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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · (TD) instiga os gestores de escola a buscarem caminhos para que esta prática seja uma realidade nas escolas onde atuam. As TD

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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A INSERÇÃO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA PRÁTICA

PEDAGÓGICA: Visando uma aprendizagem significativa.

Edilmara da Silva1

Iolanda Bueno Cortelazzo de Camargo2

Resumo: Este artigo apresenta a importância do gestor escolar frente às TD - Tecnologias Digitais. O intuito foi verificar como ele utiliza essas tecnologias para beneficiar a escola, sobretudo, as práticas educativas. Diante deste contexto, a escola precisa adequar-se fazendo uso das TD como apoio à prática pedagógica docente. As TD são ferramentas que poderão auxiliar o corpo docente no desenvolvimento da produção do conhecimento, e colaborar na aprendizagem e na formação dos discentes, enquanto cidadãos em uma sociedade em constante mudança e carente de valores. São recursos que exigirão do docente planejamento de trabalho de forma adequada, contribuindo para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Para que o docente se aproprie do papel de mediador na construção do conhecimento pelo discente, evidenciou-se que há necessidade de desenvolvimento profissional e aperfeiçoamento dos docentes, através de Programas de capacitação e/ou treinamento quando necessário. Conclui-se que, o uso das TD por si só não representa mudança pedagógica, se forem usadas somente como um artefato tecnológico para incrementar a aula, o que se torna necessário é que sejam utilizadas com uma metodologia de ensino adequada para que haja uma aprendizagem significativa. Palavra-Chave: Tecnologias Digitais. Capacitação. Prática Pedagógica. Aprendizagem Significativa.

Introdução

Este artigo refere-se ao conjunto de ações desenvolvidas no Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do Paraná. O PDE objetiva a

formação continuada dos professores da rede pública estadual de educação do

Estado do Paraná, em integração com as Instituições de Ensino Superior – IES.

Esse programa oferece várias atividades de estudo na universidade: elaboração do

projeto de pesquisa, Produção Didático Pedagógica, GTR – Grupo de Trabalho em

Rede, Seminários, Projeto de Implementação do trabalho na escola, reuniões com o

professor orientador e para finalizar, este trabalho, que pretende descrever o

desenvolvimento e a aplicação dos conhecimentos adquiridos durante o curso e a

implementação na escola.

A intenção do projeto surgiu em virtude de após alguns anos como gestora do

Colégio Estadual Vereador Raulino Costacurta, localizado em Colombo, região

1 Professora PDE do Colégio Estadual Vereador Raulino Costacurta. Colombo/PR. [email protected]; 2 Iolanda Bueno Cortelazzo de Camargo: Orientadora PDE Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. [email protected]

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metropolitana de Curitiba, ter constatado a angústia dos meus colegas ao se

depararem com várias Tecnologias Digitais (TD) disponibilizadas na escola, mas

sem saber o que eles poderiam fazer com elas. Como as manusear? Como as usar

na mediação pedagógica?

Os artefatos tecnológicos estão nas escolas, mas existe uma dificuldade

enorme dos docentes em manuseá-los e utilizá-los como apoio à mediação

pedagógica. Após discussões em reuniões, conversas informais, a equipe chegou

ao consenso que era necessário reformular a prática docente; para tanto, tornava-se

premente um programa de formação continuada desses profissionais, e não meros

encontros pontuais em pacotes fechados. Cada escola possui sua necessidade. Os

docentes anseiam por um aprimoramento profissional e buscam um ambiente

motivador que possibilite práticas docentes diversificadas.

Na gestão da escola, vimo-nos na obrigação de propiciar aos docentes esse

aperfeiçoamento, tão almejado pela grande maioria dos profissionais para

conseguirmos alcançar os objetivos educacionais, satisfazendo às necessidades da

escola, no próprio âmbito escolar visto que não são permitidos afastamentos durante

o período letivo.

O objeto de estudo proposto foi a contribuição que o desenvolvimento

profissional do gestor escolar pode proporcionar com a inserção das TD na prática

pedagógica docente, visando a aprendizagem significativa.

Este artigo mostra a importância do gestor educacional na instituição escolar,

por ser ele o principal articulador na construção de um ambiente de diálogo e de

participação propício para melhor desenvolvimento do trabalho dos profissionais

utilizando as TD e, consequentemente, para o sucesso do processo educativo-

pedagógico.

Gestão Educacional e a Função do Gestor

O gestor escolar em seu cotidiano tem inúmeras funções, porém um gestor

eficaz e eficiente é aquele que não deixa que suas atividades se resumam às

questões administrativas. Além de ele ser democrático precisa ser proativo, opinar e

propor medidas que visem o aprimoramento das questões pedagógicas e o sucesso

de sua instituição.

