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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · aceitação do método trabalhado pelos alunos e sua contribuição para a interação ... Matemática. 1 Discente

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E JOGOS:

Perspectivas para o ensino e a aprendizagem da Matemática

Eluete Lina de Carvalho de Lima ¹

Ana Lucia Pereira Baccon ²

RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo apresentar a História da Matemática e Jogos como uma nova perspectiva para o ensino e aprendizagem da Matemática, possibilitando assim, uma aprendizagem mais prazerosa e significativa. Para isso, foram aplicados jogos matemáticos diversificados para fixação dos conteúdos matemáticos apresentados em sala de aula. Serão ministrados em sala de aula problemas baseados em situações do dia a dia, em forma de jogos lúdicos, inter-relacionado com outras disciplinas. Para solucionar os problemas apresentados em forma de jogos lúdicos, os alunos serão incentivados a pesquisar e elaborar seu conhecimento para atingir o objetivo proposto, trabalhando sempre em grupo. Após a realização das atividades foi feita uma avaliação com o objetivo de verificar a aceitação do método trabalhado pelos alunos e sua contribuição para a interação dos alunos. A partir da análise dados foi possível observar a mudança do comportamento dos alunos diante da metodologia apresentada. Houve um aumento de 21,9% nas médias dos alunos participantes da pesquisa. A partir do resultado exposto nessa pesquisa podemos destacar que é de suma importância que o professor busque meios e formas, especialmente novas metodologias que contemplem o ensino e a aprendizagem.

PALAVRAS- CHAVE: História da Matemática; Jogos; Ensino e Aprendizagem na Matemática.

1 Discente do Curso de PDE e professora na Escola Estadual Gabriel Bertoni, de Salto do Itararé –

PR. 2 Professora Doutora em Ensino de Ciências e Educação Matemática pela Universidade Estadual de

Londrina (UEL). Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Educação Mestrado e Doutorado e orientadora do PDE na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

1. INTRODUÇÃO

Habitualmente a Matemática é vista como uma ciência rigorosa, formal e

abstrata, tais conceitos levam a uma prática pedagógica impessoal e, por vezes,

dissociada da realidade, o que torna o ensino e a aprendizagem um processo

cercado de dificuldades. Nota-se, que ainda existe no meio educacional a ideia de

que o professor é o centralizador do conhecimento e aluno deve demonstrar sua

aprendizagem por meio da reprodução do exposto. Muitas vezes sem haver uma

preocupação real, se essa reprodução de atividades, indica a compreensão e por

consequência permite a construção de conhecimentos pelo sujeito do aprendizado.

Professores preocupados com a construção do conhecimento e não apenas

em passar como efetuar operações matemáticas, buscam priorizar a construção dos

conhecimentos, com atividades que despertem o interesse e a motivação dos

alunos. Uma das atividades que se destacam nesse aspecto são os jogos em

Matemática.

D’Ambrosio (1997, pg. 16), destaca que “[...] o uso de jogos no ensino são

alguns exemplos de proposta de trabalho visando a melhoria do ensino de

matemática segundo uma perspectiva construtiva”.

Para Piaget apud Ferrari (2011) educar é: provocar a atividade isto é,

estimular a procura do conhecimento. Tal afirmação dá maior credibilidade ao fato

de que o aprendizado é construído pelo aluno, enfatizando assim a teoria da

corrente construtivista de Piaget. Fato que muda a ideia de que o processo de

ensino e aprendizagem em Matemática sempre foi vista como um grande desafio e

como uma disciplina fria, pronta e acabada.

