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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
Título: A LEITURA DE IMAGENS E O COTIDIANO DO ALUNO: A ARTE COMO INTEGRADORA DO CONHECIMENTO
Autor: Maria Conceição Chiareli Costa
Disciplina/Área: Arte
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos de Ivaiporã
Município da escola: Ivaiporã
Núcleo Regional de Educação: Ivaiporã
Professor Orientador: Prof. Dr. Jardel Dias Calvacanti
Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Londrina
Relação Interdisciplinar: Arte e Ciências Humanas
Resumo: Este artigo tem como objetivo levar para os alunos a valorização do aprendizado no Ensino da Arte, sensibilizando-os e deixando-os atentos para uma reflexão crítica sobre as imagens artísticas, para transformá-las em saber estético dando continuidade à sua formação cultural. Como metodologia o ensino será aplicado junto aos alunos da EJA de diferentes faixas etárias e diferentes níveis intelectuais e culturais com a realização de leitura de obras de arte do artista Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Di Calvacanti. Cândido Portinari e também imagens do cotidiano com realização de atividades de pesquisa, textos e vídeos para reflexões, interpretações, análises, comparações e outras diversas atividades práticas como: xilogravura, grafite sobre o papel, construção de máscaras, esculturas, portfólio e exposições de trabalhos, os quais servirão para aprender e construir uma nova compreensão do significado do ensino da arte, transformando-o em um novo olhar, com novos conceitos para que se possa subsidiar uma visão mais crítica e sensível frente aos diferentes contextos sociais, políticos e culturais de uma sociedade de seu cotidiano.
Palavras-chave: Ensino da Arte, Leitura de Imagem, Modernismo, Eja.
Formato do Material Didático: Unidade Didática.
Público: Alunos.
O USO DA LEITURA DE IMAGENS COMO AGENTE INTEGRADOR DO APRENDIZADO DA ARTE COM O COTIDIANO
DOS ALUNOS
Maria Conceição Chiareli Costa1 Jardel Dias Cavalcanti2
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo analisar a leitura de imagem em sala de aula, como parte da pesquisa do Programa de Desenvolvimento Educacional, da Secretaria do Estado do Paraná, PDE/2014. A metodologia de ensino da arte se encontra em constantes discussões no seio escolar, os alunos acreditam que nesta disciplina os professores oferecem em sua maioria atividades que são voltadas somente àqueles que possuem o dom artístico, o professor é visto como um agente repreensivo de alunos que não possuem a temida aptidão artística. O objetivo é propiciar para os alunos da educação jovens e adultos do ensino médio a leitura de imagens como mecanismo que lhes permitam ampliar seus conhecimentos referentes às obras de artes nacionais e criar possibilidades de aplicá-los em prol da valorização da arte. O Modernismo fora o principal exemplo deste modelo de pedagogia, onde destacamos Lasar Segall como importante modernista brasileiro, que possui como algumas de suas principais características a abordagem da guerra, do negro, da perseguição e da prostituição. O processo de estudo da imagem deve se ater ao fato de que nem sempre as imagens reproduzem os aspectos daquilo que é naturalmente visível, ou seja, nem sempre podemos interpretar uma obra de arte somente ao observá-la de maneira superficial, devemos, então, compreender todos os significados e relevâncias da criação, desde seus elementos estéticos propriamente ditos até a sua historicidade das obras. A intervenção pedagógica e o estudo de caso foram realizados através das seguintes etapas: desconstruir nos alunos as opiniões, ideias e concepções superficiais das imagens observadas, possibilitar uma reflexão crítica das obras de arte de Lasar Segall e oferecer aos alunos o reconhecimento dos elementos históricos, estéticos e sociais que levam a compreensão de qualquer obra de arte e sobre o ensino da arte em si.
Palavras-chaves: Ensino de Arte. Leitura de Imagem. Modernismo e Expressionismo. INTRODUÇÃO
A disciplina de Artes oferece aos discentes uma experiência diferente (e mais
rica) da realidade. Mas o que acontece nos meios escolares é que se difunde uma
visão equivocada do seu ensino, baseada em um preconceito que imagina que a
arte é uma forma de conhecimento inferior ao conhecimento oferecido pelas outras
1 Professora de Arte do Ensino Fundamental e Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos da
rede pública do Estado do Paraná. Graduada em Artes Visuais, habilitação em arte pela UNOESTE Universidade do Oeste Paulista/SP. Especialista em Metodologia do Ensino da Arte com Ênfase em Artes Técnicas e Procedimentos pela Faculdade Eficaz/PR. Aluna do Programa de Desenvolvimento Educacional, da Secretaria do Estado do Paraná, PDE/2014. 2 Orientador/ Professora Doutor da Universidade Estadual de Londrina/UEL.
disciplinas. Essa visão também parte do princípio de que se uma disciplina não é
conteúdista não pode oferecer uma forma prática de avaliação dos resultados do
seu ensino.
A metodologia de ensino da arte se encontra em constantes discussões no
seio escolar, os alunos acreditam que nesta disciplina os professores oferecem em
sua maioria atividades que são voltadas somente àqueles que possuem o dom
artístico, ou seja, quando é proposta uma atividade integrativa onde cada aluno está
livre pra produzir uma imagem para expor seus sentimentos, o professor é visto
como um agente repreensivo de alunos que não possuem a temida aptidão artística.
A relevância em se desenvolver a criatividade dos alunos deverá sempre se
sobressair às dificuldades encontradas em seu desenvolvimento, assim como um
professor de matemática aplica diversas atividades para que o aluno compreenda
um determinado conteúdo, na disciplina de arte nós professores devemos incentivar
e realizar diversas atividades práticas que permitam aos alunos compreender a
importância da Arte em sua vida.