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Diante da rapidez das mudanças, principalmente, da tecnológica, o gestor

escolar precisa estar aberto às novas ideias e à valorização dos saberes que serão

fundamentais na formação dos jovens, pois ele é o principal responsável pela

escola.

Segundo Libâneo, a gestão participativa e comprometida torna-se comum:

“Muitos dirigentes escolares foram alvos de críticas por práticas

excessivamente burocráticas, conservadoras, autoritárias, centralizadoras. Embora aqui e ali continuem existindo profissionais com esse perfil, hoje estão disseminadas práticas de gestão participativa, liderança participativa, atitudes flexíveis e compromisso com as necessárias mudanças na

educação” (LIBÂNEO, 2004, p.217).

O autor mostra que o gestor deve promover atitudes de respeito e confiança

entre os membros de sua equipe de modo a gerar valores significativos e respeito às

diferenças. Assim, terá uma equipe motivada e disposta a trabalhar de forma

comprometida, colaborativa e participativa.

A importância do gestor na formação de uma equipe participativa é

fundamental, pois é ele que construirá um ambiente onde todos se sentirão

valorizados. É de suma importância que o gestor, como líder seja arrojado,

visionário, predisposto ao diálogo e, principalmente, um bom ouvinte. Enfim, que

busque novos caminhos que contribuam para o sucesso do processo educativo-

pedagógico, levando aos educandos a possibilidade da aprendizagem significativa,

que lhes agreguem valores ao desempenho pessoal, social e profissional sobretudo

nas escolas públicas do Paraná.

As Mudanças Tecnológicas

O mundo sempre se transforma continuamente, mas só percebemos as

mudanças com maior intensidade quando acontece uma revolução tecnológica. Foi

assim com a chegada da imprensa de Gutenberg (1439)3 quando os manuscritos

foram substituídos pelos livros impressos. O conhecimento, antes limitado a uma

3 GUTEMBERG, J. Foi um inventor e gráfico alemão. Sua invenção do tipo mecânico móvel para impressão

começou a Revolução da Imprensa e é amplamente considerado o evento mais importante do período

moderno.

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elite, passou a ser acessível a um maior número de pessoas. Na revolução

tecnológica ou informacional do século XX, como prefere Castells (2005), o acesso

ao conhecimento foi potencializado com a rede mundial de computadores, a Internet

que provocou mudanças em vários campos do saber e do fazer. Foram

transformações que exigiram atitudes abertas e flexíveis, mas também críticas, para

incorporar o novo e acompanhar o desenvolvimento não só do ponto de vista

tecnológico, mas também cultural.

Na obra “Sociedade em Rede”, Castells (2000) defende que essa revolução

informacional trouxe maior poder ao cidadão, pois com a popularização do

computador conectado à internet, aumenta o número de usuários em todo o mundo

com maior acesso à informação. Observam-se os benefícios da rede de

computadores para uma sociedade mais democrática, no entanto, é necessário que

se realizem projetos inclusivos para diminuir o número de excluídos digitais

(CASTELLS, 2000).

A demanda da sociedade revolucionada pelo uso das Tecnologias Digitais

(TD) instiga os gestores de escola a buscarem caminhos para que esta prática seja

uma realidade nas escolas onde atuam. As TD na escola possibilitam novas formas

de compreensão do processo educacional e da organização do trabalho pedagógico.

Com a disseminação das tecnologias digitais, os novos tempos exigem uma

atualização constante por parte dos gestores de escola e demais profissionais da

educação quanto aos novos recursos didáticos que a tecnologia dispõe:

Referimo-nos às tecnologias digitais quanto “ao uso de recursos digitais para efetivamente encontrar, analisar, criar, comunicar e usar a informação em um contexto digital. Engloba o uso de ferramentas da Web 2.0, ferramentas das mídias digitais e ferramentas de programação bem como aplicações de software” (CETA, 2006)

Nesse contexto, o principal, referencial teórico deste trabalho está pautado no

livro “O Paradigma Emergente e a Pratica Pedagógica” (Behrens,2005). Essa obra

nos leva a refletir e buscar a renovação no processo de ensino e aprendizagem, em

especial nas escolas públicas do Paraná.

Segundo Behrens (2005), a influência do paradigma newtoniano-cartesiano

na educação veio se materializar por meio das abordagens tradicional, escola

novista e tecnicista. A autora é categórica em afirmar que devemos superar esses

paradigmas conservadores, que só levam os discentes, a reproduzir conhecimentos,

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e consequentemente acabam limitando o poder de criatividade dos mesmos. A

autora sugere uma aliança entre a abordagem progressista, do ensino com pesquisa

e da visão holística (BEHRENS, 2005. p.71).

