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REFLETINDO E CAMINHANDO OS DOZE PASSOS – UM PROGRAMA ESPIRITUAL Introdução – Os nossos depoimentos nas reuniões, são como uma bicicleta. A bicicleta tem pneu dianteiro e o traseiro, e os dois tem de estar cheios para a bicicleta andar, e ainda temos que tocar o pedal. Os nossos depoimentos – escreve Bill W. no Capitulo 5 do Livro Alcoólicos Anônimos revelam como éramos, o que aconteceu, e como somos agora. Se contarmos somente como éramos ( a história de nossa bebedeira) e não contarmos como estamos agora ( COMO ESTAMOS VIVÊNCIANDO OS 12 PASSOS) o depoimento tem o pneu traseiro cheio mas o dianteiro está vazio. A bicicleta não anda. Meu depoimento não ajuda nem a mim nem ao grupo tanto quanto devia. Uns companheiros falam de como são agora, dizendo: “Está tudo bem! Tudo legal!. Isto não é o suficiente para encher o pneu dianteiro. Bill W. nos convida para falarmos de nossa vivência dos 12 Passos hoje!. Pedimos ao Poder Superior que em nossas trocas de experiências sobre ESCIMNTO ECRESPIRITUAL CENTRO DO PROGRAMA DE A.A. nos dê mais interesse e mais confiança de 1

OS DOZE PASSOS – UM PROGRAMA ESPIRITUAL · Web viewPodemos comparar os quarenta minutos de inspiração durante os quais estes Passes foram dados ao co-fundador de A.A. com o tempo

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REFLETINDO E CAMINHANDO

OS DOZE PASSOS – UM PROGRAMA ESPIRITUAL

Introdução – Os nossos depoimentos nas reuniões, são como uma bicicleta. A bicicleta tem pneu dianteiro e o traseiro, e os dois tem de estar cheios para a bicicleta andar, e ainda temos que tocar o pedal.

Os nossos depoimentos – escreve Bill W. no Capitulo 5 do Livro Alcoólicos Anônimos revelam como éramos, o que aconteceu, e como somos agora.

Se contarmos somente como éramos ( a história de nossa bebedeira) e não contarmos como estamos agora ( COMO ESTAMOS VIVÊNCIANDO OS 12 PASSOS) o depoimento tem o pneu traseiro cheio mas o dianteiro está vazio. A bicicleta não anda. Meu depoimento não ajuda nem a mim nem ao grupo tanto quanto devia.

Uns companheiros falam de como são agora, dizendo: “Está tudo bem! Tudo legal!. Isto não é o suficiente para encher o pneu dianteiro. Bill W. nos convida para falarmos de nossa vivência dos 12 Passos hoje!.

Pedimos ao Poder Superior que em nossas trocas de experiências sobre ESCIMNTO ECRESPIRITUAL CENTRO DO PROGRAMA DE A.A. nos dê mais interesse e mais confiança de conhecermos e praticarmos os 12 Passos. No Capítulo 5 do Livro Alcoólicos Anônimos Bill diz ainda: “Pensamos poder encontrar maneira mais fácil – do que os 12 Passos. Porém, não podemos”.

A.A. UM PROGRAMA ESPIRITUAL:

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O meu alcoolismo é doença incurável, mas espero ir me recuperando das atitudes doentias do mesmo até o fim da minha vida. Não bata “Botar a Rolha na Garrafa”: a minha recuperação progressiva exige a prática dos 12 Passos – a fim de vivê-los todos os dias.

Porque é que uns alcoólatras não conseguem parar de beber, mesmo assistindo algumas reuniões de A.A.?. Provavelmente não conheceram nem um dos 12 Passos.

Porque é que outros freqüentam A.A. por algum tempo, mas recaem?. Garanto que não estavam estudando e PRATICANDO OS PASSOS.

Sem os Passos continuamos “Bêbado Secos”: tão bravos, tão auto- suficiente, tão isolado dos outros, tão cheios de auto-piedade, como quando bebíamos. Sem os Passos, qualquer raiva ou frustração pode provocar uma recaída.

A próxima vez que um companheiro recair, pergunte-o: QUAL DOS DOZE PASSOS ESTAVA PRATICANDO NO DIA QUE RECAIU!!!.

BÊBADOS SECOS:Por que é que os membros de nossa família podem queixar-se que era mais fácil conviver conosco quando estávamos bebendo?. Esforçando-nos para não tomar o Primeiro Gole, vivemos bravos, intolerantes e intoleráveis, esquisitos, “Bêbados Secos”: por quê? . O motivo é claro: hoje não estou rogando humildemente que Deus me livre de minhas imperfeições : (7º Passo); não estou admitindo prontamente quando estou errado : ( 10º PASSO); não estou procurando melhorar meu contato consciente com Deu: (11º PASSO) ; não estou praticando os princípios de A.A. em todas as minhas atividades: (12º PASSO).

SOMOS DOENTES EMOCIONAIS:

Mais uma pergunta: POR QUE É QUE TANTAS BRIGAS ACONTECE NA VIDA.?: A resposta é óbvia: sendo alcoólatras, todos nós somos DOENTES EMOCIONAIS! Se eu conheço bem os Passos, e não estou tentando praticá-los, em vez de fazer o meu próprio inventário (como sugere o 4º e o 10º Passos) vivo fazendo o inventário dos outros! Se não estou admitindo a natureza exata de minhas falhas e que Deus remova os meus defeitos de caráter (6º Passo), então continuo naquela atitude alcoólica de culpar todos os outros e negar os meus erros.

Se não estou praticando os 12 Passos vivo criticando as pessoas que tem opinião diferente da minha. Faço, e sou capaz, como Bêbado Seco, de insultar qualquer pessoa.

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Sem os Passos, posso destruir a UNIDADE de A.A., que é a 1ª e realmente única Tradição de nossa Irmandade.

Digo mais ainda: discussões sobre as Tradições podem ser ofensivas e divisívas, SE OS MEMBROS NÃO ESTÃO TENTANDO PRATICAR OS 12 PASSOS, porque sem os Passos, nós alcoólatras continuamos sendo inseguros,rígidos, inflexíveis, arrogantes e incapazes de discutir nada com calma e respeito mútuo. Sem os Passos continuamos sendo pessoas cheias de raiva e de ódio de NÓS MESMOS, que descarregamos nos outros, na família e em nossos Grupo de A.A.

SOMOS EMOCIONALMENTE DESEQUILIBRADOS:

Meus caros companheiros, quero falar o seguinte: NÓS ALCOÓLATRAS, MESMO COM A ROLHA NA GARRAFA,SOMOS DOENTES EMOCIONAIS,SOMOS EMOCIONALMENTE DESEQUILIBRADOS! Depois de banhar nosso Sistema Nervoso com o veneno do álcool, em grande quantidade e por muito tempo, nossos nervos nunca mais serão tão estáveis como os das pessoas que não abusaram da droga álcool!. A sim como uma mulher em TPM, sente pequenas irritações como se fossem grandes,assim também nós, Doentes Emocionais , sofremos as conseqüências de nosso alcoolismo: somos supersensíveis; nos ofendemos a toa; as frustrações mais banais nos derrubam.NOSSA RECUPERAÇÃO:

Será que existe esperança de recuperação desta doença emocional?. Sim! Os Doze Passos nos oferecem recuperação lenta mais progressiva. Por este motivo os 12 Passos não são luxo para uns “fanáticos”, mas são as Sugestões indispensáveis e contínuas para aplicarmos ao nosso novo modo de vida, se não quisermos voltar a beber.

Para gozarmos uma vida SÓBRIA,SERENA E FELIZ – para nós, para nossa família e para nosso Grupo de A.A. – precisamos estudar e praticar os 12 Passos!!!. Cada Grupo tem a liberdade de escolher a maneira de estudar os Doze Passos, mas nenhum grupo pode deixar os Passos ao lado como algo supérfluo e desnecessário. Os Doze Passos são o nosso Programa de Recuperação. Nosso Programa de Vida

CONFIANÇA:

Muitos companheiros acham que os Doze Passos são complicados e difíceis. Mas não o são. Basta cada membro tentar partilhar um pouco de no seu depoimento sobre como ele está tentando viver um dos Passos hoje. Todos os membros vão se enriquecer e criar confiança de começar a viver os Doze Passos e falar deles como parte de seu depoimento. É essencial que o Grupo estude a nossa literatura sobre

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os Doze Passos. Com boa vontade, todos vão entendendo-os e muitos vão começar a praticá-los.Pois os Doze Passos são o nosso Programa Espiritual de Vida e de Recuperação.

1º PASSO – ADMITIMOS QUE ÉRAMOS IMPOTENTE PERANTE O ÁLCOOL. – QUE TÍNHAMOS PERDIDO O DOMÍNIO SOBRE NOSSAS VIDAS.

Enquanto bebia, eu era como um pneu de carro inflado com 50 libras de pressão, em vez de 18 ou 20. Eu estava cheio demais: arrogante, prepotente, “Não precisava de ninguém. Posso parar quando eu quero. Bebo porque todos me enchem o saco”. Vocês já andaram em um carro com os pneus cheios demais?. Não há quem agüente. Por esta razão o Psiquiatra, Dr. Tiebout, citado por Bill no Livro azul, usa o termo “DESINFLAR O EGO”. O Primeiro Passo é a experiência de” desinflar o meu orgulho”, e de “cair do meu cavalo de auto-suficiência”, de chegar ao “FUNDO DE POÇO”, de sentir meus pneus furados e esvaziados das 50 libras de orgulho. Bill no Livro dos Passos, chama esta experiência de “DERROTA TOTAL”.

O 1º Passo é a grande lição de HUMILDADE . Afinal, o que é a humildade e o orgulho?. Orgulho é viver a MENTIRA: “Não preciso de ninguém. Sempre tenho razão. Ninguém pode me ensinar nada. Estou muito bem sozinho”. Tudo isso é MENTIRA, e o orgulho é viver essa mentira. HUMILDADE porém é viver a VERDADE: Sou impotente perante o álcool . Sózinho não consigo nada, muito menos viver sóbrio. Sou muito pequeno, falho, limitado e fraco. Preciso de ajuda, e aceito a ajuda de Deus que ele me oferece em A.A.Meus caros companheiros, meses e anos após nossa última bebedeira, ainda precisamos dar o 1º Passo, porque a humildade é o alicerce de todo o Programa de A.A., e o 1º Passo é a grande lição de humildade.A minha recuperação emocional e espiritual requer que eu me lembre vivamente todos os dias, que sou IMPOTENTE – DERROTADO – PEQUENO E FRACO – NECESSITADO da ajuda de Deus e de meus companheiros de A.A.

A hora em que eu deixar de praticar o 1ºPasso e de não querer aprender essa lição de humildade, todas aquelas tendências alcoólicas voltarão para dominar a minha mente: a prepotência, a arrogância, a auto-suficiência, o orgulho que acredita na mentira de que eu não preciso de ninguém. O bêbado tem sempre razão e é super sensível. Se não estou vivendo o 1º Passo hoje, sou capaz de me ofender á toa numa reunião e sair do Grupo , dizendo que já não preciso de A.A. Estou cheio de novo com 50 libras de orgulho. Daí vem mais uma bebedeira e derrota total, mas o meu orgulho não me deixará voltar a A.A.

Se hoje estou praticando o 1º Passo, reconheço - me necessitado. Sinto-me IMPOTENTE perante o álcool e perante muita coisa que não

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posso modificar. Conheço-me hoje como um DERROTADO. Se estou praticando o 1º Passo, não vou olhar meus companheiros nem meus familiares com desprezo, com críticas brabas e arrogância. Relaciono-me com todos com humildade, com amizade e respeito, e acima de tudo com muita gratidão. Serei uma pessoa SÓBRIA, SERENA E FELIZ, se estou praticando o 1º Passo.

2º PASSO: ACREDITAMOS QUE UM PODER SUPERIOR A NÓS MESMOS PODE NOS DEVOLVER À SANIDADE..

Meus companheiros, vou conhecer nosso PODER SUPERIOR na medida exata em que reconheço minha derrota total. Quem vai se sentir mais agradecido pelo almoço de hoje é aquele que ontem quase morreu de fome. Quem vai se sentir mais alegre e abençoado pela luz do dia é aquele que quase morreu na escuridão da noite. Da mesma forma eu vou me sentir mais amado e valorizado pelo Poder Superior, quanto mais eu me lembro que quase morri do meu alcoolismo.

Nossa Irmandade evita toda discussão divisiva sobre religião. Alcoólicos Anônimos afirma simplesmente que a força de dominar o álcool não está DENTRO de nós.

Se estou lembrando hoje que sou DERROTADO, meu Poder Superior já provou o seu amor pessoal por mim, tomando-me pela mão e levantando-me daquela desgraça – é claro que vou levar muito a sério a minha amizade com este Poder Superior que me ama muito.

Mas ainda, o 2º Passo fala de “Devolver-nos a Sanidade”. Companheiros devolver-nos a sanidade, é muito mais do que só botar a rolha na garrafa. É UM PROCESSO CONTÍNUO DE RECUPERAÇÃO EMOCIONAL E ESPIRITUAL.

A sanidade é saúde do corpo, da mente, das emoções e do espírito. Essa Recuperação exige meu relacionamento pessoal, exige amizade alegre, agradecida e confiante no Poder Superior que promete ir me devolvendo à a sanidade física, emocional e espiritual.O GRANDE SEGREDO DE A.A.: Porque é que alguns freqüentam A.A., mas não conseguem parar de beber e dar continuidade?. Será que as vezes a culpa não é nossa?. Temos vergonha ou insegurança de falar sobre o 2º Passo – do único Poder no universo que pode dominar o álcool. É uma injustiça que fazemos, a nós mesmos, e aos alcoólatras que vêm a nós pedindo ajuda para não beber mais.

O GRANDE SEGREDO DE A.A. é este. Somente o Poder Superior pode nos devolver á Sanidade – pode nos dar forças para evitar o 1º Gole. Porque esconder nosso segredo dos que buscam ajuda?.

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Acredito que nenhum alcoólatra consegue parar de beber e ficar parado, sem ter caído de joelhos de uma forma ou de outra, e clamado: “Meu Deus, me ajude”. Para dar este 2º Passo, não Precisa SENTIR FÉ; basta arriscar e pedir sem emoção até: o efeito está garantido, o Poder Superior AMA a todos nós alcoólatras e faz questão de nos devolver a sanidade.

3º.PASSO: DECIDIMO ENTREGAR NOSSA VONTADE E NOSSA VIDA AOS CUIDADOS DE DEUS

Quando entrei em A.A., eu estava cheio de ressentimento, e me preocupava demais com tudo, exemplo: “Como vou enfrentar as pessoas que me ofenderam quando eu bebia?. Um bom amigo me ensinou o 3º Passo, dizendo: Deus tem sido muito bom para você nestes meses, levando você ao A.A. e á Sobriedade. Será que não deve confiar nele?”.

Meus companheiros, nós alcoólatras simplesmente não podemos nos dar o luxo de nos preocupar á toa com as dificuldades do dia-a-dia. Tais preocupações nos roubaria a Serenidade, e estaríamos em perigo de novo. Escutando os depoimentos dos companheiros, reconhecemos que o Poder Superior já faz tantas maravilhas na vida de todos nós, libertando-nos da escravidão do álcool.

Os 2º e 3º Passos não falam nada sobre práticas religiosas ou pertencer a alguma religião: isso depende da consciência e da liberdade de cada membro. O que estes dois Passos nos pedem é que tenhamos FÉ E CONFIANÇA no Deus de nossa Sobriedade, que se oferece como Amigo e como um Guia da nossa Vida.

Afinal, enquanto bebíamos, tentamos em vão controlar tantas coisas: o álcool, os membros de nossa família, e tudo o mais que ocorria a nosso redor. Fracassamos e nos frustramos, e bebemos mais, porque somos muito pequenos para controlar pessoas e acontecimentos. O 3º Passo nos alivia de todas aquelas responsabilidades pesadas, convidando-nos à deixar de sermos Deus e deixarmos nossa vontade e nossa vida nas mãos bondosa do Poder Superior. Ele vai nos guiando, passo por passo, na medida em que vivemos hoje o 3º Passo.

O 3º Passo nos lembra da Oração da Serenidade. Por que é que pedimos a Serenidade de ACEITAR AS COISAS QUE NÃO PODEMOS MODIFICAR?. Não é uma aceitaçãopassiva, de cara feia porque não há outro jeito. Pedimos a Serenidade – a Paz de Deus – para aceitar as coisas, acreditando firmemente que nosso Bom Deus faz com que tudo se enquadre no seu Plano Amoroso de nossa felicidade hoje. A vontade de Deus não é coisa chata nem pesada: Sua vontade é que vocês e eu sejamos FELIZES , na Serenidade e na Unidade fraterna de A.A.

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Se unimos a nossa vontade – com a vontade amorosa de Deus, temos dois trilhos em que nossa vida pode deslizar serenamente. Por outro lado, se Deus quer que chova e eu não quero, estou fabricando uma cruz de contrariedade. Lembrando-me todos os dias do milagre da minha sobriedade, entrego a Deus a minha vontade e a minha vida.

4º e 5º PASSOS: MEU INVENTÁRIO PESSOAS + ADMITIR PERANTE A DEUS – PERANTE A NÓS MESMOS E PERANTER OUTRO SER HUMANO, A NATUREZA EXATA DE NOSSAS FALHAS.

Uma conseqüência terrível de nosso alcoolismo é a carga enorme de ÓDIO E RAIVA DE NÓS MESMOS que acumulamos dentro de nós.Estes dois Passos nos oferecem esperança de reduzir essa carga de ódio e raiva de nós mesmos, para podermos criar AMIZADE com a PESSOA QUE NOS OLHA DO ESPELHO.Para descobrir quanto ódio e raiva você ainda tem dentro de si, veja por quanto tempo você agüenta ficar olhando a sua imagem diante do espelho. Essa pessoa que você vê aí é amiga ou inimiga?. Você consegue gostar um pouco desse sujeito?. Ou você desvia o olhar porque não suporta a pessoa que você vê no espelho – a pessoa que você é?.

Se eu não sou amigo do sujeito que me olha no espelho, não tenho condições de ser amigo de mais ninguém. Serei uma presença hostil e destrutiva no Grupo de A.A. – e provavelmente o peso desse ódio de mim mesmo vai me levar a beber de novo. Como me livrar desse ódio e raiva de mim mesmo?. O 4º Passo me convida para olhar bem no espelho do INVENTÀRIO e descobrir QUEM EU SOU. Tenho muitas limitações e muitos defeitos, mas descubro que Deus não faz lixo. Tenho umas qualidades muito boas que eu não conhecia quando bebia. Essas qualidades boas me ajudam a GOSTAR DE SER EU, a fim de gostar mais dos outros.

Vários membros de A.A., pesam que o 4ªº Passo é o “Bicho de Sete cabeças”, mas na realidade é muito simples e é um Passo necessário para eu criar amizade com a pessoa que eu vejo no espelho, e para eu viver Sóbrio.

O 5º Passo também me ajuda a reduzir o ódio de mim mesmo, a vergonha do meu passado e o sentimento de culpa que me sufoca. Bebendo eu era DESONESTO com Deus, comigo mesmo e com os outros. Minha recuperação exige que aprenda a desenvolver HONESTIDADE. Depois de viver mentindo (que eu sempre tinha razão, que não precisava de ninguém, que os outros me maltratavam e me obrigavam a beber), preciso começar a ser HONESTO e falar a VERDADE para crescer na Sobriedade e na Serenidade.Todos nós carregamos dentro de nós muitas coisas podres. Ora, se você comer uma fruta podre, vai sentir-se ruim ATÉ VOMITAR aquela

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coisa podre. Da mesma maneira, só podemos sentir-nos muito ruim, segurando dentro de nós a coisas podres e vergonhosas de nosso passado.

Que alívio poder tirar para fora essa podridão, e sentir que Deus através de um irmão ou uma irmã de A.A. nos compreenda, nos perdoe e nos ajude a perdoar a nós mesmos – a fim de sermos mais amigo da pessoa do espelho.

Da minha experiência vivenciada em A.A., estou convencido de que o maior problema da maioria dos alcoólatras é justamente esse ódio e essa raiva de si mesmo. Seu sentimento de si mesmo é tão péssimo, que tem que beber porque não suporta essa dor, ou se consegue evitar o 1º Gole vive em atrito com todo mundo, porque continua em guerra dentro de si: odeia a si mesmo! A única maneira de sanar esse problema é fazer o 4º e 5º Passos. São as grandes libertações e o começo de amizade com a pessoa do espelho, para podermos ser mais amigo dos outros. Não posso amar ninguém mais do que consigo amar a mim mesmo, perdoar a mim mesmo como Deus me perdoa, e ter mais compreensão, paciência e carinho para comigo mesmo. Os 4º e 5º Passos são necessários e não são tão difíceis, não!.

6º e 7º PASSOS: NOSSOS DEFEITOS:

Enquanto bebíamos, estávamos tão cheios de raiva de nós mesmos, não tínhamos auto-segurança de reconhecer nossos defeitos. Agora Sóbrios, precisamos aprender a encarar os nossos defeitos com honestidade e confiança. De que maneira você é imaturo, egoísta, orgulhoso e esquisito com os outros?. Quais são as suas manias, as suas fraquezas, as suas infantilidades que atrapalham a sua vida, e que poderiam levar você a beber de novo?. Falando de mim mesmo, ainda sou super sensível, cheio de auto-piedade e tendo a me fechar e me isolar dos outros por coisinhas que me ofendem.

O 6º Passo me ensina a estar disposto a crescer – estar pronto para Deus ir me tirando os meus defeitos. O 7º Passo me ensina a pedir a Deus com humildade e confiança, que Ele me livre progressivamente dessas imperfeições.

Os 6º e 7º Passos repetem a atitude de DEPENDÊNCIA CONFIANTE DE DEUS dos primeiros dois Passos. Perante os meus defeitos e a minha necessidade de crescer mais, sou muito pequeno, fraco e IMPOTENTE. Mas acredito que o Poder Superior, o Deus de minha compreensão, faz questão de ir me libertando dos meus defeitos, para que a minha sobriedade seja mais alegre e feliz, e para que meu relacionamento com as pessoas seja marcado com o amor e a Serenidade que recebo de Deus.

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8º e 9º PASSOS: REPARAÇÕES AS PESSOAS PREJUDICADAS:

Fazemos reparações, quando podemos e na hora que Deus nos dá a coragem e a confiança necessária para isso. Continua assim a nossa recuperação e o nosso crescimento. Bebendotoda nossa atitude era do “SENHOR BEBÊ”: todo mundo estava errado e contra nós; só nós tínhamos razão; éramos vítimas dos outros, mas nunca prejudicamos ninguém!.

Éramos o “SENHOR BEBÊ”, mas hoje Sóbrios pelo Amor Poderoso de Deus, temos muito amor para dar aos outros. Esse amor que recebemos do Deus de minha compreensão nos inspira a coragem e a confiança de querer fazer reparações, e assim nos aliviar da culpa e construir amizade com os outros.

10º PASSO:

Nosso inventário continua, e quando errados, o admitimos PRONTAMENTE. Que mudança de atitude! Estamos nos recuperando!

11º PASSO:

Nosso contato consciente com Deus – nossa AMIZADE com ELE.

Antes eu pensava que Deus era bravo, durão e castigador. Pela experiência de meu alcoolismo, e do Amor Poderoso de Deus que me liberta do álcool, descubro QUE DEUS ME AMA MUITO! Este Bom Deus me atrai o coração e só quero mais amizade com Ele. Quero conhecer e realizar a vontade deste meu melhor amigo.

O que é Prece e Meditação? É simplesmente BATER PAPO COM MEU MELHOR AMIGO! Não procuramos frases bonitas, mas abrimos o coração e partilhamos com aquele que nos ama e nos dá Sobriedade, tudo que estamos pensando sem receio e sem reservas

O 11º Passo fala da VONTADE DE DEUS. Antes eu tinha medo da vontade de Deusa: pensava que Ele só me exigia coisas chatas e contra o meu gosto. Descobri em A.A. que a Vontade de Deus é que todos nós vivamos hoje muito FELIZES – apesar das pequenas dificuldades – SÓBRIOS – SERENOS E UNIDOS na Irmandade de A.A.

12º PASSO: TENDO EXPERIMENTADO UM DESPERTAR ESPIRITUAL:

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Eu estava morto no meu alcoolismo, mas hoje vivo sóbrio e sereno. Essa experiência pessoal me revela o Amor do meu Deus: é o grande despertar espiritual que continua todos os dias.

A descoberta do Amor de Deus por mim mexe muito comigo: não me deixa viver acomodado, mas me dá a energia desse Amor para me propulsionar a Levar a Mensagem a outros alcoólatras – a praticar os Princípios de A.A. em todas as minhas atividades.Quais são os Princípios de A.A.? – Humildade ;Honestidade e Unidade – Necessidade de contribuir ao Bem Estar Comum (1ª Tradição) e TRANSMITIR A MESAGEM AO ALCOÒLATRA QUE AINDA SOFRE (5ª Tradição).

Talvez os Princípios de A.A. se resumam nesta convicção: “ A força para largar o álcool não são de DENTRO de mim, mais de FORA: do Deus que me ama muito e derramou Seu Amor sobre mim e sobre meus companheiros, para que possamos amar a nós mesmos como Ele nos ama – e ter muito Amor; Compreensão; Serenidade e Sabedoria para doarmos aos outros

Rubens Nogueira

PASSOS VIRTUDES SUPERAÇÃO GANHOS ORAÇÃOPrimeiro Passo: “Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas”.

HonestidadeCoragemAberturaConfiança

Desconfiança

MedoArrogância

Construção de bases

sólidas para edificação de

nossa felicidade

Coloco minhas mãos nas

suas...

Segundo passo: “Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade”.

Esperança e HumildadePaciência

Mente abertaAceitação

IndiferençaAuto-

suficiênciaPreconceito

desesperança

Deus nos levará de volta a

sanidade. Nova Fé

revigorante

Segura na mão de Deus...

Terceiro Passo: “Decidimos entregar a nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos”.

Fé e Disponibilidad

eBoa vontade

Determinação

Vontade própria

EgoísmoTeimosia

Dependência de Deus é

liberdade de espírito

“Concedei-me Senhor”...

Quarto Passo: “Fizemos Minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos”.

Coragem

Vaidade, orgulho

Avareza, Ira, Inveja,

Ciúmes, Preguiça,

Busca da compreensão

de nossos problemas

Prece de Cáritas

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medoQuinto Passo: “Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas”.

Integridade

ConfiançaHumildade

Honestidade

Desinflar o ego

SolidãoAuto piedade

Paz de Espírito

Presença de Deus

Reconhecer e corrigir defeitos

Sexto Passo: “Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter”.

Boa vontade/

Estar pronto

Paciência

ApegoVaidade

MaturidadeEncontro

com essencial

Paz interior

Ando devagar...

Pegadas areia

Sétimo Passo: “Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições”.

HumildadeMedo

egocêntricoOrgulho

Arrogância

Esperança

Para tudo há

solução

FelicidadeOitavo Passo: “Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados”.

Auto disciplinaBoa vontade

Rancor/mágoas

Projeções

MedosOrgulho

Viver em paz

AlívioCompanheiris

mo e fraternidade

Nono Passo: “Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem”.

Amor ao próximoCuidado

PrudênciaPaciência/

calmaCoragem

Baixa frustração

AversãoImprudência

PressaMedo

Alívio

Convivência

Pacífica

Zelar pelo bem estar dos outros

Bem Aventuranças

PASSOS VIRTUDES SUPERAÇÃO GANHOS ORAÇÃO

Décimo Passo: “Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente”.

PaciênciaPerseverança

Responsabilidade

Tolerância

Rancor / medoCiúmes

Orgulho ferido

Equilíbrio

emocional

AutocontroleAuto-estima

elevada

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Décimo Primeiro Passo: “Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade”.

FéEspiritualidade

Aceitação Plena

Pedir a graça segundo a nossa vontadeEgocentrismoRancor, ódio,

medo, frustração

Aprofundar e

alargar o

canal ligação

com Deus de

forma

consciente

Equilíbrio

emocional e

espiritual

Viver vontade de

Deus

Oração S.Fco.

Pai Nosso

Décimo Segundo Passo: “Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades”.

FéServiçoAmor ao próximoCuidado

ComodismoPrazer de viverDespertar

espiritual

Nova maneira

viver

Você companheiro (a) esta recebendo uma Proposta de Sugestão para colocar em prática o Programa de Recuperação através dos 12 Passos.

Lembre-se:Força é a capacidade interior de resistir às dificuldades, às perdas, às desilusões e às pressões.Força é ter coragem de enxergar os erros e assumi-los.É não guardar ressentimentos, Riva, não ser vingativo.É quando descobrimos quem somos em Deus e não precisamos provar nosso valor aos outros.Descobrimos como de fato nós somos: imperfeitos, eternos aprendizes e viajantes de um mundo onde o nosso amor próprio, o orgulho, a vaidade, muitas vezes falam mais alto

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que o bom senso e a coragem para viver e lutar pelo que de fato buscamos: a sobriedade!Nesta nossa caminhada temos aprendido em quantas situações somos fracos e impotentes, mas também aprendemos e buscamos força para exercer uma influência positiva sobre nós mesmos, sobre as pessoas que amamos e o mundo em que vivemos.

12 PASSOS PARA AFASTAR-SE DAS DROGAS

1° PASSO –

ADMITIMOS QUE ÉRAMOS IMPOTENTES PERANTE A ADICÇÃO – QUE NOSSAS VIDAS TINHAM SE TORNADO INCONTROLÁVEIS.

A TOMADA DE CONSCIÊNCIA DE QUE PRECISAMOS MUDAR nossos hábitos no pensar, sentir e agir, para modificar nossa vida e sermos mais felizes, fazendo felizes também as pessoas que vivem conosco. É IMPRESCINDÍVEL E IMPRORROGÁVEL.

Admitir que somos vulneráveis e fracos, ou TEMPORÁRIAMENTE IMPOTENTES perante a ADICÇÃO – e por isso mesmo INCONTROLÁVEIS, em nossas atitudes e comportamentos, dentro e fora do lar, tendo uma conduta anti-social, podendo por em risco a própria vida e a de nossos semelhantes. É UM SINAL DE QUE NEM TUDO ESTÁ PERDIDO...

Este ADMITIR equivale ao PISCA-PISCA luminoso no painel de nossa consciência. Sinalizando PERIGO PARE Busque SOCORRO Procure ajuda – antes que seja tarde demais...

Este ADMITIR é também o SINAL INCOFUNDÍVEL de que somos uma Consciência individualizada, um ser humano criado “ A IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS”, não perfeito, acabado, pronto, como nos fizeram crer, mas um SER ESPIRITUAL PERFECTÍVEL, em processo de evolução, um agente co-criador, arquiteto do próprio destino, feliz ou infeliz.

Este ADMITIR é também um sinal de que o SER HUMANO é uma CONSCIÊNCIA em expansão, rumo à PLENITUDE DO SER, em comunhão com a VIDA INDESTRUTÍVEL, em todos os reinos da Natureza e do Universo...

Consequentemente, ninguém é criado ou nasce predestinado a ser INFELIZ, DESDITOSO OU DESGRAÇADO...

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Ninguém nasce predestinado aos vícios, aos crimes, à pobreza ou miséria, às doenças, à dor ou ao sofrimento...

Tais situações ocorrem em virtude dos desequilíbrios no pensar e agir ao longo da vida presente, em conexão com a nossa herança espiritual de outras vidas, decorrentes das nossas ações desarmônicas em desrespeito a nós mesmos e às Leis da Vida, cuja COSMOÉTICA estabelece CADA UM COLHE O QUE SEMEIA” e Ä CADA UM SERÁ DADO SEGUNDO AS SUAS PRÓPRIAS OBRAS”. Assim sendo, cada um pode e deve, a qualquer momento, refletir corajosamente sobre o que está fazendo no PENSAR, SENTIR E AGIR, no uso de seu livre arbítrio, a cada momento existencial, assumindo, naturalmente, a responsabilidade dos atos e ações praticados.Todo pensamento bom ou ruim, positivo ou negativo, acompanhado da respectiva ação, concreta, material e espiritualmente falando, repercute energética, psicológica, emocional e conscientemente na saúde física e mental.

A doença física, psicológica, emocional ou consciencial surge como uma reação natural do corpo físico para despertar a Consciência ou o Eu pensante para a necessidade da auto-ajuda e da auto-cura, através da reeducação dos maus hábitos de vida que nos escravizam e nos prendem a dolorosas provas existenciais, repercutindo a curto, médio e longo prazo em nossa vida presente, e em futuras reencarnações provaciionais e expiatórias.

Cabe pois a cada um de nós a LIVRE ESCOLHA e a tomada de decisão, com a indispensável honestidade, coragem e respeito próprio, e a firme AUTODETERMINAÇÃO PARA MUDAR NOSSA VIDA PARA MELHOR, MAIS DIGNA E SAUDÁVEL. PARA TANTO É INDISPENSÁVEL VONTADE FIRME, AUTO-DISCIPLINA, CORAGEM, PACIÊNCIA, PERSEVERANÇA, AUTO-ESTIMA E FÉ.

2° PASSO –

VIEMOS A ACREDITAR QUE UM PODER SUPERIOR A NÓS MESMOS PODERIA DEVOLVER-NOS A SANIDADE.

A FÉ num PODER SUPERIOR a nós mesmos é fonte alimentadora da vida e da essência humana. Entretanto cabe a cada um de nós, como CO-CRIADORES, a responsabilidade de nossos atos, pensamentos e sentimentos, em harmonia ou não com as LEIS DE DEUS...

O pensar, sentir e agir em desarmonia com as Leis de Deus, desrespeitando-as em nossa ação diária gera um carma negativo que nos impõe a responsabilidade pessoal de corrigir e modificar para

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melhor tudo aquilo que direta ou indiretamente foi motivo de escândalo e prejuízo material e moral causado à própria pessoa, aos familiares, aos próximo e à sociedade de um modo geral.

A SANIDADE, isto é, o estado de SAÚDE FÍSICA, MENTAL E SPIRITUAL, é um dever moral de educação e higiene pessoal para poder garantir a manutenção da saúde físico-mental do ser humano ao longo da vida.

A SANIDADE É DEVOLVIDA a partir do momento em que a pessoa se decide ajudar a si mesma, manifestando a VONTADE PARA SAIR DO FUNDO DO POÇO, em que se precipitou.

Esta atitude é fundamental para que se erga da miséria moral e espiritual em que se deixou arrastar.

Sem esta firme DECISÃO e corajosa mudança de atitude e comportamento ninguém poderá obter o êxito almejado.

A SANIDADE física, mental e espiritual aexige que cada um procure viver em harmonia e em obediência às Leis de Deus.

Ninguém nasce predestinado a viver na miséria, escravo do vício, infeliz e inútil, mergulhando-se na inércia ou preguiça, na revolta ou na agressividade, tornando-se um AGENTE auto-destrutivo.3° PASSO –

DECIDIMOS ENTREGAR NOSSA VONTADE E A NOSSA VIDA AOS CUIDADOS DE DEUS COMO NÓS O CONCEBEMOS.

A DECISãO honesta e consciente de se submeter à VONTADE DE DEUS é um procedimento correto e acertado.

Tanto é verdade que Jesus ensinou:

seja feita a vontade de Deus, assim na Terra como no céu...

Este ensinamento, quando bem cumprido, só traz felicidade para o ser humano.

A sabedoria no viver está exatamente em se harmonizar a vontade humana com a VONTADE DE DEUS acima de tudo.

Esta atitude e conduta no pensar, sentir e agir, diáriamente, possibilita a cada um de nós mais auto-confiança e um sentimento de segurança e proteção, porque temos consciência de que a PROVIDÊNCIA DIVINA tudo provê em termos de oportunidade e possibilidades para cada pessoa de construir o próprio destino mais feliz, desde que seja conscientemente obediente às Leis de Deus que traduzem a SUA VONTADE SÁBIA, JUSTA E MISERICORDIOSA.

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4° PASSO –

FIZEMOS UM MINUCIOSO E DESTEMIDO INVENTÁRIO MORAL DE NÓS MESMOS.

Para que nós possamos nos empenhar na insispensável mudança de conduta, atitude e comportamento por estarmos em desarmonia com a Lei de Deus, é também imprescindível fazermos um INVENTÁTIO MORAL a nosso respeito. Este INVENTÁRIO MORAL implica numa corajosa análise e auto-análise de nossas ações, de nbossos impulsos, emoções e sentimentos, bem como de nossos hábitos de vida em todos os sentidos. Isto exige muita coragem, firmeza, vontade forte para mudar tudo QUE DEVE E PODE SER MUDADO para melhor.

Atingindo este estágio, cada um poderá ver com maior clareza por onde iniciar, se dispondo a buscar ajuda e empenhando-se com muita firmeza e auto-determinação para realizar a mudança inadiável.5° PASSO –

ADMITIMOS PARA DEUS, PARA NÓS MESMOS E PARA UM OUTRO SER HUMANO A NATUREZA EXATA DE NOSSOS DEFEITOS

Em consequência desta tomada de consciência, reconhecemos nossos defeitos perante Deus, em espírito e verdade, perante a nós mesmos e perante àquelas pessoas que compartilham conosco a experiência de viver em família e em sociedade.

Isto, entretanto, não deve nos levar a uma desestima, auto-condenação e auto-punição, movido por um complexo de culpa irracional e desnecessário.

A partir do momento em que a pessoa toma consciência de que é imperioso mudar os hábitos, a forma de pensar, sentir e agir, neste momento começa a transmutação espiritual e consciencial que necessita ser alimentada e realimentada diáriamente com pensamentos e ações construtivas e edificantes na prática do BEM e na construção da PAZ dentro e fora de cada um de nós.

6° PASSO –

FICAMOS INTEIRAMENTE PRONTOS PARA QUE DEUS REMOVESSE TODOS ESSES DEFEITOS DE CARÁTER

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O processo de auto-transformação se dá em vários níveis, tais como biológico, psicológico, emocional, sentimental e espiritual.

Ao amparo da PROTÇÃO DIVINA, cada pessoa terá, no momento oportuno, uma experiência espiritual inconfundível, sentindo a PRESENÇA CRÍSTICA que nos dá auto-confiança e segurança, transfundindo em nós a energia espiritual que nos alimentará e sustentará durante o processo de auto-transformação, ajudando-nos nos momentos difíceis de incerteza, revolta, pânicco, ansiedade, tensões, angústias, frustações, desânimo e desesperança...

É indispensável, pois, que FIQUEMOS INTEIRAMENTE PRONTOS para que a INFINITA MISERICÓRDIA DIVINA possa nos revitalizar, tornando-nos mais receptivos ao INFLUXO DA LUZ DA VERDADE, a iluminar a mente e aquecer o coração para a grande arrancada da auto-transformação para melhor...

Assim sendo, os DEFEITOS DE CARÁTER, serão transmutados em talentos e virtudes do espíritos imortal na construção da auto-plenitude, conforme é da essência divina em nós.

Lembrando Jesus Cristo... “Vós sois deuses... “O que eu faço, vós podereis fazer também.... “Deixai brilhar a vossa luz....7° PASSO -

HUMILDEMENTE PEDIMOS A ELE PARA REMOVER NOSSAS IMPERFEIÇÕES

Em sintonia consciente com Ele, O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA, cada um de nós sentirá a RESSONÂNCIA CRÍSTICA em seu universo consciencial, impulsionando-nos na construção do Reino de Deus dentro e fora de nós, por onde andarmos e com quem andarmos, pelos caminhos de nossa evolução planetária...

Reconhecendo corajosamente nossas imperfeições, submetendo-nos, com lúcida humildade, rogando à INFINITA MISERICÓRDIA DIVINA a indispensável ajuda para prosseguirmos sem medo e sem vacilações no firme propósito de nossa reeducação moral e espiritual, libertando-nos da ignorância, dos vícios e erros, no pensar, sentir e agir...

8° PASSO-

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FIZEMOS UMA RELAÇÃO DE TODAS AS PESSOAS QUE TÍNHAMOS PREJUDICADO, E NOS DISPUSEMOS A FAZER REPARAÇÕES A TODAS ELAS

Tomando consciência dos nossos erros e do mal praticado, e de todas aquelas pessoas que foram prejudicadas por nós, direta ou indiretamente, sentimos por um dever de consciência a IMPERIOSA NECESSIDADE DE REPARAÇÃO, ressarcindo nossos débitos para com todos aqueles e aquelas que foram direta ou indiretamente prejudicados pelos nossos pensamentos, palavras e ações negativas.Esta atitude e a perseverança na prática do BEM, evidenciam o início de uma grande mudança na reconstrução do nosso DESTINO e na edificação de nossa redenção.

9° PASSO –

FIZEMOS REPARAÇÕES DIRETAS A ESSAS PESSOAS, SEMPRE QUE POSSÍVEL, EXCETO QUANDO FAZÊ-LO VIESSE PREJUDICÁ-LAS OU A OUTRAS PESSOAS

Sempre que possível, deverão ser feitas essas reparações, direta ou indiretamente, a todas as pessoas por nós prejudicadas.

Somente assim poderemos nos libertar do remorso e da culpa.

Possamos, pois, pelo BEM praticado, consciente e deliberadamente, reconstruir nosso destino em harmonia com a VONTADE DIVINA, tudo fazendo para amar e servir incondicionalmente, redimindo-nos assim, ao longo desta e de outras vidas, na construção da PAZ e de nossa redenção.10° PASSO –

CONTINUAMOS FAZENDO O INVENTÁRIO PESSOAL E, QUANDO ESTÁVAMOS ERRADOS, NÓS O ADMITÍAMOS PRONTAMENTE

O INVENTÁRIO PESSOAL se faz através de uma contínua reflexão e auto-análise do nosso pensar, sentir e agir diáriamente.

Toda vez que nossa CONSCIÊNCIA ACENDER O SINAL VERMELHO, significa que algo em desarmonia com a Lei Divina foi pensado ou realizado, impondo uma atitude e ação

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construtiva para neutralizar o que de negativo foi mentalizado ou concretizado na realidade do dia a dia.

De imediato, passemos à ação edificante do ORAI E VIGIAI retificando nosso roteiro existencial em harmonia com a ÉTICA DIVINA que estabelece:

“Amar ao próximo como a si mesmo...” “Perdoar setenta veze sete vezes, isto é, infinitamente...” “Reconciliai com os vossos inimigos...” “Amai-vos uns aos outros como Vos amei...”

Tais preceitos éticos, se bem cumpridos, contribuem para a manutenção do equilíbrio da sanidade física, mental e espiritual do ser humano.

11° PASSO –

PROCURAMOS ATRAVÉS DA PRECE E DA MEDITAÇÃO, MELHORAR NOSSO CONTATO CONSCIENTE COM DEUS, COMO NÓS O CONCEBEMOS, ROGANDO APENAS O CONHECIMENTO DE SUA VONTADE EM RELAÇÃO A NÓS, E A FORÇA PARA REALIZAR ESSA VONTADE

O hábito saudável da prece e da meditação, diáriamente, possibilita a cada um de nós mantermos nosso padrão vibratório energético-espiritual em harmonia com a LUZ CÓSMICA DO CRISTO, garantindo o nosso equilíbrio psicobiofísico, consciencial e espiritual, fortalecendo, não só nossa imunidade física, como também nossas defesas imunológicas energético-espirituais, indispensáveis à saúde física, psicológica, emocional, consciencial e espiritual.

Através da PRECE e da MEDITAÇÃO, recebemos o suprimento energético-espiritual de que necessitamos para garantir nosso pleno equilíbrio fisicopsicossomático, possibilitando a cad um viver uma vida útil, produtiva e em harmonia com as LEIS DA VIDA que estabelecem o BEM como o ETERNO PRINCÍPIO COSMOÉTICO, a refletir a INFINITA SABEDORIA DE DEUS que a TUDO E A TODOS PREVÊ E PROVÊ, dispondo que o SER HUMANO É UM ESPÍRITO OU UMA CONSCIÊNCIA, AGENTE CO-CRIADOR DO PRÓPRIO DESTINO FELIZ OU INFELIZ, sendo direta ou indiretamente responsável no PENSAR, SENTIR E AGIR em sua vida de relação, tanto no plano físico quanto no plano espiritual.

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Por conseguinte, impõe-se à compreensão de cada um a necessidade ética e moral no sentido de exercer o nosso LIVRE ARBÍTRIO, ou a VONTADE HUMANA, em PLENA, LÚCIDA E CONSCIENTE HARMONIA com a VONTADE DIVINA, SÁBIA, JUSTA E MISERICORDIOSA...12° PASSO –

TENDO TIDO UM DESPERTAR ESPIRITUAL, POR MEIO DESTES PASSOS, PROCURAMOS LEVAR ESTA MENSAGEM A OUTRAS PESSOAS E PRATICAR ESTES PRINCÍPIOS EM TODAS AS NOSSAS ATIVIDADES

Assimilando os luminosos ensinamentos contidos nestes DOZE PASSOS, que expressam VERDADES REDENTORAS, A REFLETIREM a fonte da ETERNA SABEDORIA, foi possível o nosso DESPERTAR ESPIRITUAL para assumir espontânea e conscientemente o compromisso do TESTEMUNHO honesto e corajoso de viver no dia a dia estes ensinamentos e de passar esta MENSAGEM a outras pessoas que, igualmente, buscam a VERDADE que esclarece, ilumina e liberta a CONSCIÊNCIA HUMANA do pesado fardo da ignorância, do erro e da escravidão da dependência química e psicológica do uso de drogas...

Tendo encontrado o CAMINHO DA AUTO-REDENÇÃO, POR MEIO DESTES PASSOS, SENTIMO, por um DEVER DE CONSCIÊNCIA, a necessidade deste TESTEMUNHO em nossa vida de relação, para consolidar nossa auto-transformação, ajudando a todos, direta ou indiretamente, no esforço consciente e na edificação da AUTO-LIBERTAÇÃO, para sair do FUNDO DO POÇO DA DEPENDÊNCIA DA DROGADIÇÃO.

Venha, também, trilhar estes passos, enquanto É TEMPO, HAVENDO SEMPRE LUMINOSA ESPERANÇA PARA TODOS AQUELES QUE, DECIDIDAMENTEE, SE DISPÕES, TENAZMENTE, NA RECONSTRUÇÃO DE SUA VIDA E DO SEU DESTINO, REABILITANDO-SE PERANTE A PRÓPRIA CONSCIÊNCIA, PERANTE A FAMÍLIA E A SOCIEDADE EM GERAL, TORNANDO-SE DIGNO DE ADMIRAÇÃO E RESPEITO DE TODOS AQUELES QUE COMPARTILHAM A EXPERIÊNCIA DE VIVER OS GRANDES DESAFIOS DA VIDA...

SEJAMOS UM CANAL DE LUZ E PAZ, palmilhando os CAMINHOS DO MUNDO, contribuindo direta e indiretamente para o advento do REINO DE DEUS, dentro e fora de nós e na edificação da NOVA ERA DO ESPÍRITO, iniciando um novo ciclo de EVOLUÇÃO ESPIRITUAL, no qual a Terra passará da condição de um MUNDO DE PROVAS E EXPIAÇÕES para a categoria na HIERARQUIA PLANETÁRIA, de um MUNDO DE REGENERAÇÃO...

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Ajudemos, portanto, a construir este mundo e esta NOVA SOCIEDADE DE REGENERADOS...

LUZ E PAZ!

Cícero Marcos Teixeira

Porto Alegre, 16 de julho de 1998.

A recuperação em 12 passos: Passo 1

  

O primeiro passo de Alcoólicos Anônimos (A.A.) e Narcóticos Anônimos (N.A.), de Naranon e Alanon, diz:Admitimos que éramos impotentes perante o álcool/ adicção/ pessoas, que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.

O adicto é impotente diante das suas emoções, diante da sua droga. O alcoólatra é impotente diante do álcoolO familiar é impotente diante do seu adicto..., e, além disso, eu (alcoólatra, adicto ou familiar) tenho que perceber que sou impotente não somente diante das coisas, mas também diante da minha família, diante o trânsito, diante dos preços, diante da outra pessoa que trabalha comigo...Então nesse primeiro passo nós temos que de alguma forma eliminar os mecanismos de defesa. E que mecanismos são estes? São mecanismos que protegem o nosso eu, porque enquanto o familiar não fizer o primeiro passo, enquanto o adicto, alcoólico não fizer o primeiro passo, o que vai acontecer? Ele vai sempre se perguntar: Onde foi que eu errei para que isso começasse comigo? Onde foi que eu errei para que eu tivesse um familiar usuário de álcool e outras drogas? Onde foi que eu errei? E na realidade não houve erro nenhum.Hoje existe um capítulo do CID (código internacional doença) que fala somente sobre transtornos mentais provocados por álcool e drogas. Aqui se qualquer médico do Brasil encaminhar um paciente usuário e cocaína para tratar-se no Japão e o médico japonês não conhecer

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nada da língua portuguesa este medico vai olhar o número da doença classificada no CID e vai tratar como usuário de drogas/cocaína.Não é uma sem-vergonhice, a sem-vergonhice não trás síndrome de abstinência, eu nunca vi ninguém por sem-vergonhice entrar em delirium tremes, eu nunca vi por sem-vergonhice alguém entrar num quadro compulsivo, então é uma doença física, uma doença mental de fundo emocional, e é uma doença de relacionamento, que dentro dos grupos nós chamamos de doença espiritual.O que é espiritualidade para mim dentro dos grupos? Há uma definição para espiritualidade, que eu encontrei do Prof. Caldas Auletti, no dicionário de definições de 1956: Espiritualidade é a qualidade do relacionamento com quem ou com o que é mais importante na minha vida. Então a todo momento eu tenho que estar me perguntando : O que é mais importante para mim na minha vida? Agora o que é mais importante para mim na minha vida? Estar passando algum conhecimento para vocês. Se estiver no trânsito, o que é mais importante para mim na minha vida? Pensar no trânsito. Então espiritualidade é isso: É a qualidade do relacionamento com quem ou com o que é mais importante na minha vida. E esse é o problema que N.A. / A.A. traz, que ALANON / NARANON traz.Com esse primeiro passo, com essa rendição eu começo a ter um contato maior comigo. Eu elimino a negação, eu elimino a minimização: Ele quando está usando... Não mais usa / uso só no final de semana. Mais o final de semana para ele começa na segunda-feira, não é? Ele usa a semana inteira. Então o familiar chega e diz: mais ele é um amor sem álcool e droga, ele é um amor de pessoa, mas... Quando é que se encontra ele sem álcool e drogas? Difícil não é?Esse processo de negação, esse processo de minimização, esse processo de projeção (atribuir a outros uma coisa ou responsabilidade que é sua) dá suporte para que os familiares digam: ele se droga por causa das companhias. Eu estou em recuperação há 16 anos e acreditem-me nunca conheci alguém que para começar a usar drogas precisou ser amarrado, ninguém mesmo; ele começou a usar drogas por curiosidade, para fazer parte de um grupo, para desafiar pai e mãe ou a autoridade de alguém, enfim por outras razões, menos essa de ser amarrado.

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Outra coisa, o protecionismo familiar. A família não consegue deixar seu ente querido "quebrar a cara", quebrar a cara que eu digo é no bom sentido, deixa ele aprender um pouco com a vida, se não aprender pelo amor vai aprender pela dor; nós temos que praticar um desligamento emocional, um desligamento com amor, um desligamento dos problemas da pessoa e não o desligamento da pessoa.Isso acontece também com o adicto, com o alcoólatra, que muitas vezes tem que se desligar da chatice que continua sendo o familiar que está fora de uma programação, que não aceita uma ajuda e que responde da seguinte forma: Não... Quem bebe é ele... Quem se droga é ele, o problema é dele!A recuperação em 12 passos: Passo 2

  

Após quebrar todas essas negações/mecanismos de defesa, nós temos que dar um segundo passo, que é justamente um passo relacionado com a auto-estima.Não sei se vocês já perceberam que nos passos de A.A. / N.A., eles promovem o dependente e o familiar. Por que o familiar deixou ter nome, não é? Não é mais fulano de tal ou o cicrano de tal, é aquela louca mãe de fulano. O D.Q. deixou de ter nome: é o pipador, o bombeiro, o nóia, o pudim de cachaça... Ele deixou de ter nome, na rua quem bebe, bebe porque é sem vergonha; quem se droga se droga por que é marginal, essa é a nossa realidade. Dentro dos passos de AA / NA existe uma promoção.O segundo passo diz: Viemos a acreditar que um poder maior do que nós poderia devolver-me a sanidade, ou a saúde. Nós só podemos devolver a saúde para quem? Para quem não há tem, quem não tem saúde é um doente, isso faz parte da sabedoria popular. Em 1935 a organização americana de saúde considerou o alcoolismo como doença, em 1977 a OMS (organização mundial saúde) considerou a dependência química como doença, dependência de outras substâncias que alteram uma ou mais funções no cérebro.Então 30 anos antes da medicina o A.A. entrou com a sabedoria popular, então ele é promovido de sem vergonha para doente, de

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marginal para doente, de louca para doente. Por que nós não podemos aproveitar essa promoção e agarrar isso de todas as formas para que a gente possa ter um outro direcionamento de vida?Porque a pergunta que se faz: onde foi que eu falhei para que acontecesse isso comigo? Onde foi que eu errei para que não pudesse controlar o álcool ou a droga? Aí começo a atribuir: bem não consigo controlar porque estão misturando alguma coisa na cachaça, não consegui controlar porque a droga não é pura.Na realidade é um processo orgânico, chamado tolerância, esse processo orgânico simboliza o seguinte: hoje para você obter determinado efeito você toma uma dose, amanhã para obter o mesmo efeito você tem que tomar duas doses, depois de amanhã três doses, isso é chamado de tolerância.No momento em que se instala a dependência a tendência dessa tolerância é de queda. Muitas vezes você vê isso no alcoólatra: ele está trêmulo de manhã, tomou uma... Passa a tremedeira, mas também fica ruim, chapado. Eu conheci pessoas que morreram de over-dose e que não chegaram a usar uma grama de cocaína.Então existe todo esse processo físico de tolerância, essa tolerância pode ser simbolizada por um pico ascendente de consumo e quando se instala a dependência, a tolerância vai caindo; pois da fase de uso inicial até a instalação da dependência existe o prazer físico, mas a partir do pico mais alto será só a manutenção da dependência, onde o D.Q. vai usar para não experimentar a síndrome de abstinência.E o que é síndrome de abstinência? É o desconforto causado pela ausência da droga/álcool, podendo variar de insônia, tremores, alucinações até morte neuronal.E se tratando de uma doença eu tenho que estar atento a questão da auto-estima, não houve falha nenhuma, não houve erro nenhum de minha parte e sim a predisposição orgânica em desenvolver a tolerância pela droga / álcool que culminou com a instalação da dependência. Esse processo é um processo seletivo. Existem estudos científicos que comprovam a existência de um componente genético nesse processo.Então para isso eu preciso voltar a acreditar num Deus, acreditar em mim, num Deus que eu digo seria um poder superior a nós, porque aí

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entram também os papéis que nós vivemos dentro da dependência. Nós vivemos um papel muito comum, nós não vivemos o papel de Deus, nós vivemos o papel de irmão de Deus, tanto o D.Q. quanto o familiar; o familiar "chega perto de Deus e bate no ombro de Deus e diz": Deus tira ele do meio daquelas companhias que está levando ele para o buraco; dando conselhos a Deus na cara dura, ou não? O dependente é a mesma coisa, chega perto de Deus e diz: Deus modifica minha mãe, meu pai, modifica fulano, Deus me ajuda arrumar dinheiro, eu estou sem dinheiro para pagar o bar, o traficante; sempre dando conselhos a Deus; tanto o DQ quanto o familiar. É esse o papel que nós temos que abandonar para podermos caminhar com nossas próprias pernas e aí entra o...A recuperação em 12 passos: Passo 3

  

O terceiro passo é um passo de decisão. Só que a partir de agora nós não podemos tomar uma decisão, somente uma decisão isolada, nós temos que tomar uma decisão em conjunto com uma ação, porque se não nós vamos ficar parados da mesma forma que nós estávamos há algum tempo atrás.Eu decidi um monte de coisas e não coloquei nada em prática, tanto o D.Q. quanto o familiar..., é aquela história: amanhã eu paro..., amanhã eu faço. Para aqueles que estão dentro da programação de A.A. / N.A., NARANON / ALANON, o terceiro passo é isso: tomar uma decisão é colocar em ação, aquilo que eu posso fazer hoje, eu faço, o que eu não posso eu vou colocar no meu arquivo e deixar para quando chegar o momento. O terceiro passo é uma forma fácil de trabalhar a ansiedade..., se deixar a ansiedade um pouquinho de lado para ver qual é a nossa realidade.A realidade do familiar é que ele tem um elemento / pessoa doente dentro de casa que precisa de ajuda, a realidade do familiar e que ela está tendo comportamentos que não são próprios de uma pessoa da idade dela e que ela familiar precisa de ajuda também. A realidade do dependente é que eu / ele precisa de ajuda, e nessa hora eu não posso escolher a cor da bóia, eu estou me afogando e não sei nadar. Se jogarem uma bóia branca em digo, não eu não quero a bóia branca, eu quero a amarela. Não é hora de escolher o tipo de ajuda

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que eu posso receber, eu tenho que me agarrar nessa ajuda de AA / NA.Esse tipo de procedimento, essa decisão juntamente com a ação traz de volta o direito de eu pensar o que é bom para mim e o que não é bom para mim; o que eu tenho condições de fazer agora e o que eu não tenho condições de fazer agora. Esse processo nós temos que começar a cultivar, nós temos que começar de alguma forma já colocar em pratica.Esse terceiro passo é o passo da estruturação, é o passo que eu preciso pensar aquilo que eu tenho para decidir, eu não posso decidir pelo impulso, eu não posso decidir pelo simples fato da birra; eu quero fazer e fim de papo; não saber nem porque quer fazer; é próprio de um comportamento infantilizado que muitas vezes o familiar tem e o dependente também tem; fazer birra chega ao ponto muitas vezes dessa birra se refletir dentro de salas de mútua ajuda: - onde já se viu o fulano ir com a camisa do São Paulo na reunião, se apegando a coisinhas tão pequenas somente para não se focalizar dentro da sua própria recuperação. É uma maneira delas se olharem no espelho de costas, ela quer se enxergar no espelho, mas vira as costas para o espelho, porque dentro da sala, dentro de um grupo de mútua ajuda é necessário que eu passe a olhar para as pessoas para que as pessoas percebam como é que eu estou me sentindo e eu possa também perceber de que forma que eu possa estar ajudando estas pessoas, para que isso também possa - essa decisão e ação possam ser cultivadas com mais facilidade eu preciso de um...A recuperação em 12 passos: Passo 4

  

Quarto passo: Honestidade.