O ensino da arte da rede pública de ensino paranaense necessita de uma
ampliação nas metodologias de ensino, o uso da leitura de imagens é uma variação
importante nas metodologias utilizadas atualmente, ao apresentarmos aos alunos
obras de arte de artistas modernistas brasileiros, dando-lhes uma interação mais
ativa com a arte nacional e a realidade brasileira a partir de diversas perspectivas.
A problemática levantada neste artigo fora que atualmente se evidencia um
determinado preconceito por parte dos alunos em relação ao ensino de Arte, onde
se encontra impregnado a visão de que a disciplina de Arte não é importante para a
sua vida. Este preconceito ocasiona uma desvalorização da disciplina,
consequentemente gera uma problematização no momento de realizar as práticas
pedagógicas, o desinteresse devido a falta de conhecimento histórico cultural, assim
o ensino da Arte acaba sofrendo significativamente perdas irreparáveis. Como nós
professores da disciplina de Arte da rede pública de ensino podemos contribuir na
valorização do conhecimento sobre as obras de artes e assim sobre a arte em si?
O grande desafio encontrado fora o de desenvolver um aprendizado de forma
que esteja vinculado ao currículo da disciplina de arte, dialogando e
contextualizando com uma abordagem dos movimentos da história da arte: o
modernismo e o expressionismo e sua relação com a leitura de imagens do
cotidiano através de obras dos artistas Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Di
Calvacanti, Cândido Portinari, enfatizando os saberes estéticos e possibilitando o
entendimento da arte como algo integrado do cotidiano do aluno.
O objetivo deste artigo é propiciar para os alunos jovens e adultos do ensino
médio a leitura de imagens como mecanismo que lhes permita ampliar seus
conhecimentos referentes às obras de artes nacionais e criar possibilidades de
aplicá-los em prol da valorização da arte, desconstruindo a visão errônea do
significado do ensino da arte e construindo uma nova compreensão do seu sentido,
valorizando seus resultados para a formação escolar e cultural de cada aluno.
O presente artigo fora elaborado inicialmente baseando-se em dados
levantados no projeto "O uso da leitura de imagens como agente integrador do
aprendizado da arte com o cotidiano dos alunos" parte do Programa de
Desenvolvimento Educacional - PDE, neste projeto foram elencados desejos de
como se interagir conteúdos da disciplina de arte e a leitura de imagem, após
enfocar-se no período modernista e expressionista, em especial nas obras dos
artistas Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Cândido Portinari, foram
elaboradas atividades que se realizaram no segundo semestre do ano de 2015,
sendo utilizados mecanismos como: pesquisas bibliográficas, atividades teóricas e
práticas e exposição ao público.
A LEITURA DE IMAGEM E O COTIDIANO DOS ALUNOS
O ensino da Arte no Brasil inicia-se no período colonial brasileiro, onde nas
vilas e reduções jesuíticas, a congregação católica conhecida como Companhia de
Jesus, iniciou um trabalho de educação coletiva dos moradores locais. Neste local
foram desenvolvidas por grupos de origem portuguesa, indígena e africana, uma
educação enfocada nas tradições religiosas cujos registros demonstram o uso
pedagógico do ensino da arte. No período colonial ocorre a denominada Reforma
Pombalina que se fundamentou nos padrões da Universidade Coimbra (Portugal),
que focaliza o ensino das ciências naturais e de estudos literários. (PARANÁ, 2008)
No decorrer o Brasil passou a receber artistas das mais diversas partes do
planeta, entre eles destacaram-se os franceses que vieram a fundar a Academia
Brasileira de Artes, local onde os alunos obtiveram a oportunidade de aprender as
artes e ofícios artísticos. As Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Arte
(2008) aponta esse grupo como sendo reconhecido nacionalmente como a Missão
Francesa no Brasil, sendo que sua concepção de arte estava vinculada ao estilo
artístico neoclássico, que se fundamentava no culto á beleza clássica.
O evento de maior expressividade da arte no Brasil ocorrerá em 1922 no
teatro municipal de São Paulo, a Semana da Arte Moderna, sendo este um evento
idealizado por Di Cavalcanti que buscará apresentar aos brasileiros as novas
tendências artísticas que permeavam na Europa, sendo um movimento essencial
para o movimento modernista brasileira. O movimento modernista teve como seus
precursores nas artes plásticas Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Lasar Segall.
(PARANÁ, 2008)
O Modernismo vai ser uma expressão deste novo Brasil. O objetivo de artistas e intelectuais será o de colocar a cultura brasileira coerente com a nova época, além de torná-la um instrumento de conhecimento efetivo de seu país. Esse projeto ambicioso se afirmará no tempo como formador de uma nova consciência cultural brasileira. (ZILIO, 1997. p.38)
O modernismo fora um movimento que buscava valorizar a cultura popular,
baseando-se na compreensão de que desde o processo de colonização portuguesa
a arte indígena, medieval e renascentista europeia e africana, cada uma com suas
especificidades, fizeram parte da formação cultural da população brasileira, devendo
ser valorizada e respeitada em sua totalidade. Em sala de aula o professor de arte
deve incentivar o estudo de toda arte presente no Brasil, é visível na atualidade o
quanto tem se ampliada a presença da cultura africana no ensino e na sociedade.
O ensino da Arte passou a ter, então, enfoque a expressividade, espontaneísmo e criatividade. Pensada inicialmente para as crianças, essa concepção foi gradativamente incorporada para o ensino de outras faixas etárias. Apoiou-se muito na pedagogia da Escola Nova, fundamentada na livre expressão de formas, na individualidade, inspiração e sensibilidade, o que rompia com a transposição mecanicista de padrões estéticos da escola tradicional. (PARANÁ. 2008, p.40-41)
A pedagogia da Escola Nova ou Pedagogia Progressista buscou flexibilizar no
Brasil o acesso a Ensino Público, sendo seu principal lema a universalização da
escola pública, laica e gratuita. O Modernismo fora o principal exemplo deste modelo
de pedagogia, sendo por meio de suas obras valoriza a originalidade e a qualidade
expressiva das produções indígenas, africanas e infantis.