Nós, professores pertencemos a geração pré-ícone/digital – aquela que não

nasceu na sociedade tecnológica e não está familiarizada com a linguagem dos

ícones como forma de interação. Novas práticas precisam ser introduzidas, pois

estamos diante de uma geração ícone/digital – aquela que nasceu na sociedade

tecnológica e está familiarizada desde muito cedo, com a linguagem dos ícones

como forma de interação (MOURA,2002, p.4).

O que vemos em nossas escolas, ainda, é uma prática extremamente

conservadora no que diz respeito às metodologias de ensino. Diante de tantos

artefatos tecnológicos já disponibilizados nas escolas públicas, e com intuito de

tornarmos a aprendizagem mais interessante, e significativa, precisamos, rever

nossa prática. Precisamos introduzir práticas inovadoras que levem os discentes a

produzirem conhecimentos, contribuindo para a transformação da sociedade a partir

de uma transformação na educação.

Outra questão levantada por Behrens (2005) se refere às pessoas não se

preocuparem com determinados valores que possibilitam a convivência em

sociedade como a solidariedade, o respeito, e a preservação da natureza. Surge,

diante desse contexto, a preocupação de uma inovação na prática pedagógica que

recupere esses valores e, ao mesmo, conscientize a comunidade escolar sobre a

importância desses valores. É fundamental que os professores deixem o

conformismo diante dessa realidade e busquem as inovações pedagógicas,

metodológicas e tecnológicas necessárias para a reversão do cenário atual.

Neste início do século XXI, as instituições sociais, em especial a educação,

são atingidas pela cibercultura. Sobre a qual, Leite (2008) alerta para a importância

dos docentes refletirem, revendo suas práticas no cotidiano da sala de aula. Diante

dessas transformações, o professor precisa repensar suas funções:

A contemporaneidade pressupõe uma sociedade em transformação constante, portanto, exige uma escola em transformação constante e que, por sua vez, exige também professores em transformação constante. A inserção de novas mídias e das telecomunicações torna-se fundamental. Métodos participativos deverão substituir a mera transmissão de conhecimentos. O professor passa a ser estimulador, coordenador e parceiro do processo de ensino e aprendizagem, e não mais um mero

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transmissor de um conhecimento fragmentado em disciplinas. (LEITE, 2008, p.72)

A mesma autora afirma que quando as Tecnologias Digitais (TD) são

inseridas no cotidiano escolar, elas apresentam uma conotação educacional, e

podem se tornar um meio agregador na produção do conhecimento. Lembrando que

antes de introduzir as TD nas salas de aula, tanto a escola quanto os docentes

responsáveis pela formação de cidadãos reflexivos, críticos e propositores

necessitam estudar, debater e reformular sua prática docente (LEITE, 2008).

Brito e Purificação (2008) afirmam que somente inserir as TIC nas aulas não

garante, ao professor, inovação ou renovação no processo ensino-aprendizagem.

Quando não são bem empregadas, a novidade perderá o “encanto” com o tempo e

não haverá transformação significativa na construção do conhecimento. O docente

ao optar por uma determinada tecnologia em sala de aula, precisará estar ciente da

sua escolha, como e quando a mesma será utilizada, pois as tecnologias precisam

ser utilizadas como meio, não como fim em si próprias:

[...] para efetivar a construção de conhecimentos, a tecnologia é uma excelente aliada, porém, a visão que se pode ter dos recursos tecnológicos como eficazes por si só tem que ser alterada significativamente. Se por um lado, ilustram as aulas, por outro precisam que sua utilização seja adequada, para gerarem conhecimento, para oferecerem opções de crescimento, de mudança, de educação. (BRITO, 2006, p. 13-14).

Tanto o docente quanto o discente buscam conhecimento para crescer,

aprender, refletir, criar, mudar e transformar a si próprio ou o seu entorno,

confirmando o que Freire (2001) disse: “o ser humano é um ser inacabado, em

constante movimento de busca pelo conhecimento para modificar e recriar a

realidade em qual está inserido”.

Ao contrário do que alguns docentes pensam, as TD não vieram para

substituí-los, mas para auxiliá-los a fazer o que já faziam antes, de forma diferente,

melhor. De maneira alguma, a tecnologia se sobrepõe ao ser humano, pois a

tecnologia não se aplica sem a presença humana, no caso o docente, sua

intervenção é fator fundamental para sua utilização diferenciada.

Behrens (2005) afirma que os docentes precisam assumir a missão de

reconstruir os caminhos dos valores humanos visando formar um cidadão ético que

busque a transformação da sociedade para torná-la mais justa e humana, pois a

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escola deve “[...] apropriar-se dos processos, desenvolvendo habilidades que

permitam o controle das tecnologias e de seus efeitos” (BRITO; PURIFICAÇÃO,

2008, p. 25-26), preparando e formando cidadãos capazes de utilizar as tecnologias

para interferir e transformar a sociedade.

