Os Diferentes Tipos de Família

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  • 8/16/2019 Os Diferentes Tipos de Família

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    Os novos arranjos de família no Direito Brasileiro

    Pâmella Duarte Lopes

    Publicado em 03/2015. Elaborado em 12/2013.

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    • DIREITO CIVIL

    • VARIEDADES

    • DIREITO DE FAMÍLIA

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    É inegável a importância da familia na formação humana, por essa razão,legitima-se a cogitação do presente tema. E com esse escopo dissertarei deforma minuciosa acerca das espécies de família atualmente reconhecidas peloordenamento jurídico pátrio.

    Introdução

    A evolução da família brasileira se tornou mais visível nos últimos tempos:

    mães solteiras, pais solteiros, filhos com dois pais e uma mãe, dois homens pais deuma criança, a fusão de duas famílias, avós e netos morando sob o mesmo teto,irmãos unilaterais.

    Dessa forma, é inegável que as famílias vêm evoluindo. Porém, essa evoluçãoque um dia se deu de forma lenta, nos últimos anos, trouxe muitos avanços para asquestões do direito de família.

    Há algum tempo a Justiça se posicionou e reconheceu muitas espécies defamília. Desinibindo, então, a população de assumir sua real situação em relação a

    suas famílias.

    Os tabus enfrentados antigamente pelo fato de se ter um filho homossexual,

    ou o fato de criar um filho sem a presença do pai, a questão do casamento, dodivórcio, são problemas menos importantes na atualidade.

    Deve-se levar em consideração o afeto, a socioafetivade, a convivência. Hoje

    o documento não vale tanto quanto o amor que envolve uma família.

    https://jus.com.br/1174388-pamella-duarte-lopes/publicacoeshttps://jus.com.br/artigos/37521/os-novos-arranjos-de-familia-no-direito-brasileirohttps://jus.com.br/artigos/direito-civilhttps://jus.com.br/artigos/variedadeshttps://jus.com.br/artigos/direito-de-familiahttps://jus.com.br/artigos/atualidadeshttps://jus.com.br/artigos/37521/os-novos-arranjos-de-familia-no-direito-brasileirohttps://jus.com.br/artigos/direito-civilhttps://jus.com.br/artigos/variedadeshttps://jus.com.br/artigos/direito-de-familiahttps://jus.com.br/artigos/atualidadeshttps://jus.com.br/1174388-pamella-duarte-lopes/publicacoes

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    Desse modo, legitima-se a cogitação do presente tema de monografia por

    conta da influência que o Poder Judiciário teve no reconhecimento dos novos arranjosfamiliares em respeito ao artigo 203, inciso I da Constituição Federal de 1988 queexplana a responsabilidade da assistência social em proteger a família.

    Utilizando-se o método de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo,procurou se desenvolver explicações acerca do Direito de Família, enfatizando aformação familiar contemporânea através de teorias publicadas em livros ou obras,

    decisões judicias, questionários e análise de pesquisas que já trataram sobre oassunto. Tendo como principal objetivo de pesquisa o conhecimento e analise das

    contribuições teóricas existentes sobre o assunto, tornando-se um instrumentoindispensável para pesquisas futuras, ampliando o grau de conhecimento desta área e

    utilizando como instrumento de auxílio para a construção e fundamentação dehipóteses o domínio do conhecimento disponível.

    É com esse escopo que dissertarei de forma minuciosa acerca das espéciesde família, enfatizando a questão do casamento civil entre homossexuais e oentendimento dos Tribunais Superiores acerca do referido tema.

    Dessa forma, o primeiro capítulo traz apontamentos ligados a essa evolução

    referida nos parágrafos acima. A evolução da família e a influência da igreja naformação familiar.

    O segundo capítulo se limita a explanar e conceituar os novos arranjosfamiliares, as novas espécies de família.

    Já o terceiro capítulo visa o entendimento de julgados dos TribunaisSuperiores em questões envolvendo famílias. Bem como a opinião popular acerca do

    novo conceito de família, com apresentação de percentuais e pesquisas acerca doreferido tema.

    No capítulo final são apresentadas as conclusões, bem como sugere-sealgumas questões pertinentes. Diante do exposto, a presente monografia visa discutir

    o direito dos homossexuais ao casamento civil, seus reflexos na sociedadecontemporânea e na religião, bem como os modelos das novas famílias brasileiras,

    tomando como base preceitos constitucionais e doutrinários, e principalmente arealidade da sociedade atual obtida através de pesquisas realizadas.

    1. A evolução da família brasileira: uma breve análise histórica.

    A evolução da família brasileira se deu de forma lenta. Em tempos mais

    remotos, homens e mulheres desempenhavam papéis diferentes perante a família, emque o papel do homem era sustentar a casa e o da mulher cuidar da casa e dos filhos.

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    A mulher era considerada relativamente incapaz e precisava da autorização

    do marido para exercer certos atos, conforme preleciona Dias ((a) s.d.:1): “[...] amulher ao casar perdia sua plena capacidade, tornando-se relativamente capaz, comoos índios, os pródigos e os menores. Para trabalhar precisava da autorização do

    marido”.

    Além disso, o regime de bens obrigatório da época era o da comunhãouniversal de bens, conforme a ilustre doutrinadora Dias ((d) 2013: 44):

    “Ao casar, a mulher tornava-se relativamente capaz,não podia trabalhar nem administrar seus bens [...]. Duas

    pessoas fundiam-se numa só, formando uma unidadepatrimonial, sendo o homem o elemento identificador do núcleo

    familiar”.

    Essa visão arcaica e engessada dodireito de família se estendeu até o ano

    de 1.962 (mil novecentos e sessenta e dois), pois com o advento do Estatuto daMulher Casada a mulher teve, ainda que timidamente, alguns direitos em relação adependência do marido, de acordo com o artigo acima citado da ilustre doutrinadoraDias ((a) s.d.: 2):

    “O chamado Estatuto da Mulher Casada devolveu aplena capacidade à mulher, que passou à condição de

    colaboradora na administração da sociedade conjugal. Mesmotendo sido deixado para a mulher a guarda dos filhos menores,

    sua posição ainda era subalterna. Foi dispensada anecessidade da autorização marital para o trabalho e instituído

    o que se chamou de bens reservados, que se constituía dopatrimônio adquirido pela esposa com o produto de seutrabalho”.

    Somente 15 (quinze) anos mais tarde, em 1.977 (mil novecentos e setenta esete), o divórcio tomou o lugar do desquite, porém, cada cônjuge poderia se divorciar

    uma única vez, tendo-se como regra nos casamentos, o regime da comunhão parcialde bens, iniciando mesmo que lentamente a questão da mudança no âmbito familiar,ficando visível a diferenciação e principalmente a evolução nos modelos familiares a

    partir desta época. De acordo com Dias ((d) 2013: 44): “Daí a Lei do Divorcio, que em1.977 (mil novecentos e setenta e sete), consagrou a dissolução do vínculo

    matrimonial, mudou o regime legal de bens para o da comunhão parcial e tornoufacultativa a adoção do nome do marido”, pois até então era obrigatória à aquisição donome do marido pela mulher.

    Superado o contexto histórico da situação da família brasileira, cabe se fazer

    uma breve conceituação do que vem a ser a família contemporânea.

    https://jus.com.br/tudo/direito-de-familiahttps://jus.com.br/tudo/divorciohttps://jus.com.br/tudo/divorciohttps://jus.com.br/tudo/divorciohttps://jus.com.br/tudo/adocaohttps://jus.com.br/tudo/adocaohttps://jus.com.br/tudo/direito-de-familiahttps://jus.com.br/tudo/divorciohttps://jus.com.br/tudo/adocao

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    1.1. Conceito atual de família.

    Com o passar dos anos se pôde atrelar o conceito de família aquela que épatriarcal e tem o papel do pai como exemplo e meio de sustento e orientação, que

    seria a família tradicional, composta por pai, mãe, filhos, genros, netos.

    Porém a mudança nos arranjos familiares começou a ficar explícita com omodelo monoparental, surgido com a evolução feminina na sociedade.

    De acordo com a ilustre doutrinadora Dias ((d) 2013: 42):

    “A lei nunca se preocupou em definir família. Limitava-se a identificá-la com o casamento. Esta omissão excluía doâmbito jurídico todo e qualquer vinculo de origem afetiva que

    leva à comunhão de vidas e embaralhamento de patrimônio”.

    Porém, é sabido que atualmente o modelo de família está sendo alterado. Émuito comum depararmo-nos com famílias compostas por marido, mulher e ambos

    terem filhos de casamentos anteriores e ainda possuírem filhos em comum. Dessemodo, gera um vinculo socioafetivo entre filhos e padrastos ou madrastas, não

    devendo essa forma familiar ser ignoradas pelo ordenamento jurídico pátrio.

