolas, ressaltando seus efeitos e
consequências e demais considerações sobre o tema, buscando desenvolver um
trabalho de educação associado à prevenção.
Neste sentido, nos Cadernos PDE (2007):
A educação é o elemento chave no trabalho preventivo. Não há dúvida de que é necessário controlar a disponibilidade das drogas, punir os traficantes e melhorar as condições de vida, mas o que realmente pode livrar os jovens das drogas é uma verdadeira educação preventiva.A educação preventiva é diferente da simples informação ou repressão. Por isso, procuramos conscientizar o adolescente através de uma abordagem direcionada para a vida, onde prevenção ao uso indevido de droga se encontra dentro de um contexto de valorização da vida e do ser humano. (PARANÁ, 2007, p. 3).
Nesta linha, a escola, enquanto instituição atuante na prevenção deve
considerar as necessidades e características dos adolescentes, proporcionando-lhes
condições de fazer escolhas corretas e responsáveis de saúde e condições de vida.
O ideário de educação preventiva é associar a educação nas escolas à
prevenção ao uso de drogas, incluindo na vida dos educandos valores, atitudes,
estilos de vida, informação e conhecimento, por meio de projetos, programas, planos
e estratégias envolvendo professores, alunos, toda a comunidade escolar e pais, de
modo a preparar os mesmos para a verdadeira compreensão do fenômeno da
droga.
Desta forma, a Implementação Pedagógica objetivou demonstrar a
importância fundamental da escola na luta contra as drogas, na tentativa de vencer o
grande desafio que constitui o uso destas substâncias pelos educandos, sendo,
nesta perspectiva, a educação preventiva a melhor alternativa para o enfrentamento
desta questão, objetivando a formação de cidadãos responsáveis pelos seus atos,
pela sua saúde, pelo seu corpo e pelas suas opções de vida.
3 METODOLOGIA
A elaboração do projeto baseou-se em pesquisa bibliográfica, de cunho
qualitativo descritivo, em variadas fontes e em documentos eletrônicos pertinentes
ao tema, onde se buscou um embasamento para os objetivos que foram propostos
no projeto.
A partir da conclusão do projeto, na Implementação Pedagógica propriamente
dita, foram realizadas diversas estratégias de ação tais como questionários para o
direcionamento do tema; dinâmicas; atividades com registro a partir de leitura de
textos; dramatizações; análise de músicas, reportagens, propagandas e filme e
produção de material informativo com conteúdo preventivo.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A presente Implementação Pedagógica partiu da necessidade de se trabalhar
nas escolas o tema drogas, eis que considerado um problema de saúde pública,
objetivando minimizar o consumo e, consequentemente, os danos que estas
substâncias causam aos usuários, em especial os adolescentes. O enfoque dado a
este trabalho foi de uma educação preventiva e, considerando a escola como
espaço de interação e formação, buscou-se por meio da educação e informação,
orientar os educandos a fazerem escolhas conscientes que possam contribuir para
sua saúde e segurança, utilizando para isso variadas estratégias metodológicas.
Nesse sentido, de acordo com Fonseca (2008):
A Organização das Nações Unidas (ONU) num esforço para enfrentar o problema dos psicotrópicos, em 1988, na 20ª Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o Problema das Drogas, estabeleceu metas a serem alcançadas pelos países associados. A Meta 4 diz respeito ao apoio à juventude na redução da demanda por meio do ensino nas escolas, em medidas de prevenção. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) há cerca de trinta anos vem considerando como necessidade universal e premente a utilização da educação para prevenir o uso de drogas. Também, a legislação brasileira na Lei de Tóxicos do Brasil – Lei 6368/76 (1976) no Cap. I, Art. 5 sugere incluir nos Cursos de Formação de Professores ensinamentos referentes às substâncias psicotrópicas. A Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) na Política Nacional sobre Drogas (PND) tem como uma das Diretrizes incluir na Educação Básica e Superior, os conteúdos relativos à prevenção ao abuso de drogas (FONSECA, 2008, p. 17 e 18).