As Tecnologias Digitais ampliam as possibilidades de produzir

conhecimentos; de divulgá-los e compartilhá-los. Portanto, faz-se necessário saber

manipular e utilizar os artefatos tecnológicos digitais que auxiliam a busca e seleção

de informações e permitem resolver os problemas do cotidiano. Assim, docentes e

discentes passam a compreender melhor o mundo e atuar na transformação da

sociedade.

Almeida Prado enfatiza a necessidade de novas competências dos

profissionais na educação, em especial em relação ao domínio das tecnologias na

educação:

O uso da tecnologia na escola, quando pautada em princípios que privilegiam a construção do conhecimento, o aprendizado significativo e interdisciplinar e humanista, requer dos profissionais, novas competências e atitudes para desenvolver uma pedagogia voltada para a criação de estratégias e situações de aprendizagem que possam tornar-se significativa para o aprendiz, sem perder de vista o foco da intencionalidade educacional. (ALMEIDA E PRADO, 2005)

Ensinar é organizar situações de aprendizagem. Organizando-as, estaremos

criando condições para que os discentes compreendam a complexidade do mundo e

de sua própria identidade.

Propiciar aos discentes o desenvolvimento da capacidade de ler e interpretar

o mundo, certamente, é levá-lo a uma aprendizagem significativa e com sentido.

Com isso, o discente pode desenvolver sua autonomia para buscar,

constantemente, novas aprendizagens. As situações criadas pelo professor fazem

com que os discentes tenham uma participação ativa e, consequentemente, uma

aprendizagem significativa, levando-os à investigação, e à problematização com

vistas à produção e ao desenvolvimento de projetos para a resolução de problemas.

Nos dias atuais, torna-se premente que o professor associe as Tecnologias

Digitais à sua prática pedagógica. O professor precisa instigar a curiosidade do

discente para que ele possa compreender as relações entre os diversos fatores do

desenvolvimento humano.

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Certamente, uma situação de aprendizagem que poderá potencializar a

aprendizagem significativa é o trabalho por meio de projetos, como sugere Behrens.

A opção por um ensino baseado em projetos proporciona a possibilidade de uma aprendizagem pluralista e permite articulações diferenciadas de cada aluno envolvido no processo educativo. A escolha do ensino com pesquisa, numa abordagem crítica, que envolva um processo individual ou coletivo, dá aos alunos a oportunidade de diversificar as atividades metodológicas e propicia o acesso a maneiras diferenciadas de aprender. Essa metodologia exige que professores e alunos, ao aprender a aprender, numa ação conjunta, aprendam a investigar e a pesquisar. (BEEHRENS, 2006, p. 51)

Trabalhar por meio de projetos potencializa a interdisciplinaridade, ou seja,

utilizando as situações contextualizadas de aprendizagem, para promover a

realização de atividades diversificadas, estabelecendo elos entre as diferentes áreas

do conhecimento (PRADO, 2005). Para isso, faz-se necessário desenvolver a

atitude interdisciplinar conforme Thiesen indica:

a interdisciplinaridade é um movimento importante de articulação entre o ensinar e o aprender. Compreendida como formulação teórica e assumida enquanto atitude, tem a potencialidade de auxiliar os educadores e as escolas na ressignificação do trabalho pedagógico em termos de currículo, de métodos, de conteúdos, de avaliação e nas formas de organização dos ambientes para a aprendizagem. (THIESEN, 2008, p. 120)

O projeto, como técnica de aprendizagem, possibilita ao discente aprender

fazendo. Reconhecer sua autoria nas suas produções, com certeza, elevará sua

autoestima, e diminuirá problemas relacionados à indisciplina e à evasão escolar

além de favorecer uso das diferentes Tecnologias Digitais.

Na busca por um espaço que possibilitasse a construção do conhecimento

optamos em utilizar o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, em paralelo ao

Caderno Pedagógico, pois este espaço de aprendizagem favorecerá o discente a

aprender fazendo. Reconhecer sua autoria nas suas produções, com certeza,

elevará sua autoestima, e poderá diminuir problemas relacionados à indisciplina e à

evasão escolar.

Os ambientes virtuais de aprendizagem facilitam a criação de cursos e de

novos espaços de ensino e de aprendizagem. Trabalhar com os docentes e

pedagogos no AVA objetiva colocá-los na posição de aprendizes, além de orientá-

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los a fazer uso do ambiente na plataforma Moodle4. A opção de se utilizar uma

plataforma livre5, foi feita tendo em vista que a escola não dispõe de um provedor

próprio, e a inviabilidade da utilização do servidor do e-escola6.

