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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

LIÇÕES DE MORAL E ÉTICA COM A TURMA DO SMILINGÜIDO

NAS AULAS DE LEM – INGLÊS

Marli Germano Librelato1

Raquel Cristina Mendes de Carvalho2

RESUMO: A problemática relacionada à moral e ética é um dos grandes dilemas enfrentados na escola. A transmissão de valores deve ser considerada como um dos mais importantes caminhos a ser seguido para que haja a valorização da educação. Sem a transmissão de valores humanos universais, não se forma cidadãos éticos e preparados para uma vida em sociedade. O respectivo artigo visa auxiliar na questão de moral e ética direcionada a alunos do sexto ano, redirecionando a realidade escolar, provocando mudanças, conscientização e aprendizado. Para tanto, o objetivo principal do estudo foi promover o desenvolvimento da cidadania através de Histórias em Quadrinhos (HQs) em LI que viabilizassem a discussão sobre o bom convívio social, além de promover uma reflexão sobre a apropriação de conhecimentos básicos dentro dos direitos humanos e da cidadania, mudança de valores, atitudes e postura. A partir da concepção de Halliday et al (1978, apud HEBERLE, 2005) em que o uso da linguagem em qualquer circunstância é um recurso que poderá favorecer positivamente atitudes e pontos de vista e, por meio da Linguística Sistêmico Funcional (LSF) de Halliday (1994) como ferramenta da análise do discurso, foi possível voltar a atenção para a dimensão paradigmática da linguagem, com ênfase na produção de sentidos localizada na cultura e na história.

PALAVRAS-CHAVE: Moral e Ética. Língua Inglesa. Gêneros Textuais. Histórias em Quadrinhos.

Linguística Sistêmico Funcional.

1. INTRODUÇÃO

No contexto atual, os profissionais da educação reclamam da falta de respeito da

maioria dos alunos em relação aos colegas e com as pessoas de todos os

segmentos da escola. A distorção e deturpação do que é primordial para o bem viver

do homem está se agravando cada vez mais. Rui Barbosa (1914) nos alerta quanto

ao triunfar das nulidades, quanto ao prosperar da desonra e ao crescimento da

injustiça, “de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem

chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”

(online). Podemos citar alguns exemplos como o cavalheirismo, que é visto como

antiquado e conservador; a conivência dos pais em relação ao comportamento do

1 Professora PDE Graduada em Letras: Português/Inglês – FUNESP – PR. Especialista em

Metodologia da Língua Inglesa – CEFET – PR e Mídias na Educação – UNICENTRO – PR. 2 Professora Orientadora, do departamento de Letras da UNICENTRO, Mestre em Língua Inglesa e

Literaturas Correspondentes pela UFSC.

filho, pois considera engraçada ou destemida sua conduta; a bondade sendo

interpretada como patetice; a mídia impondo o conceito de beleza onde não temos o

direito, nem mesmo, de envelhecer, entre tantos outros valores que estão,

gradativamente, sendo corrompidos.

A formação de pessoas críticas, sabedoras de suas obrigações e de seus

direitos e aptas para o exercício da cidadania é função primordial da escola,

conforme alerta Freire (1987)

[...] escola que busque a formação da cidadania precisa ter como objetivo: tratar os indivíduos com dignidade, com respeito à divergência, valorizando o que cada um tem de bom; fazer com que a escola se torne mais atualizada para que os alunos gostem dela; e ainda, garantir espaço para a construção de conhecimentos científicos significativos, que contribuam para uma análise crítica da realidade. (p 39)

Nesse sentido o presente estudo buscou revisar os conceitos de valores,

moral e ética no intuito de resgatar princípios fundamentais para o indivíduo. Para

isso a fundamentação teórica deste estudo está alicerçada ao ensino da Língua

Estrangeira Moderna (LEM) – Inglês, embasamento educacional contemplado nas

Diretrizes Curriculares da Educação (DCE) no Estado do Paraná (2008), com o

objetivo de resgatar valores, por meio do gênero textual História em Quadrinhos

(HQs), relacionado ao tema.

As Histórias em Quadrinhos (HQs) da “Turma do Smilingüido” foram

escolhidas para levar a importância dos valores da ética e da moral para que o

aluno, além de conscientizar-se da importância dos bons costumes, possa identificar

as relações interpessoais no discurso das personagens e desenvolva a habilidade

de leitura em Língua Inglesa pela análise do discurso através das HQs propostas no

presente estudo.

