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Os Dispositivos Existenciais do Consumismo O texto aborda a questão do consumismo como recurso necessário para a manutenção saudável do organismo e da própria existência do ser versus o consumismo indiscriminado e compulsório sustentado pela publicidade das grandes marcas. O autor apresenta o conceito de Homo Consumens, ser que substituiu o Homo Sapiens, e o caracteriza “pela tendência de visar consumir avidamente os bens materiais disponíveis no sistema mercadológico vigente, seguindo de forma irrefletida as disposições coletivas da massa social” . Ou seja, conforme a publicidade promete felicidade através de seus produtos, o Homo Consumens quer se provar superior aos que o cercam por possuir tais produtos, pois segundo a “sociedade do consumo”, é mais feliz quem consome mais e que o valor do ser como pessoa está diretamente ligado a sua capacidade de consumir. Com a ausência do valor humano, o Homo Cosumens busca preencher seu vazio existencial, fonte de suas ansiedades e depressões, com bens materiais. O ato de comprar seria uma forma de compensar a falta do sentimento de realização pessoal e desviar a atenção dos problemas cotidianos que fazem parte da vida prática do indivíduo. O consumidor compulsivo fica cada vez mais depende de ter esses momento de euforia pós-compras como forma de suprir sua necessidade de obter auto-realização pessoal. O materialismo moderno traz o ato de consumir atrelado a ideia de felicidade. A felicidade então vem através da emoção de olhar vitrines, entrar e sair de lojas com mais e mais sacolas e adquirir tudo que lhe for possível, a vista ou a prazo. E para manter tal nível de “felicidade”, que só é obtida então através do aquisição de bens materiais, o indivíduo passa a trabalhar e produzir de forma voraz visando somente a obtenção de mais bens, através dos quais ele projeta sua fonte de felicidade. Questiona-se se o homem consome para viver ou vive para consumir. É esperado que aquele que consome segundo os mandamentos publicitários, que pregam imagens de pessoas bem sucedidas e felizes, também seja assim. Porém quando essa expectativa não se torna realidade, ele se enche de frustração por não saber lidar com a sua própria infelicidade e por não conseguir ter o prazer existencial que deveria ter com o consumo daqueles

Os Dispositivos Existenciais Do Consumismo

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Os Dispositivos Existenciais do Consumismo

O texto aborda a questo do consumismo como recurso necessrio para a manuteno saudvel do organismo e da prpria existncia do ser versus o consumismo indiscriminado e compulsrio sustentado pela publicidade das grandes marcas.

O autor apresenta o conceito de Homo Consumens, ser que substituiu o Homo Sapiens, e o caracteriza pela tendncia de visar consumir avidamente os bens materiais disponveis no sistema mercadolgico vigente, seguindo de forma irrefletida as disposies coletivas da massa social. Ou seja, conforme a publicidade promete felicidade atravs de seus produtos, o Homo Consumens quer se provar superior aos que o cercam por possuir tais produtos, pois segundo a sociedade do consumo, mais feliz quem consome mais e que o valor do ser como pessoa est diretamente ligado a sua capacidade de consumir.

Com a ausncia do valor humano, o Homo Cosumens busca preencher seu vazio existencial, fonte de suas ansiedades e depresses, com bens materiais. O ato de comprar seria uma forma de compensar a falta do sentimento de realizao pessoal e desviar a ateno dos problemas cotidianos que fazem parte da vida prtica do indivduo. O consumidor compulsivo fica cada vez mais depende de ter esses momento de euforia ps-compras como forma de suprir sua necessidade de obter auto-realizao pessoal.

O materialismo moderno traz o ato de consumir atrelado a ideia de felicidade. A felicidade ento vem atravs da emoo de olhar vitrines, entrar e sair de lojas com mais e mais sacolas e adquirir tudo que lhe for possvel, a vista ou a prazo. E para manter tal nvel de felicidade, que s obtida ento atravs do aquisio de bens materiais, o indivduo passa a trabalhar e produzir de forma voraz visando somente a obteno de mais bens, atravs dos quais ele projeta sua fonte de felicidade. Questiona-se se o homem consome para viver ou vive para consumir.

esperado que aquele que consome segundo os mandamentos publicitrios, que pregam imagens de pessoas bem sucedidas e felizes, tambm seja assim. Porm quando essa expectativa no se torna realidade, ele se enche de frustrao por no saber lidar com a sua prpria infelicidade e por no conseguir ter o prazer existencial que deveria ter com o consumo daqueles bens. Segundo Valquria Padilha, o consumismo acaba por ter o mesmo efeito que um remdio anestsico cujo alvio para a dor por tempo limitado, alm de no atacar a causa do problema diretamente. Ou seja, por ser incapaz de se encontrar ou at mesmo de buscar felicidade, satisfao e auto-realizao pessoal fora do mundo materialista, o homem usa desse mesmo mundo como uma soluo momentnea para suas dores e infelicidades.

Na sociedade consumista foram criados critrios morais que consistem na obrigao inerente do individuo demonstrar que plenamente capaz de consumir. Mesmo que no seja para suprir uma necessidade bsica, tido como algo indispensvel para a manuteno da vida, como se fosse uma necessidade vital. E essa busca incessvel no tem como objetivo acumular bens, mas sim descart-los para adquirir novos bens em seguida. O Homo Consumens caracteriza-se tambm pela alta rotatividade de bens como medidor de seu sucesso. Contudo, torna-se cada vez mais ntido que esse ciclo torna-se vicioso e nunca traz, de fato, felicidade e realizao para o ser.

Elice Moraes