Ensinar é criar, e oportunizar condições para que os discentes desenvolvam

as suas capacidades de domínio dos diversos conhecimentos, de modo a poderem

se expressar sobre as suas dúvidas e descobertas, e a aprendizagem decorre da

capacidade da reelaboração e da reconstrução do conhecimento, por meio de

reflexão, investigação e questionamentos (CORTELAZZO, 2000). A utilização de

ambientes virtuais de aprendizagem potencializa, pois, as interações e colaborações

nos processos de ensinar e de aprender.

Trajetória da Implementação: ação, reflexão e transformação

Para a implementação do projeto de intervenção na escola, depois de o

elaborarmos, trabalhamos na elaboração da Produção Didático Pedagógica, material

que tem o objetivo de auxiliar a resolução de dificuldades encontradas na escola

onde atuamos. Esse material, cujas ações têm objetivos bem definidos, poderá ser

utilizado por outros gestores.

O projeto de intervenção foi apresentado na Semana Pedagógica de julho de

2013. O corpo docente ficou bastante empolgado com o tema e comentou que,

raríssimas vezes, pode dar continuidade aos trabalhos que realiza nas escolas, pois

os professores nem sempre conseguem aulas na mesma escola onde atuaram no

ano anterior, e, às vezes, vão para outros municípios. Toda essa situação os deixa

desanimados e desmotivados. Elogiaram o projeto, afirmando que necessitam de

capacitação para lidar com as Tecnologias Digitais disponibilizadas na escola e

falaram da importância do gestor proporcionar esse espaço valioso.

Na Semana Pedagógica de fevereiro 2014, foi apresentada a Produção

Didático-Pedagógica, mas a maioria dos docentes já não era composta dos mesmos

4 Plataforma Moodle – “Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment", um software livre, de apoio à aprendizagem, executado num ambiente virtual. 5 Plataforma Livre – Ambiente virtual que pode ser usado, modificado, estudado, criado, reestruturado e redistribuído, sem restrições. 6 E-escola - Ambiente Virtual de Aprendizagem da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, desenvolvido

em Plataforma Moodle.

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para os quais foi apresentado o projeto, no entanto a nova equipe ficou igualmente

entusiasmada com material.

Os docentes participantes entusiasmaram-se com o início da implementação,

que começou com a leitura da Produção Didático Pedagógica. Disseram que o

material era excelente e com uma linguagem bem acessível. “Para nós leigos no

assunto, tem que ser assim....como uma cartilha... um passo-a-passo.” A Equipe

Pedagógica sentiu-se gratificada pela oportunidade de aprender e, em suas horas

atividade, auxiliar os docentes a inserir as TD no preparo de suas aulas e no Plano

de Trabalho Docente (PTD).

No entanto, no primeiro dia da implementação, deparamo-nos com a

realidade de que embora alguns profissionais tivessem algumas noções básicas de

informática, outros não possuíam qualquer conhecimento. Não contávamos que

teríamos que ensinar o básico de informática (trabalhar com aplicativos como

Word®, Power Point®, etc), mas realizamos esse treinamento que permitiu

momentos de reflexão e atividades bastante intensos e produtivos. Trabalhar no

Ambiente Virtual de Aprendizagem na plataforma Moodle os deixou motivados. Vê-

los interagindo na plataforma foi outro momento muito gratificante.

Alguns dos participantes confidenciaram para o grupo:

Se viesse uma pessoa de fora ministrar esses ensinamentos eu teria vergonha em dizer que não sabia de nada, não tinha noção de nada, mas como é alguém que está no nosso meio, me sinto à vontade em perguntar, e dizer que não sei...estou muito feliz... estou fazendo coisas que eu nem imaginava (professor 4);

Como é bom poder estar participando dessa capacitação, e melhor ainda é que é ministrado por uma pessoa que antes de tudo nos deixa livre para perguntar e sanar as nossas dúvidas e superar dificuldades e medos, possibilitando a familiarização com as ferramentas (professor 3).

Seguindo as atividades propostas os docentes tiveram um espaço para

refletir e debater sobre como o professor tem se posicionado diante das várias

tecnologias que chegam às escolas? Se ele tem mudado sua prática pedagógica?

Se ele discute com seus colegas sobre quais contribuições as TD podem trazer para

a aprendizagem dos seus alunos? Os artefatos tecnológicos fazem parte do

cotidiano da escola? Discutiram também sobre as possibilidades do uso das

tecnologias, disponibilizadas pela escola, no trabalho por projetos sob um ponto de

visto pedagógico. Entre as discussões estavam em questão como um professor nos

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dias atuais deve ser? Como eles mesmos encontravam-se neste contexto? Como

era o comportamento deles diante de uma situação inovadora? Se eles buscavam

atualizar-se diante das inovações tecnológicas que estavam chegando na escola.