    É ainda comum, verificarmos o grande índice de mães solteiras e até mesmo

    pais solteiros. Hoje é ainda habitual a formação de famílias com dois pais e duas

    mães, duas mães e um pai, dois pais e uma mãe, que não são desconsideradoslegalmente por não seguirem os aspectos tradicionais.

    De acordo com Lôbo (2011: 37): “A família é sempre socioafetiva, em razãode ser um grupo social considerado base da sociedade e unida na convivênciaafetiva”.

    Por conta de toda a evolução no âmbito familiar em na sociedade brasileira,somente em 2006, aLei Maria da Penha(LMP) em seu artigo 5º, se preocupou em

    definir o conceito de família, se limitando e informar à população que família équalquer relação de afeto.

    Diante disso, resta amplamente entendido que a família moderna deve sebasear no afeto, na boa relação. Não interessa mais os componentes de sua formação

    e sim o nível de relacionamento entre os familiares. Dessa forma, Villela (1994: 645)defende que: “a teoria e a prática das instituições de família dependem, em ultimaanálise, da competência em dar e receber amor”.

    Entretanto, é sabido que nem todos aceitam o fato de a nova família brasileira

    ter uma formação diferente das antigas. Logo, cabe explanar o motivo de tantadivergência entre alguns grupos influentes de nossa sociedade e os novos modelos de

    https://jus.com.br/tudo/lei-maria-da-penhahttps://jus.com.br/tudo/lei-maria-da-penha

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    família. Dessa forma, abordar-se-á no próximo título acerca da influência dareligião na

    formação da família.

    1.2. A influência da religião na formação da família.

    Apesar de convivermos em um Estado laico, a opinião e os ensinamentoscristãos ainda têm muita relevância na vida da sociedade. Sendo entendimentopredominante entre aqueles que seguem uma religião cristã, o modelo tradicional,aquele composto pelo pai, a mãe e os filhos e irmãos bilaterais.

    A família é considerada para os cristãos como a igreja doméstica, a primeiraigreja, a igreja a qual se nasce, se tem ensinamentos acerca da religião e acerca de

    tudo o que se considera certo e errado para os seguidores de Cristo.

    Os católicos possuem uma doutrina de suma importância, chamada deCatecismo da Igreja Católica (CIC) (2000: 455) que explana que em seu parágrafo1666 que:

    “O lar cristão é o lugar onde os filhos recebem oprimeiro anúncio da fé. É por isso que a casa de família se

    chama, com razão, Igreja doméstica, comunidade de graça ede oração, escola de virtudes humanas e de caridade cristã”.

    A sociedade contemporânea, por conta da religião discrimina alguns dos

    novos tipos de entidade familiar alegando uma ofensa à família, pois as religiõescristãs veem o matrimônio como um sacramento que tem como objetivo a procriação.Considerando acima de tudo o casamento como união indissolúvel.

    Segundo a Bíblia, livro sagrado para os cristãos, baseando-se na ordemdivina do livro de Gênesis, capítulo 1 (um), versículo 22 (vinte e dois), é possível

    enxergar que o objetivo divino era a procriação. Logo, os cristãos não poderiam viverum casamento sem a devida procriação.

    Dessa forma, as famílias contemporâneas sofreram certa discriminação porconta das atitudes da igreja.

    Porém para Maria Berenice Dias, o afrouxamento dos laços entre o Estado ea Igreja acarretou em uma profunda evolução social e com essa evolução muitos tipos

    de famílias surgiram sem que tivessem nomenclatura para elas.

    Porém algumas dessas famílias são alvos de discriminação. Segundo Dias

    ((f), 2005), a igreja é fez com que as relações homoafetivas fosse alvo de preconceito,conforme se lê no trecho abaixo transcrito:

    https://jus.com.br/tudo/religiaohttps://jus.com.br/tudo/religiao

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    “As uniões de pessoas do mesmo sexo sempre

    existiram, mas a partir do momento em que a igreja sacralizouo conceito de família, conferindo-lhe uma finalidade meramenteprocriativa, as relações homossexuais se tornaram alvo do

    preconceito e do repúdio social”. (p. 40)

    Ocorre que a igreja católica rapidamente se posicionou frente às evoluçõesnos modelos familiares. E isso é visível com as novas formas de interpretação do CIC,

    pelo Papa Francisco.

    Apesar de a igreja possuir uma doutrina visivelmente preconceituosa com as

    famílias contemporâneas, a forma de interpretar e transmitir essa interpretação aosfieis se tornou diferente.

    Como exemplo temos o discurso do Papa Francisco sobre as mães solteiras:

    “Pensem em uma mãe solteira que vai à igreja, à

    paróquia e ao secretário: 'Quero batizar meu filho'. E depoisesse cristão, essa cristã lhe diz: 'Não, você não pode porque

    você não é casada!'. Mas, veja, essa jovem teve a coragem delevar adiante a sua gravidez e não devolver o seu filho aoremetente, e o que ela encontra? Uma porta fechada! […]”.

    Dessa forma, é visível a influência da evolução nos conceitos de família

    perante a sociedade. Nesse sentido, é inegável que a aparição das novas famílias vemmexendo com a estrutura tradicional da família em vários sentidos.

    No mesmo sentido, pela primeira vez, somente no ano de 2.013 (dois mil etreze) a igreja por meio do Papa Francisco ensinou a não discriminar aqueles que

    escolhem um tipo de vida diferente dos cristãos:

    “Se uma pessoa é gay, procura a Deus e tem boa

    vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-la? O

    catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz queeles não devem ser discriminados por causa disso, mas devemser integrados na sociedade. O problema não é ter essatendência. Não! Devemos ser como irmãos”.

    Volvendo ao assunto do casamento para a igreja católica, é inegável que esseinstituto ou sacramento seja considerado como uma união indissolúvel, ou seja, nãodeve ter fim.

    Porém, hoje já é visível em algumas igrejas pelo Brasil a participação de

    casais divorciados em muitos acontecimentos religiosos, reconhecendo a própria igreja

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    o grande número de fieis que não respeitaram o sacramento do matrimônio conforme

    deveriam.

    Ocorre que apesar de a intepretação papal tenha sentido contrário a

    discriminação, a posição da igreja ainda é irredutível em relação ao referido assunto,disposto no trecho do CIC (2000: 451), abaixo transcrito:

    “São numerosos hoje, em muitos países, os católicosque recorrem ao divórcio segundo as leis civis e que contraem

    civicamente uma nova união. A Igreja, por fidelidade à palavrade Jesus Cristo afirma que não pode reconhecer como válida

    uma nova união, se o primeiro casamento foi válido. Se osdivorciados tornam a casar-se no civil, ficam numa situação que

    contraria objetivamente a lei de Deus. Portanto, não podem ter

    acesso à comunhão eucarística enquanto perdurar estasituação”.

    Diante do exposto, é inegável que a sociedade está em constante mudança eesse fato é primordial na evolução da família brasileira. Apesar de o cristianismomudar suas interpretações lentamente, ainda é difícil a relação da igreja com as

    famílias plurais. Com isso, é necessário que a sociedade atual, independente dereligião tenha um posicionamento respeitoso para com os novos arranjos familiares.

    Conforme falado pelo Papa Francisco, as pessoas não podem encontrar umaporta fechada quando procuram a igreja. Com isso, os cristãos devem acima de tudo

    saber conviver com a evolução familiar.

    Com isso, no capítulo segundo cabe classificarmos essa evolução,

    conceituando as novas formas de família e caracterizando-as.

    2. Espécies de família.

    Conforme já explanado acima, a evolução familiar no Brasil se deu e ainda se

    dá de forma lenta. Porém, a lentidão nesse ciclo evolutivo ocorre muitas vezes pelopreconceito. E o preconceito, na maioria das vezes é acarretado por conta da falta deconhecimento que muitos têm acerca do que vem a ser uma família.

    Ainda pela influência arcaica da formação tradicional da família, é notório o julgamento prévio que muitos fazem quando se deparam com uma estrutura familiardiferente.

    Por conta disso, Dias ((d) 2013) alega que não se devem proferir expressões

    discriminatórias ao se tratar dessas novas famílias, conforme se no trecho abaixo

    transcrito:

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    A convivência com famílias recompostas,

    monoparentais, homoafetivas, permite reconhecer que seuconceito se pluralizou. Daí a necessidade de flexionarigualmente o termo que a identifica, de modo a albergar todas

    as suas conformações. Expressões como famílias marginais,informais, extramatrimoniais não mais servem, pois trazem umranço discriminatório. (p. 39)

    No mesmo sentido, Dias ((d) 2013) enfatiza o fato de a mistura na estruturafamiliar consagrar a igualdade entre os filhos havidos fora do casamento,

    transformando verdadeiramente a convivência familiar, principalmente no queconcerne o vínculo entre pais e filhos e irmãos unilaterais, conforme se comprova com

    o trecho transcrito: “A consagração da igualdade, o reconhecimento da existência deoutras estruturas de convívio, a liberdade de reconhecer filhos havidos fora do

    casamento operaram verdadeira transformação na família” (p.40).