O objetivo da presente pesquisa é apresentar a História da Matemática e

Jogos como uma nova perspectiva para o ensino e aprendizagem da Matemática,

possibilitando assim, uma aprendizagem mais prazerosa e significativa.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

A presente pesquisa usou o método de intervenção pedagógica e foi realizada

na Escola Estadual Gabriel Bertoni, de Salto do Itararé – PR com vinte e sete (27)

alunos do 6º ano. Teve o intuito de levar o aluno á leitura, interpretação, produção de

textos matemáticos e construção de situação problema envolvendo dados

numéricos, gráficos e tabelas, e levar o aluno ao reconhecimento da importância da

matemática nas relações pessoais. Foram aplicados jogos matemáticos

diversificados para fixação dos conteúdos matemáticos e ministrados em sala de

aula problemas baseados em situações do dia a dia, em forma de jogos lúdicos,

inter-relacionado com outras disciplinas.

Para solucionar os problemas apresentados em forma de jogos lúdicos, os

alunos foram incentivados a pesquisar e elaborar seu conhecimento para atingir o

objetivo proposto, trabalhando sempre em grupo. Ao final das atividades realizou-se

avaliação com questões pertinentes aos assuntos tratados durante a aplicação do

projeto. Após a coleta dos resultados fizemos a análise dos mesmos, os quais serão

apresentados posteriormente.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3. 1. A HISTÓRIA E A MATEMÁTICA

A História pregressa de um povo e da Ciência que orienta esse mesmo povo,

nunca deve ser desvalorizada. Pois esses fatos são capazes de nortear a vida do

ser humano sobre a terra e torná-la cada dia mais interessante. Especialmente, a

História da Matemática, constitui um dos capítulos mais interessantes do

conhecimento. Possibilitando compreender a origem das ideias, que deram forma à

nossa cultura, observar o desenvolvimento dos seres humanos a partir de vários

aspectos, os quais criaram essas ideias e estudar as circunstâncias nas quais elas

se desenvolveram (MIRANDA, 2012).

D’Ambrósio (1997, p. 29) destaca ainda que, “a história da matemática é um

elemento fundamental para se perceber como teorias e práticas matemáticas foram

criadas, desenvolvidas e utilizadas num contexto específico de sua época”.

Desta forma, a história é um valioso instrumento para o ensino/aprendizado

de muitas ciências, estabelecendo conexões com a história, a filosofia, a geografia e

especialmente com a matemática. A partir do estudo da história da matemática é

possível entender porque cada conceito foi introduzido nesta ciência e porque, ele

sempre era algo natural no seu momento (MIRANDA, 2012).

Vale ressaltar a importância de entender a história da matemática no contexto

da prática escolar, observando tal fato como componente necessário de um dos

objetivos primordiais da disciplina, levando os estudantes a compreenderem a

natureza da Matemática e sua relevância na vida da humanidade.

O estudo da História da Matemática deve vincular as descobertas aos fatos

sociais e políticos, às circunstâncias históricas e às correntes filosóficas que

determinaram o pensamento e influenciaram o avanço científico de cada época

(MIGUEL e MIORIM, 2004).

O conhecimento da História da Matemática pode ser observado como um

elemento orientador na elaboração de atividades, na criação das situações-problema

e na busca de referências para compreender melhor os conceitos matemáticos.

Conhecer e aceitar a importância da história da matemática deve possibilitar ao

aluno analisar e discutir razões para aceitação de determinados fatos, raciocínios e

procedimentos.

Além disso, “a história deve ser o fio condutor que direciona as explicações

dadas aos porquês da Matemática” (MIGUEL e MIORIM, 2004 apud BRASIL, 2008

p. 66). A partir do conhecimento da história da matemática e da própria matemática,

é possível promover uma aprendizagem significativa, propiciando ao estudante

entender que, o conhecimento matemático é construído historicamente a partir de

situações concretas e necessidades reais (MIGUEL e MIORIM, 2004).

