21
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

  • Upload
    dokhanh

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

Page 2: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

SEXUALIDADE NO MEIO ESCOLAR

Arnaldo Cecato1

Eliane Strack Schimin2

RESUMO – A sexualidade diz respeito ao ser humano e se faz presente em todo o desenvolvimento

físico e psicológico dos indivíduos e, se encontra marcada pela história cultura e ciência. O presente

artigo “Sexualidade no Meio Escolar” relata a implementação de projeto no espaço escolar,

decorrente do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), promovido pela Secretaria de

Estado da Educação do Paraná (SEED/PR), desenvolvida no ano de 2015, no Colégio Estadual

Professor Pedro Carli, Guarapuava – PR, com turmas de oitavos anos do Ensino Fundamental,

envolvendo 54 alunos, com idades compreendidas entre 12 e 14 anos. O principal objetivo deste

trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º

ano do Ensino Fundamental, conduzindo-os a reflexões e entendimento sobre o tema. Os conteúdos

abordados sobre sexualidade foram: anatomia e fisiologia do sistema reprodutor masculino e

feminino, transformações do corpo na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis e

prevenção, gravidez na adolescência e métodos contraceptivos. A metodologia adotada foi a

participativa, baseada em exposições orais dialogadas com esclarecimentos de dúvidas, onde o

trabalho foi pautado nas seguintes estratégias didáticas: teatros, paródias, vídeos, discussões em

grupo, jogos e sinopses de filmes. Foi aplicado um questionário escrito antes e após as atividades

instrucionais para uma das turmas participantes. Os resultados obtidos mostram que as estratégias

didáticas diferenciadas utilizadas foram eficientes, adequadas e atrativas, abrindo espaços aos

adolescentes para discussão e esclarecimentos de dúvidas sobre sexualidades, além de reflexões

importantes sobre uma sexualidade saudável.

Palavras-chave: Sexualidade. Paródias. Teatros. Adolescência. Escola.

1

Especialização em Metodologia do Ensino-Aprendizagem no Processo Educativo. Graduação: Ciências, Complementação em Biologia - Licenciatura. Professor de Ciências e Biologia do Colégio Estadual Professor Pedro Carli, Guarapuava, PR. E mail: [email protected] 2

Mestre em Educação. Graduação em Biologia e Matemática. Professora do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Centro-Oeste – UNICENTRO, Guarapuava, PR. Orientadora das áreas de Ciências e Biologia do Programa de Desenvolvimento Educacional, PDE, Secretaria de Estado da Educação, SEED – PR. E-mail: [email protected]

Page 3: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

1 INTRODUÇÃO

O tema sexualidade no meio escolar tornou-se obrigatório nos Parâmetros

Curriculares Nacionais, e trabalhar este tema nem sempre é fácil, pois estamos em

um campo rodeado de mitos e tabus, onde várias gerações foram suprimidas por

este assunto. Segundo Foucault (1988) é preciso ter em mente que o estudo da

sexualidade e sua contextualização não podem ficar somente no campo do contato

íntimo propriamente dito, pois envolve o desenvolvimento do indivíduo desde a

primeira infância passando pela puberdade até a idade adulta. Mesmo nos dias de

hoje muitas pessoas ainda carregam consigo informações que aprenderam

“erroneamente” com seus colegas e suas famílias.

A sexualidade encontra-se em evidência, porque se tornou um tema de saúde

pública e das políticas em geral. Encontramos diariamente nas escolas várias

adolescentes se evadindo dos bancos escolares porque engravidaram. Não menos

importante os meninos que colocam um filho no mundo também precisaram assumir

as responsabilidades para com a criança e muitas vezes precisam arrumar

empregos que em sua maioria são mal remunerados e insalubres.

Assim, o presente artigo “Sexualidade no Meio Escolar” relata a

implementação de projeto no espaço escolar, decorrente do Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE), promovido pela Secretaria de Estado da

Educação do Paraná (SEED/PR), desenvolvida no ano de 2015, no Colégio

Estadual Professor Pedro Carli, Guarapuava – PR, com turmas de oitavos anos do

Ensino Fundamental. O principal objetivo deste trabalho foi proporcionar práticas

pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do Ensino

Fundamental, conduzindo-os a reflexões e entendimento sobre o tema.

Justificamos a escolha do tema sexualidade considerando que muitos estudos

apontam que cada vez mais cedo nossos jovens têm início na vida sexual. Faz-se

necessário uma educação estruturada de forma que seja dada a devida importância

da prevenção da AIDS, e também das demais DSTs ( doenças sexualmente

transmitidas). Os livros didáticos utilizados pelos professores nas escolas públicas

não trabalham esse tipo de conteúdo de forma clara e diferenciada, desse modo, os

alunos nem sempre demonstram interesse, pois não compreendem quando

ensinamos de maneira tradicional.

Page 4: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

Diante desse quadro, utilizar estratégias lúdicas como material de apoio é

muito importante, pois estas tendem a facilitar o trabalho do professor ajudando

principalmente aqueles casos em que os adolescentes se sentem inseguros, tímidos

ou já trazem consigo algum tipo de trauma ou mesmo alguns tabus adquiridos na

sua vivência. Assim, trabalhando de forma adequada o tema sexualidade no espaço

escolar, poderemos contribuir para a formação de futuros adultos psicologicamente

saudáveis, para exercer a sexualidade de forma saudável e segura.