Neste artigo, analisamos a Moral e a Ética na Escola e a aprendizagem da

Língua Inglesa por meio da Análise do Discurso. O gênero textual História em

Quadrinhos (HQs) servirá como uma ferramenta de ensino-aprendizagem, a partir

das personagens do Smilingüido e sua turma. Após a apresentação da perspectiva

teórica que embasou este estudo, explicamos a metodologia empregada para o

desenvolvimento do trabalho, analisamos e discutimos os dados, e em seguida,

tecemos nossas considerações finais.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Moral e Ética na Escola

Recorrendo ao Dicionário Aurélio (1999), encontra-se o seguinte significado

para o termo Moral:

Conjunto de regras de conduta considerada como válidas quer de modo absoluto para qualquer tempo e lugar, quer para grupo ou pessoa determinada; conjunto das nossas faculdades morais, brio, vergonha. (p. 1365)

De acordo com o referido Dicionário o termo moral é derivado do latim mores,

que significa relativo aos costumes. A moralidade pode ser definida como a

aquisição do modo de ser, conseguido pela apropriação ou por níveis de

apropriação, onde se encontram o caráter, os sentimentos e os costumes. Sendo

assim, moral significa o que está submetido a todo valor onde, o que deve

prevalecer é a conduta do ser humano em relação à vida individual e social.

Quanto à palavra Ética, o Dicionário Aurélio traz como “estudo dos juízos de

apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal” (1999,

p. 849). Apresenta também outro significado, “conjunto de normas e princípios que

norteiam a boa conduta do ser humano” (1999, p.849). Portanto, ética baseia-se na

avaliação crítica da moral e moral são as normas ou valores que orientam as ações

para com o próximo e consigo mesmo, sendo adquirida em resultado do hábito.

A falta, ou mesmo, inversão de valores cristãos, éticos e morais em nossa

sociedade é um dos anseios enfrentados na Educação. Os reflexos disso são

perceptíveis em sala de aula. O comportamento e as atitudes dos alunos

demonstram que, em sua grande maioria, anseiam por carinho, por limites, por

percepção no ambiente em que estão inseridos. O professor está ciente que seu

papel é de transmitir conteúdos e busca atingir esse objetivo em seu dia-a-dia

escolar. Mas, ao se deparar com a realidade da sala de aula, com a clientela

diversificada, percebe a necessidade de, não apenas envolver-se com o ensino-

aprendizagem, mas, auxiliar seu aluno a ter um bom convívio social.

A escola é um dos espaços mais favoráveis para a construção de valores. E,

segundo Lago (2013) é na escola que os valores podem e devem ser vividos e

também podem ser ensinados. O autor afirma que

devemos reconhecer nossos valores; compreender o que eles significam; viver nossos valores; modelar nossos valores de forma que nossos filhos possam vê-los e compreendê-los; perceber o que uma criança precisa saber e ser capaz de fazer para viver segundo um valor; compreender os passos de desenvolvimento pelos quais uma criança deve passar para viver segundo um valor e reconhecer oportunidades de ensinar valores. (LAGO, 2013, p.14)

Quando se evidenciam valores fundamentais ao bom convívio social,

tornando-os claros, enfatizando sua importância e, principalmente, colocando-os em

prática, eles passam a ser significativos e primordiais a cada um de nós. Portanto,

devemos falar constantemente aos nossos alunos sobre a moral e a ética, como cita

Warren (2002, p.149) “podemos discernir entre o certo e o errado, o que nos torna

responsáveis diante de Deus”. Conscientizando nosso educando de que, ao buscar

ser uma pessoa correta e que preza pelos bons costumes, estará favorecendo a si

próprio.

2.2 Análise do discurso como facilitador da aprendizagem de Língua Inglesa

Segundo Meurer (2002), a Análise Crítica do Discurso (ACD) determina que o

discurso apresente poder construtivo tríplice onde “produz e reproduz

conhecimentos e crenças por meio de diferentes modos de representar a realidade;

estabelece relações sociais e cria, reforça ou reconstitui identidades” (p.18). A ACD

representa como salienta Fairclough (1995, apud MEURER, 2002)

uma alternativa de análise do discurso, voltada para a conscientização de como a linguagem é utilizada para reforçar desigualdades sociais e para a análise de mudanças em organizações sociais. (p.19)

Assim sendo, esse tipo de análise é aplicado a textos mais corriqueiros e

informais onde qualquer texto tem poder de constituir representações, relações e

identidades. Eles refletem, constituem e podem desafiar e transformar tipos de

relações entre indivíduos. Relações essas que, segundo Meurer (2002, p.24), “dizem

respeito às conexões, dependências e entrelaçamentos interpessoais, envolvendo

os participantes do evento discursivo.”