Atendendo uma das atividades propostas no material didático pedagógico, os

participantes da oficina da implementação, realizaram uma pesquisa entre todo o

corpo docente para verificar quais TD estavam usando e de que forma. Estavam

participando da oficina 08 docentes e 02 pedagogas e a diretora auxiliar. Foram

entrevistados os 36 docentes do Colégio Estadual Vereador Raulino Costacurta,.

Somente 03 dos entrevistados usavam os diversos artefatos tecnológicos

disponibilizados na escola. Os que não usavam foram sinceros em afirmar que não

usavam porque não sabiam manusear, e não tinham ideia de como preparar suas

aulas incluindo o uso das TD, visando uma aprendizagem significativa. Também

houve queixa sobre a falta de um funcionário para atendê-los e auxiliá-los no

laboratório de informática, e a lentidão da Internet.

Diante de todas as leituras e reflexões realizadas pelo grupo que participou da

implementação do projeto na escola, chegou-se à conclusão que quando as TD são

inseridas no cotidiano escolar de acordo com um planejamento didático-pedagógico,

tornam-se um recurso agregador na produção do conhecimento. Perceberam a

importância de docentes e equipe pedagógica estudarem, debaterem e

reformularem suas práticas para poderem introduzi-las em sala de aula. São

unânimes em afirmar que precisam de capacitações, pois sem ela ficam impotentes,

ou seja, sem saberem o que fazer.

Todos precisam aprender sempre um pouco mais, ninguém sabe tudo, por isso se faz necessário que os professores continuem se aperfeiçoando, buscando novos conhecimentos, novas experiências, pois o mundo não para, ele muda o tempo todo e dessa forma nós professores precisamos nos atualizar. Sabemos que não é fácil esse processo mas não podemos desistir, temos que tentar e perseverar (professor1);

Mudar é preciso, caso contrário estaremos fadados a uma estagnação. Mudanças de qualquer natureza é incômodo, mas após esse processo perceberemos que ficou muito melhor do que antes. Quando se fala em situações de aprendizagem, isso vai além, pois aprender deve estar inerente a nós. Pois somos seres pensantes e logo aprendizes em potencial (professor 2);

A formação tecnológica passa a ser um requisito importante no desenvolvimento pedagógico tanto do professor quanto do educando. O vídeo "Aprender a Aprender" nos deixa bastante evidente que o medo não deve ser

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um obstáculo irremovível que paralisa, mas sim um obstáculo superável que nos desafia a ir em frente e não desistir dos nossos objetivos (professor3).

Diante de todas as reflexões constatamos que ensinar é organizar situações

de aprendizagem. Organizando-as, estaremos criando condições para que nossos

alunos compreendam a complexidade do mundo e de sua própria identidade.

Propiciar aos alunos o desenvolvimento da capacidade de ler e interpretar o mundo,

certamente, é levá-lo a uma aprendizagem significativa e com sentido.

Deixamos um espaço reservado para que um técnico pedagógico do CRTE –

Coordenação Regional de Tecnologia na Educação estivesse conosco, e nos desse

um treinamento para manusear a Lousa Digital. Esse artefato tecnológico recém

introduzido na escola estava despertando curiosidade por parte de alguns docentes,

e resistência por parte de outros. Foi um momento interessante e produtivo, pois

oferece muitos recursos que tornam as aulas e até mesmo as reuniões pedagógicas

mais atrativas e interessantes. Os docentes puderam conhecer, treinar e sanar suas

dúvidas.

Figura 1: Alguns docentes Figura 2: Docente usando a Lousa Digital

Fonte: PDE 2013 – acervo pessoal autora Fonte: PDE 2013 – acervo pessoal autora

Os docentes visitaram o Portal do Professor. Alguns tinham o conhecimento

deste portal, mas no entanto nunca o haviam visitado. A intenção da consulta a esse

portal era que os mesmos encontrassem várias opções de trabalho com projetos

que lhes servissem de inspiração para desenvolver ótimas práticas pedagógicas.

Ficaram bem motivados com o que viram e alguns já estão inserindo em suas aulas

as novas práticas.

Sentiram-se valorizados quando viram na página do Portal Dia a Dia o NRE –

Núcleo Regional da Educação/Área Metropolitana dar destaque ao trabalho de

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implementação PDE voltado às TD. Sentiram-se, da mesma forma, quando houve a

entrega dos Tablets para os professores QPM – Quadro Próprio do Magistério; no

entanto, os docentes contratados pelo Processo Seletivo Simplificado – PSS, em

não sendo comtemplados, demonstram-se descontentes.