3. 1. 1. A matemática e os sujeitos

A história é feita de sujeitos e para os sujeitos. As políticas públicas em vigor

definem o papel da escola de formas muito diferenciadas. A partir de uma

perspectiva crítica das teorias da educação, algumas questões se apresentam:

"Quem são os sujeitos da escola pública? De onde eles vêm? Que referências

sociais e culturais trazem para a escola?” (BRASIL, 2008 p. 14). Pode se definir um

sujeito como fruto de seu tempo histórico e das relações sociais em que está

inserido, por outro lado também é um ser singular, que atua no mundo a partir de

sua compreensão perante o mesmo e como nele lhe é possível participar. A escola

contribui de forma ampla de decisiva para determinar o tipo de participação que

caberá ao sujeito na sociedade, partindo da formação que a escola define e

consegue proporcionar a esses sujeitos (BRASIL, 2008).

Para Frigotto (2004 apud BRASIL 2008 p. 14):

[...] os sujeitos da Educação Básica, crianças, jovens e adultos, em geral oriundos das classes assalariadas, urbanas ou rurais, de diversas regiões e com diferentes origens étnicas e culturais [...], [...] devem ter acesso ao conhecimento produzido pela humanidade que, na escola, é veiculado pelos

conteúdos das disciplinas escolares [...].

Baseado nas citações de Frigotto (2004) é de grande importância voltar o

olhar de professor de Matemática para uma nova direção, valorizando a relevância

da matemática no dia a dia da sociedade moderna. Onde a matemática deve ser

vista como uma atividade humana em construção na educação e não apenas como

o ensino teórico de números e operações.

3. 1. 2. Diretrizes curriculares

Partindo do pressuposto que a escola contribui de forma ampla de decisiva

para determinar o tipo de participação que caberá ao sujeito na sociedade. Pode-se

dizer que as reflexões sobre currículo têm, em sua essência, forte natureza política

(BRASIL, 2008).

As Diretrizes Curriculares (2008) propõem á reorientação na política

curricular, visando construir uma sociedade justa, com igualdade de oportunidades

para todos os sujeitos nelas inseridos.

A partir do momento que a escola assume a metodologia do currículo

disciplinar, a mesma assume também uma posição de “lugar” de socialização do

conhecimento. Atualmente essa função da instituição escolar, tornou se

extremamente relevante, principalmente para os sujeitos das classes menos

favorecidas, que têm na escola uma oportunidade, muitas vezes a única, de acesso

ao mundo letrado, do conhecimento científico, da reflexão filosófica e do contato

com a arte e de mudança do contexto que se encontra inserido (BRASIL, 2008).

Deste modo os conteúdos disciplinares devem ser vistos e tratados, na

escola, de modo contextualizado, com real estabelecimento de relações

interdisciplinares, de forma a não desvalorizar a tradicional rigidez, que apresentam

bem como o estatuto de verdade atemporal atribuído a eles (BRASIL, 2008).

Partindo desta perspectiva há uma proposta de que tais conhecimentos

contribuam para a crítica às contradições sociais, políticas e econômicas, presentes

nas estruturas da sociedade hodierna. Destarte, possa propiciar aos indivíduos

compreender a produção científica, a reflexão filosófica, a criação artística, nos

contextos em que elas se constituem, contribuindo para formação de senso crítico

(BRASIL, 2008).

Há uma nova proposta para concepção de escola, aquela que orienta para

uma aprendizagem específica e coloca em seu contexto o aspecto formal e

instituído, respeitando os conhecimentos historicamente sistematizados e

selecionados para compor o currículo escolar. Como destaca Sacristán:

[...] o currículo como conjunto de conhecimentos ou matérias a serem superadas pelo aluno dentro de um ciclo – nível educativo ou modalidade de ensino é a acepção mais clássica e desenvolvida; o currículo como programa de atividades planejadas, devidamente sequencializadas, ordenadas metodologicamente tal como se mostram num manual ou num guia do professor; o currículo, também foi entendido, às vezes, como resultados pretendidos de aprendizagem; o currículo como concretização do plano reprodutor para a escola de determinada sociedade, contendo conhecimentos, valores e atitudes; o currículo como experiência recriada nos alunos por meio da qual podem desenvolver-se; o currículo como tarefa e habilidade a serem dominadas como é o caso da formação profissional; o currículo como programa que proporciona conteúdos e valores para que os alunos melhorem a sociedade em relação à reconstrução social da mesma (SACRISTÁN, 2000, p. 14).

