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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · momentos asserções de variadas correntes de pensamento geográfico. Houve também, segundo outros críticos, o

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

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Ficha para Identificação da Produção Didático-Pedagógica PDE/Turma 2014

Título: Novas Tecnologias e Diferentes Linguagens na Leitura do Espaço Geográfico Local: uma proposta alternativa para EJA

Autor: Fábio Marcelo Alarcon

Disciplina/Área Geografia

Escola de Implementação do Projeto e sua Localização

CEEBJA Cornélio Procópio – Rua Antonio Paiva Júnior, 300 – Jardim Estoril

Município da escola Cornélio Procópio

Núcleo Regional de Educação

Cornélio Procópio

Professor Orientador: Aécio Rodrigues de Melo

Instituição de Ensino Superior

UENP – Universidade Estadual Norte do Paraná Campus de Cornélio Procópio

Relação Interdisciplinar História, Língua Portuguesa, Matemática

Resumo

Este material didático pretende subsidiar a

implementação de práticas pedagógicas voltadas ao

uso das novas tecnologias e suas linguagens,

articuladas ao estudo do espaço geográfico local, na

turma de ensino médio da disciplina de Geografia do

Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e

Adultos (CEEBJA) de Cornélio Procópio. O objetivo é

enfatizar a necessidade de inserção de estratégias

que valorizem o uso dos recursos tecnológicos em

sala de aula, pois entende-se que a escola da

atualidade, como espaço social, deve aproveitar a

potencialidade desses aparatos em busca de uma

educação de qualidade.

Palavras-chave Novas Tecnologias. Linguagens. Espaço Geográfico

Formato do Material

Didático

Unidade didática

Público Alunos do Ensino Médio – Modalidade EJA

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APRESENTAÇÃO

Esta produção didático-pedagógica é resultado de mais uma etapa do

Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) 2014. Consiste em uma Unidade

Didática, onde busca-se subsidiar a implementação do Projeto de Intervenção

Pedagógica, que deverá acontecer no início de 2015, apresentando sugestões de

atividades voltadas ao uso de diversas linguagens proporcionadas pelas novas

tecnologias.

O objetivo é enfatizar a necessidade de inserção de estratégias que valorizem

o uso dos recursos tecnológicos em sala de aula, pois entende-se que a escola da

atualidade, como espaço social, deve aproveitar a potencialidade desses aparatos

em busca de uma educação de qualidade.

Como conteúdo, aborda o estudo do espaço geográfico local, neste caso, o

município de Cornélio Procópio, espaço de vivência do educando, visando criar nele

o sentimento de identidade e pertencimento, levando-o a sentir-se cidadão e com

condições para exercer a sua cidadania de maneira plena, participando ativamente

( e não involuntariamente) da construção e reconstrução de seu espaço geográfico e

de sua história, sempre de maneira crítica e não alienante.

Não pretende-se aqui pormenorizar o conteúdo relacionado às diferentes

linguagens e seus variados gêneros, principalmente resultantes de combinações

delas, por constituir-se em trabalho minucioso e que ainda carece de fontes. Mas

busca-se descrever algumas linguagens relacionadas ao uso de alguns recursos

tecnológicos. Importante destacar que ainda há muito que se desenvolver no que

tange ao uso das novas tecnologias e suas linguagens na escola, pois em cada

situação abre-se um leque extenso de outras ações passíveis de serem planejadas

e colocadas em prática.

Espera-se que outros profissionais da educação ao fazerem uso deste

material possam enriquecê-lo com as muitas metodologias que ainda podem ser

desenvolvidas utilizando-se da potencialidade dos aparatos relacionados às novas

tecnologias.

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ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

O ensino de Geografia no atual contexto está pautado em uma visão voltada

a uma maior criticidade na análise do espaço geográfico. O movimento da Geografia

Crítica, emergente no Brasil no final da década de 1970, já vinha estabelecendo

embates com as demais correntes de pensamento geográficas: a Geografia Clássica

ou Tradicional e o método positivista; a Geografia Teorética e o método

neopositivista ou positivista lógico; a Geografia da Percepção e a Geografia

Humanística, ambas pautadas na corrente filosófica da fenomenologia. Nesses

embates, criticavam-se o método de cada uma delas e também seus vínculos

políticos e ideológicos (PARANÁ, 2008).

De acordo com Paraná (2008, p.46), a Geografia Crítica “em seus

fundamentos teórico-metodológicos, deu novas interpretações ao quadro conceitual

de referência e ao objeto de estudo, valorizou os aspectos históricos e a análise dos

processos econômicos, sociais e políticos constitutivos do espaço geográfico,

utilizando, para isso, o método dialético”. Também se propõe a interpretar o espaço

geográfico fazendo uso de algumas de suas categorias, como totalidade,

contradição, aparência/essência e historicidade, defendendo que nenhum fenômeno

pode ser entendido isoladamente, mas somente situado e articulado com a

totalidade.

No Estado do Paraná a Geografia Crítica passou a ser debatida no final da

década de 1980, em cursos de formação continuada e em discussões sobre

reformulação curricular, promovidos pela Secretaria de Estado da Educação, que

publicou, em 1990, o Currículo Básico para a Escola Pública do Paraná.

Nos últimos anos a implementação da Geografia Crítica na educação básica

tem passado por avanços e retrocessos, resultado de contextos e políticas

educacionais que em alguns momentos priorizaram essa corrente e em outros

adotaram estratégias voltadas para outras tendências. A década de 1990, marcada

por políticas de governos neoliberais reflete um modelo educacional voltado às

necessidades capitalistas daquele momento. Desta forma,

[...] organizações financeiras internacionais, como o Banco Mundial, passaram a condicionar seus empréstimos a países como o Brasil, à implantação de políticas sociais e educacionais que atendessem aos interesses daquelas mudanças. Esse contexto fundamentou a produção e a aprovação da nova Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBN

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nº. 9394/96), bem como a elaboração dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, aprovadas em 1998 (PARANÁ, 2008, p. 48).

Nos PCN houve críticas tanto à corrente da Geografia Tradicional como da

Geografia Crítica e propostas de alterações curriculares consideradas importantes

por aqueles documentos. Seus autores, que visavam a pluralidade no que diz

respeito ao embasamento teórico-metodológico da disciplina, receberam críticas e

acusações de se utilizarem de um ecletismo, demonstrando em diferentes

momentos asserções de variadas correntes de pensamento geográfico. Houve

também, segundo outros críticos, o predomínio de uma visão sociocultural na

compreensão da sociedade, em detrimento da perspectiva socioeconômica

(PONTUSCHKA, PAGANELLI, CACETE, 2009).

De acordo com os PCN, por meio da Geografia,

[...] podemos compreender como diferentes sociedades interagem com a natureza na construção de seu espaço, as singularidades do lugar em que vivemos, o que o diferencia e o aproxima de outros lugares e, assim, adquirir uma consciência maior dos vínculos afetivos e de identidade que estabelecemos com ele. Também podemos conhecer as múltiplas relações de um lugar com outros lugares, distantes no tempo e no espaço e perceber as relações do passado com o presente (BRASIL, 1998, p.15).