Nessa honestidade nós temos que incluir aqui uma reavaliação de vida. Como está a minha vida hoje?Alguns já conhecem a famosa pizza em pedaços: o lado emocional, o lado de relacionamentos que é o lado espiritual dentro dos grupos anônimos, o lado familiar, o lado social e lazer, o lado físico e financeiro e o lado profissional ou escolar. Vejamos agora o quadro de alguém que está em equilíbrio: ele da atenção a todas as áreas da

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vida dele de forma proporcional, um pouquinho para cada divisão, é o quadro do ser perfeito, a pessoa perfeita faz isso. Mas como nós não somos perfeitos então qual é o nosso quadro? O lado emocional toma conta de 3/4 em detrimento da área profissional, familiar, social, lazer, física, financeira e a área do relacionamento.Vocês querem um exemplo de até aonde vai o nosso desequilíbrio emocional? É só notar quem tem cachorro pequeno em casa. Se o familiar estiver a ponto de estourar o cachorro fica quietinho, não dá um latido. Se o dependente chega a sua casa alcoolizado ou drogado, o cachorro é o primeiro a subir em cima da cama da dona ou sair de perto dele. Só nós próprios não percebemos isso.Então o lado emocional está em detrimento das outras áreas. Qual seria a proposta ideal? Que dentro de grupos nós procurássemos abrir esse leque para chegar próximo a aquele quadro ao quadro anterior da proporcionalidade.Quando a pessoa não quer uma recuperação, apenas quer aparecer ou fazer de um grupo ou de uma terapia um fato social: "estou em terapia", "estou participando de A.A. / N.A., NARANON / ALANON"; só colocando uma etiqueta no peito e dizendo isso, o que vai acontecer com ele? Recuperação não existe, mais vai existir a criação de uma outra área na vida dele: um vazio. Esse vazio é um vazio existencial, é um vazio que causa desmotivação, é um vazio que provoca um estado depressivo, ele não tem ânimo para nada, fica agressivo, comportamentos idênticos a aquele que está usando - inclusive o familiar. O familiar muitas vezes tem comportamentos mesquinhos (próprios de quem usa drogas): gritar fora de hora, brigar no supermercado, xingar no trânsito, esquecer o que ia fazer..., igualzinho a quem faz uso de álcool/droga, não tem diferença nenhuma.Por quê? Porque o familiar está se drogando com comportamentos, o familiar adora muitas vezes cutucar a onça com vara curta, criando certos tipos de provocação que é justamente para ela poder ficar / sentir-se um pouquinho acima do dependente, se achar um pouquinho acima: se eu puxar o tapete dele eu subo um degrauzinho. Isso é se drogar com emoções: brigar no supermercado, chutar o cachorro, xingar no trânsito, não saber esperar a fila de restaurante / banco. Estas coisas nós vamos perceber que estão dentro desse

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vazio. Quando falo desse vazio eu falo do nosso lado de desonestidade para conosco mesmos é que está funcionando.Então o quarto passo é um inventário moral, é você colocar tudo aquilo que você tem no passado para você se rever. Só que eu não sou só um amontoado de coisas negativas, eu tenho o meu positivo, para isso eu preciso também olhar nesse inventário, para que eu possa dar continuidade a aquilo de positivo que eu tenho..., aprimorar o que tenho de positivo, criar alças resistentes para que eu possa estar carregando um passado, do qual eu me jubile / orgulhe.Porque um passado de drogadição, um passado de interferência na vida do outro não é um passado de júbilo, é um passado de orgulho o qual muitos estão se orgulhando para poderem continuar o quadro da auto piedade.Para eu reconhecer todo esse processo, para que eu possa ter condições de estar me avaliando dentro desse processo de inventário, dessa história da minha vida eu preciso de um passo que é de humildade.A recuperação em 12 passos: Passo 5

  

O quinto passo diz:

Admitimos perante Deus e a outro ser humano a natureza exata de nossas falhas.

Será que eu em recuperação estou sabendo dizer: desculpe-me eu errei. Será que eu em recuperação estou dizendo: eu prejudiquei a alguém, você me desculpe eu te prejudiquei. Ou eu continuo ainda com o nariz empinado para não olhar para os meus pés todos sujos ainda por onde eu ando. Por que velhos caminhos levam a velhos lugares, velhas idéias levam a velhos comportamentos. Se eu ainda continuo tendo comportamentos de ativa, eu continuo andando pelos mesmos lugares.Isso também serve para o familiar. Se eu estou tendo o comportamento dele como usuário ativo, eu não estou me olhando no espelho, não estou conseguindo me enxergar, não estou conseguindo me ver em recuperação. Por que fica muito difícil para o familiar

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também, não só para o dependente, aí muito mais para o familiar, é o familiar acreditar que está tendo sucesso na vida. Em função dos anos que passou/viveu com o seu dependente ativo, hoje o familiar não acredita que está vivendo um momento de tranqüilidade, o familiar duvida. Isso o que é? É falta de humildade em reconhecer aquilo que de bom está acontecendo na própria vida. Falta de humildade em reconhecer junto aos outros, o que de negativo eu também já fiz, e se eu não tenho humildade suficiente para isso eu não posso conseguir identificar as mudanças que eu tive na minha vida. Como é que eu posso identificar a mudança se eu não tenho contato comigo?Então esse muitas vezes é o papel que faz o familiar. É muito mais fácil enxergar o outro, os defeitos do outro do que de si próprio. E daí o familiar se torna agressivo, antipático, inadequado, e quando vai encostar a cabeça no travesseiro ele diz: puxa vida... ... ..., outra vez eu briguei. É lógico! O familiar não está se olhando.A mesma coisa acontece com o dependente. O dependente muitas vezes com a intenção de agradar a alguém faz um inventário que é uma verdadeira historinha. Vai contar historinha para outro e esse outro ainda concorda: _ parabéns seu inventário está muito bom. Só que a verdade sobre a vida dele não foi relatada. A mesma coisa acontece com o familiar. Se alguém entra na casa de um familiar e tira um toca-fitas..., ele roubou. Mas como foi o meu filho, não... Ele pegou para trocar com droga. Que diferença faz? Eu fiquei sem o aparelho da mesma forma. É um roubo / furto que houve. Mas o familiar consegue enxergar isso?A mesma coisa acontece com dependente que não quer entrar em recuperação: é não reconhecer que prejudicou as pessoas, e de que forma prejudicou estas pessoas. É necessário que façamos um balanço de nossas vidas e tenhamos suficiente humildade em reconhecer as pessoas que prejudicamos. Isso inicialmente, em primeiro momento é difícil, por isso precisamos de assertividade.A recuperação em 12 passos: Passos 6 e 7

  

A assertividade de acertar de corrigir, de fazer o melhor.

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Se você olhar no dicionário verá que a assertividade é: a arte de agir com acerto. Até parece que fizeram essa definição para o dependente e para o familiar, porque acertar numa situação dessas é difícil.Quando o sexto e sétimo passos falam em defeitos de caráter e imperfeições nós temos que definir claramente o que é defeito de caráter e o que é imperfeição. Podemos definir que: segundo a oração da serenidade usada nos grupos a palavra coragem só aparece para modificar aquelas coisas que eu posso... Modificar as coisas minhas..., eu não posso modificar outra pessoa e, sabedoria para distinguir umas das outras, ou perceber a diferença. Que diferença eu preciso perceber? Aquilo que eu fiz e que foi movido pelo meu caráter e aquilo que eu fiz e que foi movido pela minha doença.Então o sexto passo fala sobre as imperfeições, o sétimo passo fala sobre os defeitos de caráter.

Se na época da ativa eu roubava e hoje eu continuo roubando, o fato de eu roubar faz parte do meu caráter. Se antes eu roubava e hoje eu não roubo mais, então faz parte da minha doença. Se antes eu mentia e hoje eu não minto mais, então a mentira faz parte da doença, não faz parte do meu caráter. Mas se hoje continuo mentindo, a mentira faz parte do meu caráter.A mesma coisa se aplica ao familiar. Se na época da ativa dele eu gritava a toa até com os vizinhos, com o papagaio, ou com quer que seja..., seu eu continuo gritando hoje e não estou em recuperação, então faz parte...? Não tenho mais motivos para estar gritando, então faz parte do meu caráter.Essa assertividade..., nós temos que deixar de sermos passivos ou agressivos. O assertivo ataca o problema. Ele não ataca a pessoa. E o que normalmente o familiar / DQ faz é atacar a pessoa e deixar o problema de lado.A recuperação dentro dos passos, ela exige dos dois lados, um trabalho efetivo, eu não posso trabalhar meus defeitos de caráter sem que eu me conheça, sem que eu me compare há algum tempo atrás, sem usar meu passado, mesmo que esse passado seja recente, mas que tenho que usá-lo. Porque eu não posso adivinhar um defeito de caráter que vou adquirir ou atuar amanhã. Eu não posso adivinhar uma imperfeição que eu possa criar amanhã. Para eu identificar isso

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eu tenho que me relacionar com o meu passado, (e o meu passado por ele ter um fato de preconceito, existe preconceito contra o usuário de drogas, existe preconceito para usuário de álcool, para com o familiar, a sociedade não aceita). Então fica difícil eu ter contato com esse passado, embora ele seja real, mas fica difícil para mim, porque para eu poder entrar em contato com esse passado em primeiro lugar eu preciso aceitar esse passado, ou admitir esse passado, que ele fez parte da minha vida.Eu preciso realmente buscar dentro dessa assertividade um aprimoramento do meu eu. Nessa assertividade entra uma coisa que é tão linda, tão bonita de se falar, não é? Não existe recuperação sem qualidade de vida! Onde entra a qualidade de vida? Ela entra nesses dois passos, é o início da recuperação com qualidade, porque parado de usar já estava, o que preciso é voltar um pouquinho no tempo e começar a se avaliar com qualidade, mesclando essa qualidade de vida no nosso dia-a-dia para que possa realmente desenvolver alguma coisa a mais na minha vida se não eu vou ficar parado.Se na época em que eu estava usando álcool / droga ou tinha o familiar na ativa, e eu parei, eu travei, e eu posso voltar a travar dentro desse processo de recuperação, onde não admito o meu passado, não consigo me ver nesse passado que eu vivi..., não consigo me ver como um personagem de um filme, que montei no meu passado.A recuperação em 12 passos: Passos 8 e 9

  

Dentro de uma sala de N.A. / A.A. alguém descobriu uma coisa que Deus não pode fazer, é coisa de adicto, mas é verdade: Mudar o nosso passado. Será que eu posso trabalhar em cima disso agora? Esse passado não vai ser mudado, ele vai continuar existindo. As pessoas vão continuar cobrando uma coisa que eu não fiz no passado, que eu vou ter que ouvir agora: porque eu não fiz. A manifestação da doença é sempre ativa, uma doença progressiva pode-se deter o uso, mas a doença não se detém, ela continua. Não existe um passe de mágica..., que diz assim: olha você hoje está

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curado, você não precisa mais vir aqui, pode ir embora. Não existe isso! O que existe dentro desse processo é justamente a aceitação que é o primeiro passo: Admiti que perdi o domínio sobre minha vida, aceitar o meu passado, para isso eu preciso em continuar essa recuperação, eu preciso-me auto-afirmar. Auto afirmação. Dentro dessa auto-afirmação muitos de nós se mantiveram no uso... ... : eu sou adicto mesmo, eu sou alcoólatra mesmo, tenho que beber se não eu morro, eu vou morrer mesmo então eu vou continuar usando. É uma forma de auto-afirmação. Falsa, mas é. Porque que agora eu não posso voltar essa auto-afirmação para algo positivo? Eu posso! Começar a me identificar com coisas positivas que aconteceram na minha vida, e estar lapidando isso, estar melhorando isso! Melhorar o meu relacionamento comigo, começar a me olhar no espelho, chegar à frente do espelho e dizer: eu te amo! Eu te adoro! Ah, vão chamar-me de louco..., mas já não chamaram tantas vezes! Porque agora que estou amando-me, estou mexendo com a minha auto-estima, eu vou ficar preocupado. Eu tenho que realmente buscar alguma coisa que está dentro de mim, à recuperação inicialmente está dentro de mim, o que eu posso estar conseguindo e melhorar este relacionamento que eu tenho comigo através do exemplo das pessoas, e usar uma outra frase que eu ouvi dentro de N.A.: o inteligente aprende com o exemplo dos outros. Por que nós temos que aprender só com o nosso próprio exemplo, dar nossas próprias cabeçadas? Por quê? Será que nós paramos no tempo e no espaço? Não! Essa nossa afirmação vem de encontro ao reconhecimento das pessoas a quem nós prejudicamos. Ter claro para nós o nome das pessoas e o que nós fizemos a elas. Essa é uma parte dos passos difícil de estar se fazendo porque o filme do passado tem que voltar a ser assistido, nós temos que voltar o nosso filminho aqui e lembrar uma agressão que eu provoquei na minha família, uma perda que eu provoquei. É difícil para nós? É. Mas como é que eu posso saber se uma roupa está totalmente limpa? É verificando parte por parte dessa peça, para ver se não tem sujeira. A mesma coisa dentro de nós. Não adianta estar limpo de drogas/álcool se eu não estou limpo no meu interior no meu procedimento, no meu comportamento. Continuo

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naquela história: Faça o que eu mando, mais não faça o que eu faço: chutando cachorro, mordendo corrente, julgando as pessoas, criticando companheiros, se colocando no lugar de irmão mais velho de Deus, se negando muitas vezes a proporcionar uma ajuda as pessoas. Na época da ativa nunca o dependente se preocupou em si próprio, consigo mesmo, alguém pedia ajuda estávamos sempre prontos para ajudar... A solidariedade era imensa... Porque que agora em recuperação eu não também usar essa imensidão de solidariedade! A mesma coisa acontece com o familiar. O familiar, para entrar na sala de NARANON /ALANON, ele primeiro olha de um lado, olha do outro, ninguém me viu..., vou entrar! Entra e fecha a porta. Com vergonha de receber ajuda, vergonha de oferecer ajuda. Acho importante nós voltamos um pouquinho e resgatarmos nossa identidade. Quem realmente sou eu? Sou mãe de um adicto? Sou esposa de alcoólatra? Sou um alcoólatra? Sou um adicto? Sou filho de um adicto / de um alcoólatra? Quem realmente sou eu? Eu só vou saber lidar comigo se eu souber quem sou eu. Caso contrário eu não vou ter sucesso nessa nova empreitada, se eu continuar fugindo de mim, eu vou ser tão solitário que até minha sombra vai ficar escondida de mim, até a sombra vai se mandar de mim. Se eu começo escolher o tipo de ajuda que eu tenho para receber eu vou ficar sozinho novamente, vou partir para o isolamento, vou partir para a onipotência, vou viver o papel de juiz e deixar de lado esses papéis que eu vivi até hoje - seja dependente ou seja familiar - papel de repressor, papel de delegado / juiz, papel de enfermeiro, papel de babá. Eu preciso começar a viver o meu próprio papel! Que papel eu estou vivendo na minha família? Se hoje eu tivesse que montar a minha família como ela seria? De que forma que eu posso hoje estar percebendo o meu papel dentro da família? O Deus que cada um tem que procurar é uma obrigação de cada um. Nós temos que encontrar um Deus. Não adianta querer cair fora... ... Nós temos que encontrar. Porque se eu tenho um problema hidráulico em casa, eu não vou chamar o advogado - vou chamar o encanador e vou dizer: olha estou entregando o problema para você. Se eu tenho um problema de construção eu vou entregar para a construtora e dizer olha está aqui entregue o problema da construção. Cada um

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tem o seu papel dentro da sociedade, agora se eu entrego a minha vida a um poder superior como descrito no terceiro passo, o que acontece? Eu estou deixando de viver o papel de Deus, isso inicialmente na teoria, porque muitas pessoas dizem: Eu entreguei para Deus. Mas chega um momento em que falam: Deus devolve-me aqui que eu vou fazer minhas palhaçadas novamente e depois eu te devolvo. Que papel que eu estou vivendo na minha família. Dentro desse processo da auto-afirmação entra o lado da escola, da aprendizagem. Alguns dizem: Ah, eu não tenho mais idade para isso. Mentira. O que eu não quero é sair fora de um comodismo, que muitas vezes a abstinência do meu ente querido trouxe. Se ele está em abstinência eu estou no céu. É a co-dependência: se ele está bem eu estou bem, mas se ele está mau eu estou mau. Esse processo, nós temos que começar a identificar. Hoje que tipo de vida eu estou tendo? A recuperação em 12 passos: Passos dez, onze e doze.

  

Para isso eu preciso desses últimos três passos. Que são os passos dez, onze e doze, e são passos de manutenção.Fazendo um levantamento dos 12 passos, temos os passos um, dois, três e quatro, esses quatro passos são só para mim... ... , eu não tenho mais ninguém, sou eu que tenho que decidir por eles. Temos o cinco, seis, sete, oito e nove, esses cincos passos é eu, com o meu passado.E temos os dez, onze e doze, os três últimos passos que sou o eu atual, aí tem um retrato do que eu sou hoje.Será que estou tendo um contato diariamente comigo para saber como é que foi o meu dia, com honestidade? Será que realmente estou entrando em contato com esse meu Poder Superior ou estou vivendo o papel desse Poder Superior que eu tenho, ou estou anulando esse Deus na minha vida? Esse poder superior pode muitas vezes ser seu psicólogo, ser seu psiquiatra, ser seu grupo de N.A. / A.A. etc... Não é aquele velhinho de barba, aquela imagem que cada um tem..., aquela imagem tradicional. O poder superior pode ser o

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grupo, pode ser um profissional, alguém que possa oferecer ajuda na hora em que eu preciso.Dentro desse processo dos três últimos passos, esse inventário diário, essa revisão diária é aquilo que a igreja católica, a algum tempo atrás chama de exame de consciência. O décimo primeiro passo é o contato consciente com Deus, é você se reavaliar como uma pessoa que pode errar..., que tem o direito de errar, mas tem por obrigação de assumir responsabilidade pelas conseqüências dos seus erros, que é uma coisa que muitas vezes a gente não assume.E o décimo segundo passo, o último passo que é levar a mensagem a aquele que ainda sofre. Muitas vezes eu vejo pessoas dentro de um caramujo que só saem para darem alfinetadas ou ir à reunião e dizer: eu já fiz a minha parte e fim de papo. E só. Não dá uma palavra que possa transmitir uma mensagem a aquele que está sofrendo. Só que ele se esquece que no momento de sofrimento dele alguém o ajudou..., alguém colocou a mão no seu ombro e disse boa noite..., força..., estamos juntos... Só isso já foi o bastante para que ele fosse ajudado.Uma outra coisa que eu não posso deixar de falar, é o trabalho dos comitês de serviços dos grupos anônimos, no dia em que muitos chegaram nesses grupos tinha alguém sentado atrás de uma mesa coordenando, alguém já tinha ido ao seu distrito / área / regional prestar contas do trabalho, alguém tinha ido já num hospital / instituição fazer algum tipo de trabalho, de ter ido a uma emissora rádio ou jornal. É necessário que eu assuma algum compromisso com o grupo, porque se não um dia esse grupo fecha, por não ter quem se sente atrás de uma mesa para coordenar uma reunião.Aí entra uma palavra mágica que muitas vezes foge do nosso coração, chama-se gratidão. É eles não fizeram nada mais que a obrigação. Na hora do sufoco eles tinham a obrigação, passou o sufoco não existe gratidão? Como é fica isso? Manipular pessoas como se manipula objetos e depois se descarta..., se joga fora? Que tipo de vida essa pessoa pode ter? Que tipo / estilo de vida essa pessoa está tendo.Nós buscamos a nossa recuperação dentro de um processo de ajuda mútua, os grupos simbolizam uma terapia de espelho, se eu não

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passei por isso alguém já passou, mas aquilo que alguém esta falando vai servir para alguém.Existem modelos de tratamentos que hoje estão espalhados no Brasil. No encontro de NA de dezembro de 1999 no Rio de Janeiro, mostrou-se o índice de sucesso em torno de 15% daqueles que chegam à sala e ficam por mais de dois anos. Nas salas de AA o índice é de 20%. E o que temos notado é que os métodos de tratamento que usam os 12 passos tem tido um sucesso maior. O índice de recuperação é bem maior do que aquelas metodologias que não adotam os 12 passos na recuperação do dependente e do familiar.

AQUELES DOZE PASSOS SEGUNDO OS VEJO

Pelo Reverendo Sam Shoemaker

"Houve homens da envergadura do Reverendo Sam Shoemaker cujos primeiros ensinamentos contribuíram muito na inspiração do Dr. Bob e na minha."Bill W. em "A.A. Atinge a Maioridade"Um dos meus mais apreciados pertences é um par de discos de ouro que mantenho permanentemente dentro do bolsinho, presos a uma corrente de meu relógio. Num deles está gravado: "Do grupo de AA. de Manhattam" e me foi obsequiado por Bill quando saí de Nova Iorque em 1952. No outro, está gravado: "Membro Honorário Perpétuo dos A. As. de Pittsburg", e me foi obsequiado quando saí daquela cidade em 1962. Estes discos marcam uma das mais felizes e privilegiadas amizades de que desfrutei. Acompanhei o início de A.A. sempre com interesse e, algumas vezes, com preocupação, que resultou infundada, depois de tudo o que aconteceu.Dou graças a Deus por A.A. e oro diariamente por seus líderes e seus membros.Uma de minhas mais cálidas recordações é a de uma jovem de São Luiz, que me disse: "Dr. Sam, pode ser que você não seja um alcoólico, mas, por Deus, fala como se o fosse".Sempre tenho estado interessado não apenas no que A.A. faz pelo alcoólico, mas também pelo que o programa pode significar para qualquer pessoa que lute com um problema real. E quem não? Há uma montanha de sabedoria e experiência acumulada nos Doze Passos. Podemos comparar os quarenta minutos de inspiração durante os quais estes Passes foram dados ao co-fundador de A.A. com o tempo durante o qual foram dadas as dez tábuas da Lei a Moisés no Monte Sinai.Muitos céticos dizem, com referência à inspiração de Moisés, "Oh, é umaacumulação de experiências anteriores; não surgiu de uma só vez.

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Desta maneira, não".Eu não duvido que as experiências acumuladas sejam verdade; mas, sei que há momentos de inspiração durante as quais certas pessoas têm conseguido recolher e registrar compêndios de verdades de uma forma que só se pode denominar de "inspiração". E a hora quando as forças do homem estão em seu mais alto nível e tensão e quando o espírito de DeUS revoluteia perto, concedendo inspiração. Eu duvido que os Doze Passas, que têm mudado o curso da existência de tantos milhares de vidas, tenham sido mero produto do discernimento e da observação humanos. Podem derramar bênçãos sobre qualquer pessoa, alcoólicas ou não, que ossiga com cuidado e se conserve fiel a eles. São morais, espiritual, psicológicae praticamente saudável.1. Admitimos que éramos impotentes perante o álcool. que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.A razão pela qual tanta gente em A.A. agradece ser alcoólica é porque osproblemas da vida e os fracassos para enfrentar a vida com êxito, se reduzem para eles no problema do álcool. Este problema é definitivo e específico. Isto é exatamente o que o Cristianismo tem ensinado desde seu começo, não somente em relação aos problemas com o alcoolismo, mas também com toda a gama de derrotas humanas; que os velhos clichês como aquele de "exercitar maior força de vontade", são decididamente impraticáveis, pois somos tão impotentes quanto a nós mesmos no que se refere ao temperamento, má língua, mau gênio, o hábito, a luxúria, o espírito crítico. É somente o orgulho e a falta de discernimento para conosco o que nos impede dizer, não obstante nossos problemas, que "nossas vidastornaram-se ingovernáveis". Este é o primeiro passo, não apenas para asobriedade, mas também para o auto-entendimento e o conhecimento de nossa vida.2. Viemos a acreditar que somente um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade."Viemos", como? Detendo-nos no meio do campo e chamando a um Poder ignoto? Lendo longos livros de filosofia ou teologia? Não! Vendo dezenas, talvez centenas e depois milhares de indivíduos, homens e mulheres, cujas vidas foram derrotadas e destroçadas (por sua vez causando destroços a outras pessoas) transformados em novos homens e mulheres. Cada uma destas vidas é uma espécie de milagre que não se pode explicar em termos puramente humanos. Os médicos, os psiquiatras e o clero, apesar do muito que tem colaborado com alguns alcoólicos, não tem tido a oportunidade de reportar tão elevado percentual de vitórias quanto A.A. Que sábio foi A.A. ao não intentar uma definição teológica demasiadamente específica! Uma definição demasiado aguda haveria ofendido a alguns e dissuadidoa outros; ninguém pode duvidar de um termo tão vago como um "Poder Superior a nós mesmos", forjado no crisol de leigos

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trabalhando entre si, e compartilhando suas experiências um com o outro.3. Decidimos colocar nossa vontade e nossas vidas aos cuidados de Deus, tal como O concebíamos.William James, em uma passagem clássica de sua obra "Variedades da Experiência Religiosa", dizia que a crise da auto-entrega foi sempre, e deve continuar sendo, como o ponto vital de partida da vida religiosa. Olhemos a vida de um santo, de qualquer servidor da humanidade, e encontraremos o momento, a hora, o dia em que ocorreu a crise. Alguém pode reunir por meses ou anos o material para uma decisão, e podemos postergar os efeitos de uma decisão por largos períodos de tempo, mas quando a decisão ocorre é repentina. É uma crise.Esta é a maneira veemente de dizer que toda experiência espiritual deve começar decisivamente se é que vai começar, não importa a maneira. Este é o segredo espiritual, grande e aberto, que tantos têm perdido. Todo mundo precisa aprender esta verdade. Eu fui um cristão apenas de nome durante dez anos, até que alguém me desafiou a entregar-me a Deus. Isto tem que ser feito mais de uma vez, conforme nos daremos conta; mas deve começar em algum lugar. A decisão nos põe em contato com Deus, de sorte que Ele possa agir. E assim como enroscar urna lâmpada o suficiente para que faça contato com o lugar de onde flui a corrente; porém esta decisão da vontade não é a corrente em si. A corrente é a força espiritual que flui quando clamamos a Deus e Ele nos responde.4. Sem nenhum temor, fizemos um inventário moral de nós mesmos.Não há no mundo coisa mais difícil do que encarar a si mesmo, tal qual alguém é.Voamos de um pecado a outro à medida que nos dão alcance, desculpando-nos a todo o momento de que nossas virtudes em outro campo compensam amplamente estas faltas. O que as pessoas necessitam, o que todos devem possuir, se é que hão de encontrar uma resposta, é simplesmente a vontade para fazer "um inventário moral e sem temor" de si mesmos.Algumas faltas são óbvias. Mas quando se trata de pecados espirituais como o orgulho, a falta de perdão, e o ressentimento, as suscetibilidades, e ainflexibilidade para seguir nossos caprichos não resulta tão óbvios pelo fato de que o dano que causam não é fácil de perceber. Os Dez Mandamentos servem de orientação, tal como o Sermão do Monta Precisamos sentar- nos com alguém que nos conheça e que seja honesto conosco, para pedir-lhe que nos faça um bom exame, já que a maioria de nós é horrivelmente míope e nos enganamos terrivelmente. Alguém pode também fazer urna "confissão formal" com um sacerdote na igreja sem inteirar realmente de seus problemas. O maior, o mais profundo e, às vezes, o mais sutil de todos será o ORGULHO de alguma forma, geralmente disfarçado de umavirtude. O alcoolismo poderia obrigar a alguém tal honestidade. Oxalá que com os demais e mais respeitáveis pecados ocorresse o mesmo!

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5. Admitimos ante Deus, ante nós mesmos e ante outro ser humano a natureza exata de nossas falhas.A prática da confissão é muito antiga, e é constante em algumas religiões.Suspeito que sua eficácia depende em parte da sinceridade com a qual se a faz, e se a pessoa que se confessa tem verdadeiramente a intenção de buscar novos horizontes e de ser diferente dali em diante. A verdadeira confissão não só purifica o passado com o perdão de Deus, mas também aspira um novo futuro. Em não sendo assim, é sem objetivo. A confissão de um leigo a outro é desaconselhada pela igreja como sendo demasiadamente perigosa, porém A.A. tem demonstrado sua eficácia no caso dos alcoólicos, já que não é possível desprezar certo grau de maturidade na pessoa que escuta, e discrição para guardar as confidências. Vamos admitir, isso se deve ao estado de desesperação.Todo sacerdote desejaria poder induzir a este grau de desesperação no comum das pessoas que fizeram frente a sua apatia espiritual e à necessidade que têm de fazer o mesmo tipo de "admissão" que para os alcoólicos é necessário. Este processo resulta sempre caro e doloroso. Suspeito que a razão pela qual é tão efetivo seja porque não é somente urna abertura para outro ser humano da "natureza exata de nessas faltas", mas também o jogar no chão o nosso orgulho ao permitir que outra pessoa conheça o profundo e desesperado de nossas necessidades. Os fingimentos desaparecem quando isso ocorre. É impossível seguir ocultando. Isso, e não somente os detalhes de nossas más ações, é o que nos leva onde possamos começar a ser diferentes.6. Prontificamo-nos a deixar que Deus eliminasse todos esses defeitos decaráter.Não é difícil sentir-se assim na manhã seguinte a uma noite de farra, porémsabemos que isso é remorso e não arrependimento produzido mais pela ressaca do que por um coração contrito. Quanto mais nos distanciamos do último excesso de álcool (ou do temperamento ou o que seja), nossas más ações são mais bem vistas, chamam mais a atenção. Estaremos nesta etapa "dispostos a deixar que Deus elimine esses defeitos de caráter?"Uma coisa é deixar para trás de si os problemas das más ações, mas outra muito diferente é abandonar as más ações. Creio que isso requer duas coisas: (1) uma visão real do muito melhor que será a vida nova em comparação com velha, fortificada com o que escutamos das pessoas que vivem nela; (2) ajuda real do Poder Superior, já que apenas a vontade não é capaz de sustentar esta atitude. É agradável sentir-se impelido pelo perigo e inferno da velha vida, mas devemos, ainda mais, ser animados pela visão constante de uma vida integrada sob os cuidados de Deus, vivendo nEle, por Ele e para Ele e para os nossos semelhantes.E por isso que o companheirismo é tão essencial, e porque é tão perigoso para qualquer um o pensamento de que pode receber um

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pouco de inspiração ou força espiritual e sair a desfrutar dela por si só. Somente Deus pode dar-nos esta nova mente e manter-nos nela. Todo mundo a necessita para discernir o bem do mal. É uma necessidade orar por este desejo fundamental para que Deus efetue a mudança em nós.

" AQUELES DOZE PASSOS SEGUNDO OS VEJO " - Rev. Sam Schoemaker - ( FINAL )

7. Humildemente rogamos a Deus que nos livrasse de nossos defeitos.Com muita freqüência, oramos pedindo "coisas" ou circunstâncias favoráveis, ou mil e uma coisas mais, que s egoístas por natureza! — E aqui onde a oração realmente se inicia, não onde termina — ao pedir a Deus que ME MODIFIQUE."Senhor, não sou nada. De mim nada obténs. São simples pedaços o que Te ofereço.Mas Te peço que os remendes. Entrego—Te o meu orgulho, a luxúria, a ansiedade, o medo e os ressentimentos. Por favor, toma-os, e a mim com eles". A oração pode ser deste estilo.Podemos fazê-la na tranqüilidade de nosso lar, ou de joelhos em nossa igreja, ou podemos fazê-lo quando oramos com outra pessoa. Deve haver uma finalidade definida ao realizá-la. Não podemos fazê-lo fingidamente. Até onde nos é possível, devemos ter a intenção de nos desfazer dos hábitos detestáveis. Temos aí novamente que a "força de vontade" simplesmente se amplia até assegurar nossa intenção; o ato de orar já em si mesma implica que é a Ele a quem imploramos. Os pecados se nos enredam dentro, como as raízes de certas árvores, e não se desenredam facilmente. Precisamos de ajuda, graça, que nos levante, uma grua divina. O mais assombroso é que tal oração é respondida se sinceramente desejamos que o seja. Nossas vontades formam urna parte tão necessária disto que quase parece como se nós o houvéssemos realizado. Porém a ajuda de Deus é ainda a parte mais necessária, pois estamos seguros de que sem Ele não teríamos conseguido. Aprendemos grandes verdades, já conhecidas de longo tempo, edescobertas amiudadamente, na medida em que começa nosso despertar espiritual.8. Fizemos uma relação de todas aquelas pessoas a quem havíamos ofendido e nos dispusemos a reparar os danos que lhes causamos.De certa maneira, é mais fácil prestar contas a Deus do que as outras pessoas.Ele entende tudo plenamente; podemos contar com o Seu perdão; Falamos com Ele praticamente de uma forma privada. Mas não é suficiente estar em paz com Ele; devemos também estar em paz com

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os homens.Recordo como se fosse hoje meu primeiro momento de convicção. Tinha que escrever uma carta a um membro de minha família, de quem eu guardava grande ressentimento. Era a primeira coisa a fazer após minha decisão.Como vemos, desejamos zerar, começar de novo, começar a viver nossas vidas desde o princípio. Este Passo exige uma definição completa, e VONTADE: "Fizemos uma relação" e "nos dispusemos". Quantas amizades rompidas e esfarrapadas se arrastam por anos e anos, sem se resolver, sem se curar, sem se remendar.Ninguém quer dar o salto de liberação e pronunciar destas duas palavras derenovação: "Sinto muito". Estamos dispostos a manifestar a Deus nossoarrependimento e nosso desejo de uma nova vida; mas não estamos dispostos a dizê-lo ao homem. Isto nos mantém atados em princípio e pode se converter em armadilha que jogue por terra o pouco progresso que tenhamos conseguido.A leis que governam as relações humanas são tão férreas como as que sustentam as estrelas em seus lugares. Tratemos de individualizar aquelas pessoas a quem causamos dano, e também àquelas que nos causaram. Não esqueçamos o velho adágio que diz que "É mais difícil perdoar àqueles a quem causamos dano do que àqueles que nos causaram". Disponhamo-nos a ir até eles com honestidade e humildade. E possível que isto seja a coisa mais difícil de nossa vida, mas será também das mais gratificantes. Devemos fazê-lo ao iniciar nossa nova vida. Teremos que fazê-lo, talvez bem amiudadamente nas etapas posteriores.9. Reparamos diretamente a quantos nos foi possível os danos que lhes havíamos causado, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-los ou a outros.Devemos estar dispostos a ser absolutamente honesto, mas uma "honestidade absoluta", indiscriminada, poderia provocar o vôo de muitos telhados e destruir por completo algumas relações humanas. Não devemos esconder nada por fraude ou por orgulho; mas talvez vejamos a necessidade de reter certas coisas por discrição ou por consideração para com o próximo. Tomemos como exemplo a infidelidade no matrimônio. Talvez, algumas vezes seja conveniente revelar à esposa ou ao esposo com toda sinceridade. Mas em outras ocasiões, corno no caso de alguém que sofra do coração, ou seja extremamente sensível ou fácil de enganar, "contar-lhe tudo" poderia ser considerado quase que como auto-indulgência para conosco. As pessoas as quais causamos danos podem já ter falecido, e, neste caso, orar a Deus para lhes faça conhecer nosso arrependimento será tudo quanto nos é possível fazer. Ou podem existir circunstâncias que ajudariam a endireitar as relações mas que se relacionem com pecados de outros a quem conhecemos. Isto seria admissível somente em raríssimas circunstâncias, pois há o risco da propagação da maldade e causa mais mal do quebem. Se com o objetivo de limpar nossas almas devemos causar

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danos à reputação de outra pessoa, esta prática é de resultados muito duvidosos.Aqueles que trabalham muito com as almas humanas — sacerdotes, psiquiatras e leigos como os A.As. — devem aprender os segredos dos lábios selados, ou nos exporemos a provocar danos e a ganharmos a mancha de mexeriqueiros e isso afastará a confiança das pessoas em relação a nós. Tais ações são como as dos fariseus, que revelam uma aparência boa e correta. Algumas vezes, tais ações são corno as do Pródigo reformado — e não há nada pior que a fúria de um filho Pródigo que tenha se convertido em fariseu. Aquilo que nos é revelado sob reserva, deve ser mantido sob reserva até que a pessoa implicada nos autorize que revelemos.10. Continuamos fazendo nosso inventário pessoal e quando errávamos o admitíamos imediatamente.Dos Doze Passos, este é um dos mais duros. Muitos de nós nos entusiasmamos ante a idéia de ser completamente honestos com Deus, conosco e com alguém, por princípio. Isto sinaliza a sabedoria de prosseguir com esta atitude pelo resto do caminho. Gostamos de pensar que já vencemos esta etapa, e que progredimos em nossa rota, e nenhum de nós pensa em contorná-la. Quando buscamos a ajuda de Deus e sua direção com relação a certos problemas, sabemos que primeiro devemos estar abertos à convicção da existência de pecado — e imediatamente de suacorreção. Isto é parte do que mantém todo este Passo viçoso, contemporâneo e vivo.Estou convencido de que o orgulho é o pecado-raiz. É não somente na teologia moral, o primeiro dos sete pecados capitais, mas, também, intenso, o mais sério de todos, como se estivesse à parte e fosse de uma qualidade diferente. O orgulho se oculta dentro de nossos triunfos espirituais. Insinua-se em todos os nossos conseguimentos, em todos os nossos êxitos, mesmo quando os atribuímos a Deus, a menos que nos mantenhamos alertas para encarar-nos de novo e redirecionarmos as coisas quando se desviem.11. Buscamos através da oração e da meditação melhorar nosso contato consciente com Deus, tal como O concebíamos, pedindo-Lhe somente que permitisse conhecermos sua vontade e nos concedesse força para aceitá-la. -Quando observamos a luz da aurora na conquista de problemas tão claros como o álcool — ou.o medo, ou o ressentimento, ou o orgulho — e nos damos conta de que pelo menos estamos obtendo algum progresso, precisamos de um grande propósito e motivação sobre os quais iremos centralizar nosso crescimento. A oração, amiúde compreendemos, não é pedir a Deus algo que desejamos: É, em verdade, pedir a Ele algo que Ele necessita. A melhor de todas as orações é "Senhor, que queres Tuque eu faça? (Atos 22:10)". A oração não busca modificar a vontade de Deus, mas encontrá-la.12. Tendo experimentado um despertar espiritual como resultado destes Passos, procuramos levar esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todos os nossos atos.

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Este princípio se aplica a todos aqueles que sentiram a grande experiência que se vive antes e depois do renascimento espiritual. Duas coisas se obtêm do Décimo Segundo Passo: o espargimento do despertar para outros, e o enraizar e a continuação do despertar em nós. Este é, asseguro, o segredo dos Doze Apóstolos e dos primeiros Discípulos Cristãos. J.B. Philips disse que eles se dedicavam ao seu propósito principal de atrair fiéis para Deus através de Cristo, e "não se permitiam desfrutar de fascinantes rotas laterais". Eu diria, sem vacilar, que o êxito de A.A. se estriba na disposição de seus membros para esgotar qualquer extremo ao irem em socorro de outros alcoólicos, e quando tal disposição se esfria, já é um sinal de perigo.Há um velho dito que ainda hoje contém seu germe de verdade espiritual: `Sai de ti, chega ao íntimo de Deus e de teus semelhantes." Nisto há verdade e saúde espiritual. Temos tido que nos examinar profundamente, investigar, cavar, lutar, e num certo sentido isto não pode ser interrompido. Mas é tempo de começarmos a olhar para fora, distante, a preocupar-nos com as pessoas, com as causas, a preocupar-nos com a comunidade e com um mundo mais amplo. Aqui está o segredo do crescimento e da propagação, não apenas para os alcoólicos, mas para todo o mundo.Digo rotineiramente, e continuarei a dizer, que os Doze Passos são o granderesumo da verdade espiritual que a história conhece Possuem relevância quase universal, e não relevância apenas para os alcoólicos. Ensinaram o caminho que devem seguir muitas pessoas que sequer sabem que existe o alcoolismo. Marcaram o caminho para aqueles que o conheceram e o perderam. Graças a Deus pelos Doze Passos, e por aquele homem suficientemente inteligente e aberto a Deus e à observação da experiência humana, para perceber estas verdades e propagá-las pelo mundo todo.

Tradução: Edson H.

PRIMEIRO  PASSO :-“ Admitimos  que  éramos  Impotentes perante  o álcool- que  tínhamos  perdido  o  domínio  sobre  nossas  vidas”.   “ Rendo  hoje  graças  ao  meu  Deus por  mais  um dia  de Sobriedade . è  bom  ser  membro  de A.A. ..è melhor  ainda  ser  e  ter  companheiros (as) em A.A. . È  Bom  poder  mostrar  caminhos ;é  melhor  ainda percorrer  caminhos  seguros  e  pontados a  mim pelo  meu  companheiro .   E é sentado  frente ao  papel e  caneta  na mão  , que  tento  lembrar (como  possível  esquecer  ),

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 os  inúmeros  descaminhos  percorridos  antes eu  pudesse  sem medo  , olhar  para frente , ou melhor ,para  o dia  que tenho  á minha  frente .   E ontem  eu  vivia o infortúnio  do  alcoolismo  ativo  , sem eira  nem  beira , sofrendo  e  fazendo  sofrer , morrendo  e fazendo  morrer .   Admitir  que  era  Impotente  perante o álcool era  muito  para  mim , mas  os  fatos  ali  estavam , o  tempo todo , estarrecendo  os  meus  olhos .  E  aí  se pensa :ou  se  vive  ou  se  morre , e  eu  sabia que  continuar  bebendo  seria  morrer  .   Apesar de  toda  aquela  corrente me  arrastando  , eu  precisava e queria , desesperadamente , chegar  á superfície , poder  olhar  o  mundo  ,  a vida , sem  aquela  eterna  névoa  a  me separar  de  tudo . Era  como  a vida acontecesse  lá  fora  , lá  fora  de  mim .   Até que  o  resto  da  força  se  esvai , toda   Auto-confianç a desaparece  e  todo  desgraçado “ ORGULHO”, e  aí  se  pensa : ou  se Vive  ou  se  morre ...   .E  para  meu  maior  espanto  , como  Fênix , o  pássaro  ressurgido  das  cinzas  , eu  resolvi  a  viver .   E hoje , rendo  graças  ao  meu Poder  Superior  por  aquela  decisão  de viver , apesar de  todo  pavor  que a idéia  me trazia.    Viver era  me   mostrar  ao  mundo  , era  me  descortinar  para  a  vida  e  para  as  verdadeiras  sensações .   E é  claro  que , como  toda  criança  ensaiando  seus  primeiros  passos  , me  senti  inseguro , e  com  medo  de cair e, que  bom , precisando  e ansiando  por  toda  ajuda  que  pudessem  me  dispensar .   Pela  primeira  vez  , que  eu  me  lembre  , me  sentí  confortável com  a dependência da  ajuda  do  ‘OUTRO’. Afinal  , meu  semelhante  me  pareceu  tão  distante , tão  diferente !   Mas  meu  semelhante alcoólatra  era também  meu companheiro  em A.A. . Ombro  forte  e  amigo  que  me  era  emprestado  a  cada  dia  da  minha  jornada , até  que  me  sentisse  forte o bastante  para  tentar  caminhar  sozinho .  

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Não  tão  sozinho que o comprimento  do  meu  braço  ou  da  minha  vontade não  pudesse alcançá-lo.   Autor : Lindolpho- Um amigo  de jornada ,!

Autor: Lindolpho   SEGUNDO  PASSO  “ Viemos  a  acreditar  que  um  PODER  SUPERIOR  a  nós  mesmos  poderia  devolver-nos  á  Sanidade”   “Quando  comecei  a  falar  em Deus  e  sobretudo  a  acreditar  em  sua  existência  não  consigo  me lembrar  , mas  reconheço  que  sem  sua  força  e Sua  Luz  nada  teria  conseguido .         Como  todo  alcoólatra  ou  grande parte  dos  alcoólatras , já  havia  experimentado  em  minha vida  a religiosidade  e  momentos  de  crença  em  DEUS . Mas , igualmente , igual  como todo alcoólatra  ou  quase  todo alcoólatra , eu  não  possuía  mais  quaisquer  resquício  de  Fé  que  pudesse  alimentar  o meu  soerguimento  como  homem . Meu  desdém  por  Deus  era  enorme . Talvéz  este  tal  Deus  fosse muito  bonzinho  para  os  outros , não  para  mim . Afinal  onde  estava ? A Quem estaria  atendendo  durante  tanto tempo que havia  se esquecido  de  mim ? Onde  andaria  aquele  Deus  de  justiça , o Deus  da  minha  catequese  , sempre  tão  misericordioso ? Eu  morria aos poucos ,  envergonhado  de  mim  e  ELE não  dava nem sinal  de se  preocupar  comigo ! Quantas  vezes  , me  lembrando  do  Filho de Deus  , do Cristo  amigo  da  minha adolescência , clamei por  sua  Misericórdia antes de sorver  o  Primeiro  Gole  do  Dia.? Em A.A. não  precisei  que  me apontassem  um DEUS  e nem  mesmo  pretenderam  faze-lo .Precisei  que  me apontasse  meu  irmão  alcoólico , “ontem  tão sofrido  e  hoje  tão cheio  de  esperança  e  confiança” neste   mesmo  Deus  que  por  tanto  tempo  recusei  , negligenciei e  neguei . E  então aprendí  , compartilhando  minha  nova  Vida  com  meus  comps.(as) uma das  mais  lindas verdades  que  podemos encontrar  em  nossa  Literatura : “ Nenhum  homem poderia  acreditar  em DEUS e desafia-lo  ao  mesmo  tempo .A  Crença  significava  a  Confiança  e não  o Desafio.”  E  confiei  em DEUS .Confiei  e  confio que , permanecendo  com ELE , pouco  a  pouco  vai  restabelecendo  a  Minha Sanidade . É como  se  fosse  a  restauração  de  uma  velha  imagem  ou  de  um  Livro carcomido  pela  traça. ESTE  trabalho , puramente artesanal , de  volta  á Sanidade, poderá  tomar  o  restante  de  minha Vida , mas  pouco  me Importa . Esta Restauração  constitui  hoje  o  grande  trabalho  e  a  grande alegria  também  para  o  resto  de  minha  Vida .

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Continuo  acreditando  em Meu  Grupo de AA. e  na  força  que  vem  de  meu  companheiro , mas  sobretudo  na  força  De Um PODER  SUPERIOR  agindo  sobre  cada  Um de nós , desde que  queiramos  e estejamos  prontos  para  isso.”

  TEMA  : TERCEIRO  PASSO : “ DECIDIMOS  ENTREGAR NOSSA  VONTADE  E  NOSSA  VIDA  AOS  CUIDADOS  DE DEUS , NA FORMA  EM  QUE  O  CONCEBÌAMOS ”   “Como  alcançar,  no Alcoolismo  ativo,  toda  a  maravilha  de  pretender  viver  segundo  a  vontade  de DEUS ? Como  poderia  me  refestelar , sem  medo  algum , e estar  à  mercê  de  Seus  Cuidados  ? Na  verdade  esta  ainda  é  minha  busca  de  Hoje : a confiança  plena  em  Deus  e,  sobretudo  a crença  de  que  se eu  me  dispuser á  entrega  de  minha VIDA  , Nada  será  mais  Tranqüilo e  Sereno .  Acabar-se-ão  as  inquietudes , a  aflição  e  o  medo  do  porvir  e  as  horas  de hoje  já  não  pesarão , pois  estarei   na dependência  da  Vontade  de DEUS . SEI  que  nada  conseguirei  se  não   tentar  crescer neste ponto . Tenho   aprendido  que  a  dependência  de  Deus  , antes  de me  fazer  medroso  ou  diminuto aos  olhos  do  mundo , só  me trará  a  verdadeira  “Liberdade  e Independência”.  Sinto , hoje , que  em meu  tímido  começo  de  entrega , uma  nesga  de  Paz  já  consigo  entrever  e,  se  não  consigo   rasgar   este  Véu  que  vai  provocar  o  derradeiro  encontro  com   a  serenidade , é  porque  mal   começo  a engatinhar  nesta  busca .  È  preciso  que  eu  não   desanime  nunca  e  que  o  esforço  pessoal   para  me  harmonizar  com  a  vontade  de  meu   PAI seja  constantemente  Renovado . AS  vezes  chego a  pensar  e  até  mesmo  admitir  que  Deus  deve  estar  de   “Saco Cheio”  de  mim , pois  reconhecendo  a  SUA  Força , a   Sua Misericórdia  e  o  Seu  Amor  , procuro  fazer  d’ ELE o  um  amigo  mais  próximo  e  mais  Intimo , meu  guia  e  conselheiro  sempre  que  caminhos  se  cruzam  perante  mim . E  são  tantas as  indecisões ! E  sempre  que  tento  resistir  á  vontade  de  arrojar-me  a  Seus  pés , sempre  que  meus  objetivos  de homem  mesquinho  ameaçam  tirar-me  o  Bom –Senso  de  entregar  minha  Vida e  Minha  Vontade  aos  seus  cuidados  , elevo  aos  Céus  uma  prece  pelo  meu  crescimento  e  pela  restauração  de minha  Fé :               *  “ Deus , ofereço-me  a  Ti    para que  trabalhes em  mim  e  faças  comigo  o  que  desejares . Liberta-me  da  escravidão  do  Ego , para   que  eu  possa realizar   melhor  a  Tua  Vontade . Remove  as minhas  dificuldades, para  que  a  vitória  sobre  elas  dê  testemunho, junto daqueles  a  quem  ajudarei  , do  Teu   Poder , de  Teu  Amor e  Teu   Modo  de Vida.  Possa  eu sempre  Realizar   a  Tua   Vontade” ! OBS: *  Estas  últimas  palavras  inseridas  pelo  Companheiro  São  citadas  POR  BILL , NO  Livro  AZUL Págs. 83 e 84

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QUARTO  PASSO :- “ Fizemos Minucioso e Destemido Inventário Moral   de nós  mesmos .”   “Antes  de  Abordar  o Quarto  Passo propriamente  dito  . preciso  dizer  que , tive  de admitir  e aceitar  a  minha  Impotência  pessoal , perante  o álcool , e  admitir  a  minha  incapacidade  em direcionar  a  minha Vida . Tive  também  que  readquirir  a  minha  condição  de  Crer , de Confiar  , ou  seja , de  acreditar  , isto  é  , de  ter  Fé . Como  concluí que   como  me  encontrava   irremediavelmente  perdido , e  que  não  dispunha  de  condições de  Sanidade  para  coordenar  minha  VIDA  ; a entreguei  a  Deus, como  Entendo , e também   a  minha  Vontade  , para  que  Deus  as  coordenasse , enquanto  não  pudesse  fazer  a  minha  parte . Ao  buscar  as  determinações  do  Quarto  Passo , iniciei  a  feitura  da  minha   parte  , fazendo  uma  análise   corajosa  e  honesta  do  meu  passado , incluindo  o  período  anterior  ao  alcoolismo  ativo  , e  um exame  meticuloso  do  meu  modo  de  Pensar  , dos  meus  Sentimentos   e  das  minhas  Emoções , buscando  assim , tomar  conhecimento  do  que  eu  era  , ou  melhor , Saber quem eu  era , o  que  estava  errado  a fim  de  reformular-me , com a  finalidade  de  almejar  um  aperfeiçoamento  , no  sentido  de  alcançar  aquilo  que   eu  desejava   ser . AO  viajar  mentalmente  pelo  meu  passado  e  pelo  meu  Interior , pude  detectar  e  relacionar  as  minhas  falhas de  personalidade , que  me  impediam  de  ser  feliz  , e  que  constituíam  em  grandes  obstáculos   na  busca   do  aperfeiçoamento  , ou  reformulação  do  caráter , Constatei   nesta  busca   de  saber  quem   eu  era  , o caos de  indisciplina   dos  meus  Instintos  Naturais , ou  Dons  que  Deus  me  concedeu  para  atingir   o  Objetivo  da  VIDA . PERCEBÌ   que   os  Instintos   distorcidos  de  sua  finalidade  pelo  alcoolismo  , representados   por  Pensamentos , Sentimentos  e  Emoções  degeneradas  , teimavam  em  dirigir  a  minha  Vida e  os  meus   desejos . ERA   necessário  e  desejoso  , detectar   as distorções  de  Personalidade , a  fim que  pudessem  ser  trabalhadas  e  corrigidas. FIZ  uma  longa  relação  destas  distorções  representadas  pelos  Sentimentos  de  Orgulho, de Vaidade , mania  de Grandeza , Egoísmo , Medo  , Frustração , Depressão , Rancor  , Inveja , Vingança , Pensamentos Negativos e  Indignos , Auto-piedade  Etc. OUSO   afirmar  que  meus  instintos  Deturpados  ,tem impulsionado  e  dirigido  a  minha  Vida , e  que eles  desenfreados  como  estavam hoje , vejo , que  se  constituíram   na  causa  básica  de  minhas  bebedeiras   destrutivas , e  hoje , ainda  são  a  causa   básica  das  minhas  bebedeiras  secaS . HOJE   posso   afirmar  , sem  receio   de  errar  que , um  dos  meus  grandes  erros   tem  sido  querer  e  encobrir  esquecer  e  encobrir 

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as  minhas  falhas  as  minhas   falhas  , incluindo  meus  desentendimentos   com  outras  pessoas . Julgava  que   os  erros  do  Passado  , deveriam  ser  conservados  , como  Segredo de   minha   VIDA . VEJO  , que , assim  como  todas  as  pessoas  que  me  rodeavam  percebiam  o  meu  “alcoolismo”, e  somente  Eu  não  percebia ;ASSIM , também  ocorre  com   meus  defeitos  de Personalidade ; VEJO   com  facilidade  o  Defeito  de  meus  companheiros e,  continuo  cego  diante  dos  meus  , preferindo  encobri-los  através  do  artifício das   auto-justificações , “DESCULPAS”em  que  me  tornei  um “ Expert” . Percebí  que  enquanto  não  me  dispor  a  identificar  e  aceitar   meus  erros , da  mesma   forma  que   fiz  em  relação   ao  meu  alcoolismo , continuarei   sujeito  ao  desequilíbrio  Emocional  , e  até  mesmo ao  uso  da  bebida  alcoólica . NOTO  claramente  que  o  meu  desequilíbrio , demonstrado   por    meios  de Sentimentos   de  Preocupação  constante  , Depressão  , Vingança , auto-piedade , Medo  e  Ira ou  Raiva  Incontrolável , continuam  ainda   governando  a  minha  Vida  , e  me  tornando   vulnerável ao  uso  do  álcool . OBSERVO  que  somente   usando   de  toda  a  minha  Honestidade  possível   comigo  mesmo  , como  eu  fiz  com  relação  de  Impotência  pessoal   perante  ao  álcool , e  seguindo  as  orientações  do  Quarto  Passo , poderei  caminhar  para  a Compreensão de Quem e  o Que  EU  SOU Afinal . ESTE   Inventário  Realista  me  abre  as  portas   para  outros  os Passos , e  me  levam   em  direção  à  verdadeira  libertação   e  a  um  tipo   de Vida  inteiramente  novo  , e  que   nos  oferece  , muita  Paz  de  espírito , que  representa  um  estado  de  Sanidade  , conhecido como   SOBRIEDADE ! .                          Fraternalmente,                                                    lúcio   DICIONÀRIO :-1-Personalidade =caráter  próprio  e  exclusivo  de uma  Pessoa; individualidade  consciente . 2-PERSERVERAR= PERSISTIR 3-Distorcidos = alterados, deformados 4-Degeneradas= corrompidas, degradadas , depravadas . 5-Desenfreados = desgovernado  , descomedido , arrebatado . 6-Expert := cobra , perito no assunto 

Título :-  Quinto  Passo    “Admitimos , perante DEUS , Perante nós mesmos e Perante outro ser humano ,a natureza exata de nossas falhas”.   “Com relação escrita dos meus Defeitos de Caráter , que mais me incomodavam , encarei os Desafios do  QUINTO PASSO –a orientação de admitir , perante

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 DEUS , perante a mim mesmo e perante outro semelhante , a natureza exata de minhas Falhas” .   “ ESTA Orientação me exige a Coragem para Modificar  as Coisas que eu posso. NO entanto, eu não tinha essa  Coragem que Significava uma Humildade que eu nunca  possuí ., pois além de Admitir para mim mesmo os  meus Defeitos , ( principalmente aqueles que  eu tenho  tentado Esconder ), eu teria que admiti-los perante ao meu PODER SUPERIOR  e á  um outro ser Humano ,   em uma Reunião onde estivesse somente os TRÊS”.   “ A minha Relutância ,alicerçada ao meu Orgulho invencível  e no Medo que esse Diálogo franco a meu respeito me provocava , fez com que eu pensasse muito  tempo . Mas sem dúvida ,o Orgulho e o  Medo eram  apenas da minha Mente distorcida”   “Foi neste Passo que percebí que já conseguia desenvolver a Qualidade Da Honestidade comigo ,  e com DEUS , pois estava conseguindo usar de Honestidade com meu Semelhante” .   “Foi no exercício deste Passo que me livrei da terrível  sensação de isolamento que sempre me colocara”. “Foi também  através deste Passo que tive a sensação que Poderia ser Perdoado , não Importando o que havia  Pensado ou feito . Descobri que outra grande dádiva , que poderemos  esperar por confiar nossos Defeitos a outro ser Humano  , é a Humildade .Maior realismo e, portanto , mais Honestidade a nosso  respeito , são o nosso grande e positivo resultado sobre  a influência  do Quinto Passo.”. “ Necessitamos escolher um Padrinho , e este deve ser  uma pessoa ostentando um certo grau de  Recuperação .e de Dignidade ., e uma pessoa com  a qual nós nos identificamos e confiamos , admitindo  sermos observados e orientados , a fim de sabermos a verdade a nosso respeito e admiti-la” . Desde  o momento em que passamos a não esconder mais nada ,  uma 'Sensação de Alívio nos invade' , e aumenta a cada  minuto . As emoções , reprimidas durante  anos saem  de sua clausura e milagrosamente desaparecem ao  serem exteriorizadas . “A medida que a Dor  diminui , é substituída por uma tranqüilidade BALSÂMICA”.È preciso ter muita  Prudência na escolha de nosso receptor ,pois é possível  que seja necessário Compartilhar com essa Pessoa , fatos a nosso respeito que ninguém deva saber”.