A Linguística Sistêmico Funcional (LSF), base teórico-metodológica deste

trabalho, objetiva responder ao que fazemos com a linguagem e como ela está

estruturada para ser usada. Halliday (1994, apud CARVALHO, 2010, p.1) afirma que

“a linguagem é usada em um contexto ou situação específica, ou seja, um texto

opera dentro de um contexto” e o que podemos diferenciá-la das demais linguagens

é que, segundo Romero (2010)

a abordagem sistêmico-funcional trabalha com a linguagem em uso, a utilizada em eventos sociais reais, em que se privilegia o desempenho em situações específicas e únicas do contexto social, não a competência abstrata. Coerentemente, os principais focos são textos autênticos tanto escritos quanto orais realizados em contextos sociais naturais, levando em conta a cultura e o contexto social em que são negociados. (p.31)

A LSF se caracteriza como uma ferramenta que permite analisar textos

autênticos do cotidiano, buscando sua relação com o contexto social e cultural no

qual são produzidos. Halliday e Mathiessen (2004) mostram em sua gramática

como as estruturas das sentenças expressam simultaneamente diferentes

significados: Textual, Interpessoal e Ideacional; significados esses chamados pelos

autores de metafunções.

O significado Interpessoal tem como natureza os contatos sociais entre as

personagens com seus papéis identitários que caracterizam uma relação

estereotipada, além do grau de controle nas ações por elas desenvolvidas. Os

papéis e as identidades são analisados sob a perspectiva da noção de relação e

suas interconexões com a metafunção Interpessoal da linguagem, que diz respeito

ao estabelecimento das relações humanas.

Portanto, essa metafunção examina as relações sociais representadas na

sentença, observando os interlocutores do texto e a quem ele se destina. Por meio

dela é possível verificar quais interlocutores participam do discurso e seus papéis

frente à interação em que estão envolvidos.

2.3 Histórias em Quadrinhos na aula de Língua Inglesa

O trabalho com História em Quadrinhos (HQs) é um excelente recurso para

despertar o gosto pela leitura por estimular a curiosidade, desafiar o senso crítico e

motivar a aprendizagem. De acordo com Vergueiro (2004)

[...] a inclusão das histórias em quadrinhos na sala de aula não é objeto de rejeição por parte dos estudantes, que, em geral, as recebem de forma entusiasmada, sentindo-se, com sua utilização, propensos a uma participação mais ativa nas atividades de aula. (p. 21)

As HQs têm por objetivo essencial a narração dos fatos e não apresentam

critérios para a sua utilização. Cabe ao professor desfrutar da sua criatividade para a

concretização dos objetivos propostos em sua aula. Elas reproduzem uma

conversação autêntica por meio da palavra escrita onde os interlocutores vivenciam

diferentes situações a qual, levada para a sala de aula, atrai o aluno através de sua

principal característica, a estrutura em que é desenvolvida e, segundo Mendonça

(2005, p.196), “as HQs são utilizadas como um recurso didático-pedagógico por ser

um facilitador da aprendizagem”.

A abordagem dos gêneros através de situações cotidianas dos alunos e de

atividades que os motivem para a aprendizagem é uma ferramenta eficaz para a

concretização do ensino-aprendizagem. A Língua Inglesa, porém, pode interferir

quanto à relação entre o indivíduo e o mundo e a utilização de gêneros textuais com

suas características específicas buscam promover a participação e o prazer nas

aulas de Inglês.

2.4 A Turma do Smilingüido

As Histórias em Quadrinhos (HQs) sugeridas como objeto de trabalho para

ensino de LI neste estudo estão direcionadas à questão de valores: Moral e Ética. A

Turma do Smilingüido, segundo a Editora Luz e Vida (on-line), surgiu na década de

80, quando nasceu, no coração de alguns jovens, o sonho de comunicar o amor de

Deus de uma forma alegre e criativa. O nome da formiguinha Smilingüido surgiu da

ideia de dar relevância ao fato de que apesar de ser pequeno e frágil Deus pode

manifestar nele Seu poder e Sua grandeza. A Editora destaca ainda que o

Smilingüido representa a fragilidade do homem, lembrando-nos de que o homem

sem Deus nada pode fazer, conforme a Bíblia Sagrada (2002) em João 15.5 “[...]

porque sem mim nada podeis fazer” (p.1165).