Os artistas modernistas defendiam o pensamento de que a força criativa das
produções das populações indígenas, africanas e infantis não estavam presas as
convenções sociais presentes naquela época, sendo assim mantido em si os canais
puros da criatividade, ou seja, cada obra era livre de vícios e costumes sociais
sendo eles a pura expressão do artista. (AMARAL, 2003) A questão da criatividade
pura, livre das convenções, era a principal meta dos artistas modernistas, esse
passou a ser o objetivo de diversos professores progressistas.
O Modernismo, na sequência dos seus momentos, revela uma tendência paradoxal de uma modernização conservadora. Em sua luta pela inovação consegue apenas aparentemente levar a cultura brasileira à modernidade. As aparências enganam, mas serviram para produzir um exercício cultural importante, capaz de levar a sociedade a debater e questionar seus valores simbólicos e a renovar seu sistema de produção e circulação da arte. (ZILIO, 1997. p.12)
O modernismo brasileiro contou com a participação de diversos artistas
brasileiros e estrangeiros, dentre eles o pintor, escultor e gravurista judeu brasileiro
Lasar Segall, nascido na cidade de Vilna (União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas, atual capital da Lituânia), seu trabalho fora de grande relevância para
diversos movimentos artísticos, dentre eles o impressionismo, expressionismo e em
especial o modernismo brasileiro suas principais abordagens eram a guerra, a
perseguição e a prostituição. Em 1923 Segall viera residir definitivamente no Brasil
onde segundo ele "talvez seja o único ambiente onde se podia ainda respirar
livremente"(p.23), sua obra passará a uma nova fase que ficara conhecida como "o
milagre da luz e da cor", sendo ele um dos pioneiros artistas modernistas a expor
suas obras no Brasil. (STIGGER, 2013)
Este momento onde a luz e a cor fizeram presentes nas obras de Lasar Segall
ocorreu segundo ele, pois
O Brasil revelou-me o milagre da cor e da luz. Sinto que neste país todas as coisas parecem mais leves e mais altas. Eleva-nos da terra. Ensina a alegria. Considero uma aquisição essencial para a minha arte essa alegria que o Brasil me revelou. Não é uma alegria superficial, que se oponha a tristeza, mas uma alegria ampla e compreensiva que abrange o seu contrário, e que, sobretudo, nos exalta para um mundo mais elevado. (STIGGER, 2013. p.23)
Os desenhos de Lasar Segall são reconhecidos mundialmente, destacando-
se dentre eles as gravuras, que apresentam temas ocorridos num universo pouco
utilizado pela arte naquele período que era o mundo dos desfavorecidos e
marginalizados pela sociedade. Em suas figuras é visível a acentuação das
deformações, assim como é acentuado os personagens nos espaços que os
oprimem, situação esta que ocasiona um sentimento de abandono e tristeza para
quem as observa.
Cabe ressaltar que o humanismo presente nas obras de Segall, ocorrera
devido sua preocupação com a miséria, violência e injustiças sociais presente no
Brasil naquela época. Suas abordagens eram sua maioria de temas universais que
buscavam expressar com emoção tudo o que via e sentia, seu olhar diferenciado
sobre as diversas imagens que produziu nos leva a um questionamento, o que é
imagem?
Esse questionamento fora conceituada por diversos escritores e filósofos por
todos os tempos, Platão afirmou que são imagens naturais, como as refletidas na
água, e há imagens artificiais, como as produzidas pelo homem. Baseando-se nesta
distinção, fora construída uma breve discussão entre os ideais naturalistas e
convencionalistas sobre o estudo da imagem, onde a similaridade entre ambos é o
fato de possuírem um caráter duplo inerente e decorrente da imagem e do objeto
representado. (NOTH,1995)
O processo de estudo da imagem deve se ater ao fato de que nem sempre as
imagens reproduzem os aspectos daquilo que é naturalmente visível, ou seja, nem
sempre podemos interpretar uma obra de arte somente ao observá-la de maneira
superficial, devemos então compreender todos os significados e relevâncias da
criação, historicidade e exposição de tal obra. Existem diversas imagens em todo o
nosso cotidiano, sendo elas de formas puras, abstratas e coloridas, assim como
diversas outras figurativas de formas imaginárias, mitológicas e religiosas, sendo
estas consideradas signo, ou seja, uma imagem é considerada um signo.
A compreensão dos símbolos existentes em nosso cotidiano nos leva a ao
questionamento sobre qual a importância e influência da arte na vida dos alunos da
atualidade. Na educação nacional podemos considerar a disciplina de Arte como
sendo uma disciplina que ocupa um espaço secundarizado pelos alunos e
professores das demais disciplinas, fato evidenciado nos anos anteriores da LDB nº
9.394/96 onde a disciplina figurava na parte diversificada o que era considerada
erroneamente como sendo uma disciplina que não ocasiona reprova, perfil este que
se perpetuou até a atualidade.
A semiótica é definida como sendo a ciência geral dos signos e da semiose,
que tem como fundamentação o estudo de todos os fenômenos culturais como se
fossem sistemas signicos, ou seja, sistemas próprios de significação. Na semiótica a
compreensão do signo parte da necessidade da compreensão da relação signo-
objeto através de seu significante e significado. Existe ainda uma área da semiótica
que se decida na identificação dos índices, símbolos e ícones presentes na
comunidade visual que servem para leitura e produção da linguagem. (NOTH,1995)
A compreensão de um determinado símbolo é essencial para todo e qualquer
ser humano, pois por diversas vezes se deparamos com símbolos em nosso
cotidiano que nem sempre compreendermos o seu real significado, isto se evidencia
nas escolas onde os alunos são apresentados a diversas obras que possuem um
significado que nem sempre são bem interpretados por todos, sendo este uma
necessidade educacional a ser trabalhada de maneira constante e regular por todos
os professores de Arte.