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Foi através deste Quinto PASSO ,que  muitos de nós  pela 1ªvez sentimos a presença de DEUS . Tendo relacionado todos os Problemas ou Defeitos Que Julgava possuir ,  discutido exaustivamente sobre eles com meu receptor ,  “padrinho”  e os admitimos também perante ao meu PODER SUPERIOR , creio ter me preparado para  me  dispor  a iniciar a prática do SEXTO PASSO”.

SEXTO  PASSO :-“ Prontificamo- nos  inteiramente a deixar que Deus removesse todos  esses defeitos  de caráter”. Autor: L. Carlos   “Assim como  me  foi  removido  aquela  mui  obstinada  obsessão  pelo  álcool , assim  também  poderá  acontecer  com  relação  aos  meus  defeitos  de caráter . A  expressão  “ Prontificamos  inteiramente”, para mim  quer  dizer  (dispor  totalmente ), fazer  minha parte . Percebo que  a  obsessão  pelo álcool , me  foi  tirada , pelo  fato  de  ter  feito  a  minha  parte , ou seja , ter  Evitado  o Primeiro Gole,  ter assistido reuniões  assiduamente , ter  Admitido  a minha  Impotência   Pessoal , uma  Derrota  Completa , uma  falência  Total , a minha  impossibilidade  de  fazer  isto  sozinho , ter  pedido  a  DEUS , ter  pedido  a Deus , para  fazer  isto  por mim , em  virtude  da  minha  incapacidade ,e  Ele, fez   isso  por  mim ; removeu  a  minha  obsessão pelo álcool . Assim  , como  isto  se  sucedeu  com  relação  à  minha  obsessão ,  tenho  certeza , sucederá  também  em  relação  à  remoção dos  meus  defeitos  de  caráter , mas  para  que  isto  suceda , cabe  a  mim  pedir  a  Deus , detectar  esses  defeitos  , admiti-los , discuti-los  com  uma  terceira  pessoa , e  principalmente  desejar  ver-me  livre  deles , visto  serem  eles  a  causa  que  me  impede  de  caminhar  na  direção  da  perfeição , que  me  permitirá  tornar-me  adulto  espiritualmente , isto é , tornar-me à  imagem  e  semelhança  de  Deus . Infelizmente , ainda  noto  uma  certa  resistência  de  minha  parte , em  ficar  livre , melhor  dizendo , desejar-me livrar-me  de algum  dos  meus  defeitos . Esta   relutância  tem  se constituído  em  um grande obstáculo  , ao   meu  objetivo  de  ser  feliz , ter  paz  , tranqüilidade  e  poder  desfrutar  de  um  estado  de inteira  Sobriedade . Percebo  que nunca  devo  dizer  , que  esse  ou  aquele  defeito , eu  jamais  renunciarei , ou  eu  não  penso  em renunciar .Precisaremos  nos  munir  de  disposição  e cooperarmos com  Deus , nessa  tarefa, que  é  muito nossa , visto  sermos  os  maiores  beneficiados . Precisamos  fazer   uma  nova  tentativa  no  sentido  de  limparmos  a  mente  dos  preconceitos . Precisamos  erguer 

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nossos  olhos em  direção  à  perfeição , e  estarmos  prontos para  caminhar  nessa  direção  . O  Sexto  Passo  nos  impele   a   cooperarmos  com  Deus  nesta  missão . Qualquer   negligência   de   nossa   parte  , será   uma   atitude  de  desonestidade , de auto-justificativa  em   enganarmo-nos  . Estas atitudes precisam  ser  eliminadas . Precisamos  enfrentar  os  nossos  defeitos  de  caráter  e  tomar  medidas para  remove-los  o  mais  rápido  possível . No  momento  em  que dizemos : “Não , nunca , jamais”,  nossa  mente  se  fecha  para  a   graça  de  Deus  , e  assim  ficaremos  privados  da  sua  providencial  ajuda . A  demora  em  tentarmos  exercitar  esse  Passo  é  perigosa , e a  rebelião  em  não  tentarmos  , pode  nos  ser  fatal .  Este  é o ponto exato  em  que  teremos   de  abandonar  os  nossos  objetivos  materiais  e  avançarmos  em  direção  à   vontade  de  Deus  para   conosco” .

OBS:_ Este  trabalho  aborda  o Oitavo , Nono e Décimo Passo )   Oitavo  Passo : “ Fizemos  uma  relação  de  todas as pessoas  a quem  tínhamos  prejudicado  e  nos  dispusemos  a  reparar  os  danos  a ela  causados” .   Nono  Passo :_ “ Fizemos  Reparações  Diretas  dos danos  causados  a tais  pessoas  , sempre  que  possível , salvo  quando  faze-lo  significassem prejudica-las  ou  a outrem”.   Fortalecer  , o  relacionamento  interpessoal  sempre  foi  a  minha  preocupação  após  a  minha  parada  com  a  bebida  alcoólica . Esta  parece  ser  a  idéia  central  do  Oitavo  e Nono  Passos .   A dificuldade  em  trilhar  o caminho  acima exposto  se  prendia  ao  fato  de que , durante  muitos  anos  de  minha  Vida  Alcoólica , atribuí   um  valor  elevado  a  minha  pessoa , me colocando  quase  sempre  no  centro  das atenções , dificultando  com  isto  , a  aproximação  voluntária  das  pessoas  ao  meu  redor . Embora  não  tenha  sido  fácil  a  volta  da convivência  em  grupo , mesmo  depois  de  ter  conhecimento  das  pessoas  a  quem  eu  havia  prejudicado , o  mais  difícil  porém  foi  a  ciência  da  forma  como  prejudiquei  a  tais  pessoas  , acarretando  uma  lembrança  muito  dolorosa  , dor  que  na  maioria  das  vezes  me empurrava  na  direção  de  apressar  um  pedido  de perdão  dos danos  causados . O  Conhecimento  de nós  mesmos  através  de análise das deficiências  existentes  , em  virtude  dos  males  causados

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ás  pessoas  com quem  convivíamos , foi  fundamental  pra que  pudesse  tomar  atitudes  visando  adquirir  o  perdão  daquelas  pessoas  as   quais  causei  mal . Ao  listarmos   todas  as  pessoas  q  quem  havíamos  prejudicado  , precisamos   ter  a compreensão  de  que , embora  completa , esta  lista  pode  ser  acrescida  no  decorrer  do tempo , pois  estamos  relacionando  pessoas  prejudicadas  que  estão  no consciente , e  a  recuperação , através  de Os  Doze  Passos , vai  criando  uma  espécie  de canal  entre  o consciente inconsciente  e o consciente  humanos , fazendo  desembocar  neste último , fatos  relativos  a danos  causados  as pessoas  , mostrando  assim , que  o  exercício  do Oitavo  Passo  será  uma ação  cotidiana  enquanto  procurarmos  com  nosso  semelhante  e DEUS . O conhecimento  dos  problemas  causados  ao  semelhante  empurra  para  a  necessidade  urgente  de  sanarmos  a  situação  , fazendo  reparações  diretas  dos  danos  causados  sem  acarretar  mais  prejuízos  as  pessoas .                                           “Fazendo  Reparações”                               ‘BOM SENSO –CORAGEM –PRUDÊNCIA’   BOM SENSO :_ A  ânsia  para  fazer  correções  dos  nossos  danos  nos  induzia   a despertar  em  cascata  para  nossos familiares , um somatório de  episódios  que , por  vezes , tinham  feições angustiantes .  Isto  pode  trazer  prejuízo  pois:_ “ não  podemos  comprar  a nossa  paz  de espírito  a  custa   dos  outros”. O  BOM SENSO  pede  que  usemos  cautela  e  a Prudência  para  executar  esta  tarefa  com método , afim que  estas  ações   possam  ser  absorvidas  paulatinamente .   Coragem :_ “ Quando  tentamos  fazer  reparações  e  não  encontramos  boa  receptividade  , porque  as  pessoas  nos  recebem cépticas e friamente , precisamos  não  cair  no  esmorecimento , desânimo e pessimismo .  Isto   ocorrerá  se  estivermos  bem  conosco , então  teremos  ‘Coragem’ para  seguir  firmes  na solução  destas  REPARAÇÔES”.   Prudência :_ “ Ao  relacionar  as  pessoas  que  tínhamos  prejudicado , e  ao  sabermos  da  forma  como  as  prejudicamos  , verificamos  que  havia  uma  gradação   em  termos  de  gravidade e  começamos  a temer  fazer as  Reparações  que  nos  pareciam  mais  graves , e  a  evitar  encontros  que  nos  pareciam  humilhantes . Não  podemos fugir  do  problema , precisamos  ter a  prudência  necessária  para , na  ocasião  mais  apropriada  solucionarmos  a  questão . “ O  comentário  do  NONO 

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PASSO   nos  alerta  para  que  não  confundamos   a  execução  da Prudência  com  a Prática  da  evasão”.                                          ‘REPARAÇÕES’   Diretas :_ ‘ Desde  que  estejamos  bem  conosco  e  que  começamos  a  ser  vistos  pelo  nosso  comportamento  e  exemplo  e  que  não  prejudique outrem , podemos  realmente  a  falar  com  franqueza  e  sem  medo  com  aquelas  pessoas   que  foram  afetadas  pelas   nossas  ações’. Indiretas:_ ‘ Existem  situações  em  que  a  reparação  é  feita   de  modo  indireto , principalmente  naqueles   com  que  a  pessoa  prejudicada  já  faleceu’.   Completas:_ ‘Um  relato  completo  de nossa  falha  , ao  semelhante , objeto   de  nossa  ação , deve  ser  precedido  de  cuidados  visando  não  acarretar  prejuízo  a  outrem’.   Parcial :_ ‘ Verifica-se  , ás  vezes  , a  necessidades de Reparações Parciais  em  razão , principalmente da  correção  ampla  e completa   representar  perigo  de  mais  sofrimento  ás  pessoas  que  nos rodeiam . Deve-se   buscar  correção   completa  e ampla  através  de Reparações  Parciais’ .   Preferenciais :_ ‘ Quase  sempre  , quando  estamos  iniciando a  nossa  programação  de  Recuperação  através  de Os  Doze  Passos , sentimos  necessidade  urgente  de  fazer , com  os  nossos  familiares , uma  admissão  geral   dos  prejuízos  causados  com  o nosso  beber . Com  bom  senso , coragem e  prudência   podemos  fazer  reparações  as  pessoas  prejudicadas  com  o nosso “ALCOLISMO” , sendo  na  maioria  das  vezes  perdoados  por  elas’.   DÉCIMO  PASSO :_ ‘ Continuamos  Fazendo  Um Inventário  Pessoal  E  Quando  Estávamos  Errados  , nós  o Admitimos  prontamente’ .   A  auto-análise   e  a  auto-crítica  são  realmente  ações  chaves  do Décimo  Passo . Embora  tenhamos   dado  uma  varrida  na  nossa  Vida  , através  de amplo  e  destemido  Inventário  Moral  , o  Programa  nos  oferece   um  dispositivo  constante , rápido e ás  vezes  até  instantâneo  , para  ser  acionado   sempre  que  experimentamos  picos  de  intranqüilidade , a  fim  de  que  tomemos  conhecimento  dos  nossos  erros  e  os  admitamos  prontamente . A  Vida  agitada  e  dinâmica  no  mundo atual  , acarreta  em  todos  nós , sentimentos  de  impaciência , intolerância , rancor , medo , ciúme  e etc...

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A  continuação  de um Inventário  pessoal  e  da Admissão   conseqüente dos erros, é vista como extremamente necessários à nossa recuperação. Os Quarto e Quinto Passos cuidaram da limpeza geral de nossa casa e da queima do entulho. O Décimo Passo nos fala de uma varrida diária em nossa casa e da queima do lixo encontrado. Se estamos em paz em função de um exame meticuloso do nosso dia, com a admissão dos erros cometidos, se tratarmos o nosso semelhante do modo como gostaríamos de ser tratados, podemos agradecer a Deus pelo dia vivido e dormir com a consciência tranqüila à espera de um novo dia.

Doze Passos – Bíblia de Estudo Despertar

PASSO 1Admitimos que éramos impotentes perante nossas

dependências – que tínhamos perdido o domínio sobre nossa vida.

Situações de Perda – Gen. 16.1-15

Às vezes, somos impotentes por causa das situações da vida. Talvez estejamos numa situação em que outras pessoas têm domínio sobre nós. Talvez percebamos que estamos sendo postos em ciladas pelas exigências de outros e que não há meios de agradar a todos. Estamos contra a parede: se agradarmos um decepcionaremos outro. Às vezes quando, nos sentimos perplexos e frustrados com nossos relacionamentos, almejamos boa dose de controle para escapar de nossos comportamentos adictivos.

Agar é um exemplo de impotência. Ela não usufruía de direitos. Enquanto moça, era escrava de Sarai e Abrão. Quando eles estavam tristes pelo fato de Sarai ser estéril, Agar foi entregue a Abrão para ser de substituta. Quando engravidou, como esperavam, Sarai ficou tão invejosa, que bateu em Agar, e Agar foi embora. Absolutamente sozinha no deserto, ela foi encontrada por um anjo, que lhe deu uma maravilhosa mensagem: “Volte para a sua dona e seja obediente a ela em tudo.” E o anto do Senhor disse também: “Eu farei com que o número dos seus descendentes seja grande; eles serão tantos, que ninguém poderá contá-los. Você está grávida, e trá um filho, e porá nelo o nome de Ismael, pois o Senhor Deus ouviu o seu grito de aflição.” (Gen. 16.9-11)

Quando somos apanhsdos em situações de perda, somos tentados a correr embora através dos nossos atalhos adictivos/compulsivos. Em momentos como esses, Deus está ali e ouve os nossos clamores. Necessitamos aprender a expressar nossa dor perante Deus em vez de apenas tentar escapar dela. Deus ouve nossos fritos e está disposto a dar esperança para o futuro.

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Auto-Engano Perigoso – Juízes 16.1-31

Quando nos recusamos admitir nossa impotência, somente enganamos a nós mesmos. As mentiras que contamos pra nós e para outros são conhecidas: “Posso parar quando quizer.” “Mantenho o controle: esta única vez não fará mal.” E, a todo momento, estamos chegando mais próximos ao desastre.

Sansão foi um dos juízes de Israel. Enquanto criança, fora dedicado a Deus, e Deus lhe havia dotado com força sobrenatural. Mas sansão teve toda uma vida de fraqueza: a maneira como se relacionava com mulheres. Sansão foi especialmente cegado para os perigos que enfrentava no seu relacionamento com Dalila. Seus inimigos a pagavam para descobrir o segredo da força de Snasão. Três vezes ela implorou Sansão para contar seu segredo. Cada vez ela estava pronta a entregar Sansão ao inimigo. Três vezes Sansão mentiu para Dalila e pode escapar. Mas cada vez ele chegava mais próximo ao momento de contar-lhe a verdade. Finalmente, Sansão revelou-lhe o segredo, foi capturado e morreu como escravo nas mãos do inimigo.

O real problema de Sansão se encontra nas mentiras que contou sobre si. Por não admitir sua impotência, permaneceu cego para o perigo óbvio ao qual seu orgulho e desejo por mulheres estrangeiras o conduziam. Isso o levou, gradativamente, ao caminho da morte.

Nós precisamos ser cuidadosos para não cair em armadilha semelhante. Ao aprendermos a reconhecer diariamente nossa impotência frente a nossas tendências adictivas/compulsivas, ficaremos mais atentos a comportamentos que , possivelmente, nos conduzirão à destruição.

Um Começo Humilde – 2 Reis 5.1-15

Pode ser muito humilhante admitir nossa impotência, especialmente se somos usados a fim de manter-nos sob controle. Podemos ser fortes em algumas áreas de nossa vida, mas perder o contro sobre comportamentos adictivos/compulsivos. Se nos recusamos admitir nossa impotência, podemos perder tudo. Essa parte impossível de ser manejada em nossa vida pode infestar e destruir tudo mais.

As experiências do comandante do exército da Síria, chamado Naamã, ilustram a veracidade do que foi dito acima. Ele era uma figura militar e política poderosa, homem rico, de relevante posição e poder. Ele portava lepra, que ameaçava provocar a perda de tudo quanto estimava. Leprosos eram marginalizados de usas famílias e da sociedade. No fim das contas, sofriam morte lenta, dolorosa e desgraçada.

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Naamã ouviu a respeito de um profeeta em Israel que poderia curá-lo. Encontrou o profeta, e o profeta lhe disse que, para ser curado, devia mergulhar sete vezes no rio Jordão. Naamã ficou distante, esperando que seu poder lhe proporcionasse cura instantânea e fácil. No fim, entretanto, reconheceu seu impotência, seguiu as instruções e recuperou-se completamtne.

Nossas “doenças”são tão ameaçadoras como a lepra do tempo de Naamã. Elas nos separam lentamente de nossa família e encaminham à destruição tudo que nos é importante. Nào há cura instantânea ou fácil. A única resposta consiste em admitir nossa impot6encia, humilhar-nos e submeter-nos ao processo que poderá nos recuperar.

Esperança em Meio ao Sofrimento - Jó 6.2-13

Há ocasiões em que nós ficamos tão confusos e tão dominados pela dor em nossa vida, que chegamos a desejar a morte. Não importa o que fazemos, nós somos impotentes para mudar as coisas para melhor. O peso do sofrimento e da treisteza parece pesado demais para ser suportado. Não podemos entender por que nosso coração n+ao para e não permite a morte nos liberar.

Jó sentia-se assim. Ele havia perdido tudo, mesmo tendo ele vivido uma vida correta. Seus dez filhos estavam mortos. Ele havia perdido seus negócios, seus bens e sua saúde. E tudo isso aconteceu numa questão de dias! Só lher restarm uma mulherde língua muito afiada para instigá-lo contra Deus e três amigos que o acusavam cpmp responsável da sua própria desgraça. Jó clamava: “Ah! Se a minha desgraça e os meus sofrimentos fossem postos numa balança, com certeza pesariam mais do que a areia do mar... Ah! Se Deus me desse o que estou pedindo! Ah! Se Deus respondesse à minha oração! Então ele me tiraria a vida; ele me atacaria e acabaria comigo! Onde estão as minhas forças para resistir? Por que viver, se não há esperança? Será que sou forte como a pedra? Será que o meu corpo é de bronze? Não sou capaz de me ajudar a mim mesmo, e não há ninguém que me socorra.” (Jó 6.2-3, 8-9, 11-13)

Jó não sabia que o fim de sua vida seria ainda muito melhor do que o seu começo.

“O Senhor abençoou a última parte da vida de Jó mais do que a primeira... E morreu bem velho.” (Jó 42.12, 17) Mesmo quando somos pressionados e parece que a morte é certa , ainda há esperança de que a nossa vida muda. Devemos lembrar: a vida pode ser boa novamente!

Impotentes Como as Crianças – Marcos 10.13-16

Para muitos de nós que estamos em processo de recuperação, as lembranças da infância estão cheias de medos porque nos sentíamos indefensos. Se fomos criados em uma família fora de

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controle, na qual descuidavam de nós, avusavam ou nos expunham à violência domésstica e a um comportamento disfuncional, o pensamento de impotência pode ser aterrador. Talvez até tenhamso prometido nunca mais ser tão vulneráveis como quando éramos crianças.

Jesus nos diz que, para entrar no Reino de Deus, devemos ser como crianças, e isso incui ser impotentes. Ele disse: “Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem não receber o Reino de Deus como uma criança nunca entrará nele.”(Mc 10.15)

Em qualquer sociedade, as crianças são os membros mais dependentes. Não têm nenhum poder natural para se autoproteger; não têm meior para garantir que a sua vida seja segura, cômoda e satisfatória. As crianças pequenas são particularmente dependentes do amor, dos cuidados e da proteção de outros nas susas necessidades mais básicas. Elas precisam chorar, mesmo que nem saibam exatamente do que é que necessitam. Precisam confiar sua vida a alguém que é mais poderoso que elas e têm a esperança de que serão ouvidas e cuidadas com amor.

Se queremos curar a nossa vida, nós também temos de admitir que somos verdadeiramente impotentes. Isso não significa que tenhamos de nos transformar outra vez em vítimas. Reconhecer a nossa impotência é uma apreciação franca da nossa situação na vida e um passo positivo para a recuperaçào.

A Mudança No Tempo Certo – Atos 9.1-9

Há momentos iimportantes na vida que podem mudar o nosso destino. Com frequência, são momentos em que nos sentimos confrontados com a nossa impotência diante dos acontecimentos da nossa vida. Esses momentos podem nos destruir ou arrumar para sempre a nossa vida numa direção melhor.

Saulo de Tarso (depois chamado Paulo; veja Atos 13.9), viveu um desses momentos. Depois da ascensão de Jesus, Saulo assumiu a tarefa de deixar o mundo sem cristãos. Enquanto ia no caminho para Damasco a fim de cumprir a sua missão, “de repente uma luz que vinha do céu brilhou em volta dele. Ele caiu no chão e ouviu uma voz que dia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegue?... Eu sou Jesus, aquele que você persegue. Mas levante-se, entre na cidade, e ali dirão a você o que deve fazer’. Saulo se levantou do chão e abriu os olhos, mas sem poder ver nada. Então eles o pegaram pela mão e o levaram para Damasco. Ele ficou três dias sem poder ver e durante esse dias não comeu nem bebeu nada.” (Atos 9.3-6, 8-9) De repente, Saulo foi confrontado com o fato de que a sua vida não era tão perfeita como ele havia pensado. A autojustifica-ção tinha sido a sua marca registrada. No entanto, ao abandonar as usas ilusões de poder, ele se transformou em um dos homens mais poderosos que já existiu: o apóstolo Paulo. Quando somos confrontados com a verdade de que a nossa vida não está sob o

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nosso controle, é hora de decidir. Podemos continuar negando essa verdade enos apegando à autojustiça ou podemos encarar o fato de que estivemos cegos diante de alguns assuntos importantes. Se estivermos dispostos a ser quiados para a nossa recuperação e para uma maneira nova de viver, então encontraremos o verdadeiro poder.

O Paradoxo da Impotência – 2 Cor. 4.7-10

Talvez tenhamos medo de confessar que precisamos de forá e que a nossa vida já está sem controle. Se reconhecessemos que somos impotente, por acaso não nos sentiríamos tentados a nos render completamente na luta contra a nossa adicção? Parece que não há sentido em confessar a nossa impotência e, mesmo assim, encontrar o poder para seguir adiante. Trataremos desse paradoxo quando passarmos pelos Passos Dois e Tres.

A vida está repleta de paradoxos. O apóstolo Paulo nos diz: “Porém nós que temos esse tesouro espiritual somos como potes de barro para que fique claro que o poder supremo pertence a Deus e não a nós. Muitas vezes ficamos aflitos, mas não somos derrotados. Algumas vezes ficamos em dúvida, mas nunca ficamos desesperados.” (2 Cor. 4.7-8)

Essa ilustração mostra um contraste entre um tesouro precioso e o singelo recipiente no qual esse tesouro está guardado. O poder vivente derramado na nossa vida do alto é o tesouro. O nosso corpo humano, com todos os seus defeitos e fraquezas, é o pode de barro. Como seres humanos, comos imperfeitos.

Quando reconhecermos o paradoxo da impotência, poderemos sentir bastante alívio. Não temos de ser fortes sempre ou fingir que somos perfeitos. Podemos viver uma vida de verdade, com as suas lutas diárias, com um corpo humano assediado por fraquezas e, ainda, encontra o poder do alto para seguir adiante sem estar angustiados nem desesperados.

PASSO 2Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos

poderia devolver-nos à sanidade.

Procura Incessante – Jó 14.1-6

Algo que poderia tornar difícil crer em Deus é que, frequentemente, a vida prece injusta. Não pedimos para anscer em uma família disfuncional! Não emitimos qualquer opinião quanto aos maus tratos e às injustiças que sofremos! Não escolhemos a nossa predisposição para a dic’’cão. Entretanto, somos responsabilizados por coisas que nem mesmo podemos controlar. Com isso , fica difícil voltar a Deus como o Poder que pode restaurar a nossa sanidade. Deus parece pouco racional nas suas exigencias.

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Jó conheceu esses sentimnetos. Em meio ao seu sofrimento, manifestou: “Todos somos fracos des o nascimento; a nossa vida é curta e muito afitada. O ser humano é como a flor que se abre e logo murcha; como uma sombra ele passa e desaparece. Nada somos; então por que nos dás atenção?E quem sou eu para que me leves ao tribunal? O ser humano, que é impuro, nunca produz nada que seja puro.” (Jó 14.1-4) Essas são boas perguntas que a maioria de nós formulamos de uma forma ou de outra maneira. Jó persistiu no seu questionamento porque, no íntimo, cria que Deus era bom e justo, embora a vida não fosse assim. Jó foi sincero com as susas emoções e perguntas, mas nunca deixou de procurar Deus.

Existe uma boa resposta à pergunta de Jó, a qual satisfará o nosso coração e a nossa mente. Entretanto, tal resposta somente será encontrada por quem estiver disposto a passar pela dor e pela injustiça da vida e a continuar procurando Deus. Aquele que o buscar o encontrará. Além disso, nos braços amorosos do Senhor encontrará tamvém as respostas que procura.

Nós Não Somos Deus – Daniel 4.19-33

Na sua ápoca, Nabucodonosos, rei da antiga Babilônia, foi a autoridade mais poderosa sobre a face da terra. Ele acreditava que era um deus e exigia ser adorado. Por meio de Daniel, Deus dissa para ele. “E agora vou dar a explicação. Este sonho trata da sentença do Deus Altíssimo conto o senhor, ó rei: O senhor será expulso do meio dos seres humanos e ficara morando com os animais selvagens... até qu o senhor reconheça que o Deus altíssimo domina todos os reinos do mundo e coloca como rei o homem que ele quer.”(Daniel 4.24-25)

Aconteceu exatamento como Daniel havia explicado. No fim do período de isolamento, Nabucodonosos disse:... “eu olhei para o céu, e o meu juízo voltou”. Aí agradeci ao Deus Altíssimo e dei louvor e glória àquele que vive para sempre... Logo que o meu juízo voltou – continuou Nabucodonosos – eu recebi outra vez a minha honra, a minha majestade e a glória do meu reino,... com mais poder do que antes. Portanto, eu, o rei Nabucodonosor, agradeço ao Rei do céu e lhe dou louvor e glória. Tudo o que ele faz é certo e justo, e ele pode humilhar qualquer pessoa orgulhosa.” (Daniel 4.34-37)

Nós não somos Deus; nós temos de prestar contas a Deus, que é um poder maior. Esse poder superior pode curar nossas “loucuras” e recuperar nossa vida para se até melhor do que era antes do nosso período de “insanidade”. Deus fará isso somente se entrefarmos nossa vida a ele.

Escravidão Interior – Marcos 5.1-13

Quando estamos sob a influência da nossa adicção, o seu poder parece ter uma força sobrenatual. Talvez possamos desistir da vida e

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lançar-nos em comportamentos autodestruutivos com uma impulsividade imprudente. Talvez as pessoas tenham desistido de nós. Talvez se distanciem como se já estivéssemos mortos. Tanto se a nossa “insanidade” for auto-induzida como se tem uma origem mais sinistra, há um poder diposto a nos devolver a sanidade e a integridade.

Jesus ajudou um homem que agia como um louco. “O homem vinha do cemitério, onde estava morando. Ninguém conseguia prendê-lo, nem mesmo usando correntes. Muitas vezes já tinham amarrado as suas mãose os seus pés com correntes de ferro, mas ele quebrava tudo, e ninguém consguia dominá-lo. Passava os dias e as noites nos montes e entre os túmulos, gritando e es ferindo de propósito com pedras”(Marcos 5.3-5).Jesus foi ao cemitério e avaliou a situação. Ele tratou com as forças das trevas que afligiam o homem e lhe deveolveu o juízo. Depois, o enviou para a sua casa para que contasse aos seur amigos o que Deus havia feito por ele.

Talvez tenhamso ido tão longe em nossa adicção que quebramos todas as cadeias. Lutamos para ser livres do controle da sociedade e dos nossos amados. Somente para descobrir que a nossa escravidão não vem de fontes externas. Toda a esperança parece perdida, mas, onde ainda há vida, ainda há esperança. Deus pode tocar a nossa insanidade e nos devolver o juízo perfeito.

Recuperação pela Fé – Lucas 8.43-48

A fé é a chabe para trabalahr o segundo passo com sucesso. Para alguns de nós, a fé chega facilmente. Para outros, especialmente se experimentamos a traição, pode ser mais difícil. Às vezes, pensamos que debemos esgotar todos os nossos recursos tentando superar a nossa “enfermidade” adictiva antes de nos arriscar a crer em um Poder superior.

Quando Jesus viveu na Terra, era tão conhecido pelo seu poder de cura, que multidões de enfermos o seguiam constantemente. Um dia, “chegou uma mulher que fazia doze anos que estava com uma hemoragia. Ela havia gastado com os médicos tudo o que tinha, mas ninguém havia consguido curá-la. Ela foi por trás de Jesus e tocou na barra da capa dele, e logo o sangue parou de escorrer... Aí Jesus disse: ‘Minha filha, você sarou porque teve fé! Vá em paz,’” (Lucas 8.43-44,48)

Para alcançar a recuperação, devemos seguir o exemplo dessa mulher. Não podemos nos dar ao luxo de ficar esperando “curas” e evitar uma ação deliberada por falta de fé. Talvez tenhamos vivido com a nossa enfermidade por muitos anos, gastando os nossos recursos em “curas” que são prometidas, mas sem obter resultados. Quando pudermos crer em Deus, o Poder superior a nós, e ter a fé para assumir a nossa própria recuperação, encontramos o poder curador que estamos buscando.

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Retorno Para a Sanidade – Lucas 15.11-24

Na progressão natural da adicção, a vida se degenera. De uma forma ou de outra, muitos d nós um dia acordamos e percebemos que estamos vivendo como um animal. O quanto isto está acontecendo depende da natureza da nossa adicção. Alguns de nós podemos estar vivendo como animais em termos de nosso ambiente féisico. Outros talvez sejamos escravos de nossas paixões animais; emoções tão fortes, que desumanizam a nós e a outros.

Um jovem pediu a sua herança antecipadamente e saiu de casa. Quando ficou sem dinheiro, as mulheres eram somente uma lembrança e a “euforia” já havia acabado, foi obrigado a apascentar porcos para ganhar a vida a duras penas. Quando já estava tão faminho a ponto de ter inveja da comida dos porcos, entendeu que tinha um problema. “Caindo em si, ele pensou: ‘Quantos trabalhadores do meu pai tem comida de sobra, e eu estou aqui morrendo de fome! Vou voltar para a casa do meu pai...’Então siu dali e voltou para a casa do pai. – Quando o rapaz ainda estava longe de casa, o pai o avistou. E, com muita pena do filho, correu, e o abraçou, e beijou.” (Lucar 15.17,20)

O fato de termos a capacidade de reconhecer a nossa vida como algo degenerado ou demente demonstra que há esperança de uma vida melhor. Lembramo-nos dos tempos em que a vida era boa e desejamos que volte a ser assim. Quando nos voltarmos para Deus, que é suficientemente poderoso para nos ajudar a construir algo melhor, descobriremos que o seu poder pode nos devolver a sanidade.

Acreditando na Recuperação – Romanos 1.18-20

Dizer que “viemos a acreditar” sugere um processo. Acreditar é o resultado de considerar, dubidar, raciocinar e concluir. A habilidade de dar forma a uma fé é parte do que significa ser feitos parecidos com Deus. Isso envolve emoção e lógica e nos levaa ação. Então, qual é o processo que nos leva a uma fé sólida e muda a nossa vida?

Começamos com as nossas experiências pessoais e vemos o que é que não funciona. Quando examinamos a nossa própria condição, compreedemos que não temos poder suficiente para vencer a nossa dependência. Tentamos com todas as nossas forças, mas sem nenhum resultado. Quando estamos suficientemente tranquilos para escutar, ouvimos essa voz mansa e suave dentro de nós, que nos diz: “Existe um Deus e ele é extremadamente poderoso.” O apóstolo Paulo disse isso da seguinte maneira: “O que es pode conhecer a respeito de Deus está bem claro para elas [todas as pessoas], pois foi o próprio Deus que lhes mostrou isso”(Romanos 1.19).

Reconhecer as nossas fraquezas íntimas é o primeiro passo para a recuperação. Quando olhamos além de nós, descobrimos que

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há outros que lutaram contra uma adicção e se recuperaram. Sabemos que eles também eram incapazer de curar a si mesmos, porém, agora, vivem livres das susas condutas adictivas. Concluímos que deve haver um Poder superior que os ajudou. Podemos ver as semelhanças entre as lutas dessas pessoas e as nossas e, com isso, chegamos ao conhecimento de que o nosso poderoso Deus pode nos restaurar a sanidade. Aqui é onde muitas pessoas se encontram quando se chega ao Passo Dois, e, no caminho para a recuperação, esse é um bom lugar para estar.

O Passo da Esperança – Hebreu 11.1-10

O Passo dois é mencionado com frequência, como o “passo da esperança”. Ao acreditar que um Poder superior a nós pode nos devover à sanidade, recordaremos como era viver com sanidade e teremos a fé para esperar que essa sanidade retorne.

‘O que é a fé?”, pergunta a Bíblia. “A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver.” (Hebreu 11.1) Como podemos ter certeza de que algo que queremos vai acontecer, especialmente se todas as nossas esperanças foram frustradas? Como podemos arriscar acreditar que a vida que desejamos está esperando por nós na esquina?

A Bíblia nos diz que a chave está na natureza do Poder superior que olhamos. As escrituras dizem que “quem vai a ele (Deus ) precisa crere que ele existe e que recompensa os que procuram conhecê-lo melhor” (Hebreus 11.6). Se consideramos Deus como alguém que stá tentando nos ajudar, teremos desejo de buscá-lo. Mas, se a nossa fé ainda não amadureceu até esse nível, podemos pedir aajuda. Um homem se aproximou de Jesus para lhe pedir que ajudasse o seu jovem filho que estava possuído por um demônio. O homem disse a Jesus: “Se o Senor pode, então nos ajude. Tenha pena de nós! Jesus respondeu: ‘Se eu posso? Tudo é possível para quem tem fé’. Então o pai gritou: ‘Ajude-me a ter mais fé ainda’”(Marcos 9.22-24). Para começar podemos pedir a Deus que nos ajude a ter mais fé. Então, poderemos lhe pedir coragem para esperar um futuro melhor.

PASSO 3 Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos

cuidados de Deus.

Confiando Em Deus – Números 23.18-24

É comum vincularmos nossas percepções a respeito de Deus às nossas experiências da infância com pessoas que desempenhavam funções influentes em nossa vida, se fomos vítimas no passado de pessoas que foram excêntricas,

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abusivas, distantes, desleixadas ou incompetentes. Quem sabe, agora, atribuimos essas qualidades também a Deus?

O fato de Deus ser muito mais poderoso do que nós e as pessoas que nos molestaram representarem poder maior do que o nosso não nos deve levar à conclusão de que Deus nos causará dano se entregarmos nossa vida a ele. Jesus nos conta que ele não se entregou a homens porque sabia o que se encontrava nos corações deles. No entanto, ele entregou voluntariamente sua vida à vontade de Deus, o Pai. “É melhor confiar no Senhor do que depender de seres humanos.” (Salmo 118.8)

Talvez no passado tenhamos aprendido que confiar em pessoas resulta somente em dor e decepção. Não podemos deixar que isso nos impeça de confiar em Deus. Ao trabalharmos o Passo Tres, podemos tomar a sadia decisão de entregar nossa vontade e nossa vida ao único que merece confiança. A bíblia nos conta que “Deus não é como os homens, que mentem; não é um ser humano, que muda de idéia.” (Números 23.19) Deus disse: “Eu nunca os deixarei e jamais os abandonarei.”(Hebreu 13.5).

Sabemos que não alcançamos isso sozinhos. Mas, agora, podemos deixar de ser vítimas. Podemos entregar nossa vida a Alguém que realmente é capaz de cuidar de nossas necessidades.

Livres para Escolher – Deuteronomio 30.15-20

Cada um tem uma decisão de vida ou morte a fazer. Todos nós fomos criados com o supremo privilégio de possuir livre vontade, a habilidade e escolher. Mesmo quando estamos na escravidão de nossas adicções, ainda assim nos defrontamos com escolhas. Quando estamos em recuperação, enfrentamos contínua tentação de recair em nossas adicções. A liberdade de escolher traz consigo o fardo das consquências de nossas escolhas. Essas escolhas afetam a nossa vida e a vida de nossos filhos. A livre vontade é benção e responsabilidade para nós!

Deus falou através de Moisés, dizenso: “Hoje estou deixando que voces, escolham entre o bem e o mal, entre a vida e a morte. Se vocer obedecerem aos mandamentos do Senhor, nosso Deus, que hoje eu estou dando a voces, e o amarem, e andarem no caminho que ele mostra, e cumprirem todas as suas leis e todos os seus mandamentos, voces viverão muito tempos.... e Deus os abençoará... Porém eu lhes afirmo hoje mesmo que, se abandonarem a Deus e não quiserem obedecer... nesse caso voces serão completamente destruídos... Neste dia chamo o céu e a terra como testemunhas contra voces. Eu lhes dou a oportunidade de escolherem entre a vida e a morte, entre a benção e a

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maldição. Escolham a vida, para que voces e os seus descendentes vivam muitos anos. Amem o Senhor, nosso Deus, obedeçam ao que ele manda e fiquem ligados com ele. Assim voces continuarão a viver.”(Deuteronômio 30.15-20)

Embora talvez nos sintamos fora do controle em relação às nossas adicções, podemos escolher no sentido de fixar o nosso coração na direção da vida. Podemos escolher amar a Deus e começar a seguir o seu programa.

Não Mais Fugindo – Salmo 61.1-8

O pensamento de por a nossa vontade e a nossa vida em outras mãos pode ser interessante. Quando entregamos as nossas dependências e compulsões, não estamos entregando o controle a outro poder? Acaso não estávamos renunciando a nossa responsabilidade pessoal pela nossa própria vida? Quando nos sentimos afligidos e queremos desaparecer, a nossa adic’~ao pode nos ajudar a nos sentir fortes, seguros, atraentes, poderosos e felizes. Assim, em certo sesntido, sentimo-nos cômodos com o pensamento de entregar a outro a nossa vontade e a nossa vida.

Podemos tomar as decisões necessárias para mudar o nosso foco de atenção e entregar a nossa vida a Deus, em vez de retornar aos esconderijos do passado. O apóstolo se referiu a esse contraste quando disse: “Não se embriaguem, pois a bebida levará voces à desgraça; mas encham-se do Espírito de Deus”

( Efésios 5.18). Quando nos sentimos aflitos e necessitamos de algum tipo de

escape, temos um novo lugar aonde ir. O rei Davi declarou: “O Senhor é um abrigo para os que são perseguidos; ele os protege em tempos de aflição. Ó Senhor, aqueles que te conhecem confiam em ti, pois não abandonas os que procuram a tua ajuda”.

(Salmo 9.9-10) Davi também escreveu: “No meu desespero, longe do meu lar,

eu te chamo pedindo ajuda. Põe-me em segurança numa rocha bem alta, pois tu é o meu protetor, o meu forte defensor contra os meus inimigos”(Salmo 61.2-3).

Remindo o Passado – Isaías 54.4-8

Cada um de nós chega a deus com um passado. Entregando nossa vida a Deus, damos-lhe todo o nosso ser, incluindo as perdas e a vergonha do passado. Entregamos a ele cada momento de desgraça, cada lágrima derramada, todas as promessas não-cumpridas, a solidão, todos os sonhos não-realizados, as esperanças frustradas, os relacionamentos

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rompidos, nossos sucessos e nossas falhas, todos os dias passados e todas as marcas impregnadas em nossa vida.

Sob a lei do antigo Testamento, se alguém perdesse a liberdade, propriedade ou conjuge por causa de um desastre ou uma dívida, o parente mais próximo devia ser o “resgatador”. Se uma propriedade fora perdiad por causa de incapacidade de pagamento, o resgatador pagaria por ela e a devolveria ao proprietário original. Se uma esposa perdesse seu marido, o resgatador casaria com ela, provendo-a de proteção e amor. Deus nos diz: “Não tenha medo, ois voce não ficará enverconhada; não se assute, pois voce não será humilhada. Voce esquecerá como foi humilhada quando era jovem, não lembrará mais da desgraça da sua viuvez. Pois o seu Criador, o Senhor Todo-Poderoso, será seu marido; o Santo Deus de israel, o Deus do mundo inteior, a salvará... o Senhor a está chamando de volta.” (Isaías 54.4-6)

Deus é nosso Redentor, o restaurador de nossa perdas. Ele é Senhor de todos, mesmo dos nossos dias e dos nossos sonhos do passado. Ele pode eliminar a vergonha e preencher os vazios em nosso coração.

Submissão e Descanso – Mateus 11.27-30

o Quando as nossas cargas se tronam pesadas, e descobrimos que a nossa forma de viver está nos levando à morte, talves enfim, estejamos dispostos a deixar que outro nos guie. Talvez tenhamos trabalhado muito para encaminhar a nossa vida pelo caminho certo, mas ainda sentimos que sempre terminamos em ruas sem saída.

o O livro de Provérbios nos diz: “Há caminhos que parecem certos, mas podem acabar levando para a morte.” (14.12) Quando começamos a nossa conduta adictiva, provavelmente estivéssemos buscando prazer ou uma maneira de superar a nossa dor. A princípio, o caminho parecia certo, mas Nào demoramos muito a ver que íamos pela estrada errada. Então, já éramos incapazes de dar a volta por nós mesmos. Jeus disse: “Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso. Sejam meus seguidores e aprendam comigo porque sou bondoso e tenho um coração humilde; e vocês encontrarão descanso. Os deveres que eu exijo de vocês são fáceis, e a carga que eu ponho sobre vocês é leve”. (Mateus 11.28-30)

o Levar a carga implica estar unido a outro para um trabalho em conjunto. Aqueles que são seguidores de alguém andam na mesma direção, e, ao fazer isso, o seu trabalho se torna consideravelmente mais fácil. Quando decidirmos, de uma vez por todas, submeter a nossa vida

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e a nossa vontade à direção de Deus, as nossas cargas se tornarão leves. Quando permitirmos que ele guie a nossa vida, “encontraremos descanso”para a nossa alma. Ele conhece o caminho e tem a força para nos fazer dar a volta e nos colocar no caminho da recuperação.

Conhecendo Deus – Atos 17.23-28 Antes que possamos render a nossa vida a Deus, precisamos

saber bem quem ele é. É fundamental que nos confiemos ao Deus que nos ama e não ao “deus”deste mundo, que somente quer nos enganar e destruir. O apóstolo Paulo descreveu o enganador desta maneira: “...o deus deste mundo conservou a mente deles na escuridão. Ele não os deixa ver a luz que brilha sobre eles, a luz que vem da boa notícia a respeito da glória de Cristo, o qual nos mostra como Deus realmente é.”(2 Coríntios 4.4) Satanás nos enganou? Como podemos estar certos de que temos uma compreensão correta de Deus?

Quando Paulo se dirigiu aos homens de atenas, disse a eles: “quando eu estava andando pela cidade e olhava os lugares onde vocês adoram os seus deuses, encontrei um altar em que está escrito: ‘AO DEUS DESCONHECIDO’. Pois esse Deus que vocês adoram sem conhecer é justamente aquiele que eu estou anunciando a vocês. Ele fez isso para que todos pudessem procurá-lo e talvez encontrá-lo, embora ele não esteja longe de cada um de nós. Porque, como alguém disse: ‘Nele vivemos, nos movemos e existimos’. E alguns dos poetas de vocês disseram: ‘Nós também somos filhos dele.’” (Atos 17.23,27-28)

Mesmo que Deus seja desconhecido para nós, ele está perto e disposto a se revelar. Deus prometeu; “Vocês vão me procurar e me achar, pois vão me procurara com todo o coração.”(Jeremias 29.13) Render a nossa vontade inclui aceitar a Deus como ele é em lugar de insistir em cirá-lo segundo a nossa própria imagem. Quando buscarmos a Deus com coração e mente abertos, nós o encontraremos.

Entrega Total – Tiago 4.7-10

É possível que já tenhamos decidido seguir ao Senhor, permitindo que ele defina o rumo total da nossa vida. Mesmo assim, muitos de nós ainda tentamos esconder de Deus algumas partes do nosso coraçào. Reservamos essas zonas apra agradar à ossa adicção, para fazer coisas contrárias à vontade de Deus. Isso é viver uma vida dupla, o que pode nos encher de culpa, vergonha e instabilidade.

Mesmo aqueles que entregamos o nosso coração a Deus enfrentamos cada dia novas tentações e a necessidade de tomar decisões. Tiago estava se dirigindo a crentes quando escreveu: “Portanto, obedeçam a Deus e enfrentem o

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Diabo,que ele fugirá de vocês. Cheguem perto de Deus, e ele chegará perto de vocês.”(Tiago4.7-8)

Se decidimos viver uma vida dupla, podemos começar a duvidar se Deus nos ouve totalmente. Como Tiago escreveu: “Quem duvida é como as ondas do mar, que o vento leva de um lado para o outro. Quem é assim não pense que vai receber alguma coisa do Senhor, pois não tem firmeza e nunca sabe o que deve fazer.”(Tiago 4.7-8)

Quando resistirmos ao Diabo em tudo o que fizermos e nos aproximarmos mais de Deus, ele se aproximará de nós. Quando abrirmos as partes escondidas do nosso coração e começarmos a tomar decisões a favor da nossa recuperação, então estaremos mais confiantes de que Deus deseja nos ajudar.

PASSO 4 o Fizemos um minucioso e destemido inventário

moral de nós mesmos.

Saíndo do Esconderijo – Gênesis 3.6-13

Muitos passaram a sua vida num estado de esconderiiijo, envergonhado de quem são no seu interior. Quem sabe tentemos nos esconder por levarmos vida ambígua, pelo uso de drogas ou outras adicções para nos sentir como os outros ou nos colocar de maenira arrogante as coisas que escondíamos, inclusive de nós próprios.

Depois que adão e Eva desobedeceram a Deus, “se esconderam dele, no meio das árvores. Mas o SENHOR chamou o homem e perguntou:’Onde é que você está? ‘ O homem respondeu’: Eu ouvi a tua voz quando estavas passeando pelo jardim, e fiquei com medo porque estava nu. Por isso me escondi.’”(Gênesis 3.8-10) Desde então, seres humanos têm se acobertado e escondido!

Jesus confrontou vigorosamente os líderes religiosos por causa da hipocrisia deles. A palavra hipócrita descreve uma pessoa que pretende ter virtudes ou qualidades que na realidade não tem. Certa vez, Jesus disse a esse líderes: “Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês lavam o copo e o prato por fora, mas por dentro estes estão cheios de coisas que vocês conseguiram pela violência e pala ganância... Lave primeiro o copo por dentro, e então a parte de fora também ficará limpa!” (Mateus 23.25-26)

Quando a pessoa verdadeira do nosso interior sai do esconderijo, teremos de encarar alguma outra sujeira! Fazer esse inventário é uma boa maneira de lavar o interior; uma parte dessa lavagem pode envolver um banho de lágrimas na nossa vida. Somente destapando as partes escondidas é que

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seremos capazes de mudar o exteriro da pessoa, inclusive nossos comportamentos adictivos/compulsivos.

Enfrentando a Tristeza – Neemias 8.7-10

A maioria de nós hsita em realizar um inventário pessoal honesto. São inúveras as racionalizações e as desculpas para se evitar esse passo. A razão desse procedimento stá no fato de sabermos que há uma enorme dose de tristeza à nossa espera, e tememos a dor que o enfrentamento da tristezq causará.

o Os exilados judeus que retornaram a Jerusalém após o cativeiro babilônico tinham perdido o contato com Deus. Durante o ecílio, não tinham recebido o ensino das leis de Deus e, consequentemente, não as praticaram. Após a reconstrução do muro da cidade e do Templo, os sacerdotes congregaram o povo para le o Livro da lei. O povo sentiu-se sobrecarregado de tristeza e começou a chorar porque sua vida estava longe de conformar-se com a Palavra de Deus.

Os sacerdotes disseram ao povo: “Este dia é sagrado para o SENHOR, nosso Deus, e por isso vocês não devem se lamentar nem chorar. Vão agora para casa e façam uma festa. Repartam a sua comida e o seu vinho com quem não tiver nada preparado. Este dia é sagrado para o nosso Deus; portanto, não fiquem tristes. A alegria que o SENHOR dá fará com que vocês fiquem fortes”(Neemias 8.9-10). Para o dia seguinte, marcaram a Festa das Barracas, uma festa judaica exigida que comemorava o escape dos israelitas da escravidão do Egito e o cuidado proporcionado por Deus enquanto peregrinavam pelo deserto.

Quando avançamos para enfrentar a dor e a tristeza de realizar um inventário moral, necessitamos da älegria do SENHOR” para nos dar força. Essa alegria vem do reconhecimento, até mesmo da celebração da habilidade de Deus de nos resgatar da esceavidão e cuidar de nós ao traspormos a tristeza e nos dirigir-mos para uma nova forma de vida.

Confissão – Neemias 9.1-3

Ao fazermos nosso inventário moral, provavelmente faremos uma lista de nossos hábitos destrutivos, das nossas falhas de caráter, dos erros cometidos, das consqüências de escolhas erradas com as quais convivemos agora e dos danos que causamos a outras pessoa. É semelhante a revirar todo o lixo d e nosso passado. Isso é doloroso, mas é procedimento nescessário para jogar fora os hábitos e comportamentos

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deteriorados. Se nào lidarmos com eles, certamente arruinarão todo o resto de nossa vida.

Os exilados judeus que retornaram do exílio “confessaram os seus pecados.” Essa frase diz muito. A idéia da confissão envolve não apenas assumir os nossos pecados, mas também inclui sentir verdadeira tristeza por causa dos mesmos. Pecados são ofensas contra Deus, inclusive toda e qualquer transgressão contra a vontade dele. A seqüência natual da vedadeira confissão, após assumimos nossos pecados e lamentá-los perante Deus, é abandoná-los. A confissão dos israelitas nos serve de modelo a seguir ao realizarmos nosso inventário moral. Podemos listar as ocasiões em que ocorreram nossas ofensas, nossos hábitos destrutivos e as conseqüências que causamos em nossa vida e na vida de outros. Então, depois de nos responsabilizarmos por todo o lixo, podemos “jogá-lo na lixeira.”

Na sua confissão, os israelitas assumiram, lamentaram e, então, descartaram seus pecados. Após isso, estavam melhor habilitados a fazer um novo começo. Nós podemos “assumir”o lixo em nossa própria vida ao nos responsabilizarmos pessoalmente por escolhas feitas e ações praticadas. Podemos “lamentar” os pecados permitindo-nos chorar. Podemos “descartar’ os pecados deixando-os para trás e direcionando-nos para o futuro.

Influência Familiar - Neemias 9.34-38

Nossa família de origem teve infuência sobre o que somos hoje. Alguns de nós imaginam que nossa família foi ou é quase perfeita. Outros entre nós talvez queriam evitar a responsabilidade por suas ações cultpando sua família. Seja qual for o caso, quando pensamos a respeito de nossa prórpia vida, também precisamos lidar com nossa família e os efeitos causados por seus membros sobre nós até o dia de hoje.

É dito a nós que os judeus que retornaram do exílio confessaram “os pecados que eles e os seus antepassados haviam cometido”(Neemias 9.2). Acusaram seus antepassados pelo cativeiro e pela situação difícil que enfrentavam. Eles disseram: Nossos antepassado não “se arrependeram das suas más ações. E agora nós somos escravos na terra que nos deste, esta terra boa que nos alimenta. Aquilo que a terra produz vai para os reis que puseste para nos fazer sofrer por causa dos nosssos pecados. Eles fazem o que querem conosco e com o nosso gado, e nós estamos profundamente aflitos” (Neemias 9.35-37).

Está certo admitir a verdade da causa que nos levou ao cativeiro. Isso pode envolver os erros cometidos por nossos pais ou outros membros da família. É perfeitamente correto expressar nossa raiva e ressentimento em relação ao que tudo

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isso causou em nossa vida. Tudo isso é parte do quadro real. No entanto, não é certo usar isso como desculpa por nossas escolhas erradas ou para permanecermos em cativeiro. Nossos parentes podem ser parcialmetne responsáveis por estarmos na situação atual, mas nós somos responsáveis pela locomoção própria e da nossa família para uma situação melhor.

Apontando o Dedo – Mateus 7.1-5

É provável que tenha havido momentos nos quais ignora-mos os nossos pecados e problemas e apontado o dedo para alguém. Talvez não estejamos em sintonia com os nossos assuntos internos porque ainda estamos culpando outros pelas nossas decisões morais. Ou, talvez, evitemos um auto-exame fazendo inventários morais das pessoas que nos rodeiam.

Quando Deus perguntou a adão e Eva sobre o pecado deles, eles apontaram o dado para outro. “Aí Deus perguntou: É quem foi que lhe disse que você estava nu? Por acaso você comeu a fruta da árvore que eu o proibi de comer?’ O homem disse: ‘A mulher que me deste para ser minha companheira me deu a fruta, e eu comi.’Então o SENHOR Deus perguntou à mulher: ‘Por que você fez isso?’ A mulher respondeu: ‘A cobra me enganou e eu comi.’”(Gênesis 3.11-13). Culpar os outros como primeira tática de defesa parece ser prórpio da natureza humana.

Também podemos fugir dos nossos problemas avaliando e criticando os outros. Jesus nos disse: “Por que é que você vê o cisco que está no olho do seu irmão e näo repara na trave de madeira que está no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave que está no seu olho e então poderá ver bem para tirar o cisco que está no olho do seu irmão.”(Mateus 7.3,5).

Enquanto praticamos esse passo, devemos lembrar, constantemente, que esse é um tempo de auto-exame. Devemos cuidar para não culpar e examinar a vida de outros. No futuro, haverá oportunidade para ajudar outros, depois quenos tornarmos responsáveis pela nossa própria vida.

Tristeza Construtiva – 2 Coríntios 7.8-11

Todos temos de lutar contra a tristeza. Podemos tentar escondê-la ou ignorá-la. Podemos afogá-la rendendo-nos à nossa adicção; ou lidemos com ela de maneira racional para não senti-la. Mas a triesteza fará parte do processo ao fazer o inventário.

Nem sempre a tristeza é algo ruim para nós. O apóstolo Paulo tinha escrito uma Carta aos crentes Coríntios. Essa Carta provocou muita tristeza porque confrontou os coríntios com algo errado que estavam fazendo. A orincípio, ficou com pena,

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pensando que os tinha machucado, mas, depois, disse: “Mas agora estou alegre, não porque vocês ficaram tristes, mas porque aquela tristeza fez com que vocês se arrependessem. Aquela tristeza foi usada por Deus, e assim nós não causamos nenhum mal a vocês. Pois a tristeza que é usada por Deus produz o arrependimento que leva a salvação; e nisso não há motivo para alguém ficar triste. Mas as tristezas deste mundo produzem a morte. Vocês suportaaram a tristeza da maneira que agrada a Deus... Em tudo isso vocês mostraram que não tiveram nenhuma culpa naquele caso.” (2 Coríntios 7.9-11)

Jeremias disse: “Ele pode fazer a gente sofrer, mas tam-bém tem compaixão porque o seu amor é imensto. Não é com pra-zer que ele nos causa sofrimento ou dor.”(Lamentações 3.32-33)

A aflição dos coríntios foi boa, pois foi produto de uma honesta avaliação interna e não de uma mórbida autocondenação. Podemos aprender a aceitar nossa tristeza como um aspecto positivo da recuperação e não como um castigo.

Inventário Para a Recuperação - Apocalipse 20.11-15

É possível que não desejemos fazer um inventário moral da nossa vida, é normal que quiramos evitar um exame pessoal. Mas, no fundo, provavelmente, sintamos que chegará um dia em que termos de encarar a verdade sobre nós e sobre a nossa vida.

A Bíblia nos diz que virá o dia quando será feito um inventário da vida de cada pessoa. Ninguém poderá se esconder. Na visão de João, ele viu “um grnade trono branco e aquele que está sentado nele. A terra e o céu fugiram da sua presença e não foram visto mais. Vi também os mortos, tanto os importantes como os humilde, que estavam de pé diante do trono. Foram abertos livros, e também foi aberto outro livro, o Livro da Vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que cada um havia feito, conforme estava escrito nos livros.... Quem não tinha o seu nome escrito no Livro da Vida foi jogado no lago de fogo.” (Apocalipse 20.11-12,15)

É melhor fazer agora o nosso inventário moral terrestre para que possamos estar preparados para o que virá. Toda pessoa cujo nome estiver escrito no Livro da Vida será salva, incluindo todas aquelas pessoas cujos pecados tenham sido expiados pela morte de Jesus. Os que rejeitaram a oferta divina de misericórdia serão julgados segundo as suas obras registradas “nos livros”. Ninguém passará nossa prova! Talvez, agora, seja um bom momento para nos assegurar de que o nosso nome esteja no livro correto. Saber que os nossos pecados estão cobertos pelo perdão de Deus pode nos ajudar a examinar a nossa vida sem temor e com sinceridade.

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PASSO 5Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante

outro ser humano a natureza exata de nossas falhas.Vencendo a Negação - Gênesis 38.1-30

Admitir os erros pode ser para nós a parte mais difícil do Passo Cinco. A negação pode cegar! Como pode se esperar que admitamos as coisas que não enxergamos? Aqui vai uma dica que pode nos ajudar. Muitas vezes, condenamos nos outros os erros que estão profundamente escondidos dentro de nós próprios.

De acordo com a antiga lei israelita, a viúva devia casar-se com o irmão vivo do seu marido a fim de rara filhos (esse costume é descrito detalhadamente em Deuteronômio 25.5-1-). Tamar foi casada sucessivamente com dois irmãos que morreram, sem que lhe dessem filhos. Judá, seu sobro, prometeu lhe dar tamvém Selá, o filho mais novo, mas nunca fez isso. Em conseqüência, Tamar ficou sozinha e desamparada. No esforço de proteger-se, ela disfarçou-se de prostituta e ficou grávida do próprio Judá. Ela guardou o sinal de identificação que Judá lhe tinha dada como garantia de pagamento (Gênesis 38.1-23).Quando jUDÁ ouviu que Tamar estava grávida sem estar casada, ele exigiu a execução dela. “Quando a estavam tiranda da sua casa, ela mandou dizer ao seu sogro: ‘Quem me engravidou foi o dono destas cosias. Examine e veja de quem são o sinete com o dordão e o bastão.’Judá reconheceu as coisas e disse: ‘Ela tem mais razão do que eu.’” (Gênesis 38.25-26)

Não é fácil ser honesto consigo. “Não há nada que engane tanto como” o coração humano. “Ele esssstá doente demais para ser curado” (Jeremias 17.9). Porém nós podemos olhar para as coisas condenamos nos outros como uma dica do que está escondido em nós.