Em 2004, a Secretaria de Estado da Educação do Paraná iniciou um trabalho

de discussão que contemplou a participação dos professores da rede estadual de

educação e culminou com a formulação das Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE)

em 2008. Este documento foi elaborado para orientar as práticas pedagógicas dos

professores, desde conceitos epistemológicos da disciplina até a formulação dos

conteúdos específicos pelo professor, resultado da articulação entre os conteúdos

básicos e os conteúdos estruturantes, também elencados por estes documentos.

Desta forma,

[...] estas Diretrizes Curriculares se apresentam como documento norteador para um repensar da prática pedagógica dos professores de Geografia, a partir de questões epistemológicas, teóricas e metodológicas que estimulam a reflexão sobre essa disciplina e seu ensino. Problematizar a abrangência dos conteúdos desse campo do conhecimento, bem como reconhecer os impasses e contradições existentes são procedimentos fundamentais para compreender e ensinar o espaço geográfico no atual período histórico. [...] Essa reflexão deverá ser ancorada num suporte teórico crítico que vincule o objeto da Geografia, seus conceitos referenciais, conteúdos de ensino e abordagens metodológicas aos determinantes sociais, econômicos, políticos

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e culturais do atual contexto histórico. Para isso, será necessário ter como perspectiva tanto os períodos precedentes, quanto os possíveis movimentos de transformações futuros, numa análise que considere, permanentemente, o processo histórico (PARANÁ, 2008, p. 50).

Assim, as DCE constituem-se num documento de orientação ao trabalho em

sala de aula, ancorado numa concepção teórico-crítica da ciência geográfica para

análise e compreensão do espaço geográfico do atual momento histórico. Momento

este de profundas transformações e complexidades oriundas da evolução

tecnológica junto ao processo de globalização, e que exige do professor uma

abordagem contextualizada para levar o aluno a perceber o seu entorno,

identificando as transformações espaciais que ocorrem no decorrer do tempo

histórico, influenciados por determinantes políticos, econômicos, sociais e culturais

que resultaram naquela configuração espacial.

Para tanto, há a necessidade de um diálogo permanente com o próprio espaço para que o aluno amplie sua visão de mundo, conheça e reconheça seu papel na sociedade tecnológica e computacional em uma economia e cultura mundializadas (PONTUSCHKA, PAGANELLI, CACETE, 2009, p.23).

Desta forma, o professor deve se utilizar de metodologias e conteúdos que

contemplem a realidade de vivência dos alunos, porém articulada com escalas de

análise mais amplas do espaço geográfico, levando à compreensão do todo e sua

interdependência. Desenvolver no aluno uma maior criticidade e contribuir para o

alargamento da cidadania, o que implica, conforme aponta Vesentini (2013), no

crescimento intelectual, cognitivo e afetivo do educando, para a sua autonomia, a

sua criatividade e senso crítico. Mesmo que isso implique em contrariar certas

“verdades” estabelecidas para o educador, pois a principal função de uma boa

educação não é formar discípulos que imitem, mas sim que criem, que pensem o

novo.

Novas Tecnologias e Linguagens no Ensino da Geografia

A sociedade atual, denominada sociedade da informação, é resultado do uso

cada vez mais crescente das tecnologias de telecomunicações e informática, que,

impulsionando as demais, tem provocado constantes mudanças na maneira de viver

das pessoas.

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Os atuais fluxos de dados, serviços e pessoas, que caracterizam o atual

contexto da globalização, são alicerçados pelas novas tecnologias da informação e

da comunicação.

Somos diariamente bombardeados por um volume imenso de informações,

que chegam até nós por meio da TV, rádio, jornais, revistas e, principalmente pela

internet. Este mundo virtual envolve diariamente muitos de nossos alunos. Nenhum

deles quer ficar fora, principalmente das redes sociais, por sentirem-se assim

excluídos deste espaço cibernético, e isso tem tornado muitas pessoas reféns das

novas tecnologias. De acordo com Castellar e Vilhena, essas informações,

[...] influenciam nossa percepção do espaço e tempo, os dados do nosso conhecimento e nossa visão de mundo. Elas modificam a nossa relação com o real. Esse movimento influencia as reflexões e os comportamentos, os modos de pensar e a aquisição de conhecimentos. Essas situações do cotidiano influenciam a dinâmica da escola e, consequentemente, da sala de aula, impondo outros ritmos e concepções do papel da escola e do professor (2012, p.65).

No entanto, essa grande quantidade de dados recebidos e o envolvimento

nas redes sociais não garante a inserção crítica desses indivíduos na sociedade,

uma vez que essas informações são descontextualizadas e fragmentadas, o que

dificulta o estabelecimento de relações entre elas e mecanismos de compreensão

que permitam a construção do conhecimento (PONTUSCKA, PAGANELLI,

CACETE, 2009). Santos (2007, p.155) destaca: “o homem moderno é, talvez, mais

desamparado que seus antepassados, pelo fato de viver em uma sociedade

informacional que, entretanto, lhe recusa o direito a se informar”.

Neste contexto, ressalta-se o importante papel da escola, onde as novas

tecnologias também estão presentes e há a constante necessidade de utilizar as

diferentes linguagens possibilitadas por elas, levando os alunos a usufruir desses

aparatos de maneira crítica e consciente, voltadas para a construção do saber.

Portanto não podemos ignorá-las no ambiente escolar, mas sim investirmos

na busca constante de metodologias para aproveitar todo o potencial disponibilizado

por elas, pois seu uso na sociedade representa um caminho sem volta, porque tem

facilitado, cada dia mais, a vida das pessoas.

Praticamente inevitáveis, as tecnologias contemporâneas se tornam irreversíveis. Mas em termos... Sua irreversibilidade advém de sua

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factibilidade. Ainda que fosse possível abandonar algumas técnicas como modo de fazer, permanecem aquelas que se impuseram como modo de ser, incorporadas à natureza e ao território, como paisagem artificial. Nesse sentido elas são irreversíveis, na medida em que, em um primeiro momento, são um produto da história, e, em um segundo momento, elas são produtoras da história, já que diretamente participam desse processo (SANTOS, 2006, p.118).

Neste sentido, fica a cargo da escola, não só o acesso à informação, pois

esta recebemos em grande quantidade e em diversos lugares, mas a produção do

conhecimento, desenvolvendo no aluno o senso crítico necessário para selecionar e

utilizar adequadamente essas informações e não perder-se no “dilúvio informacional”

das redes de comunicação (PONTUSCHKA, PAGANELLI, CACETE, 2009). E aos

professores como mediadores do saber, reserva-se a função de desenvolver no

educando conhecimentos que o capacite a enfrentar os novos paradigmas da

sociedade contemporânea, que exigem novas formas de ensinar e de aprender, de

se portar diante das novas tecnologias, num mundo cada vez mais dinâmico e

complexo.

O professor representa a base de todo o trabalho. Sem o seu envolvimento, pouco se pode realizar. É preciso estudar, ter iniciativa, e aprender-executar-refletir sobre o aprendido. Modificar o que for necessário. Exige-se, nesse processo, abertura, ousadia, colaboração e dedicação [...]. É ele quem orienta as investigações dos alunos, incentiva o modo como cada aluno constrói seu próprio conhecimento [...]. O professor envolve-se em um processo que mobiliza-o internamente: aprender uma coisa nova leva-o a instaurar um diálogo consigo mesmo. Aprender, atuar com os alunos, analisar sua ação pedagógica e modificá-la permite-lhe, com o passar do tempo, desenvolver uma metodologia de trabalho própria constantemente aberta a novas reformulações (FREIRE, 1998, p. 17, 18).