A semiótica é definida por SANTAELLA (1992, p.13) como sendo uma ciência
que “tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem
por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno de
produção de significação e de sentido”. Sendo assim, a semiótica é a ciência que
procura investigar toda a informação que leve a algum significado para uma
linguagem, explicando na maioria das vezes um sentimento pessoal de cada artista
que busca transpor sua realidade social ou o momento em que vivi.
A semiótica aborda os conceitos de estudo dos mecanismos de significação
adquiridos por meio do processo natural da sociedade, sua principal característica é
não se reter na simples compreensão verbal de um determinado signo, mas sim se
expandir a todo e qualquer signo presentes nos mais diversos campos como:
músicas, gestos, fotografia, cinema, moda, religião, artes visuais, entre tantas outras
formas de arte. Ainda sobre a semiose Charles Peirce se destacou como sendo um
de seus grandes idealizadores, Santana (2008) afirma que:
A Semiótica de Peirce não é considerada um ramo do conhecimento aplicado, mas sim um saber abstrato e formal, generalizado. Segundo este autor, as pessoas exprimem o contexto à sua volta através de uma tríade, qual seja, Primeiridade, Segundidade e Terceiridade, alicerces de sua teoria. Levando em conta tudo que se oferece ao nosso conhecimento, exigindo de nós a constatação de sua existência, e tentando distinguir o pensamento do ato de pensar racional, ele chegou à conclusão de que toda experiência é percebida pela consciência aos poucos, em três etapas. São
elas: qualidade, relação – posteriormente substituída por Reação - e representação, trocada depois por Mediação. (SANTANA, 2008, p.1)
A teoria de Semiótica segundo Peirce está baseada nas três qualidades: a
Primeiridade é a sensação proporcionada à pessoa, ou seja, a primeira impressão,
aquela em que sentimos as cores e as formas; Segundidade é a observação mais
aprofundada do que se vê e o momento em que passamos a se atentar a realidade
concreta do objeto (signo), do que é feito e onde esta localizado; Terceiridade e o
ato de unir as duas primeiras qualidades e então imprimir seu significado. Outro
escritor que possui destaque na semiótica é Ferdinand de Saussure famoso filosofo
suíço que então divide o estudo dos signos em significado e significante e o objeto
de Peirce passa a figurar na realidade da pessoa.
O estudo dos signos é uma ciência que se baseia na compreensão do
significado de cada signo, sendo dividida em três grandes conceitos que são: Signo-
Objeto, Signo-Objeto Interpretante e Significado e significante. Dentro deles é
importante considerar que o signo-objeto é a maneira de se compreender as
diversas variantes do signo, onde o objeto é idealização de uma forma e o signo seja
a representação da idéia. Sendo assim o signo-objeto é a interpretação realizada
pela nossa mente de um ideal de objeto.
Outra vertente da compreensão dos signos que é o signo-objeto interpretante,
que tem como principal função o estudo de que cada signo ao ser representado
produz um segundo signo na mente de quem visualiza, esse fato ocorre quando
observamos uma roupa em manequim e que nossa mente nos faz imaginar como
seria a mesma peça de roupa de outra cor, ou de outro tamanho. Na educação esta
vertente é muito utilizada para obter uma maior fixação do conteúdo, diversos
professores fazem uso da contextualização de uma imagem para desperta o prazer
pela arte ou por diversos outros conteúdos. (SANTANA, 2008)
O Significado e significante é uma linha de pensamento que aborda a leitura
de imagem através do estudo de todos os detalhes de uma imagem, assim como os
sentimentos que ela provoca, significante é aquilo que é perceptível, ou seja, o
desenho em si, a fato, o quadro, entre tantos outros signos existentes na atualidade.
O significado é tudo aquilo que o objeto busca representa, sendo é a idéia ou o
conceito do signo.
O estudo dos signos é essencial para o ensino da disciplina de Arte, pois por
meio dele o aluno pode compreender qual o real significado de uma obra de arte,
compreendendo detalhes que antes passavam despercebidos ao olhar desatendo.
Oportunizando a cada pessoa a oportunidade de reconhecer as mais diversas
especificações possíveis em um simples desenho ou até mesmo na mais
reconhecida obra arte. (SCHLICHTA, 2009)
A leitura de imagem conta com elementos visuais primários que servem para
a orientação inicial de quem a observa, sendo elas: o ponto, o contorno, a linha, a
direção, o tom, a textura, a cor, a dimensão, a escala e o movimento. (BUENO,
2008) De base nestes elementos, os alunos podem a partir de uma orientação
elaborar, estudar, interpretar e compreender determinada obra, sendo essencial
ainda uma compreensão das técnicas de desenho, pintura e gravura, que são:
Desenho: carvão, lápis grafite, sanguínea, sépia, pedra negra, giz de
desenho, pastéis secos, pastéis de óleo e tinta chinesa.
Pintura: afresco, aquarela, guache, têmpera, pintura a óleo, colagem, acrílico,
frottage.
Gravura: em metal, litografia, xilografia, linóleo e serigrafia.
O processo de leitura de imagens ou como Santaella (1992) define o
alfabetizar-se visualmente, sendo necessário desenvolver nos educandos o hábito
da observação dos aspectos e de traços constitutivos existentes no interior da
imagem, sem exagerar para pensamentos que nada têm a ver com ela. Assim como
no caso de um texto uma imagem pode construir diversa leituras, mas não deve ser
considerada qualquer leitura, deve-se incentivar os educandos na compreensão de
todo os ângulos e perspectivas que uma obra busca transmitir. A metodologia de
ensino de ensino de imagem deve ser construída seguindo as seguintes
orientações:
Como as imagens se apresentam?
Como indicam o que querem indicar?
Qual é o seu contexto de referência?
Como e por que as imagens significam?
Como as imagens são produzidas?
Como as imagens pensam?
Quais são seus modos específicos de representar a realidade que está fora
dela?
De que modo os elementos estéticos, postos a serviço da intensificação do
efeito de sentido, provocam significados para o observador?