Um momento muito importante da implementação foi a reflexão de uma

aprendizagem colaborativa baseada em projetos que levam em consideração as

aptidões e competências que o professor pretende desenvolver com os discentes. A

aprendizagem baseada em projetos necessita de um ensino que provoque ações

colaborativas, e sejam instrumentalizadas pela tecnologia inovadora. Sem contar

que essa prática docente recupera valores como o respeito, a solidariedade, a

preservação da natureza e, ao mesmo tempo conscientiza o indivíduo e o prepara

para caminhar de maneira autônoma:

Considerei os apontamentos dos autores muito pertinentes, e as possibilidades colocadas por eles era exatamente o que nós professores estávamos procurando para atender esse novo aluno que está chegando à escola, um aluno avançado tecnologicamente. (professor 5)

Eu acredito que assim como eu, nesse capacitação todos os professores puderam refletir sobre a inserção das tecnologias digitais na prática pedagógica, visando uma aprendizagem significativa, puderam também avaliar a importância e as possibilidades de integrar esse recurso na sua prática, relacionar o conteúdo a ser trabalhado com essa proposta e por outro lado pudemos aprender a manipular artefatos tecnológicas e fomos surpreendidos pelas reações que elas proporcionam no sentido de entretenimento e de dar significado à aprendizagem. É isso, posso afirmar que aprendi muito e espero aprender muito mais e quero poder utilizar as tecnologias digitais em todas as minhas aulas. (professor 6)

Após as discussões, reflexões, produções e com base nos registros

realizados ao longo dessa implementação, os docentes identificaram conceitos e

palavras chaves, que foram significativas para a construção de um mapa conceitual

No contexto do GTR, os docentes participantes na grande maioria trabalham

na SEED e NRE’s, portanto não vivem o “chão da escola”, mas, ao realizarem a

leitura do projeto de intervenção, demonstraram interesse pela proposta

apresentada, Comentaram sobre as dificuldades que encontravam em planejar uma

aula usando os artefatos tecnológicos, e até mesmo porque não sabiam manuseá-

los. No seu cotidiano, deparam-se com inúmeros docentes e gestores que

apresentam dificuldades em lidar com TD na escola. Como toda a parte burocrática

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é on-line a dificuldade, ainda se torna maior. Muitas vezes, deixam as prestações de

contas, obras on-line, e etc sob total responsabilidade dos funcionários

administrativos. Esses docentes da SEED e dos Núcleos Regionais relataram que

muitos dos docentes nas escolas estavam se recusando a receber os tablets,

justamente pelas dificuldades em manuseá-los.

Na questão 1 com o objetivo da atividade de refletir sobre a contribuição do

Projeto de Intervenção Pedagógica, solicitamos aos participantes que relatassem

suas percepções quanto ao uso das TD no contexto escolar baseados no projeto

apresentado. Foram unânimes em dizer que é fundamental a inserção dessas

tecnologias em sala de aula, pois bem utilizados podem motivar a participação do

educando de forma efetiva, tornando sua aprendizagem mais significativa.

Perceberam que nem todos os docentes estão preparados, e que eles precisam de

uma preparação adequada. Acreditam que o gestor é fundamental nesse processo,

mas não são todas as escolas que proporcionam um espaço para discussão,

inserção e capacitação. Lembram que as TD não podem ser vistas como a salvação

da educação, ou seja, esses artefatos tecnológicos oferecem aos docentes uma

maior possibilidade no processo de ensino e aprendizagem, pois põem tornar as

aulas mais atrativas e interessantes, e se adequadamente utilizadas podem diminuir

o índice de evasão e de indisciplina. Percebem que o uso das TD no âmbito escolar

deixou de ser uma questão optativa, tornando-se obrigatório por todos os docentes.

Na questão 2, com o objetivo de refletir sobre a relevância da Produção

Didático Pedagógica para a realidade da escola pública, sobretudo as escolas

públicas do Paraná, solicitamos que considerassem como essencial à aprendizagem

significativa dos nossos discentes.

O material produzido promoveu uma reflexão sobre as TD no contexto da

escola, tendo como foco o desenvolvimento profissional do gestor no propósito de

contribuir para a inserção dessas TD na prática pedagógica de forma efetiva.

Os participantes consideraram o material bem elaborado, de fácil

compreensão, que veio ao encontro das necessidades de muitas escolas, e

contribuirá para as capacitações de gestores, equipe pedagógica e docentes. Ele

tanto enriquece e incentiva o uso das TD, como também representa um importante

suporte de conhecimentos e de métodos para a inserção das TD na escola.

Ressaltaram que o papel do gestor é o de promover condições dentro da escola

para que o docente se sinta encorajado a participar e inovar em sua prática

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pedagógica, visto que a maioria dos nossos discentes já convive diariamente, em

seus lares, com essas tecnologias.