A sociedade atual, inserida num contexto altamente tecnológico requer

educadores dispostos a inovar, que busquem incessantemente metodologias

adequadas e que possam proporcionar à escola tornar-se parte deste contexto, sob

pena de ser considerada um espaço monótono e retrógrado.

Segundo Moran (2007, p. 11) “muitas formas de ensinar hoje não se justificam

mais. [...] Tanto professores como alunos temos a clara sensação de que muitas

aulas convencionais estão ultrapassadas”. Mas o que fazer diante da atual

realidade? Não existe metodologias prontas para solucionarmos esse problema.

Mas sabemos que precisamos inovar sempre, ousando, e aprendendo com a nossa

prática.

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Referente à Geografia como disciplina escolar, credita-se a ela uma grande

parcela na responsabilidade pela formação de um aluno crítico e participativo, apto

a superar o senso comum, capaz de intervir no seu entorno, num mundo

globalizado, alicerçado nas novas tecnologias, onde as mudanças são cada dia mais

intensas e o espaço geográfico tem se tornado muito dinâmico e complexo. Isto

demanda um ensino voltado ao uso de diferentes linguagens, como alternativas que

podem enriquecer a aula e potencializar o processo ensino e aprendizagem. As

tecnologias proporcionam a ampliação da sala de aula para além do seu espaço

físico.

Ao fazer uso de recursos e linguagens diversas por meio de músicas, filmes,

documentários, textos, fotografias, imagens, charges, mapas (impressos e

digitalizados), jogos direcionados, trabalho de campo, objetos de aprendizagem,

entre outros que temos disponíveis atualmente, o professor terá maiores

probabilidades de atingir seus objetivos, dada as variadas opções de estímulos

diante da heterogeneidade de uma sala de aula. No entanto, é fundamental o

domínio do recurso a ser utilizado e o planejamento adequado, principalmente neste

contexto de globalização, onde as informações circulam pelas mídias de maneira

muito rápida, e com poder persuasivo tentam impor seus status de verdade.

Nessas reflexões sobre o espaço geográfico veiculado pela mídia, as categorias de análise da Geografia devem se sobrepor à linguagem da mídia. Agindo dessa forma, o professor ampliará as possibilidades de uso do material midiático servindo-se do mesmo sem ser por ele dominado. [...] É importante ressaltar que o ensino da Geografia não pode sucumbir á lógica das explicações unilaterais promovidas pela mídia (LEÃO E LEÃO 2012, p.40).

Diante dessas considerações, evidencia-se a importância de metodologias

que contemplem o uso das novas tecnologias e linguagens no ensino da Geografia,

que possam contribuir para o desenvolvimento de práticas educacionais que

instrumentalizem o aluno para superar a passividade, a indiferença e a alienação

diante da sociedade atual.

Cornélio Procópio – Dados Para Contextualização

Cornélio Procópio foi reconhecido como município em 15 de fevereiro de

1938, sendo que sua origem remonta à década de 1920, quando começaram a

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aparecer os primeiros moradores, atraídos pelas belas terras que produziam

imensos cafezais. Mas foi a partir de 1930, após a inauguração da estação

ferroviária do então km 125, ponto de parada da linha férrea construída como um

ramal da Estrada de Ferro Sorocabana e que breve chegaria até Londrina, que a

então vila começaria a se desenvolver e mais tarde passaria a ser um dos maiores

produtores de café do Brasil, juntamente com toda região norte do Paraná.

A antiga “Vila do Major” recebeu o atual nome em homenagem ao Coronel

Cornélio Procópio, sogro de Francisco Junqueira, que havia doado uma porção de

suas terras para a construção da estação ferroviária. A partir de 1930 o futuro

município foi colonizado por empresas como a Cia. Agrícola Barbosa, Paiva &

Moreira, que com o incentivo da valorização imobiliária causado pela linha férrea,

intensificaram o processo de loteamento e venda de terras, que vieram a formar o

município.

Os símbolos do município, como o Brasão de Armas e a Bandeira foram

criados em 1948, Lei nº 53 e 469, de acordo com dados da prefeitura municipal. O

hino a Cornélio Procópio, com letra do Professor Átila Silveira Brasil e música de

Rachel de Paula Graciano, retrata a exuberância deste lugar.

De acordo com o censo de 1950, Cornélio Procópio possuía 4 distritos:

Cornélio Procópio (sede) Congonhas, Leópolis e Sertaneja. Em 1951 perdeu os dois

últimos, restando apenas Cornélio Procópio e Congonhas, que permanecem até os

dias atuais.

Cornélio Procópio tem se desenvolvido e hoje é considerado micropolo

regional, atendendo a quatorze municípios em diversas áreas, de acordo com dados

do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES).

A localização do município de Cornélio Procópio corresponde à região norte

do Paraná, mais especificamente no Norte Pioneiro ou Norte Velho (classificação

feita pelo antigo Instituto Brasileiro do Café – IBC) a uma latitude de 23°10’51’’ Sul e

longitude de 50°38’49’’ O. Possui uma área de 635,100 km², um contingente

populacional (censo de 2010) de 46.928 habitantes, com estimativa de 48.487 para

2014. Está localizado a uma altitude de 676 metros acima do nível do mar, com um

relevo acidentado na área urbana. Sua classificação climática é subtropical CFa,

com chuvas o ano todo.

Os municípios limítrofes são Leópolis, Santa Mariana, Bandeirantes, Santa

Amélia, Abatiá, Ribeirão do Pinhal, Nova Fátima,Nova América da Colina e Uraí.

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Para atender toda a região, Cornélio Procópio possui 7 Instituições de Ensino

Superior, sendo duas públicas (UENP e UTFPR) e cinco privadas (FACCREI,

Faculdade Dom Bosco, UNOPAR, FAKCEN e CESUMAR).

Na área da saúde, além da 18ª Regional de Saúde, que atende toda a região

e o hospital municipal que está em fase de construção, o município conta com

quatro hospitais (Santa Casa de Misericórdia, Hospital João Lima, Cegen e Hospital

Unimed). Também possui diversos unidades de saúde municipais localizados

estrategicamente para atender toda a população.

Como locais turísticos possui o Alto do Cristo Redentor, cartão postal da

cidade e maior monumento de bronze da América Latina; a Mata Estadual São

Francisco, área de preservação ambiental com 832,57 ha, formada por floresta

estacional semidecidual (Mata Atlântica); Bosque Municipal Manoel Julio de

Almeida, com área de 9,8 ha e uma grande variedade de espécies vegetais e

animais, com infraestrutura para passeio, lazer, estudos, etc; Catedral Cristo Rei,

com arquitetura em estilo românico, Santuário Schoenstatt, capela que é réplica do

santuário que está na Alemanha; e o Museu de História Natural Mozart de Oliveira

Vallim, que abriga espécies taxidermizadas da fauna e flora de diversas regiões.