Ao proporcionarmos aos alunos os questionamentos acima podemos elevar a
um nível mais elementar e essencial de leitura de imagem, pois atingem um patamar
mais abstrato da compreensão, proporcionando uma compreensão da
representação dos valores sociais e estéticos presente na obra, assim como uma
análise sobre as subjetividades, as identidades e significados nela presentes.
O ensino da arte propicia um desenvolvimento do pensamento artístico de
cada aluno, assim como sua percepção estética, que acabam por caracterizar de um
modo próprio e pessoal cada obra, passando a aferir um sentido e uma experiência
humana a cada desenho, gravura ou simples signo existente em nosso cotidiano.
Durante o aprendizado os alunos passam a desenvolver sua sensibilidade,
percepção e imaginação, de si mesmo, dos outros, da natureza a qual pertence ou
visita e das diferentes culturas existentes em todo o mundo. (ENGELMANN, 2008)
A partir do momento que os alunos são levados a conhecer novas culturas,
elas passam a compreender a relatividade dos valores que estão profundamente
fixados em seu modo de pensar e agir, e com esta visão possivelmente passará a
valorizar o que é próprio de sua cultura e reconhecerá a riqueza da diversidade
cultural presente neste mundo globalizado.
No momento em que é fomentada a busca pelo conhecimento artístico, surge
à possibilidade de se analisar a realidade individual de cada aluno, sendo esta
analise mais crítica, passando a entender a cultura e o mundo a qual está inserido.
Porém devemos lembrar que o ensino da arte não deve se concentrar somente
como uma contribuição para o aprendizado da criança, mas sim deve ser
considerado todo o sujeito de uma sociedade e cultura que possui a capacidade de
reconhecer na disciplina de Arte um mecanismo para educar-se. (ENGELMANN,
2008)
A pesquisa bibliográfica oferece a toda pessoa uma oportunidade única de
ampliar seus conhecimentos, nos dias de hoje existem diversa fontes de pesquisa a
disposição de todos, dentre elas: os livros, os artigos científicos, os hipertextos, os
jornais, internet, entre tantas outras. O processo de pesquisa é fundamentada em
uma busca de informações que esclareçam e justifiquem determinados temas, essa
busca constrói uma ampla condição ao pesquisar de compreender a realidade
presente de seu cotidiano e por este motivo é um instrumento metodológico muito
importe que fora usado na fundamentação deste projeto. (LAKATOS; MARCONI,
1991)
No Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos de Ivaiporã é
ofertado um ensino pautado nos fundamentos das Diretrizes Curriculares da
Educação de Jovens e Adultos (2006), onde a entidade busca atender o desejo dos
alunos de elevar o nível de escolaridade que possui. O ensino da Arte aos alunos do
Ensino Médio deve ser inovador e buscar sempre interligar a realidade social e
cultural do aluno com o conteúdo a ser trabalhado em sala de aula.
METODOLOGIAS PARA SE TRABALHAR COM A LEITURA DE IMAGEM EM
SALA DE AULA
O ensino da arte por meio da leitura de imagem busca proporcionar aos
alunos um ensino que os sensibilize e os surpreenda com a complexidade de que
cada obra possui, transformando aquele olhar superficial, que é simplesmente um
visitante inexperiente no mundo da arte, em um olhar aguçado que encontrará todos
os detalhes que o artista buscou demonstrar, sonhando ainda que um dia o mesmo
passe a buscar a Arte em todos os momentos de sua vida.
O desenvolvimento da ação faz uso do portfólio como método de avaliação,
sendo que o portfólio é a fora opção de trabalho quando se busca assegurar um
completo detalhamento do trabalho realizado, visto que em sua formulação é
permitido inserir todas as informações importantes no desenvolvimento de projeto ou
ação, assim como, apresenta de fora explícita o resultado de um projeto e
implicitamente como os educandos se adequaram na compreensão da temática
abordada.
O uso do portfólio como modalidade de avaliação é essencial no ensino da
arte, visto que por meio desta metodologia é possível apropriar-se do uso de
metáforas e analogias que se revelaram frutíferas no futuro. Seu uso baseia-se no
pensamento da natureza evolutiva do processo de ensino aprendizagem, sendo que
por meio dele é possível por oferecer aos alunos e professores uma chance de se
refletir sobre o progresso dos educandos no que tange a sua compreensão da
realidade, em consonância possibilita a introdução de mudanças durante o
desenvolvimento do programa de ensino adotado pelo professor. (HERNÁNDEZ,
2000. P.166-167).
Inicialmente fora apresentado à temática leitura de Imagem, onde o educando
fora levado a compreender como ocorre o processo de estudo de imagem, onde a
mesma ocorrer pode meio de diversos elementos visuais primários que servem para
a orientação inicial de quem a observa, sendo elas: o ponto, o contorno, a linha, a
direção, o tom, a textura, a cor, a dimensão, a escala e o movimento, como defende
Bueno(2008). Neste momento os alunos foram levados a compreender as técnicas
de desenhos existentes em especial desenho, pintura e gravura.