Assim sendo a escola deve incentivar uma prática pedagógica fundamentada

em diferentes metodologias, valorizando concepções de ensino, de aprendizagem e

de avaliação de forma a permitir aos professores e estudantes conscientizarem-se

da necessidade de emancipação (MÈSZÁROS, 2007).

Dentro desse contexto um projeto educativo, tem a incumbência de atender

igualmente todos os sujeitos, independente de qual seja sua condição social e

econômica, sua etnia, cultura e às possíveis necessidades especiais para

aprendizagem. Esses fatores devem ser tomados como potencialidades para

promover a aprendizagem dos conhecimentos que cabe a escola ensinar.

O currículo da Educação Básica trouxe a proposta de oferecer, ao estudante,

a formação necessária para o enfrentamento de problemas reais do seu dia a dia,

visando à transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo

(BRASIL, 2008).

Esta intenção remete às reflexões de Gramsci apud Nosela (1992 p. 20) que

defende “[...] uma educação na qual o espaço de conhecimento, na escola, deveria

equivaler à ideia de atelier-biblioteca-oficina, em favor de uma formação, a um só

tempo, humanista e tecnológica”.

Partindo desse princípio a escola deve ser entendida como um espaço de

confronto e diálogo entre os conhecimentos sistematizados e os conhecimentos do

cotidiano popular, como fonte sócio-histórica do conhecimento em sua

complexidade.

O saber escolar explicita o conhecimento nos conteúdos das disciplinas de

tradição curricular, sendo essas: Arte, Biologia, Ciências, Educação Física, Ensino

Religioso, Filosofia, Física, Geografia, História, Língua Estrangeira Moderna, Língua

Portuguesa, Matemática, Química e Sociologia (BRASIL, 2008).

As técnicas dos cursos de Ensino Médio Integrado devem orientar-se,

também, por essa compreensão de conhecimento, pois a ciência, a técnica e a

tecnologia são frutos do trabalho e produtos da prática social, portanto são

integrantes dos saberes das disciplinas escolares.

A partir de estudos sobre a história da produção do conhecimento, seus

métodos e determinantes políticos, econômicos, sociais e ideológicos, relacionados

com a história das disciplinas escolares e as teorias da aprendizagem, dão

fundamentos ao professor em discussões curriculares mais aprofundadas e

possibilitam alterações em sua prática pedagógica baseando se nos conteúdos

estruturantes de sua disciplina (BRASIL, 2008).

Ao longo dos tempos a prática pedagógica tem sido baseada num ritual:

exposição, demonstração, aplicação de alguns exemplos e proposta de solução. Ao

ser utilizado esse modelo pelas escolas que, na maioria das vezes, estão distantes

do cotidiano que o aluno vivencia, distantes de tudo aquilo que ele possa estar

usando para estabelecer uma relação consciente, da matemática com o seu

cotidiano (BRASIL, 2008).

Também há um fator negativo, poucos são os que conseguem solucionar os

problemas apresentados e os que não conseguem se sentem inferiorizados,

incapazes e desta forma vai se construindo ciclo de fracassos e mitos em torno da

questão da aprendizagem da matemática e contribuindo assim, para o surgimento

de verdades absolutas, tais como as que apontam a matemática como ciência

inacessível, exata e perfeita (BRASIL, 2008).

Quando se fala em trabalhar com conteúdo matemático de forma

contextualizada, não visa e nem se espera que o professor programe suas aulas de

forma sintonizada o tempo todo com o cotidiano. É óbvio que não se está propondo

um ensino utilitarista, aquele tipo de ensino que busca sempre um valor prático, útil,

imediato; trabalhar matemática é bem mais que isso.