A Turma do Smilingüido vive no mundo das Formigamigas, representam

crianças de oito anos e têm como figuras de pai e mãe o mestre Formisã e a rainha

Formosa. Estes têm a responsabilidade de ensinar, aconselhar, repreender, prover

suas necessidades e exercer autoridade sobre as “crianças” com amor e justiça. As

formigas apresentam-se como pequenas, frágeis, solidárias, trabalhadoras e

organizadas. Constituem-se de várias personagens. Além do Smilingüido, que é

bastante ativo, que interage com seus amigos e com a natureza, ressaltando os

valores cristãos em tudo que faz, temos o Piriá que é o melhor amigo de

Smilingüido, ele é intempestivo e pensa muito em si; Faniquita que é escandalosa,

ansiosa e impaciente; Pildas que é amigo, destemido, simples e criativo; Forfo que é

alegre, sensível e ingênuo. A História em Quadrinhos (HQ) destaca o papel do

professor com Mestre Formisã, um sábio oriental e conselheiro da Rainha, e a

Rainha Formosa que é a autoridade do formigueiro e entende que deve servir o

formigueiro e não apenas morar nele.

O gênero História em Quadrinhos (HQs) da Turma do Smilingüido foi

escolhido para compor o estudo porque as personagens retratam características

próprias dos seres humanos, objetivando repassar valores e atributos tão

pertinentes a todos nós.

3. MÉTODO

A implementação do projeto foi realizada no período de 03 de fevereiro de

2014 a 13 de junho do mesmo ano, totalizando 32 horas-aula. Durante a

implementação foram feitas notas de campo as quais também servem como

ferramenta para análise das aulas.

A pesquisa fundamenta-se no método da pesquisa-ação. Método esse que

envolve tanto o pesquisador quanto os sujeitos da pesquisa como participantes

progressivos nos planejamentos da investigação. Essa pesquisa analisa que, ao

final do trabalho realizado ocorra algum tipo e transformação do grupo envolvido,

levando à solução do objetivo que se traçou.

Este estudo utiliza-se da metafunção Interpessoal que, segundo Halliday e

Mathiessen (2004, p.106) “organiza a sentença como um evento interativo que

envolve o falante, o ouvinte e o público” permitindo analisar as relações sociais

através dos interlocutores do texto e a quem ele se destina. Tem o papel de permitir

ao falante a participação quanto ao seu mundo interno e externo.

No plano de trabalho estão inseridas atividades de leitura, reflexão, discussão

e escrita, aproveitando-se dos conhecimentos prévios dos alunos sobre a temática

abordada “Moral e Ética”, na intenção de despertar o interesse dos mesmos para

reflexões e questionamentos sobre “valores” primordiais ao bom convívio social.

Durante a implementação do presente estudo, a professora juntamente com

sua orientadora, fez notas de campo e comportamento e esses dados também

servem como ferramenta para a análise das aulas.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

O tema abordado nas 32 aulas de implementação do projeto é relevante para

a escola, análise que foi realizada após apresentação do projeto à direção, equipe

pedagógica e professores, destacando o depoimento de um dos professores da

escola “a escolha do Smilingüido abordando moral e ética agrada a todos e é um

tema primordial e relacionado aos textos apresentados na Semana Pedagógica”.

Iniciaram-se as aulas onde, após diagnóstico oral com duas aulas ministradas

nas três turmas do professor regente, optou-se pela turma que, aparentemente,

demonstrava maior necessidade em apreender valores em suas vidas e,

principalmente pelo caso do Aluno 1 que destacava-se dos demais em ser

inconveniente e totalmente inocente em relação ao momento de participação ou não

das aulas. Como relatado abaixo

Enquanto os alunos iam desenhando o sonho do Smi, o Aluno 1 desenhou uma pessoa pegando no pescoço da outra e, mostrou seu desenho aos colegas. Os colegas ficaram horrorizados! Quando eu me aproximei dele ele logo foi pegando a borracha e dizendo “não é assim, né professora? Vou colocar a mão no ombro dele”. (Notas da professora. 21/03/14)