Nas atividades agropecuárias, Cornélio Procópio conta com 711

estabelecimentos, que utilizam 60.025 ha de terras. A maior produção é de soja,

seguida por trigo e milho (IPARDES, dados de 2010)

Nos setores de indústria e comércio, Cornélio Procópio conta com 124

estabelecimentos industriais, que empregam 2.099 pessoas, 693 estabelecimentos

comerciais, com 3.376 empregados, e no setor de serviços, conta com 549

estabelecimentos, gerando 8.633 ocupações (IPARDES, dados de 2010).

O município de Cornélio Procópio atrai pessoas de toda a região, inclusive por

ser sede de diversos setores de serviços, como educação, saúde, agricultura, entre

outros.

Material Didático

As atividades que se seguem estão relacionadas ao uso de diferentes

linguagens articuladas ao estudo do espaço geográfico de Cornélio Procópio,

contendo uma descrição inicial sobre a importância da linguagem utilizada e na

sequência os conteúdos relacionados, recursos utilizados, objetivos e sequência

metodológica.

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Atividade 1

Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=348&evento=5

Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1553&evento=5

Localizando Nosso Município no Brasil e no Paraná

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Fonte: http://www.ibge.gov.br/vamoscontar2010/mapas/parana.jpg

O mapa é a representação da realidade por meio de símbolos e deve ser

utilizado não apenas como ilustração ou confirmação de algum fenômeno estudado

no espaço geográfico, mas também como ferramenta de investigação. A leitura de

mapas é indispensável para se compreender o espaço geográfico e envolve a

decodificação dos símbolos (CASTROGIOVANNI, 2009).

De acordo com as DCE de Geografia, “os mapas devem ser lidos pelos

estudantes como se fossem textos, passíveis de interpretação, problematização e

análise crítica” (PARANÁ, 2008, p. 83).

Conteúdos

- A Regionalização do Brasil por critérios naturais (IBGE);

- A Regionalização do Brasil segundo critérios socioeconômicos (divisão em três

complexos regionais);

- A localização do Estado do Paraná de acordo com cada critério de regionalização;

- A localização do município de Cornélio Procópio no Paraná e no Brasil.

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Recursos Utilizados

- Mapas impresso e digitalizado do Brasil;

- Mapas impresso e digitalizado do Paraná;

- Lousa Digital.

Objetivos

- Conhecer os critérios de regionalização do Brasil;

- Localizar nosso município no Brasil e no Paraná, destacando sua importância

como micropolo regional;

Sequência metodológica

1 – Iniciar a aula questionando os alunos sobre a localização do nosso Estado (em

qual região está localizado, levando-se em conta a divisão regional do IBGE, bem

como a divisão do Brasil em Complexos Regionais);

2 – Após ouvir o conhecimento prévio dos alunos, apresentar os mapas políticos do

Brasil, impresso e digitalizados na lousa digital para visualização;

3 – Solicitar aos alunos que, em grupo de três integrantes, vão até a frente e, na

lousa digital, faça um círculo nos Estados da Região Sul e outro círculo no Estado do

Paraná. Caso houver dificuldades, retomar o conteúdo antes de seguir em frente.

4 – Apresentar o mapa do Estado do Paraná e questionar os alunos sobre a

localização do município de Cornélio Procópio. Em qual região do nosso Estado se

encontra? Com quais municípios faz fronteira?

5 – Os alunos deverão desenhar um mapa político do Brasil, destacando o Estado

do Paraná e o município de Cornélio Procópio. Descrever sobre a importância do

seu município, o que sabe sobre a sua história, se conhece algum pioneiro e falar

também do bairro onde mora. Quanto ao mapa e a localização do Paraná e Cornélio

Procópio, é importante que o aluno já consiga realizar, devendo ser retomado o

conteúdo caso isso não ocorra. Quanto à descrição sobre a história do município,

bairro, pioneiros, servirá de sondagem para detectar o que eles já sabem e planejar

possíveis ações.

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Atividade 2

O videodocumentário como linguagem tem sua importância por estimular o

aluno através de diversos sentidos, explorando o ver, aproximando de nossos olhos

as situações, as pessoas, os cenários, as cores, as relações espaciais (próximo-

distante, alto-baixo, direita-esquerda, grande-pequeno, equilíbrio-desequilíbrio)

(MORAN, 1995).

Segundo este mesmo autor (1995, p. 28, 29)

O vídeo é sensorial, visual, linguagem falada, linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas, não-separadas. Daí a sua força. Somos atingidos por todos os sentidos e de todas as maneiras. O vídeo nos seduz, informa, entretém, projeta em outras realidades (no imaginário), em outros tempos e espaços. O vídeo combina a comunicação sensorial- cinestésica com a audiovisual, a intuição com a lógica, a emoção com a razão. Combina, mas começa pelo sensorial, pelo emocional e pelo intuitivo, para atingir posteriormente o racional. [...] respondem à sensibilidade dos jovens e da grande maioria da população adulta. São dinâmicas, dirigem-se antes à afetividade do que à razão.

A utilização dessa linguagem deve observar alguns critérios e cuidados, não

utilizando como ilustração e confirmação do que foi explicado pelo professor

(PARANÁ, 2008). Um videodocumentário, assim como outras linguagens, deve ser

colocado sob suspeita, evitando seu status de verdade e assumindo o papel de

problematizador e estimulador para aprofundamento nos assuntos abordados,

buscando desvelar preconceitos e leituras levianas, ideológicas e estereotipadas da

realidade (PARANÁ, 2008).

Conteúdos

- Manifestações socioespaciais da diversidade cultural;

- Movimentos migratórios e suas motivações;

- Problemas socioambientais no Brasil;

Recursos utilizados

- TV multimídias ou projetor multimídias, vídeo.

Apresentação de um trecho do documentário “Cornélio Procópio – km125”,

disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=vbtw7UFLsi8.

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Objetivo

- Perceber a organização espacial da época, destacando elementos culturais

importantes, bem como fatores políticos e econômicos que definem a maneira como

o espaço geográfico se apresentava.

Sequência Metodológica

1 – Apresentar o vídeo na TV Multimídia para os alunos, questionando o que eles

conseguem perceber. Pausar e retroceder o vídeo quantas vezes for necessário.

2 - Anotar na lousa conforme os alunos forem destacando o que percebem. Esta

ação visa valorizar o conhecimento prévio dos educandos.

3 – A partir do que foi levantando pelos alunos, fazer ligações com conteúdos

geográficos relacionados. É importante não perder o foco da análise espacial do

município, articulando, sempre que possível com escalas de análises mais amplas,

como a regional, nacional e global.

4 – Verificar como é a percepção dos elementos constituintes do espaço geográfico

pelos alunos. Caso não percebam, o professor deve direcioná-los nesse sentido,

levantando questionamentos que leve-os a perceber elementos culturais, como o

casamento comunitário mostrado no documentário, a predominância do catolicismo

mostrado nas igrejas, elementos econômicos, destacando o café como o propulsor

daquela sociedade naquele contexto histórico, a dinâmica urbana e rural,

destacando que a quantidade de moradores no campo era muito superior aos da

cidade, entre outros.