2 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS

Os últimos dados no Brasil em relação à gravidez na adolescência são

preocupantes. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi

demonstrado um crescimento entre 2011 e 2012, onde o total de mães adolescentes

entre 10 e 19 anos quase dobrou.

A sexualidade em meninas entre 13 e15 anos atingiu um patamar de

28,7% no ano de 2012, este número teve uma redução de quase dois pontos

percentuais em relação ao ano de 2009. Essa pequena queda pode ser atribuída ao

trabalho feito com os jovens nas escolas. “É difícil evitar o início da vida sexual

precoce. Mas os adolescentes que conversam mais em casa e na escola e que têm

informação, tendem a começar mais tarde do que aqueles que estão desamparados,

que não têm família que os apoiam, que não estão na escola e que têm uma

condição socioeconômica mais precária.” Afirmou o psiquiatra e sexólogo Jairo

Bouer.

Cerca de 19,3% das crianças nascidas vivas em 2010 no Brasil são

filhos e filhas de mulheres de 19 anos ou menos. Em 2009, 2,8% das adolescentes

de 12 a 17 anos possuíam um filho ou mais. Em 2010, 12% das adolescentes de 15

a 19 anos possuíam pelo menos um filho (Em 2000, o índice para essa faixa etária

era de 15%). Segundo a agência UNFPA, o número de nascimentos entre mães na

adolescência no Brasil é considerado bastante alto em relação às características do

contexto do desenvolvimento brasileiro. Observa-se que a escolaridade e a pobreza

tendem a tornar as adolescentes mais suscetíveis a engravidarem o que

consequentemente pode incidir na escola ocasionando o abandono dos bancos

escolares.

Page 5: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

Segundo Dimenstein (1999), a escola é apontada como um importante

instrumento para transmitir informações sobre formas de evitar a gravidez e de se

proteger de doenças sexualmente transmissíveis, sendo o melhor método

anticoncepcional. Para o autor, quanto maior a escolaridade, menor os índices de

gravidez e maior a proteção contra doenças sexualmente transmissíveis.

Segundo Foucault a sexualidade é:

O que há de mais íntimo nos indivíduos e aquilo que os reúne globalmente como espécie humana. Está inserida entre as “disciplinas do corpo” e participa da “regulação das populações”. A sexualidade é um “negócio de Estado”, tema de interesse público, pois a conduta sexual da população diz respeito à saúde pública, à natalidade, à vitalidade das descendências e da espécie, o que, por sua vez, está relacionado à produção de riquezas, à capacidade de trabalho, ao povoamento e à força de uma sociedade. (FOUCAULT apud ALTMANN, 2001, p. 576).

Acreditando que a sexualidade se faz presente nos assuntos governamentais,

vemos que a educação como um dos pontos cruciais de suas intenções políticas,

proporcionando assim campanhas e regulamentações para as devidas prevenções

de doenças e controle de natalidade entre outras voltadas à sociedade.

Na abordagem pretendida, segundo Louro (2000) a sexualidade ultrapassa

uma questão meramente individual, sendo entendida como fruto de processos

históricos e culturais nos quais os sujeitos estão inseridos, ela perpassa a esfera da

reprodução humana, abarcando formas de ser e estar no mundo, satisfação de

prazeres e desejos corporais. Compreendemos então, que a sexualidade não é uma

questão apenas pessoal, mas sim social e política, pelo fato de ser construída ao

longo da vida de muitos modos.

È fato que as discussões sobre sexualidade nas escolas é cada vez

mais frequente, por ser um assunto altamente relevante, contudo nota-se que nem

todos os docentes sentem-se seguros, preparados para tratar o assunto, pois muitos

acham que é da alçada das famílias (BRASIL, 1997). Para ser trabalhado o tema de

sexualidade, o educador em sala de aula precisa conduzir esta de maneira

estimulante, colocando os alunos como atores principais. Neste contexto os alunos

devem identificar valores a respeito da sexualidade. Contudo, o educador deve

ministrar esta aula tomando devidos cuidados para não passar suas próprias ideias,

seus mitos e seus preconceitos, pois o aluno deve ser orientado a fazer sua própria

construção do conhecimento.

Page 6: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

Neste sentido, os PCNs vêm enfatizar que:

Ao atuar como um profissional a quem compete conduzir o processo de reflexão que possibilitará ao aluno autonomia para eleger seus valores, tomar posições e ampliar seu universo de conhecimentos, o professor deve ter discernimento para não transmitir seus valores, crenças e opiniões como sendo princípios ou verdades absolutas (BRASIL, 1997).

Nesse contexto, o professor possui um papel importante na transmissão de

valores e conhecimentos que remetem ao desenvolvimento do indivíduo, escola e

sociedade. Para Foucault (1997) cumpre falar do sexo como uma coisa que não se

deve simplesmente condenar ou tolerar, mas gerir, inserir, em sistemas de utilidade,

regular para o bem de todos, fazer funcionar segundo um padrão ótimo. Dessa

forma o sexo não deve ser apenas julgado, mas também administrado.