    Do mesmo modo, Carvalho (2013: 7967) estabelece que:

    A Constituição Federal estabelece um rol de entidadesfamiliares, a saber, o casamento, aunião estável e a família

    monoparental. Aos poucos, o ordenamento jurídico brasileiroacompanhando a evolução social, vem aceitando outras formas

    de família, como por exemplo a família recomposta,reconstituída ou pluriparental, anaparental e homoafetiva,

    assim, privilegia-se a afetividade como um fundamento basilardas relações familiares.

    Diante disso, é necessário que se conceitue algumas das formas de formaçãofamiliar. Iniciando com as formas mais tradicionais até as contemporâneas.

    2.1. Casamento.

    Quando se fala em família, logo vem à mente a cena do casamento. Aquela

    cena tradicional de um homem e uma mulher em uma igreja vestidos à caráter pararealizar os sonhos de suas vidas. E essa ideia vem à cabeça justamente por estarmos

    acostumados com formalidades impostas pelo Estado desde os tempos mais remotos,por esse motivo, a ilustre doutrinadora Dias, ((d) 2013, p. 44) esclarece que: “O Estado

    sempre resistiu a admitir vínculos de convivência formados sem o selo da oficialidade”.

    Por conta dessa influência estatal imposta desde que nascemos dificilmente

    vinculamos a palavra casamento a dois homens ou duas mulheres que têm porobjetivo formar suas famílias.

    https://jus.com.br/tudo/uniao-estavelhttps://jus.com.br/tudo/uniao-estavel

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    Na maioria das vezes, por conta dos costumes, é difícil atrelar a palavra

    família a uma mãe solteira e seu filho. E por conta desses costumes o casamentoainda é visto por muitos de forma arcaica.

    Para Dias ((d), 2013: 44) o Estado, por influência religiosa impôs aocasamento a indissolubilidade e a obrigação de identificação familiar pelo nome do pai:“O interesse estatal na manutenção do casamento levou, em um primeiro momento, àconsagração de sua indissolubilidade e à obrigatória identificação da família pelo

    nome do varão”.

    Ocorre que muita coisa mudou quando se trata de casamento, principalmente

    a formação familiar. Atualmente o casamento é só mais uma forma de constituiçãofamiliar, dispondo a sociedade atual de outras diversas formas baseadas no afeto, não

    somente num interesse estatal.

    2.2. União estável.

    Distorcida a ideia de que a única forma de formação seria por força domatrimonio, o ordenamento jurídico omitiu no Código Civil de 1916 a situação das

    famílias que viviam em união estável.

    Somente com o advento da Constituição da República Federativa do Brasil

    (CRFB) de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, os casais que conviviam sob omesmo teto tiveram amparo. Dessa forma, somente há 25 atrás a união estável foi

    reconhecida como entidade familiar e resguardada pelo Estado, conforme se lê noartigo 226 da CRFB abaixo transcrito:

    “Art. 226. “omissis”

    [...]

    § 3º - Para efeito da proteção do Estado, éreconhecida a união estável entre o homem e a mulher como

    entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão emcasamento”.

     

    Regulamentando o artigo acima referido, por conta dos costumes, ainda

    existiu certa resistência por conta da aceitação do referido tema ser incluso na matériafamiliar e não simplesmente em matéria civil no que se diz respeito as demandas

     judiciais, conforme preleciona Dias ((f) 2005: 42): Mesmo quando a Constituiçãoinseriu no conceito de entidade familiar o que chamou de “união estável”, houve

    resistência em migrar as demandas para o âmbito do Direito das Famílias.

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    Somente em 2.002 (dois mil e dois), o CC abordou acerca da união estável.

    Porém acrescentou algumas características para a identificação desse tipo de relação.Configurando-a como uma união pública e duradoura e principalmente com o objetivode constituir família, nos termos no artigo 1723, caput que defende que: É reconhecida

    como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada naconvivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo deconstituição de família.

    Diante disso, segundo Dias ((f) 2005) para que exista uma família basta queduas pessoas mantenham uma relação duradora. Independente de filhos ou de

    casamento, a união estável veio para amparar milhares de casais que vivem nessasituação:

    “Não se diferencia mais a família pela ocorrência do

    casamento. Também a existência de prole não é essencial paraque a convivência mereça reconhecimento e proteçãoconstitucional, pois sua falta não enseja sua desconstituição.

    [...]

    Passando duas pessoas ligadas por um vínculo afetivoa manter relação duradoura, pública e contínua, como secasadas fossem, elas formam um núcleo familiar à semelhança

    do casamento, independentemente do sexo a que pertencem.Mister identificá-la como união estável, geradora de efeitos

     jurídicos.” (p. 48)

    Por fim, o essencial para a constituição de uma família é acima de tudo a

    afetividade que a envolve, independente das estipulações feitas pelo Estado para queela exista. Com o reconhecimento das uniões estáveis pelo Brasil, sem dúvida houve

    uma grande valorização da família, o que extrapola qualquer dever imposto peloEstado.

    2.3. Família monoparental.

    Diferentemente das formas acima citadas, é cabível também discorrer acercada família monoparental.

    Desde os tempos mais remotos, a família monoparental já era vista em nossasociedade. A mulher sofria discriminações pelo fato de ser mãe solteira.

    Porém, hoje o ordenamento jurídico pátrio estabelece que a entidade familiar

    pode ser formada por qualquer um dos pais e seus filhos.

    Com base nisso, Dias ((d) 2013: 54) assegura que:

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    “A Constituição, ao esgaçar o conceito de família,

    elencou como entidade familiar a comunidade formada porqualquer dos pais e seus descendentes (CF 226§ 4º). Oenlaçamento dos vínculos familiares constituídos por um dos

    genitores com seus filhos, no âmbito da especial proteção doEstado, atende a uma realidade que precisa ser arrostada. Taisentidades familiares receberam em sede doutrinária o nome de

    família monoparental, como forma de ressaltar a presença desomente um dos pais na titularidade do vinculo familiar”.

    Salienta ainda Dias ((d) 2013) que esse tipo de formação familiar se dáquando existe morte de um dos genitores,separação ou divorcio ou até mesmo quando

    é feita adoção por pessoa solteira:

    “A monoparentalidade tem origem na viuvez, quandoda morte de um dos genitores, na separação de fato ou decorpos ou no divórcio dos pais. A adoção por pessoa solteiratambém faz surgir um vínculo monoparental entre adotante eadotado”. (p.220)

    Diante disso, alega ainda a ilustre doutrinadora Dias, ((d) 2013) que éinegável que a as famílias monoparentais sejam mais frágeis e tenham encargos

    redobrados com o lar, conforme se dispõe abaixo:

    “As famílias monoparentais têm estrutura mais frágil.

    Quem vive sozinho com a prole acaba com encargosredobrados. Além dos cuidados com o lar e com os filhos,

    também necessita buscar meios de prover ao sustento dafamília”. (p. 224)

    Porém, nem por isso podem ser desprezadas ou diferenciadas as famíliasmonoparentais. Pois a doutrina especializada é clara quanto da proteção das referidasfamílias.

    2.4. Família multiparental, composta, pluriparental ou mosaico.

    Após o avanço na interpretação jurisprudencial e o aumento na identificaçãode famílias fora do padrão, tornou-se mais visível o modelo familiar que se classifica

    como a família multiparental, também conhecida como composta, pluriparental oumosaico.

    Esse tipo de família é aquela formada dos componentes oriundos de outrasfamílias já formadas anteriormente.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/%C2%A7http://pt.wikipedia.org/wiki/%C2%A7https://jus.com.br/tudo/separacaohttps://jus.com.br/tudo/separacaohttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C2%A7https://jus.com.br/tudo/separacao

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    Temos como exemplo o casal que se separa de fato ou se divorcia e após isso

    forma uma nova família com um novo cônjuge. Após essa segunda união o casal namaioria das vezes tem filhos em comum, agregando a família então, filhos da primeiraunião e da segunda, sendo todos os filhos irmãos tanto bilaterais quanto unilaterais.

    Dessa forma, Dias ((d), 2013: 56) caracteriza essas famílias da seguinteforma:

    “São famílias caracterizadas pela estrutura complexa

    decorrente da multiplicidade de vínculos, ambiguidade dasfunções dos novos casais e forte grau de independência.

    [...]

    A multiplicidade de vínculos, a ambiguidade doscompromissos e a interdependência, ao caracterizarem afamília-mosaico, conduzem para a melhor compreensão desta

    modelagem”.