Os estudantes matriculados no 9º ano do Ensino Fundamental
representaram o público-alvo desta implementação pedagógica, que se iniciou na
Semana Pedagógica realizada no mês de fevereiro do corrente ano, com a
apresentação do projeto no Colégio Estadual Humberto de Campos à direção,
equipe pedagógica, professores e agentes educacionais 1 e 2, sendo que o projeto
contemplou as atividades descritas a seguir.
Na atividade de aplicação de questionário para levantamento do
conhecimento prévio em relação às drogas e possíveis usuários, constatou-
se que a maioria dos alunos tem conhecimento sobre o tema drogas e conhecem ou
“ouviram falar” de alguns tipos e já fizeram uso de bebidas alcoólicas, por exemplo.
Com relação às bebidas alcoólicas, segundo Tiba (2007):
A droga mais usada pela juventude é o álcool e o tabaco está em segundo lugar. A venda do álcool é parcialmente legalizada, pois sua venda só é proibida, mas não cumprida, para menores de 18 anos e nas imediações das escolas. O álcool é a segunda maior causa de mortes na juventude (trânsito e violências) e muito associado a comportamentos violentos como agressão, suicídio, abuso sexual, assaltos, etc. [...]Segundo pesquisa realizada em 2004 pelo CEBRID – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Psicobiologia, em 27 capitais brasileiras (totalizando 48.155 entrevistas), a média de idade do primeiro uso de álcool é de 12,5 anos de idade, com desvio padrão de 2,1 anos. O álcool é, assim, a droga mais utilizada pelos jovens, consumida por 65,2% dos estudantes do Ensino Fundamental e Médio da rede pública nas 27 capitais brasileiras (TIBA, 2007, p. 268).
Na atividade de realização de uma dinâmica de grupo para levantamento
dos possíveis motivos que levam uma pessoa a usar drogas foi utilizada a música “é
preciso saber viver”. Ressalte-se que os educandos ainda estão acostumados com
dinâmicas mais autoritárias e ao propormos formas variadas de atividades, como
esta, em um primeiro momento, reagiram atribuindo pouco significado ao que era
proposto, mas no decorrer da atividade, iniciou-se um intenso debate com
participação e interação dos educandos com posterior registro em cartazes que
foram fixados na sala.
Na atividade de leitura e interpretação do texto “Porque uma pessoa entra no
mundo das drogas mesmo sabendo que elas fazem mal?” foram comparados os
motivos apresentados no texto com os levantados na atividade realizada
anteriormente pelos alunos, onde foram sugeridas estratégias e atividades
alternativas para suprir a sensação e o prazer buscado na utilização das drogas. As
atividades foram registradas em cartazes e houve ótima participação e interesse dos
alunos na realização.
Na atividade realizada no laboratório de informática do colégio, em que
foram trabalhados os tipos de drogas e seus efeitos e os alunos tiveram acesso a
um infográfico para pesquisa interativa e realização da atividade proposta que foi
registrada por escrito. Esta atividade foi muito produtiva e teve a participação de
todos.
Segundo Cedro (2001) a utilização da internet contribui no aperfeiçoando de
aulas, palestras, seminários, congressos e outros. Este recurso disponibiliza aos
usuários a oportunidade de conhecer novos mundos - países, culturas, línguas -
bem como estender seu aprendizado.
No trabalho de análise crítica de comerciais veiculados na mídia que
incentivam o consumo de cigarro e cerveja, debateu-se sobre o incentivo ao uso
dessas substâncias e tal atividade foi registrada por escrito e, ao final, foi criada por
todos os alunos uma campanha de prevenção em contrapartida aos comerciais
apresentados, com a elaboração de cartazes, panfletos e vídeos.
Na atividade de leitura de um texto referente à notícia veiculada na mídia
sobre a morte de cantor “Chorão” foi feita uma análise sobre as consequências do
uso excessivo dessas substâncias psicoativas que teve a participação interativa de
todos os alunos.
O trabalho com notícias retiradas de diversas fontes, jornais, revistas e
internet sobre problemas decorrentes do uso de drogas na sociedade (violência,
mortes, acidentes, entre outras, relacionadas ao tema) foi muito produtivo, com
apresentação de várias peças interessantes, nas quais todos os alunos tiveram total
envolvimento, interação e participação.
Na atividade com videoclipes e letras de algumas músicas para análise
crítica sobre o conteúdo apresentado em cada uma delas, pode-se observar que
algumas delas influenciam positivamente ou negativamente no consumo de drogas.