2.1 Orientação sobre sexualidade no espaço escolar

É de suma importância que o professor faça as devidas considerações sobre

as experiências e crenças que os alunos possuem sobre a sexualidade respeitando

suas culturas, valores, sendo assim, o educador nunca poderá impor suas verdades,

mas sim criar condições onde o aluno possa fazer suas próprias reflexões e consiga

sanar suas curiosidades e anseios.

Segundo Cláudia Bonfim,

È importante que o professor leve em consideração que os alunos possuem crenças, experiências e visões diferenciadas sobre a sexualidade, e que essas formas de pensar advêm de sua família, de sua religião e de sua cultura; portanto, faz-se necessário que sejam abordados e respeitados os diferentes pontos de vista, valores, crenças, cabendo ao docente não impor suas verdades, mas ao contrário, propiciar a reflexão sempre que houver questionamentos, problematização, debates, auxiliando o aluno a encontrar suas próprias respostas e definir conscientemente seus valores. ( BONFIM, 2012, p. 44)

Várias são as maneiras de desenvolver atividades pedagógicas para trabalhar

a educação sexual: músicas, propagandas, filmes, teatros. É na escola e na família

que recebemos as primeiras noções sobre sexualidade sendo estes o pilar da

construção da própria identidade que este vai refletir em todas as fases da vida. De

forma geral nossa sociedade sofre influencia dos conhecimentos antepassados que

passam de geração em geração, não diferente ainda hoje encontramos professores

que nem mesmo sua formação acadêmica conseguiu quebrar ou superar estes

preconceitos ou, mas influencias deste passado. Para quebrarmos tais preconceitos

arraigados na sociedade, precisamos ter em mente que a sexualidade vai além da

Page 7: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

anatomia e fisiologia, se faz muito importante conhecer o corpo mais também

precisamos saber diferenciar sexo e sexualidade, entende-se por sexo:

“característica que define o gênero macho e fêmea, homem e mulher”, sexualidade “

elaborações culturais sobre os prazeres e o intercâmbio sociais e corporais desde o

erotismo o desejo e o afeto relativas a saúde e reprodução”.

A sexualidade deve acontecer de forma natural no decorrer da vida tendo

sempre uma abordagem saudável, prazerosa, bonita, emancipatória que tanto a

família quanto a escola estejam preparadas, capaz de efetivamente ter a

compreensão da vida em sua totalidade.

2.2 Gravidez na adolescência

A gravidez na adolescência é uma recorrência que infelizmente vemos todos

os anos é uma triste realidade, pois estas adolescentes acabam abandonando os

estudos, e não voltando mais, se tornando um ciclo vicioso aonde a maioria dos

familiares com baixa renda, e assim as consequências vão além do campo

educacional passando os muros das escolas, refletindo na vida social das futuras

mães com baixa escolaridade a tendência é submeter-se a trabalhos maus

remunerados e também insalubres, na área da saúde muitas complicações viram

além das DSTs, nascimento prematuro, abortos, e outras complicações pois as

jovens mães ainda não tem um corpo estruturado para a concepção nem para o

desenvolvimento da criança, segundo os dados da Unesco e ministério da saúde:

Dados da Unesco e do Ministério da Saúde mostram que a gravidez precoce

e as dificuldades dela decorrentes já respondem pela terceira causa de óbitos entre

as mulheres jovens do Brasil, perdendo apenas para homicídios e acidentes de

transporte. E mais: dados preliminares da Unesco mostram que 25% das meninas

entre 15 e 17 anos que deixam a escola o fazem por causa da gravidez, mostrando

que a maternidade antecipada já é a principal causa de evasão escolar de meninas

nesta faixa etária. Segundo a Unesco, das meninas de 15 a 17 que não estudam,

31% residem no Nordeste. No país, 71% moram no interior e 12% nas periferias.

Os dados são ainda alarmantes e nós como educadores precisamos ficar

atentos a todas as mudanças no comportamento de nossos adolescentes para que

possamos na medida do possível fazer os devidos encaminhamentos na tentativa de

reverter este quadro que preocupante. Os PCNs em suas justificativas aponta um

desses dados alarmantes que é questionado por Dimenstein (2002, p.62) ao relatar

Page 8: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

pesquisa divulgada pela casa branca, nos Estados Unidos, concluindo que “a

gravidez de adolescentes custa anualmente US$1 Bilhão aos norte americano

apenas para construir novas prisões”. O discurso aponta para uma maior tendência

de criminosos saírem da barriga de jovens solteiras culpando a desestruturação

familiar como uma de suas causas.

Além dos custos com prisões contabiliza-se entre outros a perda da

produtividade da economia, pois adolescentes no período de gravidez estaria fora do

mercado de trabalho.

2.3 Gênero e diversidade

A sexualidade é inerente ao ser humano desde seu nascimento sendo que

na adolescência é que fica mais evidente sendo esta a mais indefinida aparecendo

os conflitos devido as ações hormonais e também as mudanças anatômicas advindo

destas.

Também é nesta fase que a questão de gênero fica mais evidenciada

causando no adolescente inseguranças, medos, por isso o professor como mediador

do conhecimento deve estar preparado para dar respaldo a estes jovens que

apresentarem qualquer sinal que estejam sofrendo pelo seu gênero, devido a uma

cultura que reprime as diferenças e também os discursos religiosos vão sendo ainda

mais negativos porque estão cheios de preconceitos.