Infinito Amor – Oséias 11:8-11

Podemos estar dolorosamente conscientes da profunda vergonha, do problema e dor que causamos para nossa família quando éramos controlados pela nossa dependência. Podemos ter medo de admitir a natureza exata de nossos defeitos porque não entendemos como Deus podia amar alguém que é tão mau.

Oséias foi um profeta para a nação rebelde de Israel. Deus usou a vida de Oséias para demonstrar seu amor incondicional por nós, o seu povo. O Senhor disse a Oséias para se casar com uma prostituta. Oséias casou-se com ela, amou-a e se dedicou a ela. Mas, mais tarde, sua esposa se voltou a seu modo de vida passado, quebrou o coração de Oséias e lebou vergonha para sua família. Ela caiu na escravidão.

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Deus, então, deixou Oséias perplexo dizendo a ele: “Vá e ame uma adúltera, uma mulher que tem um amante. Ame-a assim como eu amor o povo de israel, embora eles adorem outros deuses e lhes ofereçam bolos de passa” (Oséias 3.1).Podemos estar perguntando: Como poderia Deus (ou qualquer um) ainda assim me amar? Mas Deus responde: “Israel, como poderia eu abandoná-lo? Como poderia desempará-lo?... Não posso fazer isso, pois o meu coração está comovida, e tenho muita compaixão de você... Pois eu sou Deus e não um ser humano; eu, o Santo Deus, estou no meio do meu povo e não o destruirei novamente”(Oséias 11.8-9). Não existe nada que possamos fazer ou confessar para Deus que o levaria a deixar de nos amar (veja Romanos 8.38-39).

A Linha de Prumo Divina – Amós 7.7-8

Os tipos de instrumentos que usamos para medir nossa vida normalmente irào determinar os tipos de problemas que encobrimos. Se usarmos as orientações falsas, não poderemos fazer uma avaliação precisa. Podemos nos perguntar por que não estamos progredindo no programa de recuperação. Pode ser que precisemos olhar mais profundamente nos aparelhos de medida que estamos usando para encobrir nossas áreas de problema.

O profeta Amós lembrou-se desta visão: “O Senhor me mostrou numa visão isto também: ele estava perto de um muro contruído direito, a prumo, e tinha um prumo na mão. Ele me pergunto: - Amós, o que é que você está vendo? – Um prumo! – respondi. Então ele me disse: - Eu vou mostrar que o meu povo não anda direito: é como um muro torto, construído fora de prumo. E nunca mais vou perdoar o meu povo.”(Amós 7.7-8)Um prumo é um pedaço de corda que possui um peso amarrado em um extremo. Quando a corda é segurada com o extremo do peso para baixo, a gravidade assegura que a corda está perfeitamtnet na vertical. Quando seguradao ao lado de uma construção, o prumo promove uma medição certa para ver se a estrutura está alinhada em relaçãl ao universo f ísico. Uma construção alinhada com o prumo ficará firme e funcionando bem. Se as paredes da construção estão fora da linha, não estão ajustadas e poderão, a qualquer momento, cair.

O mesmo é verdadeiro no contexto espiritula. A Palavra de Deus é nosso prumo espiritual. Assim como não podemos discutir acerca da lei da gravidade, nào podemos mudar as leis espirituais reveladas na Bíblia. Deveríamos medir nossa vida pelo prumo da Palavra de Deus . Quando as coisas não estão aprumadas, é importante admitirmos que há um problema e começas a nos reconstruir de modo devido.

Sentimentos de Vergonha - João 8.3-11

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A vergonha tem mantido muitos de nós escondidos. A idéia de admitir os nossos pecados e nos revelar a outro ser humano provoca sentimentos de vergonha e de temor de ser expostos publicamente.

“Ai alguns mestres da Lei e fariseus levaram a Jesus uma mulher que tinha sido apanhada em adultério e a obrigaram a ficar de pé no meio de todos. Eles disseram: ‘Mestre... de acordo com a lei que Moisés nos deu, as mulheres adúlteras devem ser mortas a pedradas. Mas o senhor, o que é que diz sobre isso?’... Jeus endireitou o corpo e disse a eles: ‘Quem de voc^ds estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher!’Depois abaixou-se outra vez e continuou a escrever no chão. Quando ouviram isso, todos foram embora, um por um, começando pelos mais velhos. Ficaram só Jesus e a mulher, e ela continuou ali, de pé.” (João 8.3-9)

Muitos crêem que o que Jesus estava escrevendo na terra foi o que fez com que os acusadores se fossem. Talvez estivesse fazendo uma lista ods pecados secretos dos líderes judeus. Se isso for verdade, temos uma preciosa ilustração do tipo de pessoa que Jesus é: uma pessoa a quem podemos revelar os nossos segredos com toda confiança. O nosso confessor tem que ser uma pessoa que não se suspreenda pelo pecado nem que esteja esperando para nos condenar. Tal pessoa necessita tomar nota em particular dos nossos erros, escrevê-los na terra e não fravá-los em pedra e exibi-los em pública. Como a vergonha pode disparar a conduta aditiva, necessitamos escolher com cuidado a pessoa na qual vamos confiar.

Recebendo Perdão – Atos 26.12-18

Enquanto trabalhamos no nosso programa de recuperação, passamos pelo processo de aceitar a verdade sobre a nossa vida e sobre as conseqüências das nossas decisões. Talvez sintamos que temos de merecer o perdão em vez de somente recebê-lo. Talvez pensemos que é mais fácil perdoar os que nos machucaram do que perdoar a nós mesmos pelo dano que causamos. Quando Jesus confrontou o apóstolo Paulo, deu a ele a seguinte missão. “Mas levante-se e fique de pé. Eu apareci a você para o escolher como meu servo, a fim de que você conte aos outros o que viu hoje e anuncie o que lhe vou mostrar depois. Vou livrar você dos judeus e tamvém dos não-judeus, a quem vou enviá-lo. Você vai abrir os olhos deles a fim de que eles saiam da escuridão para a luz e do poder de Satanás para Deus. Então, por meio da fé em mim, eles serão perdoados dos seus pecados e passarão a ser parte do povo escolhido de Deus.”(Atos 26.16-19)

O propósito de Deus ao nos enviar a sua Palavra é que possamos receber o seu perdão. O porcesso inclui que primeiro abramos os olhos perante a nossa verdadeira condição (o que ocorre nos Passos 1,2 e 4). Isso nos dá a oportunidade para nos arrepender e mudar a nossa mente, de maneira que estejamos de acordo com Deus e prontos para confessar os nossos pecados. Deus quer que

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recebamos perdão imediato, baseado na obra consumada por Jesus Cristo. Não somos cidadãos de segunda categoria no Reino de Deus. Não temos de passar pelo restante dos Doze Passos como se isso fosse uma forma de penitência. O perdão nos espera neste exato momento; basta apenas recebê-lo.

Liberdade Através da Confissão – Romanos 2.12-15

Todos lutamos com a nossa consciência, tentando fazer as pazes dentro do nosso coração. Podemos negar o que fizemos, buscar desculpas ou tentar lançar fora todo o peso da nossa conduta. Podemos nos esforçar para ser “bons”, tentando contrabalancear os nossos erros. Fazemos todo o possível por empatar o jogo. No entanto, para podermos nos desfazer do nosso passado, temos de deixar de dar desculpas pelos nossos pecados e confessar a verdade.

Todos nascemos com um sistema de alarme interno que nos alerta quando fazermos algo errado. Deus diz que todos somos responsáveis: “Eles[os não judeus] são a sua própria lei, embora não tenham a lei. Eles mostram, pela sua maneira de agir, que têm a lei escrita no seu coração. A própria consciência deles mostra que isso é verdade, e os seus pensamentos, que às vezes os acusam e às vezes os defendem, também mostram isso”(Romanos 2.14-15)

No Passo Cinco, nós procuramos deter essa luta interior e admitir que o erro é errado. É tempo de ser sinceros com Deus e conosco mesmos a respeito das nossas desculpas e da natureza exata dos nossos erros. Precisamos confessar os pecados que cometemos e o sofrimento que causamos a outros. Talvez tenhamos passado anos elaborando álibis, inventando desculpas e tentantod fazer barganhas. É tempo de dizer a verdade. É tempo de admitir o que sabemos muito bem que é certo: “Sim, sou culpado da acusação”.

Não há liberdade, tiramos dos nossos ombros o peso das nossas mentiras e desculpas. Quando confessarmos os nosssos pecados, encontraremos a paz interna que tinhamos perdido havia tanto tempo. Também estaremos um passo mais próximos da recuperação.

Escapando do Auto-Engano – Gálatas 6.7-10

Podemos nos enganar ao pensar que podemos simplesmen-te enterrar os nossos erros e seguir adiante sem ter de admiti-los, Com o tempo, todos descobrimos que aqueles atos que pensávamos que estavam enterrados para sempre eram realmente sementes. Crescem e dão frutos. Com isso, teremos de enfrentar um a colheita de conseqüências e o fato de que o auto-engano não nos feneficia em nada.

“Não se enganem: ninguém zomba de Deus. O que uma pessoa plantar, é isso esmo que colherá. Se plantar no terreno da sua natureza humana, desse terreno colherá a morte. Podém, se plantar

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no terreno do Espírito de Deus, desse terreno colherá a vida eterna.” (Gálatas 6.7-8) “Se dizemos que não temos pecados, estamos nos enganando, e não há verdade em nós. Mas, se confessarmos os nossos pecados a Deus, ele cumprirá a sua promessa e fará o que é correto: ele perdoará os nossos pecados e nos limpará de toda maldade.” (1 João 1.8-9)

O Passo Cinco diz adeus ao auto-engano e dá boas-vindas ao perdão e à purificação. Devemos notar que há purificação de cada maldade, não do “fazer o mal”em sentido geral. Reconhecer a natureza exata dos nossos erros incui prestar contas de maneira exata e específica. Quando confessarmos especificamente os nossos pecados, deixaremos de nos enganar em relação à natureza de nossos erros. Como, de todas as formas, não p[odemos deixar Deus de lado e fugir com nossos erros, o melhor que podemos fazer é ser sinceros e receber o perdão.

Sentindo Tristeza – Gênesis 23.2-4; 35.19-21

O caminho da recuperação e do encontro de nova vida também envolve um processo de morte. Os diferentes meios usados e que achávamos que nos ajudariam na luta eram “defeituosos”.

Mas ainda assim, nos davam conforto ou companhia. Desistir deles, muitas vezes, é semelhante a sofrer a morte de um ente querido.

Abraão e seu neto Jacó perderam entes queridos quando viajavam para a Terra Prometida. “Sara ...morreu na cidade de Hebrom, também chamada Quiriate-arba, na terra de Canaã. E abraão chorou a sua morte. Depois saiu do lugar onde estava o corpo e ... disse: - Eu sou um estrangeiro que mora no meio de vocês. Portanto, me vendam um pedaço de terra para que eu possa sepultar a minha mulher... Depois disso Abraão sepultou sara.” (Gênesis 23.1-4,19) Uma geração depois Jacó recebeu novo nome, Israel, e a promessa de uma grande herança na Terra Prometida. No caminho para lá, ele também perdeu sua amada esposa. Ela morreu enquanto dava à luz ao filho Benjamim. “Assim, raquel morreu e foi sepultada na veira do caminho de efrata, que agora se chama Belém. Jacó pôs sobre a sepultura uma pedra como pilar, e ela marca o lugar da sepultura até hoje. Depois Jacó saiu dali. “ (Gênesis 35.19-21)

Enquanto prosseguimos na caminhada da nova vida, necessariamente perdemos alguns dos nossos meios adictivos de luta. Quando isso acontece, precisamos parar e gastar tempo para sepultar nossas perdas. Necessitamos colocá-las de lado, cobrir a vergonha elamentar a perda de uma coisa que era muito nossa. Quando o tempo de luto passou, nós também podemos continuar a viagem.

PASSO 6

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Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esse defeitos de caráter.

Curando o Quebrantamento – Salmo 52.16-19

Se tivermos pratica com sinceridade os passos anteriores, provavelmente tenhamos encontrado dentro de nós dos suficiente para partir o coração. Encarar o fato de que o quebrantamento é parte da condição humana pode ser devastador. Mas, se tivermos chegado até esse ponto, isso, possivelmente, seja um sinal de que estamos preparados para que Deus nos muda.

Quando era jovem, o rei Davi não estava preparado para que Deus mudasse o seu caráter porque não reconhecia que tinha falhas. Davi orava: “Não me destruas, junto com os que não querem saber de ti...Eu, porém, faço o que é certo.Tem compaixãoDe mim e salva-me” (Salmo 26.9-11). Aproximou-se de Deus apoiando-se nos seus próprios méritos.

Apenas depois de ser confrontado com os seus pecados de adultério e assassinato é que Davi foi capaz de dizer: “De fato, tenho sido mau desde que nasci; tenho sido pecador desdo o dia em que fui concebido”( Salmo 51.5). Também disse: “Tu não quere que eu te ofereça sacrifícios... Ó Deus, o meu sacrefício é um espírito humilde; tu não rejeitarás um coração humilde e arrependido”(Salmo 51.16-17).

Jesus ensinou: “Felizes as pessoas que choram, pois Deus os consolará” (mateus 5.4) . Deus não está procurando provas de como somos bons ou de com quanto afinco tentamos ser bons. Ele só quer que nos lamentemos pelos nossos pecados e confessemos o nosso quebrantamento. Então, ele não ignorará as nossas necessidade, mas nos perdoará, concolará e limpará.

O Perdão abundante de Deus - Isaías 55.1-9

Pessoa recomendam que nos arrependamos e paremos de pensar do jeito que pensamos. A maioria de nós daria tudo apra fazer isso. Quiséramos que fosse tão simples assim de parar com nossos pensamento obsessivos! Quando estamos mingunado emocionalmente, é quase impossível parar de pensar a respeito do que saciava nossa fome, mesmo quando estamos cientes de que não nos satisfazia.

Parece que as pessoas não entendem isso. Elas, talvez, citem um versículo como esse. “Que as pessoas perversas mudem a sua maneira de viver e abandonem os seus maus pensamentos!”(Isaías 55.7) Mas nós pensamos: Como? Meus pensamentos parecem fora de controle.

Mas Deus nos entende, sim. Ele coloca esse versículo no seu contexto maior de lidar com a fome que se manifesta em nossa alma. Ele disse: “Por que vocês gastam dinheiro com o que não é comida? Por que gastam o seu salário com coisas que não matam a fome? Se

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ouvirem e fizerem o que eu ordeno, vocês comerão do melhor alimento, terão comidas gostosas. Escutem-me e venham a mim, pretem atenção e terão vida nova... Que as pessoas perversas mudem a sua maneira de viver e abandonem os seus maus pensamentos! Voltem para o SENHOR, nosso Deus, pois ele tem compaixão e perdoa completamten” (Isaías 55.1-3,7). A palavra traduzida por “completamnte”pode ser entendida como “aumentando progressivamente a medida cada vez que chegamos.”

Combatemos nossa adicção em duas frentes: lidando com a fome instalada em nosso íntimo e mudando nossos pensamentos de praticar o erro. Nenuma das batalhas é fácil de vencer; cada uma requer de nós prontidão e voluntariedade diárias para permitir que Deus satisfaça nossa fome e nos ajude a vencer nossos defeitos de caráter.

Removendo Feridas Profundas – Jonas 4.4-8

Quando estamos chateados, frequentemente dependemos de nossa adicção para nos sentirmos melhor. À medida que nos livramos de nossa dependência, enfrentamos os mais profundos defeitos de caráter que Deus quer curar. Nossa dependência funciona como um lugar de “refúgio” para a nossa dor. Mas, quando esse “refúgio” é removido, profunda raiva pode surgir, expondo até mesmo profundos defeitos de caráter que precisam ser curados.

Jonas tinha um notório defeito de caráter: ele não conseguia perdoar e ter compaixão do povo de Nínive, que ele odiava. Quando Deus decidiu não destruí-los, Jonas teve um acesso de raiva. “O Senhor respondeu: - Jonas você acha que tem razão para ficar com tanta raiva assim? Aí Jonas saiu de Nínive... Então o Senhor Deus fez crescer uma planta por cima de Jonas, para lhe dar um pouco de sombra, de modo que ele se sentisse mais confortável... Mas no dia seguinte, quando o sol ia nascer, por ordem de deus um bicho atacou a planta, e ela secou. Depois que o sol nasceu, Deus mandou um vento quente vindo do leste. E Jonas quase desmaiou por causa do calor do sol, que queimava a sua cabeça. Então quis morrer e disse: - Para mim é melhor morrer do que viver”! (Jonas 4.4-8)

Deus fez isso para mostrar a Jonas que o problema real não era a perda de seu refúgio. O ódio era o problema real. A remoção de nossa adcção protetora pode expor problemas mais profundos. Isso pode despertar raiva defensiva quando Deus toca nossas feridas mais profundas. Está tudo bem em deixarmos a raiva sair. Mas também é importante deixar que Deus tome conta do real problema.

Surgindo a Esperança – João 5.1-15

Como podemos dizer com franqueza que estamos completamente prontos para que Deus remova os nossos defeitos de

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conduta moral? Se pensamos em termos de tudo ou nada, talvez fiquemos amarrados porque nunca nos sentiremos.

Nos tempos de jesus, havia um tanque aonde as pessoas iam com a esperança de experimentar uma cura milagrosa. “Entre eles havia um h omem que era doente fazia trinta e oito anos. Jesus viu o homeme deitado e, sabendo que fazia todo esse tempo que ele era doente, perguntou: ‘Você quer ficar curado?’ Ele respondeu: ‘Senhor, eu não tenho ninguém para me pôr no tanque quando a água se mexe. Cada vez que eu tento entrar, outro doente entra antes de mim.’ Então jesus disse: ‘Lenate-se, peque a sua cama e anda!’ No mesmo intantes, o homem ficou rurado, pegou a cama e começou a andar.” (João 5.5-9)

Aquele homem estava tão incapacitado, que não podia avançar mais pelos seus próprios meios. Avampou o mais próximo que pôde do lugar onde havia esperança para a recuperação. Deus se encontrou com ele ali e o levou pelo resto do caminho. Para nós, “completamente prontos” pode significar chegar o mais perto possível da esperança da recuperação na nossa limitada condição. Quando fizermos isso, Deus nos encontrará ali e nos levará pelo resto do caminho.

Não Mais Escravos do Mal – Romanos 6.5-11 (pg. 1303)

A maioria de nós fez numerosas tentativas de aperfeiçoamente pessoal. Talvez tenhamos tentado, consciente-mente, melhorar as nossas atitudes, a nossa educação, a nossa aparência ou os nossos hábitos. Talvez tenhamos conseguido uma certa medida de aperfeiçoamento pessoa. No entanto, quando se trata de nossa lutas contra os defeitos de caráter, o mais provável é que tenhamos experimentado somente uma profunda frustração.

Há uma razão que explica a nossa frustração. Os defeitos de caráter somente podem ser removidos, não aperfeiçoados! A ilustração que a Bíblia nos dá é que os nossos pecados e defitos de caráter devem ser mortos, como Jesus morreu, com a esperança de que viveremos uma nova vida. O apóstolo Paulo escreveu: “Pois sabemos que a nossa velha natureza pecadora já foi morta com Cristo na cruz a fim de que o nosso eu pecador fosse morto, e assim não sejamos mais escravos do pecado.”(Romanos 6.6) “As pessoas que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a natureza humana delas, junto com todas as paixões e desejos dessa natuerza.” (Gálatas 5.25)

Não há alívio temporário para os nossos pecados e defeitos de caráter. Ambos foram fatalmente feridos e devem morrer na cruz. Esse processo nunca é fácil. Quem vai a uma crucificação sem algum grau de ansiedade? Mas, quando aceitamos isso e permitimos que Deus eliminie os nossos defeitos, a nova vida que nos espera nos surpreenderá agradavelmente.

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Estamos Prontos Para Mudar – Filipenses 3.12-14 (pg 1381)

Estar “inteiramente prontos”para que Deus eliminie “todos” os nossos defeitos de caráter soa impossível. Na realidade, sabemos que tal perfeição está fora do alcance humano. Essa é outra maneira de dizer que vamos fazer todo o possível para avaçãr durante toda a nossa vida para uma meta que ninguém vai alcançar senão na eternidade.

O apóstolo Paulo expressou um pensamento semelhante: “Não estou querendo dizer que já consegui tudo o que quero ou que já fiquei perfeito, mas continuo a correr para conquistar o prêmio, pois para isso já fui conquistado por Cristo Jesus... Porém uma coisa eu faço: esquecó aquilo que fica para trás e avanço para o que está na minha frente. Corro direto para a linha de chegada a fim de conseguir o prêmio da vitória. Esse prêmio é a nova vida para a qual Deus me chamou por meio de Cristo Jesus.” (Filipenses 3.12-14)

Essa combinação de uma atitude positiva e um esforço firme é parte do mistério da nossa cooperação com Deus. Paulo disse: “Portanto, meus queridos amigos, vocês que me obedeceram sempre quando eu estava aí, devem me obedecer muito mais agora que estou ausente. Continuem trabalhando com respeito e temor a Deus para completar a salvação de vocês. Pois Deus está sempre agindo em vocês para que obedeçam à vontade dele, tanto no pensamento como nas ações.”(Filipenses 2.12-13) Precisamos praticar esses passos pelo resto da nossa vida. Não temos de exigier perfeição de nós mesmos; é suficiente continuar progredindo da melhor maneira possível. Podemos aguardar a nossa recompensa com a esperancá de nos converte em tudo o que Deus quer que sejamos. O Senhor nos fortalecerá e animará à medida que continuamos avançando.

PASSO 7

Humildemente rogamos a ele que nos livrasse de nossas imperfeições.

Arrumando a Desordem – Isaías 57.12-19 (pg. 819)O Passo 7 representa, de muitas maneiras, um ponto de

mudança no processo de recuperação. Ele constrói uma ponte entre o trabalho interno dos primeiros seis passos e os passos finais, que envatizam o trabalho externo, mudanças de comportamento. Nossas

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falhas podem dar a impressão que tumultuam a saída de nosso camino pessoal do passado.. Mas, pelo fato de estarmos trabalhando os passos, isso não significa que nossa vida seja como devia ser. Deus, de fato, entrará na desordem enos tirará dela?

“O Senhor diz: ‘Preparem o caminho, aplanem a estrada, para que o meu povo possa voltar para mim.’ Pois o altíssimo, o Santo Deus, o Deus que vive para sempre, diz; ‘Eu moro num lugar alto e sagrado, mas moro também com os humildes e aflitos, para dar esperança aos humildes e aos aflitos, novas forças... Tenho viso como eles agem, mas eu os curarei e os guiarei; eu os consolarei. Nos lábios dos que choram, colocarei palavras de louvor.’” (Isaías 57.14-15,18-19)

Deus é nossa gruande força que nos ajuda a limpar o caminho para um futuro melhor. Ele vai à frente para remover nossas limitações a fim de que possamos evitar melhor e não sermos

derrubados. Quando nos achegamos a ele em humildade, admitindo que ainda estamos lutando com muitas das nossas limitações, ele nos consola e nos dá a coragem necessária para continuarmos na luta. Ele não se afasta de fato de fazermos coisas tolas. Ele vê o que fazemos, mas nos cura de qualquer maneira! Ele continuará nos guiando rumo à recuperação, cada passo de uma vez

Abrindo o Controle – Jeremias 18.1-6

Pode ser difícil para nós abrir mão do controle. Quando nos preparamos para que Deus remova nossos erros, quem sabe ainda desejemos controlar como ele controla. Estamos tão acostumados a consumir as dosese, que pediremos a ajuda de Deus enquanto ele o faz da nossa maneira. Quem sabe exijamos que as mudanças aconteçam na hora detreminada por nós ou no momento emq ue nós nos sentimos prontos a abrir mão.

Deus não trabalha desse jeito. Por essa razão, a humildade é tão importante nesse passo, Deus pediu que Jeremias fosse à casa do oleiro para aprender a lição. Jeremias disse: “Então eu fui e encontrei o oleiro trabalhando com o barro sobre a roda de madeira. Quando o pote que o oleiro estava fazendo não ficava bom, ele pegava o barro e fazia outro, conforme queria. Aí o Senhor me disse: - Será que eu não posso fazer com o povo de Israel o memo que o oleiro faz com o barro? Vocês estão nas minhas mãos assim como o barro está nas mãos do oleiro.” (Jere-mias 18.3-6) Deus disse a Isaías: “Um vaso de barro não briga com quem o fez. O barro não pergunta ao oleiro: ‘O que você está fazendo?, “nem diz: ‘Você não sabe trabalhar.’” (Isaías 45.9)

Quando nós colocamos a nossa vida nas mãos de Deus, ele vai nos moldar de novo de maneira como achar melhor. A nossa humildade nos permite aceitar o fato de que ele é o nosso Criador. Nossa nova vida pode ser semelhante àquela que abandonamos ou inteiramente diferente. Deus é o artesão. Podemos confiar em tudo o

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que ele faz, desde que não nos afastemos do seu caminho, que objetiva recriar nossa vida de maneira maravilhosa!

Orgulho Nascido da Dor – Lucas 11.5-13 (pg. 1173)

Nosso orgulho pode impedir que peçamos o que necessitamos. É possível que tenhamos crescido em uma família na qual éramos constantemente ignorados ou desapontados. Talvez as nossa necessidades quase nunca foram supridas. Talvez a reação de alguns de nos tenha sido de se tornar auto-suficientes. Decidimos que nunca pediríamos ajuda a ninguém. De fato, lutaríamos para nunca mais precisar da ajuda de ninguém!

É esse tipo de orgulho, nascido da dor, que nos impedirá de pedir ajuda a Deus para lidar com os nossos fracassos. Jesus disse: “Por isso eu digo: peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês. Porque todos aqueles que pedem recebem; aqueles que procuram acham; e a porta será aberta para quem bate.”(Lucas11.9-10) “Por acaso algum de vocês que é pai, será capaz de dar uma pedra ao seu filho, quando ele pede pão? Ou lhe dará uma cobra, quando ele pede um peixe? Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos. Quanto mais o Pai de vocês, que está no céu, dará coisas boas aos que lhe pedirem!” (Mateus 7.9-11)

Temos de chegar ao ponto de abandonar a nossa auto-suficiência orgulhosa; temos de estar dispostos a pedir ajuda. E não podemos pedir ajuda somente uma vez e achar que está resolvido. Devemos ser persistentes e pedir várias vezes, conforme as necessidades apareçam. Quando praticamos o Passos Sete, podemos estar certos de que o nosso amoroso Pai celestial responderá dando-nos boas dádivas e removendo os nossos defeitos.

Um Coração Humilde – Lucas 18.10-14

Depois de examinar a nossa vida detalhadamente (como fizemos nos Passos Quatro, Cinco e Seis), podemos nos sentir separados de Deus. Quando consideramos tudo o que fizemos, talvez sintamos que não merecemos pedir nada a Deus. Talvez as pessoas a quem consideramos respeitáveis desprezem as nossas atitudes pecaminosas como o pior tipo de maldade. É possível que estejamos lutanto com o desprezo por nós mesmos. Nosso remorso genuíno pode fazer com que nos questionemos se podemos sequer ousar a nos aproximar de Deus para lhe pedir ajuda.

Deus nos recebe, mesmo quando nos sentimos assim, Jesus contou esta história: “Dois homens foram ao Templo para orar. Um era fariseu, e o outro, cobrador de impostos. O fariseu ficou de pé e orou sozinho, assim: ‘Ó Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como as outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como esta cobrador de

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impostos. Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho.’ Mas o cobrador de impostos ficou de longe e nem levantava o rosto para o céu. Batia no peito e dia: ‘Ó Deus tem piedade de mim, pois sou pecador!’... Eu afrimo a vocês que foi este homem, e nào o outro, que voltou para casa em paz com Deus. Porque quem se engrandece será humilhado, e quem se humilha será engrandecido.” (Lucas 18.10-14)

Os cobradores de impostos (publicanos) estavam entre os cidadãos mais desprezados na sociedade judaica. Os fariseus, por outro lado, desfrutavam do mais alto respeito. Jesus usou essa ilustração com a intenção de demonstrar que não importa onde nos encaixemos na hierarquia social. Um coração humilde é o que abra as portas ao perdão de Deus.

Recuperação Pela Fé – Romanos 3.23-28

Quais são os defeitos? Todos sabemos que temos defeitos. Essa é, talvez, outra maneira de dizer que não conseguimos alcançar os nossos próprios ideais? Em algum momento, todos tivemos altos idais para definir o que queíamos se na vida. Mas a maioria de nós logo aprendeu que não podíamos viver à altura deles. Pior ainda: com freqüência, não atingimos as expectativas dos outros, nem os padões de Deus. Ah! O peso da culpa que carregamos! Ah! A dor de pensar em como decepcionamos as pessoas que amamos! Ah! O desejo de encontrar alguma forma de ser o que deveríamos ser!

O apóstolo Paulo escreveu: “Todos pecaram e essstão afastados da presença gloriosa de deus. Mas, pela sua graça e sem exigir nada, Deus aceita todos por meio de Cristo Jesus, que os salva.” (Romanos 3.23-24) Paulo continua e nos pergunta: “Será que temos motivo para ficarmos orgulhosos? De modo nenhum! E por que não? Srá que é porque obedecemos à lei? Não; não é. É porque cremos em Cristo. Assim percebemos que a pessoa é aceita por Deus pela fé e não por fazer oq ue a lei manda”(Romanos 3.27-28).

Deus faz um excelente trabalho quando elimina os nossos pecados! “Quanto o Oriente está longe do Ocidente , assim ele afasta de nós os nossos pecados.” (Salmo 103.12) Podemos confiar que Deus remove as nossas deficiências, passo a passo, se nos humilharmos para obedecer à Palavra. Isso significa ter fé em Jesus para corrigir as nossas fraquezas, tanto de caráter como de conduta.

Reputação Recuperada – Filipenses 2.5-9 (pg. 1379)

Por causa do nosso orgulho, podemos nos esconder trás das defesas durante o porcesso de recuperação. Talvez nos ocultemos atrás da nossa boa reputação, da nossa posição importante ou de uma ilusão de que somos superiores. Podemos sentir uma vergonha inteerior tão grande, que, possivelmente façamos um esgorço supremo por nos esconder sob uma identidade pública impecável. Se

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nós tentarmos nos proteger recorrendo a algum desses subterfúgios, necessitaremos de uma drástica mudança de atitude.

O Apóstolo Paulo escreveu: “Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha: Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi humilde e obedeceu a deus até a morte - morte de crua. Por isso Deus deu a Jesus a mais alta honra e pôs nele o nome que é o mais importante de todos os nomes”(Filipenses 2.5-9). E o autor de Hebreu falou que devemos manter “os nossos olhos fixos em Jesus, pois é por meio dele que a nossa fé começa, e é ele quem a aprefeiçoa. Ele não deixou que a cruz fizesse com que ele desistisse. Pelo contrário, por causa da alegria que lhe foi prometida, ele não se importou com a humilhação de morrer na cruz e agora está sentado do lado direito do trono de Deus.” (Hebreus 12.2)

Podemos pedir a Deus que muda as nossas atitudes. Quando ele der um jeito no nosso orgulho, seremos capazes de deixar de nos esconder atrás de nossa reputação. Podemos permitir que nos tornemos “anôminos” e que outros nos conheçam simplesmente como mais uma pessoa que luta contra a sua adicção. Quando nos rendemos humildemente perante Deus para a nossa recuperação, ele nos promete honra futura e a restauração do nosso bom nome.

Os Olhos do Amor – 1 João 5.11-15 (pg. 1485)

Muitos de nós, provavelmente, não estejamos acostuma-dos a receber as coisas que pedimos. Como podemos ter certeza de que Deus ouvirá as nossas orações? Como sabemos que responderá quando lhe pedirmos que elimine as nossas imperfeições?

O apóstolo Paulo escreveu: “Antes da criação do mundo, Deus já nos havia escolhido para sermos dele por meio da nossa união com Cristo, a dim de pertencermos somente a Deus e nos apresentarmos diante dele sem culpa.”(Efésios 1.4) O principal objetivo de Deus é nos fazer santos, ou seja, moldar o nosso caráter ao dele. Quando olha através dos olhos do amor, ele já nos vê como seremos quando a obra estiver concluída. Então, vai realizando suas metas para nós na nossa vida diária. A Bíblia nos diz: “Os nossos pais humanos nos corrigiam durante ouco tempo, pois achavam que isso era certo; mas Deus nos corrige para o nosso próprio bem, para que participemos da sua santidade” (Hebreu 12.10). a nossa santidade – a remoção das nossas imperfeições – é a vontade de Deus para cada um de nós. O apóstolo João escreveu: “Quando estamos na presença de Deus, temos coragem por causa do seguinte: se pedimos alguma coisa de acordo com a sua vontade, temos a certeza de que ele nos ouve. Asim sabemos que ele nos ouve quando lhe pedimos alguma coisa. E, como sabemos que isso é verdade, sabemos também que ele nos dá o que lhe pedimos.” (1 João 5.14-15)

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A vontade de Deus é claramente eliminar as nossas imperfeições pecaminosas. E ele prometeu nos dar tudo o que pedirmos e que esteja de acordo com a sua vontade. Portanto, podemos ter total confiança de que Deus eliminará as nossas imperfeições no seu devido tempo.

PASSO 8Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos

prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.

Fazendo Reparações – Êxodo 11.10-15 (pg. 97)

Sistemas de famílias disfuncionais tendem a afetar pessoas de várias maneiras. Algumas pessoas passam a se considerar irresponsáveis e se condenam continuamente. Outras pessoas tendem a admitir que são irresponsáveis, mas se desculpam por todas as coisas que sofreram. Ainda outras sequer percebe seus comportamentos irresponsáveis, mas têm repetidos problemas com terceiros porque falham no respeito às propriedades destes.

A Bíblia afirma claramente: “Se alhuém pedir emprestado um animal, e este ficar doente ou morrer quando o seu dono não estiver presente, quem pediu emprestado deverá pagar o preço dele.” (Êxodo 22.14) Davi escreveu: “Os maus pedem emprestado e não pagam, mas os bons são generosos em dar.” (Salmo 37.21)

A Bíblia nos conta que é importante assumir a responsabilidade pelas coisas que tomamos emprestadas. Quem sabe sintamos que somos seriamente condenados se temos algum problema com irresponsabilidade. A expressão traduzida por “os maus”, de fato, significa, uma pessoa que está moralmente errada ou uma pessoa que age maldosamente. Deus considera o comportamento irresonsável como má ação, que pode ser corrigida. Deus não nos vê como maus sem esperança. Independentemente do que fomos até aqui, ainda assim somos tidos como responsáveis pelo respeito à propriedade alheia. Precisamos levar em consideração as pessoas que prejudicamos por nossa negligência ou irresponsabilidade no uso da propriedade delas.

Pecados Involuntários – Levítico 4.1-28 (pg. 123)

Enquanto permitimos que nossa vida fugisse do controle, provavelmente prejudicamos pessoas sem nos dar conta disso. De fato, grande parte da dor que causamos, possivelmente, tenha acontecido involuntariamente. No entanto, ainda assim precisamos assumir a responsabilidade por nossos atos e fazer reparações.

Quando Deus deu os mandamento, incuiu instruções sobre como lidar com erros e pecados intencionais. Ele ordenou “que Moisés dissesse aos israelitas o que deveria fazer a pessoa que, sem

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querer, quebrasse uma das leis do Senhor e fizesse o que é proibido... Se uma pessoa do povo, sem querer, quebrar uma das leis de Deus e for culpada de fazer aquilo que o Senhor proibiu, logo que for avisada de que cometeu o pecado, trará como sua oferta a Deus uma cabra sem defeito, para tirar o pecado que cometeu.”(Levítico 4.2,27-28) “Pode acontecer que alguém, sem querer, peque e desobedeça a algum desses mandamentos que o Senhor Deus deu a Moisés... Se por ignorância o povo cometer um pecado, então apresentará um touro novo, que será completamente queimado como sacrifício... e eles serão perdoados; pois, sem quererem, cometeram um pecado e paresentaram ao senhor uma oferta para tirar o pecado. “(Números 15.22-25)

Somos responsáveis pela maneira como nosso comportamento afetou outras pessoas. Isto é verdade mesmo que não nos demos conta do prejuízo causado. Esse pecados involuntários precisam ser reconhecidos e corrigidos tão logo os descubramos. Deus perdoa todos os nossos pecados. No processo de recuperação, porém, precisamos ser responsabilizados pelos pecados, involuntários juntamnet com os pecados mais evidentes.

Bodes Expiatórios – Levítico 16.20-22 (pg. 137)

É natural esperar que as pessoas a quem prejudicamos terão um conceito melhor de nós se as procuramos para fazer reparações. Quem sabe tenhamos receio de que algumas pessoas jamais atualizarão sua opinião a nosso respeito, independentemente do que fazemos. Talvez de fato seja assim, especialmente se decidiram nos eleger como bodes expiatórios.

Antes da vinda de Cristo, o povo de Israel foi intruído a escolher um bode vivo que levaria embora os seus pecados (Jesus se tornou nosso bode expiatório quando levou sobre si os nossos pecados.). o sacerdote colocava suas mãos sobre esse bode e convessava sobre ele todos os pecados do povo. “Porá as mãos na cabeça do animal e confessará todas as culpas e faltas e todos os pecados dos esraelitas. Assim, arão passará para a cabeça do bode os pecados do povo e então mandará o bode para o deserto. Será escolhido um homem para levar o animal, e ele o soltará no deserto. Assim, o bode irá para um lugar onde não mora ninguém, levando os pecados do povo.”(Levítico 16.21-22)

Algumas das pessoas que prejudicamos nos usarão como seus bodes expiatórios. Já que as prejudicamos, elas sente-se com razão em nos mandar embora com um peso extra além daquele que já carregamos. Insconscientemente, elas colocam a culpa da sua dor sobre nós para que nós a levemos embora. Como bodes expiatórios delas, fazemos a função de remover algo com que elas são incapazer de lidar de outra maneira. Por caus disso, talvez nunca nos acolham. Devemos estar preparados para esse tipo de resposta e nos dar conta de que o comportamento delas diz mais a respeito delas do que a nosso respeito.

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Superando a Solidão: Eclesiastes 4.9-12 (pg. 745Solidãoe isolamento caminham juntos com a culpa e a vergonha

que sentimos a respeito de quem somos e o que fizemos. Podemos nos sentir tão separados dos outros, que nos sentimos sozinhos quando estamos ao redor de outras pessoas. Culpa, medo de ser machucado e ódio d esi mesmo podem nos tornar incapazes de acreditar no amor que outros têm por nós. Podemos nos sentir totalmente sozinhos nesta luta, inclusive quando há pessoas ao nosso lado querendo ajudar. Estar desejoso de aceitar o amor delas faz parte da preparação para indenizar os prejuízos.

O sábio rei Salomão observou: “É melhor haver dois do que um, porque duas pessoas trabalahdno juntas podem ganhar muito mais. Se uma delas cai, a outra a ajuda a se levantar. Mas, se alguém está sozinho e cai, fica em má situação porque não tem ninguém que o ajude a se levantar. Se faz grio, dois podem dormir juntos e ese esquentar; mas um sozinho, como é que vai se esquentar? Dois homens podem resistir ao ataque que derrotaria um deles se estivesse sozinho. Uma corda de três cordões é difícil de arrebentar”(Eclesiastes 4.9-12).

A solidão pode nos quebrar e derrotar no processo de recuperação. Quando nos preparamos para fazer corre’~oes, também precisamos preparar nosso coração para aceitar qualquer amor, apoio ou amizade que nosé oferecido como retorno. Esses relacionamentos de apoio, juntamente com a mão de apoio de Deus, fortalecerão nossa vida consideravelmente. Com nossos amigos e com Deus juntando-se a nós para formar uma “corda de três cordões”, não seremos facilmente despedaçados ou desviadors do caminho da recuperação.

Perdoados Para Perdoar: Mateus 18.23-35 (pg. 1093)

Fazer uma lista de todas as pessoas às quais ofendemos, provavelmente, provoque uma atitude defensiva natural. A partir de cada nome que escrevemos, começará a se formar outra lista mental: uma lista do que foi feito de mal vontra nós. Como podemos lidar com o ressentimento que guardamos contra os outros e, assim, corrigir os nossos erros?

Jesus contou esta história: “Um rei... resolveu fazer um acerto de contas com os seus empregados. Logo no começo trouxeram um que lhe devia milhões de moedas de prata.”(Mateus 18.23-24) O homem supricou por perdão porque não tinha como pagar. “O patrão teve pena dele, perdoou a dívida e deixou que ele fosse embora. O empregado seiu e encontou um dos seus companheiros de travalho que lhe devia cem moedas de prata. Ele pegou essa conpanheiro pelo percoço e começou a sacudilo, dizendo: ‘Pague o que me deve!” (Mateus 18.27-28) E o rei ficou sabendo disso. “Aí o patrão chamou

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aquele empregado e disse: ‘Empregado miserável! Você me pediu, e por isso eu perdoei tudo o que você me devia. Portanto, você deveria ter pena do seu companheiro, como eu tive pena de você.’O patrão ficou com muita raiva e mandou o empregado para a cadeia a fim de ser castigado até que pagasse toda a dívida. E Jesus terminou, dizendo: ‘É isso o que o meu Pai, que está no céu, vai fazer com vocês se cada um não perdoar sinceramente o seu irmão.’” (Mateus 18.32-35)

Quando pensamos em todas as coisas de que Deus nos perdoou, faz sentido também perdoar os outros. Isso nos livra da tortura de um ressentimento que corrói. Não podemos mudar o que os outros fizeram contra nós, mas podemos perdoar as suas ações e estar dispostos a corrigie o erro.O Fruto do Perdão: 2 Coríntios 2.5-8 (pg. 1339)

Algumas das nossas ações teráo merecido desaprovação e, possivelmente, terào sido o motivo que tenha levado outros a deixar de nos amar, Descobrimos que algumas pessoas nos amam só se puderem aprovar a nossa conduta. Talvez tenhamos lutado contra o ressentimento em relação a elas porque sentimos que tentaram nos castigar. Se os nossos “pecados” se tornaram públicos, podemos pensar que perdemos o amor de todos os que desaprovam as nossas ações. Esse medo do desprezo pode evitar que tentemos reparar o dano que causamos.

Na jovem igreja de Corinto, um homem foi expulso da congregação quando os seus pecados se tornaram públicos. Depois de mudar e de tentar resparar o dano causado, alguns se nagaram a recebê-lo de volta na igreja. O apóstolo disse aos crentes: “Mas, se alguém fez com que alguma pessoa ficasse triste... Basta o castigo que a maioria já deu a ele. Agora vocês devem perdoá-lo e animá-lo para que ele não fique tão triste, que acabe caindo no desespero. Por isso peço que façam com que ele tenha a certeza de que vocês o amam.”(2 Coríntios 2.5-8) Algumas pessoas seguirão esse conselho e reafirmarão o amor delas quando você for ao encontro delas.

Algumas pessoas responderão com perdão, estímulo, aceitação e amor. Isso nos ajudará a passar por cima da tristeza, da amargura e do desânimo que possamos sentir. O perdão dessas pessoas nos aajudará a seguir adiante com a recuperação.

Colhendo o que Plantamos: Gálatas 6.7-10 (pg. 1363)

Quando estamos em recuperação, aprendemos a aceitar a responsabilidade pelas nossas ações, mesmo que sejamos impotentes perante a nossa adicção. Percebemos que toas as nossas ações produzem conseqüências. Alguns de nós nos enganamos pensando que podemos escapar das conseqüências do que fizemos. Mas, com o tempo, fica evidente que Deus vê a responsabilização como um elemento necessário para se poder viver saudavelmente.

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“Não se enganem: ninguém zomba de Deus. O que uma pessoa plantar, é isso mesmo que colherá. Se plantar no terreno da sua natureza humana, desse terreno colherá a morte. Porém, se plantar no terreno do Espírito de Deus, desse terreno colherá a vida eterna.” (Gálatas 6.7-8)

A lei sobre o semear e colher também pode ser benéfica para nós. Deus falou por meio do profeta Oséias: “Preparem os campos para a lavoura, semeiem a justiça e colham as bênçãos que o amor produzirá. Pois já é tempo de vocês se voltarem para mim, o Senhor, e eu farei chover sobre vocês a chuva da salvação.”(Oséias 10.12)

Deus diz que sempre colheremos o que semeamos. Até depois de termos sido perdoados, devemos lidar com as conseqüências das nossas ações. É possível que leve tempo para terminar com a colheita de conseqüências negativas do nosso passado, mas não podemos permitir que isso nos desanime. Elaborar uma lista de pessoas às quais prejudicamos é um passo para o plantio de boas sementes. Com o tempo, veremos como começa a crescer uma boa colheita.

PASSO 9 Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem.

Cura Há Muito Esperada: Gênesis 33.1-11 (pg. 45)

Voltar a uma pessoa a quem prejudicamos dá medo. Os anos passados, a falta de comunicação e lembranças de reaiva e troca de emoções de ódio podem gerar enorme ansiedade. Mesmo que façamos algum contato através de um terceiro, ainda assim haverá tensão até que encontremos aquela pessoa frente a frente.

Esse foi o caso de Jacó quando voltava para er Esaú. “Quando Jacó viu que Esaú vinha chegando com os seus quatrocentos homens, dividiu os seus filhos em grupos... Esaú saiu correndo ao encontro de Jacó e o abraçou; ele pôs os braços em volta do seu percoço e o beijou. E os dois choraram.” Depois de ser apresentado à família de Jacó, Esaú perguntou: “E o que são aqueles grupos que encontrei pelo caminho? Jacó respondeu: - Por meio deles pensei em ganhar a boa vontade do senhor. Aó esaú disse: - Eu já tenho bastante, meu irmão; fique com o que é seu. Mas Jacó insistiu: - Não recuse. Se é que mereço um favor seu, aceite o meu presente. Para mim, ver o seu rosto é como ver o rosto de Deus, poir o senhor me recebeu tão bem. Por favor, aceite este presente que eu trouxe para o senhor. Deus tem sido bom para mim e me tem dado tudo o que preciso.”(Gênesis 33.1,3-4.8-11)

O enorme medo de Jacó deu lugar alívio. Na última vez que Jacó tinha visto Esaú, Jacó temia perder a vida. Com o passar do tempo, ambos mudaram. Quando Jacó viu seu irmão, descobriu que ainda tinha afeto, apesar de ambos recordarem a dor.

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Cumprindo as Promessas: 2 Samuel 9.1-9 (Pg 355)

O pessoas ainda estão vivendo à margem das nossas promessas não cumpridas? É tarde demais para voltar agora ou para tentar cumpri-las?

O rei Davi tinha feito uma promessa a seu amigor Jônatas. “Certo dia Davi perguntou: - Será que alguma pessoa da família de Saul ainda está viva? Se está, eu quero fazer alguma coisa boa para essa pessoa, por causa de Jônatas” (2Samuel 9.11).

Mefibosete, o único filho de Jônatas, tinha vonvivido durante longo tempo com a dor de uma promessa não cumprida por Davi. Isso tinha moldado seu estilo de vida, sua condição emocional e a maneira como pensava a respeito de si. Seu avô, o rei Saul, tinha maltratado Davi antes de Davi se tornar rei. Talvez Mefibosete tivesse medo de que Davi o maltrataria por causa de seu avô. Gerações de medo e culpa pesavam sobre Mefibosete, até que Davi relemvrou e cumpriu sua promessa.

Provavelmente, haja pessoas conhecidas nossas que foram afetadas por promessas que não cumprimos. É importante que tentemos cumprir as promessas que fizemos. Quando não podemos cumpri-las, o mínimo que podemos fazer é perguntar o que nossa negligência causou às pessoas que desapontamos ou nos desculpar por não termos cumprido as promessas.

Deixando o Passado para Trás: Ezequiel 33.10-16 (pg. 941)

Quando andamos pelo caminho errado, chegamos a lugares maus e experimentamos perdas devastadoras. Quando prosseguimos por este caminho, colocamos em perigo a própria vida. Convém nos perguntar se já não fomos longe demais. É realmente possível um novo caminho de vida, mesmo se abandonamos nossos velhos caminhos do pecado e fizemos reparações?

Mesmo sob as leis do Antigo Testamento, houve esperança para aqueles que abandonaram o pecado e fizeram reparações. Deus falou através de Ezequiel: “O Senhor me disse o seguinte: - Homem mortal, repita aosd israelitas o que eles andam dizendo: ‘Os nossos pecados e maldades são um peso para nós. Estamos nos acabando. Como podemos viver?’ Diga-lhes que juro pela minha vida que eu, o Senhor Deus, não me alegro com a morte de um pecador. Eu gostaria que ele parasse de fazer o mal e vivesse. Povo de Israel, pare de fazer o mal. Por que é que vocês essstão querendo morrer? – Agora, homem mortal, diga aos israelitas que, quando um homem correto pecar, o bem que ele fez não o salvará. Se um homem mau para de fazer o mal, ele não será castigado; e, se um homem correto começar a pecar, ele não continuará vivendo. Se eu avisar um homem mau, dizendo que vai morrer, e se ele para de pecar e fizer o que é bom e correto – por exemplo, se devolver o objeto que lhe deram como garantia de pagamento de uma dívida ou se devolver o que roubou –

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se ela parar de pecar e seguir as leis que dão vida, ele não morrerá, mas viverá. Eu perdoarei os pecados que cometeu. Ele viverá porque fez o que é bom e correto.”(Ezequiel 33.10-12,14-16)

Há esperança para cada pessoa que se afasta do pecado e faz reparações. Através de Cristo, os pecados do nosso passado podem ser apagados por uma nova vida futura.

Reparando as Rupturas: Mateus 5.23-25 (pg. 1069)

Todos nós sofremos rupturas na nossa vida, no nosso relacionamento com Deus e no nosso relacionamento com os outros. A ruptura tende a nos sobrecarregar e, facilmente, pode nos levar de volta à adicção. A recuperação não é completa até que todas as áreas da ruptura estejam reparadas.

Jesus ensinou: “Portanto, se você estiver oferecendo no altar a sua oferta a Deus e lembrar que o seu irmão tem alguma queixa contra você, deixe a sua oferta ali, na frente do altar, e vá logo fazer as pazes com o seu irmão. Depois volte e ofereça a sua oferta a Deus.”(Mateus 5.23-24) O apóstolo João escreveu: “Se alguém diz: ‘Eu amor a Deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Pois ninguém pode amar a Deus, a quem não vê, se não amar o seu irmão, a quem vê.” (1 João 4.10)

Muito da recuperação envolve reparar as rupturas na nossa vida. Isso exige que nós façamos as pazer com Deus, conosco e com outros de quem nos afastamos. Assuntos não resolvidos nos relacionamentos podem nos impedir de estar em paz com Deus e conosco. Enquanto passamos pelo porcesso de reparação, devemos manter nossa mente e coração abertos a qualquer pessoa que possamos ter negligenciado. Com frequência, Deus nos lembrará de relacionamentos que precisam de atenção. Não devemos demorar para ir ao encontro daqueles que ofendemos e procurar reparar o dano que causamos.

Devolvendo o que Devemos: Lucas 19.1-10 (pg. 1187)

Quando estamos alimentando a nossa adicção, é fácil que as nossas necessidades nos consumam. A única coisa que importa é conseguir o que desejamos com tanto desespero. Talvez tenhamos de mentir, enganar, matar ou roubar; mas nada disso nos detém. Acabamos nos transformando em “saqueadores” da nossa família e comunidade, atropelando os sentimneto e as necessidades dos outros.

Zaqueu tinha o mesmo problema. A sua ânsia por riqueza a levou a trair o seu próprio povo, cobrando imipostos para o foverno romano. O seu próprio povo o odiava e o considerava um ladão, fraudador e traidor. Mas, quando Jesus lhe estendeu a mão, ele mudou radicalmente. “Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: ‘Escute, Senhor, eu vou dar a metade dos meus bens aos pobres. E, se roubei

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alguém, vou devolver quatro vezes mais.’Então Jesus disse: ‘Hoje a salvação entrou nesta casa, pois este homem também é descendente de Abraão.’” (Lucas 19.8-9)

Zaqueu fez mais do que apenas devolver o que havia tomado. Pela primeira vez em muito tempo, ele viu as necessidades dos outros e quis ser um “doador”. Reparar as nossas falhas inclui devolver o que tomamos, sempre que possível. Alguns de nós talvez aproveitemos a oportunidade para fazer algo mais, devolvendo mais do que tomamos. Quando começarmos a ver as necessidades dos outros e decidirmos responder a elas, a nossa auto-estima aumentará. Perceberemos que podemos dar a outros em vez de ser somente uma carga.

Assunto Não Concluído: Filemom 13-16 (pg. 1429)

Algumas vezes, precisamos terminar assuntos não concluídos antes de poder avançar para novas oportunidades na vida. Alguns possivelmente tenhamos deixado um rastro de leis violadas e relacionamentos rompidos. São coisas que precisamos encaminhar antes de seguir adiante.

A nossa nova vida não nos isenta de obrigações passadas. Enquanto o apóstolo Paulo estava na prisão, levou um escravo fugitivo chamado Onésimo a uma nova vida em Cristo. Depois, Paulo o enviou de volta ao seu senhor, mesmo que Onésimo corresse o risco de perder a vida por causa do que havia feito. Como seu antigo senhor era amigo de Paulo e imão na fé, Paulo e Onésimo tinham a esperança de conseguir o perdão para o escravao fugitivo.

Onésimo foi portador de uma Carta de Paulo para o seu senhor. A Carta incuía esta petição: “Gostaria de obrigá-lo a ficar aqui comigo... Porém não vou fazer nada sem a aprovação de você... Pode ser que Onésimo tenha sido afastado de você por algum tempo a fim de que você o tanha de volta para sempre. Pois agora ele não é mais um escravo, porém muito mais do que isso: é um querido irmão em Cristo... Se ele deu algum prejuízo a você ou lhe deve alguma coisa, ponha isso na minha conta.” (Filemom 13-16,18)

Antes de poder seguir adiante para um novo futuro, devemos enfrentar os assuntos do passado que ainda estejam pendentes. Isso inclui procurar devolver o que devemos, resolver os problemas com a lei e retornar às pessoas das quais tenhamos fugido. Não podemos ter certeza de que receberemos o perdão das pessoas, mas podemos esperar por ele. Em alguns casos, talvez nos suspreendamos ao enxontrar perdão e liberdade da escravidão do nosso passado.

Um Coração Humlde:1 Pedro 2.18-25 (pg. 1465)

A essa altura da recuperação, muitos de nós experi-mentamos algumas importantes mudanças de atitude. Em certa etapa da nossa

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vida, a adicção nos consumia de tal maneira, que só pensávamos em nós, sem nenhuma consideração por ninguém mais. O passo que agora analisamos se enfoca nos interesses e nas necessidades de outros.

O apóstolo Paulo ensinou: “Não façamos nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros superiores a vocês mesmos. Quem ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros.”(Filipenses 2.3-4) Seja decidirmos reparar diretamente o dano que tenhamos causado ou se escolhermos não fazê-lo por causa da ferida que causaria, devemos nos preocupar em proteger outros da dor e do sofrimento.

Pode haver situações em que sofreremos se tentarmos reparar o dano causado. Isso é parte do processo de recuperação, e a possível dor não deve nos intimidar. O apóstolo Pedro escreveu: “Mas, se vocês sofrem por terem feito o bem e suportam esse sofrimento com paciência, Deus os abençoará por causa disso... O próprio Cristo sofreu por vocês e deixou o exemplo, para que sigam os seus passos. Ele não cometeu nenhum pecado, e nunca disse uma só mentira. Quando foi insultado, não respondeu com insultos. Quando sofreu, não ameaçou, mas pôs a sua esperança em Deus, o justo Juiz.” (1 Pedro 2.10-23)

Dar esse passo pode ser muito difícil, pois enfrentaremos as consequências dolorosas das nossas ações passadas. Durante esse, período precisamos confiar a nossa vida a Deus, que sempre julga justamente.

PASSO 10Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando

estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.

Limites Pessoais: Gênesis 31.55 (pg. 43)

Todos nós temos fraquezas particulares. Muitas vezes, é útil estabalecer limites pessoas para sustentar as áreas mais fracas. Talvez necessitemos definir, claramente nossos comprometi-mentos com outros; talvez necessitemos firmar um acorod sobre certos limites a fim de conservar a paz. Uma vez estabelecidos os limites, se faz necessária honestidade apra mantê-los. A deter-minação de nossa honestidade de cumprir nossos comprome-timentos tem de fazer parte regular de nossa vida diária.

Jacó e seu sogro Labão conflitos. Enquanto tentavam re-solvê-los , encontraram num acordo, estabelecendo um limite claramente definido e erguendo um monumento que servisse de lambrança do

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comprometimento. “Que o Senhor Deus fique nos vigiando quando estivermos separados um do outro!... Aqui estão as pedras e o pilar que coloquei entre nós dois. O mont e o pilar são para lmebrarmos desse trato... Então Jacó fez um juramento em nome do Deus a quem Isaque, o seu pai, temia.”(Gênesis 31.49,51-53)

A restauração da confiança em nosso relacionamento faz parte da recuperação. Para isso precisamos definir nossas expectativas e ingressar nos comprometimentos com cautela. Não somos apenas responsáveis por aquilo que a outra pessoa conhece a respeito. Somos pessoalmetne responsáveis por nossa própria honestidade perante os olhos vigilantes de Deus. Esses comprometimentos relacionais não devem ser assumidos levianamente. Mas. Quando os fazemos, devem ser cuidadosa-mente mantidos.

Precisamos de Perdão Outra Vez: Romanos 5.3-5 (pg. 1301)

Talvez nos impacientemos conosco mesmos quando contiamos praticando osmesmos pecados sempre de nos. Isso pode fazer com que nos desanimemos ou podemos estar com medo de estar condenados às recaídas.

Pedro perguntou a Jesus: “Então Pedro cheou perto de Jesus e perguntous: ‘Senhor, quants vezes devo perdoar o meu irmão que peca contra mim? Sete vezes?’ ‘Não!’, respondeu Jesus. ‘Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta e sete vezes.’”(Mateus 18.21-22) Se essa deve ser a nossa atitude em relação aos outros, por acaso não vaz sesntido que tratemos anós mesmos com igual bondade? Devemos ser tão pacientes consoco como Deus estpera que sejamos com outros.