(Aluno 1, 21/03/14)

No método da pesquisa-ação, FRANCO (2005, p. 496) nos alerta que

“durante um determinado estudo, poderão ocorrer ajustes progressivos nos

planejamentos da investigação, se assim for necessário, fortalecendo a questão da

pesquisa com ação”. Nessa perspectiva, observou-se a conveniência de aprofundar-

se quanto à questão da inclusão evidente no Aluno 1, o qual demonstrou a

necessidade de acompanhamento individualizado e diferenciado pelo seu modo de

agir e responder aos questionamentos tanto introdutórios quanto ao

desenvolvimento do estudo.

Pela inexperiência em trabalhar com alunos especiais, a professora da Sala

de Recursos Multifuncionais (SRMF) foi convidada a assistir uma aula e, evidenciou-

se que o referido aluno deveria ser encaminhado para realizar um laudo médico e,

posteriormente, ser acompanhado pela professora da SRMF no período contrário

onde o mesmo realizaria a complementação ou suplementação curricular, fazendo

uso de equipamentos e materiais específicos.

A inclusão é formada por um conjunto coordenado de serviços sociais e

educacionais onde

o atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação

dos alunos, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela (MEC/SEESP, 2008).

Segundo a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Federal

Nº 9.394/96, no artigo 59, os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos

currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas

necessidades, ou seja, viabilizar oportunidades educacionais apropriadas,

consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de

trabalho, mediante cursos e exames.

Desse modo, entendeu-se que a inclusão da maneira como realmente deveria

acontecer não estava satisfatória, visto que o professor regente da turma deveria

estar preparado para saber como trabalhar com alunos especiais e, em relação a

uma segunda língua, a especialização deveria ser ainda mais significativa.

Na tentativa de ajudar o Aluno 1 quanto aos bons costumes e a familiarizar-se

com uma nova língua, a professora resolveu fazer uma entrevista onde o

Smilingüido realizaria as perguntas a ele que ficou surpreso em ser o escolhido da

turma pelo novo amigo “Smi”. Este, para finalizar, deixou-lhe um bom conselho

Eu gosto muito de você! Por isso vou te dar um conselho! Você é muito especial não só para a sua família, seus amigos... Você é especial para Deus! Sendo assim, você deve fazer o que agrada a Ele! Quando a gente faz coisas boas somos mais felizes, vivemos melhores. Por isso (...), agora que eu te conheço melhor e sou seu amigo, quero te dizer que você pode contar comigo! Quando te acontecer algo que te deixar nervoso, não seja como o Piriá que logo vai brigando e depois se arrepende. Pare, conte até três, pense no que aconteceu e converse com quem te ofendeu ou te deixou triste. Lembre-se, uma boa conversa é muito importante e pode resolver tudo! (Notas da Professora. 10/03/14)

Criou-se aqui uma amizade entre a personagem Smilingüido e o Aluno 1,

onde ambos se ajudariam quanto ao nervosismo e querer resolver tudo como bem

lhe entender. O Aluno 1 prometeu ao seu novo amigo não ficar tão irritado e procurar

resolver seus problemas através do diálogo e recorrer às pessoas certas nos

momentos em que precisar de ajuda.

Após apresentação do projeto, da apostila didática para os alunos,

questionamos sobre valores primordiais ao bom convívio social. Nessa conversa

inicial, tornou-se notório que os alunos estão cientes da importância dos limites, das

regras, do que é certo e errado, apesar de não ser uma constante na vida de muitos

deles. Como estávamos falando também sobre a importância da amizade,

introduzimos a palavra “friendship” e, assim, iniciamos com a apostila, onde os

alunos escolheram uma das aberturas para colarem em seus cadernos, começando

assim, a “organização” necessária tanto na escola como em nossas vidas.

pedi aos alunos se na casa deles tem regras. Deixei espaço para eles falarem. Foi até mesmo um confessionário! Alguns disseram que não podia dormir tarde, não podia fazer barulho depois das 22h porque os vizinhos reclamam, não podia bater no irmãozinho e eu disse que não podia mesmo e que deveriam avisar os pais quando eles estão agindo de maneira errada! “Não adianta”, disse a Aluna 2! “Eles não entendem!” e o Aluno 3 concordou com ela. A conversa foi longa...(Notas de Professora. 31/03/14)

Desafiamos a todos para criarmos as regras de sala de aula, para que tudo transcorresse em ordem e para estarmos cientes do que se pode ou não fazer dentro da sala.