Segundo Goellner (2009, p.76) entendeu-se por gênero “a condição social

onde são identificados masculino e feminino”, esta questão é percebido entre os

alunos quando há dúvidas em relação a essa sexualidade e é muito preocupante

quando nas escolas e sociedade como um todo a questão sexual vem sofrendo uma

banalização pelas mais diferentes formas da mídias como: rádios, telejornais,

novelas, filmes, etc.

Falar sobre sexualidade nas escolas não é orientar sexualmente os alunos,

mas sim fazer com que estes possam construir e refletir suas escolhas criando

assim um senso crítico em relação as suas escolhas não somente a questão da

sexualidade, mas também, as consequências que estas escolhas podem acarretar

em suas vidas. No Brasil até 1990 a homossexualidade era considerada como

perversão ou distúrbio sexual, mesmo que a partir de 1985, já estava fora dos

manuais da AMB ( Associação Médica Brasileira) , já a OMS ( Organização Mundial

da Saúde),em 17 de maio de 1990, retira dos manuais de doença a

Page 9: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

homossexualidade pois não a considera como distúrbio. É interessante lembrar que

também o Conselho Federal de Psicologia nº1/99, de março de 1999, cria normas de

forma a orientar os psicólogos em relação ao tema da orientação sexual, “considera-

se que a homossexualidade não constitui doença nem tão pouco é distúrbio ou

perversão”,

Segundo (Cepac, 2006, p.11), “Educar para a diversidade nada mais é,

portanto, do que educar futuros(as) adultos(as) para o respeito às diferenças

comuns entre os indivíduos, de modo a erradicar a discriminação e a homofobia. Um

papel que pode e deve ser assumido pelos (as) profissionais da área de saúde e

educação, colegas e familiares, sempre de forma conjunta”.

2.4 Sexualidade tema transversal

Os parâmetros curriculares nacionais (PCNs) destacam a importância de

trabalharmos o tema sexualidade de maneira transversal, deixando assim a

exclusividade as aulas de ciências e Biologia, devendo ser tratado em todas as

disciplinas do currículo criando assim a possibilidade na geração de discussões

gerais sobre o tema não focando somente aos aparelhos reprodutores mais também

que estas discussões vão além entrando no campo das novas identidades sexuais e

de gênero. Desta forma a formação docente deve ser discutida, repensada para que

num futuro breve educadores venham a ter condições de trabalhar o tema sem no

entanto “ orientar” os alunos em relação a sua sexualidade mais sim promover

conhecimento para que estes possam fazer suas escolhas. Nos PCNs é enfatizado

de forma bastante contundente que:

A sexualidade tem grande importância no desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas, pois, além da sua potencialidade reprodutiva, relaciona-se com a busca do prazer, necessidade fundamental das pessoas. Manifesta-se desde o momento do nascimento até a morte, de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento humano, sendo construída ao longo da vida. Além disso, encontra-se necessariamente marcada pela história, cultura, ciência, assim como pelos afetos e sentimentos, expressando-se então com singularidade em cada sujeito. Indissociavelmente ligado a valores, o estudo da sexualidade reúne contribuições de diversas áreas, como Educação, Psicologia, Antropologia, História, Sociologia, Biologia, Medicina e outras. Se, por um lado, sexo é expressão biológica que define um conjunto de características anatômicas e funcionais (genitais e extragenitais), a sexualidade, entendida de forma bem mais ampla, é expressão cultural. Cada sociedade desenvolve regras que se constituem em parâmetros fundamentais para o comportamento sexual das pessoas. Isso se dá num processo social que passa pelos interesses dos agrupamentos socialmente organizados e das classes sociais, que é mediado pela ciência, pela religião e pela mídia, e sua resultante é expressa

Page 10: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

tanto pelo imaginário coletivo quanto pelas políticas públicas, coordenadas pelo Estado. A proposta de Orientação Sexual procura considerar todas as dimensões da sexualidade: a biológica, a psíquica e a sociocultural, além de

suas implicações políticas.(BRASIL, 1998)

2.5 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DIFERENCIADAS

Neste tópico daremos ênfase a meios alternativos tais como: paródias,

teatros, jogos, vídeos e discussões em grupo. Para que isso seja possível, o

educador deve ministrar estas aulas, tomando devidos cuidados com as ideias

pessoais, com seus mitos e seus preconceitos, pois o aluno deve ser orientado a

fazer sua própria construção deste conhecimento.

Neste sentido, os PCNs vêm enfatizar que:

Ao atuar como um profissional a quem compete conduzir o processo de

reflexão que possibilitará ao aluno autonomia para eleger seus valores,

tomar posições e ampliar seu universo de conhecimentos, o professor deve

ter discernimento para não transmitir seus valores, crenças e opiniões como

sendo princípios ou verdades absolutas (BRASIL, 1997, p.123)

Diante da preocupação em trabalhar da melhor forma o tema sexualidade,

desenvolver técnicas lúdicas se faz necessário contemplando assim o que diz nas

DCE’S (Diretrizes Curriculares de Ciências de Rede Pública do Estado do Paraná)

onde encontramos na página 77:

O lúdico é uma forma de interação do estudante com o mundo, podendo

utilizar-se de instrumentos que promovam a imaginação, a exploração, a

curiosidade e o interesse, tais como jogos, brinquedos, modelos,

exemplificações realizadas habitualmente pelo professor, entre outros. O

lúdico permite uma maior interação entre os assuntos abordados e, quanto

mais intensa for esta interação, maior será o nível de percepções e

reestruturações cognitivas realizadas pelo estudante. O lúdico deve ser

considerado na prática pedagógica, independentemente da série e da faixa

etária do estudante, porém, adequando-se a elas quanto à linguagem, a

abordagem, as estratégias e aos recursos utilizados como apoio.