Paulo escreveu: “E também nos alegramos nos sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e essa aprovação cria a esperança. Essa esperança não nos deixa decepcionados, pois Deus derramou o seu amor no nosso coração, por meio do Espírito Santos, que ele nos deu.”(Romanos 5.3-5)

Aprender a esperar pacientemente é uma característica importante que devemos desenvolver. Cada vez que confessamos o nosso pecado e aceitamos o perdão de Deus, temos a oportunidade de exercer a nossa esperança e fé e, assim , fortalecê-las. Já não precisamos nos esconder envergonhados cada vez que cairmos. Podemos confessar as nossas faltas, arrependidos, e seguir adiante. O amor de Deus por nós se reafirma cada vez que confiamos nele. Dessa forma, o senhor nos ajuda a manter a nossa cabeça levantada, Nào importa o que aconteça.

Lidando com a Raiva: Efésios 4.26-27 (pg. 1373)

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Para muitos de nós, é bastante difícil lutar contra a irritação. Alguns temos um histórico de raiva, e assim tentamos reprimir os nossos sentimento. Outros ocultamos os sentimentos de coragem, fingindo que não existem, porque, no passado, nunca pudemos expressá-los. Se alguns dos nossos problemas derivam de não sabermos como expressar apropriadamente a nossa irritação, é possível que procuremos não lidar com eles. Talvez tentemos “deixá-los de lado”, com a esperança de que desapareçam. Avaliar como lidar com a irritação de forma adequada é parte importante do nosso inventário diário.

O apóstolo Paulo disse: “Se vocês ficarem com raiva, não deixem que isso faça com que pequem e não fiquem o dia inteiro com raiva. Não dêem ao diabo oportunidade para tentar vocês.”(Efésios 4.26-27) Uma saída é estabelecer um tempo limite diário para lutar com a nossa coragem; um tempo para encontrar a maneira de expressar os nossos sentimento e, então, abandoná-los.

Lutar contra a irritação rapidamente é importante, pois, quando deixamos que amadureça, ela se converte em amargura. A amargura é a raiva que foi enterrada e teve tempo para crescer. A Bíblia nos adverte: “Abandonem toda amargura, todo ódio e toda raiva. Nada de gritarias, insultos e maldades! Pelo contrário, sejam bons e atenciosos uns para com os outros. E perdoem uns aos outros, assim como Deus. Por meio de Cristo, perdoou vocês.”(Efésios 4.31-21)

Os Alcólicos anônimos ensinam que nunca devemos chegar ao ponto de estar muito famintos, zangados, sós ou cansados. Poderemos conseguir isso se logo lidarmos com a raiva tão logo apareça.

Exercícios Espirituais: 1 Timóteo 4.7-8 (pg. 1407)

É espantoso o que os seres humanos podem conseguir como resultado de esforços persistentes e disciplinados. Quantas vezes vimos finastas treinados ou outros atletas e nos maravilhamos diante da desenvoltura das suas apresentações? Entendemos que desenvolveram essas habilidades através de um treinamento rigoroso, que é o que distingue os verdadeiros atrletas dos espectadores. Realizar regularmente o nosso inventário pessoal exige uma autodisciplina semelhante.

Paulo escreveu a Timóteo: “Mas não tenha nada a ver com as lendas pagãs e tolas. Para progredir na vida cristã, faça sempre exercícios espitiruais. Pois os exercícios físicos têm alguma utlidade, mas o exercício espiritual tem valor para tudo porque o seu resultado é a vida, tanto agora como no futuro.” (1 Timóteo 4.7-8) A palavra que se traduz por “exercício”se referuam específicamente, ao

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treinamento disciplinado que era praticado pelos ginastas nos tempos de Paulo.

A força e a agilidade espiritual vêm apenas através da prática. Precisamos desenvolver os nossos músculos espirituais por meio do esforço perseverante e da disciplina diária. Continuar fazendo o nosso inventário pessoal é uma disciplina que precisamos desenvolver. Como o atleta, podemos motivar a nós mesmos para continuar praticando disciplinadamente as rotinas diárias com os olhos na nossa recompensa futura. Quanto a esse tipo de disciplina, “o seu resultado é a vida, tanto agora como no futuro”(1. Timóteo 4.8). Os resultados não chegam de um dia para outro. Mas, quando praticamos essas disciplinas a cada dia, no final colheremos os benefícios.

Perseverança: 2 Timóteo 2.1-8 (pg. 1415)

A recuperação é um processo que dura toda a vida. Haverá momentos em que nos sentiremos cansados e desejaremos jogar a toalha. Experimentaremos dor, medo e toda uma variedade de outras emoções. Na guerra por obter a integridade, ganharemos algumas batalhas e perderemos outras. Talvez nos desanimemos em alguns momentos, pois não estaremos notando nenhum progresso, embora tenhamos feito grande esforço. Mas se, apesar de tudo, formos perseverantes, poderemos conservar o terreno que tenhamos ganhado.

O apóstolo Paulo usou três ilustrações para ensinar sobre a perseverança. Escreveu a Timóteo:

“Como fiel solcado de Cristo Jesus, tome parte no meu sofrimento. Pois o soldade, quando está servindo, quer agradar o seu comandante e por isso não se envolve em negócios da vida civil. O atleta que toma parte numa corrida não recebe o prêmio se não obedecer às regras da competição. E o lavrador que trabalha no pesado deve ser o primeiro a receber a sua parte na colheita. Pense no que estou dizendo, pois o Senhor fará com que você compreenda todas as coisas.”(2 Timóteo 2.3-7)

Como soldados, estamos em uma guerra que só podemos ganhar se lutarmos até o final. Como atletas, devemos treinar para uma nova forma de vida e para seguir os passos da recuperação até alcnaçar o objetivo. Como lavradores, devemos fazer o nosso trabalho em cada estação e, então, esperar pacientemente até que vejamos o crescimento. Se deixarmos de trabalhar nonosso programa antes de alcançar o objetivo, podemos perder tudo aquilo pelo que temos lutado, treinado e trabalhado com afinco.

Olhando no Espelho: Tiago 1.21-25 (pg.1453)

Quantas vezes nos olhamos no espelho a cada dia? Imagine que nos olhamos no espelho e descobrimos que temos mostarda ao redor da boca. Por acaso não lavamos o rsoto e limpamos a sujeira

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imediatamente? Desta forma, precisamos constantemente nos olhar no nosso “espelho espiritula”: a Bíblia. Então, se houver algo errado, podemos dar os passos apropriados para corrigir.

Tiago usa uma ilustração semelhante para nos mostrar que deus deve ser como um espelho espiritual na nossa vida. Afirmou: “Não se enganem; não sejam apenas ouvintes dessa mensagem, mas a ponham em prática. Porque aquele que ouve a mensagem e não a põe em prática é como uma pessoa que olha no espelho e vê como é. Dá uma boa olhada, depois vai embora e logo esquece a sua aparência. O evangelho é a lei perfeita que dá liberdade às pessoas. Se alguém examina bem essa lei e não a esquece, mas a põe em prática, Deus vai abençoar tudo o que essa pessoa fizer.” (Tiago 1.22-25)

Esta ilustração mostra que é sensato fazer regularmente um inventário pessoal. Quando examinamos a nossa vida, se descobrirmos que da última vez que o fizemos houve alguma mudança problemática, devemos agir imediatamente. Se não prestamos atenção imediata no problema, talvez logo o esqueçamos. Da mesma maneira que seria uma tolice passar todo o dia sabendo que tmeos mostarda no rosto, não é lógico reconhecer que temos um problema que pode nos levar a uma recaída e não corrigi-lo imediatamente.

Pecador Recorrentes: 1 João 1.8-10 (pg. 1481)

Talvez nos sintamos sem jeito quando confessamos os nossos pecados diante de Deus. Possivelmente, já tenhamos ficado envergonhados pelas vezes que tivemos de lutar contra as mesmas coisas, problemas que, obstinadamente, se negam a desaparecer. É possível que imaginemos Deus fazendo uma grande lista de erros cometidos para usá-la contra nós.

O apóstolo João escreveu: “Se dizemos que não temos pecados, estamos nos enganando, e não há verdade em nós. Mas, se confessarmos os nossos pecados a Deus, ele cumprirá a sua promessa e fará o que é correto: ele perdoará os nossos pecados e nos limpará de toda maldade. Se dizemos que não temos cometido pecados, fazemos de Deus um mentiroso, e a sua mensagem não está em nós.”(1 João 1.8-10)

Confessar quer dizer concordar com Deus que o que ele diz estar mal realmente está mal. Isso significa que precisamos reconecer os nossos erros logo que os cometemos. João diz que Deus nos perdoará e nos limpará de toda maldade. Cada vez que confessamos um pecado, o Senhor o limpa. A nossa vida é como uma lousa em que se apagou tudo o que estava escrito nela. Os nossos pecados não fiam gravados em nenhum tipo de “lista celestial”; eles se foram para sempre! Mesmo que cometamos os mesmos erros sempre de novo, Deus continua nos perdoando se estivermos verdadeiramente arrependidos. Algusn aspectos da nossa vida necessitam mais limpeza do que outros. Deus não se zanga quando

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retornamos a ele reiteradas vezes. Não é necessário que nos sintamos incomodados. Deus quer que nos aproximemos dele cada vez que pequemos.

PASSO 11Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar

nosso contato consciente com Deus, rogando apenas o conehcimento de sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.

Um Lugar Seguro: 2 Samuel 22.1-33 (pg.373)No passado, quando a vida se tornava pesada, usamos nossas

adicções como esconderijo. Agora que estamos em recuperação às vezes a vida pode se apresentar ainda mais dura. Necessitaremos de um novo local de refúgio para escapar das tempestades e encontrar proteção.

O rei Davi enfrentou muitas lutas. Ele disse a respeito de Deus: “O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador. O meu Deus é uma rocha em que me escondo. Ele me protege como um escudo; ele é o meu abrigo, e com ele estou seguro. Deus é o meu Salvador; ele me protege... Eu clamo ao Senhor pedindo ajuda, e ele me salva dos meus inimigos. Louvem ao Senhor pedindo ajuda, e ele me salva dos meus inimigos. Louvem ao Senhor! Estive cercado de perigos de morte, e ondas da destruição rolaram de perigos de morte, e ondas da destruição rolaram sobre mim. A morte me amarrou com as suas cordas, e a sepultura aramou a sua armadilha para me pegar. No meu desespero eu clamei ao Senhor, eu pedi que ele me ajudasse. No seu templo ele ouviu a minha voz, ele escutou o meu grito de socorro... Ele é como um escudo para os que procuram a sua proteção. O Senhor é o único Deus; somente Deus é a nossa rocha. Ele é o meu forte refúgio e me protege aonde quer que eu vá”(2 Samuel 22.2-7, 31-33).

Sempre haverá ocasiões em que sentimos a necessidade de um lugar seguro, a necessidade de correr e esconder-se. Deus pode ser esse esconderijo. Quando nos encontramos em aflição, cercados pelas “ondas da morte” em nosso antigo estilo de vida pecaminosa, podemos clamar a Deus por ajuda.ele sempre está aqui, pronto para nos escudar e proteger quando clamamos a ele.

Sede de Deus Salmo 27.1-6

A maioria de nós, inicialmente, buscam a Deus pela ajuda que ele pode nos dar, ou seja, o seu poder para nos libertar do poder da nossa dependência. Talvez fiquemos surpresos quando nos damos conta de que, com o passar do tempo, buscamos a Deus pelo desejo de estar perto dele. Quando descobrimos como ele é maravilhoso e quanto nos ama, nós nos aproximamos dele pela alegria que experimentamos na sua presença.

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O rei Davi nos permite dar uma olhada no seu relacionamento com Deus, quando diz: “A Deus, o Senhor, pedi uma coisa, e o que eu quero é só isto: que ele me deixe viver na sua casa todos os dias da minha vida, para sentir, maravilhado, a sua bondade e pedir a sua orientação. Em tempos difíceis, ele me esconderá no seu abrigo. Ele me guardará no seu Templo e me colocará em segurança no alto de uma rocha. Assim vencerei os inimigos que me cercam. Com gritos de alegria, oferecerei sacrifícios no seu Templo; eu cantarei e louvarei a Deus, o Senhor.”(vs. 4-6).

Davi encontrou grande alegria ao melhorar seu relacio-namento com Deus. O Senhor sempre está aí, mas nem sempre nos damos conta da sua presença. O nosso relacionamento com Deus geralmente começa quando ele supre as nossas necessidades desesperadas. Mas, quando começarmos a nos concentrar em conhecer a Deus como um fim em si mesmo, descobriremos que ele nos dará o que sempre desejamos: a alegria de estarmos perto do nosso amoroso Criador. Então, veremos que podemos confiar a ele toda a nossa vida toda.

Alegria na Presença de Deus Salmo 65.1-4

A maioria de nós precisa desejar algo antes de buscar isso de todo o coração. Enquanto não compreendermos o quanto Deus nos ama e se preocupa conosco, provavelmente, não tenhamos o desejo de orar. Até que creiamos sinceramente que ele nos perdoou por completo, sentiremos vergonha de olhar para ele. Se nos agarrarmos aos nossos conceitos equivocados sobre Deus, este passo será um grande fardo em vez de algo que produza alegria.

A vida do rei Davi deveria nos dar esperança. Depois de enfrentar cara a cara a sua pecaminosidade, foi capaz de cantar: “É justo, ó Deus, que o povo te louve no monte Sião e te dê o que prometeu, pois tu respondes às orações. Pessoas de toda parte virão te adorar por causa dos seus pecados. As nossas faltas nos deixam derrotados, mas tu nos perdoas. Como são felizes aqueles que tu escolhes, aqueles que trazes para viverem no teu Templo! Nós ficaremos contentes com as coisas boas da tua casa, com as bênçãos do teu santo Templo”(Salmo 65.1-4). Deus quer que sejamos como os que viviam e serviam no seu Templo, chegando livremente a sua presença. Ele quer que saibamos que somos bem-vindos e importantes perante ele (veja também Mateus 10.29-31).

O Senhor está sempre conosco e pode ser, agora mesmo, fonte de alegria e felicidade. Podemos desejar passar tempo com ele e viver em sua presença dia após dia.

Encontro com Deus Salmo 105.1-9

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À medida que trabalhamos, nos esforçamos nos Doze Passos, passamos muito tempo olhando para trás. Com freqüência, pensamos nos erros cometidos no passado. Enquanto continuarmos no processo de recuperação, necessitaremos de força para andar pelo caminho que Deus quer que sigamos. Parte dessa força virá quando visualizarmos a presença constante de Deus conosco.

O salmista escreveu; “Agradeçam a Deus, o Senhor, anunciem a sua grandeza e contem às nações as coisas que ele fez... Lembrem de tudo o que Deus tem feito, lembrem dos seus grandes e maravilhosos milagres... Ele é o Senhor, nosso Deus; os seus mandamentos são para o mundo inteiro. Ele sempre lembrará da sua aliança e, por milhares de gerações, cumprirá as suas promessas”(Salmo 105.1,5-8).

De agora em diante, quando olharmos para trás, devemos nos concentrar em ver os “seus grandes e maravilhosos milagres” e em nos lembrar “de tudo o que Deus tem feito”. Podemos olhar ao nosso redor para vê a sua bondade no “mundo inteiro” e esperar o cumprimento das suas promessas. Em oração, devemos agradecer a Deus o que ele tem feito, busca-lo para conseguir a força de que necessitamos hoje e pedir que cumpra as suas promessas para o dia de amanhã. Em meditação, precisamos lembrar as nossas vitórias, refletir sobre a presença de Deus conosco hoje e pensar na sua fidelidade e na esperança que ele nos dá para o amanhã.

Segredos Poderosos Salmo 119.1-11

Os segredos que escondemos têm um imenso poder na nossa vida. Quantas condutas aditivas ou compulsivas mantivemos ocultas ou escondidas? Quando, finalmente, demos o passo e confessamos a outra pessoa a natureza exata da nossa adicção, provavelmente, tenhamos ficado surpresos por descobrir que a adicção havia perdido o seu poder ao ser exposta. O poder dos segredos e das condutas escondidas pode agir a favor de nós ou contra nós.

O salmista escreveu essa oração a Deus: “Quardo a tua palavra no meu coração para não pecar contra ti.”(Salmo 119.11) Se “guardamos” a Palavra de Deus no nosso coração, memorizando-a meditando nela, encontraremos um novo poder para manter limpos a nossa mente e o nosso coração.

O poder dos segredos também agirá a favor de nós na nossa vida de oração. Jesus nos ensinou: “Mas você, quando orar, vá para o seu quarto, feche a porta e ore ao seu Pai, que não pode ser visto. E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa”(Mateus 6.6). Na medida em que passarmos tempo a sós com Deus em oração e meditação, iremos descobrindo esse poder agindo em nosso benefício.

Espera Paciente: Isaías 40.28-31 (pg. 799)

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Todos nós queremos recuperar-nos o mais rápido possível. É difícil ficar paciente quando esperamos pela eficácia do processo. Com certeza, estamos cientes de que não chegaremos ao ponto crítico de uma hora para outra. Compreendemos que não podemos desfazer uma vida toda de danos em poucos instantes. Mas, ainda assim, é um desafio esperar pacientemente. Cada parte do processo de recuperação requer tempo e paciência. Esse passo também requer tempo e paciência. Esse passo também requer que aprendamos a esperar em Deus.

O profeta Isaías nos dá a seguinte promessa: “os que confiam no Senhor recebem sempre novas forças. Voam nas alturas como águias, correm e não perdem as forças, andam e não se cansam.”(Isaías 40.31) Jeremias disse: “O Senhor é bom para todos os que confiam nele. O melhor é ter esperança e aguardar em silêncio a ajuda do senhor.” (Lamentações 3.5-6)

Esperar no Senhor traz recompensas. Podemos permanecer calmos quando parece que não estamos alcançando nenhum progresso na recuperação. Quando aprendemos a confiar no Senhor e a esperar nele, ele nos levantará entre suas asas de águia. Deus nos dá a força e a resistência para nos mantermos em pé debaixo do fardo a fim de não desanimarmos ou cairmos. Ao desenvolvermos fé paciente em Deus, seremos capazes de agüentar até o final da corrida e vencer.

Andando na Luz: João 3.18-1 (pg 107)

Às vezes, não queremos conhecer a vontade de Deus porque há áreas na nossa vida com as quais ainda não estamos prontos a lidar. A recuperação é um processo para nós. Talves estejamos preparados para orar pedindo a vontade de Deus em algumas áreas, mas nos incomoda que a luz de Deus brilhe sobre outras áreas que ainda se escondem na vergonha.

Quando falou com aqueles que se negavam a confiar a sua vida a ele, Jesus lhes disse: “Deus mandou a luz ao mundo, mas as pessoas preferiram a escuridão porque fazem o mal odeiam a luz e fogem dela, para que ninguém veja as coisas más que eles fazem” (João 3.19-20). Mais adiante, em uma das suas mensagens, disse às pessoas: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue nunca andará na escuridão, mas terá a luz da vida”(João 8.12).

A escuridão é muito boa quando estamos tentando esconder algo, mas a luz é necessária quando estamos tentando caminhar sem cair. Quando tentávamos esconder a nossa conduta vergonhosa ou nos agarrávamos à nossa adicção, a escuridão parecia nossa amiga. Mas, agora que estamos tentando caminhar para a recuperação, necessitamos da luz para não tropeçar. Já não temos de temer a luz de Deus porque temos o seu perdão através de Cristo. Ele quer nos guiar em segurança pelo caminho correto.

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PASSO 12

Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses Passos, procuramos transmitir a mensagem a outros e praticar esses princípios em todas as nossas atividades.

A Nossa Missão: Isaías 61.1-3 (pg 85)

Uma vida liberta de adicções pelo senhor é um quadro lindo de se contemplar. Quando praticamos esses princípios e compartilhamos nossas experiências, pessoas verão a glória de Deus em nossa vida e receberão esperança. Sabemos de experiência própria a gravidade do sofrimento, da aflição e do quebrantamento. Conhecemos a dor de estar escravizado às paixões e da cegueira causada pela nossa negação. Suportamos os tempos de choro. Agora, podemos nos relacionar com as pessoas que lutam pela liberdade. Também sabemos que, além da escravidão, algo mais pertence à vida. Em Cristo, há cura e liberdade, claridade e misericórdia, beleza e alegria.

Quando Jesus veio à terra, ele teve uma missão, que foi expressa nestas palavras: “O Senhor Deus me deu o seu Espírito, pois ele me escolheu para levar boas notícias aos pobres. Ele me enviou para animar os aflitos, para anunciar a libertação aos escravos e a liberdade para os que estão na prisão. Ele me enviou para anunciar que chegou o tempo em que o Senhor salvará o seu povo... Ele me enviou para consolar os que choram, para dar aos que choram em Sião uma coroa de alegria, em vez de tristeza, um perfume de felicidade, em vez de lágrimas, e roupas de festa, em vez de luto.” (Isaías 61.1-3)

Essa missão foi passada adiante para nós. Algumas pessoas falam sobre “pregar o evangelho”, mas podem alienar-se daqueles que mais necessitam das Boas Notícias. Nós estamos numa posição peculiar para compartilhar nossas experiências, nossas forças e nossa esperança de maneira tal que pessoas quebrantadas possam compreendê-las e recebe-las.

A Nossa História: Marcos 16.14-18 (pg 1145)

Cada um de nós tem uma história valiosa para contar. Talvez sejamos tímidos e nos sentimos envergonhados ao falar. Talvez pensemos que o que temos a dizer é trivial demais. Isso vai mesmo ajudar a alguém? Pode se que lutemos com a vergonha das nossas experiências passadas. No entanto, a nossa história de recuperação pode ajudar outros que ainda se encontram presos. Estamos dispostos a deixar que Deus nos use para libertar a outros?

Jesus nos deixou esta tarefa que é vital: “Vão pelo mundo inteiro e anunciem o evangelho a todas as pessoas”(Marcos 16.15). O apóstolo Paulo viajou por todo o mundo contando a todos sobre a sua conversão. Terminou preso, mas o seu espírito estava livre. Ele apresentou a sua defesa (e a sua história pessoal de redenção)

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perante os reis. O rei Agripa o interrompeu para dizer: “Você pensa que assim, em tão pouco tempo, vai me tornar cristão? Paulo disse: ‘Pois eu pediria a Deus que, em pouco ou muito tempo, não somente o senhor, mas todos os que estão me ouvindo hoje chegassem a ser como eu, mas sem estas correntes’” (Atos 26.28-29).

Entre cada jornada pessoal da escravidão à liberdade há um microcosmo do evangelho. Quando as pessoas escutam a nossa história, mesmo quando pareça trivial, estamos oferecendo a elas a oportunidade de romper as suas corrente e começar a sua recuperação.

Compartilhando a Nossa Experiência: João 15.5-15 (pg 1229)

Depois de termos passado pelos Doze Passos, estamos em uma posição especial para levar a mensagem a outros. Podemos reconhecer os sinais de aviso das tendências aditivas ou compulsivas nas pessoas que nos rodeiam, assim como em nós mesmos. Quando tocamos nesses assuntos profundos e delicados, é importante que falemos a linguagem do amor, não o da condenação.

A Bíblia nos diz que “se alguém for apanhado em alguma falta, vocês que são espirituais devem ajudar essa pessoa a se corrigir. Mas façam isso com humildade e tenham cuidado para que vocês não sejam tentados também. Ajudem uns aos outros e assim vocês estarão obedecendo à lei de Cristo” (Gálatas 6.1-2). O mandamento era o que Jesus havia ensinado aos discípulos: “Eu lhes dou este novo mandamento: amem uns aos outros. Assim como eu os amei, amem também uns aos outros” (João 13.34). “O meu mandamento é este: amem uns aos outros como eu amo vocês. Ninguém tem mais amor pelos seus amigos do que aquele que dá a sua vida por eles” (15.12-13).

Nós não somos o Salvador, mas podemos amar os outros como ele nos amou. O amor vai além das meras palavras. Algumas vezes se expressa em silêncio, quando não condenamos alguém que vem até nós buscando ajuda. O amor não somente lhe diz quais são os problemas; também ajuda a levar o peso das suas cargas. Podemos fazer parte de um grupo de apoio que ajude os nossos amigos até que sejam capazes de dar os passos para a recuperação por iniciativa própria.

Ouvindo Primeiro: Atos 8.26-40 (pg. 1255)

Talvez estejamos tão emocionados pelo que Deus fez por nós que temos vontade de sair correndo para contar a nossa história a todo o mundo. Ou talvez sejamos muito tímidos e duvidemos se devemos contar ou não aos outros, especialmente se pensamos que eles são melhores que nós. Todos temos uma história valiosa para contar; precisamos somente descobrir a melhor maneira de comunica-la.

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Deus levou o evangelista Filipe a conhecer um viajante muito influente que “tinha ido a Jerusalém para adorar a Deus. Na volta, sentado na sua carruagem, ele estava lendo o livro do profeta Isaíai. Então o Espírito Santos disse a Filipe: ‘Chegue perto dessa carruagem e acompanhe-a.’Filipe correu para perto da carruagem e ouviu o funcionário lendo o livro do profeta Isaías. Aí perguntou: ‘O senhor entende o que está lendo?’’Como posso entender se ninguém me explica?’, respondeu o funcionário... Então, começando com aquela parte das Escrituras, Filipe anunciou ao funcionário a boa notícia a respeito de Jesus.”(Atos 8.27-31,35)

A forma como Filipe comunicou a mensagem é um modelo para nós. Foi muito sensível ao permitir que Deus o guiasse até alguém que já estava preparado. Não se intimidou com a condição social elevada do homem e não hesitou em lhe anunciar as boas notícias sobre Jesus. Filipe começou escutando cuidadosamente. Colocou-se em sintonia com as necessidades e os interesses do homem e, então, explicou a relação que estes tinham com a mensagem que iria compartilhar. Se somos entusiasmados ou tímidos, seguir este modelo pode nos ajudar a comunicar a nossa mensagem de uma forma que as pessoas possam entende-la e aceitá-la.

Contando a História: 1 Timóteo 4.14-16 (pg 1409)

Quando percebemos tudo o que ganhamos ao seguir os Doze Passos, será natural que queiramos compartilhar essa mensagem de vida com outros. Se pensarmos na época antes de começar a nossa recuperação, provavelmente nos lembraremos de que não respondemos muito bem às “pregações”. No entanto, também percebemos que há pessoas na nossa vida que poderiam se beneficiar com a nossa mensagem. Por isso, precisamos passar adiante a nossa história, mas devemos fazê-lo com sensibilidade.

O apóstolo Paulo ensinou a Timóteo que, para anunciar a mensagem do evangelho, ele não devia apenas ensinar os outros, mas também devia servir de exemplo, colocando em prática a sua fé. Paulo disse: “Pratique essas coisas e se dedique a elas a fim de que o seu progresso seja visto por todos. Cuide de você mesmo e tenha cuidado com o que ensina. Continue fazendo isso, pois assim você salvará tanto você mesmo como os que o escutam.” (1 Timóteo 4.15-16) Quando praticarmos os princípios dos Doze Passos, outros estarão nos observando e notarão as mudanças. Isso nos dará a oportunidade de contar a nossa história.

Cada dependente é uma alma perdida a quem Deus ama e quer resgatar. “Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade, e outro o fizer voltar para o bom caminho, lembrem disto: quem fizer um pecador voltar do seu mau caminho salvará da morte esse pecador e fará com que muitos pecados sejam perdoados.”(Tiago 5.19-20)

Não Esquecendo o que Deus tem Feito: Tito 3.2-5 (pg. 1425)

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Quanto mais avançamos na recuperação, a lembrança de como a nossa vida era realmente má pode começar a desaparecer. Por acaso, lembramos claramente o que uma vez já fomos? Podemos recordar humildemente as emoções sombrias que enchiam a nossa alma? Temos compaixão verdadeira e simpatia genuína por aqueles a quem tentamos levar a mensagem?

Quando transmitirmos a outros a mensagem de recuperação, nunca devemos nos esquecer de onde viemos e como chegamos ali. Paulo disse ao Tito: “Pois antigamente nós mesmos não tínhamos juízo e éramos rebeldes e maus. Éramos escravos das paixões e dos prazeres de todo tipo... Porém, quando Deus, o nosso Salvador, mostrou a sua bondade e o seu amor por todos, ele nos salvou porque teve compaixão de nós, e não porque nós tivéssemos feito alguma coisa boa. Ele nos salvou por meio do Espírito Santo, que nos lavou, fazendo com que nascêssemos de novo e dando-nos uma nova vida.”(Tito 3.3-5)

Quando compartilhamos a nossa mensagem com outros, nunca devemos esquecer as seguintes verdades: antes fomos escravos, assim como outros ainda são hoje em dia. O nosso coração estava cheio de confusão e das emoções dolorosas que outros ainda sentem. Fomos salvos pelo amor e pela vontade de Deus, não porque éramos o suficientemente bons. Também devemos lembrar que podemos nos manter livres porque Deus está conosco, nos sustentando em cada passo do caminho.

O Caminho Estreito: 1 Pedro 4.1-4 (pg. 1469)

Iniciamos a recuperação, provavelmente porque já não agüentávamos mais. Já tínhamos experimentado muita dor, mentiras e a destruição resultante da nossa conduta aditiva. Pouco a pouco fomos aprendendo os princípios que marcam o caminho para a recuperação. Agora, estamos em um lugar que não tínhamos certeza de que poderíamos alcançar: o Passo Doze. Agora, temos a coragem para levar a mensagem a outros, mesmo que nem todos queiram recebê-la.

Pedro afirmou: “No passado vocês já gastaram bastante tempo fazendo o que os pagãos gostam de fazer. Naquele tempo vocês viviam na imoralidade, nos desejos carnais, nas bebedeiras, nas orgias, na embriaguez e na nojenta adoração de ídolos. E agora os pagãos ficam admirados quando vocês, não se juntam com eles nessa vida louca e imoral e por isso os insultam.” (1 Pedro 4.3-4)

Jesus disse: “Entrem pela porta estreita porque a porta larga e o caminho fácil levam para o inferno, e há muitas pessoas que andam por esse caminho. A porta estreita e o caminho difícil levam para a vida, e poucas pessoas encontram esse caminho.” (Mateus 7.13-14)

Muitas pessoas não aceitarão a nossa mensagem. As pessoas que estão no “caminho fácil que leva para o inferno” não se mostrarão entusiasmadas em submeter-se aos passos claramente

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definidos no caminho para a recuperação. Mas, para aqueles que ouvirem, a nossa história poderá ser a diferença entre a vida e a morte.

Copiado da Bíblia Despertar por Cleusa Matzenbacher Hautsch13/5/2023

Os Doze Passos de A.A.

Sugestões para quem quer abandonar a bebidaUm programa de vida que pode ser adotado por qualquer um

(1) "Admitimos que éramos impotentes perante o álcool, que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas".

O primeiro passo é o mais importante no sentido de que é necessário admitir a derrota total para conseguir a liberdade, em outras palavras, chegar ao fundo do poço e jogar a toalha ou entregar os pontos, o desejo de parar de beber precisa ser mais forte que a vontade de beber, não se pode parar de beber bebendo. Para chegar a ponto de querer abandonar a bebida sem duvida alguma é porque nossa vida se tornou um inferno, tanto para nós como para aqueles que nos rodeiam, chega-se ao circulo vicioso de beber para não sofrer e sofrer por causa da bebida. A maioria das pessoas bebe socialmente, curte alguns drinques e pára logo porque sua condição física e mental mostra lhe quando deve parar para não ficar embriagada, alguns ainda poderão beber esporadicamente com exagero, mas se arrependem porque não lhes faz bem, ao contrario, após a ressaca ficam muito tempo antes de voltar a beber demasiadamente. O alcoólatra é ao contrario, quando começa a beber não consegue controlar e parar, é como uma alergia ao álcool, não pode nem deve beber, mas se tomar uma simples dose é como soltar o freio de mão, não para mais. Progressivamente se chega a esse ponto porque ninguém começa a beber tomando um litro de bebida destilada, mas o corpo habitua-se e pede cada vez mais, a constituição física do alcoólatra o privilegia no sentido que agüenta beber mais bebida que os outros, provavelmente quando observarmos num bar um grupo formado por duas ou três pessoas alcoolizadas e outra em pé, esta última é o alcoólatra e possivelmente levará os outros para suas casas.

Na segunda parte deste passo devemos admitir a perda de controle total sobre nossas vidas, esta parte do passo é uma conseqüência da primeira, o álcool nos leva a nossa própria destruição e à dos outros, se nossa vida esta desgovernada é por causa do álcool, chega-se a ponto de não termos mais nenhuma credibilidade na sociedade, fizemos mil e uma promessas, dizemos

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que bebíamos com nosso dinheiro e que bebíamos e parávamos quando queríamos e nada disso foi cumprido porque a vontade antes de beber era uma coisa e a realidade após termos ingerido o primeiro gole era outra. As tristes conseqüências que o álcool pode levar ao alcoólatra são imensuráveis, como, perda de emprego, amigos e até as vezes a própria família. Este passo sugere-se que seja praticado cem por cento em sua totalidade, é o primeiro passo que nos permitirá a pratica dos onze restantes, sabemos que nem sempre é fácil de admitir a falência e quebrar o orgulho porque na mente do alcoólico a obsessão alcoólica do “beber ou não beber” a solução mais fácil é beber. A prática deste passo “sozinho” é muito difícil, porém não impossível, cada caso é um caso, mas, rodeado de pessoas que tem passado pelo mesmo problema se torna bem mais simples pois parece que ao “dividir” com os outros é mais fácil e menos angustiante, eles estão ali no topo do poço esticando o braço com uma corda, querendo me ajudar, me puxar para que possa sair da escuridão. Também existe a possibilidade de que este passo não seja para você, talvez você não seja alcoólatra e quem sabe até consiga continuar bebendo controladamente, mas lembre-se sempre o que você já leu sobre o alcoolismo.

(2) "Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade".

Porque um Poder Superior a mim mesmo?, porque toda minha vida tentei fazer tudo por mim mesmo, desenvolvi progressivamente defeitos de caráter que anestesiados com a ajuda do álcool me levaram à falência moral, se tivesse sido auto-suficiente teria resolvido tudo eu mesmo, teria bebido e parado de beber quando eu quisesse, infelizmente, não foi bem assim. Eu mesmo construí minha própria prisão onde fiquei isolado da liberdade e do mundo, construí castelos de areia que desabaram com as ondas do mar, a vida me reservou surpresas nem sempre muito agradáveis, quando criança senti-me bem próximo de Deus através de minha fé, chegando até ser candidato a futuro religioso mas por circunstancias da vida resolvi fazer tudo eu mesmo, virei as costas a esse Deus por não ter satisfeito minhas exigências, até considera-lo um dia como meu irmão caçula, meus distúrbios emocionais me levaram sempre pelo caminho da paixão ou da raiva.

Se somente um Poder Superior pode me remover a vontade de beber preciso acreditar Nele, não digo que seja fácil, até porque muitos de nós nunca acreditamos em Deus ou qualquer outra coisa parecida, posso afirmar que há nas fileiras de A.A. companheiros ateus e agnósticos. Esse Poder ou Força Superior pode ser considerado e interpretado da forma que quiser, até para alguns o próprio grupo de A.A. passa a ser considerado como a tal Força Superior. Diante deste Passo as vezes nos encontramos frente a um dilema, seria conveniente “acreditar” porque isto nos ajudará no inicio da nossa caminhada à uma vida de sobriedade feliz, mas não pode haver pressa, a decisão pode ser tomada inclusive em doses

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homeopáticas na hora certa quando estivermos certos e convictos de nossa fé. No A.A. está cheio de gente que antes pensava igual a você, e já faz disso muitas vinte e quatro horas, se você tiver receio em praticar este Passo, o entendo perfeitamente, o A.A. não exige que você acredite em coisa alguma, lembre-se que os Passos são apenas sugeridos, porém saiba que praticá-los não é tão difícil como você pensa, tenha a mente “aberta”. Também não precisa agora pegar nos livros de religião ou teologia para tentar descobrir e conhecer quem é Deus, é um assunto muito complicado no seu modo prático, tentar entender com profundidade os assuntos de Deus pode levar até à loucura, não esquente sua cabeça em saber quem veio primeiro o ovo ou a galinha, nada mudará, seja pragmático e viva o aqui e agora, se pensar bem o Poder Superior pode estar até dentro de você. A respeito da sanidade, podemos dizer que aqueles que bebem a ponto de querer parar de beber é porque estão longe de possuir “saúde mental”, se não fosse assim não teríamos a obsessão pela bebida como a tivemos, associada a uma alergia alcoólica.

(3) "Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos".

Se você não é muito chegado às religiões não se assuste, o enunciado diz: na forma em que O concebíamos. Para a prática do terceiro Passo basta um pouco de “boa vontade”, se conseguimos praticar o segundo Passo o terceiro está ao nosso alcance com mais facilidade. Durante longos anos carregamos a responsabilidade pelos nossos atos, agimos conforme achamos ser o melhor para nós, mas nem sempre deu certo é isso era um dos bons motivos para continuar bebendo cada vez mais, tinha que ser tudo sempre do jeito que nós queríamos, mesmo errados íamos até o fim para não ferir nosso orgulho. Entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus – ou de um Poder Superior – é de certa forma aconselhável para aliviar-nos e desfazermo-nos de qualquer tipo de carga negativa e dos contratempos que se apresentam em nosso dia a dia. Quando enfrentamos um problema ou situação difícil cabe-nos fazer essa entrega e evitarmos ser os protagonistas de novas situações que poderão nos prejudicar, se o problema não tem solução solucionado está. Devemos viver com a leveza que nos ajuda a encontrar a paz e serenidade oferecida pelo programa de recuperação través desses Passos. Abra seu coração e deixe Ele entrar. Consegui faze-lo sem grandes esforços, e não me considero melhor que ninguém, acho que qualquer pessoa com um mínimo de boa vontade irá consegui-lo. Se for pensar bem, quando se “admite e acredita” que poderá abandonar a vida anterior para uma melhor, por tabela supõe-se que está optando por uma reformulação total em sua vida, essa mudança inclui deixar que “alguém faça por nós o que não podemos fazer por nós mesmos”, afinal, quando bebíamos não nos entregávamos totalmente ao álcool?. A entrega não significa que você se anula, você continuará fazendo as coisas na prática, mas desta vez será guiado por alguém Superior, você entenderá como acontece

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praticando este Passo. Se começa a praticar este Passo talvez se lembre dos velhos tempos, quanto mais pratique mas irá gostar e se tornará dependente de Deus ou Poder Superior, em outras palavras quanto mais você é dependente mais independência mental e emocional você consegue, estará mais seguro de você mesmo. Talvez esteja eufórico com a recente sobriedade encontrada, ou ao contrario, talvez esteja há um bom tempo sóbrio e seus problemas continuem ou se agravem, este Passo não quer dizer que de manhã cedo você possa sair no quintal com um saquinho de plástico e chova dinheiro para pagar suas contas e solucionar seus problemas, o terceiro Passo praticado de forma honesta nos da a garantia de que nada de mal nos acontecerá, vale a pena aguardar para ver os resultados, Ele quer sempre o melhor para você. Continue assistindo às reuniões porque o fator “tempo” desde seu ultimo gole é um fator da maior importância em sua recuperação, quanto mais longe seu ultimo gole melhor entenderá os Passos e melhor será seu dia a dia.

(4) "Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos".

A essência deste Passo é o autoconhecimento, como poderia mudar sem me conhecer?, nasci e ganhei de presente a vida como qualquer outro ser humano, todos diferentes uns dos outros cultivando em nossas vidas os defeitos de caráter, ninguém na face da terra é perfeito este Passo nos permite descobrir e refletir o que há de certo e errado em nós, de um modo geral o ser humano tende a se desviar cada vez mais da perfeição por causa das próprias necessidades da sociedade, nossos instintos naturais nos levam a isso até para nossa sobrevivência, em A.A. caminhamos por assim dizer na contramão da humanidade, ou seja, tentando nos aperfeiçoar sem a busca da perfeição, aprimorando nossas qualidades e descartando nossos defeitos ou transformando-os em qualidades. É necessário fazer este “destemido” inventario moral, de preferência escrevendo no papel de nosso próprio punho um histórico de nossa vida, é importante que seja “escrito” pois além de visualizá-lo significa a expulsão e exteriorização do que tanto nos incomodou e carregamos durante muitos anos de nossa vida. Chegou a hora de fazer o ponto sobre nossa vida, é necessário um balancete mesmo se a realidade não é aquelas coisas, o importante é tomar conhecimento de como estamos e como deveríamos estar, não há pressa, temos toda a vida pela frente para nossa reformulação como indivíduos, é uma tarefa para toda a vida, e não tem fim. Sei que por causa de meus instintos bebia e destruía minha vida, não tinha consciência do que estava fazendo porque não me conhecia nem sabia quem eu era, vivia o mundo externo e nunca me preocupei do meu mundo interno, se tivesse me conhecido não teria bebido e destruído a mim mesmo para anestesiar minhas frustrações e depressões, tudo indica que encontrava prazer em me autodestruir. Muitas vezes dissera que bebia por causa dos outros sem reconhecer que o beber exagerado estava inculcado dentro de mim, tanto fazia beber por causa do

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aumento de salário como porque não tive aumento, por causa do sol e por causa da chuva, porque meu time ganhava ou porque perdia, tudo foi sempre motivo para ser festejado e justificar minhas bebedeiras. Mesmo se achava que bebia por culpa dos outros, não devo deixar de fazer o inventario, com certeza descobrirei o quê causava essa vontade desenfreada de beber. É importante que encare meus defeitos sem medo, aos poucos estarei familiarizado com eles e será mais fácil trabalha-los ou eliminá-los. Este inventário nos permite recomeçar nossa vida sobre uma base sólida, toda construção depende de um alicerce bem executado. Qualquer comerciante que queira levar seu negocio adiante fará periodicamente um inventario sobre seus produtos ou mercadorias, alguns deverão ser jogados fora ou substituídos seja porque ficaram encalhados sem saída outros porque a data de consumo já venceu, de nada adianta colocar novas e falsas etiquetas, é bom saber em que ponto estão as coisas e estarmos preocupados em gerenciar da melhor maneira possível nosso negocio.

(5) "Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas".

Este Passo está ligado ao anterior, pusemos no papel nosso perfil de como éramos, com todos nossos defeitos e virtudes, tentaremos eliminar ou corrigir nossos defeitos e aprimorar nossas virtudes. Para chegar a este estagio de nossa recuperação, já “admitimos” nossa derrota total pelo álcool no primeiro Passo, acreditamos que um Poder Superior pode nos remover a obsessão pelo álcool e entregamos nossa vontade e nossa vida aos cuidados daquele em quem decidimos nos “confiar”, fizemos a relação de nossos defeitos de caráter e os “admitimos” em sã consciência perante um Poder Superior, perante nós mesmos e os admitiremos e comunicaremos verbalmente a outro ser humano, ou alguém de nossa confiança. Esta real admissão de nossas falhas e a comunicação a outra pessoa, é um ato de compromisso e responsabilidade, é o sincero desejo de mudar para melhor. Aqueles que praticam a religião católica sabem o que é a confissão, em nosso caso vamos dar um passo à frente assumindo este compromisso. Alguns membros de A.A. praticam os Passos de forma alternada, ou seja, podem até pular na ordem cronológica dos Passos, mas, sugere-se a seqüência dos Passos pela ordem, pois cada Passo é conseqüência do anterior. Em principio, os Passos nos pedem para agir ao contrario de nossos desejos naturais, justamente porque são o contrario de nossa forma de ser e agir durante nosso alcoolismo ativo, eles irão nos ajudar a desinflar nosso ego. Não nos convém guardar dentro de nós os defeitos inventariados no quarto Passo, comunicando-os de viva voz a outra pessoa com toda franqueza propicia-nos o inicio à humildade e honestidade com nós mesmos. É importante que relatemos com precisão nossas falhas e façamos “uma limpeza da casa”, disto poderá depender o futuro de nossa

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sobriedade, e permite-nos à saída de nosso isolamento, abrem-se as portas do mundo para que nos comuniquemos a vontade com os outros, sentimo-nos mais leves, perdoados e dispostos a perdoar. Mas, porque comunicar a outra pessoa?, porque nossa comunicação com um Poder Superior é feita pelo pensamento e meditação, é como um monólogo porque nunca obteremos as respostas diretamente, enquanto que ao fazermos o esforço de comunicar a outro ser humano a natureza exata de nossas falhas, poderemos além de ser escutados ouvir também comentários ou até sugestões de como agir, é uma comunicação de duas vias. Precisamos fazer uma boa escolha sobre a pessoa que iremos comunicar, de preferência uma pessoa experiente que possa ter passado pelo que estamos passando ou que possa nos entender, não precisa ser obrigatoriamente do A.A., poderá ser religiosa, médica ou alguém com quem tenhamos muita confiança, será precisa uma boa dose de coragem para praticar este Passo, mas é isso que justamente estamos procurando. A pratica deste Passo nos dará uma sensação de alivio e paz, podendo nos preparar para os Passos seguintes em direção a uma sobriedade plena e significativa.

(6) "Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter".

Prontificamo-nos significa “estar pronto”, e neste Passo concretamente nos abrimos para que sejam removidos nossos defeitos de caráter, se conseguimos através dos Passos anteriores um pouco de honestidade e humildade poderemos estar prontos para praticar este Passo. Se estiver disposto, meus defeitos serão logo removidos, eu quero uma vida melhor. Quando praticamos os três primeiros Passos, através de nossa admissão e nosso sincero desejo de abandonar a bebida nos foi removida a vontade de tomar a primeira dose, e assim acontecerá com este Passo a respeito de nossos defeitos de caráter. Podemos verificar esses fatos assistindo a qualquer reunião aberta de Alcoólicos Anônimos onde os membros testemunham através de seus depoimentos como isso lhes aconteceu, parece ser um mistério mas é a pura verdade. Não se trata de que eliminemos todos nossos impulsos instintivos, procuramos crescer espiritualmente mas nunca seremos brancos como a neve, o que nos interessa e o aperfeiçoamento e não a perfeição. Alguns de nossos defeitos não poderemos eliminá-los de um dia para outro até porque não vamos querer largá-los todos e ficaremos com alguns, e também não há pressa, o importante é a intenção e sincero desejo de consegui-lo, temos toda uma vida pela frente. Este Passo não é fácil mas está longe de ser impossível. O primeiro Passo é o único que pode ser praticado com toda perfeição, os outros onze enunciam ideais e metas. Não diga jamais “eu nunca renunciarei” a esse ou aquele defeito de caráter, pois a rebelião poderia ser fatal. O importante é avançar em direção à vontade de Deus para conosco.

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(7) "Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições".

Não deveríamos confundir as palavras humildade e humilhação, em

nossa condição de alcoólatras seria impossível aceitar a prática de

tal sugestão se o assunto fosse de nos humilhar, o orgulho talvez

seja o principal de nossos defeitos de caráter. Há contudo uma

diferença entre humildade e humilhação, como por exemplo, um

arquiteto pode ser humilde e um pedreiro orgulhoso, o sentido

deste Passo nos direciona para o dobramento daquele defeito de

caráter que tanto nos fez beber e sofrer, iniciar-nos à virtude da

humildade é a sugestão deste Passo, e não deveríamos pensar que

estamos nos submetendo. Não devemos esquecer que quando

decidimos aceitar nossa impotência perante o álcool no primeiro

Passo, sem perceber já praticamos a humildade talvez inconsciente

de nossa derrota, e quando ficamos abstêmios sem o álcool,

sobraram nossos defeitos de caráter aos quais nos agarrávamos e

relutávamos em nos desfazer deles porque havia um vazio. Para

dizer a verdade, todos os doze Passos exigem de nós a prática da

humildade, para nós ela não significa fraqueza, e sim, força. É

bastante provável que optemos inicialmente pela humildade por

necessidade ou sobrevivência e não por opção, poderemos ainda

sentir medo, mas o medo e a fé não são compatíveis. Somos todos

nós alcoólatras seres dotados de uma inteligência incomum, mas

para aplicá-la de modo correto convém pôr a humildade a frente,

desta forma nos aproximamos da perfeição e percebemos nossa

força de atração, os bons resultados virão de imediato. Para a

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maioria das pessoas o orgulho representa uma suposta segurança

provocada pela autodefesa, liderança e sobrevivência são as leis da

selva como por exemplo “vou agredi-lo antes de ser engolido por

ele”. Estamos falando aqui dos valores espirituais do individuo,

para nós em recuperação deveríamos colocar os valores materiais

em segundo lugar se não quisermos correr riscos e voltar tudo a

estaca zero, não podemos nos dar ao luxo do orgulho nem de

ressentimentos que poderão ser fatais para nós. No inicio

poderemos pensar que é difícil largar o orgulho, poderá ser difícil e

as vezes até seremos tomados pela rebeldia, um trabalho que será

para toda a vida, mas com o decorrer do tempo e a prática da

humildade constataremos o quanto estamos tirando proveito pelos

resultados obtidos nessa prática. Como?, pela felicidade que

sentiremos. No Passo anterior quisemos ficar “no ponto” –

prontificamo-nos – e vamos agora rogar Lhe que “remova” nossas

imperfeições. Com certeza, sairemos do Passo com maior leveza,

mais confiantes e seguros, prontos para a execução dos próximos

Passos.

(8) "Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados".

Juntamente com o nono Passo eles estão interligados, são Passos de “coragem e ação”. O quarto Passo foi essencial para que pudesse fazer neste Passo uma relação das pessoas que tinha prejudicado durante meu alcoolismo ativo, visualizando tudo o que já tinha escrito se tornou mais fácil descobrir a quem, quando e aonde tinha prejudicado. Considero este Passo um acabamento do quarto Passo, como se quisesse polir minha alma para que brilhasse mais.

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Havia uma carga negativa dentro de mim, por causa das vantagens que tinha tirado das pessoas em situações várias, dos danos que tinha lhes causado ou que tinha causado a mim mesmo, fossem eles materiais, morais ou emocionais. Continuamos neste Passo mudando nossas vidas para viver melhor, estamos motivados para praticá-lo e queremos nos livrar dos ressentimentos, remorsos e culpa do que fizemos por causa de nossas bebedeiras. Tomaremos cuidados ao fazer a relação destas pessoas, em lembrar se os danos que causamos não afetarão às mesmas se formos fazer tais reparações, ou seja, pode ser que ao fazê-las, em alguns casos, prejudiquemos ainda mais às pessoas envolvidas e a nós mesmos, refletiremos se quando iremos fazer as reparações não pioraremos a situação do outro ou a nossa, e quais poderão ser as conseqüências. Pode ser que haja pessoas que talvez nem estejam mais vivas, outras nem sequer tenhamos o endereço para contatá-las, e ainda outras podem ter mudado para longe de nós. Precisamos de um modo “real” estar dispostos a perdoar e ser perdoados, pode parecer fácil mas nem tanto, mais uma vez nosso orgulho estará posto à prova. Pode ser que as vezes a culpa seja da outra pessoa, mas talvez nós reagimos de maneira errada sob os efeitos do álcool, vivemos uma vida quase sempre na posição de auto-defesa, agredindo para não sermos agredidos. Havíamos admitido perante Deus, nós mesmos e um confidente todas as nossas falhas, e agora estaremos dispostos a fazer reparos aos que prejudicamos?, a resposta é “sim”, evoluímos positivamente para uma vida melhor, será o começo do fim, trata-se de nosso “crescimento espiritual” e da nossa reforma intima como seres humanos, em nosso caso não nos convém fazer as coisas mais ou menos ou pela metade, é tudo ou nada, igual à nossa doença que pode acordar se eu voltar a beber.

(9) "Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazé-lo significasse prejudicá-las ou a outrem".

E agora vamos agir. Praticar este Passo sem ter a estrutura

emocional necessária pode ser arriscado, pois se não tivermos

algum tempo de sobriedade e praticado os Passos anteriores

poderemos ter surpresas desagradáveis que podem mesmo nos

levar a começar toda a programação partindo da estaca zero. Não

há pressa nem data marcada para fazer tais reparos, deveremos

ter coragem para alguns tipos de reparos, alguns poderão ser feitos

em curto prazo, outros poderão precisar de um certo planejamento

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por causa da complexidade dos mesmos. Existe também a

possibilidade de que façamos reparações as vezes incompletas ou

parciais, se faze-las fosse prejudicar as pessoas mais do que

repara-las. Neste Passo a palavra “diretas” significa “olho no olho”

com as pessoas interessadas, o contato pessoal é de suma

importância para que as pessoas possam “sentir” a sinceridade de

nossas palavras e o verdadeiro arrependimento pelos atos que

cometemos. Teremos interlocutores dos mais variados possíveis,

talvez não nos comportemos da mesma maneira na frente de

todos, cada caso pode ser um caso diferente, não precisaremos nos

ajoelhar e pedir perdão, e conforme a personalidade de nosso

interlocutor poderemos usar um linguajar diferente, para alguns

poderemos explicar quem somos na realidade, qual era a vida que

levamos anteriormente e o porque agíamos daquela forma,

pediremos “desculpas ou perdão” pelos danos que lhes causamos.

Há outros que nos avaliaram como sendo da pior espécie que

existe na face da terra e que dificilmente estão a fim de nos

perdoar porque não acreditam mais em nós, para estes podermos

lhes dizer que “sentimos muito” pelo que fizemos, com um pouco

de psicologia de nossa parte nos adaptaremos a cada situação e

caso. O importante é o sincero desejo de comunicar de viva voz

àqueles que prejudicamos e eliminar de nossa mente estes

remorsos e culpas, sairemos mais aliviados após cada reparação.

Possivelmente devamos em alguns casos ressarcir danos materiais,

nos predisporemos a fazê-lo dentro de nossas possibilidades, custe

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o que custar. A experiência da maioria dos membros de A.A.,

mostrou-nos que agradáveis surpresas podem acontecer na prática

deste Passo, muitos grandes inimigos acabaram se tornando

nossos maiores amigos, a opinião sobre nós muda radicalmente

pois nosso comportamento atual também significa uma mudança

radical se comparada com nossas antigas atitudes. O resultado e a

admiração que muitos terão de nós, poderá nos levar as vezes a

uma euforia que nos dará vontade de começar de novo a praticar

este Passo com outras pessoas, porém a euforia é perigosa para

nós pois ela nos torna cegos e perdemos o controle total de nossas

ações, convém que tenhamos paz e serenidade para a prática

deste Passo. É gratificante para nós quando com coragem e

humildade vamos fazer reparações diretas àqueles que

prejudicamos, esta é a essência do nono Passo.

10) "Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente".

Este Passo é conhecido como “inventario relâmpago”, nossa programação está baseada nas vinte e quatro horas e da mesma forma temos a oportunidade de avaliar diariamente como foi nosso dia, onde acertamos e onde erramos, pelo fato de sermos seres humanos não estamos ao alcance da perfeição absoluta e poderemos errar a qualquer momento mesmo que seja involuntariamente. Sugere-se que achemos um momento para nos recolher diariamente e façamos um levantamento de como foi nosso dia, desta forma fatos recentes são mais fáceis de lembrar e, provavelmente acharemos algo que não acertamos. Não é conveniente para nós saber que fizemos algo errado para alguém ou para nós mesmos sem tentar fazer reparações ou melhorar nossa conduta, ficar com este peso na consciência pode nos levar à “bebedeira seca”, seria conveniente que o fizéssemos o mais rápido possível porque quanto mais a demora mais coragem precisaremos para entrar em ação. Precisamos admitir de imediato os erros que cometemos e o que nos levou a fazê-lo. Ainda com o objetivo de melhorar nossas vidas e obter a paz interna,

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faremos uma analise sobre o tipo de erro cometido, se por exemplo fiz algo errado à alguém quando me dirigia ao trabalho seja no transito ou no ônibus será praticamente impossível reparar este erro, pois dificilmente encontrarei a pessoa e reviverei a mesma situação novamente, contudo, se fui mal educado ou agressivo com um familiar, vizinho ou colega de trabalho poderei de imediato me aproximar da pessoa e pedir desculpas pelo que fiz, basta explicar com sinceridade e honestidade o que estava me acontecendo e serei compreendido e desculpado na maioria das vezes. Este Passo permite-nos revisar constantemente nossas vidas e perceber em que pé está nossa recuperação. A prática regular deste Passo ajuda-nos a viver uma vida feliz e útil. Se optarmos por praticar este Passo à noite, com certeza vamos dormir tranqüilos e acordaremos dispostos para enfrentar um novo dia.

11) "Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade".

Este Passo nos proporciona um estreitamento em nossa relação

com Deus na forma que cada um de nós O concebe, de uma

maneira consciente rogamos e meditamos para sentir e

compreender como devemos dirigir nossas vidas. Quando

praticamos o décimo-primeiro Passo exercemos um ato de

humildade, é um momento de gratidão por mais um dia de

sobriedade e desejamos que se repita a cada vinte e quatro horas,

nesta oportunidade poderemos rogar para terceiros quando

sabemos que estão precisando de algum tipo de ajuda, mas nada

de material pediremos para nós, solicitamos tão somente saber

qual é a direção que devemos tomar ou como deveremos agir, é

um momento onde nossa mente e a força onipresente de Deus se

torna uma coisa só, dá-nos uma paz interna que poderíamos

chamar de estado de graça. Com a prática regular da oração e da

meditação, não a dispensaremos mais e se tornará indispensável

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como o ar, a luz ou a alimentação, precisamos delas para

sobreviver, a meditação é um caminho em direção à luz. Surgem

diariamente resultados inesperados que chamamos de

“coincidência, casualidade ou acaso” e entendemos o que Ele quer

de melhor para nós, sempre desejando nos tornar um instrumento

da Sua paz. A meditação é um ato de perguntas sem escutar as

respostas, que pode ser cada vez mais desenvolvida e mais

abrangente, com a prática da mesma ganhamos sabedoria e

equilíbrio emocional. A intensidade de nosso bem estar ou

sofrimento é proporcional à distancia entre Deus e nós.

12) "Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólatras e praticar estes princípios em todas as nossas atividades".