A atividade "Instigando, formando e sensibilizando para novos olhares no
cotidiano" onde fora realizado um questionário inicial para o reconhecimento do
interesse dos alunos pela arte, onde os alunos demonstram que mesmo não
estando acostumados com obras de arte se relacionam com a arte de modo simples,
mas diário. Momento este que possibilitou aos educando o despertar o interesse
para o aprendizado do ensino da arte com prazer, motivação e curiosidade, levando
os alunos a estarem sempre atentos para transformar e se sensibilizarem para
novos olhares. No segundo momento fora apresentado os alunos alguns tipos de
imagens do cotidiano, tais como: dentista, pedreiro e agricultor, onde foram
efetuados questionamentos aos alunos de acordo com que cada imagem sugere,
intercalando-as durante a explicação do texto sobre leitura de imagem dentro de um
contexto para que o aluno compreenda os signos e significados na leitura de uma
imagem, ou seja, formas explícitas e implícitas. Sendo explicitado aos educando que
é possível perceber significado quando o leitor estabelecer relações e que para
estabelecer relações depende da formação cultural de cada um. Fora realizado
ainda o seguinte questionamento É uma imagem constituída de que? Como saber
se é uma foto de um profissional? Como as pessoas se apresentam?, que
proporcionaram aos alunos a oportunidade de pesquisar, olhar, sentir e refletir a
arte. Por fim fora os alunos foram convidados a sair da sala de aula e dar uma volta
nas dependências da escola, onde escolheu qualquer imagem que lhe chamar a
atenção, observá-la por um tempo e, em seguida, retornaram para a sala e cada
aluno escreveu um relatório sobre a imagem escolhida (Porque escolheu a imagem,
o que ela lhe provocou: estranhamento, curiosidade, beleza, informação) enfim,
descrever tudo sobre a imagem. Observou-se que os alunos possuem um alto poder
de observação é quando levados a observar apresentam bom desempenho nos atos
de refletir, registrar e apreciar a arte que o envolve. A finalização da atividade
ocorreu por meio da produção de um de relatório individual (portfólio) contendo suas
atividades desenvolvidas, sendo levados nesse momento a se auto-avaliar sobre o
quanto aprenderam nas aulas, visualizando assim o quanto a arte esta presente em
sua vida.
A atividade "Pesquisando, discutindo e analisando a partir dos conhecimentos
adquiridos" iniciou por meio da apresentação de vídeos que retratam a história do
Movimento Modernista e Expressionismo3, momento onde foram apresentadas as
obras A negra -1923- Tarsila do Amaral, Terra- 1943- Tarsila do Amaral, Abaporu-
1928- Tarsila do Amaral, Menino com galo brincando - 1963- Di Cavalcanti,
Mulheres na janela- 1926- Di Cavalcanti, Criança morta- 1944- Candido Portinari,
Lavrador de café- 1934, Menino com Lagartixas- 192- Lasar Segall e Guerra- 1942-
Lasar Segall., onde foram levados a realizar comparações entre as imagens e seus
estilos próprios de cada movimento. Os alunos observaram diversas características
das obras, sendo que alguns alunos em especial acentuaram a necessidade de que
cada pessoa passe a observar todas as imagens em sua vida, valorizando cada
representação que é única e valorosa. Apresentaram-se ainda através de slides as
obras: Vista do Cavalão - George Grimum (pintura de paisagem acadêmica) e Gado
na Montanha - Lasar segall, (pintura modernista) e duas de figuras humanas-Moisés
e Jacabed - Pedro Américo (pintura acadêmica) e Maternidade - Lasar Segall
(pintura modernista.), D. Pedro ll – Francisco Chaves Pinheiro (escultura acadêmica)
e Tocadora de Guitarra - Vitor Brecheret (escultura modernista). Possibilitando assim
que os alunos reconheçam os elementos históricos sociais que levam a
compreensão dos saberes estéticos de uma obra.
Neste momento fora proposta aos alunos a realização de um desenho de
acordo com um estilo de sua preferência ou estilo dos artistas que foram
apresentados, onde foram utilizados diversos tipos de materiais e diferentes técnicas
(colagem, pintura, textura, grafite, tinta, lápis de cor e outros). Foram desenvolvidos
3 https://www.youtube.com/watch?v=xIRD1Bj7b54
https://www.youtube.com/watch?v=rUqxPOI7J8Y https://www.youtube.com/watch?v=91aSFUYq-qA https://www.youtube.com/watch?v=lpDeeHKS20A https://www.youtube.com/watch?v=ZAES7MxcOBY
diversos desenhos, sendo em sua maioria, embasados na realidade do cotidiano
dos educandos, destacaram-se desenhos onde ocorreu a ligação entre obras
apresentadas anteriormente e objetos da atualidade, oportunizando assim uma
transformação do olhar do educando com base no conhecimento que adquiriu. Em
um segundo momento os educandos foram levados a desenvolver um relatório
sobre o que foi trabalhado na aula, explicando o que aprendeu sobre estilos do
Modernismo e do Expressionismo, bem como se os conteúdos oferecidos
proporcionaram uma compreensão satisfatória, sendo então apresentados ótimos
resultados tanto na questão compreensão dos conteúdos quando na interpretação
das obras trabalhadas.
Na segunda parte do projeto fora apresenta a leitura de imagem segundo
Santaella, onde se utilizou a metodologia de ensino de leitura da imagem por meio
dos seguintes questionamentos: Como as imagens se apresentam? Como indicam o
que querem indicar? Qual é o seu contexto de referência? Como e por que as
imagens significam? Como as imagens são produzidas? Como as imagens pensam?
Quais são seus modos específicos de representar a realidade que está fora dela?
De que modo os elementos estéticos, postos a serviço da intensificação do efeito de
sentido, provocam significados para o observador?
Os questionamentos levantados acima permitiram proporcionar ao aluno uma
ampliação em seu nível de compreensão da arte permitindo elevá-lo a um nível mais
elementar e essencial de leitura de imagem, pois atingem um patamar mais concreto
da compreensão, proporcionando uma compreensão da representação dos valores
sociais e estéticos presente na obra, assim como uma análise sobre as
subjetividades, as identidades e significados nela presentes, sendo que isto
transcorrera de modo exponencial sendo apresentados melhores resultados
gradativamente a cada atividade.
Ao trabalhar a temática "Mãe", sendo este um assunto nas obras de Lasar
Segall, fora exposto à obra "Mãe negra entre as casas" onde cada aluno pode
observá-las atentamente, em um primeiro momento fora proposto que cada alunos
responde-se s seguintes questionamentos: Já teve contato alguma vez com essa
imagem? Onde? O que essa imagem esta sugerindo? Ela causa algum
estranhamento? Qual a sensação que ela transmite? Essa imagem apresenta algo
proposital? Em nosso cotidiano deparamos com cenas parecidas com da imagem?