( PARANÁ, 2008, pág. 77)

Page 11: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

Os alunos trazem consigo determinado conhecimento, que muitas vezes é

ignorado pelos professores. A utilização desses conhecimentos se fazem

necessários para complementar os trabalhos de sala de aula, uma vez que o

discente não pode ser isolado do seu cotidiano. Para trabalhar o assunto

sexualidade com foco em práticas alternativas, devemos respeitar este

conhecimento individual e fazer com que o aluno desenvolva a capacidade de

formação de sua própria identidade.

2.5.1 A música em forma de paródias

Ao longo da história, a música vem desempenhando um importante papel no

desenvolvimento do ser humano, seja no aspecto religioso, moral ou social,

contribuindo para a formação de valores indispensáveis ao exercício da cidadania

(LOUREIRO, 2012).

No que se refere ao contexto escolar acreditamos que a música possa vir a

contribuir no processo ensino aprendizagem , favorecendo a socialização e o bem-

estar dos educandos. A prática de associar a música às disciplinas escolares

sempre foi bastante utilizada pelos docentes e demonstrou muitas potencialidades

como recurso auxiliar de ensino (FERREIRA, 2008).

A música não é somente melodias e palavras, mas sim, um recurso que

auxilia no processo ensino aprendizagem, pois ela desperta o indivíduo de forma

prazerosa e satisfatória para a mente e o corpo, o que facilita a aprendizagem e

também a socialização. Faria (2001, p. 24) menciona:

“A música como sempre esteve presente na vida dos seres humanos, ela

também sempre está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar

e favorecer a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de

criação e recreação”.

Assim, fazer uso das melodias para que os alunos produzam suas paródias é

muito estimulante e como citou o autor é uma forma também de socialização

tornando assim o aprendizado prazeroso.

A sala de aula deve ser um espaço de trocas de informações, onde as ideias

devem ser discutidas, possibilitando a tomada de posições pelo docente e discentes.

Page 12: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

Assim, dentre as várias ferramentas metodológicas que vem sendo utilizadas em

sala de aula, a música em forma de paródias apresenta-se como uma estratégia

adequada e de caráter lúdico, capaz de integrar teoria e prática, podendo contribuir

no processo de ensino e de aprendizagem.

2.5.2 O teatro no espaço escolar

O teatro tem papel fundamental na escola, pois é através deste que

professores podem perceber traços da personalidade, e do comportamento

individual ou do grupo, pois é o teatro que estimula o desenvolvimento mental e

psicológico, criando assim, condições de melhorar o direcionamento pedagógico.

Segundo Reverbel (1989), “o teatro tem a função de divertir instruindo, é uma

verdade que ninguém pode contestar, pois seria negar-lhe a própria história”.

Segundo Piaget (1967), “O jogo não pode ser visto apenas como divertimento

ou brincadeira para desgastar energia, pois ela favorece o desenvolvimento físico,

cognitivo, afetivo, social e moral”. Também contribui para a socialização das crianças

e adolescentes oferecendo oportunidades de realizar tarefas coletivas livremente e

promovendo também o estímulo e o desenvolvimento de habilidades básicas para a

aquisição de novos conhecimentos.

2.5.3 Os jogos didáticos no espaço escolar

Hoje, tanto na área da medicina como na área educacional está comprovado

que sorrir e estudar com prazer não só tornam o aprendizado mais fácil como

melhoram a saúde e o bem-estar das pessoas.

O ato de aprender Ciências, assim como em qualquer aprendizagem exige

motivação. Uma das características das atividades lúdicas é a voluntariedade. Jogos

e brincadeiras costumam ter essa característica; a própria dinâmica do jogo é

convidativa (TRIVELATO; SILVA, 2011).

Alguns aspectos são considerados relevantes para o emprego pedagógico

dos jogos, tais como: o envolvimento com o desafio proposto pelo jogo didático, a

socialização decorrente das interações promovidas pela situação simulada, o

desenvolvimento da personalidade e a busca por situações criativas (MIRANDA,

2001).

Page 13: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

O jogo também pressupõe o emprego de diversas linguagens e abre

possibilidades de ser utilizado em diversas áreas, articulando diferentes conceitos.

Assim, o professor de Ciências pode enriquecer sua prática por meio de

atividades lúdicas adequadas, as quais devem buscar envolver os alunos como

gestores de suas aprendizagens.

2.5.4 A utilização de vídeos educativos e sinopses de filmes como estratégias

didáticas

O uso de vídeos educativos e de sinopses de filmes nas aulas de Ciências

pode ser uma importante estratégia didática, pois traz imagem-mensagem aliada ao

cotidiano do aluno.

Os filmes educativos atualmente permeiam os recursos e estratégias para

promover o ensino (MARANDINO; SELLES; FERREIRA, 2009).