    Ocorre que a ilustre Dias ((c), s.d), uma nova realidade, não limita a família

    unicamente ao casal com filhos de vários casamentos. Berenice defende também aconvivência dos familiares em linha colateral como uma família pluriparental quando

    leciona que:

    “A convivência familiar dos parentes colaterais recebeo nome de família pluriparental. Não importa a igualdade oudiferença do grau de parentesco entre eles. Assim, tios e

    sobrinhos que vivem em família constituem uma famíliapluriparental. Igualmente, os irmãos e até os primos que

    mantêm convivência familiar, são outros exemplos. Famíliapluriparental, uma nova realidade”.

    No mesmo sentido, Alves (2010: 11) defende a formação da

    pluriparentalidade como um fenômeno que decorre do aumento de divórcios e denovos casamentos, conforme se vê do trecho a seguir: “Um fenômeno decorrente doaumento do número de divórcios e de recasamentos é o surgimento dapluriparentalidade ou da “família mosaico”‡‡, que reflete a diversidade dos atuaisarranjos domiciliares”.

    Diante disso, nada mais comum do que deparamo-nos atualmente comaquela grande família com pais, padrastos, madrastas, irmãos bilaterais, unilaterais. E

    ainda vermos a convivência entre tios e sobrinhos, avós e netos se tornando maiscomuns.

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    Apesar de muitos desconhecerem a nomenclatura, muitos brasileiros hoje,

    vivem numa familia-mosaico, formada por vários parentes que não são os pais e osfilhos. Com isso, resta amplamente visível a grande valorização da união nesse tipo defamília, pois apesar de muitas vezes nem todos possuírem o mesmo vinculo

    consanguíneo, esse estereotipo de família é amparado e considerado família paratodos os fins legais, o que prova o grande passo dado na sociedade atual.

    Com isso, cabe analisarmos agora um tipo de família que possui traços muito

    parecidos com a familia pluriparental, entretanto possui características próprias, poresse motivo se tratará no próximo tópico acerca da família parental ou anaparental.

    2.5. Família parental ou anaparental.

    A família parental possui uma caraterística muito semelhante as famílias

    parentais ou anaparentais. Esses diferentes tipos familiares tem em comum acumplicidade e a união que citadas na família parental. Porém, o que se diferencia é

    que: enquanto na família pluriparental nem todos os familiares têm vínculossanguíneos, na família parental ou anaparental obrigatoriamente possui uma formaçãoespecifica, com parentes consanguíneos.

    A renomada doutrinadora Dias ((d) 2013) exemplifica muito bem a famíliaparental quando compartilha a situação de duas irmãs que juntas movem esforçospara a formação do patrimônio, mesmo sem nenhuma conotação sexual ou formação

    de casal para que essa família seja caracterizada, por isso alega que:

    “A convivência sob o mesmo teto durante anos, por

    exemplo, de duas irmãs que conjugam esforços para aformação do acervo patrimonial, constitui uma entidade

    familiar. Ainda que inexista qualquer conotação de ordemsexual, a convivência identifica comunhão de esforços,

    cabendo aplicar, por analogia, as disposições que tratam docasamento e da união estável”. (p. 55)

    2.6. Família eudemonista.

    Já quando se trata da familia eudemonista, acredita-se que todas as famíliasse encaixem nesse perfil, pois o eudemonismo se caracteriza como a busca dafelicidade, objetivo principal do sujeito quando decide formar sua família.

    Por esse motivo, Dias ((d) 2013: 58) define o eudemonismo da seguinteforma:

    “O eudemonismo é a doutrina que enfatiza o sentido

    da busca pelo sujeito de sua felicidade. A absorção do principio

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    eudomonista pelo ordenamento altera o sentido da proteção

     jurídica da família, deslocando da instituição para o sujeito [...]”.

    2.7. Família homoafetiva.

    Uma das famílias mais discriminadas na atualidade não é mais aquelacomposta pela mãe e o filho. Hoje a mãe solteira não sofre tanto preconceito perante asociedade, e essa evolução se deu pelo crescimento profissional da mulher brasileira.

    Quem rouba a cena atual é o casamento. Sim, o casamento. Queantigamente era visto como a única forma de constituir família. Porém, a discriminaçãose dá por conta dos sujeitos os quais hoje têm direito ao matrimônio.

    Em uma pesquisa realizada no primeiro trimestre de 2013 pelo Instituto Data

    Popular, com 1.264 (mil duzentas e sessenta e quatro) pessoas em todo Brasil seconstatou que 37% (trinta e sete por cento) dos brasileiros não aceitariam um filhohomossexual e 38% (trinta e oito por cento) se mostrou contra o casamento civil

    igualitário, discordando que casais homoafetivos possam ter os mesmo direitos decasais tradicionais.

    Destarte, Dias ((f) 2005: 43) defende a sexualidade como direito fundamentalpor ser aquele que acompanha o ser humano desde o nascimento:

    A sexualidade integra a própria condição humana. É

    um direito fundamental que acompanha o ser humano desde oseu nascimento, pois decorre de sua própria natureza. Comodireito do indivíduo, é um direito natural, inalienável e

    imprescritível.

    Dias ((f) 2005: 43) vai além, e alega que a escolha da orientação sexual é

    questão de liberdade:

    O direito à homoafetividade, além de estar amparado

    pelo princípio fundamental da isonomia, cujo corolário é aproibição de discriminações injustas, também se alberga sob o

    teto da liberdade de expressão. Como garantia do exercício daliberdade individual, cabe ser incluído entre os direitos de

    personalidade, precipuamente no que se refere à identidadepessoal e à integridade física e psíquica.

    Dessa forma, deve ser levado em consideração o artigo 5o, caput e inciso I daCRFB, abaixo transcrito:

    Todos são iguais perante a lei, sem distinção dequalquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

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    estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à

    vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais emdireitos e obrigações, nos termos desta Constituição.

    E se todos são iguais, homens e mulheres capazes, podem e devem exercerlivremente seus direitos, por isso é plenamente permitido que casais de quaisquer dossexos se casem e constituam família.

    Dias ((e), s.d.) defende que qualquer discriminação acerca da orientaçãosexual infringe diretamente a CRFB:

    “Já no inciso I do art. 5º – artigo que enfeixa a maioriados direitos assegurados pela Carta Magna –, é consagrado o

    princípio da igualdade: homens e mulheres são iguais emdireitos e obrigações. O inciso IV do art. 2º estabelece como

    objetivo fundamental do Estado a promoção do bem de todossem preconceitos de sexo, ou seja, veda qualquerdiscriminação sexual. [...]

    Qualquer discriminação baseada na orientação sexualevidencia claro desrespeito à dignidade humana, infringindo oprincípio maior consagrado na Constituição Federal”. (p. 5)

    Dias ((e), 2005) não se limita apenas em responsabilizar pessoas comuns.Dessa forma, defende que o Judiciário deve preservar os direitos e o reconhecimento

    de famílias homoafetivas sem levar e consideração o sexo dos sujeitos que compõeessa família:

     

    “Preconceitos de ordem moral não podem levar à

    omissão do Estado. Nem a ausência de leis nem o

    conservadorismo do Judiciário servem de justificativa paranegar direitos aos relacionamentos afetivos que não têm adiferença de sexo como pressuposto”. (p. 47)

    No mesmo sentido, é visível na Declaração Universal dos Direitos Humanos,que qualquer pessoa maior de idade, independente da orientação sexual, tem o direitode contrair matrimônio, conforme se lê no artigo XVI, abaixo transcrito:

    “Artigo XVI. 1. Os homens e mulheres de maior idade,

    sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm

    o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de

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    iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua

    dissolução.

    2. O casamento não será válido senão com o livre e

    pleno consentimento dos nubentes”.

    Porém, por mais que existam meios legais de autorização para o casamentogay, ainda há muito preconceito ehomofobia contra a referida classe, por esse motivo,após observação direta e pesquisa bibliográfica, constata-se que aos homoafetivos

    não basta uma autorização para o casamento civil, eles querem os mesmo direitoscom os mesmos nomes, pois até a CRFB tem papel discriminatório quando em seu

    artigo 226,

    No entendimento da doutrinadora Dias ((d), 2013) apesar da grande

    diferenciação elencada na CRFB, nada diferencia a união entre um homem e umamulher da união homoafetiva:

    “Por absoluto preconceito, a Constituição emprestou,de modo expresso, jurisdicionalidade somente às uniões

    estáveis entre um homem e uma mulher, ainda que nadadiferencie a convivência homossexual da união estávelheterossexual”. (p. 46)

    2.8. Homoparentalidade.

    Outra questão muito polêmica é a homoparentalidade, pois os casais quedecidem assumir uma relação homoafetiva e desejam formar uma família, via de regra,

    adotam crianças para que seja formada a referida familia. E da mesma forma quesofrem preconceito pela coragem de assumir sua condição, ainda são alvo de

    discriminação quando decidem ter filhos.