Ao responderem os questionamentos casa aluno pode conhecer a importância de
obras na ampliação das condições de pensar, escrever, sentir e fazer arte,
promovendo assim a valorização dos elementos artísticos culturais, sociais e
estéticos das obras de arte, fazendo com a que a leitura da imagem não seja
somente intuitiva.
Em um segundo momento fora proposta a análise específica das obras
trabalhadas, buscando construir os saberes estéticos, motivando-os com as
seguintes questões: Dizem só o que esta vendo na imagem. Quanto às cores o que
se vê? Como as cores se compõem? Como são as pinceladas? Como as formas se
apresentam? Tipo de técnica? E assim por diante. Neste momento a compreensão
de cada obra se expandiu, diversos educandos apontaram características
específicas validas das obras, demonstrando que o aprendizado fora bem absorvido
pela maioria.
No terceiro momento baseando-se no conhecimento de cada aluno sobre o
período histórico, a obra e o artista, o aluno usou seu conhecimento cultural,
desconstruindo suas opiniões, idéias e concepções superficiais sobre a imagem e
construiu o conhecimento dos elementos históricos, estéticos e sociais que levaram
a compreensão de uma determinada obra de arte; olhando o que está explícito
(signos) para enxergar o que está implícito (significados) na obra de arte. Usaram-se
questionamentos como sabe na construção da discussão, sendo questionados
sobre: Por que essas casas? Por que será que a mãe é negra? Porque a figura da
mãe em primeiro plano? As obras utilizadas foram: Viúva e filho ll - 1920 - óleo sobre
o papel, Gestante – 1920 – óleo sobre o papel, Mulata com criança – 1924 - óleo
sobre a tela, Morro vermelho 1926 – óleo sobre o a tela, Mãe com recém-nascido –
1930 - aquarela e tinta preta sobre o papel, Maternidade - 1931 - óleo sobre a tela,
Maternidade- 1936- óleo sobre a tela, Mãe e filho- 1935- tinta azul e pena sobre o
papel, Mãe morta - 1940 - óleo com areia sobre o papel. Cada obra fora discutida
com os educandos de modo a levá-los a compreensão da temática "mãe", assim
como compreender como o modernismo e expressionismo estão relacionados com
temáticas atuais, despertando nos educandos uma vontade em se compreender
como uma obra de arte pode transmitir tantos significados.
Fora exposto à obra Maternidade - 1935, e bronze Maternidade - 1935 -
mármore- cinza, de Lasar Segall, onde os alunos trabalharam o tridimensional-
construindo pequenas esculturas que represente mãe e filho, usando as mais
variadas formas para demonstrar nas esculturas sentimentos e gestos maternais.
Utilizaram-se materiais como argila, jornal velho, tinta e pincel, onde cada um
apresentou suas versões das obras apresentadas, assim como alguns alunos
apresentaram criações espontâneas que posso qualificá-los como belíssimas. O
portfólio fora utilizado para assegurar o registro e a permanência de todo esse
processo criativo.
A atividade seguinte vem proporcionar aos alunos uma metodologia ligada ao
seu cotidiano, onde iniciasse no acompanha da chegada de Segall ao Brasil, onde o
tema prostituta se tornou ao lado do negro e do emigrante, uma das figuras
recorrentes em suas obras, pessoas que vivem as margens da sociedade.
Apresentou-se aos alunos slides de obras do artista Lasar Segall que representam a
prostituição: Rua – 1922- óleo sobre a tela, Casa do mangue- 1929- xilogravura
sobre o papel, Figura com reposteiro- 1954- óleo sobre a tela, Rua de erradias l -
1956 - óleo sobre a tela. Momento onde foram descrito as imagens através de
comparações com o levantamento de questões, onde primeiro só se descreve o que
está vendo nas imagens, sempre fazendo comparações entre uma imagem e a
outra.
Em sequência se analisou como as imagens se apresentam, o que elas dizem
a respeito das formas, das figuras, das cenas, do lugar, do tempo, das cores, das
manchas, da luz e sombra, das linhas, posições, equilíbrio, volume, textura e assim
por diante conforme a obra oferece. Cada aluno observou a imagem e construiu
perguntas a respeito da imagem. Surgiram questões como: O porquê a obra era tão
triste? Qual o motivo do autor criar essa obra? Quais os impactos da obra na época
em que fora criada? Questões essas que permitiram uma leitura de cada obra com
maior profundidade, contendo uma fundamentação da poética do artista e também
do contexto do período em que fora criada.
Em continuidade a atividade, fora apresentado um segundo slide com outras
obras de Lasar Segall: Duas mulheres do mangue com persiana - 1928 - ponta seca
sobre o papel, Dois nus - 1930 - óleo sobre a tela, Mulher reclinada - 1939 - óleo
sobre a tela, Nu recostado com espelho - 1939 - óleo com areia sobre a tela, Cabeça
atrás da persiana - 1944 - guache sobre o papel, que retrata a prostituição. Momento
em que os educando realizaram diversos comentários sobre a questão, apontando a
dificuldade em solucionar este problema é algo antigo e até hoje não se encontrou
alguma solução como os mesmo apontaram. Foram propostas ainda diversas
comparações entre o cotidiano e as obras apresentadas, comparações estas
realizadas através de questões como: Figuras como essa ainda são vistas em nossa
sociedade? Elas sofrem descriminação? Anda pelas ruas da cidade como se
apresenta no trabalho? Fala da profissão com orgulho? Essa profissão é vista hoje
na sociedade como uma profissão normal igual a todos as outras? Essa profissão
ainda hoje é as escondias? Em sua cidade você conhece pessoas que trabalha com
essa profissão? Existem casas de prostituição em sua cidade? As casas são
centralizadas iguais qualquer outro comércio? Momento em que os alunos
observaram que o contexto de criação de cada obra fora de suma importância tanto
para o autor quanto para quem observa, apresentaram um conhecimento intrínseco
na temática, visto que sua realidade é muito similar a do autor.