Disse a eles que deveriam ler as regras e dizer o porquê de sua escolha. Foi interessante ver que eles concordam que deve haver regras para que tudo se encaminhe bem e também a associação entre a regra e a personagem escolhida por eles. O Piriá com o boné “porque ele é meio nervosinho e do contra” como disse o Aluno 4; a Faniquita nas regras Don’t talk when the teacher is speaking e Don’t shout in class, porque ela “é muito gritona” como disse o Aluno 5 [...] (Notas de Professora. 07/04/14)

Os alunos ficaram encantados com os bonecos de pelúcia do Smi e sua

turma, de conhecer suas características físicas e psicológicas, o que fazem, do que

gostam o que consideram primordial para suas vidas. Falamos sobre amizade, a

importância de nos relacionarmos bem com os outros, a importância de respeitarmos

a diferença de cada um e que ninguém é igual a ninguém.

Das várias personagens apresentadas, a preferida da turma foi o Forfo pelo

carisma, bom caráter, preocupação com os outros e por ser, literalmente, “fofinho”

como diziam.

À medida que eu ia contando a história e mostrando o quanto o Forfo estava triste porque queria ser diferente, ser musculoso, ser magrinho, ser como seus amigos, eles iam demonstrando

curiosidade em saber o desfecho da história.[...] Percebi o quanto eles amam o Forfo e, realmente, ele é o preferido pela maioria deles! (Notas de Professora. 12/05/14)

Enfatizamos a Disciplina em que estávamos inseridos e a Língua Inglesa (LI)

foi citada como algo primordial na atualidade. Por grande parte dos alunos não

conhecerem a LI o momento foi propício para uma longa oralidade sobre a nova

língua que lhes era apresentada. Apenas quatro alunos dos 23 matriculados na série

mencionada, já tinham conhecimento da LI através de curso particular. Lembramos

do convívio dessa língua em nosso dia-a-dia, dela fazer parte do cotidiano escolar,

da internet, enfim, que todos os dias convivemos com uma série de palavras em

Inglês e, fomos recordando algumas como: jeans, pet shop, pen drive, notebook,

delivery, fast food, fashion, e-mail, hot dog, entre outras.

No desenvolvimento da oralidade, ao trabalharmos com os greetings, com as

características tanto físicas quanto psicológicas e demais atividades, os bonecos do

Smi e sua turma fizeram com que os alunos apreendessem com maior facilidade a LI

e, para realizar feedbaks, a professora optou por introduzir uma nova personagem

em suas aulas. Para isso,

confeccionei uma camiseta de uniforme para a Forfete, a nova aluna da escola (os alunos gostaram muito dela e de seu uniforme) para, com ela, fazer uma revisão de todo o conteúdo até aqui visto. Desafiei-os a ensinar a “nova aluna” tudo o que aprenderam da LI, já que ela afirma gostar de Inglês e estar pronta para aprender! (Notas da Professora. 21/03/14)

Nas aulas relacionadas às HQs, os alunos, além de conhecerem sua

estrutura e características, conforme MENDONÇA (2015) eles puderam identificar as

relações interpessoais no discurso (HALLIDAY, 2004) das personagens da Turma

do Smilingüido e desenvolver a habilidade de leitura em LI pela análise do discurso.

1. Com as atividades que você realizou, podemos perceber quais são as características que uma HQ apresenta: Let’s talk about them!

CHARACTERISTICS OF COMICS: • Tables narrative with characters, space, time, sequence of actions; • Direct Speech represented shaped balloons; • It uses onomatopoeia to give movement to the story, imitating environmental sounds; • Search of entertainment; • Interaction between the reader and speech, associating it with iconic elements (images) and text (linguistic elements).

(UD pág. 13)

(23/04/14)

As atividades preparatórias para o Concurso de HQs motivaram os alunos

para o empenho em criar sua própria HQ. Os vídeos propostos, os gibis, as

compreensões das HQs, a história do Forfo e a tirinha do Piriá foram primordiais

para o aluno iniciar seu esboço e realizar a produção final da História em

Quadrinhos (HQs).