5 – Outros aspectos que deverão ser percebidos pelos alunos é em relação à

infraestrutura da cidade: pavimentação, tipos de construções das casas, meios de

transportes, comércio, expansão do sítio urbano, etc. Se necessário, novamente o

professor deverá direcioná-los por questionamentos, deixando que o aluno perceba

por si mesmo.

6 – Como atividade, dividir a turma em grupos, onde cada um deverá pesquisar

como é a organização espacial de Cornélio Procópio na atualidade; um grupo

pesquisará sobre a base econômica do município; outro grupo deverá levantar

dados sobre aspectos culturais; o terceiro grupo pesquisará sobre as

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transformações socioambientais, destacando, por exemplo, o tipo de vegetação

nativa da nossa região e o que resta dela atualmente. Para realização dessa

pesquisa, o professor deverá acompanhar a turma até o laboratório de informática

da escola, já previamente agendado para uso naquele momento, acompanhando e

direcionando as pesquisas em fontes confiáveis, como o site da prefeitura local, o

site do Instituto Paranaense de Desenvolvimento (IPARDES), site do IBGE se

necessário, entre outros. Essa visita ao laboratório deverá ocorrer em horário de

aulas, uma vez que os alunos da EJA, na sua maioria, têm outras ocupações que

dificultam a realização desta pesquisa em outros horários.

7 – Após as pesquisas realizadas pelos grupos, ocorrerá o momento de

socialização, onde cada um fará a sua apresentação, abrindo espaço para

discussão com os demais grupos. A mediação do professor ocorrerá de maneira a

direcionar as apresentações e discussões.

8 – A avaliação contemplará a participação dos alunos no trabalho dos grupos, bem

como nas discussões. O professor deverá direcionar para que todos participem e

assim consiga perceber a aprendizagem dos alunos. Caso necessário, algumas

ações terão que ser replanejadas e aplicadas novamente, visando uma melhor

compreensão por todos os educandos.

__________________________________________________

Atividade 3

A linguagem textual está presente em praticamente todas as atividades

escolares, pois a efetivação da maioria destas atividades, implica na realização de

leituras de textos e documentos, e na sua interpretação. Até mesmo quando propõe-

se a utilização de linguagens diferenciadas, a linguagem textual acaba fazendo parte

de alguma etapa da implementação dessa “nova linguagem”.

No entanto, um empecilho ao uso de textos é a dificuldade de interpretação e

escrita que muitos alunos apresentam, o que resulta em desinteresse e desânimo

quando propõe-se o seu uso. Mas é papel de todos os professores orientar os

Texto Sobre a Colonização de Cornélio Procópio

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alunos na interpretação de textos, desenvolvendo maior capacidade para lidar com

essa forma de comunicação e ampliando a compreensão da realidade social.

Usando como recurso de apoio a Lousa Digital, o texto se torna mais versátil,

pois pode-se discutir e selecionar trechos, marcar, colorir, tanto pelo professor como

pelos alunos, facilitando a interpretação e compreensão do conteúdo abordado.

Conteúdos

- A formação e o crescimento das cidades;

- Os meios de transportes e sua importância para as atividades econômicas no

Brasil.

Recursos utilizados

- Texto impresso, Lousa Digital

Objetivo

- Entender o processo de colonização e desenvolvimento do nosso município, o

contexto político e econômico, analisando a relação de influência entre local e

global.

Fundação de Cornélio Procópio e Santa Mariana

A estrada de ferro atingiu Cornélio Procópio em 1 de dezembro de 1930. Não existia então a vida atual, somente barracões e ranchos dos engenheiros e operários construtores. Enquanto Cornelio Procopio ficou como “fim de linha”, ahi permaneceram os engenheiros, as barracas, os ranchos, existindo até hotéis, como o “Luxemburgo” que se mudou mais tarde para Londrina. Mas assim que os trilhos começaram a ser assentados mais para diante, viu-se Cornelio Procopio do dia para a noite privado da quase totalidade da sua população, que emigrou em massa para as estações mais distantes. Ficou somente o ponto de parada, o km125, donde se originou mais tarde a atual estação, no divisor de águas do Congonhas e do Laranjinha.

As terras em torno da estação pertencentes então ao Sr. Francisco Junqueira, contavam para mais de 4.700 alqueires (alqueire paulista 24.200 m²) e foram adquiridas em 1933 pelo Srs. Antonio Paiva Junior e coronel Moreira. A gleba atingia a estação de Santa Mariana, onde o Sr. Francisco Junqueira tinha um lindo cafezal que também foi vendido. Em torno de Cornelio Procopio algumas datas (20X40) já tinham sido vendidas a prestações.

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Mas foram os novos proprietários que tiveram a idea de aproveitar-se da estação e do ponto de parada do trem para ali venderem a bom preço lotes de terras. Lotaram 2.000 alqueires em Santa Mariana em pequenas porções e em Cornelio Procopio dividiram 600 alqueires em datas. Tanto das datas como os lotes foram vendidos a prestações com 10% de entrada e o resto em prestações anuais de 20% do total. Algumas datas ao redor de Cornelio Procopio foram grupadas para servirem de pequenas chácaras. Criaram um patrimônio e o doaram ao Estado.

Santa Mariana é um pequeno vilarejo de umas doze casas de taboas, no meio de grandes propriedades e na vizinhança de Cornelio. Não poderá crescer muito, ficará sempre como estação de embarque de café e abastecimento dos grandes latifúndios, a menos que estes também sejam lotados.

Cornelio Procopio é uma cidadezinha de umas 500 casas (hoje é município). Quase todas as casas são de madeira. Está em formidável progresso, pois ahi se constroem cerca de 50 casas por mez. O município de Cornelio Procopio possue cerca de 130.000 alqueires e pertence á comarca de Jacarezinho (deve ter passado agora para a comarca de Cambará)

Cornelio progride, pois já possue médicos, farmácias, serrarias, maquinas de beneficiar café, cinema, etc. Está a 620 metros acima do nível do mar o que explica a razão da preferência dos agricultores de café.

Fonte: Geografia e Norte do Paraná: um resgate histórico. Vol. 1.

Lotação e povoamento da terra. Regime de propriedade e demografia

Hoje está provado que a pequena propriedade é o melhor meio de

colonização, por ser o unico que tem o proprietário a testa do seu pedaço de

terra, que moureja, que retira o mais que Ella lhe póde dar e por ser o que obtem

os maiores lucros.

O pequeno proprietário mora nas suas terras, gasta o seu dinheiro na vila

mais próxima, embeleza a sua propriedade, é o único que se integra

completamente na região. Os lucros ficam no lugar da exploração agrícola e isso

enriquece a zona, fazendo com que os capitais girem. Ora, tal facto não se

verifica entre os grandes proprietários, os quais, como as enxurradas que levam

todo o húmus da terra, na maioria das vezes habitam as grandes cidades. Têm

colonos, é verdade, mas nem todas as suas terras são aproveitadas. Muitas

jazem incultas, por desleixo ou por falta de iniciativa. Mas é necessário

reconhecer que as vezes, somente eles é que podem por uma região em estado

de cultura, devido aos seus capitais. Foi o que aconteceu no norte do Paraná.

Essa região foi aberta por fazendeiros paulistas, mineiros, fluminenses, que

encantados com a qualidade da terra ali se estabeleceram. Hoje já começa a

lotação.