O acesso a esses materiais é cada vez maior devido à ampliação do uso da

internet e dos programas de implementação das novas tecnologias na escola. Entre

os recursos audiovisuais, o vídeo educativo tem sido bastante utilizado na área de

Ciências. Neste recurso estão os movimentos, as cores, o texto, a linguagem, e

conhecido e o desconhecido. Assim:

O vídeo nos seduz, informa, entretém, projeta em outras realidades (no

imaginário) em outros tempos e espaços. O vídeo combina a comunicação

sensorial- cinestésica, com a audiovisual, a intuição com a lógica, a emoção

com a razão. Combina, mas começa pelo sensorial, pelo emocional e pelo

intuitivo, para atingir posteriormente o racional. (MORAN, 1995, p. 3).

No ensino de Biologia, os filmes são insubstituíveis em determinadas

situações de aprendizagem (KRASILCHIK, 2005).

A utilização das mídias audiovisuais no ensino de Ciências depende de uma

análise competente do material disponível, que venha de encontro com os objetivos

do planejamento educacional ((TRIVELATO; SILVA, 2011).

Assim, os vídeos educativos e os filmes no ensino de Ciências devem ser

encarados não apenas como complemento ou entretenimento, mas como parte do

processo educativo de mediação entre o conhecimento científico e as diversas

formas como ele é apresentado socialmente.

Page 14: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

3 METODOLOGIA

A implementação do projeto “Sexualidade no Meio Escolar” foi desenvolvido

no Colégio Estadual Professor Pedro Carli, Guarapuava – PR, decorrente do

Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), promovido pela Secretaria de

Estado da Educação do Paraná, desenvolvida no ano de 2015. O objetivo deste

trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a

estudantes de 8º ano do Ensino Fundamental, conduzindo-os a reflexões e

entendimento sobre o tema. O público alvo foram alunos dos 8º anos do Ensino

Fundamental, com idades entre 12 e 16 anos.

O trabalho foi realizado em situação regular de sala de aula, onde atuamos

como docente, portanto o tipo de pesquisa foi a pesquisa ação. A metodologia

adotada foi a participativa, baseada em exposições orais dialogadas com

esclarecimentos de dúvidas, onde o trabalho foi pautado nas seguintes estratégias

didáticas: teatros, paródias, vídeos, discussões em grupo e jogos, sinopses de

filmes.

Com a finalidade de fazer o levantamento dos conhecimentos prévios dos

alunos sobre o tema, foi aplicado um questionário escrito antes e após as atividades

instrucionais para uma das turmas participantes.

A seguir apresentamos as atividades realizadas durante a implementação do

projeto no espaço escolar.

ATIVIDADE 1 – TEATROS

As peças teatrais foram escritas pelos próprios alunos, onde a abordagem

envolveu assuntos relacionados ao tema sexualidade, tais como: DSTs, gravidez

na adolescência, sexo seguro e métodos contraceptivos.

Os ensaios e apresentações das peças teatrais foram na sala de aula e no

auditório. Para enriquecer e proporcionar um ambiente mais adequado foi usado

cadeiras, mesas, sofá, toalha de mesa, e também microfones. A plateia era formada

pelos alunos do colégio e pelos pais dos alunos, os quais foram convidados a

participar das apresentações. Foi interessante a participação dos pais, pois serviu

de incentivo aos seus filhos, criando assim, um laço maior entre escola e

comunidade escolar.

Page 15: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

A elaboração das peças teatrais teve como objetivo levar os alunos a uma

reflexão de suas realidades em torno do tema sexualidade, gravidez na

adolescência, sexo seguro, a relação de gênero e diversidade, abrindo

possibilidades para fazer a quebra de preconceitos.

ATIVIDADE 2 – PARÓDIAS

As paródias foram elaboradas pelos alunos com total liberdade para as

escolhas das melodias para que estes trabalhassem dentro de suas culturas e

gostos, somente o tema principal foi direcionado para que fosse contemplado o tema

Sexualidade no Meio Escolar.

Alguns problemas surgiram de início, devido a falta de algumas melodias,

mas foi solucionado, pois uma das alunas toca violão, o veio enriquecer ainda mais,

o trabalho. Para a realização desta atividade foram utilizadas as salas de aula, o

auditório, laboratório de informática para acesso de internet, rádio, pen drive,

microfone, e data show. O objetivo foi instigar os alunos a elaborarem conforme

seus gostos pelos gêneros musicais, paródias que destaquem as questões

elencadas em sala de aula.

Destaca-se a seguir letra de uma das paródias produzida pelos alunos da

turma do 8º A.

Musica: Garoto Errado, Cantora: ( Manu Gavassi)

Título da Paródia 1: Ilusão ( Autores: Alunos do 8º Ano A)

Alguém pode me explicar o que eu faço

O que eu fui fazer

Rolo um clima lá na night, eu me descuidei.

Meu coração começa a disparar, de eu pensar.

Imaginar que eu possa vir a engravidar

Sou muito nova e você também, o que nós vamos fazer.