    Para Dias ((f) 2005), a aceitação da homoparentalidade tem como principal

    motivo o preconceito, pois se acredita que sejam relações promiscuas e prejudiciais

    para a formação familiar. Porém a realidade é oposta, conforme se lê no trecho abaixotranscrito:

    “A enorme resistência em aceitar a homoparentalidade

    decorre da falsa idéia de que são relações promíscuas, nãooferecendo um ambiente saudável para o bomdesenvolvimento de uma criança. Também é alegado que afalta de referências comportamentais pode acarretar sequelas

    de ordem psicológica e dificuldades na identificação sexual dofilho, mas estudos realizados há longo tempo mostram que

    essas crenças são falsas. O acompanhamento de famíliashomoafetivas com prole não registra a presença de dano

    https://jus.com.br/tudo/homofobiahttps://jus.com.br/tudo/homofobia

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    sequer potencial no desenvolvimento, inserção social e sadio

    estabelecimento de vínculos afetivos”. (p. 53)

    Diante do exposto, se deve respeitar toda e qualquer formação familiar

    independente sua composição, por isso, Dias, ((d) 2013: 46) explana que é:

    Necessário é encarar a realidade sem discriminação,pois a homoafetividade não é uma doença nem uma opçãolivre. Assim, descabe estigmatizar a orientação homossexual

    de alguém, já que negar a realidade não soluciona as questõesque emergem quando do rompimento dessas uniões.

    No mesmo sentido, Dias, ((b), s.d.) assegura que:

     “A Justiça não é cega nem surda. Também não podeser muda. Precisa ter os olhos abertos para ver a realidadesocial, os ouvidos atentos para ouvir o clamor dos que por ela

    esperam e coragem para dizer o Direito em consonância com aJustiça”.

    Por conta da celeuma em torno do direito das famílias, abordar-se-á nopróximo e ultimo capítulo acerca das mais recentes decisões e dos atuais dados

    referentes às famílias brasileiras. Constando ainda uma coleta de dados realizada compessoas de diferentes opiniões em relação à família.

    3. O reconhecimento dos novos arranjos familiares.

    De acordo com pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE) em 2.010 (dois mil e dez), somente nos municípios de Recife, SãoPaulo e Rio de Janeiro já existiam 60.000 (sessenta mil) famílias compostas por casais

    homossexuais, e 53,8% (cinquenta e três vírgula oito por cento) dos desses casais sãoformados por mulheres.

    Já no estado do Ceará após pesquisa publicada pelo Instituto de Pesquisa eEstratégia Econômica do Ceará (IPECE), 2.600 (duas mil e seiscentas) famílias

    declararam viver em união homoafetiva.

    De acordo com o censo realizado no ano de 2.010 (dois mil e dez), constatou-

    se que a proporção de solteiros, viúvos e divorciados aumentou em relação ao censorealizado no ano 2.000 (dois mil). Havendo também uma diminuição no número decasados e separados judicialmente, dessa forma em 2.010 (dois mil e dez), o Brasilpossuía 89,6 (oitenta e nove virgula seis) milhões de solteiros, 56 (cinquenta e seis)

    milhões de casados, 8 (oito) milhões de viúvos, 5 (cinco) milhões de divorciados e 2,8

    (dois vírgula oito) milhões de desquitados ou separados judicialmente.

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    3.1. Família em números

    Considerando o crescente número de famílias fora do padrão, constatou-sepor meio de uma pesquisa realizada para fins de opinião acerca dos novos modelos

    familiares um considerável crescimento no que diz respeito da aceitação das famíliasplurais.

    Para isso, foram questionadas pessoas de diferentes orientações sexuais,idades, religiões e graus de instrução nas cidades de Brasília/DF, Manaus/AM e Boa

    Vista/RR e suas opiniões acerca dos novos arranjos familiares, por meio doquestionário para pesquisa.

    A pesquisa ouviu 24 (vinte e quatro) pessoas, as quais 17 (dezessete) delassão homens e 7 (sete) são mulheres. Do total ouvido, 2 (dois) homens e 2 (duas)

    mulheres declararam ser homossexuais.

    100% (cem por cento) dos homossexuais ouvidos, são a favor da família

    homoafetiva, da monoparentalidade, da multiparentalidade e dos demais tipos defamílias plurais.

    Das mulheres heterossexuais ouvidas, todas são a favor do casamentohomoafetivo, da monoparentalidade, apenas duas se manifestaram contra a

    multiparentalidade e uma se mostrou contra as famílias plurais.

    Já em relação aos homens, heterossexuais, o preconceito é mais marcante.Apenas 8 (oito) são a favor do casamento entre homossexuais. 12 (doze) são a favorda monoparentalidade e contra a multiparentalidade e 12 (doze) são favor da família

    plural.

    3.2. O entendimento dos Tribunais Superiores acerca do reconhecimento

    de famílias homoafetivas.

    Diante de tantas alterações nos arranjos familiares, o judiciário não poderia se

    omitir ao reconhecimento dessas famílias. Por esse motivo teve o dever de seposicionar acerca dessas novas formações.

    Dessa forma, os Tribunais Superiores se posicionam a favor dos novosarranjos familiares, conforme se vê na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal

    (STF) abaixo transcrita, que iguala e reconhece a relação entre pessoas do mesmosexo:

    “Ementa: 1. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DEPRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF). PERDA PARCIAL DE

    OBJETO. RECEBIMENTO, NA PARTE REMANESCENTE,COMO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.

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    UNIÃO HOMOAFETIVA E SEU RECONHECIMENTO COMO

    INSTITUTO JURÍDICO. CONVERGÊNCIA DE OBJETOSENTRE AÇÕES DE NATUREZA ABSTRATA. JULGAMENTOCONJUNTO. Encampação dos fundamentos da ADPF nº 132-

    RJ pela ADI nº 4.277-DF, com a finalidade de conferir“interpretação conforme à Constituição” ao art. 1.723 do CódigoCivil. Atendimento das condições da ação. 2. PROIBIÇÃO DE

    DISCRIMINAÇÃO DAS PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO,SEJA NO PLANO DA DICOTOMIA HOMEM/MULHER

    (GÊNERO), SEJA NO PLANO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL DECADA QUAL DELES. A PROIBIÇÃO DO PRECONCEITOCOMO CAPÍTULO DO CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL.HOMENAGEM AO PLURALISMO COMO VALOR SÓCIO-

    POLÍTICO-CULTURAL. LIBERDADE PARA DISPOR DA

    PRÓPRIA SEXUALIDADE, INSERIDA NA CATEGORIA DOSDIREITOS FUNDAMENTAIS DO INDIVÍDUO, EXPRESSÃOQUE É DA AUTONOMIA DE VONTADE. DIREITO À

    INTIMIDADE E À VIDA PRIVADA. CLÁUSULA PÉTREA. Osexo das pessoas, salvo disposição constitucional expressa ou

    implícita em sentido contrário, não se presta como fator dedesigualação jurídica. Proibição de preconceito, à luz do incisoIV do art. 3º da Constituição Federal, por colidir frontalmentecom o objetivo constitucional de “promover o bem de todos”.

    Silêncio normativo da Carta Magna a respeito do concreto usodo sexo dos indivíduos como saque da kelseniana “norma geral

    negativa”, segundo a qual “o que não estiver juridicamenteproibido, ou obrigado, está juridicamente permitido”.