3. 1. 3. Uso de jogos no ensino da matemática

Para Dante (2003) apud Brasil (2008 p. 63) “Um dos desafios do ensino da

Matemática é a abordagem de conteúdos para a resolução de problemas”. Usar a

metodologia de resolução de problemas a partir de jogos faz com que o aluno tenha

oportunidade de aplicar conhecimentos matemáticos adquiridos de forma

diferenciada, ou seja, conforme a habilidade de cada um.

Ao professor cabe a função de assegurar um espaço propício para que os

alunos possam elaborar estratégias para resolução dos problemas propostos, ou

seja, o professor incita a promoção do pensamento matemático, livre de antigos

mitos. Estimulando por exemplo o uso dos jogos para a resolução dos problemas

propostos (SMOLE; DINIZ, 2001 apud BRASIL, 2008).

Desse modo, dentro do processo pedagógico o professor deve contribuir para

que o conhecimento ganhe significado para o aluno, de forma que aquilo que lhe

parece sem sentido seja problematizado e apreendido.

De acordo com Ramos:

O processo de ensino-aprendizagem contextualizado é um importante meio de estimular a curiosidade e fortalecer a confiança do aluno. Por outro lado, sua importância está condicionada à possibilidade de [...] ter consciência sobre seus modelos de explicação e compreensão da realidade, reconhecê-los como equivocados ou limitados a determinados contextos, enfrentar o questionamento, colocá-los em cheque num processo de desconstrução de conceitos e reconstrução/apropriação de outros (RAMOS 2004, p. 02).

Porém é preciso, que o professor tenha o cuidado de não empobrecer a

construção do conhecimento em nome de uma prática de contextualização e que o

contexto seja apenas o ponto de partida da abordagem pedagógica. E que os

passos seguintes permitam o desenvolvimento do pensamento abstrato e da

sistematização do conhecimento (RAMOS, 2004).

Moura (2013) considera que o conhecimento Matemático é um produto social,

desse modo é de suma importância que a metodologia utilizada favoreça a interação

entre os conhecimentos passados em sala de aula e a realidade do dia a dia do

aluno. Moura (2013) também considera o jogo em matemática como um importante

elemento pedagógico, capaz de desempenhar um papel de interação social.

Cita Moura (2013) que, teóricos como Piaget, Bruner, Dienes e Vigotsky muito

contribuíram para uma nova perspectiva do trabalho pedagógico em matemática. Os

referidos autores, lançarem as bases teóricas para uma nova visão do modo de

ensinar e em particular do jogo como um possível elemento pedagógico.

3. 2. AVALIAÇÃO

Inserida no processo educativo, a avaliação é um quesito de alta relevância,

devendo sempre estar presente, tanto como meio de diagnóstico do processo de

ensino e aprendizagem quanto como instrumento de investigação da prática

pedagógica. Partindo desse pressuposto a avaliação assume uma dimensão

formadora, sendo que, o fim desse processo é a aprendizagem ou a verificação

dela, permitindo também que haja uma reflexão sobre a ação da prática pedagógica.

Como meta de cumprir essa função, a avaliação deve possibilitar o trabalho com o

novo, dentro de uma dimensão criadora e criativa envolvendo o ensino e a

aprendizagem (LIMA, 2002).

Pois não há sentido nos processos avaliativos que apenas constatam o que o

aluno aprendeu ou não aprendeu, tornando o sujeito refém dessas constatações,

tomadas como sentenças definitivas, boas quando se aprendeu e muito ruins

quando não. No sentido que a proposição curricular tem como meta à formação de

sujeitos capazes de se apropriarem do conhecimento para compreenderem as

relações humanas em suas contradições e conflitos, assim a ação pedagógica que

se realiza em sala de aula precisa contribuir para essa formação (BRASIL, 2008).

O professor é o ator principal no processo educativo, dentro da sala de aula, é

quem compreende a avaliação e a executa, como um projeto intencional e

planejado, o qual deve contemplar a expressão do conhecimento do aluno como

referência de uma aprendizagem continuada (BRASIL, 2008).