Refrão

Então me diz o que eu faço para poder nos sustentar

Com essa criança não vai dar para trabalhar

Quando eu contar para meu pai ele vai me matar

Se tivesse uma maneira de voltar atrás

Eu juro daria tudo, para me preservar mais

Ele me disse que isso tudo era uma ilusão

Page 16: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

Que foi uma aposta e tudo uma diversão

Refrão

Então me diz o que eu faço para poder nos sustentar

Com essa criança não vai dar para trabalhar

Quando eu contar para meu pai ele vai me matar

Se tivesse uma maneira de voltar atrás

Eu juro daria tudo, para me preservar mais

Musica: LÊ, LÊ, L Ê (Autores: João Neto e Frederico)

Título da Paródia 2: Em plena Sexta feira ( Autores: Alunos do 8º Ano B)

Em plena sexta-feira

Me arrumei para sair

Chegando na balada

Todo top eu te vi

Eu no camarote

Te filmando lá em baixo,

Dançando um jeitinho

Pra vir pro meus braços

Qual é seu nome

Como se chama

Pouco me importa

Quero sua cama

Preservativo onde é que tá

Deixei no carro deixa pra lá

Você não vai se arrepender lê lê

Se alguma coisa acontecer lê lê

Relaxa eu sei fazer um lê lê

Se alguma coisa acontecer lê lê

Depois de trinta dias

Esperando pra descer

Meu Deus que agonia

O que foi me acontecer

Agora são dois meses

E deixou de ser legal

Page 17: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

Só tenho quinze anos

E acabei me dando mal

Cadê me pai?

Cadê minha mãe?

E você onde é que está ?

Seu sem vergonha

Se aproveitou

E agora veja como eu estou

É muito simples te garanto

Nós vamos ter um bebe, lê lê

Como isso foi acontecer, lê lê

Isso que da pagar pra ver, lê lê

Faculdade pode esquecer, lê lê

E agora o que vamos fazer, lê lê ( bis)

Deste modo, fazer uso das melodias para que os alunos produzam suas

paródias é muito estimulante e como citou o autor é uma forma também de

socialização tornando assim o aprendizado prazeroso.

ATIVIDADE 3 – JOGOS

Os jogos foram elaborados pelos próprios alunos e foi intitulado ACERTA OU

PASSA. A turma do 8º A foram separadas em duas equipes. Dois alunos fizeram a

intermediação e foram os juízes, eles eram responsáveis também pela pontuação

das equipes. Este jogo contém 40 perguntas relacionadas ao assunto sexualidade e

corpo humano no que tange os aparelhos reprodutores, métodos anticoncepcionais,

DSTs, gravidez na adolescência, e também curiosidades trazidas por eles. Estas

perguntas foram colocadas em envelopes e eram sorteadas pelos alunos das

equipes. Os alunos tiveram como apoio espaços, recursos e/ou materiais como:

impressoras, salas de aulas, laboratório de informática para pesquisa na internet,

cartolinas e pincéis atômicos. Cada equipe que acertava a questão marcava ponto.

Também havia a possibilidade de passar uma vez. A equipe ganhadora era a que

fizesse maior pontuação durante o jogo. O objetivo deste jogo foi a apropriação e

fixação de questões referentes ao tema proposto.

Page 18: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

ATIVIDADE 4 – DISCUSSÕES EM GRUPO/ VIDEOS EDUCATIVOS

Essas discussões em grupo ocorreram logo após os alunos terem assistido

filmes que contemplam o tema sexualidade, ou sinopses destes filmes ou mesmo

vídeos educativos. É através das discussões que os alunos tiveram condições de

promover trocas de ideias fazendo com que estes conseguissem formar senso

crítico em relação às mídias, tv, jornais revistas entre outros. Durante o jogo o

professor foi o mediador dessas discussões, para a efetiva apropriação deste

conhecimento e condução interferindo sempre que se fizesse necessário, para que

ocorressem as devidas discussões. Para que este trabalho seguisse normalmente,

foi utilizado pesquisa das redes sociais, pen drive, rádio e data show e Notebook. O

objetivo era instigar os alunos após assistirem os vídeos e trechos de filmes a

observarem de forma mais crítica, o que muitas vezes a mídia apresenta de forma

tendenciosa, despertando assim sua formação e, também, a devida apropriação dos

devidos conteúdos.

Entre os vídeos utilizados para as discussões destacam-se três episódios de

Gênero e Sexualidade na escola, partes 1, 2, 3 da Tv Paulo Freire e do Dia a Dia

Educação a entrevista da Professora Doutora em Educação Guacira Lopes Louro.

Foi apresentado aos alunos um filme utilizado para as demais discussões, intitulado:

“Meninas, Gravidez na Adolescência – O drama do Brasil”, o qual trata de jovens

que não possuem uma perspectiva de futuro, não há planos de vida, também relata

de forma simples a intenção da sensualidade, libido, beleza e a liberdade sexual,

fase de fazer tudo pelo impulso sem medir consequências aumentando assim a

incidências das gestações na adolescentes.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este trabalho além de promover a aproximação professor/aluno, trouxe a

possibilidade de estarmos explorando a fundo o tema sexualidade. Assim, os alunos

tiveram a devida apropriação do conteúdo dos sistemas genitais masculinos e

femininos e, mesmo aqueles alunos mais tímidos, retraídos e envergonhados com

medo de falar em público tiveram a ousadia de apresentar as paródias e peças

teatrais bem como na participação dos jogos. Nesta atividade participaram 54 alunos