    Reconhecimento do direito à preferência sexual como diretaemanação do princípio da “dignidade da pessoa humana”:direito a auto-estima no mais elevado ponto da consciência doindivíduo. Direito à busca da felicidade. Salto normativo da

    proibição do preconceito para a proclamação do direito àliberdade sexual. O concreto uso da sexualidade faz parte da

    autonomia da vontade das pessoas naturais. Empírico uso dasexualidade nos planos da intimidade e da privacidade

    constitucionalmente tuteladas. Autonomia da vontade. Cláusulapétrea. 3. TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DAINSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA. RECONHECIMENTO DE QUE ACONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO EMPRESTA AO

    SUBSTANTIVO “FAMÍLIA” NENHUM SIGNIFICADOORTODOXO OU DA PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA. A

    FAMÍLIA COMO CATEGORIA SÓCIO-CULTURAL E

    PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO SUBJETIVO DECONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-

    https://jus.com.br/tudo/constitucionalismohttps://jus.com.br/tudo/constitucionalismohttps://jus.com.br/tudo/constitucionalismohttps://jus.com.br/tudo/constitucionalismo

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    REDUCIONISTA. O caput do art. 226 confere à família, base da

    sociedade, especial proteção do Estado. Ênfase constitucionalà instituição da família. Família em seu coloquial ou proverbialsignificado de núcleo doméstico, pouco importando se formal

    ou informalmente constituída, ou se integrada por casaisheteroafetivos ou por pares homoafetivos. A Constituição de1988, ao utilizar-se da expressão “família”, não limita sua

    formação a casais heteroafetivos nem a formalidade cartorária,celebração civil ou liturgia religiosa. Família como instituição

    privada que, voluntariamente constituída entre pessoas adultas,mantém com o Estado e a sociedade civil uma necessáriarelação tricotômica. Núcleo familiar que é o principal lócusinstitucional de concreção dos direitos fundamentais que a

    própria Constituição designa por “intimidade e vida privada”

    (inciso X do art. 5º). Isonomia entre casais heteroafetivos epares homoafetivos que somente ganha plenitude de sentido sedesembocar no igual direito subjetivo à formação de uma

    autonomizada família. Família como figura central oucontinente, de que tudo o mais é conteúdo. Imperiosidade da

    interpretação não-reducionista do conceito de família comoinstituição que também se forma por vias distintas docasamento civil. Avanço da Constituição Federal de 1988 noplano dos costumes. Caminhada na direção do pluralismo

    como categoria sócio-político-cultural. Competência doSupremo Tribunal Federal para manter, interpretativamente, o

    Texto Magno na posse do seu fundamental atributo dacoerência, o que passa pela eliminação de preconceito quanto

    à orientação sexual das pessoas. 4. UNIÃO ESTÁVEL.NORMAÇÃO CONSTITUCIONAL REFERIDA A HOMEM EMULHER, MAS APENAS PARA ESPECIAL PROTEÇÃODESTA ÚLTIMA. FOCADO PROPÓSITO CONSTITUCIONAL

    DE ESTABELECER RELAÇÕES JURÍDICAS HORIZONTAISOU SEM HIERARQUIA ENTRE AS DUAS TIPOLOGIAS DO

    GÊNERO HUMANO. IDENTIDADE CONSTITUCIONAL DOSCONCEITOS DE “ENTIDADE FAMILIAR” E “FAMÍLIA”. A

    referência constitucional à dualidade básica homem/mulher, no§3º do seu art. 226, deve-se ao centrado intuito de não seperder a menor oportunidade para favorecer relações jurídicashorizontais ou sem hierarquia no âmbito

    dassociedades domésticas. Reforço normativo a um maiseficiente combate à renitência patriarcal dos costumes

    brasileiros. Impossibilidade de uso da letra da Constituição para

    ressuscitar o art. 175 da Carta de 1967/1969. Não há comofazer rolar a cabeça do art. 226 no patíbulo do seu parágrafo

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    terceiro. Dispositivo que, ao utilizar da terminologia “entidade

    familiar”, não pretendeu diferenciá-la da “família”. Inexistênciade hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as duasformas de constituição de um novo e autonomizado núcleo

    doméstico. Emprego do fraseado “entidade familiar” comosinônimo perfeito de família. A Constituição não interdita aformação de família por pessoas do mesmo sexo. Consagração

    do juízo de que não se proíbe nada a ninguém senão em facede um direito ou de proteção de um legítimo interesse de

    outrem, ou de toda a sociedade, o que não se dá na hipótesesub judice. Inexistência do direito dos indivíduos heteroafetivosà sua não-equiparação jurídica com os indivíduoshomoafetivos. Aplicabilidade do §2º do art. 5º da Constituição

    Federal, a evidenciar que outros direitos e garantias, não

    expressamente listados na Constituição, emergem “do regime edos princípios por ela adotados”, verbis: “Os direitos e garantiasexpressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes

    do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratadosinternacionais em que a República Federativa do Brasil seja

    parte”. 5. DIVERGÊNCIAS LATERAIS QUANTO ÀFUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO. Anotação de que osMinistros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e CezarPeluso convergiram no particular entendimento da

    impossibilidade de ortodoxo enquadramento dauniãohomoafetiva nas espécies de família constitucionalmente

    estabelecidas. Sem embargo, reconheceram a união entreparceiros do mesmo sexo como uma nova forma de entidade

    familiar. Matéria aberta à conformação legislativa, sem prejuízodo reconhecimento da imediata auto-aplicabilidade daConstituição. 6. INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DOCÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO

    FEDERAL (TÉCNICA DA “INTERPRETAÇÃO CONFORME”).RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO

    FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA DAS AÇÕES. Ante a possibilidadede interpretação em sentido preconceituoso ou discriminatório

    do art. 1.723 do Código Civil, não resolúvel à luz dele próprio,faz-se necessária a utilização da técnica de “interpretaçãoconforme à Constituição”. Isso para excluir do dispositivo emcausa qualquer significado que impeça o reconhecimento da

    união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmosexo como família. Reconhecimento que é de ser feito segundo

    as mesmas regras e com as mesmas consequências da união

    estável heteroafetiva”.(ADPF 132, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno,

    https://jus.com.br/tudo/uniao-homoafetivahttps://jus.com.br/tudo/uniao-homoafetivahttps://jus.com.br/tudo/uniao-homoafetivahttps://jus.com.br/tudo/uniao-homoafetiva

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     julgado em 05/05/2011, DJe-198 DIVULG 13-10-2011 PUBLIC

    14-10-2011 EMENT VOL-02607-01 PP-00001).

    No mesmo sentido o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ratifica o

    reconhecimento das famílias homoafetivas, igualando-as as famílias tradicionais:

    “CIVIL. RELAÇÃO HOMOSSEXUAL. UNIÃOESTÁVEL. RECONHECIMENTO. EMPREGO DA ANALOGIA.

    1. "A regra do art. 226, § 3º da Constituição, que serefere ao reconhecimento da união estável entre homem emulher, representou a superação da distinção que se fazia

    anteriormente entre o casamento e as relações decompanheirismo. Trata-se de norma inclusiva, de inspiração

    anti-discriminatória, que não deve ser interpretada como normaexcludente e discriminatória, voltada a impedir a aplicação do

    regime da união estável às relações homoafetivas".

    2. É juridicamente possível pedido de reconhecimento

    de união estável de casal homossexual, uma vez que não há,no ordenamento jurídico brasileiro, vedação explícita aoajuizamento de demanda com tal propósito. Competência do

     juízo da vara de família para julgar o pedido.

    3. Os arts. 4º e 5º da Lei de Introdução do Código Civilautorizam o julgador a reconhecer a união estável entre

    pessoas de mesmo sexo.

    4. A extensão, aos relacionamentos homoafetivos, dos

    efeitos jurídicos do regime de união estável aplicável aos casaisheterossexuais traduz a corporificação dos princípios

    constitucionais da igualdade e da dignidade da pessoahumana.

    5. A Lei Maria da Penha atribuiu às uniõeshomoafetivas o caráter de entidade familiar, ao prever, no seuartigo 5º, parágrafo único, que as relações pessoaismencionadas naquele dispositivo independem de orientação

    sexual.

    6.Recurso especial desprovido.”

    (REsp 827.962/RS, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE

    NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe08/08/2011).

    https://jus.com.br/tudo/recurso-especialhttps://jus.com.br/tudo/recurso-especial

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    Do mesmo modo, o STJ evoluiu seu entendimento, reconhecendo outros

    arranjos familiares, porém enfatizando a igualdade entre os sexos e a liberdade decasamento entre homossexuais:

    “DIREITO DE FAMÍLIA. CASAMENTO CIVIL ENTREPESSOAS DO MESMO SEXO (HOMOAFETIVO).INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 1.514, 1.521, 1.523, 1.535 e1.565 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. INEXISTÊNCIA DE

    VEDAÇÃO EXPRESSA A QUE SE HABILITEM PARA OCASAMENTO PESSOAS DO MESMO SEXO. VEDAÇÃO

    IMPLÍCITA CONSTITUCIONALMENTE INACEITÁVEL.ORIENTAÇÃO PRINCIPIOLÓGICA CONFERIDA PELO STF

    NO JULGAMENTO DA ADPF N. 132/RJ E DA ADI N. 4.277/DF.

    1. Embora criado pela Constituição Federal comoguardião do direito infraconstitucional, no estado atual em quese encontra a evolução do direito privado, vigorante a fasehistórica da constitucionalização do direito civil, não é possívelao STJ analisar as celeumas que lhe aportam "de costas" para

    a Constituição Federal, sob pena de ser entregue ao jurisdicionado um direito desatualizado e sem lastro na Lei

    Maior. Vale dizer, o Superior Tribunal de Justiça, cumprindo suamissão de uniformizar o direito infraconstitucional, não pode

    conferir à lei uma interpretação que não sejaconstitucionalmente aceita.