Portanto, a avaliação do processo ensino e aprendizagem, entendida como

questão metodológica, de responsabilidade do professor, deve ser determinada pela

perspectiva de investigar para intervir. Todavia, discussão sobre métodos de

avaliação devem envolver o coletivo da escola, para que direção, equipe

pedagógica, pais e alunos assumam seus papéis e se concretize um trabalho

pedagógico verdadeiramente relevante para a formação dos sujeitos (BRASIL,

2008).

4. METODOLOGIA, APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A pesquisa trata-se uma pesquisa qualitativa, realizada na Escola Estadual

Gabriel Bertoni, com vinte e sete (27) alunos do 6º ano. Com o intuito de levar o

aluno à leitura, interpretação, produção de textos matemáticos e construção de

situação problema envolvendo dados numéricos, gráficos e tabelas, levando o aluno

ao reconhecimento da importância da matemática nas relações pessoais.

A presente proposta foi desenvolvida por meio do trabalho com os jogos:

Dominó, Hex Multiplicativo e o Tangram, onde foi observamos que, tornou-se

possível uma dinâmica maior no processo de ensino e aprendizagem. Pela ação e o

envolvimento do próprio grupo na perspectiva da busca e da construção do

conhecimento na resolução dos problemas e para a socialização desse

conhecimento dentro do grupo. Desse modo, podemos destacar que o uso da

metodologia da resolução de problemas por meio dos jogos enquanto estratégia

para o ensino de Matemática na Educação Básica redefine o papel do professor,

pois ele passa a se constituir no mediador entre o conhecimento matemático

elaborado e o conhecimento do aluno ou do grupo, contrário ao modo usual de

ensino, no qual na maioria das vezes, o professor é o centro do processo.

Na primeira etapa foram explicados e realizados os seguintes jogos:

Dominó dos números, as regras desse jogo seguem as regras do dominó

tradicional, as pedras oferecem cálculos e respostas que devem ser colocadas

na ordem correta, a “pedra branca” substituirá qualquer resultado ou operação.

Pode se jogar entre 2, 3, ou 4 sujeitos/alunos. Este jogo pode ser aplicado na

própria sala de aula ou em salas específicas para jogos matemáticos (SILVA,

2010).

O objetivo foi desenvolver estratégia, aguçar o cálculo mental dos jogadores,

fixação da tabuada e o trabalho em grupo. Foi trabalhado com o conceito de

números pares e ímpares.

Hex Multiplicativo, para esse jogo é necessário um tabuleiro para cada grupo;

marcadores de dois tipos diferentes, sendo um tipo para cada dupla (milhos,

feijões, botões, etc.) e formar grupos de quatro (4) alunos/sujeitos divididos

em dupla. É importante que enquanto os alunos jogam o professor circule

pela sala para observar não apenas como compreendem as regras, mas,

também, como estão em relação a estimativas, tabuadas e ao algoritmo da

multiplicação. Provavelmente, na primeira vez que jogarem, haverá tumulto,

incompreensão às regras, etc. Este jogo pode ser aplicado na própria sala de

aula ou em salas específicas para jogos matemáticos (SILVA, 2010).

O objetivou foi fazer o aluno compreender o sentido da leitura, escrita e

interpretação dos números, dentro do contexto proposto. Visando propiciar ao aluno

reflexões sobre a importância dos números em sua vida e de como eles estão

presentes em nossas ações diárias. Além disso, reforçar que a matemática é uma

ciência que foi construída pela humanidade de acordo com as necessidades de cada

época.

Tangram: quebra-cabeça chinês formado por 7 peças (5 triângulos, 1

quadrado e 1 paralelogramo), com essas peças é possível formar várias

figuras, utilizando todas elas sem sobrepô-las. Segundo a Enciclopédia do

Tangram é possível montar mais de 1700 figuras com as 7 peças (DANTAS,

2013).

O objetivo em trabalhar com o quebra-cabeça também conhecido como jogo das

sete peças, é utiliza-lo como instrumento facilitador da compreensão das formas

geométricas. Além de facilitar o estudo da geometria, ele desenvolve a criatividade e

o raciocínio lógico, que também são fundamentais para o estudo da matemática.