Quando ainda estava na ativa do alcoolismo desejava fazer qualquer coisa que pudesse deter a vontade de beber e conseqüentemente de sofrer. Viemos a conhecer os Doze Passos de A.A. que nos ofereciam meios de consegui-lo evitando o primeiro gole e iniciando-nos radicalmente a uma reforma íntima de nosso modo de viver. Em função do tamanho desta reforma íntima precisamos re-aprender a viver tal e como um recém nascido, mas quando percebemos os resultados conseguidos através destas sugestões, não pensamos mais em outra coisa senão continuar a caminhada, o ultimo gole ficava cada dia mais longe e o fato de pensar na ultima bebedeira dava-nos mais forças para prosseguir no caminho da luz, se tornou prazeroso viver em estado de graça crescente, não precisávamos mais evitar o primeiro gole, agora tratava-se de mantermo-nos sóbrios um dia de cada vez.

E com a prática destes Passos conhecemos um “despertar espiritual”. O que seria um despertar espiritual?. Na procura contínua da perfeição e crescimento espiritual praticamos estes Passos que com seu conteúdo positivo nos aproximam gradativamente à um Poder Superior a nós mesmos. O despertar espiritual poderia ser interpretado como a descoberta desta “Força Superior” que pode estar dentro de nós, de nossos familiares, parentes, amigos ou dentro de você, o bem estar é uma energia que se instala em nós com mais ou menos intensidade conforme “sentimos e apreciamos” sua

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existência. Através de minha própria experiência definiria o despertar espiritual como um “orgasmo espiritual”, a paz e serenidade se instalam e são alcançados durante um período de tempo variável, da a sensação de estar “surfando sobre uma onda”, da a nítida impressão de sentir-se mais leve em estado de êxtase, as vezes parece como se uma barra de ferro gelada estivesse atravessada no estomago dividindo nosso corpo em duas partes e sentíssemos uma onda de calor subir até nossa mente. O despertar espiritual não pode ser descrito de forma exata, pois cada indivíduo poderá senti-lo de maneira diferente, é uma experiência que vale a pena ser vivida.

Este conjunto de Passos nos leva a tal descoberta e modo de vida, poderemos a partir daí aplicá-la em todos as áreas de nossas vidas, estaremos prontos para divulgar tal conquista, quem éramos, quem somos, como e porque.

(Fonte: Uma Luz no Fim do Túnel – Xavier T.)

REFLETINDO OS DOZE PASSOS

“A força nascendo da fraqueza, ao amor que não tem preço: a chave do bem viver.”

ACERCA DO SURGIMENTO DOS DOZE PASSOS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS,

DE ACORDO COM RELATO FEITO PELO COFUNDADOR BILL W.GRAPEVINE – JUNHO DE 1953.

Dr. Laís Marques da Silva, Ex-Custódio e Presidente da JUNAAB.Extrato

No que se refere a pessoas, três foram as fontes de inspiração: Os Grupos Oxford, o Dr. William D. Silkworth, do Hospital Towns, e o psicólogo William James.

Os Grupos Oxford eram um movimento evangélico que floresceu nos anos 20 e 30 do século passado. Eles colocavam forte ênfase no trabalho pessoal, um membro junto a outro, e nos quatro absolutos: honestidade absoluta, pureza absoluta, generosidade absoluta e amor absoluto. Praticavam um tipo de penitência, a que chamavam compartilhamento, além da feitura de reparações pelos danos causados, ao que chamavam restituição, devolução. Davam grande valor ao que chamavam de tempo de calma, uma forma de meditação praticada pelas pessoas e pelos grupos em que a orientação de Deus era buscada. Essas idéias não eram novas, mas o que valeu muito para os primeiros alcoólicos que freqüentavam os grupos foi o fato de que colocavam grande ênfase nesses princípios e de terem o cuidado especial de não interferir nas crenças religiosas das pessoas.

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Em 1934, no convívio com esses grupos, Ebbie ficou sóbrio, livrou-se da obsessão que o levava a beber. Chegando a Nova York, procurou Bill e, nas conversas que tiveram, usou com freqüência frases como: “eu perdi o controle da minha vida”, “devo fazer uma reparação pelos danos causados aos outros”, “tenho que pedir a Deus orientação e força, mesmo que não esteja certo da sua existência” e “após ter tentado com empenho praticar essas coisas, me dei conta de que a minha compulsão pelo álcool passou”. Repetia: “você não luta contra o desejo de beber, você se livra dele”. Eu nunca havia sentido isso antes. Foi o que Ebbie absorveu dos Grupos Oxford e transmitiu a Bill, naquele dia, o impressionou fortemente e o fez entender o quê de especial havia em um alcoólico estar falando com um outro alcoólico de um modo que nenhuma outra pessoa podia fazer.

Em 11 de dezembro deste mesmo ano, Bill foi ao Hospital Towns procurar o Dr. Silkworth que, por anos, afirmara que o alcoolismo era uma doença, uma obsessão da mente associada a uma alergia do corpo e, naquele tempo, Bill sabia o que isso significava, pois que a obsessão o condenava a beber e a alergia o condenava à morte. Era esse o ponto em que a ciência começava a se encaixar no problema do alcoolismo. Aqui, a fim de melhor entender as palavras do Dr. Silkworth quando buscava a similaridade entre as duas condições, vale acrescentar que a alergia, em si, é um conceito bem compreendido sendo fácil entender que pessoas alérgicas a penas não consigam estar por perto de galinhas. A maior parte das pessoas pode estar em volta de galinhas sem sofrer o mais leve desconforto, mas as pessoas que são alérgicas a penas podem ter ataques severos de espirros e coriza, olhos lacrimejantes, respiração difícil, e assim por diante. Esta reação é devida a uma resposta física anormal da vítima à inalação de partículas microscópicas das penas. Na visão do doutor, o alcoólico é alérgico ao álcool no sentido de que a ingestão dispara uma resposta química anormal no corpo que é manifestada como uma compulsão por mais álcool. O bebedor social automaticamente para de beber quando é razoável fazê-lo e nunca tem qualquer necessidade para, conscientemente, controlar a bebida. Ele não experimenta compulsão. Naturalmente, o alcoolismo não é uma verdadeira alergia mas o conceito é útil para entender o que é um tipo de reação anormal bem estabelecida. A reação anormal a uma substância estranha fornece uma base para o entendimento do porquê um alcoólico não pode se entender com o álcool.

Nas mãos de um alcoólico falando com outro, essa verdade de dois gumes era o malho que poderia romper o ego rígido do alcoólico, em profundidade, e abri-lo para a Graça de Deus. No caso de Bill, o Dr. Silkworth vibrou o malho enquanto o amigo Ebbie trazia os princípios espirituais e a Graça que o levaria ao seu súbito despertar espiritual no hospital, três dias após e fezê-lo sentir-se um homem livre. Essa magnífica experiência veio com a certeza de que um grande número de alcoólicos poderia um dia gozar do precioso presente que lhe havia sido concedido. Nesse ponto, um terceiro

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componente surgiu da leitura do livro “Variedades da Experiência Religiosa”, de William James. O Dr. Silkworth se esforçou em convencer Bill de que ele não estava sofrendo alucinações, mas o livro fez mais ainda pois, da sua leitura, ficou claro que as experiências espirituais não só poderiam tornar as pessoas mais sadias mas também transformar homens e mulheres de tal modo que poderiam fazer, sentir e acreditar no que até aqui se mostrara impossível para eles. O maior retorno que o livro proporcionou foi que, na maioria dos casos, os que se transformaram eram pessoas sem esperança e que, em áreas de controle da sua vida, tinham encontrado a derrota absoluta. Em completa derrota, sem esperança ou fé, Bill fez um apelo ao Poder Superior, o que hoje é o Primeiro Passo de Programa de A.A. – admitimos que éramos impotentes diante do álcool e que as nossas vidas se tornaram inadministráveis – e ainda o Terceiro Passo, que devíamos entregar a vontade a vida aos cuidados de deus da forma que o concebiam. Assim ele se tornou livre. Era tão simples e tão misterioso, também.

Bill se juntou então aos Grupos Oxford, mas continuou com a idéia de devotar-se exclusivamente aos bêbados enquanto aqueles grupos, diferentemente, queriam salvar o mundo todo ao mesmo tempo em que os seus resultados com alcoólicos eram pobres. Cerca de seis meses depois, Bill não tinha conseguido tornar ninguém sóbrio e todas as tentativas haviam resultado frustradas. No entanto, Bill continuava com a certeza de que um caminho para a sobriedade poderia ser encontrado. Se ele e Ebbie chegaram à sobriedade, porque os outros não poderiam chegar? Imaginava, naquele tempo, que poderia ser porque não havia acompanhado o ritmo dos Grupos Oxford com os seus quatro absolutos de honestidade, pureza, generosidade e amor. Por outro lado, a postura de pressão agressiva sobre os alcoólicos para ficarem bem rapidamente os fazia voar como gansos por semanas e depois cair tristemente. Os alcoólicos se queixavam também de uma outra forma de coerção exercida pelos Grupos Oxford a que chamavam de “guia para os outros”. Um grupo de não alcoólicos sentava-se com um alcoólico e, após um tempo de calma, apresentavam instruções precisas de como o alcoólico devia levar a sua vida; mas isso, para o alcoólico, era difícil de fazer.

Depois de meses, Bill verificou que o problema estava principalmente nele. Havia se tornado agressivo e muito convencido. Falava muito da sua súbita experiência espiritual como se fosse uma coisa muito especial. Estava desempenhando o duplo papel de professor e de pregador. Nas suas exortações, havia esquecido o lado médico do problema e a necessidade de desinflar, tão enfatizada por William James, tinha sido negligenciada. Não estava usando o malho que, de modo providencial, o Dr. Silkworth havia dado a eles. Finalmente, um dia, o doutor esteve com Bill e perguntou por que não parava de falar daquela sua experiência da luz e disse que, embora estivesse convencido de que as coisas morais faziam os alcoólicos melhores, pensava que Bill estava botando a carroça na frente do cavalo. Os alcoólicos não iriam aceitar a sua exortação até que se convencessem de que deveriam fazê-lo. Se eu fosse você,disse, iria a

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eles com o fundamento médico, em primeiro lugar. Seria melhor dar, primeiro, as más notícias e, por causa da sua identificação natural com eles, você poderia chegar onde eu não posso. Isso os amaciará de modo a aceitar os princípios que os farão sentir-se bem, disse.

Pouco tempo depois desta conversa, Bill estava em Akron, Ohio, numa viagem de negócio mal sucedida. Estando sozinho, sentiu medo de ficar bêbado. Não era mais professor nem pregador e sim um alcoólico que sabia que necessitava de um outro alcoólico tanto quanto um outro alcoólico necessitava dele. Chegou ao Dr. Bob levado por essa necessidade e logo ficou claro que o Dr. Bob era mais espiritualizado do que ele e que tivera contactos com os Grupos Oxford, mas não conseguira ficar sóbrio. Seguindo o conselho do Dr. Silkworth, Bill usou o malho médico e disse que o alcoolismo era fatal e isso, aparentemente, tocou em Bob que, em 10 de junho de 1935, ficou sóbrio e nunca mais voltou a beber.

Nas palavras de Bill, o Dr. Silkworth havia suprido o elo que faltava e, sem ele, a cadeia de princípios, consolidada nos 12 Passos, nunca estaria completa.

Durante os três anos seguintes, os grupos cresceram a partir do programa boca-a-boca dos primeiros tempos e, na medida em que começaram a formar um grupamento humano separado dos Grupos Oxford, começaram a consolidar os princípios com algo como:

1. admitimos que éramos impotentes diante do álcool.

2. tornamo-nos honestos com as outras pessoas, confidencialmente.

3. fizemos reparações pelos males causados aos outros.

4. trabalhamos com outros alcoólicos sem procurar prestígio ou dinheiro.

5. pedíamos a Deus para nos ajudar a fazer essas coisas tão bem quanto possível.

Este foi o fundamento da nossa mensagem para os alcoólicos que chegavam até 1939, quando os 12 Passos foram postos no papel.

Bill relatou que na tarde do dia em que os 12 Passos foram escritos ele estava de cama. Achou que o programa deveria ser colocado mais incisiva e claramente, pois conhecia a habilidade do alcoólico de racionalizar e alguma coisa incontestável deveria ser escrita. Começou por separar o programa em pequenas partes, as desenvolveu e, em meia hora, escreveu os princípios que, ao contar, verificou que eram em número de 12. Por alguma razão não percebida, colocou a idéia de Deus no Segundo Passo e usou a palavra Deus de forma livre ao longo dos outros passos e, num deles, chegou a sugerir que o recém-chegado ficasse de joelhos. Apresentados esses passos numa reunião em Nova York, os protestos foram muitos e veementes. Os amigos agnósticos não absorveram a idéia de ajoelhar e outros disseram que estavam falando muito em Deus. Perguntaram também porque Doze Passos, se haviam feito cinco ou seis? Era preciso manter simples, disseram. A discussão foi intensa por dias e noites. Os agnósticos convenceram os

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companheiros que deveríamos tornar as coisas mais fáceis para gente como eles usando termos como “Poder Superior” ou “Deus, como nós o entendemos” e essas expressões se mostraram salvadoras de vidas para muitos alcoólicos e permitiu que milhares deles pudessem entrar no programa. Os Passos continuaram a ser doze e, cedo, foram aprovados pelo clero de todas as denominações e pelos amigos psiquiatras.

Ninguém inventou Alcoólicos Anônimos, ele simplesmente cresceu pela Graça de Deus.

Jesus foi procurado por um seguidor no Mar da Galiléia que lhe perguntou o que deveria fazer para seguir o caminho do mestre já que, os milagres ele, seguidor, via como muito longe de suas possibilidade.Jesus respondeu com a oração do Pai Nosso.

1º Passo: O sinal inicial para a chamada: “Admitimos que éramos impotentes perante o álcool e que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas”. Pai Nosso que estais nos corações, nos céus, santificado seja o vosso nome.2º e 3º Passos: Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolvermos a sanidade. Venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu: Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos. O pão nosso de cada dia nos daí hoje Lema: Só por hoje.4º Passo: Perdoai as nossas ofensas: Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.5º Passo: Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza de nossas falhas.6º Passo: Prontificamos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.7º Passo: Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.8º Passo: Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido: Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.9º Passo: Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível salvo quando faze-los significasse prejudicá-las ou a outrem.10º Passo: E não nos deixeis cair em tentação: Continuamos fazendo o inventário pessoal e quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.11º Passo: Mas, Livrai-nos do mal: Procuramos através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos rogando apenas o conhecimento de sua vontade em relação a nós e forças para realizar essa vontade.

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12º Passo: A finalidade: o resultado de todo este processo: Tendo experimentado um Despertar Espiritual graças a esses Passos, procuramos transmitir essa mensagem e praticar estes princípios em todas as atividades.Os 12 Passos na Espiritualidade que dão força a cada pessoa para viver bem e estar bem, um dia de cada vez:1º Passo: Honestidade2º Passo: Esperança3º Passo: Fé4º Passo: Coragem5º Passo: Integridade6º Passo: Boa Vontade7º Passo: Humildade8º Passo: Auto-Disciplina9º Passo: Amor10º Passo: Perseverança11º Passo: Espiritualidade12º Passo: Serviços

Fonte: Revista Vivência –Nº 110 – Pg. 63 – 64 – Novembro/Dezembro-2007.

1º PASSO

Admitimos que éramos impotentes perante o álcool - que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.

Quase ninguém se dispõe a admitir uma derrota total. É terrível admitir que o álcool tornou-se uma obsessão que priva o alcoolista de toda sua auto-suficiência. O primeiro passo trata da dificuldade que surge para admissão da derrota completa em relação ao uso do álcool. O alcoolista, com o copo na mão, perde o controle quanto à ingestão de bebida alcoólica e quanto a todas as conseqüências desta ingestão. Para obter sucesso em manter-se abstinente, é preciso reconhecer esta impotência perante o álcool. Caso contrario, a sobriedade será precária. Diz a literatura de A. A.: “O princípio de que não encontraremos qualquer força duradoura sem que antes admitamos a derrota completa, é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa sociedade toda” (Os Doze Passos, p. 14). Muitos se revoltam por ter que admitir a derrota. Chegam no grupo de A. A. buscando apoio e escutam que nenhuma força de vontade será suficiente para quebrar a obsessão pela bebida. Inicialmente, apenas os casos mais desesperados conseguiam aceitar esta verdade.

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Felizmente, isto mudou com o passar dos anos. Alcoolistas em um estágio menos grave conseguiam reconhecer seu alcoolismo. Para que estas pessoas pudessem aceitar esta perda do governo de sua vida, os alcoolistas que tinham atingido um grau mais sério de alcoolismo puderam a elas mostrar que, em momento anterior à chegada do fundo do poço, a vida já havia se tornado ingovernável. Percebeu-se que, caso o recém-chegado ainda permanecesse em dúvida, levava consigo a idéia da natureza da enfermidade, e, muitas vezes, voltava ao grupo antes de precisar chegar a dificuldades extremas. Observa-se que poucas pessoas conseguem praticar com sinceridade o programa de A.A. sem chegarem afundar completamente. Isso ocorre pelo fato de que “... praticar os restantes onze passos de A. A. requer a adoção de atitudes e ações que quase nenhum alcoólatra que ainda bebe, sonharia adotar” (Os Doze Passos, p. 15). É o desejo de sobrevivência que leva o alcoolista a ter disposição para escutar a mensagem de A. A., e a reconhecer a necessidade de seguir o programa dos Doze Passos.

IMPOTÊNCIA

Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.

Não é coincidência que o próprio Primeiro Passo mencione impotência. Uma admissão de impotência pessoal perante o álcool é a pedra fundamental do alicerce da sobriedade.Aprendi que não tenho o Poder e controle que uma vez pensei ter. Sou impotente sobre os que as pessoas pensam sobre mim. Sou impotente até por ter perdido o ônibus. Sou impotente sobre como as outras pessoas praticam (ou não praticam) os Passos. Mas, também aprendi que não sou impotente perante algumas coisas. Não sou impotente perante minhas atitudes. Não sou impotente perante a negatividade. Não sou impotente sobre assumir responsabilidade por minha própria sobriedade. Tenho o poder de exercer uma influência positiva sobre mim mesmo, as pessoas que amo e o mundo em que vivo.

A VITÓRIA DA RENDIÇÃO

Percebemos que somente através da derrota total somos capazes de dar os primeiros passos na direção da liberação e da força. Nossa admissão de impotência pessoal finalmente produz e alicerce firme sobre o qual, vidas felizes e significativas podem ser construídas.

Quando o álcool influenciava cada faceta de minha vida, quando as garrafas tornaram-se o símbolo de toda minha auto-indulgência e

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permissividade, quando vim a perceber que, por mim mesmo, não podia fazer nada para vencer o poder do álcool, percebi que não tinha outro recurso a não ser a rendição. Na rendição encontrei a vitória – vitória sobre minha egoística auto-indulgência, vitória sobre minha resistência teimosa à vida como ela era dada para mim. Quando parei de lutar contra tudo e contra todos, comecei a caminhada para a sobriedade, serenidade e paz.

UM ATO DA PROVIDÊNCIA

Realmente é terrível admitir que, com um copo na mão temos convertido nossas mentes numa obsessão tão grande por beber destrutivamente que somente um ato da providência pode removê-la de nós.

Meu ato da Providência (manifestação de cuidado e direção divina) veio quando experimentei a falência total do alcoolismo ativo – tudo que tinha algum significado em minha vida havia ido embora. Telefonei para Alcoólicos Anônimos e, a partir daquele instante minha vida nunca mais foi a mesma. Quando penso naquele momento tão especial, sei que Deus estava agindo em minha vida bem antes que eu fosse capaz de conhecer e aceitar conceitos espirituais. O copo foi arriado através desse único ato da Providência e minha jornada pela sobriedade começou. Minha vida continua se expandindo com o cuidado e a direção divina. O Primeiro Passo, no qual admiti que era impotente perante o álcool, que tinha perdido o domínio de minha vida, tornou-se mais um significado para mim um dia de cada vez – na salvadora de vidas, vivificante Irmandade de Alcoólicos Anônimos.

O PASSO 100%

Somente o Primeiro Passo, onde admitimos inteiramente que somos impotentes perante o álcool, pode ser praticado com absoluta perfeição.

Muito antes de conseguir alcançar a sobriedade em A. A. eu sabia, sem nenhuma dúvida, que o álcool estava me matando mas, mesmo com esse conhecimento, fui incapaz de parar de beber. Assim, quando encarei o Primeiro Passo, foi fácil admitir que me faltava forças para não beber. Mas, que tinha perdido o domínio de minha vida? Nunca. Cinco meses após ter chegado em A. A. estava bebendo novamente e imaginando por quê.Mais tarde, de volta a A. A. e sentindo a dor de minhas feridas, aprendi que o Primeiro Passo é o único que pode ser praticado 100%. E que a única maneira para praticá-lo é aceitar esse Passo 100%. Desde então, já se passaram muitas 24 horas e não precisei praticar novamente o Primeiro Passo.

ATINGINDO O FUNDO

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Por que toda esta insistência que todo A. A. deve primeiro atingir o fundo do poço? A resposta é que poucas pessoas tentarão praticar programa de A. A. sinceramente, a menos que tenham chegado ao fundo. Pois praticar os restantes onze Passos do programa, significa a adoção de atitudes e ações que quase nenhum alcoólico que esta ainda bebendo pode sonhar em fazer.

Atingindo o fundo do poço minha mente abriu e fiquei disposto a tentar algo diferente. O que tentei foi A. A. Minha nova vida em A. A. pode-se comparar como aprender a andar de bicicleta pela primeira vez: A. A. tornou-se minha bicicleta de treinamento e minha mão de apoio. Não é que eu desejasse tanto a ajuda; simplesmente não queria voltar a sofrer essas coisas novamente. Meu desejo de evitar voltar ao fundo novamente foi mais forte que meu desejo de beber. No começo isso foi que me manteve sóbrio. Porém, após algum tempo, descobri a mim mesmo trabalhando os Passos o melhor que podia. Em breve percebi que minhas atitudes e ações estavam mudando aos poucos. Um Dia de Cada Vez, senti-me bem comigo mesmo, com os outros, e minhas feridas começaram a cicatrizar. Agradeço a Deus pela bicicleta de treinamento e a mão de apoio que escolhi chamar de Alcoólicos Anônimos.

UMA BEBIDA AJUDARIA?

Voltando atrás em nossas próprias história de bebida, não poderíamos mostrar que, anos antes de perceber, que estávamos fora de controle, que nossa maneira de beber, mesmo naquela época, não era apenas um hábito, mas era de fato o início da progressão fatal.

Quando eu ainda estava bebendo, não podia responder a qualquer situação da vida como podiam outras pessoas mais saudáveis. O menor incidente desencadeava um estado de espírito que, acredite, eu tinha que beber para entorpecer meus sentimentos. Mas o entorpecimento não melhorava a situação, então procurava uma saída na garrafa. Hoje preciso estar consciente do meu alcoolismo. Não posso me permitir acreditar que ganhei o controle sobre minha maneira de beber – ou novamente pensarei que ganhei o controle sobre minha vida. Tal sentimento de controle é fatal à minha recuperação.

HONESTIDADE RIGOROSA

Quem se dispõe a ser rigorosamente honesto e tolerante?Quem se dispõe a confessar suas falhas a outra pessoa e a fazer reparações pelo danos causados? Quem se interessa, ao

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mínimo, por um Poder Superior, e ainda pela meditação e a oração? Quem se dispõe a sacrificar seu tempo e sua energia tentando levar a mensagem de A. A. ao próximo? Não, o alcoólico típico, egoísta ao extremo, pouco se interessa por estas medidas, a não ser que tenha de tomá-las para sobreviver.

Eu sou um alcoólico. Se eu beber eu morrerei. Meu Deus, que poder, energia e emoção esta simples declaração gera em mim! Mas, verdadeiramente, é tudo que preciso saber por hoje. Estou disposto a ficar vivo hoje? Estou disposto a ficar sóbrio hoje? Estou disposto a pedir ajuda e estou disposto a ajudar outro alcoólico que ainda sofre hoje? Descobri a natureza fatal de minha situação? O que devo fazer, hoje, para permanecer sóbrio?

PRIMEIRO PASSO

Admitimos... (“Nós” a primeira palavra do Primeiro Passo)

Quando eu bebia, tudo o que eu pensava era sempre “!Eu, Eu, Eu”, ou “Meu, Meu, Meu”. Tal obsessão do ser, tal doença da alma, tal egoísmo espiritual me escravizou à garrafa mais da metade de minha vida.O caminho para encontrar Deus e fazer Sua vontade um dia de cada vez, começou com a primeira expressão do Primeiro Passo... “Nós”.Havia poder, força e segurança no plural e para um alcoólico como eu, também havia vida. Se tivesse tentado me recuperar sozinho, provavelmente teria morrido. Com Deus e outro alcoólico tenho um propósito divino na minha vida... tornei-me um canal para o amor benéfico de Deus.

“A RAIZ PRINCIPAL” DE A. A.

O princípio de que não encontraremos qualquer força duradora sem que antes admitamos a derrota completa, é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa Irmandade.

Derrotado e sabendo disto, cheguei às portas de A. A. sozinho e com medo do desconhecido. Um Poder fora de mim mesmo havia me tirado de minha casa, guiou-me para uma lista telefônica, depois até a parada de ônibus e pelas portas de Alcoólicos Anônimos. Uma vez dentro de A. A. Experimentei uma sensação de ser amado e aceito, algo que não sentia desde a minha tenra infância.Que nunca perca a sensação de milagre que experimentei nessa primeira noite com A. A., o maior evento de toda a minha vida.

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(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 11-14-17-19-24-26-34-151-301)

2º PASSO

Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.

Para a maioria dos recém-chegados a leitura deste passo traz um sério dilema. Alguns se recusam a acreditar em Deus, outros não podem fazê-lo, e alguns acreditam, mas não conseguem ter confiança em que Deus consiga livrá-los da obsessão. Aquele que se recusa a acreditar já tem dificuldade para aceitar sua impotência diante do álcool. Acredita que o ser humano é o ápice da evolução, o único deus que aceita. Renunciar a esta sua crença parece impossível. Seu padrinho vem então em seu auxílio, explicando que até para um amigo seu que era presidente da Sociedade Atéia Americana foi possível contornar este obstáculo. Seu padrinho pede que estude três afirmações: Alcoólicos Anônimos não exige que se acredite em coisa alguma; para alcançar e manter a sobriedade não é preciso aceitar de uma vez só o Segundo Passo; o único requisito realmente necessário é ter a mente aberta. O padrinho continua relatando a sua própria experiência, como alguém que tinha tido uma educação cientifica, e inicialmente encarara a irmandade de A. A. como sendo totalmente anticientífica. No entanto, diante dos resultados prodigiosos que A. A. mostrava, desistiu de argumentar. A partir de então, começou a ver e sentir, e o Segundo Passo começaram a infiltrar-se em sua vida. Explica que existem inúmeros caminhos que os membros de A. A. seguem, e muitoscomeçaram considerando A. A. como Poder Superior, e assim ultrapassaram a barreira inicial. A partir de então “... sua fé se ampliou e aprofundou. Libertados da obsessão pelo álcool, com suas vidas inexplicavelmente transformadas, chegaram a acreditar num Poder superior, e a maioria já falava em Deus” (Os Doze Passos, p. 19). Outras pessoas tiveram fé e a perderam. Destas, algumas desenvolveram preconceito contra a religião, outras se rebelaram por Deus não ter satisfeito suas exigências. Outras ainda tornaram-se indiferentes, ou se afastaram de vez. As pessoas que perderam a fé às vezes têm dificuldade maior para aceitar A. A.,pois desenvolvem “... barreiras da indiferença, da presumida auto-suficiência, do preconceito e do desprezo (...) mais sólidas e formidáveis para estas pessoas que qualquer barreira construída pelo agnóstico duvidoso ou pelo ateu militante” (Os Doze

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Passos, p. 20). Bem situadas financeiramente, não sentiam necessidade de qualquer manifestação religiosa ou equivalente.Pessoas intelectualmente auto-suficientes também encontram dificuldades quando chegam ao grupo de A. A.. Sentindo-se anteriormente superiores às outras pessoas, percebem que existem reconsiderações a serem feitas. Membros mais experientes do grupo, que já passaram por esta experiência, mostram pelo seu exemplo que a humildade e inteligência podem ser compatíveis, desde que a humildade esteja em primeiro plano. Desta forma torna-se possível adquirir uma fé que funciona. Outro grupo de pessoas criticava a Bíblia e a moralidade dos religiosos. Chegando em A. A., precisaram reconhecer que toda sua crítica serviu para alimentar seu ego: criticando a falha de algumas pessoas religiosas, podiam sentir-se superiores a elas. Muitas vezes observado pelos psiquiatras, o desafio é uma característica predominante em muitos alcoolistas e. Já que Deus não havia atendido suas solicitações, de nada lhes valia a fé, e a rebeldia contra Deus se instalava. Em A. A., percebem seu engano: em momento algum haviam pedido a Deus qual seria a Sua vontade em relação a eles. Ao contrário, sempre a Ele diziam o que fazer. Percebem que não é possível crer em Deus e ao mesmo tempo desafiá-Lo. Além disso, vêem o fruto da fé na superação de dificuldades imensas pelas quais homens e mulheres de A. A. passaram, e concluem que merece ser pago qualquer preço que seja necessário pagar pela humildade. Existem ainda alcoolistas cheios de fé que continuam bebendo. Fazem inúmeras promessas para parar, lutam contra o álcool, pedem para isso ajuda de Deus, mas mesmo assim não conseguem parar de beber. Constituem um enigma para as pessoas que o rodeiam, mas não para os membros de A. A.: a chave está ligada à pureza da fé, e não à quantidade de prática religiosa. Estes alcoolistas, após um exame mais profundo, dão-se conta de que sua prática religiosa vinha sendo apenas superficial, e também, que nunca haviam aprendido a rezar de maneira correta,pedindo a Deus que a vontade dEle prevalecesse. Poucos alcoolistas que ainda bebem percebem estar mentalmente doentes, e o mundo, desconhecedor da diferença entre o beber racional e o alcoolismo, contribui para que esta cegueira se mantenha. As reuniões de A. A. são “... uma segurança de que Deus nos levará de volta à sanidade , se soubermos nos relacionar corretamente com Ele” (Os Doze Passos, p. 24).

ALVO: SANIDADE

“... o Segundo Passo, sutil e gradualmente, começou a se infiltrar em minha vida. Não posso dizer a ocasião e a data em

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que vim acreditar num Poder Superior a mim mesmo, mas certamente tenho essa crença agora”.

“Viemos acreditar”. Eu acreditava da boca para fora quando sentia vontade ou quando pensava que ficaria bem. Eu realmente não confiava em Deus. Não acreditava que Ele se preocupava comigo. Continuei tentando mudar as coisas que eu não podia mudar. Aos poucos, de má vontade, comecei a colocar tudo nas mãos Dele dizendo: “Você é onipotente, então tome conta disto”. Ele tomou. Comecei a ter respostas para os meus problemas mais profundos, algumas vezes nas horas mais inesperadas: dirigindo para o trabalho, comendo um lanche, ou quando estava quase adormecido. Percebi que eu não tinha pensado naquelas soluções – um Poder Superior a mim mesmo as estava dando.Eu vim a acreditar.

PREENCHENDO UMA LACUNA

Bastava para o caso fazermo-nos uma lacônica pergunta: “Creio agora ou estou disposto a crer, que exista um Poder Superior a mim mesmo?” Uma vez que o homem possa responder que crê ou quer acreditar; asseguramos-lhe enfaticamente que está no caminho certo do êxito.

Sempre fui fascinado com o estudo dos princípios científicos. Estava emocional e fisicamente distante das pessoas enquanto procurava o Conhecimento Absoluto. Deus e espiritualidade eram exercícios acadêmicos, sem significado. Era um moderno homem de ciência, o conhecimento era o meu Poder Superior. Colocando as equações na posição correta, a vida era apenas outro problema para resolver.Mas meu ego interior estava morrendo pela solução proposta pelo meu homem exterior para os problemas da vida e a solução sempre foi o álcool. Apesar de minha inteligência, o álcool tornou-se meu poder superior. Foi através do amor incondicional que emana das pessoas de A .A. e das reuniões, que fui capaz de descartar o álcool como meu poder superior.A grande lacuna estava preenchida. Não estava mais sozinho e separado da vida. Tinha encontrado um verdadeiro Poder Superior a mim mesmo, tinha encontrado o amor de Deus. Existe somente uma equação que realmente me importa agora: Deus está em A. A.

QUANDO A FÉ ESTÁ PERDIDA

“Às vezes A. A. é aceito com maior dificuldade pelos que perderam ou rejeitaram a fé do que pelos que nunca tiveram, pois acham que já experimentaram a fé e esta não lhes serviu. Experimentaram viver com fé e sem fé.”

Tão convencido estava de que Deus tinha me abandonado que ao final tornei-me provocador, embora soubesse que não devia agir

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assim, e mergulhei numa bebedeira. Minha fé tornou-se amarga e não foi coincidência. Aqueles que já tiveram uma grande fé atingem o fundo com mais dificuldade.Levou tempo para que minha fé reascendesse, mesmo tendo vindo para A. A. Estava intelectualmente agradecido por sobreviver a queda tão vertiginosa, mas meu coração sentia-se endurecido. Ainda assim, persisti com o programa de A. A.: as alternativas eram muito tristes! Continuei assistindo as reuniões e, aos poucos, minha fé foi ressurgindo.

UMA LIBERTAÇÃO GLORIOSA

“A partir do momento em que desisti de argumentar, comecei a ver e a sentir. Nesse instante, o Segundo Passo, sutil e gradualmente, começou a se infiltrar em minha vida. Não posso dizer a ocasião e a data em que vim acreditar num Poder Superior a mim, mas, certamente, tenho esta crença agora. Para adquiri-la bastou-me parar de lutar e praticar o restante do programa de A. A. Com o maior entusiasmo de que dispunha.”

Depois de anos satisfazendo a uma “desenfreada obstinação”, o Segundo Passo tornou-se para mim uma libertação gloriosa de ficar sozinho. Nada agora é mais doloroso ou intransponível na minha jornada. Alguém está sempre aqui para compartilhar comigo as cargas da vida. O Segundo Passo tornou-se uma forma de reforçar minha relação com Deus, e agora percebo que minha insanidade e meu ego estavam curiosamente ligados. Para livrar-me do anterior, devo entregar este a alguém com os ombros muito mais largos que os meus.

UM PONTO DE REAGRUPAMENTO

“Portanto, o Segundo Passo é o ponto de reagrupamento para todos nós. Sejamos agnósticos, ateus, ou ex-crentes, podemos agrupar neste Passo”.Sinto que o programa de A. A. é inspirado por Deus e que Deus está presente em todas as reuniões. Eu vejo, acredito, e vim a saber que A. A. funciona, porque permaneci sóbrio hoje. Voltei minha vida para A. A. e para Deus, indo a uma reunião de A. A. Se Deus está em meu coração e em tudo mais, então sou uma pequena parte de um todo e não sou único. Se Deus está no meu coração e me fala através de outras pessoas, então eu devo ser um canal de Deus para outras pessoas. Devo procurar fazer sua vontade vivendo os princípios espirituais e minha recompensa será a sanidade e sobriedade emocional.

UM CAMINHO PARA A FÉ

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A verdadeira humildade e a mente aberta poderão nos conduzir à fé. Toda reunião de A. A. é uma segurança de que Deus os levará de volta à sanidade, se soubermos nos relacionar corretamente com Ele.

Minha última bebedeira deixou-me num hospital totalmente quebrado. Foi então que fui capaz de ver meu passado flutuar na minha frente. Percebi que por cauda da bebida, tinha vivido todos os pesadelos que pudera haver imaginado. Mina própria teimosia e obsessão para beber levaram-me para um abismo escuro de alucinações, apagamentos e desespero. Finalmente vencido, pedi ajuda a Deus. Sua presença convenceu-me para que acreditasse. Minha obsessão pelo álcool foi tirada e minha paranóia foi suspensa. Não estou mais com medo. Sei que minha vida é saudável e sã.

O AMOR EM SEUS OLHOS

Alguns de nós se recusam a acreditar em Deus, outros não podem e ainda outros, embora acreditem na existência de Deus, de forma alguma confiam que Ele levará a cabo este milagre.

Foram as mudanças que vi nas novas pessoas que vieram para a Irmandade que me ajudaram a perder o medo e mudaram minha atitude negativa em positiva. Podia ver o amor em seus olhos e estava impressionado pelo muito que a sobriedade “Um dia de cada vez” significava para eles. Eles olharam honestamente para o Segundo Passo e vieram a acreditar que um Poder superior a eles, iria restituí-los à sanidade. Isto fez com que eu tivesse fé na Irmandade e esperança que funcionaria também para mim. Descobri que Deus era um Deus amoroso, não aquele Deus puni dor que eu temia antes de chegar em A. A.. Descobri que Ele tinha estado comigo durante todas aquelas horas em que eu estava com problemas antes de vir para A. A.Hoje sei que foi Ele quem me levou para A. A. e que eu sou um milagre.

A DADIVA DO RISO

A esta altura, seu padrinho de A. A. geralmente se põe a rir.

Antes de começar minha recuperação do alcoolismo, o riso era um dos mais dolorosos sons que conhecia. Eu nunca ria e sentia que se alguém mais risse, era de mim! Minha auto piedade negava-me o mais simples dos prazeres, ou a leveza do coração. No final do meu alcoolismo, nem mesmo o álcool provocava em mim uma risada de bêbado.Quando meu padrinho em A. A. começou a rir e a mostrar a minha auto piedade e enganos alimentados pelo ego, fiquei aborrecido e magoado, mas ele ensinou-me a aliviar-me e a focalizar a minha

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recuperação. Logo aprendi a rir de mim mesmo e, eventualmente, ensinar os meus afilhados a rir também. Todo dia pelo a Deus para ajudar-me a parar de me levar muito a sério.

UMA TAREFA DE TODA A VIDA

“Mas como, nestas circunstâncias, poderei manter-me calmo? É isso o que eu quero saber”.

Nunca foi conhecido pela minha paciência. Quantas vezes me perguntei: “Por que esperar, se posso ter tudo agora?” Em verdade, quando me apresentaram os Doze Passos, pela primeira vez, me sentia como um “garoto numa loja de doces”. Não podia esperar para ir até o Décimo Segundo Passo: pois com certeza era apenas trabalho para alguns meses, ou assim em pensava! Percebo agora que viver os Doze Passos de A. A. é um empreendimento para toda a vida.

FAZENDO DE A. A. O TEU PODER SUPERIOR

“... você poderá, se quiser... considerar A. A. em si como sua “força superior”. Nele se encontra um grande número de pessoas que resolveram seus problemas com o álcool ... muito membros ... atravessaram a barreira inicial ... sua fé se ampliou e se aprofundou ... transformados, chegaram a acreditar num Poder Superior...”.

Ninguém era maior que eu, ao menos aos meus olhos, quando eu bebia. Todavia, não podia sorrir para mim no espelho, assim é que cheguei em A. A. onde, com outros, ouvi falar de um Poder Superior. Não podia aceitar o conceito de um Poder Superior, porque acreditava que Deus era cruel e sem amor. Em desespero escolhi uma mesa, uma árvore, depois meu Grupo de A. A. como meu Poder Superior. O tempo passos, minha vida melhorou e comecei a pensar sobre este Poder Superior. Pouco a pouco, com paciência, humildade e muitas perguntas, comecei a acreditar em Deus.Agora meu relacionamento com meu Poder Superior me dá a força para viver uma vida sóbria e feliz.

(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 40-42-43-44-45-46-56-59-73-175)

3º PASSO

Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.

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Como introdução para este passo é usada uma metáfora: “A prática do Terceiro Passo é como abrir uma porta fechada à chave” (Os Doze Passos, p. 25). Este passo, como os demais, requer ação, e o problema que então se coloca para o alcoolista é descobrir como permitir a entrada de Deus na sua vida. Da qualidade e sinceridade na vivência deste passo vai depender a eficiência da programação de A. A. Para o recém-chegado possuidor d e espírito prático este passo parece difícil ou impossível. A experiência de membros mais antigos mostra aos novos que isso pode ser simples: requer apenas um pouco de boa vontade. Às vezes podem ocorrer recuos na prática deste passo por causa do egoísmo, mas a boa vontade permite a retomada da entrega que este passo propõe. Para alguns alcoolistas pode surgir certa revolta: não basta entregar a vida a Deus em relação ao álcool, mas ainda será preciso entregá-la em relação a todos outros aspectos também? Estas pessoas gostariam de poder manter independência em alguns setores da sua vida. Acreditam que se tornarão nulidades se tiverem que fazer uma entrega total. A realidade, no entanto, mostra que quanto maior a disposição a depender de um Poder Superior, maior será a independência. Examinando fatos da vida cotidiana, percebe-se que em muitos aspectos existe uma grande dependência, mas não há consciência disso. A eletricidade é um exemplo: depende-se dela e ninguém deseja dela ser privado. É uma dependência que proporciona independência, suprindo necessidades diversas. Porém, quando se trata de dependência mental e emocional tudo muda. Acredita-se que a inteligência, com apoio da força de vontade, consegue muito bem controlar a vida interior, e garantir o êxito no mundo em que se vive. Procurando verificar se esta filosofia funciona, percebe-se que mesmo pessoas normais, não alcoolistas, obtêm bons resultados vivendo desta maneira. O ódio e o medo invadem a sociedade que pensa desta forma. Neste sentido, os alcoolistas podem se considerar afortunados pelo programa dos Doze Passos. A palavra “dependência” é repugnante não apenas para os alcoolistas, mas também para os psiquiatras e psicólogos. Ocorre que existem diferentes formas de dependência. Por exemplo, filhos adultos dependendo emocionalmente dos pais não é um tipo de dependência desejável. “Mas, a dependência de um grupo de A. A. ou de um Poder superior jamais produziu qualquer efeito pernicioso” (Os Doze Passos, p. 28-29). Inúmeros outros problemas além do álcool se apresentam, e não são solucionados apesar de todos os esforços e coragem. Levam o alcoolista a se sentir inseguro e infeliz, e sua vontade, por mais determinada que seja, não traz soluções. Neste momento é que se torna necessário depender de Alguém ou Alguma Coisa. Inicialmente este “alguém” poderá ser um amigo próximo do grupo, que ajudará o alcoolista a perceber que, na ausência do álcool, os problemas se tornam mais agudos. Virá também a saber que a prática constante deste e dos demais passos é que permitirá uma

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vida feliz e útil, e ainda, que esta só será possível após conseguir viver o Terceiro Passo com persistência e determinação. A aceitação destas idéias facilita o inicio da prática deste passo,e, quando momentos difíceis surgirem, a Oração da Serenidade traz conforto: “Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar; coragem para modificar aquelas que posso, e sabedoria para distinguir umas das outras. Seja feita a Vossa vontade e não a minha” (Os Doze Passos, p. 31).

A CHAVE E A BOA VONTADE

Uma vez que introduzimos a chave da boa vontade na fechadura e entreabrimos a porta descobrimos que sempre se pode abrir um pouco mais.

A boa vontade para entregar o meu orgulho e minha obstinação a um Poder Superior a mim mesmo, provou ser o único ingrediente necessário para resolver meus problemas hoje. Até mesmo pequenas doses de boa vontade, se sincera, é suficiente para permitir que Deus entre e tome controle sobre qualquer problema, dor ou obsessão. Meu nível de bem-estar está em relação direta com o grau de boa vontade que tenho num determinado momento para abandonar minha vontade própria e permitir que a vontade de Deus se manifeste em minha vida. Com a chave da boa vontade, minhas preocupações e medos são poderosamente transformados em serenidade.

ENTREGANDO-A

Todos os homens e mulheres que ingressaram e pretenderam ficar em A. A. começaram a praticar o Terceiro Passo sem que mesmo se apercebessem disso. Não é verdade que em todo o assunto relacionado com o álcool cada um decidiu entregar sua vida aos cuidados, proteção e guia de Alcoólicos Anônimos?... Qualquer recém-chegado com boa vontade está convicto que A. A. é o único porto seguro para o navio quase afundado que ele representa. Ora, se isso não é entregar a vontade e a vida à Providência recém-encontrada, o que é então?

Submissão à Deus foi o primeiro passo para minha recuperação. Acredito que nossa Irmandade procura uma abertura espiritual para uma nova afinidade com Deus. Quando me esforço para seguir o caminho dos Passos, sinto uma liberdade que me dá a habilidade de pensar por mim mesmo. Minha adição me aprisionou sem qualquer liberdade e atrapalhou minha habilidade de libertar-me do meu próprio confinamento; mas A. A. me garante uma maneira de ir para frente. O compartilhar mútuo, a preocupação e o cuidado são a nossa

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dádiva natural de um para com o outro, e a minha dádiva é fortalecida à medida em que muda minha atitude em relação a Deus. Aprendo a submeter-me à vontade de Deus em minha vida, a ter dignidade e a manter sempre estas atitudes, dando sempre o que recebo.

ENTREGANDO A NOSSA VONTADE

“Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos”.

Não importa quanto alguém deseja tentar, precisamente como pôde alguém entregar sua vontade e sua vida aos cuidados do Deus que ele pensa existir? Na minha procura por uma resposta a esta questão, tornei-me consciente da sabedoria com que o Passo foi escrito: que este é um Passo em duas partes.Podia ver que em meus dias de bebedeira, houve ocasiões em que deveria ter morrido, ou ao menos ser machucado mas isto nunca aconteceu. Alguém ou alguma coisa estava olhando por mim. Escolhi acreditar que minha vida sempre esteve sob os cuidados de Deus. Somente Ele controla o número de dias que me serão concedidos até a morte física.O assunto da vontade (vontade própria ou vontade de Deus) é a parte mais difícil que existe no Passo para mim. Somente após experimentar emocionalmente uma imensa dor pela tentativas fracassadas de me firmar, é que posso estar pronto para entregar a minha vida à vontade de Deus. Rendição é como a calmaria após a tempestade. Quando minha vontade está conforme a vontade de Deus, existe paz dentro de mim.

DIREÇÃO BEM ORDENADA

“É quando tentamos adaptar a nossa vontade à de Deus que começamos a usá-la corretamente. Para todos nós esta foi uma revelação maravilhosa. Todo o nosso problema resultou do abuso da vontade. Com ela tentamos atacar nossos problemas, ao invés de modificá-la para que estivesse de acordo com os de signos de Deus para conosco. A função dos Doze Passos de A. A. é tornar isto cada vez mais possível e o Terceiro Passo é aquele que abre a porta”.

Tudo que preciso fazer é olhar para o meu passado, para ver onde minha vontade própria está me levando. Apenas não sei o que é melhor para mim e acredito que meu Poder Superior sabe. Deus, que defino como uma Direção bem ordenada, nunca me deixou cair, mas eu me deixei cair muitas vezes. Usar minha vontade própria numa situação, normalmente tem o mesmo resultado que colocar a peça errada num quebra-cabeças: cansaço e frustração. O Terceiro Passo abre a porta para o restante do programa. Quando peço a Deus que me guie, sei que, seja qual for o resultado, será o melhor possível, as

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coisas são exatamente como deveriam ser, mesmo não sendo como eu esperava que fossem. Se eu deixar, Deus faz por mim o que eu não posso fazer por mim mesmo.

UM PLANO DIÁRIO

Ao acordar; pensaremos nas vinte e quatro horas vindouras. Consideraremos nossos planos para o dia. Antes de começar; pedimos a Deus que dirija nossos pensamentos e, especialmente, que eles estejam divorciados da auto piedade, da desonestidade e do egoísmo.

Todo dia peço a Deus para acender dentro de mim o fogo de Seu amor para que esse amor, brilhante e claro, ilumine meu pensamento e me permita fazer Sua vontade da melhor forma. Durante o dia, quando circunstâncias exteriores deprimem o meu espírito, peço a Deus que grave em minha mente a consciência de que posso começar o meu dia da maneira que escolher; centenas de vezes, se necessário.

A PEDRA ANGULAR

Ele é o Pai e nós somos os Seus filhos. Na maioria das vezes, as boas idéias são simples, e este conceito passou a ser a pedra angular do nosso arco do triunfo, através do qual passamos à liberdade.

A pedra angular é a peça cunhada na parte mais alta de um arco que prende as outras peças no lugar. As “outras peças” são os Passos Um, Dois e quatro até o Décimo Segundo.Neste sentido isto soa como se o Terceiro Passo, fosse o Passo mais importante, que os outros onze dependem do Terceiro para suporte. Na realidade porém, o Terceiro Passo Ed apenas um dos doze. Ele é a pedra angular, mas sem as outras onze pedras para construir a base e os lados, com ou sem a pedra angular, simplesmente não haverá arco. Através do Trabalho diário de todos os Doze Passos, encontro este arco do triunfo esperando que eu passe através dele para outro dia de liberdade.

A IDÉIA DE DEUS

Quando vimos os outros resolverem seus problemas através de uma simples confiança no Espírito do Universo, tivemos que deixar de continuar duvidando do poder de Deus. Nossas idéias eram ineficazes. Porém, a idéia de Deus surtia efeito.

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Como um homem cego recuperando gradualmente a visão, lentamente tateei o meu caminho no Terceiro Passo. Percebendo que somente um Poder Superior a mim mesmo poderia me socorrer do abismo sem esperança onde eu estava, soube que este era um Poder em que eu tinha que me agarrar e que seria minha âncora no meio de um mar de desgraças. Muito embora minha fé naquela hora fosse minúscula, foi grande o bastante para me fazer ver que era hora de me livrar de minha confiança no meu orgulhoso ego, e colocá-la na fortaleza segura que somente pode vir de um Poder muito Superior a mim mesmo.

(Fonte: Reflexões Diárias: paginas: 75-76-77-79-80-82-83)

4º PASSO

Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

Os instintos humanos são necessários para a sobrevivência, mas muitas vezes excedem suas funções especificas. A maioria dos problemas existentes decorrem deste excesso. O Quarto passo tem por finalidade levar o alcoolista a perceber como, quando e onde tais excessos provocaram deformidades emocionais, de modo a ajudá-lo a corrigi-los. A sobriedade e felicidade dependem disso. Quando a vida é direcionada quase que para um aspecto apenas, como por exemplo, exo, busca de segurança, desejo de poder, ocorre um desequilíbrio que compromete a qualidade de vida do individuo em questão e das pessoas que o cercam. Os instintos desenfreados seriam a causa básica do beber desenfreado do alcoolista. O esforço para examiná-los pode levar a reações graves. Alcoolistas que tendem à depressão podem mergulhar em sentimentos de culpa e de auto-repugnância. Podem perder a perspectiva, o que vai impedir que façam o inventário moral. Indivíduos que tendem ao orgulho ou mania de grandeza podem sentir-se diminuídos pela sugestão deste inventário. Pensarão que os defeitos de caráter, se é que os têm, foram provocados principalmente pelo álcool, e que um inventario desta natureza será desnecessário. Mais um motivo para evitar um inventário seria que os problemas presentes são causados por outras pessoas, e estas é que deveriam fazer um inventário moral. Neste momento o padrinho vem em socorro e mostra ao alcoolista que seus defeitos são semelhantes aos de outras pessoas. Leva-o a perceber que possui valores também. Com aquelas pessoas que acham que o inventário não é uma necessidade, o padrinho encontra outra dificuldade, pois o orgulho não permite que reconheça seus defeitos. “O problema é ajudá-las a descobrir uma trinca nas paredes construídas pelo seu ego, através da qual poderão ver a luz da razão” (Os Doze Passos, p. 37).

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Os recém-chegados aprendem que precisam ajustar-se às circunstâncias, e não, esperar que ocorra o inverso. Os ressentimentos vingativos, auto-piedade e orgulho descabido também necessitam ser revistos. Quando as primeiras barreiras são ultrapassadas, o caminho parece tornar-se mais fácil. Começa-se a obter uma auto-imagem mais objetiva, ou seja, adquire-se uma certa humildade. Os tipos depressivo e arrogante são tipos extremos de personalidade. Freqüentemente os alcoolistas situam-se em ambas classificações, e cada qual terá que no inventário verificar quais são os seus defeitos de caráter. Para evitar confusão quanto a estes defeitos, é apresentada a universalmente reconhecida lista dos sete pecados capitais: orgulho, avareza, luxuria, ira, gula, inveja e preguiça. Não por acaso o primeiro da lista é o orgulho, pois é “...o principal fomentador da maioria das dificuldades humanas, o maior empecilho ao progresso verdadeiro (...) Quando a satisfação de nosso instinto pelo sexo, segurança e posição social se torna o único objetivo de nossa vida, então o orgulho entra em cena para justificar nossos excessos” (Os Doze Passos, p. 39). Estas falhas, por sua vez, geram o medo, que gera outras falhas também. Orgulho e medo vêm à tona quando o alcoolista tenta olhar seu interior, e dificultam o inventário. A persistência, no entanto traz uma sensação de alívio indescritível, e uma confiança totalmente nova que são os frutos iniciais deste passo. Na seqüência surge a dúvida sobre por onde começar e como fazer um inventário bem feito. A sugestão é que se inicie pelas falhas que mais incomodam. O alcoolista poderá examinar sua conduta quanto aos instintos primários de sexo, segurança e vida social. Como sugestão também são apresentadas diversas perguntas sobre problemas nestas três áreas (sexualidade, segurança financeira e emocional). Os sintomas mais freqüentes a elas relativos são também analisados. Acredita-se que alguns alcoolistas “... farão objeção a muitas perguntas feitas, por acharem que seus defeitos talvez não tenham sido assim tão flagrantes. (...) um exame consciente é capaz de revelar justamente os defeitos dos quais tratam as perguntas desagradáveis” (Os Doze Passos, p. 43). O inventário proposto pelo quarto passo deveria ser meticuloso. Para isso, a redação de perguntas e respostas pode ajudar a pensar com clareza e a avaliar com honestidade.

LIBERTAÇÃO DA CULPA

No tocante às outras pessoas, tivemos de eliminar a palavra “culpa” de nosso vocabulário e de nossos pensamentos.

Quando me tornei disposto a aceitar minha própria condição de impotência, comecei a perceber que culpar a mim mesmo por todos os problemas na minha vida poderia ser uma viagem para dentro de mim mesmo, de volta para a desesperança. Pedindo ajuda e

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escutando profundamente as mensagens contidas nos Passos e Tradições do programa, foi possível mudar essas atitudes que atrasam minha recuperação. Antes de ingressar em A. A. eu desejava tanto a aprovação de pessoas importantes, que estava disposto a me sacrificar, bem como os outros, para ganhar posição social. Invariavelmente eu tinha muitos desgostos. No programa encontrei verdadeiros amigos que me amam, me entendem e procuram ajudar-me a aprender a verdade sobre mim mesmo. Com a ajuda dos Doze Passos, sou capaz de construir uma vida melhor, livre da culpa e da necessidade de auto-justificação.

OLHANDO DENTRO

Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

O Quarto Passo é um esforço vigoroso e cuidadoso para descobrir em cada um de nós quais eram e quais são nossos defeitos. Desejo descobrir exatamente como, quando e onde meus desejos naturais se deformaram. Desejo olhar honestamente a infelicidade que isto causou aos outros e a mim. Descobrindo quais são as minhas deformidades emocionais, posso corrigi-las. Sem um esforço persistente e boa vontade para fazer isto, haverá pouca sobriedade ou contentamento para mim.Necessito ter um conhecimento claro e seguro de mim mesmo para resolver emoções confusas. Tal percepção não acontece da noite para o dia e nenhuma autoconsciência é permanente.Todos têm capacidade para crescer e para se conhecer através de um encontro honesto com a realidade. Quando não evito os problemas mas os enfrento diretamente, sempre tentando resolvê-los, eles se tornam poucos.

CONSTRUINDO O CARÁTER

Exigir dos outros excessiva atenção, proteção e amor, só pode despertar a dominação ou a revolta...

Quando descobri minha necessidade de aprovação no Quarto Passo, não pensava considerá-la como um defeito de caráter.Preferia pensar que era uma qualidade vantajosa (o desejo de agradar as pessoas). Rapidamente me mostraram que esta “necessidade” pode ser paralisante. Hoje ainda gosto de obter a aprovação dos outros, mas não estou mais disposto a pagar o preço que costumava para consegui-la. Não me curvo mais como uma rosca para conseguir que os outros gostem de mim. Se consigo a sua aprovação, isto é muito bom; mas se não, eu sobreviverei sem ela. Sou responsável por falar o que considero ser a verdade, não o que penso que os outros possam querer ouvir.

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Similarmente, meu falso orgulho me mantinha demasiadamente preocupado com minha reputação. Desde então, sendo iluminado pelo programa de A. A., minha intenção é melhorar o meu caráter.

ACEITAR QUE SOMOS HUMANOS

Finalmente vimos que o inventário deveria ser nosso, não de outra pessoa. Assim, admitimos nossos defeitos honestamente e nos dispusemos a colocar estes assuntos em ordem.

Por que é tão difícil para o alcoólico aceitar responsabilidade?Costumava beber devido às coisas que as outras pessoas faziam para mim. Quando vim para A. A. me falaram para ver em que havia me equivocado. O que tinha eu a ver com todos estes diferentes assuntos? Quando simplesmente aceitei que eu tinha uma parte neles, fui capaz de colocá-los no papel e vê-los como eram: coisas humanas.Não esperava ser perfeito! Fiz erros antes e farei novamente. Ser honesto a respeito deles permitiu-me aceitá-los – e aceitar a mim mesmo – bem como aqueles com quem tinha diferenças.A partir de então, a recuperação está cada vez mais próxima de mim.

IRMANDADE VERDADEIRA

Em nenhuma ocasião procuramos ser um membro da família, um amigo entre amigos, um trabalhador a mais em nossa empresa, ou um membro útil da sociedade. Sempre nos esforçamos para chegar até o topo do morro, ou então para nos escondermos à sombra dele. Este comportamento egoísta impedia uma relação de companheirismo com nossos semelhantes. Da verdadeira fraternidade pouco conhecíamos.

Esta mensagem contida no Quarto Passo foi a primeira que ouvi alta e clara: antes disso eu não havia visto descrito em letras de imprensa! Antes de chegar em A. A. Não conhecia nenhum lugar que pudesse me ensinar a ser uma pessoa entre as pessoas. Desde a minha primeira reunião vi pessoas fazendo isso e eu desejava o que elas tinham. Uma das razões pelas quais hoje sou um alcoólico sóbrio e feliz, é que estou aprendendo a mias importante lição.

UMA VISITA POR DENTRO

Queremos descobrir exatamente como, quando e onde nossos desejos naturais nos deformaram. Queremos olhar defronte a infelicidade que isto causou aos outros e a nós mesmos. Descobrindo quais são nossas deformidade emocionais, podemos nos encaminhar em direção à sua correção.