    2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento conjunto

    da ADPF n.132/RJ e da ADI n. 4.277/DF, conferiu ao art. 1.723do Código Civil de 2002 interpretação conforme à Constituiçãopara dele excluir todo significado que impeça o reconhecimento

    da união contínua, pública e duradoura entre pessoas domesmo sexo como entidade familiar, entendida esta como

    sinônimo perfeito de família.

    3. Inaugura-se com a Constituição Federal de 1988

    uma nova fase do direito de família e, consequentemente, docasamento, baseada na adoção de um explícito poliformismofamiliar em que arranjos multifacetados são igualmente aptos aconstituir esse núcleo doméstico chamado "família", recebendo

    todos eles a "especial proteção do Estado". Assim, é bem dever que, em 1988, não houve uma recepção constitucional do

    conceito histórico de casamento, sempre considerado como viaúnica para a constituição de família e, por vezes, um ambiente

    de subversão dos ora consagrados princípios da igualdade e

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    da dignidade da pessoa humana. Agora, a concepção

    constitucional do casamento - diferentemente do que ocorriacom os diplomas superados - deve ser necessariamente plural,porque plurais também são as famílias e, ademais, não é ele, o

    casamento, o destinatário final da proteção do Estado, masapenas o intermediário de um propósito maior, que é a proteçãoda pessoa humana em sua inalienável dignidade.

    4. O pluralismo familiar engendrado pela Constituição -explicitamente reconhecido em precedentes tanto desta Corte

    quanto do STF - impede se pretenda afirmar que as famíliasformadas por pares homoafetivos sejam menos dignas de

    proteção do Estado, se comparadas com aquelas apoiadas natradição e formadas por casais heteroafetivos.

    5. O que importa agora, sob a égide da Carta de 1988,é que essas famílias multiformes recebam efetivamente a"especial proteção do Estado", e é tão somente em razãodesse desígnio de especial proteção que a lei deve facilitar a

    conversão da união estável em casamento, ciente o constituinteque, pelo casamento, o Estado melhor protege esse núcleo

    doméstico chamado família.

    6. Com efeito, se é verdade que o casamento civil é a

    forma pela qual o Estado melhor protege a família, e sendomúltiplos os "arranjos" familiares reconhecidos pela CartaMagna, não há de ser negada essa via a nenhuma família que

    por ela optar, independentemente de orientação sexual dospartícipes, uma vez que as famílias constituídas por pareshomoafetivos possuem os mesmos núcleos axiológicos

    daquelas constituídas por casais heteroafetivos, quais sejam, adignidade das pessoas de seus membros e o afeto.

    7. A igualdade e o tratamento isonômico supõem odireito a ser diferente, o direito à auto-afirmação e a um projeto

    de vida independente de tradições e ortodoxias. Em umapalavra: o direito à igualdade somente se realiza com plenitudese é garantido o direito à diferença. Conclusão diversa tambémnão se mostra consentânea com um ordenamento

    constitucional que prevê o princípio do livre planejamentofamiliar (§ 7º do art. 226). E é importante ressaltar, nesse

    ponto, que o planejamento familiar se faz presente tão logohaja a decisão de duas pessoas em se unir, com escopo de

    constituir família, e desde esse momento a Constituição lhes

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    franqueia ampla liberdade de escolha pela forma em que se

    dará a união.

    8. Os arts. 1.514, 1.521, 1.523, 1.535 e 1.565, todos

    do Código Civil de 2002, não vedam expressamente ocasamento entre pessoas do mesmo sexo, e não há como seenxergar uma vedação implícita aocasamentohomoafetivo sem afronta a caros princípios constitucionais,

    como o da igualdade, o da não discriminação, o da dignidadeda pessoa humana e os do pluralismo e livre planejamento

    familiar.

    9. Não obstante a omissão legislativa sobre o tema, a

    maioria, mediante seus representantes eleitos, não poderia

    mesmo "democraticamente" decretar a perda de direitos civisda minoria pela qual eventualmente nutre alguma aversão.Nesse cenário, em regra é o Poder Judiciário - e não oLegislativo - que exerce um papel contramajoritário e protetivode especialíssima importância, exatamente por não ser

    compromissado com as maiorias votantes, mas apenas com alei e com a Constituição, sempre em vista a proteção dos

    direitos humanos fundamentais, sejam eles das minorias,sejam das maiorias. Dessa forma, ao contrário do que pensam

    os críticos, a democracia se fortalece, porquanto esta sereafirma como forma de governo, não das maiorias ocasionais,mas de todos.

    10. Enquanto o Congresso Nacional, no casobrasileiro, não assume, explicitamente, sua coparticipaçãonesseprocesso constitucional de defesa e proteção dos

    socialmente vulneráveis, não pode o Poder Judiciário demitir-sedesse mister, sob pena de aceitação tácita de um Estado que

    somente é "democrático" formalmente, sem que tal predicativo

    resista a uma mínima investigação acerca da universalizaçãodos direitos civis.

    11. Recurso especial provido.”

    (REsp 1183378/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPESALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 25/10/2011, DJe01/02/2012).

    https://jus.com.br/tudo/casamento-homoafetivohttps://jus.com.br/tudo/casamento-homoafetivohttps://jus.com.br/tudo/processohttps://jus.com.br/tudo/casamento-homoafetivohttps://jus.com.br/tudo/casamento-homoafetivohttps://jus.com.br/tudo/processo

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    Baseando-se nas jurisprudências dos Tribunais Superiores, as câmaras cíveis

    dos Tribunais de Justiça pelo Brasil também optaram pela analogia de igualar asuniões homoafetivas às heterossexuais:

    “AÇÃO ORDINÁRIA - UNIÃO HOMOAFETIVA -ANALOGIA COM A UNIÃO ESTÁVEL PROTEGIDA PELACONSTITUIÇÃO FEDERAL - PRINCÍPIO DA IGUALDADE(NÃO-DISCRIMINAÇÃO) E DA DIGNIDADE DA PESSOA

    HUMANA - RECONHECIMENTO DA RELAÇÃO DEDEPENDÊNCIA DE UM PARCEIRO EM RELAÇÃO AO

    OUTRO, PARA TODOS OS FINS DE DIREITO - REQUISITOSPREENCHIDOS - PEDIDO PROCEDENTE. - À união

    homoafetiva, que preenche os requisitos da união estável entrecasais heterossexuais, deve ser conferido o caráter de entidade

    familiar, impondo-se reconhecer os direitos decorrentes dessevínculo, sob pena de ofensa aos princípios da igualdade e da

    dignidade da pessoa humana. - O art. 226, da ConstituiçãoFederal não pode ser analisado isoladamente, restritivamente,

    devendo observar-se os princípios constitucionais da igualdadee da dignidade da pessoa humana. Referido dispositivo, ao

    declarar a proteção do Estado à união estável entre o homem ea mulher, não pretendeu excluir dessa proteção a uniãohomoafetiva, até porque, à época em que entrou em vigor a

    atual Carta Política, há quase 20 anos, não teve o legisladoressa preocupação, o que cede espaço para a aplicaçãoanalógica da norma a situações atuais, antes não pensadas. -

    A lacuna existente na legislação não pode servir comoobstáculo para o reconhecimento de um direito”. APELAÇÃO

    CÍVEL / REEXAME NECESSÁRIO N° 1.0024.06.930324-6/001- COMARCA DE BELO HORIZONTE - REMETENTE: JD 1 VFAZ COMARCA BELO HORIZONTE - APELANTE(S): ESTADOMINAS GERAIS - APELADO(A)(S): M C S A E OUTRO(A)(S) -

    RELATORA: EXMª. SRª. DESª. HELOISA COMBAT.

    3.3. O casamento civil entre homossexuais

    Diante o alto número de demandas perante os Tribunais de Justiça e osTribunais Superiores, a situação foi parcialmente solucionada.

     O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um órgão que visa aprimorar oserviço do Poder Judiciário no Brasil, promover programas e campanhas para que

    esse aprimoramento seja alcançado, sempre em buscou do bem da coletividade.

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    Por esse motivo, foi votado o Ato Normativo de número 0002626-

    65.2013.2.00.0000, na 169ª Sessão Ordinária, realizada em 14 de maio de 2.013, quedispõe sobre a habilitação, celebração de casamento civil, ou de conversão de uniãoestável em casamento, entre pessoas de mesmo sexo. Por meio dessa resolução

    decidiu-se que seria vedado aos cartórios brasileiros à recusa do casamento civil entrehomossexuais.

    Apesar de a Resolução ter entrado em vigor um dia após sua votação, gerou-

    se muita polêmica acerca do tema. Partidos políticos cristãos impetraram mandado desegurança, alegando inconstitucionalidade decisão. Além disso, defendem tal tema

    como uma afronta ao modelo de família brasileira.