Esta atividade agradou muito a todos os alunos que demonstraram interesse e
participação, pois possibilitou a constatação que os mesmos ouvem as músicas,
mas não fazem a interpretação das letras e, desta forma, não conseguem discernir a
influência das mesmas em suas vidas.
Na atividade de leitura de uma carta escrita por um ex-usuário de drogas,
cujo conteúdo apresentou as consequências e a realidade vivenciada por uma
pessoa dependente química, foi promovida uma discussão e realização de
atividades escritas relacionadas ao tema trabalhado, como um caça-palavras e a
construção de uma carta para um dependente químico objetivando convencê-lo a
deixar de ser usuário. Todos os alunos participaram e gostaram da atividade, tendo,
inclusive, uma aluna que escreveu a carta para seu irmão e outros para amigos.
A atividade com exibição do filme “Diário de um adolescente” foi muito
interessante, pois retrata as consequências/danos que as drogas provocam na vida
de uma pessoa. Posteriormente, os alunos responderam a algumas atividades
escritas em forma de perguntas relacionadas ao filme. Durante a exibição do filme,
todos os alunos prestaram atenção e houve total envolvimento dos mesmos, que
fizeram várias comparações a partir das situações apresentadas no filme e situações
vivenciadas por alguns deles, como por exemplo, festas, amizades, escolhas e suas
consequências.
Na atividade com situações-problema, em que os alunos foram divididos em
grupos e a cada grupo foi dada uma situação-problema simulando fatos que ocorrem
no cotidiano, relacionados ao uso de drogas, e os mesmos foram orientados a dar
um final para a história, que poderia ser positivo ou negativo. Cada grupo
apresentou sua história à classe em forma de dramatização. Todos os alunos
gostaram bastante desta atividade e apresentaram trabalhos muito bons.
A atividade de construção de um panfleto de cunho preventivo para a
promoção de uma campanha na escola e na comunidade foi realizada parcialmente,
já que os alunos confeccionaram os panfletos informativos e preventivos, porém, os
panfletos não ficaram de acordo com o esperado e dentre eles foi selecionado para
impressão um modelo mais adequado ao tema trabalhado. Por não terem atingido o
objetivo esperado e por motivos financeiros relativos ao custo das impressões, foram
distribuídas cópias do panfleto escolhido somente na classe.
Após o desenvolvimento destas atividades com os alunos, pode-se constatar
que os mesmos conseguiram construir um conhecimento mais claro e objetivo sobre
as drogas, seus efeitos e consequências, sobre a possibilidade de escolhas
saudáveis para melhorar a qualidade de vida.
5 CONCLUSÃO
A abordagem da temática drogas contribuiu para enfatizar a importância da
escola, enquanto instituição educacional, de proporcionar aos educandos, em
especial por meio da disciplina de Ciências, uma visão mais abrangente sobre o
tema, focando sobre o uso indevido de drogas, suas consequências e a adoção de
práticas de prevenção.
Ressalta-se também que os resultados obtidos com os educandos
demonstraram a relevância de se trabalhar nas escolas este tema enquanto parte
integrante das temáticas dos Desafios Educacionais Contemporâneos, pois por meio
desta implementação os alunos aprimoraram seu conhecimento para aplicarem em
seu cotidiano, já que houve aproveitamento, envolvimento e interesse considerável
dos alunos em todas as atividades propostas.
Tendo a educação como uma de suas prerrogativas a formação de cidadãos
críticos, conscientes e capazes de fazerem suas escolhas, espera-se que a adoção
de práticas educativas preventivas incorporadas a ações em sala de aula sejam
ferramentas capazes de promover transformações coletivas e estruturais na
sociedade, focando na educação preventiva como forma de minimizar este grande
problema de saúde pública, visto que o número de usuários adolescentes é
estarrecedor.
Portanto, pode-se verificar a necessidade e a importância de trabalhos com
o tema drogas, para envolver os alunos em campanhas de prevenção, enfatizando
todos os efeitos maléficos e desta forma, buscar uma melhoria na qualidade de vida
dos alunos da rede publica do estado do Paraná.
6 REFERÊNCIAS
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