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Hoje não sou mais um escravo do álcool, porém, de muitas maneiras a escravidão ainda ameaça meu ego, meus desejos e até mesmo meus sonhos. Ainda que sem sonhos eu não possa existir; sem sonhos não há nada que me impulsione para frente.Devo olhar para dentro de mim mesmo, para libertar-me.Devo pedir a força de Deus para encarar a pessoa que mais temo, meu eu verdadeiro, a pessoa que Deus criou para ser eu mesmo. A não ser que possa ou até que faça isto, estarei sempre fugindo e nunca serei realmente livre. Peço a Deus, diariamente, que me mostre a liberdade!

UMA PALAVRA PARA ELIMINAR: “CULPA”

Geralmente demorava bastante para percebermos como as nossas emoções descontroladas nos vitimavam. Notávamos logo nos outros, mas só muito vagarosamente em nós. Antes de mais nada, era preciso confessar que tínhamos muitos defeitos, mesmo que esta admissão fosse dolorosa e humilhantes. No tocante às outras pessoas, tivemos de eliminar a palavra “culpa” de nosso vocabulário e nossos pensamentos.

Quando fiz meu Quarto Passo, seguindo as sugestões do Livro Grande, notei que minha lista de ressentimentos estava cheia de meus preconceitos e de culpar os outros por não ser capaz de ter sucesso e não aproveitar plenamente meus talentos. Também descobri que me sentia diferente por ser negro. À medida que continuei a praticar o Passo, aprendi que sempre tinha bebido para me livrar desses sentimentos. Somente quando fiquei sóbrio e trabalhei o meu inventário foi que pude não culpar mais ninguém.

O PRINCIPAL CULPADO

O ressentimento é o principal culpado. Destrói mais alcoólicos do que qualquer outra coisa. Dele nasce toda forma de doença espiritual, pois somos doentes não só física e mentalmente mas também espiritualmente.

Quando me olho praticando o Quarto Passo, é fácil achar desculpas para os erros que fiz, porque posso vê-los facilmente como uma questão de “desforra” de um erro feito contra mim. Se continuo a reviver minha velha dor, isto é um ressentimento, e ressentimentos bloqueiam a luz do sol para minha alma. Se contínuo a reviver dores e ódios, irei machucar e odiar a mim mesmo. Após anos na escuridão dos ressentimentos, encontrei a luz do sol. Devo libertar-me dos ressentimentos, não posso me permitir o luxo de conservá-los.

A ESCRAVIDÃO DOS RESSENTIMENTOS

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... esse negócio de ressentimento é infinitamente grave, porque quando estamos abrigando estes sentimentos nos afastamos da luz do espírito.

Foi dito “Raiva é um luxo ao qual não posso me permitir”.Sugere isto que eu ignore esta emoção humana? Acredito que não. Antes de conhecer o programa de A. A., eu era um escravo dos moldes de comportamento do alcoolismo. Estava acorrentado à negatividade, sem esperança de soltar-me.Os Passos me ofereceram uma alternativa. O Quarto Passo é o início do final da minha escravidão. O processo de “soltar-se” começa com um inventário. Não posso ficar assustado, porque os Passos anteriores me garantem que não estou sozinho. Meu Poder Superior me guia até esta porta e me dá a dádiva da escolha. Hoje posso escolher abrir a porta para a liberdade e alegrar-me na luz dos Passos, uma vez que purificam o espírito dentro de mim.

AMOR E MEDO COMO OPOSTOS

Todas estas falhas geram o medo, uma doença da alma em si.

“O medo bate à porta; a fé atende; nada estava ali.”Não sei a quem esta citação deva ser atribuída, mas ela certamente indica muito claramente que o medo é uma ilusão.Eu mesmo crio a ilusão.Em minha juventude em experimentei o medo e erradamente pensava que sua mera presença fazia de mim um covarde.Não sabia que uma das definições de “coragem” é a “disposição de fazer as coisas certas apesar do medo”. “Coragem”, portanto, não é necessariamente a ausência do medo.Durante as horas em que eu não tinha amor na minha vida, com certeza tinha medo. Ter medo de Deus é ter medo da alegria. Olhando para trás, percebo que durante as horas em que mais temia à Deus, não havia alegria em minha vida. Quando aprendi a não temer à Deus, também aprendi a experimentar a alegria.

FORMANDO UMA VERDADEIRA PARCERIA

Mas, o maior sofrimento que temos padecido se originam de nossas relações deturpadas com parentes, amigos e a sociedade em geral.Temos sido por demais obtusos e teimosos nestas relações. O fato principal que deixamos de reconhecer é a nossa incapacidade total de manter uma verdadeira intimidade com outro ser humano.

Estas palavras podem ser aplicadas a mim? Eu ainda sou incapaz de formar uma verdadeira parceria com outro ser humano? Que terrível desvantagem seria para mim levar esta minha vida sóbria! Na minha

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sobriedade meditarei e rezarei, para descobrir como posso me tornar um amigo e companheiro de confiança.

OLHANDO A NÓS MESMOS

... e o Medo responde: “Não se atreva a olhar!”

Quantas vezes em meus dias de bebedeira eu evitava um trabalho apenas porque me parecia muito grande! Não é de se admirar que mesmo estando sóbrio por algum tempo, aja dessa mesma forma quando me defronto com o que aparenta ser um trabalho monumental, tal como fazer um minucioso e destemido inventário moral de mim mesmo? O que descubro, após ter chegado ao outro lado – quando meu inventário está completo – é que a ilusão era maior do que a realidade. O medo de olhar para mim mesmo me mantinha paralisado e, até eu tornar-me disposto a pegar lápis e papel, eu estava detendo meu crescimento baseado numa coisa intangível.

(Fonte: Reflexões Diárias: paginas: 35-100-101-102-104-107-110-113-114-116-172-288)

5º PASSO

Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.

O Quinto Passo é talvez o mais difícil no que se refere a atuar contrariamente

aos instintos naturais. No entanto, provavelmente é o passo mais importante para

a sobriedade contínua e paz da mente. A. A. dizem: “... se chegamos a aprender como os pensamentos e as ações erradas feriram a nós e a outrem, então se torna mais imperativo do que nunca desistir de viver sozinhos com esses fantasmas torturantes de ontem” (Os Doze Passos, p. 45). Para muitos membros de A. A.o medo e a relutância são muito intensos em relação a este passo. Mais fácil é admitir de uma maneira generalizada, que quando bebiam, tornavam-se maus elementos. O preço a ser pago por esta superficialidade costuma ser alto, pois carregar o peso sozinho manta a culpa, irritabilidade, depressão e ansiedade. A admissão dos próprios defeitos perante outra pessoa é característica de pessoas espiritualizadas. Psiquiatras e psicólogos reconhecem também a necessidade profunda de discutir com uma pessoa compreensiva e de confiança as falhas da própria

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personalidade. Sem esta admissão dificilmente se consegue expulsar a obsessão destrutiva. Lembranças mais aflitivas e humilhantes mantidas em segredo manterão a sensação de isolamento tão presente e constante para o alcoolista. A literatura de A. A. diz que havia sempre uma barreira misteriosa intransponível que deixava o alcoolista numa terrível solidão. A chegada ao grupo de A. A. leva a pessoa a sentir-se compreendida pelos outros, mas muitos dos antigos tormentos de separação aflitiva mantêm-se ainda presentes. Faz-se necessária a prática do Quinto Passo. Este passo também possibilita ao alcoolista reconhecer que pode ser perdoado, independentemente do que tenha feito ou pensado, e ainda, que pode igualmente perdoar aos outros. A humildade é outra grande dádiva que se alcança ao admitir os próprios defeitos perante outra pessoa. Esta admissão conduz a um maior realismo e honestidade do alcoolista a respeito de si próprio. Pode surgir a idéia de fazer a admissão das falhas diretamente com Deus, pois enfrentar outra pessoa é mais embaraçoso. É verdade que a opinião dos outros pode apresentar falhas, mas sendo mais específica, torna-se de grande valia para um iniciante ainda inexperiente em relação a um contato com um Poder Superior. A escolha da pessoa para realizar este passo deve ser cuidadosa. Para alguns, uma pessoa totalmente estranha poderá ser a melhor escolha. O contato e a aproximação com esta pessoa requerem decisão e força de vontade, mas após uma explicação cuidadosa, o contato flui com facilidade, e a sensação de alívio é grande. Para muitos alcoolistas é neste momento que começam de modo real a sentir a presença de Deus. A saída do isolamento pelo compartilhar o peso terrível da culpa conduz a um espaço de descanso no qual é possível preparar-se para os passos seguintes.

CURANDO O CORAÇÃO E A MENTE

Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano a natureza exata de nossas falhas.Desde que é verdade que Deus vem para mim através das pessoas, posso ver que mantendo as pessoas à distância. Deus está muito mais perto de mim do que eu penso, e posso senti-lo amando as pessoas e permitindo que elas me amem. Mas não posso nem amar e nem ser amado, se permito que meus segredos finquem no caminho.O meu lado que recuso olhar é que me governa. Devo ter disposição para olhar o lado negro, a fim de curar minha mente e o meu coração, porque este é o caminho da liberdade. Devo caminhar na escuridão para encontrar a luz, e caminhar no medo para encontrar a paz.Revelando meus segredos – e assim me livrando da culpa – posso de fato mudar meu pensamento; alterando o meu pensamento; posso mudar a mim mesmo. Meus pensamentos criam meu futuro. O que serei amanhã é determinado pelo que penso hoje.

ILUMINANDO O PASSADO ESCURO

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Agarre-se à idéia de que, nas mãos de Deus, o passado negro é o maior bem que você possui – a chave para a vida e a felicidade de outros. Com ela você pode afastar deles a morte e a miséria.

Meu passado não é mais uma autobiografia; é um livro de referência para ser tirado da estante, aberto e compartilhado. Hoje quando relato por dever, sai a mais maravilhosa pintura, porque, embora este dia negro – como acontece com alguns dias – as estrelas brilharão com mais intensidade mais tarde. Em um futuro muito próximo serei chamado para atestar que elas brilham. Todo meu passado será neste dia parte de mim, porque é a chave não a fechadura.

LIMPEZA DA CASA

De algum modo, estar sozinho com Deus não parece ser tão embaraçoso quanto enfrentar outra pessoa. Até que resolvamos sentar e falar em voz alta a respeito das coisas que há tempos temos escondido, nossa disposição de “limpar a casa” é meramente teórica.

Era até comum para mim falar com Deus e comigo mesmo sobre meus defeitos de caráter. Mas, sentar-me cara a cara e discutir abertamente estas intimidades com outra pessoa era muito difícil. Nessa experiência eu reconheci, entretanto, um alívio semelhante ao que experimentei quando admiti pela primeira vez que sou um alcoólico. Comecei então a apreciar o significado espiritual do programa, e a compreender que este Passo era apenas uma introdução do que ainda estava por vir nos restantes sete Passos.

“INTEIRAMENTE HONESTO”

Se esperamos viver felizes por muito tempo neste mundo, precisamos ser inteiramente honestos com alguém.

Como todas as virtudes, a honestidade é para ser compartilhada. Ela começou após eu compartilhar “.. toda (minha) história de vida com alguém...” A fim de encontrar o meu lugar na Irmandade. Mais tarde compartilhei minha vida a fim de ajudar o ingressante a achar o seu lugar conosco.Este “compartilhar” me ajuda a aprender a ser honesto em todos os meus assuntos e a saber que o plano de Deus, para mim, torna-se realidade através da disposição de abrir-me honestamente.

A FLORESTA E AS ÁRVORES

... aquilo que nos vem, enquanto estamos sós, pode ser deturpado pelos nossos anseios e auto justificativas. A vantagem em falar com outra pessoa é que podemos, de

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forma direta, obter seus comentários e conselhos sobre a nossa situação...

Não me lembro de quantas vezes me senti raivoso e frustrado e disse para mim mesmo: “As árvores me impedem de ver a floresta!” Finalmente percebi de que quando estava sofrendo dessa maneira, é que necessitava de alguém que pudesse me guiar em separar a floresta e as árvores; que pudesse me sugerir um caminho melhor para seguir; que pudesse me ajudar a apagar o fogo; e me ajudar a evitar as rochas e armadilhas.Peço a Deus para me dar a coragem de chamar um membro de A. A. quando estou na floresta.

“NADA ESCONDA”

A inteira confiança depositada naquele com quem compartilharemos nossa auto-análise, bem como nossa boa disposição, serão as provas verdadeiras da situação... Desde que você não esconda nada, sua sensação de alivio aumentará de minuto a minuto. As emoções reprimidas durante anos saem de sua clausura e, milagrosamente, desaparecem aos serem expostas. À medida que a dor diminui, uma tranqüilidade benéfica a substitui.

Um pequenino caroço de sentimentos fechados dentro de mim começou a se revelar quando assisti às primeira reuniões de A. A., e o autoconhecimento tornou-se uma tarefa de aprendizagem para mim. Este novo autoconhecimento trouxe muitas mudanças em minhas respostas às situações da vida. Percebi que tinha o direito de fazer escolhas em minha vida e, lentamente, a ditadura interna de hábitos perdeu seu controle.Acredito que se eu procurar Deus posso encontrar uma maneira de vier melhor e peço a Ele todo dia para me ajudar a viver uma vida sóbria.

RESPEITO PELOS OUTROS

Estas partes de nossa história deixamo-las para contar a uma pessoa que as compreenda e que seja sincera. A regra é sermos duros conosco mesmos, mas sempre termos consideração pelos outros.

Respeito pelos outros é a lição que aprendi desta passagem.Devo fazer qualquer coisa para me libertar, se eu desejo encontrar esta paz de espírito que tenho procurado por tanto tempo. Contudo, nada disto deve ser feito às custas dos outros. Egoísmo não tem lugar na maneira de vida de A. A.Quando faço meu quinto Passo, é mais sábio escolher uma pessoa com quem compartilho objetivos comuns, porque se essa pessoa não me entende, meu progresso espiritual pode ser retardado e posso

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estar em perigo de recair. Assim, peço orientação divina antes de escolher o homem ou a mulher que terá a minha confiança.

UM LUGAR DE DESCANSO

Todos os Doze Passos de A. A. nos pedem para aturar em sentido contrário aos nossos desejos naturais, todos desinflam nosso ego. Quando se trata desse assunto, poucos Passos são mais duros de aceitar que o Quinto. Mas, dificilmente, qualquer deles é mais necessário à obtenção da sobriedade prolongada e à paz mental do que este.

Após escrever meus defeitos de caráter, estava sem disposição de falar sobre eles, e decidi que era a hora de parar de carregar esta carga sozinho. Precisava confessar estes defeitos a alguém. Tinha lido – e tinham me falado – que não podia me manter sóbrio a não ser que o fizesse.O Quinto Passo me dava um sentimento de pertencer, com humildade e serenidade, quando o praticava diariamente em minha vida. Era importante admitir meus defeitos de caráter na ordem apresentada no Quinto Passo: “A Deus, a nós mesmos e a outro ser humano”. Admitir para Deus em primeiro lugar preparou o terreno para a admissão a mim mesmo e para outra pessoa. De acordo com a descrição de como o Passo é feito, um sentimento de ser um com Deus e com meus companheiros me levou a um lugar de descanso onde pude preparar-me para os Passos restantes em direção a uma sobriedade plena e significativa.

CAMINHANDO PELO MEDO

Se ainda nos apegamos a algo que não queremos soltar, pedimos a Deus que nos ajude a ter a vontade.

Quando fiz meu Quinto Passo, tornei-me consciente de que todos os meus defeitos de caráter se originavam da minha necessidade de me sentir seguro e amado. Usar somente a minha vontade para trabalhar com meus defeitos e resolver o meu problema eu já havia tentado obsessivamente. No Sexto Passo aumentei a ação que tomei nos três primeiros Passos – meditando no Passo, dizendo-o várias vezes, indo às reuniões, seguindo as sugestões de meu padrinho, lendo e procurando dentro de mim mesmo. Durante os três primeiros anos de sobriedade tinha medo de entrar num elevador sozinho. Um dia decidi que tinha de enfrentar este medo. Pedi ajuda a Deus, entrei no elevador e ali no canto estava uma senhora chorando. Ela disse que desde que seu marido havia morrido ela tinha um medo mortal de elevadores. Esqueci meu medo e a confortei. Esta experiência espiritual ajudou-me a ver como a boa vontade era a chave para trabalhar o resto dos Doze Passos para a recuperação. Deus ajuda aqueles que se ajudam.

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AFINAL, LIVRE

Outra grande dádiva que podemos esperar por confiar nossos defeitos a outro ser humano é a humildade – uma palavra frequentemente mal compreendida... representa um claro reconhecimento do que e quem somos realmente, seguido de um esforço sincero de ser aquilo que poderíamos ser.

Sabia no fundo do meu ser que se quisesse ser alegre, feliz e livre para sempre, tinha de compartilhar minha vida passada com outra pessoa. A alegria e o alívio que senti após fazer isto estão além de qualquer descrição. Quase que imediatamente após fazer o Quinto Passo, me senti livre da escravidão do ego e da escravidão do álcool. Esta liberdade permanece após 36 anos, um dia de cada vez.Descobri que Deus podia fazer por mim o que eu não podia fazer sozinho.

UMA NOVA SENSAÇÃO DE PERTENCER

Enquanto não falássemos, com toda a franqueza, de nossos conflitos e ouvíssemos outra pessoa fazer a mesma coisa, ainda não estaríamos participando.

Após quatro anos em A. A. fui capaz de descobrir a liberdade do peso de emoções enterradas que tinham me causado muita dor. Com a ajuda de A. A. E do apadrinhamento a dor foi liberada e senti uma sensação de pertencer e de paz interior. Também senti uma alegria e um amor por Deus que nunca havia experimentado. Tenho muito respeito pelo poder do Quinto Passo.

O PASSADO TERMINOU

A experiência de A. A. nos indicou que não podemos viver sozinhos com problemas persistentes bem como com os defeitos de caráter que os causam e os agravam. Se ... o Quarto Passo ... tem realçado aquelas experiências que preferimos não lembrar ... então, torna-se mais imperativo do que nunca desistir de viver sozinhos com esses fantasmas torturantes do passado. É preciso falar com alguém a respeito.

O que foi feito, feito está. Não pode ser mudado. Na minha atitude sobre o assunto pode ser mudada, conversando com aqueles que vieram antes e com os padrinhos. Posso desejar que o passado nunca tenha sido, mas se mudo minhas ações quanto ao que fiz, minha atitude mudará. Não preciso desejar que o passado desapareça. Posso mudar meus sentimentos e atitudes, porém somente através de minhas ações e da ajuda de meus companheiros alcoólicos.

A MANEIRA MAIS FÁCIL E SUAVE

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Se saltarmos este passo chave, talvez não sobrepujemos a bebida.

Certamente não fugi à oportunidade de ver que eu era, especialmente quando as dores de minhas bebedeiras pairavam sobre mim como uma nuvem escura. Contudo, logo ouvi nas reuniões a respeito do companheiro que simplesmente não queria praticar o Quinto Passo e continuava vindo às reuniões, trêmulo pelos horrores de reviver o seu passado. A maneira mais fácil e suave é praticar estes Passos para nos libertar de nossa doença fatal e colocar nossa fé na Irmandade e em nosso Poder Superior.

É BOM SER EU MESMO

Inúmeras vezes os novatos procuram guardar para si certos fatos de suas vidas... Desviaram-se para métodos mais fáceis... mas, não aprenderam o suficiente sobre a humildade.

Humildade soa muito como humilhação mas, na realidade, ela é a capacidade de olhar para mim mesmo – e honestamente aceitar o que vejo. Não preciso ser o “mais esperto” nem o “mais estúpido” ou qualquer outro “mais”. Finalmente é muito bom ser “eu” mesmo. É mais fácil para mim aceitar-me se compartilhar toda a minha vida. Se não posso compartilhar nas reuniões, então é melhor ter um padrinho – alguém com que eu possa compartilhar “certos fatos” que podem me levar de volta à bebida e para a morte. Preciso praticar todos os Passos. Preciso do Quinto Passo para aprender a verdadeira humildade. Métodos mais fáceis não funcionam.

CONHEÇA DEUS, CONHEÇA A PAZ

É evidente que uma vida onde se incluem profundos ressentimentos só nos leva à futilidade e à infelicidade... Porém, com o alcoólico, cuja esperança é a manutenção e o crescimento de uma experiência espiritual, este negócio dos ressentimentos é grave mesmo.

Conheça a Deus;Conheça a Pás.Sem Deus;Sem Paz.

NOS PERDOAMOS...

Frequentemente, enquanto dávamos este Passo com nossos padrinhos ou conselheiros espirituais, pela primeira vez nos sentíamos verdadeiramente capazes de desculpar os outros, não importa quão profundamente nos houvessem maltratado.

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Nosso inventário moral nos havia persuadido de que era desejado um perdão geral para todos, mas foi somente quando resolutamente demos o Quinto Passo, vimos em nosso íntimo, que poderíamos aceitar o perdão e perdoar também.

Que grande sentimento é o perdão! Que revelação sobre minha natureza emocional, psicológica e espiritual. Tudo que se precisa é boa vontade para perdoar: Deus fará o restante.

... E PERDOAMOS

Com muita dificuldade tenho procurado sempre perdoar as outras pessoas e a mim mesmo.

Perdoar a si mesmo e perdoar aos outros são duas correntes do mesmo rio, ambas retardadas ou interceptadas completamente pela represa do ressentimento. Uma vez que a represa é aberta, ambas as correntes podem fluir. Os Passos de A. A. Permitem-me ver como o ressentimento cresceu e em consequência bloqueou esse fluxo em minha vida. Os Passos fornecem uma maneira pela qual meus ressentimentos podem ser dispersados – pela graça de Deus como eu O entendo. É como resultado desta solução que posso achar a graça necessária que me dá condições de perdoar a mim mesmo e aos outros.

(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 130-131-132-133-134-135-136-137-138-139-140-141-142-143-144-145-146)

6º PASSO

Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.

De acordo com um clérigo considerado um dos melhores amigos de A. A., uma pessoa disposta a “... experimentar o sexto passo com respeito a todos seus defeitos – em absoluto sem qualquer reserva – tem realmente andado um bom pedaço no campo espiritual...“ (Os Doze Passos, p. 53). A maioria dos membros de A .A. afirma que Deus pode, sob certas condições remove estes defeitos de caráter. Para comprovar isso é apresentado o testemunho de um alcoolista, que, de maneira similar, é repetido diariamente em todo mundo nas reuniões de A. A. A reflexão prossegue esclarecendo que nascemos com desejos naturais em abundância. Não poucas vezes, excedemo-nos na busca

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de saciar tais desejos, afastando-nos ”... do grau de perfeição que Deus deseja para nós aqui na terra. Esta é a medida de nossos defeitos de caráter ou, se preferirmos, de nossos pecados” (Os Doze Passos, p. 55). Deus certamente não nega o perdão para aqueles que o pedem, mas é preciso que se coopere na continuidade da edificação do caráter. Algumas imperfeições podem ser eliminadas, mas, “... com a maioria teremos que nos contentar com o melhorar paulatinamente” (Os Doze Passos, p. 55). Necessário se faz reconhecer que alguns defeitos se prestam para regozijo: sentir-se um pouco superior ao outro; falar em amor para poder esconder a lascívia. Outras imperfeições também são analisadas, como o rancor, gula, inveja, preguiça. Como não são muito prejudiciais, poucas pessoas têm disposição para delas abdicar. Outras pessoas podem acreditar que estão preparadas para permitir a remoção de todos os seus defeitos. No entanto, em levantamento das imperfeições menos acentuadas, teriam que admitir que prefeririam manter algumas delas. São poucas as pessoas, ao que parece, que têm prontidão para buscar rápida e facilmente a perfeição espiritual e moral. A aceitação de todas as implicações do sexto passo é uma meta a ser perseguida. Não é possível praticar com perfeição este e os demais passos, com exceção do primeiro. O importante é começar e persistir. O que se sugere é manter a disposição para iniciar persistir na busca pela perfeição. Um alerta é feito para não postergar por prazo indefinido a lida com algumas das imperfeições: várias delas devem ser enfrentadas e requerem medidas para o quanto antes serem removidas.

CAMINHANDO PELO MEDO

Se ainda nos apegamos a algo que não queremos soltar, pedimos a Deus que nos ajude a ter a vontade.

Quando fiz meu Quinto Passo, tornei-me consciente de que todos os meus defeitos de caráter se originavam da minha necessidade de me sentir seguro e amado. Usar somente a minha vontade para trabalhar com meus defeitos e resolver o meu problema eu já havia tentado obsessivamente. No Sexto Passo aumentei a ação que tomei nos três primeiros Passos – meditando no Passo, dizendo-o várias vezes, indo às reuniões, seguindo às sugestões de meu padrinho, lendo e procurando dentro de mim mesmo. Durante os três primeiros anos de sobriedade tinha medo de entrar num elevador sozinho. Um dia decidi que tinha de enfrentar este medo. Pedi ajuda a Deus, entrei no elevador e ali no canto estava uma senhora chorando. Ela disse que desde que seu marido havia morrido ela tinha um medo mortal de elevadores. Esqueci meu medo e a confortei. Esta experiência espiritual ajudou-me a ver como a boa vontade era a chave para trabalhar o resto dos Doze Passos para a recuperação. Deus ajuda aqueles que se ajudam.

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NUMA ASA E NUMA ORAÇÃO

... olhamos então para o Sexto Passo. Frisamos que a boa vontade é indispensável.

O Quarto e Quinto Passos são difíceis, mas de grande valor. Agora estava parado no Sexto Passo e, um desespero, pequei o Livro Grande e li esta passagem. Estava fora, rezando por vontade própria, quando levantei meus olhos e vi um grande pássaro subindo para o céu. Eu o observei subitamente entregar-se às poderosas correntes de ar das montanhas. Levado pelo vento, mergulhando e elevando-se, o pássaro fez coisas aparentemente impossíveis. Foi um exemplo inspirador de uma criatura “soltando-se” para um poder maior que ela própria. Percebi que se o pássaro “retomasse seus controles” e tentasse voar com menos confiança, apenas com sua força, poderia estragar o seu aparente vôo livre. Esta percepção me deu disposição para rezar a Oração do Sétimo Passo.Nem sempre é fácil conhecer a vontade de Deus. Devo procurar e estar pronto para aproveitar as correntes de ar, pois é ai que a oração e a meditação ajudam. Porque por mim mesmo eu não sou nada, peço a Deus que me conceda o conhecimento de sua vontade, força e coragem para transmiti-la hoje.

LIBERTANDO-NOS DE NOSSOS VELHOS EGOS

Lendo cuidadosamente as primeira cinco proposições, perguntamo-nos se omitimos alguma coisa, pois estamos construindo um arco pelo qual passaremos finalmente como homens livres...Estamos agora prontos para que Deus retire de nós todas as coisas que já admitimos serem censuráveis?

O Sexto Passo é o último de “preparação”. Embora já tenha usado a oração extensivamente, ainda não fiz nenhum pedido formal ao meu Poder Superior nos primeiros Seis Passos. Identifiquei meu problema, vim a acreditar que havia uma solução, tomei a decisão de procurar esta solução, e “limpei a casa”. Agora me pergunto: estou disposto a viver uma vida de sobriedade, de mudança, de me libertar do meu velho ego? Preciso determinar se estou realmente pronto para mudar. Revejo o que tenho feito e estou disposto a que Deus remova todos os meus feitos de caráter: para que, no próximo Passo, eu diga ao meu Criador que estou disposto e peça ajuda. “Se ainda nos apegarmos a algo que não queremos soltar, peçamos a Deus que nos dê a vontade de fazê-lo.

INTEIRAMENTE PRONTO?

“Este é o Passo que separa os adultos dos adolescentes...” ... a diferença entre “os adultos e os adolescentes” é igual à que existe entre a luta por um objetivo qualquer de nossa escolha

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e a meta perfeita que é Deus... Sugere-se que devemos estar inteiramente dispostos a procurar a perfeição... No momento em que dizemos: “não, nunca”, nossa mente se fecha para a graça de Deus. .. Este é o ponto exato em que teremos de abandonar nossos objetivos limitados e avançar em direção à vontade de Deus para conosco.

Estou inteiramente pronto a deixar que Deus remova estes defeitos de caráter? Reconheço que não tenho condições de salvar a mim mesmo? Vim a crer que não posso. Se sou incapaz, se minhas melhores intenções dão errado, se meus desejos têm uma motivação egoística e se meu conhecimento e minha vontade são limitados – então estou pronto a admitir a vontade de Deus em minha vida.

TUDO QUE FAZEMOS É TENTAR

Será que Ele pode levá-las embora, todas elas?

Ao fazer o Sexto Passo, lembrei que estou lutando por alcançar um “progresso espiritual”. Alguns de meus defeitos de caráter ficarão comigo pelo resto de minha vida, mas muitos foram suavizados ou eliminados. Tudo que o Sexto Passo pede de mim é que me torne disposto a nomear meus defeitos, reconhecer que são meus e estar disposto a me livrar daqueles que puder, só por hoje. Quando cresço no programa, muitos dos meus defeitos tornam-se mais censuráveis para mim que anteriormente, portanto, preciso repetir o Sexto Passo para que possa ser mais feliz comigo mesmo e manter minha sobriedade.

ESPERANÇA A LONGO PRAZO

Visto que a maioria de nós nasceu com abundância de desejos naturais, não é de se admirar que frequentemente deixemos que excedam de seu propósito. Quando nos impelem cegamente, ou quando, obstinadamente, exigimos que nos dêem mais satisfações e prazeres do que é possível ou do que merecemos, estamos no ponto em que nos afastamos do grau de perfeição que Deus deseja para nós aqui na terra. Esta é a medida de nossos defeitos de caráter ou, se preferimos, de nossos pecados.

Aqui é onde nasce a esperança a longo prazo e se ganha a perspectiva da natureza de minha doença e do caminho de minha recuperação. A beleza de A. A. repousa em saber que minha vida, com a ajuda de Deus, vai melhorar. A caminhada em A. A. torna-se mais rica, o entendimento se transforma em verdade, os sonhos tornam-se realidade – e o hoje é para sempre.Quando caminho para a luz de A. A., meu coração fica pleno da presença de Deus.

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UMA RUA DE MÃO DUPLA

Se pedimos Deus certamente perdoará nossas negligências, porém, sem a nossa cooperação em nenhum caso nos torna brancos como a neve e nos mantém assim.

Quando rezava, costumava omitir muitas coisas que eu precisava que fossem perdoadas. Pensava que se não falasse dessas coisas para Deus, Ele nunca ficaria sabendo sobre elas.Não sabia que se eu tivesse me perdoado por algumas das minhas ações passadas, Deus me perdoaria também. Sempre fui instruído a me preparar para a jornada da vida, nunca percebendo até chegar em A. A. que a própria vida é a jornada – quando então honestamente tornei-me disposto a aprender a perdoar e a ser perdoado. A jornada da vida é algo muito feliz, desde que eu esteja disposto a aceitar uma mudança de vida e responsabilidade.

MEU INVENTÁRIO, NÃO O SEU

A “fofoca” acrescida de nossa ira, uma forma gentil de homicídio por meio da destruição do caráter, também traz suas satisfações para nós. Nestes casos, não estamos tentando ajudar àqueles que criticamos; estamos tentando proclamar nossa própria retidão.

Às vezes não percebo que fiz fofoca de alguém, até que chega o fim do dia, quando faço um inventário das atividades, e então minhas fofocas aparecem como uma mancha num dia maravilhoso. Como pude ter dito uma coisa como essa?A fofoca mostra a sua feia cabeça durante um café ou um lanche com os sócios de negócios, ou posso fofocar à noite, quando estou cansado das atividades do dia e me sinto justificado em reforçar meu ego às custas de alguém.Defeitos de caráter como a fofoca se introduzem em minha vida quando não estou fazendo um esforço constante para praticar os Doze Passos. Preciso lembrar a mim mesmo que minha unicidade é a benção de meu ser, e que isso se aplica igualmente a qualquer um que cruze meu caminho. Hoje, o único inventário que preciso fazer é o meu. Deixo o julgamento dos outros para o Juízo Final – a Divina Providência.

(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 138-163-164-165-166-167-185-297)

7º PASSO

Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas

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imperfeições.

A humildade é necessária para cada um dos doze passos, e este é o passo que trata mais especificamente dela. “... Sem um certo grau de humildade, nenhum alcoólatra poderá permanecer sóbrio” (Os Doze Passos, p. 61). Para poder ser feliz, o alcoolista precisa desenvolver a humildade em um grau maior do que aquele estritamente necessário para a sobriedade. De maneira geral, a humildade não é uma qualidade valorizada. “Uma boa parte da conversa cotidiana que ouvimos salienta o orgulho que o homem tem de suas próprias realizações” (Os Doze Passos, p. 61). Além disso, a imensidade de recursos que pode ser utilizada leva a acreditar no fim da pobreza e que a abundancia será tal que todos possam satisfazer suas necessidades primárias. Poucos serão os motivos que poderão levar o homem à discórdia, de modo que haverá felicidade e liberdade para que o mundo possa concentrar-se no desenvolvimento da cultura e do caráter. Não se condenam os avanços materiais, nem se discute se o objetivo principal da vida é a satisfação dos desejos básicos. O que se percebe é que tentar viver de acordo com as idéias de aumentar a segurança, prestígio e romance, como sendo prioritárias na vida, tem atrapalhado os alcoolistas. Mesmo quando bem intencionados, os alcoolistas tornam-se paralisados pela falta de humildade. A ausência de valores permanentes e a falta de percepção quanto à real finalidade da vida dificultam a fé em um Poder superior. A auto-suficiência torna estéril uma crença religiosa sincera, já que implica falta de humildade, e, por conseqüência, impossibilita o desejo de conhecer e realizar a vontade de Deus. O recém chegado a A .A. logo percebe que é preciso uma admissão humilde quanto à impotência diante do álcool. Neste momento a humildade é essencial. Entretanto, a disposição de batalhar pela conquista da humildade como desejável por si mesma, costuma demorar muito tempo para a maioria dos alcoolistas. No princípio a rebelião está presente a cada passo. Algumas falhas precisam logo ser enfrentadas, para evitar recair no uso do álcool, mas parece impossível abrir mão de outras imperfeições por serem ainda muito atraentes. Como decidir e adquirir disposição para enfrentar compulsões e desejos tão fortes? Chega o momento em que surge grande pressão para agir corretamente, mesmo que a ação venha a ocorrer com má vontade. Surge também o reconhecimento de que a humildade é necessária para sobreviver. Também chega o momento em que o modo de pensar sobre a humildade se amplia. A partir de então é possível adotar medidas para remover os obstáculos mais prejudiciais, e é possível começar a sentir algo semelhante à paz de espírito. A humildade assume novo significado: pode ser o caminho para a serenidade. Desta

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maneira, começa uma mudança revolucionária no modo de ver. Novos valores são percebidos. O resultado mais profundo da aprendizagem sobre a questão da humildade acaba sendo a revisão da atitude em relação a Deus, a despeito de se ter ou não uma crença prévia. Inicia-se um momento decisivo: perceber que a humildade é desejável, ao invés de algo que se é obrigado a desenvolver. A tônica que estimula os defeitos é o medo, sobretudo de perder algo que já se possui, ou, de não receber algo que se deseja. Este medo leva à exigências, as quais, não sendo atendidas, por sua vez conduzem à perturbação e frustração constantes. O sétimo passo é um convite para trocar as exigências por um pedido, que em seu bojo, traz a humildade.

UMA NOVA DIREÇÃO

Nossos recursos humanos a serviço da vontade não eram suficientes: falhavam completamente... Cada dia é um dia em que devemos levar a visão da vontade de Deus a todas as nossas atividades.

Ouvi falar do alcoólico “sem força de vontade”, mas eu sou uma pessoa com uma das mais fortes vontades da terra! Agora sei que minha incrível força de vontade não é bastante para salvar minha vida. Meu problema não é assunto de “força de vontade”, mas de direção. Quando, sem me diminuir, aceito honestamente minhas limitações e me volto para a orientação de Deus, então minhas piores faltas se convertem em meus maiores valores. Minha forte vontade, dirigida corretamente, me mantém trabalhando até que as promessas do programa tornam-se minha realidade diária.

IDENTIFICANDO O MEDO

O principal estimulante para nossos defeitos tem sido o medo egocêntrico...

Quando me sinto desconfortável, irritado ou deprimido, procuro o medo. Este “mal e corrosivo fio” é a raiz do meu sofrimento. Medo do fracasso: medo da opinião dos outros; medo dos danos e muitos outros medos. Encontrei um Poder Superior que não deseja que eu viva com medo e, como resultado, a experiência de A. A. em minha vida é liberdade e alegria.Não estou mais disposto a viver com a multidão de defeitos de caráter que caracterizam minha vida quando bebia. O Sétimo Passo é o meu veículo para a libertação destes defeitos. Rezo para ser ajudado a identificar o medo escondido nos defeitos e então pelo a Deus para me libertar do medo.Este método funciona para mim sem falhas e é um dos grandes milagres de minha vida em Alcoólicos anônimos.

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... E LIVRANDO-SE DELE

... primeiramente o medo de que perderíamos algo que já possuímos ou que não obteríamos algo que buscávamos. Vivendo numa base de exigências não atendidas, estávamos num estado de perturbação e frustração contínuas. Portanto, não teríamos paz a menos que pudéssemos encontrar um meio de reduzir estas exigências. A diferença entre uma exigência e um simples pedido é evidente para qualquer um.

A paz é possível para mim somente quando me livro das expectativas. Quando estou preso em pensamentos sobre o que quero e o que devo receber, fico num estado de medo ou de antecipação ansiosa e isto não leva a sobriedade emocional. Preciso render-me sempre, à realidade de minha dependência de Deus, pois então encontro a paz, gratidão e segurança espiritual.

UMA LIBERDADE SEMPRE CRESCENTE

É no Sétimo Passo que efetuamos a mudança em nossa atitude que nos permite, com a humildade servindo de guia, sair de dentro de nós em direção aos outros e a Deus.

Quando finalmente pedi a Deus para remover estas coisas que me separavam Dele e da luz do Espírito, embarquei numa viagem mais gloriosa do que podia imaginar. Experimentei libertação destas características que me mantinham escondido em mim mesmo. Devido à humildade deste Passo, hoje me sinto limpo.Sou especialmente consciente deste Passo porque agora sou útil a Deus e a meus companheiros. Sei que Ele me concedeu forças para cumprir Sua vontade e me preparou para qualquer pessoa ou coisa que possa surgir no meu caminho hoje. Estou realmente em Suas mãos e agradeço pela alegria de poder ser útil hoje.

SOU UM INSTRUMENTO

“Humildemente rogamos a Ele que nos livre de nossas imperfeições.”

O assunto da humildade é um dos mais fáceis. Humildade não é pensar menos do que deveria de mim mesmo: humildade é reconhecer que eu faço bem certas coisas, é aceitar cortesmente um elogio.Deus pode somente fazer para mim o que Ele pode fazer através de mim. Humildade é o resultado de saber que Deus é quem faz, não eu. Na luz desta percepção, como posso ter orgulho de minhas realizações? Sou um instrumento, e qualquer trabalho que pareça estar fazendo, está sendo feito por Deus através de mim. Peço a Deus diariamente que remova minhas imperfeições, para que possa mais livremente continuar meus assuntos de A. A. de “amor e serviço”.

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PARA A PAZ E A SERENIDADE

“... Quando tivermos olhado alguns destes defeitos de frente, discutindo com outra pessoa a respeito deles, e estivermos dispostos a removê-los, nossa maneira de pensar a respeito da humildade começa a ter um sentido mais amplo.”

Quando surgem situações que destroem minha serenidade, a dor muitas vezes me leva a pedir a Deus a clareza para ver meu papel na situação. Admitindo minha impotência, humildemente peço por aceitação. Tento ver como meus defeitos de caráter contribuíram para a situação. Poderia ter sido mais paciente? Eu intolerante? Insisti em fazer da minha maneira? Estava assustado? À medida que meus defeitos são revelados, coloco a autoconfiança de lado e humildemente peço a Deus que remova minhas imperfeições. A situação pode não mudar, mas com a prática de exercitar a humildade, desfruto de paz e serenidade, que são os benefícios, naturais por colocar minha confiança num Poder Superior a mim mesmo.

UM MOMENTO DECISIVO

Um momento decisivo em nossas vidas chegou quando procuramos a humildade como algo que realmente desejávamos, em vez de algo que precisávamos ter.

Ou a maneira de viver de A. A. Torna-se uma alegria ou eu volto para a escuridão e desespero do alcoolismo. A alegria acontece em minha vida quando minha atitude em relação a Deus e à humildade se tornam um desejo ao invés de uma carga. A escuridão de minha vida transforma-se em uma luz radiante, quando eu compreendo que ser verdadeiro e honesto ao fazer o meu inventário, resulta em minha vida ficar plena de serenidade, liberdade e alegria.A confiança em meu Poder superior se aprofunda e o fluxo de gratidão se espalha através de mim. Estou convencido de que ser humilde é ser verdadeiro e honesto ao tratar comigo e com Deus. Então, humildemente é algo que “realmente desejo”, ao invés de ser “uma coisa que devo ter”.

ABANDONANDO O CENTRO DO PALCO

Pois, sem certas doses de humildade, nenhum alcoólico poderá permanecer sóbrio... Sem ela não podem viver uma vida de muita utilidade ou, com os contratempos, convocar a fé que se necessita para enfrentar qualquer emergência.

Por que tanta resistência à palavra “humildade”? Eu não sou humilde ante outras pessoas, mas para Deus, como eu O entendo. Humildade significa “mostrar um respeito submisso” e ao ser humilde eu percebo que não sou o centro do universo. Quando bebia eu era consumido

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pelo orgulho e o egocentrismo. Sentia o mundo todo girar em torno de mim, que eu era o mestre do meu destino. A humildade me dá condições de depender mais de Deus para me ajudar a vencer os obstáculos e minhas próprias imperfeições, para que possa crescer espiritualmente. Preciso resolver mais problemas difíceis para aumentar minha competência e, quando encontro os obstáculos da vida, preciso aprender a superá-los com a ajuda de Deus.Comunhão diária com Deus demonstra minha humildade, e me abastece com a compreensão de que ser mais poderoso do que eu está disposto a me ajudar, se eu parar de tentar representar o papel de Deus.HUMILDADE É UMA DÁDIVA

Já que colocávamos a confiança própria em primeiro lugar, permanecia fora de cogitação uma autêntica fé num Poder Superior. Faltava esse ingrediente básico de toda a humildade, o desejo de solicitar e fazer a vontade de Deus.

Quando vim pela primeira vez para A. A., desejava encontrar um pouco de ilusória qualidade chamada humildade. Não percebi que procurava por humildade porque pensava que poderia me ajudar a conseguir o que eu queria, e que eu faria qualquer coisa pelos outros se eu pensasse que Deus, de alguma forma, me recompensaria por Ito. Agora tento me lembrar que as pessoas que encontro durante o meu dia estão tão próximas de Deus quanto eu poderia estar, enquanto estiver nesta terra. Preciso rezar para saber a vontade de Deus hoje e ver como minha experiência com a esperança e a dor pode ajudar outras pessoas; se posso fazer isto não preciso procurar a humildade, ela me encontrou.

UM INGREDIENTE NUTRITIVO

Apesar de que a humildade houvesse anteriormente representado uma alimentação forçada, agora começa a significar o ingrediente nutritivo que pode nos trazer a serenidade.

Quantas vezes me concentro em meus problemas e frustrações?Quando estou tendo um “bom dia”, estes mesmos problemas diminuem em importância e minha preocupação com eles se reduz. Não seria melhor se encontrasse a chave para abrir “a mágica” de meus “dias bons” para usar no infortúnio dos meus “dias maus”?Já tenho a solução! Ao invés de tentar fugir de minhas dores e desejar que meus problemas desapareçam, posso rezar pedindo a humildade! A humildade curará a dor. A humildade será tirada de mim mesmo. A humildade, esta força que me é concedida por esse “Poder Superior a mim mesmo”, é minha, basta pedir! A humildade devolverá o equilíbrio a minha vida. A humildade permitirá me aceitar alegremente como ser humano.

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ORGULHO

Há milhares de anos vimos querendo aumentar nossa parcela de segurança, prestígio e romance. Quando parecia que estávamos tendo êxito, bebíamos para viver sonhos ainda maiores. Quando estávamos frustrados, mesmo que pouco, bebíamos para esquecer. Nunca havia o suficiente daquilo que julgávamos querer.Em todos esses esforços, muitos dos quais bem intencionados, ficamos paralisados pela nossa falta de humildade.Havia-nos faltado a visão de que o aperfeiçoamento do caráter e os valores espirituais deveriam vir primeiro, e que as satisfações materiais não constituíam o propósito da vida.

Repetidamente me aproximei do Sétimo Passo, somente para retroceder e me reorganizar. Faltava alguma coisa e me escapava o impacto do Passo. O que eu não havia visto direito? Uma palavra simples: lida mas ignorada, a base de todos os Passos, na verdade de todo o programa de Alcoólicos Anônimos – essa palavra é “humildemente”.Entendi meus defeitos: constantemente adiava meu trabalho; ficava com raiva facilmente; sentia muita auto-piedade; e pensava: por que eu? Então me lembrei: “o orgulho sempre vem antes da queda” e eliminei o orgulho e minha vida.

“UMA MEDIDA DE HUMILDADE”

Em todos os casos, o sofrimento havia sido o preço de ingresso para uma nova vida. Porém, este valor de ingresso havia comprado mais do que esperávamos, trouxe uma medida de humildade que logo descobrimos ser um remédio para a dor.

Foi doloroso deixar de tentar controlar minha vida, embora o sucesso me havia iludido e, quando a vida ficava muito difícil, eu bebia para escapar. Aceitar a vida em seus termos, é o que aprenderei através da humildade que experimento quando coloco minha vontade e minha vida aos cuidados de Deus, como eu O entendo.Com minha vida aos cuidados de Deus, o medo, a incerteza e a raiva não são mais minhas respostas para aquelas situações da vida que eu preferia não acontecessem para mim. A dor de viver esses momentos será curada pelo conhecimento de que recebi da força espiritual para sobreviver.

GRATIDÃO PELO QUE TENHO

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Durante este processo de aprendizagem, a respeito de humildade, o resultado mais profundo de todos foi a mudança de nossa atitude sobre Deus.

Hoje minhas preces consistem principalmente em dizer “obrigado” ao meu Poder Superior por minha sobriedade e pela maravilhosa generosidade de Deus, mas preciso também pedir ajuda e força para colocar em prática a Sua vontade na minha vida. Não preciso pedir a Deus a cada minuto para me socorrer de situações em que me coloco por não fazer a Sua vontade. Agora minha gratidão parece estar ligada diretamente à humildade. Enquanto tenho humildade para ser grato pelo que tenho, Deus continua me abastecendo.

FALSO ORGULHO

Muitos de nós, que nos havíamos considerado religiosos, despertamos para as limitações desta atitude. Recusando colocar Deus em primeiro lugar; havíamos nos privado de Sua ajuda.

Muitas noções falsas operam no falso orgulho. A necessidade de orientação para vier uma vida decente é satisfeita pela esperança experimentada na irmandade de A. A. Aqueles que trilharam este caminho por muitos anos, um dia de cada vez, dizem que uma vida centrada em Deus tem possibilidades ilimitadas para o crescimento pessoal. Sendo assim, muita esperança é transmitida pelos veteranos em A. A.Agradeço ao meu Poder Superior por deixar-me saber que Ele funciona através de outras pessoas, e agradeço a Ele por nossos servidores de confiança na Irmandade, que ajudam os novos membros a rejeitar falsos ideais e a adotar aqueles que levam à uma vida de compaixão e confiança. Os veteranos em A. A. desafiam os novos a “despertar-se” – assim eles podem “vir a acreditar”. Peço a Deus que me ajude em minha descrença.DEFEITOS REMOVIDOS

Porém, agora as palavras: “Sozinho nada sou, o Pai é quem faz”, começaram a adquirir um significado brilhante e animador.

Quando coloco o Sétimo Passo em ação, devo lembrar que não há espaço para preencher. Eu não digo, “humildemente peço a Ele para (preencher o espaço) remover meus defeitos”.Por anos eu preenchi o espaço imaginário com: “Ajuda-me!”, “Dá-me a coragem para!” E com “Dá-me a força!”, etc. O Passo diz simplesmente que Deus removerá meus defeitos. O único trabalho que devo fazer é “humildemente pedir”, o que, para mim significa pedir o conhecimento de que por mim mesmo não sou nada, o Pai é que “Faz o trabalho”.

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(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 195-196-197-198-199-200-201-202-203-204-205-206-208-209-210)

8º PASSO

Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.

O oitavo passo pede que o alcoolista faça uma retrospectiva sobre as suas relações pessoais, avaliando quem e quanto as pessoas foram prejudicadas pelo seu comportamento enquanto bebia. Pode ser grande a tentação de justificar ofensas quando o outro também agrediu, mas é preciso lembrar que o comportamento do alcoolista muitas vezes agravava os defeitos dos outros. Outra dificuldade que se apresenta é que “... a perspectiva de chegar a visitar ou mesmo escrever às pessoas envolvidas, agora nos parecia difícil, sobretudo quando lembrávamos a desaprovação que a maioria delas nos encarava” (p. 70). Assim que se inicia este exame “... suas grandes vantagens vão se revelando tão rapidamente que a dor irá diminuindo à medida que os obstáculos, um a um, forem desaparecendo” (Os Doze Passos, p. 70). Um dos obstáculos mais difíceis que surge é o perdão. As afrontas que os outros possam ter cometido freqüentemente prestam-se para minimizar ou esquecer as que o alcoolista a eles infligiu. Muitas pessoas tiveram seus problemas agravados pelo comportamento do alcoolista. Se a idéia é pedir perdão, então, começar perdoando aos outros pode ser um bom início. Outro forte obstáculo é a perspectiva de entrar em contato com as pessoas envolvidas. Algumas nem sabem que foram prejudicadas. Medo e orgulho também procuram impedir que seja feita uma relação de todas as pessoas. Alguns alcoolistas podem pensar que não chegaram a prejudicar ninguém e acreditam que apenas um pedido banal de desculpas será suficiente. Esta posição só poderá ser alterada pela análise profunda e honesta das motivações e ações. É importante que se obtenha de um exame das relações pessoais toda informação possível a respeito de si próprio e de suas dificuldades básicas. Estas informações trarão resultados valiosos. Quanto aos danos, inicialmente é apresentada uma definição da palavra ‘dano': “... é o resultado do choque entre instintos, que causam prejuízos físicos, mentais, emocionais ou espirituais às pessoas” (Os Doze Passos, p. 72). Vários tipos de danos são citados, como privar os outros de seus bens materiais, da sua segurança emocional e paz de espírito; prejuízos provocados por um comportamento retalia dor, irresponsável e frio; etc.

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Após a revisão da área das relações humanas, a percepção dos traços da personalidade que mais prejuízos trouxeram aos outros, pode-se buscar na memória quais foram as pessoas que foram ofendidas. É preciso que o alcoolista verifique as coisas que fez, ao mesmo tempo em que desculpa as ofensas contra ele feitas pelos outros. Julgamentos extremos devem ser evitados, tanto de um lado, como do outro.

NÓS NOS TORNAMOS DISPOSTOS

Neste momento, estamos tentando pôr em ordem nossas vidas.Mas, isto não é um fim em si.

Como posso, facilmente, ficar mal-orientado ao aproximar-me do Oitavo Passo! Desejo ser livre e transformado de alguma maneira pela prática do Sexto e Sétimo Passos. Agora, mais do que nunca, sou vulnerável ao egoísmo e à minha agenda oculta. Preciso cuidar de lembrar que a auto-satisfação, algumas vezes proveniente do perdão das pessoas que prejudiquei, não é meu verdadeiro objetivo. Torno-me disposto a fazer reparações, sabendo que através deste processo sou corrigido e ajustado de seguir adiante, conhecer e desejar a vontade de Deus para mim.

“FIZEMOS UMA RELAÇÃO...”

“Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado...”

Quando me aproximei do Oitavo Passo, fiquei pensando como poderia relacionar todas as coisas que tinha feito a outras pessoas, já que havia muitas pessoas e algumas delas nem estavam mais vivas. Algumas das dores que infligi não eram tão graves, mas realmente me aborreciam. O mais importante deste Passo era tornar-me disposto a fazer o que precisasse para reparar os danos o melhor que pudesse nesta hora em particular. Onde há uma vontade há um caminho, assim, se quero me sentir melhor, preciso livrar-me dos sentimentos de culpa que tenho. Uma mente em paz não tem espaço para sentimentos de culpa. Com a ajuda de meu Poder Superior, se sou honesto comigo mesmo, eu posso limpar a minha mente destes sentimentos.

“... DE TODAS AS PESSOAS QUE TINHAMOS PREJUDICADO...”

“... e nos dispusemos a reparar os danos causado a elas.”

Uma das palavras-chave do Oitavo Passo é a palavra “todos”.Não tenho a liberdade de selecionar alguns nomes para a relação e deixar outros de lado. É uma relação de todas as pessoas a quem prejudiquei. Posso ver imediatamente que este Passo está ligado ao

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perdão porque, se não estou disposto a perdoar alguém, há poucas chances de colocar seu nome na lista. Antes de colocar o primeiro nome da lista, fiz uma pequena oração: “Perdôo a qualquer um e a todos que tenham me prejudicado, em qualquer tempo e sob quaisquer circunstâncias”.É bom para mim contemplar uma pequena, mas muito significante palavra, cada vez que é feita Oração do Pai Nosso. A palavra é “como”. Eu digo, “Perdoai as nossas ofensas, assim “como” nós perdoamos àqueles que nos ofenderam.” Neste caso, “como” significa “da mesma maneira”. Estou pedindo para ser perdoado da mesma maneira que perdôo aos outros.Quando digo esta parte da oração, se estou abrigando ódio ou ressentimentos, estou chamando por mais ressentimentos, quando deveria estar chamando o espírito do perdão.

REDOBRANDO NOSSOS ESFORÇOS

Até certo ponto, tal exame já foi feito quando fez o inventário moral, mas agora chegou a hora em que deveria redobrar seus esforços para ver quantas pessoas feriu e de que forma.

À medida que continuo a crescer em sobriedade, me torno mais consciente de mim mesmo como uma pessoa de valor. Neste processo, sou mais capaz de ver os outros como pessoas e, com isto, vem a percepção de que são pessoas a quem magoei nos meus dias de bebida. Eu não mentia apenas, mentia sobre Tom.Não enganava apenas, enganava Joe. O que parecia serem atos impessoais, foram na realidade afrontas pessoais, porque foram pessoas – pessoas de valor – a quem prejudiquei. Preciso fazer alguma coisa a respeito das pessoas que magoei para que possa desfrutar de uma sobriedade cheia de paz.

REMOVENDO “O VENENO”

“O inventário moral é um exame ousado dos danos que nos ocorreram durante a vida, e um sincero esforço para vê-los em sua verdadeira perspectiva. Ele tem o efeito de tirar o “veneno” de dentro de nós, a substância emocional que abate ou inibe ainda mais.”

Minha lista do Oitavo Passo costumava lançar-me em um redemoinho de ressentimentos. Após quatro anos de sobriedade, estava bloqueado pela negação ligada a um relacionamento abrasivo ainda existente. O debate entre o medo e o orgulho diminuiu quando as palavras do Passo se moveram de minha cabeça para meu coração. Pela primeira vez em anos abri minha caixa de pintura e esparramei uma raiva honesta, uma explosão de vermelhos, pretos e amarelos. Enquanto olhava o desenho, lágrimas de alegria e alívio desciam pelo meu rosto. Na minha doença, eu tinha abandonado minha arte, uma punição auto infligida muito maior que qualquer outra de fora. Na

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minha recuperação, aprendi que a dor de meus defeitos é a própria substância que Deus usa para limpar meu caráter e me deixar livre.

OLHAMOS PARA O PASSADO

Primeiro, olhamos para o passado e tentamos descobrir onde erramos: então, fazemos uma enérgica tentativa de reparar os danos que tenhamos causado.

Como um viajante na nova e excitante viagem de recuperação de A. A., experimentei uma recém-achada paz de espírito, e o horizonte apareceu claro e brilhante, ao invés de obscuro e confuso. Rever minha vida para descobrir onde tinha errado parecia ser uma tarefa árdua e perigosa. Era doloroso parar e olhar para trás. Tinha medo de tropeçar! Não poderia tirar o passado da minha mente e apenas viver em meu novo presente dourado? Percebi que aqueles, a quem tinha prejudicado no passado, permaneciam entre mim e meu desejo de continuar minha viagem para a serenidade. Tive que pedir por coragem para encarar essas pessoas em minha vida que ainda vivam na minha consciência, para reconhecer e tratar a culpabilidade que suas presenças produziam em mim. Tive que olhar aos danos que fiz e tornar-me disposto a fazer reparações. Somente então minha viagem do espírito poderia recomeçar.

UMA VASSOURA LIMPA

... e, em terceiro lugar, havendo desta forma limpado o entulho do passado, consideramos de que modo, com o novo conhecimento de nós mesmos, poderemos desenvolver as melhores relações possíveis, com todas as pessoas que conhece-nos.

Quando olhei para o Oitavo Passo, tudo o que foi pedido para completar com sucesso os sete passos anteriores veio junto: coragem, honestidade, sinceridade, disposição e meticulosidade. Não poderia reunir a força requerida para esta tarefa no começo, e é por isso que está escrito neste Passo: “nos dispusemos...”Precisava desenvolver a coragem para começar, a honestidade para ver onde eu estava errado, um desejo sincero de colocar as coisas em ordem, precisava ser meticuloso ao fazer a relação e precisava ter disposição para assumir os riscos exigidos para a verdadeira humildade. Com a ajuda de meu Poder Superior, para desenvolver estas virtudes, completei este Passo e continuei movendo-me para adiante na minha busca de um crescimento espiritual.

REPARANDO OS DANOS

Tentamos varrer o entulho acumulado como resultado de nosso esforço em viver na teimosia e dirigir sozinhos o

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espetáculo. Se não temos vontade de fazê-lo, pedimos para que ela nos chegue.Lembremo-nos de que, a princípio, estávamos dispostos a fazer todo o possível para vencer o álcool.

Fazer uma relação das pessoas a quem prejudiquei não foi uma coisa particularmente difícil. Elas apareceram no meu inventário do Quarto Passo: pessoas de quem eu tinha ressentimentos, reais ou imaginários e a quem tinha magoado por atos de retaliação. Para minha recuperação ser completa, acreditava que não era importante para aqueles que legitimamente tinham me magoado, fazer-me reparações.O que é importante no meu relacionamento com Deus é que permaneço perante Ele, sabendo que fiz todo os possível para reparar os danos que causei.