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Sequência Metodológica

1 – Distribuir os textos impressos para os alunos, bem como apresentá-lo na lousa

digital para facilitar alguns apontamentos;

2 – Levantar as seguintes questões sobre a origem do nosso município:

2.1 – Segundo descrições do texto “Fundação de Cornélio Procópio e Santa

Mariana”, qual a importância da estrada de ferro para a origem e desenvolvimento

da cidade de Cornélio Procópio? É importante contextualizar esse meio de

transporte e sua importância naquele contexto mundial, onde o meio de transporte

rodoviário ainda era pouco expressivo e o ferroviário era fundamental para

escoamento de produções, bem como utilizado no transporte de passageiros. Fazer

um paralelo com a atualidade, questionando qual desses meios de transporte

destacam-se e as causas dessas mudanças.

Obs.: aqui pode-se aproveitar para trabalhar sobre os meios de transportes no

Brasil, destacando a expansão das rodovias na segunda metade do século XX,

bem como os fatores políticos e econômicos que influenciaram essas mudanças.

Mas, si uma cidade é cercada por grandes fazendas, fica estacionada, porque a grande propriedade é como uma fábrica de rendimento certo. A pequena propriedade pelo contrario dá vida ao lugar, com o numero sempre crescente de habitantes e culturas novas, pois é mais facil fazer experiências nas pequenas do que nas grandes propriedades. Cambará é o exemplo típico da cidade que marcha devagar, após ter tido um surto formidável. A razão disso são os latifúndios, que a cercam onde tudo já está instalado, ordenado, com cafesais até as portas da cidade. Como progredir si as fazendas já atingiram o rendimento maximo? Para provarmos a tese favorável à pequena propriedade, basta ver o exemplo de São Paulo, como bem ressaltou o Sr. Governador do Estado. No norte do Paraná o problema foi bem resolvido tanto na região Cornelio Procopio-Santa Mariana como em Londrina. Ao lado de propriedades de milhares de alqueires vê-se uma infinidade de pequenas propriedades. Com isso tem havido uma prosperidade enorme. Fonte: Geografia e Norte do Paraná: um resgate histórico. Vol. 1.

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2.2 – De acordo com o texto “Lotação e povoamento da terra. Regime de

propriedade e demografia”, em regiões onde predominam pequenas propriedades

em vez de latifúndios, há maiores chances de prosperidade. Explique porque isto

acontece.

2.3 – A especulação imobiliária está presente em todos os momentos históricos da

sociedade capitalista. De acordo com o texto, qual a influência da estrada de ferro e

da estação na especulação imobiliária? O aluno deverá relacionar a especulação ao

preço mais elevado dos lotes urbanos localizados mais próximos à estação, bem

como destacar a valorização das propriedades rurais após a construção da ferrovia.

2.4 – Se Cornélio Procópio iniciou com pequenas propriedades e teve um

crescimento acelerado no início, quais seriam os motivos que explicam seu pouco

desenvolvimento atual se comparada com municípios da mesma época e até mais

novos, como Londrina, Arapongas, Apucarana, Maringá, Cianorte, Umuarama, etc?

__________________________________________________

Atividade 4

O poder atrativo das imagens pode ser utilizado como recurso de apoio ao

processo ensino e aprendizagem em Geografia. Interpretá-la com criticidade e não

ceder ao seu enorme potencial persuasivo, demonstra nossa capacidade em lidar

com essa linguagem, sem ser por ela dominados.

O uso da imagem deve ser o ponto de partida para levantar observações a

serem estudadas (CASTELLAR E VILHENA, 2012). Deve-se evitar seu uso apenas

como ilustração do que foi explicado sobre um conteúdo, mas atentar para sua

utilização de forma problematizadora, instigando os alunos à buscar outras fontes de

pesquisa para melhor compreensão do conteúdo abordado.

Apresentação de Imagens do Município de Cornélio Procópio em Diferentes

Épocas

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Procissão em frente à Praça Brasil - 1945

Fonte: museu histórico de Cornélio Procópio

Rua XV de Novembro em frente à Praça Brasil (dezembro/2014)

Fonte: Acervo do autor

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Conteúdos

- A transformação do espaço urbano em Cornélio Procópio;

- Êxodo rural e urbanização no Brasil e no Paraná.

Objetivo

- Perceber a dinamicidade do espaço geográfico por meio das transformações da

paisagem.

Recursos utilizados

- Lousa Digital e/ou TV Multimídias

Sequência Metodológica

1 – Apresentar aos alunos duas fotos de Cornélio Procópio em tempos históricos

diferentes (1945, 2014);

2 – Provocá-los a perceber as diferenças das paisagens geográficas entre duas

imagens: as ruas, casas, pessoas, meios de transporte, vegetação, comércio,

propagandas, contextualizando com os respectivos momentos históricos; é

importante que o professor direcione os alunos a perceber esses elementos;

3 – Levantar questionamentos como: quais as causas dessas mudanças? Quais os

fatores responsáveis? É importante que os alunos percebam que o espaço

geográfico é resultado das interações entre a sociedade e a natureza, que vai sendo

modificado constantemente de acordo com as “necessidades” de cada grupo social,

que imprime nele seu modo de vida. É necessário também que o professor atente

para situações semelhantes em outros recortes espaciais, principalmente quando os

fatores responsáveis pelas alterações no espaço (como os políticos e econômicos)

tem abrangência em escalas mais amplas, como nacional e mundial.

4 – Como atividade solicitar que os alunos representem por meio de ilustrações,

espaços geográficos de uma mesma sociedade em diferentes momentos históricos

e apontem as alterações sofridas.

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Atividade 5

Fonte: https://www.google.com.br/maps/@-24.6169813,-51.3214141,740767m/data=!3m1!1e3

Os mapas digitalizados possibilitam trabalhar os conteúdos geográficos de

maneira mais versátil em relação aos mapas impressos. Localizar qualquer lugar do

planeta, desde o mais remoto até o espaço do próprio bairro quase

instantaneamente, faz com que estes mapas despertem maior interesse nos

usuários do que os impressos.

Nesta atividade propõe-se o uso do Google Maps, que é uma variação do

Google Earth, um software que disponibiliza diversas ferramentas para visualização

do espaço terrestre, inclusive com imagens em 3 dimensões (altura, largura e

profundidade). Devido à maior dificuldade em instalar o software nos computadores

da escola, optou-se pela utilização de sua variante (Google Maps), mais limitada,

porém facilmente acessível por qualquer navegador e com acesso online.

Conhecendo e utilizando alguns recursos do Google Maps

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Pelo sitio do Google Maps é possível localizar o local desejado (visualmente

ou por meio das coordenadas geográficas), traçar trajetos, verificar distâncias, além

de dispor de visualizações em mapa, imagem de satélite e terreno.

Conteúdos

- Linguagem cartográfica e sua importância na leitura do espaço geográfico;

- As tecnologias e sua importância para uma melhor compreensão do espaço

geográfico.

- Dinâmica da produção e ocupação do espaço urbano.

Recursos utilizados

- Computador, internet

Objetivos

- Conhecer e utilizar o Google maps, destacando suas ferramentas e utilidades no

estudo do espaço geográfico, bem como comparar diferentes tipos de

representações do espaço, como mapa, imagens de satélite e imagens do terreno.