Na segunda etapa a partir dos jogos foram realizados exercícios para

trabalhar com os seguintes temas: porcentagem; números pares e ímpares; Sistema

Nacional Decimal (SND); multiplicação; divisão de números naturais; peso e

medidas; equivalência, proporção, área, perímetro, frações; medidas de

comprimento; sistema de Numeração Decimal, ordenação, proporção e seriação;

formas geométricas; frações com representação com o objetivo de orientar a escrita,

comparação interpretação dos números e resolução.

Todas essas atividades de jogos em sala de aula eram permeadas por

problemas baseados em situações do dia a dia, em forma de jogos lúdicos, inter-

relacionado com outras disciplinas. Para solucionar os problemas apresentados em

forma de jogos lúdicos, os alunos foram incentivados a pesquisar e elaborar seu

conhecimento para atingir o objetivo proposto, trabalhando sempre em grupo.

Após o trabalho em sala de aula com os jogos e realização dos exercícios foi

realizada uma avaliação. Nessa avaliação foram empregados os mesmos exercícios

aplicados antes da aplicação do projeto.

Foi possível observar a mudança do comportamento dos alunos diante da

metodologia apresentada: usar jogos para ensinar a matemática. A tabela a seguir

ilustra as mudanças ocorridas nas notas dos participantes. Cada aluno foi

identificado com o seu número no livro de chamadas.

Tabela 1 – Evolução das notas dos 27 alunos do Projeto.

ALUNOS NOTAS ALUNOS NOTAS

Antes Depois Antes Depois

1 6,0 7,5

15 9,0 10,0

2 9,0 9,0

16 6,5 7,5

3 5,5 7,5

17 7,0 8,0

4 5,0 7,5

18 9,0 10,0

5 5,0 6,0

19 9,0 9,0

6 7,5 9,0

20 8,0 9,0

7 4,0 7,0

21 6,0 7,5

8 7,0 7,0

22 6,0 7,5

9 4,0 6,5

23 5,0 7,0

10 6,5 8,5

24 7,0 9,0

11 8,0 8,5

25 4,0 4,0

12 8,5 10,0

26 4,0 6,5

13 3,0 4,0

27 7,5 9,0

14 6,5 8,0

Média: Antes 6,4 Média: Depois 7,8

Houve um aumento de 21,9% nas médias

Fonte: O autor, 2014.

Conforme os resultados obtidos pode se observar que houve uma melhora

significativa na média dos sujeitos participantes do estudo. Para a maioria o

resultado foi positivo, mesmo os alunos com boas médias antes da aplicação do

método apresentaram melhora nas suas médias. Somente 4 (quatro) dos

participantes não apresentaram resposta ao método, mantendo suas notas baixas e

sem alteração nenhuma.

No início da aplicação do projeto houve certas atitudes de rejeição. Uma vez

que são próprios ao ser humano acomodar-se em algumas situações e o medo do

novo e de desconhecido, faz com o mesmo reaja com atitudes de aversão e luta às

situações novas. Esse fato foi à primeira dificuldade encontrada para a aplicação do

projeto em sala de aula. Os alunos sem dificuldade em entender a matemática

tradicional se revoltaram com a nova metodologia, apresentando atitudes de

indisciplina em sala de aula. Porém os alunos com dificuldade em aprender do jeito

tradicional, aceitaram muito bem o método de aprender matemática através dos

jogos e se lançaram plenamente em aprender através da nova metodologia. A

segunda dificuldade foi com a formação de grupos, foi observado um individualismo

acentuado. Com o passar dos dias houve uma melhora, porém não desapareceu por

completo.