Na temática final do GTR, ao compartilhar parte dos desafios e conquistas na

realização do Projeto de Intervenção na Escola, ocorreu a participação e a interação

de dezenove cursistas. Aconteceram trocas de experiências, informações relevantes

ao fazerem uso das novas tecnologias no desenvolvimento das aulas, que

promoveram uma aprendizagem significativa. Também houve reflexão sobre os

desafios enfrentados pela escola pública do Estado do Paraná, quanto à utilização

dos artefatos tecnológicos disponíveis na educação. Os cursistas das escolas

especiais relataram que essas escolas não possuem laboratório de informática, o

que torna a inserção das TD longe da atual realidade, e que, quando algum docente

quer fazer uso, acaba trazendo seu próprio computador.

Os cursistas acreditam que todos os profissionais da educação devem estar

preparados para manusear esses artefatos tecnológicos, pois brevemente os diários

de classe, processos, atos regulatórios estarão no sistema on-line.

Considerações Finais

As inquietações apresentadas nas reuniões pedagógicas, nas horas-

atividades, nas conversas informais quando refletíamos sobre o processo de ensino

e aprendizagem, os desafios e necessidades emergentes da sociedade, a

aprendizagem significativa, principalmente no que tange as TD concluímos que a

inserção dessas tecnologias, se fazem necessárias.

Considerando que o gestor escolar tem inúmeras funções em seu cotidiano, o

bom gestor é aquele que não deixa que suas atividades se resumam às questões

administrativas. Além de ele ser democrático, precisa ser proativo, argumentar e

propor medidas que visem o aprimoramento das questões pedagógicas e o sucesso

de sua instituição.

Diante da rapidez das mudanças, em especial, a tecnológica, e sendo o

principal, responsável pela escola, o gestor escolar precisa estar aberto às novas

ideias e à valorização dos saberes que serão fundamentais na formação integral dos

jovens

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Promover atitudes de respeito e confiança entre sua equipe gera valores

significativos, que estará estimulada e disposta a trabalhar de forma colaborativa e

participativa.

Trabalhamos, concomitantemente, com o material produzido (Produção

Didático-Pedagógica) e com o Ambiente Virtual de Aprendizagem - plataforma

Moodle o que serviu de estimulo aos participantes.

Constatamos que ao fazer uso da tecnologia, ainda temos problemas no que

diz respeito ao uso da Internet, pois sua velocidade nas escolas públicas é ainda

muito lenta, ao Laboratório Paraná-Digital que está totalmente sucateado, há

somente 20 computadores do Laboratório Proinfo que estão disponibilizados. Para

desenvolver a implementação, todos participantes trouxeram seus computadores,

pois a escola oferece a opção da rede WI-FI.

O propósito deste projeto é mostrar a importância do gestor na inserção das

Tecnologias Digitais na prática pedagógica, visando a aprendizagem significativa

que agregue valores ao desempenho integral do estudante contribuindo para sua

vida em sociedade, na escola e no trabalho.

Após o desenvolvimento de toda a implementação da Produção Didático

Pedagógica foram constatadas tanto a elevação da autoestima de cada participante,

como a motivação que os mesmos têm apresentado. Passaram a acreditar no seu

próprio valor pessoal e profissional; inovaram suas práticas pedagógicas; e sentem-

se mais seguros. A equipe está fortalecida, conseguindo construir relações

interpessoais solidárias, e um ambiente de formação e aprimoramento de

conhecimentos contínuo e permanente.

No decorrer da Implementação do Material Didático Pedagógico, direção,

direção auxiliar, equipe pedagógica, docentes, cursistas GTR e orientadora, vivemos

momentos importantes de crescimento e de muito entusiasmo.

Muitos são os desafios da escola frente a evolução tecnológica, e todos

devem tem o mesmo foco: o processo educacional, e cabe ao gestor liderar e

proporcionar o desenvolvimento profissional continuado de sua equipe.

Assim, observamos a importância de proporcionar um programa de

desenvolvimento profissional aos professores para o uso das TD, destacando a

necessidade de sua apropriação por parte dele e sua inserção na prática

pedagógica como instrumentos de seu trabalho profissional.

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A experiência proporcionada pelo PDE – Programa de Desenvolvimento

Educacional é ímpar: proporcionar aos profissionais da Educação oportunidades

para pesquisar, buscar, aperfeiçoar e apresentar todo o esforço e realização de ter

conquistado aquilo a que cada um se propôs como profissional.

Como contribuição para novas proposições de projetos de intervenção,

sugerimos que se desenvolvam programas voltados ao treinamento docente para o

domínio operacional de informática básica que, em geral, é feito apenas pelos

técnicos pedagógicos.

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