Sequência Metodológica

1 – No laboratório de informática, acessar o Google Maps pelo endereço

<maps.google.com> ou escrever “google maps” na ferramenta de busca do Google;

2 - Mostrar para os alunos algumas ferramentas disponíveis, como a barra de

pesquisa, as opções de zoom da imagem, as formas de visualizações (mapa,

satélite e terreno), algumas imagens (fotos) da cidade escolhida;

3 – Orientar para que naveguem nos três modos de visualizações disponíveis e

percebam que cada um mostra alguns dados específicos. No modo “mapa” é

possível perceber as divisões políticas entre estados, municípios, etc. No modo de

visualização “terreno” destaca-se a visualização das formas de relevo e hidrografia.

E na visualização “satélite” é possível perceber uma imagem (como uma fotografia)

aérea do local escolhido.

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4 – Após navegarem e conhecerem relativamente bem o Google Maps, solicitar

que, na barra de pesquisa, digitem o nome do seu município (neste caso Cornélio

Procópio)

5 – Alterar o zoom/escala do mapa até que consiga visualizar todo o sítio urbano

(para Cornélio Procópio, o valor de 1km na régua da escala é suficiente). Os alunos

devem perceber aí toda a ocupação do espaço urbano, os bairros, as regiões com

maior e menor densidade demográfica, bem como as áreas verdes do município e

outras informações.

6 – Solicitar que localizem o bairro onde moram e visualizem suas casas e outros

lugares mais conhecidos deles. Traçar rotas até o centro da cidade, escola e outros

locais que os alunos mais frequentam. Verificar se o trajeto é parecido com o que

eles realizam.

7 – Os alunos deverão, utilizando uma folha de papel fina (vegetal, manteiga) copiar

os contornos de alguns bairros indicados pelo professor, onde seja possível destacar

áreas verdes sem ocupação, áreas ocupadas, rios, lagos, etc. Após copiar os

contornos, pintar com uma cor para cada representação, sendo verde para os locais

não habitados, azul para lagos, rios e vermelho para os locais habitados. Não

esquecer de inserir a legenda.

8 - Verifique se os alunos compreendem as diferentes formas de representação da

superfície terrestre e se sabem se localizar em um mapa virtual. Para reforçar o

entendimento, repita a sequência de atividades com outros pontos significativos,

possibilitando que explorem os recursos de aproximação e distanciamento da visão

no Google Maps para desenvolver a noção de pertencimento espacial desde o nível

do bairro até do planeta.

Obs.: o professor pode orientar os alunos a perceberem, em uma visualização

mais distante (escala gráfica marcando 100 km por exemplo), todo o Estado do

Paraná, destacando os locais onde há mais vegetação, a rede hidrográfica, as

formas do relevo (como as serras que marcam a separação entre 1º, 2º e 3º

planaltos paranaenses), entre outras visualizações possíveis em várias escalas.

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Atividade 6

A entrevista como atividade de pesquisa contribui para um melhor

conhecimento da realidade de um determinado espaço. Contar é retomar fatos,

acontecimentos, relembrar detalhes. Entrevistar oportuniza a retomada de

memórias, onde as lembranças e representações do mundo são compartilhadas

com o outro (PONTUSCHKA, PAGANELLI, CACETE, 2009).

Sobre a importância da entrevista para os sujeitos envolvidos, Ecléa Bosi

afirma,

narrador e ouvinte irão participar de uma aventura comum e provarão, no final, um sentimento de gratidão pelo que ocorreu: o ouvinte, pelo que aprendeu, o narrador, pelo justo orgulho de ter um passado tão digno de rememorar quanto o das pessoas ditas importantes. Ambos sairão transformados pela convivência, dotada pela qualidade única de atenção. Ambos sofrem o peso de estereótipos, de uma consciência possível de classe e precisam saber lidar com esses fatores no curso da entrevista (2003, apud PONTUSCHKA, PAGANELLI, CACETE, 2009, p. 184)

Ouvir a história de vida dos mais velhos, consideradas pessoas “comuns”

permite reconstruir o presente, com fatos muitas vezes oculto nas histórias oficiais e

reconstruir uma “outra história” reveladora de verdades até então desconhecidas da

sociedade.

Conteúdo

- Atividades econômicas e a transformação do espaço geográfico: a influência do

café no processo de formação da cidade.

Recursos

- Roteiro de pesquisa, questionário, gravador digital, computador

Objetivos

- Proporcionar aos alunos o contato direto com relatos de moradores sobre a história

do município, do bairro, etc., relacionado ao ciclo econômico do café.

Entrevista: identificar descendentes de pioneiros do nosso município e

agendar uma entrevista semi-estruturada (com roteiro e questões pré-

elaboradas)

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- Conhecer, ainda que superficialmente, a importância da entrevista como

instrumento de coleta de dados.

Sequencia Metodológica

1 – Em aula anterior ao dia desta atividade, orientar os alunos sobre os

procedimentos necessários para a realização de uma entrevista. Planejar com eles o

roteiro a ser seguido, bem como a maneira de se portar diante do entrevistado.

Educação, cordialidade, saber ouvir mesmo que o entrevistado fuja do tema da

questão, solicitar permissão para gravar (quando for o caso), etc.

2 – Selecionar moradores antigos dos bairros dos alunos, os quais serão

entrevistados;

3 – Após a realização das entrevistas pelos alunos, deverá ser realizada a

transcrição digitalizada referente às falas dos entrevistados, caso houver gravação.

Em seguida, ocorrerá a análise e limpeza de vícios da linguagem coloquial e do

texto grafado. Esta atividade deverá ser realizada no laboratório de informática com

o auxílio do professor.

__________________________________________________

Atividade 7

Obs.: esta atividade deverá ser realizada em três momentos: preparação dos

alunos para a atividade, onde serão detalhados todos os procedimentos

necessários à realização de uma entrevista; a realização da entrevista

propriamente dita; e a análise dos dados, envolvendo a transcrição e

categorização, caso necessário.

Palestra sobre a colonização de Cornélio Procópio. Por que aqui e não em outro

lugar? Cornélio Procópio é uma cidade que foi planejada?

Obs.: em atividades anteriores a esta o professor já deverá ter abordado sobre a

importância do café para a região Norte do Paraná, bem como para o município

de Cornélio Procópio, e as causas de sua quase erradicação nos dias atuais,

retomando com os alunos e comparando com o que foi coletado nas entrevistas.

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Envolver outros profissionais com o ambiente escolar constitui-se ação

importante para propiciar a construção de uma cidadania mais sólida nos

educandos.

Abrir as portas da escola para instituições como Detran, Polícia, Corpo de

Bombeiros, Centros de Saúde, etc. para tratar de diversos assuntos não abordados

diretamente pelas disciplinas, ou tratados com pouca profundidade, constitui

importante ação para uma formação mais eficaz e já é bastante realizada em

diversas escolas, por meio de palestras.

Esta linguagem também pode ser utilizada para aprofundar o estudo de

conteúdos dentro das disciplinas, pois estes não são fragmentados e a sua

compreensão envolve a contribuição de outras áreas do saber.