    Porém, por mais que haja autorização do CNJ, ainda há muito preconceito e

    homofobia contra a referida classe, por esse motivo, após observação direta e

    pesquisa bibliográfica, constata-se que aos homoafetivos não basta uma autorizaçãopara o casamento civil, eles querem os mesmo direitos com os mesmos nomes, poisaté a CRFB tem papel discriminatório quando em seu artigo 226, § 3º refere-se quesomente é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e amulher, deixando de fora gays, lésbicas, travestis e transexuais. Por esse motivo está

    em fase de coleta de assinatura desde o dia 19 de junho de 2013 uma proposta deemenda constitucional (PEC) para alteração do texto constitucional.

    A prova do ainda constante preconceito foi conhecida em forma de pesquisarealizada no primeiro trimestre de 2013 pelo Instituto Data Popular, que ouviu 1.264

    (mil duzentos e sessenta e quatro) pessoas em todo Brasil e constatou que 37% (trintae sete por cento) dos brasileiros não aceitariam um filho homossexual e 38% semostrou contra o casamento civil igualitário, discordando que casais homoafetivos

    possam ter os mesmo direitos de casais tradicionais.

    Logo, é inegável que exista uma grande luta em busca do tratamentoigualitário em pleno o século XXI por parte dos homossexuais e que a discriminação

    em um país liberal como o Brasil ainda é o motivo para tanta desigualdade. Porém énecessário que a população entenda e conheça a realidade das famílias homoafetivas

    e definitivamente que casamento civil é diferente de casamento religioso.

    Por esse motivo, é necessário que se entenda que a família homoafetiva,

    assim como outras espécies de família plural necessitam apenas da socioafetividadepara que sejam consideradas famílias. Conforme se lê nas palavras Poli (2013: 183):

    “A união homoafetiva, por exemplo, é união familiarque, embora não tenha origem na lei, tem sua força jurídica no

    fato social. Não se prepõe uma interpretação extensiva da lei,mas que seja reconhecido que as famílias não tipificadas

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    tenham normatividade, enquanto originárias de fato social já

    consolidado”.

    Conclusão

    Quando o assunto é família, há quem diga que todas são iguais, só mudamde endereço. Porém, agora se sabe que nem todas as famílias são iguais.

    A doutrina brasileira estabelece um extenso rol de famílias. Porém, oordenamento jurídico pátrio começou a se posicionar de forma mais justa para com asfamílias somente a partir do advento da CRFB. E esse posicionamento ainda vem sedando de forma lenta. A justiça brasileira engatinha quando o assunto diz respeito à

    família.

    A CRFB de 1988 classificou como cláusula pétrea a igualdade entre aspessoas. Porém, nem sempre essa igualdade em relação à família foi respeitadaperante a justiça.

    Somente com as pesquisas realizadas pelo IBGE, a justiça teve a capacidadede aceitar a evolução da sociedade.

    A prova disso foi que há poucos anos ainda havia juízes não reconhecendo asituação da união homoafetiva e até mesmo a questão da união estável entre

    heterossexuais.

    Há pouco tempo o casamento era a regra. E quem não seguisse essa regra

    deveria arcar com as consequências.

    Com isso, é inegável que a justiça brasileira tenha, por muitos anos, fechadoos olhos para a realidade da população. Porém, desconhecendo talvez que grandeparte da sociedade vivia nessas condições, a justiça precisou agir e em passos lentos

    evolui na questão de reconhecimento das famílias.

    Com base nisso, a pesquisa de campo do presente trabalho monográfico

    constatou que ainda é visível o preconceito quando o modelo tradicional de família éesquecido. Muitos ainda são contra o casamento homoafetivo e as famílias mosaicos,

    olvidando a população que se deve levar em consideração a relação de amor entre osentes familiares.

    A influência da remota ideia do conceito arcaico de família gera nas pessoasum conceito errado das novas formações familiares.

    O posicionamento do clero em relação à família ainda prepondera perante a

    população. Porém, os homossexuais, os sujeitos que compõe as famílias plurais

    https://jus.com.br/tudo/contra-o-casamento-homoafetivohttps://jus.com.br/tudo/contra-o-casamento-homoafetivohttps://jus.com.br/tudo/contra-o-casamento-homoafetivo

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    pagam impostos e são iguais aos componentes das famílias tradicionais, o que faz

    deles cidadãos com os mesmo direitos independente de qualquer diferença.

    O Judiciário brasileiro deve pautar suas decisões na igualdade, sem

    discriminar brancos, negros, índios, mães solteiras, pais homossexuais, paissocioafetivos e etc., para que haja a valorização da família e literalmente uma visívelevolução no conceito de família. É necessário que se entenda a importância da família.Fechar os olhos para o preconceito e abri-los para a evolução do direito de família.

    Devem-se levar em consideração as vantagens de crianças órfãs queaguardam por pais adotivos ou o sentimento daquela mãe que foi deixada por seu

    companheiro e quer que seu filho tenha uma figura paterna presente na vida, deve-seconsiderar a socioafetividade que alimenta as relações familiares e o sentimento

    existente entre os membros dessas novas famílias como base para a formação

    familiar.

    É sabido que ainda há muito que progredir. Deixar de lado o preconceito. Eencarar a realidade de frente, reconhecendo o direito das famílias plurais.

    Quando o assunto é família, não se pode levar em consideração o obvio,somente o que está no papel, deve se ter o mínimo de coerência por se tratar depessoas envolvidas por um laço de afeto, pois a família atual não precisa ter o mesmosobrenome ou o mesmo sangue.

    A família deve ser vista como um elo, independente se composta somentepelo casal, ou pelos pais com seus filhos, ou por filhos do primeiro e do segundo

    casamento, madrastas e padrastos, homossexuais ou heterossexuais. Dessa forma, afamília do século XXI deve ser valorizada tanto quanto a família era valorizada

    antigamente.

    Diante disso, deve se levar em consideração que família não é somente

    aquela envolvida por laços sanguíneos. Além do sangue, há o amor que envolve aspessoas por conta da convivência. Amor que deve ser reconhecido nas relações

     jurídicas, especialmente no que diz respeito às uniões com pessoas do mesmo sexo eao reconhecimento de filhos com vínculo socioafetivo, para que haja então, uma visível

    valorização do novo direito de família no direito brasileiro e que outras formas defamília, ainda desconhecidas, possam ser consideradas válidas para o

    desenvolvimento tanto da comunidade jurídica quanto da população brasileira, com aaceitação desses novos arranjos.

    Referências Bibliográficas

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    características sócio-demográficas / José Eustáquio Diniz Alves, Suzana MartaCavenaghi, Luiz Felipe Walter Barros. - Rio de Janeiro : IBGE. Escola Nacional de

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    Estatísticas,_2010._Disponível_em:_http://www.lep.ibge.gov.br/ence/publicacoes/textos_para_discussao/textos/texto_30.pdf. Acesso em 20 de novembro de 2013.

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    Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das NaçõesUnidas em 10 de dezembro de 1948. Disponívelem:http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm. Acesso em02 de dezembro de 2013.

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    BRASIL. Superior Tribunal De Justiça. REsp 827.962/RS, Rel. Ministro JOÃO

    OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe 08/08/2011).

    http://www.lep.ibge.gov.br/ence/publicacoes/textos_para_discussao/textos/texto_30.pdfhttp://www.lep.ibge.gov.br/ence/publicacoes/textos_para_discussao/textos/texto_30.pdfhttp://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2012/06/13/orientacoes-dos-papas-aos-casais-de-segunda-uniao/http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2012/06/13/orientacoes-dos-papas-aos-casais-de-segunda-uniao/https://jus.com.br/tudo/direitos-humanoshttps://jus.com.br/tudo/direitos-humanoshttp://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htmhttp://www.lep.ibge.gov.br/ence/publicacoes/textos_para_discussao/textos/texto_30.pdfhttp://www.lep.ibge.gov.br/ence/publicacoes/textos_para_discussao/textos/texto_30.pdfhttp://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2012/06/13/orientacoes-dos-papas-aos-casais-de-segunda-uniao/http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2012/06/13/orientacoes-dos-papas-aos-casais-de-segunda-uniao/https://jus.com.br/tudo/direitos-humanoshttp://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm

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    Dias, - 9 ed. rev., atual e ampl. De acordo com a Lei 12.344/2010 (regime obrigatóriode bens): Lei 12.398/2011 (direito de visita dos avós). – São Paulo: Editora Revista dos

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    PAPA Francisco. Se uma pessoa é gay e procura Deus, quem sou eu para

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    em: http://oglobo.globo.com/rio/se-pessoa-gay-procura-deus-tem-boa-vontade-quem-sou-eu-para-julga-la-disse-papa-francisco-9255712. Acesso em 02 de dezembro de2013.

    VIDA com dois pais e duas mães. Disponívelem: http://oglobo.globo.com/economia/vida-com-dois-pais-duas-maes-5902254.Acesso em 02 de dezembro de 2013.

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