Iniciei a aula falando sobre o Concurso das HQs. A empolgação continua grande! Disse a eles que teriam uma tarefa para realizar em

casa. Pensar em uma história bem legal para transformá-la em HQ. Mostrei, através da apostila, o que já havíamos estudado. Falei para analisarem as HQs para ajudar quanto à criatividade em relação a inventar sua própria HQ. (Notas da Professora. 19/05/14)

Após toda a revisão das HQs produzidas pelos alunos, quatro professores de

Inglês auxiliaram quanto à escolha das seis primeiras colocadas no Concurso de

Histórias em Quadrinhos. A entrega da premiação foi no Salão Nobre do Colégio,

onde a professora ministrou uma aula diferenciada com a revisão de todo o

conteúdo. Nesse evento participou o diretor e as pedagogas da escola, a

representante do Núcleo Regional de Educação (NRE), pais e alunos do sexto ano

“A” e “B”.

[...] apresentei os slides com todos os momentos da implementação e comentei os mais relevantes. No momento da premiação falei do “GIBIZÃO” onde está a coletânea de todas as HQs e que estava à disposição de todos... Apresentei os vencedores do Concurso, com seus respectivos autores e fazendo “aquele” suspense! (Notas da Professora. 13/06/14)

Enfim, como a abertura da Unidade Didática sugeria, nos divertimos muito

aprendendo a LI com a Turma do Smilingüido!

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mundo social é de grande importância para a interação sociolinguística do

indivíduo, a qual deve se valer tanto da produção escrita, quanto oral. É preciso

questionar a posição que está reservada aos jovens na escola, nos grupos

comunitários, na nação. Diante disto, há uma expectativa na sociedade brasileira

para que a educação lute contra exclusões, contribuindo para a promoção e a

integração de todos, voltando-se à construção da cidadania, não como teoria, mas

como prática efetiva.

Conforme os PCN (BRASIL, 1998) “um dos principais objetivos da

aprendizagem de Língua Estrangeira é a possibilidade de aumentar a

autopercepção do aluno como ser humano e como cidadão” (p. 15). Por esse

motivo, ela deve concentrar-se no engajamento discursivo de modo a poder agir no

mundo social.

Os PCN (BRASIL, 1998) salientam que a aprendizagem da Língua Inglesa

contribui para o processo educacional como um todo, indo muito além de um conjunto de habilidades linguísticas; leva a uma nova percepção da natureza da linguagem, aumenta a compreensão de como a linguagem funciona e desenvolve maior consciência do funcionamento da linguagem materna. Ao mesmo tempo, ao promover uma apreciação dos costumes e valores de outras culturas, contribui para desenvolver a cultura estrangeira. (p. 37)

Nessa perspectiva, este estudo objetivou a promoção da cidadania, a

conscientização da importância dos valores da moral e da ética ao aluno. Promoveu

a identificação das relações interpessoais no discurso através das Histórias em

Quadrinhos (HQs) da Turma do Smilingüido e o desenvolvimento da habilidade de

leitura em Língua Inglesa pela análise do discurso.

Trabalhar com Moral e Ética aproveitando-se da Turma do Smilingüido para

ilustrar as aulas de LI direcionadas ao sexto ano demonstrou através da utilização

da Linguística Sistêmico Funcional (LSF), a compreensão de que o tema proposto

vem de encontro com as necessidades de conscientizar nossos alunos sobre o bom

convívio social, não só do referido ano como de toda a comunidade escolar. A

recepção dos alunos ao projeto foi marcante. Seus olhos brilhavam com os bonecos

de pelúcia da Turma do Smilingüido, com as HQs, com os adesivos, enfim em

relação a todo material utilizado durante as aulas. Registramos aqui, o relato de um

dos alunos

Posso pegar o Forfo no colo, professora? Tenho vontade de esmagar ele! Ele é muito fofinho! (Aluno 4)

O trabalho com gêneros textuais, mais especificamente com as Histórias em

Quadrinhos (HQs) da Turma do Smilingüido, mostrou-se um elemento inovador e

significativo pelo fato de conciliar a LI com a questão relacionada à Moral e Ética tão

pertinente em nossos dias.

Portanto, a estratégia utilizada neste estágio demonstrou aceitação dos

alunos, levando-os à aprendizagem da LI e à conscientização de valores

fundamentais ao bom convívio social.

6. REFERÊNCIAS

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