Na atividade "Sensibilizando para figuras as margens da sociedade no
cotidiano" cada aluno desenvolveu uma máscara com balão e pinturas, que permitiu
representar profissionais que vivem atrás de máscaras, às escondidas, por se
sentirem excluídos, marginalizados e esquecidos pela sociedade. Apresentando um
imenso conhecimento de como a sociedade possui a valorização de determinadas
profissão e o esquecimento de determinadas outras. Em seguida fora apresentada a
obra Casa do mangue-1929-xilogravura sobre o papel, onde os alunos
desenvolveram uma obra fazendo uso da técnica de xilogravura, material este
presente o portfólio individual de cada aluno.
Para finalizar a parte 2 fora realizado um dialogo entre professor e aluno,
onde cada um fez um levantamento sobre tipos de moradias em seu cotidiano,
observaram como elas se apresentam, se eram construções na vertical, horizontal,
quais os tipos mais comuns em sua cidade, demonstrando assim, como existem um
diversidade grande de casas em sua cidade (Ivaiporã), assim como, apontaram as
diversas características específicas de cada bairro, de cada rua, ou seja, apontaram
que as diferenças é que formaram a cidade como ela se encontra atualmente. Em
continuidade foram apresentados Slides com imagens das obras de Lasar Segall:
(Favela l – 1954/55- óleo com areia sobre tela, e Paisagem brasileira – 1925- óleo
sobre tela) e da Tarsila do Amaral: (Morro da favela-1924- óleo sobre a tela morro da
favela ll 1945 óleo sobre a tela). Fora instigado que cada aluno de acordo com as
imagens realizadas a descrição do que esta vendo, encontrando assim similaridades
e diferenças entre elas, que se evidenciaram quando realizada a intervenção
coletiva, onde cada aluno expôs sua opinião, está analise se evoluiu até o momento
em que cada aluno passou a descrever tudo que está explícito e implícito na
imagem, analisando assim cada detalhe que se apresenta na imagem até chegar à
fundamentação da história da obra e da poética do artista, alcançando assim o
reconhecimento sobre a importância da leitura de imagens na ampliação de pensar,
escrever, sentir e fazer arte.
Na atividade "criar, sentir e apreciar" ocorreu tendo como base a obra
paisagem geométrica (1924) do artista Lasar Segall, cada aluno de base de lápis e
papel construiu sua obra fazendo uso de formas geométricas, sendo que cada um
utilizou das paisagens brasileiras como inspirações, apontando assim o olhar
expressionista que cada aluno possui de onde ele vive ou visitou. Apresentou ainda
um documentário sobre a vida de Lasar Segall4, assim como em visitar seu site5
para assim reconhecer um pouco sobre a obra e vida deste valoroso artista, sendo
finalizado por meio da complementação de seu portfólio já desenvolvido desde o
começo das atividades.
A finalização do projeto ocorrera por meio da Exposição de tudo que foi
construído durante o desenvolvimento do projeto, entre os alunos da sala, os quais
foram organizados em um grande círculo e alguns alunos deram seu depoimento
sobre a aplicação e o desenvolvimento das atividades em relação ao seu
aprendizado. Os alunos apresentaram ainda seus portfólios desenvolvidos, sendo
causada surpresa entre os visitantes e colegas, sobre como a arte está presente em
sua vida, e como fora valoroso todo o percurso até aquele momento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino da arte é fundamental a todo ser humano, Engelmann (2008)
defende que através do ensino da arte podemos propiciar o desenvolvimento do
pensamento artístico de cada aluno, assim como sua percepção estética, passando
a aferir um sentido e uma experiência humana a cada desenho, gravura ou simples
signo existente em nosso cotidiano. Ou seja, o aluno é levado a arte não somente
pelo vislumbre, mas sim pela compreensão de que existem diversas variantes em
cada obra. Durante o aprendizado os alunos passam a desenvolver sua
4 http://artenaescola.org.br/pagins/?id=73305
5 www.exposiçãovirtual.museusegall.org.br/
sensibilidade, percepção e imaginação, de si mesmo, dos outros, da natureza a qual
pertence ou visita e das diferentes culturas existentes em todo o mundo. Sendo
fundamental que nos professores estejamos centrados no acompanhamento da
realidade de nossos educandos.
No momento que os alunos são levados a conhecer novas culturas, eles
passam a compreender a relatividade dos valores que estão fixados em seu modo
de pensar e agir, ou seja, de seus costumes e tradições, onde com esta visão
limitada possivelmente passará a valorizar o que é próprio de sua cultura e
reconhecerá a riqueza da diversidade cultural presente neste mundo globalizado.
A leitura de imagem fora uma ótima ferramenta para o estudo das obras dos
períodos modernistas e expressionistas. A qualidade do ensino apresentada se
desenvolveu de modo gradual, onde os educando tiveram a oportunidade de
compreender como cada obra possui sua significância para a sociedade e para sua
vida. Fora possível ainda desenvolver o lado criativo dos alunos, onde suas
produções permitiram desenvolver o interesse pela arte, assim como, a
compreensão de que sem arte não se vive, somente se sobrevive.
Melhorar o ensino da Arte não deve estar restrito a somente trabalhar com as
metodologias que estão acostumadas, mas sim deve-se estar dispostos a buscar
inovações, focalizando sempre na construção de uma espaço onde a curiosidade e
a criatividade estejam sempre presentes, onde a arte seja trabalhada
constantemente, e o despertar do conhecimento seja constante e ampliado cada vez
mais, visto que arte não para e nem nossos alunos.
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158 p., il. p&b, color. (Temas e Debates, 2).
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poetizar, fruir, reconhecer arte. MARTINS, Mirian Celeste, PICOSQUE, Gisa
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