dos 8º anos. Ao trazer o lúdico para sala de aula, além de ser prazeroso o aluno

consegue sair de seu universo e fazer uma ruptura no seu estado natural, pois se

Page 19: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

fosse feito da forma tradicional não teria a mesma intensidade da apropriação do

conhecimento.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Trabalhar o tema sexualidade no meio escolar usando uma estratégia

alternativa, saindo do contexto da sala de aula e da utilização do livro didático,

fazendo uso de teatros, paródias, e jogos propiciou para os alunos momentos de

descontração e também de aproximações, criou-se assim um ambiente prazeroso de

ensino aprendizado. Após a análise dos resultados, constatou-se que o uso destas

estratégias promovem além da descontração, uma maneira mais eficaz de aprender

e que também abre a possibilidade da devida aplicação em outras séries e dos mais

variados conteúdos. Mais do que ensinar o aluno a conhecer o corpo humano,

nossos alunos devem conhecer seu próprio corpo, dando a devida valorização e ter

consciência do uso correto da camisinha não somente para evitar a gravidez mais

também para se proteger contra as DSTs e AIDS. Quando fizermos as abordagens

do tema sexualidade temos que permitir que nossos estudantes façam as devidas

reflexões sobre os conhecimentos que adquiriram com a família e amigos acabando

com ideias erradas, muitas vezes passadas pelas mídias no dia a dia. Assim, que

venham ter mais segurança na hora de ter com seus pares, tornando-se agentes

participativos nas suas comunidades repassando os conhecimentos que

aprenderam na escola.

REFERÊNCIAS

AQUINO, J. G. (Org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 3. ed. São Paulo: Summus, 1996. BONFIM, C. Desnudando a educação sexual. São Paulo: Papirus, 2012.

Page 20: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

BOUER,J. Sexualidade precoce. <http://www.correiodeuberlandia.com.br/>Acesso em: 20/05/2014. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília: MECSEF, 1998. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Brasília: MEC/ SEF, 1997 e 2000.PARANÁ.Cadernos de expectativas de aprendizagem. SEED/PR 2012 ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Orientações Educacionais Complementares. Ciências da natureza, Matemática e suas tecnologias. MEC- 2008. Disponível em: <http://portal,mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasNaturezapdf.>. Acesso em: 08 abr. 2013. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MECSEF, 2000. CEPAC. https://portais.ufg.br/up/16/o/pplgbt-162.pdf Acesso em: 14/12/2015. COLON, L. 7 milhões de adolescentes dão a luz por ano em países em desenvolvimento . Diário de Guarapuava. 30 out. 2013. DIMENSTEIN, G. Estudo relaciona falta de escolaridade com gravidez. Folha de São Paulo, São Paulo, 4 out. 1990. Caderno Campinas, p. 4. 1999. FARIA, M. N. A música, fator importante na aprendizagem. Assis chateaubriand – Pr, 2001. 40f. Monografia (Especialização em Psicopedagogia) Acesso em: 30/10/2013. FERREIRA, G.; LIMA, M.; JESUS R. Paródias como Estratégias do Ensino de Biologia com Intermediação Tecnológica. Salvador, BH, 2013. Disponível em: http://www.abed.org.br/congresso2013/cd/325.doc. Acesso em: 27 jun. 2014. FOUCAULT, M. A história da sexualidade 1:a vontade de saber. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J.A. Guilhon Albuquerque. 12 .ed. Rio de Janeiro: Graal, 1997. A história da sexualidade 2: o uso dos prazeres. 8. ed. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1998.

Page 21: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · trabalho foi proporcionar práticas pedagógicas diferenciadas sobre sexualidade a estudantes de 8º ano do ... de Ciências e

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: necessários Saberes a prática educativa. 43. ed. São Paulo, 2011 [s.n.]. KRASILCHIK, M. Prática de ensino de biologia. 4.ed. São Paulo: USP, 2005 KNOBEL, M. Adolescência normal: um enfoque psicanalítico. 6. ed. Porto Alegre: ArtesMédicas, p. 24-59, 1981. LOUREIRO, A. M. A. O ensino de música na escola fundamental. 7. ed. Campinas: Papirus, 2012. MARANDINO, M.; SELLES, S. E.; FERREIRA, M. S. Ensino de biologia: histórias e práticas em diferentes espaços educativos. São Paulo: Cortez, 2009. MIRANDA, S. No fascínio do jogo, a alegria de aprender. Ciência Hoje, v. 28, 2001, p. 64-6. MORAN, J. M. O vídeo na sala de aula, revista comunicação e educação. São Paulo: Moderna, [2]: 27 a 35, jan./abr. de 1995. LOURO, G. Pedagogias da sexualidade. In: (Org.). O corpo educado: pedagogiasda sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. PAPALIA, E. D. OLDS, W. S. Desenvolvimento Humano. 7. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2000. PIAGET, J. O raciocínio na criança. Tradução de: Valéria Rumjanek Chaves, Rio de Janeiro: Record, 1962, p.241 TRIVELATO, S. F. ; SILVA, R. L. F. Ensino de ciências. São Paulo: Cengage Learning, 2013. REVERBEL, O. Um caminho do teatro na escola. Minas Gerais: Scipione, 1989.

LINK www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modulos/video/showvídeo.php?video=13739 -29k https://youtu.be/92WaYgChtDo