Na abordagem dos conteúdos e na escolha dos métodos de ensino advindo

das disciplinas curriculares, é onde as inconsistências e as contradições presentes

nas estruturas sociais são compreendidas. E essa compreensão se dá num

processo de luta política, onde os sujeitos constroem sentidos múltiplos em relação

a um objeto, a um acontecimento, a um significado ou a um fenômeno. Deste modo,

podem fazer escolhas e agir em favor de mudanças nas estruturas sociais. E nesse

processo de luta política os sujeitos em contexto de escolarização, definem os seus

conceitos, valores e convicções advindos das classes sociais e das estruturas

político culturais em confronto. As propostas curriculares e conteúdos escolares

estão intimamente organizados a partir desse processo, ao serem fundamentados

por conceitos que dialogam disciplinarmente com as experiências e saberes sociais

de uma comunidade historicamente situada (BRASIL, 2008).

Assim sendo, para o currículo da Educação Básica, “contexto” não é apenas o

entorno contemporâneo e espacial de um objeto ou fato, mas é um elemento

fundamental das estruturas sócio-históricas, marcadas por métodos que fazem uso,

necessariamente, de conceitos teóricos precisos e claros, voltados à abordagem das

experiências sociais dos sujeitos históricos produtores do conhecimento (BRASIL,

2008).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir a pesquisa notou-se que é muito importante inovar sempre, seja

no método de ensinar a matemática ou na forma de estimular os alunos a buscar

formas alternativas para solucionar problemas. Novas metodologias de ensino

devem ajudar o aluno levar para o seu dia a dia os conhecimentos adquiridos em

sala de aula.

Observou-se também que nas últimas décadas houve notável

desenvolvimento na Educação Matemática, com novos estudos sobre as teorias de

aprendizagem, novas tendências pedagógicas e novas tendências metodológicas.

Todavia, o importante mesmo é que tudo isso seja colocado em prática na sala de

aula, para que os alunos que agora são sujeitos da escola e mais tarde serão

sujeitos da sociedade, aprendam a lidar com o novo e trabalhar em grupo,

entendendo a importância da ajuda mútua em uma realidade caracteristicamente

individualista.

A partir do resultado obtido e exposto nessa pesquisa podemos destacar que

é importante o professor buscar meios e formas, especialmente novas metodologias

que contemplem o ensino e a aprendizagem. Devendo assim, fazer parte do

processo educativo, impingindo responsabilidades ao ato de ensinar visando o

sujeito estudante. Esse fato deve ser valorizado por todos os professores atuantes,

na rede pública ou privada, ou pelo menos por aqueles que realmente dão a

importância devida ao ato de ensinar com dedicação, amor e respeito ao seu objeto

de trabalho, o ser humano em formação.

6. REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Diretrizes Curriculares da

Educação Básica. MEC, 2008.

DANTAS, T. Tangram. <http://www.mundoeducacao.com/autor/tiago-dantas>.

Acesso em 03 de out. de 2013.

D’AMBROSIO, U. A era da consciência. São Paulo: Fundação, 1997.

FRIGOTTO, G. Sujeitos e conhecimento: os sentidos do ensino médio. In

FRIGOTTO, G. e CIAVATTA, M. Ensino Médio: ciência, cultura e trabalho. Brasília:

MEC, SEMTEC, 2004.

FERRARI, M. Pedagogia: Jean Piaget. 2011.

<http://educarparacrescer.abril.com.br>. Acesso em: 20 de jun. de 2013.

LIMA, E. S. Avaliação na escola. São Paulo: Sobradinho, 2002.

MÈSZÁROS, I. A educação para além do capital. In: O desafio e o fardo do tempo

histórico: o socialismo no século XXI. São Paulo: Boitempo, 2007.

MIGUEL, A; MIORIN, M. A.. A História na Educação Matemática: Propostas e

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MIRANDA, P. R. Apostila História da Matemática. Instituto Federal de Educação e

Tecnologia – Sudeste de Minas Gerais, 2012.

<http://www.riopomba.ifsudestemg.edu.br>. Acesso em: 20 de abril de 2013.

MOURA, M. O. O Jogo na Educação matemática.

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