Desta forma, pretende-se com essa ação, organizar uma palestra com outro

profissional para conhecer um pouco mais sobre a história da formação do nosso

município. Através desta palestra pretende-se destacar os interesses locais,

regionais, nacionais e até mundiais envolvidos neste processo.

Conteúdo

- A formação das cidades: o caso de Cornélio Procópio;

- As migrações e suas causas no Brasil e no mundo;

- A urbanização brasileira.

Recursos

- Computador, projetor multimídias.

Objetivo

- Compreender os fatos e interesses envolvidos na colonização do Norte do Paraná,

mais especificamente no município de Cornélio Procópio.

Sequência Metodológica

1 – Preparar o ambiente para a palestra, o salão de eventos ou outro espaço

apropriado que a escola disponha, após ter entrado em contato com o palestrante.

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2 – No dia que acontecerá a palestra, é importante testar tudo antecipadamente:

microfone caso seja usado; computador, projetor, entre outros itens necessários;

3 – Como já foi estipulado o tema, preparar com os alunos um roteiro com questões

a serem levantadas para melhor compreensão do assunto abordado. Os alunos

devem anotar o que aprenderem para posterior realização de atividade a ser

solicitada;

4 – Como atividade, os alunos deverão produzir um texto, incluindo ilustrações,

mapas sobre a origem do nosso município e seu crescimento até os dias atuais.

__________________________________________________

Atividade 8

Fonte: Acervo do autor

Estudo de campo – visita ao Museu Histórico de Cornélio Procópio, Bosque

Municipal Manoel Julio de Almeida e Alto do Cristo

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O trabalho de campo é uma prática muito importante para as aulas de

Geografia, pois visa colocar o aluno em contato direto com situações estudadas em

sala de aula, proporcionando uma observação investigativa, uma análise reflexiva e

crítica da realidade, além de favorecer o estreitamento das relações entre professor

e aluno. Além disso, o caráter instigador do trabalho de campo constitui em uma

possibilidade pedagógica de tornar o aprendizado mais fácil e produtivo (SILVONE,

TSUKAMOTO, 2006).

Conteúdos

- A transformações espaciais em Cornélio Procópio;

- A especulação imobiliária no sistema capitalista;

- Impactos socioambientais causados pela ação humana.

Recursos utilizados

- Ônibus, câmera fotográfica, computador.

Objetivo

- Perceber elementos importantes da história do nosso município, bem como o

resquício da vegetação nativa da nossa região, destacando fauna e flora deste tipo

de vegetação;

- Identificar como as ações especulativas do mercado imobiliário tem causado a

expansão horizontal e vertical do espaço urbano no município de Cornélio Procópio.

Sequência Metodológica

1 – Antes do trabalho propriamente dito, é importante preparar os alunos para esta

ação (pré-campo), onde serão visualizados os locais a serem visitados por meio do

Google Maps, além de realizar pesquisas sobre estes locais; no caso de Cornélio

Procópio, será abordado também a questão da especulação imobiliária, que está

gerando no atual momento diversos loteamentos na periferia da cidade, alguns dos

quais, condomínios fechados;

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2 – Após realizar os estudos anteriores, será organizado um roteiro para o trabalho

de campo, onde deverão constar os locais a serem visitados, o trajeto, os trajes mais

adequados e também o que os alunos deverão registrar (anotações, fotos);

3 – Durante as visitas, o professor deverá chamar a atenção dos alunos para o que

está sendo observado, como no caso do Bosque Municipal, destacar o tipo de

vegetação (Mata Atlântica), as espécies vegetais e animais ali presentes. No caso

do Alto do Cristo, destacar a importância do local para os moradores da cidade. A

visualização de outras áreas deste local também é importante. E nos loteamentos

diversos que estão surgindo, comentar sobre a especulação imobiliária que têm

supervalorizado os terrenos e gerados maiores lucros com o loteamento de terras

próximas ao sítio urbano;

4 – Os alunos deverão produzir um relatório sobre o que foi estudado, destacando

os pontos positivos e negativos deste trabalho. Deverão também incluir alguns

registros através de fotos e desenhos.

5 – Solicitar que cada aluno, por meio de uma análise crítica do seu entorno ou outro

local do município que tenha afinidade, descreva sobre um problema percebido por

ele, podendo ser de ordem social, ambiental, etc. Essa descrição pode ser realizada

por meio de diversas linguagens e gêneros: música, poesia, documentário, texto,

fotos, mapas, entrevista com morador, etc. Após a realização deste trabalho, o

professor deverá analisar como está a percepção do espaço geográfico pelos

alunos. Se conseguem descrever adequadamente o problema solicitado e também

apontar medidas que podem ser tomadas para solucioná-lo.

Avaliação

A avaliação será diagnóstica, ocorrendo durante todas as atividades, visando

fornecer subsídios para que o professor verifique a compreensão por parte dos

alunos e retome, caso haja necessidade, o conteúdo estudado, repensando os

instrumentos e metodologias utilizadas.

Os educandos serão avaliados individualmente e em grupo, analisando os

resultados, de acordo com o objetivo da atividade, que servirão de parâmetros para

uma práxis pedagógica, que respeita as diferenças e valoriza os saberes do

educando como ponto de partida, buscando levá-lo a compreender a realidade

espacial em que vive, e reunir condições para transformá-la, onde quer que esteja

(PARANÁ, 2008).

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros curriculares Nacionais. Brasília, 1998. Disponível em:<portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf>. Acesso em: 18/07/2014.

CASTELLAR, S. VILHENA, J. Ensino de Geografia. São Paulo: Cengage Learning, 2012 (Coleção Ideias em Ação).

CASTROGIOVANNI, A. C. Apreensão e compreensão do espaço geográfico. IN: CASTROGIOVANNI, A. C. (org.) Ensino de Geografia: práticas e textualizações no cotidiano. 7 ed. Porto Alegre: Mediação, 2009, p. 11-79.

FREIRE, F. M. P. et al. A Implantação da Informática no Espaço Escolar: questões emergentes ao longo do processo. Revista Brasileira de Informática na Educação, v. 3, n. 1, p. 1-20, 1998. Disponível em <http://www.br-ie.org/pub/index.php/rbie/article/view/2301>. Acesso em 02/07/2014.

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ANEXOS

Roteiro Para Trabalho de Campo

Data: ...../...../........

Traje Adequado: calça jeans, camiseta e tênis

HORÁRIO ATIVIDADE

Visita ao Museu de História Natural

Visita ao Bosque Municipal Manoel Júlio de Almeida

Visita ao Alto do Cristo

Trajeto

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Questionário Para a Entrevista Semi-Estruturada

1 – Qual o seu nome completo?

2 – Há quantos anos reside em Cornélio Procópio?

3 – Seus pais e avós vieram de onde?

4 – Quais motivos trouxeram eles para essa região?

5 – Você já trabalhou na produção ou beneficiamento do café? Em qual atividade?

6 – Havia muito café nesta região?

7 – Você acha que a economia era totalmente dependente do café? Por quê?

8 – Na sua opinão, por que o café deixou de ser o principal produto a ser cultivado

nesta região?

9 – Você acha que as geadas, principalmente a de 1975 foi decisiva para

praticamente extinguir o café da região Norte do Paraná? Por quê?