NÃO MAGOAMOS NINGUÉM?

Alguns de nós contudo, tropeçamos em obstáculo bem diferente. Apegamo-nos à tese de que, quando bebíamos nunca ferimos ninguém, exceto nós mesmos.

Este Passo parecia muito simples. Identifiquei várias pessoas a quem tinha magoado, mas elas não estavam mais disponíveis. Porém, estava inquieto sobre o Passo e evitava conversas a respeito. Eventualmente aprendi a investigar este Passo e áreas de minha vida que me deixavam desconfortável. Minha pesquisa mostrou meus pais, que tinham sido muito magoados por eu ter ficado isolado deles; meu empregador, que se preocupava com as minhas faltas, os meus lapsos de memória, meu mau-humor; os amigos, que evitava sem dar explicações. À medida que encarei a realidade dos danos que tinha feito, o Oitavo Passo assumiu um novo significado. Não estou mais desconfortável e me sinto limpo e leve.

EU TINHA ME DESLIGADO

Poderíamos, então, perguntar a nós mesmos: o que queremos dizer quando falamos em “prejudicar” as outras pessoas?Que tipos de “danos” se fazem às pessoas, afinal? Para definir a palavra “dano” de maneira prática, poderíamos dizer que é o resultado do choque entre instintos, que causa prejuízos físicos, mentais, emocionais ou espirituais às pessoas.

Eu tinha assistido a reuniões sobre o Oitavo Passo, sempre pensando: “Realmente não magoei muitas pessoas, magoei principalmente a mim mesmo”. Mas quando escrevi a minha relação, não era tão curta como pensava. Ou gostava de você, ou não gostava, ou precisava de alguma coisa de você – era simples assim. As pessoas não faziam o que eu queria e os relacionamentos íntimos ficavam na contramão

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devido às exigências pouco razoáveis de meus parceiros. Estes eram “pecados de omissão”? Devido a bebida eu tinha me “desligado” – nunca estando ali para outras pessoas ou tomando parte em suas vidas. Que bênção tem sido olhar estes relacionamentos, fazer meus inventários calmamente, sozinho com o Deus do meu entendimento e sair diariamente, com a disposição de ser honesto e franco em meus relacionamentos.

REPARANDO O DANO

Em muitas instâncias descobriremos que, mesmo que o dano causado aos outros não tenha sido grande, o dano emocional que causamos a nós mesmos foi enorme.

Você já pensou que o dano causado a um sócio nos negócios ou talvez a um membro da família foi tão leve que não merece na realidade um pedido de desculpas, porque eles nem vão se lembrar do fato? Se essa pessoa e o erro feito a ela, continuam vindo ao pensamento, causando inquietação ou talvez um sentimento de culpa, então eu coloco o nome desta pessoa no topo da minha “relação de reparações” e me predisponho a fazer uma apologia sincera, sabendo que me sentirei calmo e relaxado sobre essa pessoa, assim que esta parte importante de minha recuperação esteja cumprida.

SARANDO

Embora, às vezes, totalmente esquecidos, os conflitos emocionais que nos prejudicaram se ocultam e permanecem em lugar profundo, abaixo do nível de consciência.

Somente pela ação positiva posso remover os restos de culpa e vergonha causados pelo álcool. Durante meus infortúnios, quando bebia, meus amigos me diziam: “Por que você está fazendo isto? Você está somente se prejudicando.”Pouco eu sabia de como eram verdadeiras estas palavras.Embora tenha prejudicado a outros, o meu comportamento causou graves feridas à minha alma. O Oitavo Passo me ofereceu uma maneira de perdoar a mim mesmo. Aliviam-se muitos dos meus danos escondidos quando faço a relação daqueles a quem prejudiquei. Fazendo reparações, liberto a mim mesmo de pesos, contribuindo assim para minha recuperação.

UM QUADRO DE REFERÊNCIA

Voltemos mais uma vez à nossa relação (inventário). Esquecendo os maus tratos que os outros praticaram, procuramos resolutamente nossos próprios erros. Onde fomos egoístas, desonestos, interesseiros e medrosos?

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Existe uma liberdade maravilhosa em não precisar de aprovação constante dos colegas de serviço ou das pessoas que eu amo. Gostaria de ter conhecido a respeito deste Passo antes, porque uma vez que desenvolvi um quadro de referência, me senti capaz de fazer a coisa certa a seguir, sabendo que a ação se ajustava à situação e que esta era a coisa apropriada a fazer.

EM DIREÇÃO À LIBERDADE EMOCIONAL

Em vista de que as relações deficientes com outras pessoas quase sempre foram a causa imediata de nossas mágoas, inclusive de nosso alcoolismo, nenhum campo de investigação poderia render resultados mais satisfatórios e valiosos do que este.

A boa disposição é uma coisa peculiar para mim, porque com o tempo, parece vir primeiro com consciência e, depois com uma sensação de desconforto, fazendo-me querer tomar alguma decisão. Quando reflito em praticar o Oitavo Passo, minha disposição de fazer reparações aos outros vem como um desejo de perdão, a outros e a mim mesmo. Senti o perdão para os outros após tornar-me cônscio de minha parte nas dificuldades dos relacionamentos. Desejava sentir a paz e a serenidade descritas nas promessas. Praticando os primeiros Sete Passos, fiquei sabendo quem tinha prejudicado e que eu tinha sido meu pior inimigo. A fim de restaurar meus relacionamentos com meus semelhantes, sabia que precisava mudar. Desejava viver em harmonia comigo mesmo e com os outros, para que pudesse também ter uma vida de liberdade emocional. O começo do fim de meu isolamento – de meus companheiros e de Deus – veio quando escrevi minha relação do Oitavo Passo.

(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 223-229-230-231-232-233-234-235-236-237-238-239-240-241)

9º PASSO

Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem.

Bom senso, coragem, prudência e cuidado na escolha do momento são requisitos necessários para este passo. A reflexão sobre cada caso divide em várias classes as pessoas às quais o alcoolista deve prestar reparação. Algumas pessoas terão preferência; para outras, apenas uma reparação parcial será possível, de modo que a reparação não venha a causar um dano ainda maior. Para outros

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casos, a reparação deve ser adiada. Para certas pessoas um contato direto e pessoal jamais será possível. Algumas reparações começam, geralmente, a serem feitas no dia em que a pessoa ingressa: esclarece à família que pretende seguir a programação de A. A. Freqüentemente surge o desejo de ir além do recomendável na admissão de faltas cometidas. É preciso lembrar que não se deve obter a paz de espírito à custa dos outros, fazendo, por exemplo, uma revelação de caso extraconjugal ao cônjuge. No local de trabalho o mesmo procedimento é adotado, mas pode-se esperara ate a aquisição de segurança na vivência da programação da irmandade de A. A. A partir de então, o alcoolista explica para as pessoas que ali prejudicou o que está querendo fazer e o que é A. A. Propõe o acerto de dívidas que possa ter contraído. A maioria das pessoas reagirá de modo muito positivo. Eventualmente poderá surgir uma reação fria, mas, se o alcoolista estiver bem preparado, esta não o demoverá do seu objetivo. O alívio decorrente da primeira tentativa de reparações pode ser muito grande e poderá vir uma forte tentação de evitar os encontros mais difíceis. É preciso lembrar que não se pode falar em prudência quando, na verdade, o que surge é a evasão. Existe uma única exceção na qual a reparação não deve ser feita: é quando a revelação causa um dano maior. Também pode existir uma situação tal que os danos causados não devem ser revelados totalmente: é quando a revelação completa pode prejudicar seriamente a pessoa, ou resultar em prejuízo dela. Outros problemas difíceis obedecem a esta mesma idéia. Seriam, por exemplo, situações em que uma revelação poderia resultar em uma demissão e conseqüente desemprego do alcoolista. As conseqüências repercutiriam então sobre a segurança financeira da família.

CONSTRUINDO UMA NOVA VIDA

Aquele que diz que basta a sobriedade é um homem sem consideração.

Quando reflito sobre o Nono Passo, vejo que a sobriedade física deve bastar para mim. Preciso lembrar-me da desesperança que sentia antes de encontrar a sobriedade, e como estava disposto a fazer qualquer coisa para consegui-la. Sobriedade física não é o bastante para aqueles que estão à minha volta, contudo, devo cuidar para que a dádiva de Deus seja usada para construir uma vida nova para minha família e as pessoas a quem amo.É igualmente importante que eu deva estar disponível para ajudar outros que desejam a maneira de vida de A. A.Peço a Deus que me ajude a compartilhar a dádiva da sobriedade para que aqueles a quem conheço e amo possam ver seus benefícios.

RECONSTRUÇÃO

Sim, há pela frente um longo período de reconstrução...

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A reconstrução da minha vida é o objetivo principal de minha recuperação enquanto evito tomar o primeiro gole, um dia de cada vez. A tarefa é melhor cumprida trabalhando os Passos de nossa Irmandade. A vida espiritual não é uma teoria; ela funciona, mas tenho que vivê-la. O Segundo Passo deu início à minha caminhada para desenvolver a vida espiritual. O Nono Passo permite movimentar-me na fase final dos Passos iniciais que me ensinaram a viver uma vida espiritual. Sem a orientação e força de um Poder Superior, seria impossível seguir através dos vários estágios da reconstrução. Percebo que Deus trabalha para mim e através de mim. A prova me vem quando percebo que Deus fez por mim o que eu não poderia fazer por mim mesmo, removendo aquela consumidora compulsão pela bebida. Devo continuar a procurar diariamente a orientação de Deus. Ele me concede um indulto diário e proverá força de que preciso para a reconstrução.

EQUILÍBRIO EMOCIONAL

Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível.

Quando revejo os meus dias de bebida, recordo de muitas pessoas a quem toquei casualmente na minha vida, mas cujos dias eu transformava com minha raiva e sarcasmo. Não tenho condições de saber por onde andam estas pessoas, e reparações diretas a elas não são possíveis. A única reparação que posso fazer a estas pessoas não identificadas, as únicas “mudanças para melhor” que posso oferecer, são reparações indiretas feitas a outras pessoas, cujos caminhos se cruzam casualmente. Cortesia e amabilidade, praticadas regularmente, me ajudam a viver em equilíbrio emocional, em paz comigo mesmo.

REMOVENDO AMEAÇAS A SOBRIEDADE

... salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las, ou a outrem.

O Nono Passo recupera em mim um sentimento de pertencer, não somente à raça humana, mas, também ao mundo atual. Primeiro , o Passo me faz deixar a segurança de A. A., para que possa tratar com pessoas não AAs “lá fora”, nos termos delas, não os meus. É uma ação temerosa mas necessária, se quero voltar para a vida. Segundo, o Nono Passo me permite remover ameaças à minha sobriedade, reparando relacionamentos passados. O Nono Passo mostra o caminho para uma sobriedade mais serena, deixando-me livre de destroços passados, para não tropeçar-me com eles.

ABRINDO NOVAS PORTAS

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(As promessas) estão sendo cumpridas entre nós às vezes rapidamente e outras lentamente.

As promessas mencionadas nesta passagem estão vindo pouco a pouco para a minha vida. O que me deu esperança foi colocar o Nono Passo em ação. O Passo me permitiu ver e fixar objetivos em minha recuperação.Velhos hábitos e comportamentos dificilmente morrem. Praticando o Nono Passo tenho condições de fechar a porta ao bêbado que era e abrir-me novas avenidas como um alcoólico sóbrio.Fazer reparações diretas é importante para mim. A medida que reparo relacionamentos e comportamentos do passado, posso com mais facilidade viver uma vida sóbria!Embora tenha alguns anos de sobriedade há horas em que “as coisas velhas” do passado precisam ser cuidadas e o Nono Passo sempre funciona, quando eu o pratico.

FAZENDO REPARAÇÕES

Acima de tudo, deveríamos tentar estar absolutamente seguros de que não estamos desmoronando por causa do medo.

Ter coragem, não ter medo, são dádivas de minha recuperação. Elas me permitem pedir por ajuda e continuar a fazer minhas relações com um sentido de dignidade e humildade. Fazer reparações pode exigir uma certa dose de honestidade que sinto-me faltar: mas, com a ajuda de Deus e a Sabedoria de outros posso alcançar e encontrar a força para agir. Minhas reparações podem ser ou não aceitas, mas, após estarem feitas posso andar com um sentimento de liberdade e saber que, por hoje, eu sou responsável.

EU SOU RESPONSÁVEL

Pois a disposição de aceitar todas as conseqüências de nossos atos passados e, ao mesmo tempo, de assumir a responsabilidade pelo bem-estar de outros, constitui o próprio espírito do Nono Passo.

Na recuperação e com a ajuda de Alcoólicos Anônimos, aprendo que a coisa de que tenho medo é justamente a minha liberdade. Ela vem de minha tendência de não querer assumir responsabilidade por nada: eu nego, ignoro, culpo, evito. Então um dia eu olho, admito, aceito. A liberdade, a saúde e a recuperação que experimento está em olhar, admitir e aceitar. Aprendo a dizer “sim, eu sou responsável”.Quando posso dizer estas palavras com honestidade e sinceridade, então estou livre.

REPARANDO OS DANOS

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Bom senso, escolher cuidadosamente o momento, coragem e prudência – eis as qualidade que precisamos ter quando damos o Nono Passo.

Fazer reparações pode ser visto de duas maneiras: primeira, reparar o dano. Se eu danifiquei a cerca do vizinho eu “faço um conserto” – e isto é uma reparação direta. A segunda maneira é modificando meu comportamento. Se minhas ações prejudicaram alguém eu faço um esforço diário para não causar mais danos a ninguém. Eu “conserto minha maneira de ser” e isto é uma reparação indireta.Qual é o melhor modo? O único modo correto, desde que eu não cause danos posteriores, é as duas maneiras. Se o dano já esta feito então eu simplesmente “reparo minhas maneiras”. Agir desta maneira me garante fazer reparações honestas.

PAZ DE ESPIRITO

Submetemos o assunto a nosso padrinho ou conselheiro espiritual pedindo, sinceramente a ajuda e orientação de Deus – mas resolvendo atuar de maneira certa, quando ficar claro, custe o que custar?

Minha crença em um Poder Superior é uma parte essencial do meu trabalho no Nono Passo; perdão, momento certo e motivos corretos são os outros ingredientes. Minha disposição para fazer o Passo é uma experiência de crescimento que abre as portas novos e honestos relacionamentos com as pessoas a quem prejudiquei. Minha ação responsável me traz mais perto dos princípios espirituais do programa: amor e serviço. Paz de espírito, serenidade e uma fé mais sólida, sem dúvida vêm a seguir.

(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 255-256-257-258-261-263-264-265-266)

10º PASSO

Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.

A aproximação do Décimo Passo leva o alcoolista a começar a se submeter ao modo de viver de A. A., sempre e em qualquer situação. Faz-se necessária uma análise contínua de qualidades e defeitos, e o propósito de aprender e crescer por meio desta análise. Alem da ressaca devida ao excesso de bebida, existe também a ressaca emocional,

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que é “... fruto direto do acúmulo de emoções negativas ontem sofridas e, às vezes, hoje – o rancor, o medo, o ciúme e outras semelhantes” (Os Doze Passos, p. 79). Para viver com serenidade é preciso eliminar tias ressacas. Embora iguais em princípio, os inventários diferem de acordo com a ocasião em que são feitos. Há o inventário “relâmpago”, que é feito nos momentos de confusão. Inventários diários são feitos para revisar os acontecimentos das últimas 24 horas. Existem ainda os inventários periódicos, feitos para avaliar o progresso de um determinado período. A dificuldade do inventário reside na falta de hábito de uma análise detalhada. Uma vez adquirido, o hábito passa a ser uma atividade proveitosa, compensando Amplamente o tempo com ele despendido. Muitos alcoolistas têm o hábito de fazer um inventário anual ou semestral. Existe um preceito espiritual que explica que, cada vez que o indivíduo se sente perturbado, existe algo errado com ele. Entre os sentimentos perturbadores encontra-se o rancor. Quando este é justificado, a literatura esclarece que para o alcoolista este rancor pode ser perigoso: é preferível deixá-lo para as pessoas mais equilibradas, que conseguem mantê-lo sob controle. Outros sentimentos que têm o poder de transtornar as emoções do alcoolista são o ciúme, os ressentimentos, a inveja, auto piedade e o orgulho. “Um inventário ‘relâmpago' levantado no meio de tais perturbações pode ser de grande valia para acalmar as emoções tempestuosas” (Os Doze Passos, p. 81). O inventário diário aplica-se para situações que ocorreram durante as vinte e quatro horas. Para todas as situações há necessidade “... de autodomínio, análise honesta do ocorrido, disposição para admitir nossa culpa e, igualmente, para desculpar as outras pessoas” (Os Doze Passos, p. 82). O desenvolvimento do autodomínio tem prioridade, uma vez que a precipitação ou imprudência pode comprometer uma relação e não permite agir ou pensar com clareza. O autodomínio é necessário tanto para problemas inesperados, como para o momento em que o alcoolista começa a ser bem sucedido. O sucesso leva muito facilmente ao orgulho. Neste sentido, a lembrança de que a sobriedade é resultado da ação de Deus pode funcionar com defesa contra o orgulho desmedido. A percepção de que todas as pessoas têm falhas começa a gerar tolerância e evidência de que não faz sentido ofender-se com pessoas que sofrem tal qual o alcoolista dos desajustes que acompanham o desenvolvimento. Uma mudança tão radical na forma de ver as coisas pode levar muito tempo. Se são raras as pessoas que conseguem amar a todas as outras, é comum encontrar indiferença e ódio entre as pessoas. O alcoolista, no entanto, não pode manter a idéia de que pode odiar ou temer quem quer que seja. “A cortesia, a bondade, a justiça e o amor são chaves que abrem a porta da harmonia entre nós e as outras pessoas” (Os Doze Passos, p. 84).

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Ao final do dia, muitos alcoolistas fazem o inventário das últimas 24 horas. Percebem que boas intenções e atos construtivos estão presentes em sua mente. Por outro lado, o exame dos pensamentos e atos inadequados ou desagradáveis permitem, de modo geral, perceber e entender quais foram os motivos que os geraram. É preciso apenas reconhecer a falha, tentar visualizar qual comportamento teria sido adequado, aproveitar a lição e fazer a reparação se necessária. Para outras situações, apenas um exame mais detalhado irá mostrar quais foram os reais motivos de algumas ações. Algumas vezes, poderá ter surgido uma justificativa para explicar uma conduta inadequada, e será tentador imaginar que havia bons motivos para o comportamento em questão. “Esta estranha característica do complexo mente-emoção, este desejo pervertido de ocultar atrás do bom motivo, o errado, se infiltra nos atos humanos de alto a baixo” (Os Doze Passos, p. 85). A edificação do caráter consiste em perceber, admitir e corrigir estas falhas. Uma avaliação minuciosa de como foi o dia possibilita agradecer a Deus as graças recebidas e adormecer com a consciência tranqüila.

A PROVA DECISIVA

Quando praticamos os nove primeiros Passos, estamos nos preparando para a aventura de uma nova vida. Mas, ao nos aproximarmos do Décimo Passo, começamos a nos submeter à maneira de viver de A. A. dia após dia, em qualquer circunstância. Logo, vem a prova decisiva: permanecer sóbrios, manter nosso equilíbrio emocional e viver utilmente sob quaisquer condições?

Eu sei que as promessas estão sendo cumpridas na minha vida, mas desejo mantê-las e desenvolvê-las pela aplicação diária do Décimo Passo. Tenho aprendido através deste Passo que, se estou perturbado, há algo errado comigo. A outra pessoa pode estar errada também, mas eu posso tratar somente com os meus sentimentos. Quando estou magoado ou transtornado, tenho que procurar a causa continuamente em mim e preciso então admitir e corrigir meus erros. Não é fácil, mas enquanto sei que estou progredindo espiritualmente, sei que posso considerar meu esforço como um trabalho bem feito.Descobri que a dor é uma amiga: ela me deixa saber que há alguma coisa errada com as minhas emoções, da mesma forma que uma dor física mostra que há alguma coisa errada com meu corpo. Quando atuo de forma apropriada através dos Doze Passos, a dor gradualmente vai embora.

APÓS A TEMPESTADE, SERENIDADE

Um conhecedor do assunto, disse uma vez, que a dor era a pedra de toque de todo o progresso espiritual. Nós Aas estamos convencidos disso...

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Quando me encontro na montanha russa da confusão emocional, recordo que o crescimento é frequentemente doloroso. Minha evolução no programa de A. A. me ensinou que devo experimentar a mudança interior que, mesmo dolorosa, acabará guiando-me do egoísmo para o altruísmo. Se quero ter serenidade, tenho que passar pelo tumulto emocional e suas subseqüentes ressacas, e estar agradecido pelo contínuo progresso espiritual.

UMA PODA NECESSÁRIA

... sabemos que antes da sobriedade vem, obrigatoriamente, o sofrimento resultante da bebida, da mesma forma que antes da serenidade vem o desequilíbrio emocional.

Adoro despender tempo em meu jardim, alimentando e podando minhas flores maravilhosas. Um dia, em que estava diligentemente podando-as, uma vizinha parou e comentou: “Oh! As tuas plantas são maravilhosas, é uma pena ter que cortá-las.” Eu repliquei: “Sei como você se sente, mas o excesso precisa ser removido, para que elas possam crescer mais fortes e mais saudáveis.”Mais tarde pensei que talvez minhas plantas sentissem dor, mas Deus e eu sabemos que faz parte do plano e tenho visto os resultados. Então lembrei me logo do meu precioso programa de A. A. e de como nós todos crescemos através da dor. Peço a Deus para me podar quando for a hora, para que assim possa crescer.

A BAGAGEM DE ONTEM

Os sábios sempre souberam que alguém só consegue fazer alguma coisa de sua vida somente depois que o exame de si mesmo venha a se tornar um hábito regular, admita e aceite o que encontre e, então tente corrigir o que lhe pareça errado, com paciência e perseverança.

Tenho hoje mais do que o suficiente para lidar, sem ter que arrastar também a bagagem de ontem. Devo equilibrar as contas de hoje, se quiser ter uma chance amanhã. Portanto, pergunto a mim mesmo se errei e como posso evitar repetir esse comportamento em particular. Magoei alguém, ajudei alguém, e por quê?Alguma coisa que faço hoje acaba transbordando para o amanhã, porém, isso não precisa acontecer com quase tudo, se eu fizer um inventário diário de forma honesta.

CONTROLANDO DIARIAMENTE

Continuamos fazendo o inventário pessoal.

O axioma espiritual referido no Décimo Passo: “toda vez em que estivermos perturbados, não importa qual a causa, há alguma coisa

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errada conosco” também me diz que não existem exceções a isto. Não importa o quanto os outros pareçam ser ir razoáveis, eu sou responsável para não reagir negativamente. Independente do que está acontecendo à minha volta, sempre terei a prerrogativa e a responsabilidade de decidir o que acontece dentro de mim. Eu sou o criador de minha própria realidade.Quando faço meu inventário diário, sei que devo parar de julgar os outros. Se julgo os outros, provavelmente estou a mim mesmo.Quem mais me perturba, é meu melhor professor. Tenho muito que aprender com ele ou com ela e, em meu coração, deveria agradecer a essa pessoa.

INVENTÁRIO DIÁRIO

... e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.

Eu estava começando a me aproximar de minha nova vida de sobriedade com um entusiasmo incomum. Novos amigos estavam aparecendo e algumas de minhas amizades danificadas começavam a ser reparadas. A vida era excitante e comecei a gostar até mesmo do meu trabalho, tornando-me tão confiante a ponto de emitir um relatório sobre a falta de acompanhamento cuidadoso com alguns de nossos clientes. Um dia, um colega me informou que meu chefe estava realmente preocupado porque uma queixa, apresentada sem o seu conhecimento, tinha lhe causado muito desconforto com seus superiores. Eu sabia que meu relatório tinha criado o problema, e comecei a me sentir responsável pela dificuldade de meu chefe. Discutindo o assunto, meu colega tentou me tranqüilizar, dizendo que não havia necessidade de pedir desculpas, mas logo me convenci de que precisava fazer alguma coisa, independente das conseqüências. Quando me aproximei de meu chefe confessei minha parte em suas dificuldades, ele ficou surpreso. Porém, coisas inesperadas resultaram de nosso encontro, e nós fomos capazes de concordar em interagir mais diretamente e de forma efetiva no futuro.

UM PRECEITO ESPIRITUAL

É um preceito espiritual, que cada vez que estamos perturbados, seja qual for a causa, alguma coisa em nós está errada.

Eu nunca entendi realmente o preceito espiritual do Décimo Passo, até a ter a seguinte experiência. Estava sentado lendo em meu quarto, de madrugada quando, subitamente, ouvi meus cachorros latindo no pátio de trás. Meus vizinhos desaprovam este barulho, assim, com uma mistura de sentimentos de raiva e vergonha, bem como do medo da desaprovação de meus vizinhos, chamei os cachorros imediatamente.

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Várias semanas mais tarde, a mesma situação se repetiu, exatamente da mesma maneira, mas eu estava me sentindo em paz comigo mesmo e fui capaz de aceitar a situação – cachorros sempre latem – e, calmamente, chamei os cachorros.Os dois incidentes me ensinaram que, quando uma pessoa experimenta eventos quase idênticos e reage de duas maneiras diferentes, significa que não é a situação que é de extrema importância, mas a condição espiritual da pessoa.Sentimentos vêm de dentro, não das circunstâncias exteriores. Quando minha condição espiritual é positiva, eu reajo positivamente.

CONSERTANDO A MIM, NÃO A VOCÊ

Se ao sermos ofendidos, nos irritamos, é sinal de que também estamos errados.

Que alivio eu senti quando me mostraram esta passagem.De repente vi que podia fazer alguma coisa a respeito de minha raiva, podia consertar-me ao invés de tentar consertar os outros. Acredito que não há exceções a este preceito.Quando estou com raiva, ela está sempre auto centrada. Preciso continuar me lembrando que sou humano e que estou fazendo o melhor que posso, mesmo quando este melhor é pouco.Assim, peço a Deus para remover minha raiva e deixar-me realmente livre.

AUTO-DOMÍNIO

Nosso primeiro alvo deve ser o desenvolvimento do auto-domínio.

Minha viagem para o trabalho me dá oportunidade para fazer um auto-exame.Um dia, quando fazia essa viagem, comecei a rever o meu progresso na sobriedade e não fiquei feliz com o que vi. Esperei com o passar do dia, trabalhando, esquecer esses pensamentos incômodos. Porém, como ia aparecendo um desapontamento após outro, meu descontentamento somente aumentou e as pressões dentro de mim continuaram subindo.Me recolhi para uma mesa isolada na sala de firma e me perguntei como poderia aproveitar melhor o restante do dia. Antigamente, quando as coisas iam mal, instintivamente deseja lutar contra. Mas, durante o curto tempo que eu tinha tentando viver o programa de A. A., havia aprendido a voltar atrás e dar uma olhada em mim mesmo. Reconheci que, embora não sendo a pessoa que desejava ser, eu tinha aprendido a não reagir da minha velha maneira. Aquelas velhas estruturas de comportamento só trouxeram tristeza e dor para mim e para os outros. Voltei para minha seção de trabalho, determinado a ter um dia produtivo, agradecendo a Deus pela chance de fazer progresso aquele dia.

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REFREANDO A PRECIPITAÇÃO

Quando falamos ou agimos precipitada ou imprudentemente, nossa capacidade de fazer justiça e ser tolerante se evapora imediatamente.

Ser justo e tolerante é um objetivo para o qual preciso trabalhar diariamente. Peço a Deus como eu O concebo, para me ajudar a ser amoroso e tolerante com as pessoas que amo e com aqueles que estão em maior contato comigo.Peço orientação para reprimir minha língua quando estou agitado, e paro um momento para refletir sobre o cataclismo emocional que minhas palavras podem causar, não somente a outros mas também em mim. Oração, meditação e inventários são a chave para um pensamento firme e ação positiva para mim.

INVENTÁRIOS INCESSANTES

Continuamos vigiando o egoísmo, a desonestidade, o ressentimento e o medo. Quando estes surgirem, pediremos imediatamente a Deus que os remova. Iremos discuti-los em seguida com alguma pessoa e, se causamos algum dano, prontamente vamos repará-lo. Então, firmemente, voltamos nossos pensamentos para alguém a quem possamos ajudar.

A aceitação imediata de pensamentos ou ações erradas é uma tarefa difícil para a maioria dos seres humanos, mas para alcoólicos em recuperação como eu, é difícil devido à minha propensão para o egoísmo, o medo e o orgulho. A liberdade que o programa de A. A. me oferece torna-se mais abundante quando, através de inventários incessantes de mim mesmo, admito, reconheço e aceito responsabilidade por meus erros. É possível então para mim conseguir uma compreensão mais profunda e mais ampla do que é a humildade. Minha disposição em admitir quando a falta é minha, facilita o progresso de meu crescimento e me ajuda a ser mais compreensivo e prestativo para os outros.

UM PROGRAMA PARA VIVER

Quando nos deitamos à noite, revisamos construtivamente o nosso dia... Ao acordar, pensamos nas vinte e quatro horas vindouras... Antes de começar, pedimos que Deus dirija nossos pensamentos e, especialmente, que eles sejam divorciados da auto-piedade, da desonestidade e do egoísmo.

A mim faltava a serenidade. Com mais coisas para fazer do que era possível, embora me esforçasse muito, cada vez estava mais atrasado. Preocupações sobre coisas não feitas ontem e medo pelos

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prazos de entrega amanhã, negavam-me a calma de que eu precisava para ser eficaz a cada dia.Antes de praticar o Décimo e o Décimo Primeiro Passos comecei a ler passagens como a citada acima.Tentei focalizar a vontade de Deus, não os meus problemas, e confiar que Ele poderia administrar o meu dia.Funcionou! Foi devagar, mas funcionou!

DURANTE CADA DIA

Não é algo que se consiga de um dia para o outro. Deve continuar durante toda a vida.

Durante meus primeiros anos em A. A., considerava o Décimo Passo como uma sugestão de que olhasse periodicamente ao meu comportamento e reações. Se houvesse alguma coisa errada, deveria admiti-la; se uma desculpa fosse necessária, deveria pedi-la.Após alguns anos de sobriedade, senti que podia fazer um auto-exame mais frequentemente. Somente após a passagem de mais alguns anos eu percebi o significado total do Décimo Passo e da palavra “continuamos”. “Continuamos” não significa de vez em quando, ou frequentemente. Significa “durante cada dia”.

UM AJUSTAMENTO DIÁRIO

Cada dia é um dia em que devemos aplicar a visão da vontade de Deus em todas as nossas atividades.

Como mantenho minha condição espiritual?Para mim é muito simples: todo dia peço ao Poder superior que me conceda a graça da sobriedade por mais aquele dia!Tenho conversado com muitos alcoólicos que voltaram a beber e sempre pergunto a eles: “Você rezou por sobriedade no dia em que tomou o primeiro goles? Nenhum deles disse que sim. Quando prático o Décimo Passo e tento manter minha casa em ordem diariamente, sei que se eu pedir por um indulto diário, ele será concedido.

NADA CRESCE NA ESCURIDÃO

Desejaremos que cresça e floresça o bem que está dentro de todos nós, por pior que sejamos.

Com a autodisciplina e a percepção que ganhei praticando o Décimo Passo, começo a conhecer as gratificações da sobriedade – não como uma mera abstinência do álcool, mas como uma recuperação em todos os aspectos de minha vida.Renovo a esperança, regenero a fé e ganho novamente a dignidade do auto-respeito. Descobri a palavra “e” na frase: “e quando estávamos errados, admitimos prontamente”.

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Tranqüilo de que não estou mais sempre errado, aprendo a aceitar a mim mesmo, como sou, com um novo entendimento dos milagres da sobriedade e serenidade.

VERDADEIRA TOLERÂNCIA

Finalmente começamos a perceber que todas as pessoas, nós inclusive, estamos mais ou menos emocionalmente doentes e frequentemente errados, e então, aproximando-nos da verdadeira tolerância, conhecemos o real significado do amor ao próximo.

Ocorreu-me o pensamento de que, até certo ponto, todas as pessoas são emocionalmente doentes. Como nós poderíamos não ser? Quem entre nós é perfeito? Como poderia algum de nós ser perfeito emocionalmente? Portanto, o que mais podemos nós fazer?, senão suportar um ao outro e tratar cada um como gostaríamos de ser tratados em circunstâncias similares.Isso é realmente o amor.

(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 284-285-286-287-289-290-291-292-293-294-295-296-298-299-303-304)

11º PASSO

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Procuramos através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que o concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós e forças para realizar essa vontade.

Os alcoolistas são pessoas ativas, e tendem com freqüência a não levar a sério a oração e meditação, que são, para eles, os principais meios de contato consciente com Deus. Aqueles que permanecem considerando o grupo de A. A. como sua “força superior” podem encarar com desagrado as afirmações sobre o poder da oração. Alguns pretendem demonstrar a não existência de Deus pela presença da pobreza, crueldade, doença e injustiça. Outros usam argumentos diferentes. Entretanto, depois de experimentar e verificar os resultados da oração e meditação mudam de opinião.Usada regularmente, a oração passa a ser indispensável. É ela que permite a presença de Deus na vida do alcoolista. Quando a auto-análise, a meditação e a oração “são postas em ação harmônica e logicamente, resultam em uma base inabalável para toda a vida” (Os Doze Passos, p. 89).

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O exame dos pensamentos e sentimentos permite que a ação e graça de Deus exerça influência na parte negativa e escura do ser. A ferramenta que ilumina esta parte escura é a meditação. Para os alcoolistas que não sabem por onde começar, sugere-se que busquem uma oração que os satisfaça, como por exemplo, a de São Francisco de Assis: “Ó Senhor! Faze de mim um instrumento de Tua paz...” (Os Doze Passos, p. 90). Sugere-se o abandono de qualquer resistência, para poder sentir e aprender com as palavras da oração. Se surgirem pensamentos de menosprezo às idéias propostas, convém lembrar que, com o álcool, valorizava-se o uso da imaginação, mas o problema era que a imaginação não se dirigia a objetivos funcionais. Como sucede quando se quer construir uma casa, cujo projeto se inicia com o uso da imaginação, a meditação ajuda a ter uma noção do objetivo espiritual. Para facilitar o relaxamento, pode-se imaginar que se está em uma praia, nas montanhas ou planícies. São apresentadas também algumas reflexões sobre esta oração, bem como, algumas características do processo de meditação. Um dos primeiros resultados da meditação é o equilíbrio emocional. A oração, por sua vez, “... é a elevação do coração e da mente para Deus (...) O estilo comum de oração é uma petição a Deus” (Os Doze Passos, p. 92-93). Existe tentação de expressar pedidos na oração para resolver situações da maneira que se pensa ser adequada e que, com freqüência, não é a vontade de Deus. Convém lembrar a parte do enunciado deste passo que define as necessidades: conhecer a vontade de Deus e obter forças para realizá-la. Diante de situações delicadas, pode-se pedir da mesma forma: ‘”Seja feita a Sua vontade e não a minha.”' (Os Doze Passos, p. 93). Em momentos críticos, a lembrança de que, como diz a oração, “é melhor consolar do que ser consolado, compreender do que ser compreendido, amar do que ser amado” traz consigo a intenção deste passo. Esperar uma resposta certa e definida de Deus para uma situação perturbadora e específica apresenta um sério risco. Freqüentemente os pensamentos que parecem ser uma resposta divina são justificativas feitas inconscientemente, embora bem intencionadas. “É um indivíduo muito desconcertante o A. A., ou qualquer outro homem, que tenta implantar rigorosamente em sua vida este modo de rezar, com esta necessidade egoística de respostas divinas. (...) Com a melhor das intenções, ele tende a impor sua própria vontade em qualquer situação ou problema...” (Os Doze Passos, p. 94). Em relação a outras pessoas, pode surgir uma tentação semelhante, quando se pede a Deus que resolva determinada dificuldade da maneira como se acha que deve ser. A. A. sugere que, tanto para si como para os outros, a oração deveria pedir que se cumprisse a vontade de Deus. A experiência em A. A. mostra que, na medida em que se busca aumentar o contato com Deus e se deixa de dizer a Ele o que queremos, nova força e uma benéfica orientação se manifestam.

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Podem surgir períodos de rebelião, nos quais ocorre uma recusa a rezar. Não se deve usar de muito rigor consigo próprio quando isto ocorre, mas apenas, tão logo seja possível, deve-se voltar à prática da oração. Possivelmente, uma das grandes recompensas obtidas com a oração e meditação é a convicção de se fazer parte: não existe mais a sensação de abandono, medo e insegurança. No momento em que se tem um pequeno vislumbre da vontade de Deus, e que se percebe a verdade, a justiça e o amor como valores permanentes, sabe-se que o amor de Deus estará sempre velando por nós. Tudo estará permanentemente bem quando nos voltamos para Ele.

MANEIRAS MISTERIOSAS

... nas épocas de sofrimento e dor, quando a mão de Deus parecia ser pesada e até injusta, novas lições sobre a vida foram aprendida, novas fontes de coragem foram descobertas e finalmente, de forma iniludível, chegou a convicção de que Deus, efetivamente “age de maneira misteriosa na realização de Suas maravilhas”.

Após perder a minha carreira, família e saúde, não tinha ainda me convencido de que minha maneira de vier precisava ser vista de uma nova forma. A bebida e o uso de outras drogas estavam me matando, mas eu nunca tinha encontrado uma pessoa em recuperação ou um membro de A. A.Pensava que meu destino era morrer sozinho e que eu merecia isso. No auge do meu desespero, meu filho menor adoeceu gravemente com uma rara enfermidade. Os esforços dos médicos para ajudá-lo provaram ser inúteis. Redobrei meus esforços para bloquear meus sentimentos, porém, agora o álcool havia deixado de surtir efeito. Estava só olhando fixamente os olhos de Deus, suplicando Sua ajuda. Em alguns dias, devido a uma estranha série de coincidências tive meu primeiro contato com A. A. e desde então tenho permanecido sóbrio. Meu filho sobreviveu e sua doença está em regressão. Todo o episódio me convenceu da minha impotência e da perda de controle da vida. Hoje meu filho e eu agradecemos a Deus por Sua intervenção.

MANTENDO O OTIMISMO À TONA

Os outros Passos podem manter a maioria de nós sóbrios e funcionando de alguma maneira. Mas o Décimo Primeiro Passo pode nos manter em crescimento.

Um alcoólico sóbrio acha muito mais fácil ser otimista sobre a vida. Otimismo é o resultado natural de me encontrar gradualmente possibilitado de tirar o melhor proveito de cada situação. À medida que minha sobriedade física continua, eu saio do nevoeiro, ganho uma perspectiva mais clara, e posso determinar melhor que curso de

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ação tomar. A sobriedade física é tão vital que posso adquirir um maior potencial desenvolvendo uma disposição sempre crescente para valer-me da orientação e direção de um Poder Superior. Minha capacidade para fazer isto vem do meu aprendizado – e prática – dos princípios do programa de A. A.A fusão de minha sobriedade física com a espiritual produz a substância de uma vida mais positiva.

FOCALIZANDO E ESCUTANDO

A prática do auto-exame, da meditação e da oração estão diretamente interligadas. Usadas separadamente, elas podem trazer muito alivio e benefício.

Se faço primeiro meu auto-exame, tenho certeza de que terei bastante humildade para orar e meditar – porque verei e sentirei a necessidade de fazê-lo. Alguns desejam começar e terminar com a oração, deixando um intervalo para o auto-exame e a meditação, enquanto outros começam com a meditação, escutando os conselhos de Deus sobre seus defeitos ainda escondidos ou não reconhecidos. Outros ainda se empenham num trabalho escrito e verbal de seus defeitos, terminando com uma oração de louvor e de ação de graças. Estes três – auto-exame, meditação e oração – formam um círculo sem começo nem fim. Não importa onde ou como eu começo, aos poucos chego ao meu destino: uma vida melhor.

UMA DISCIPLINA DIÁRIA

... quando essas práticas (auto-exame, meditação e oração) estão logicamente relacionadas e interligadas, resultam em uma base inabalável para toda a vida.

Os últimos três Passos do programa invocam a disciplina amorosa de Deus sobre a minha natureza obstinada. Se dedico apenas alguns momentos toda a noite para uma revisão dos pontos mais importantes do meu dia, junto com o reconhecimento daqueles aspectos que não me agradam muito, eu ganho uma história pessoal de mim mesmo, uma história que é essencial à minha caminhada para o auto conhecimento.Fui capaz de perceber meu crescimento, ou a falta dele, e pedir numa prece para ser aliviado desses defeitos de caráter contínuos que me causam sofrimento. Meditação e oração também me ensinam a arte de concentrar-me e escutar.Verifico que a confusão do dia se acalma quando rezo por Sua orientação e vontade. A prática de pedir a Ele que me ajude em meus esforços para a perfeição coloca uma nova perspectiva ao tédio de cada dia, porque sei que existe honra em qualquer trabalho bem feito. A disciplina diária de oração e meditação me manterá em boa condição espiritual, capaz de encarar qualquer coisa que o diga me traga, sem pensar em uma bebida.

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INDO COM O FLUXO

Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos...

As primeira palavras que falo, quando levanto de manhã são: “Oh! Deus, me levanto para fazer a Tua vontade!”Esta é a oração mais curta que conheço e ela está profundamente enraizada em mim. A oração não muda a atitude de Deus para comigo: ela muda minha atitude para com Deus.Distinta da oração, a meditação é um tempo calmo, sem palavras. Estar centrado é estar fisicamente relaxado, emocionalmente calmo, mentalmente focalizado e espiritualmente consciente. Uma maneira de manter o canal aberto e melhorar meu contato consciente com Deus, é manter uma atitude de gratidão. Nos dias em que sou grato, coisas boas parecem acontecer em minha vida. No momento que começo a xingar as coisas na minha vida, o fluxo de bem pára. Deus não interrompeu o fluxo: minha própria negatividade é que o interrompeu.

SOLTE-SE E ENTREGUE-SE A DEUS

... rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.

Quando eu “me solto e me entrego a Deus”, penso mais clara e sabiamente. Sem ter que pensar a respeito, rapidamente me livro das coisas que me causam dor e desconforto. Como acho difícil me livrar da espécie de pensamentos e atitudes preocupantes que me causam uma imensa angústia, tudo que preciso fazer nestas horas é permitir que Deus, como eu O concebo, me liberte delas e no mesmo instante me solto de pensamentos, recordações e atitudes que estão me incomodando.Quando recebo ajuda de Deus como eu O concebo, posso viver minha vida um dia de cada vez e lidar com os desafios que apreçam no meu caminho. Somente então posso viver uma vida de vitória sobre o álcool, numa sobriedade confortável.

UMA AVENTURA INDIVIDUAL

A meditação é algo que sempre pode ser desenvolvido. Ela não tem limites tanto na extensão como a altura. Embora possamos ser auxiliados por qualquer instrução ou exemplo que encontrarmos, ela é essencialmente uma aventura individual que cada um de nós realiza à sua maneira.

Meu crescimento espiritual é com Deus como eu O concebo.

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Com Ele eu encontro meu verdadeiro eu interior. Meditação e oração diárias renovam e reforçam minha fonte de bem-estar. Recebo então a abertura para aceitar tudo que Ele me oferece. Com Deus tenho a afirmação reiterada de que minha jornada era como Ele deseja para mim e, por isto sou grato de ter Deus na minha vida.UMA SENSAÇÃO DE PERTENCER

Talvez uma das maiores recompensas que conseguimos obter com a meditação e a oração, seja a íntima convicção de que passamos a fazer parte.

É isso: “fazer parte”.Após uma sessão de meditação, sabia que o sentimento que experimentava era uma sensação de fazer parte, porque me sentia tão à vontade. Eu sentia muita quietude interna, com mais disposição para deixar de lado pequenas irritações.Apreciava meu senso de humor. O que também experimento na minha prática diária é o puro prazer de pertencer ao fluxo criativo do mundo de Deus. Como é favorável para nós, que a oração e a meditação estejam escritas diretamente em nossa maneira de vida de A. A.

ACEITAR A SI MESMO

Sabemos que o amor de Deus vela sobre nós. Enfim, sabemos que quando nos voltarmos para Ele, tudo estará bem conosco, agora e para sempre.

Rezo para estar sempre disposto a recordar que sou filho de Deus, uma alma divina numa forma humana, e que a tarefa mais urgente e básica na minha vida é aceitar, conhecer, amar e cuidar de mim mesmo. Quando me aceito, estou aceitando a vontade de Deus. Quando me conheço e me amo, estou conhecendo e amando a Deus. Quando cuido de mim, estou agindo sob a orientação de Deus. Rezo para ter disposição de abandonar minha arrogante autocrítica, e louvar a Deus humildemente aceitando-me e cuidando de mim mesmo.

INTUIÇÃO E INSPIRAÇÃO

... pedimos a Deus inspiração, um pensamento intuitivo ou uma decisão. Relaxamos e seguimos com calma. Não lutamos.

Eu invisto o meu tempo no que realmente amo. O Décimo Primeiro Passo é uma disciplina que me dá condições de ficar junto com meu Poder Superior, lembrando-me que, com a ajuda de Deus, intuição e inspiração são possíveis.A prática deste Passo conduz ao amor-próprio. Na tentativa consciente para melhorar meu contato consciente com um Poder Superior, sou sutilmente lembrado do meu passado doentio, com suas

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estruturas de pensamentos grandiosos e sentimentos falsos de onipotência. Quando peço por força para me realizar a vontade de Deus para mim, torno-me consciente da minha impotência. Humildade e um saudável amor-próprio são compatíveis, um resultado direto de trabalhar o Décimo Primeiro Passo.

MANUTENÇÃO VITAL

Aqueles de nós que estão se utilizando regularmente da oração seriam tão incapazes de dispensá-la como ao ar, ao alimento ou à luz do sol, tudo pela mesma razão. Quando recusamos ar, luz ou alimento, o corpo sofre. Se virarmos as costas à meditação e à oração, também estamos negando às nossas mentes, emoções e intuições, um apoio imprescindível.

O Décimo Primeiro Passo não precisa me esmagar. O contato consciente com Deus pode ser tão simples e tão profundo como o contato com outro ser humano. Posso sorrir. Posso escutar. Posso perdoar. Todo encontro com o outro é uma oportunidade para a oração, para reconhecer a presença de Deus dentro de mim.Hoje posso me aproximar um pouco mais do meu Poder Superior. Quanto mais procuro a beleza do trabalho de Deus nas outras pessoas, mais seguro estarei de Sua presença.

UM ALIVIO DIÁRIO

O que temos na realidade é um alivio diário, que depende da manutenção de nossa condição espiritual.

Manter minha condição espiritual é como fazer exercício todo dia, planejando a maratona, nadando, correndo. É permanecer em boa forma espiritualmente, e isto requer prece e meditação. A mais simples e mais importante maneira de melhorar meu contato consciente com o Poder Superior é rezar e meditar. Sou impotente perante o álcool como sou para fazer voltar as ondas do mar; nenhuma força humana teve o poder para vencer o meu alcoolismo. Agora sou capaz de respirar o ar de alegria, da felicidade e da sabedoria. Tenho o poder para amar e reagir aos eventos à minha volta com os olhos de uma fé em coisas que não são aparentes. Meu alívio diário significa que não importa o quanto as coisas pareçam ser difíceis e dolorosas. Hoje eu sempre posso recorrer à força do programa para permanecer liberto de minha sutil, frustradora e poderosa doença.

UMA REDE DE SEGURANÇA

Às vezes... somos acometidos por uma rebelião tão mórbida que simplesmente são rezamos. Quando estas coisas acontecem, não devemos ser demasiadamente rigorosos

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conosco. Devemos apenas voltar à prática da oração tão logo pudermos. Fazendo o que sabemos ser bom para nós.

Algumas vezes grito, bato o pé e dou as costas para o meu Poder Superior. Então minha doença me diz que sou um fracasso e que, se continuar zangado, com certeza irei beber. Nesses momentos de obstinação é como se eu tivesse escorregando de uma penhasco e uma mão me apanhasse. A mensagem acima é a minha rede de segurança, no sem tido de que me instiga a tentar algum novo comportamento, como o de ser amável e paciente comigo mesmo. Ela me garante que meu Poder Superior esperará até eu estar disposto mais uma vez a arriscar a me entregar, cair na rede e rezar.

EU ESTAVA CAINDO RÁPIDO

Nós AAs somos pessoas ativas, desfrutando da satisfação de lidar com as realidades da vida... Portanto, não é de se estranhar que, com frequência, façamos pouco caso da meditação e da oração séria, como não sendo coisas de real necessidade.

Eu estava escorregando para fora do programa já algum tempo, mas foi preciso a ameaça de uma doença terminal para me trazer de volta e, particularmente, para a prática do Décimo Primeiro Passo de nossa abençoada Irmandade. Embora tivesse quinze anos de sobriedade e fosse ainda muito ativo no programa, sabia que a qualidade de minha sobriedade caíra bastante. Dezoito meses mais tarde, um exame revelou um tumor maligno e o prognóstico de morte certa dentro de seis meses. O desespero se instalou quando me registrei em um programa de reabilitação, após o qual sofri dois pequenos ataques que revelaram dois grandes tumores no cérebro. Enquanto ia atingindo novos fundos de poço, eu me perguntava por que isto estava acontecendo comigo. Deus permitiu que eu reconhecesse minha desonestidade e que me tornasse capaz de aprender novamente.Mas basicamente reaprendi o significado total de Décimo Primeiro Passo. Minha condição física melhorou dramaticamente, e minha doença é insignificante, comparada com o que quase perdi.

“TUA VONTADE, NÃO A MINHA”

... sempre que tivéssemos de fazer determinados pedidos, faríamos bem em acrescentar esta ressalva: “... se for de Tua vontade.”

Eu peço simplesmente que durante o dia Deus coloque em mim o melhor entendimento de Sua vontade que eu possa ter, e que me conceda a graça de poder executá-la.No transcorrer do dia posso fazer uma pausa quando diante de situações que precisam ser enfrentadas e de decisões que precisam

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ser tomadas, e renovar o pedido simples: “Seja feita a Tua vontade, não a minha.”Devo ter sempre em mente que em toda situação eu sou responsável pelo resultado. Posso “Soltar-me e entregar-me à Deus.” Repetindo humildemente: “Seja feita a Tua vontade e não a minha.” Paciência e persistência na procura de Sua vontade me libertarão da dor de expectativas egoísticas.

UMA ORAÇÃO CLÁSSICA

“Ó Senhor! Faze de mim um instrumento de Tua Paz; Onde há ódio, faze que eu leve o amor; onde há ofensa que eu leve o perdão; onde há discórdia que eu leve a união; onde há dúvidas que eu leve a fé; onde há erros que eu leve a verdade; onde há desespero que eu leve a esperança; onde há tristeza que eu leve a alegria; onde há trevas que eu leve a luz”Oh! Mestre! Faze que eu procure menos ser consolado do que consolar; ser compreendido do que compreender; ser amado do que amar: Porque é dando que se recebe; é perdoando que se é perdoado; é morrendo que se vive para a Vida Eterna!”

Não importa em que parte do meu crescimento espiritual me encontre, a oração de São Francisco me ajuda a melhorar meu contato consciente com o Deus do meu entendimento. Penso que uma das grandes vantagens de minha fé em Deus é que eu não O entendo. Pode ser que meu relacionamento com meu Poder Superior seja tão proveitoso, que eu não precise entender. Tudo que sei é que se prático o Décimo Primeiro Passo regularmente, da melhor maneira que posso, continuarei a melhorar meu contato consciente, conhecerei a Sua vontade para comigo e terei forças para executá-la.

UMA BUSCA UNIVERSAL

Seja ágil em perceber onde as pessoas religiosas estão certas. Faça uso do que elas lhe oferecem.

Eu não pretendo ter todas as respostas em assuntos espirituais, nem pretendo ter todas as respostas sobre alcoolismo. Existem outros que também estão engajados numa busca espiritual. Se mantenho a mente aberta sobre o que os outros têm a dizer, tenho muito a ganhar. Minha sobriedade grandemente enriquecida e minha prática do Décimo Primeiro Passo é mais proveitosa, quando faço uso tanto da literatura e as práticas de minha tradição judaico-cristã, bem como dos recursos de outras religiões.Assim, recebo apoio de muitas fontes para ficar longe do primeiro gole.

(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 85-315-316-317-319-320-321-323-324-327-328-331-332-333-334-337)

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12º PASSO

Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades.

A alegria de viver e a ação são os aspectos tratados neste passo. Quando chega a este ponto, o alcoolista começa a perceber uma espécie de “despertar espiritual”. É este o momento de se voltar para os alcoolistas que ainda sofrem.

Aqueles que passam por um despertar espiritual genuíno têm em comum a dádiva recebida que “... consiste em um novo estado de consciência e uma nova maneira de ser” (Os Doze Passos, p. 98). Ocorre uma ligação com uma fonte de energia que estava antes indisponível. Os alcoolistas recebem então um bem gratuito, para o qual, pelo menos em parte, tornaram-se preparados pela prática dos passos anteriores. É apresentado um breve levantamento daquilo que se tenta alcançar em cada passo. A prática conjunta dos Passos permite a experiência do despertar espiritual. A transmissão da mensagem de A. A. aos alcoolistas que ainda fazem uso de bebida alcoólica, quando bem feita, traz uma satisfação profunda e uma felicidade intensa e permanente. Verificar a transformação das pessoas, que ocorre após o ingresso na irmandade de A. A., e a mudança que ocorre em todos os aspectos de sua vida “... são fatos que constituem a essência do bem que nos invade, quando levamos a mensagem de A. A. ao irmão sofredor” (Os Doze Passos, p. 101). O trabalho deste passo inclui também o apoio que a presença do membro mais antigo nas reuniões proporciona, e também, a transmissão da mensagem que ocorre nos depoimentos feitos nas reuniões. Aqueles que não se sentem capazes de falar ou não tem condições para fazer as abordagens com aqueles que ainda sofrem, podem praticar este passo aceitando serviços que, embora pouco notados, são importantes e consistem em providenciar, por exemplo, o café no final das reuniões, que proporciona ambiente acolhedor aos recém-chegados. Podem surgir também experiências negativas com o Décimo Segundo Passo, que “... parecerão sérios reveses para nós, mas, com o tempo, serão encarados como meros degraus na ascensão para um estágio melhor” (Os Doze Passos, p. 101). Exemplo disso são as recaídas de alcoolistas que foram ajudados, a rejeição de conselhos dados aos novatos, ou ainda, a perturbação que pode surgir com conselhos que

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foram aceitos. A longo prazo, percebe-se que estas dificuldades são decorrentes do crescimento. A idéia de praticar os princípios dos Doze Passos em todas as atividades traz consigo uma serie de indagações. A maior delas é: será possível, como diz o Décimo Segundo Passo praticar estes “... princípios em todas as nossas atividades? (...) Podemos fazer com que o espírito de A. A. esteja presente em nossas atividades diárias? Estamos prontos para arcar com as novas e reconhecidas responsabilidades que nos cercam? Chegaremos a aceitar a pobreza, a doença, a solidão e a consternação com coragem e serenidade?” (Os Doze Passos, p. 102-103). A resposta de A. A. a estas questões é que isso é possível. Muitas vezes, no entanto, o processo de crescimento é estancado por surgir a acomodação na crença de que não é preciso cumprir todos os Passos. Pode-se acreditar que bastam o Primeiro Passo e a parte do Décimo Segundo que se refere a levar adiante a mensagem, o que é conhecido como a “dança dos dois passos”. Este processo acaba levando o alcoolista a tornar-se confuso e desanimado. Também podem surgir grandes dificuldades como a perda do emprego ou problemas domésticos sérios. Estas dificuldades mais sérias, jamais o alcoolista conseguia suportar. Esforçando-se honestamente para praticar os Doze Passos e apresentando disposição para receber a graça de Deus, apresentará capacidade de converter “... suas dificuldades em autênticas demonstrações de fé” (Os Doze Passos, p. 104). Os grandes desafios, como para todas pessoas, vêm de problemas menores e crônicos da vida. A solução reside no maior desenvolvimento espiritual. Este, por sua vez, traz a consciência de que o antigo comportamento diante dos instintos requer uma drástica revisão. O desejo de “... segurança emocional e material, prestígio pessoal e poder, vida sentimental e realizações no seio da família, todos estes carecem de ser equilibrados e reorientados” (Os Doze Passos, p. 105). Se o crescimento espiritual for colocado em primeiro plano, será criada uma grande oportunidade para uma vida de realizações. O modo de ver e agir em relação à segurança emocional e financeira começará a mudar profundamente. Quer dominando os outros ou por eles sendo dominado, a experiência anterior sempre levava ao desapontamento. Com o desenvolvimento espiritual foi possível perceber que a segurança emocional entre pessoas adultas pressupõe que as pessoas se situem em um mesmo nível, dando e recebendo de modo equilibrado. Agindo desta maneira, o alcoolista descobre que as pessoas sentem-se por ele atraídas. Descobre também que Deus é a melhor fonte de equilíbrio emocional, e que, depender DEle funciona quando tudo o mais falhar. Dependendo DEle, não há necessidade de o alcoolista se apoiar totalmente na proteção e cuidados de outras pessoas. Em conseqüência surgem força e paz interiores dificilmente abaladas por fatores externos.

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Para a maioria dos alcoolistas, “... o A. A. contrabalança os danos causados à vida familiar por anos de alcoolismo. (..) [O objetivo] é o de ter uma vida conjugal cada vez mais sólida e feliz, eliminando-se as graves distorções emocionais que, na maioria das vezes, provieram do alcoolismo” (Os Doze Passos, p. 107-108). Quando o alcoolismo se estabelece, no caso de ser o homem o afetado, a mulher toma as rédeas da casa. Na medida em que a doença evolui, a mulher, sem o perceber, faz papel de mãe do seu marido. Esta situação pode ser de difícil reversão, mas, com a influência dos Doze Passos surge a possibilidade de mudança. Muitos membros solteiros de A. A. casam-se com alcoolistas. Existindo maturidade da parte dos dois, o resultado geralmente é muito bom. O mesmo se dá com alcoolistas que se casam com pessoas estranhas a A. A. Para aqueles que porventura não podem constituir família, o círculo de amizades do grupo pode contribuir para que não sintam solidão. Podem também se entregar a atividades que lhes proporcionem imensa alegria. A atitude em relação ao dinheiro sofre uma mudança radical. Antes, o dinheiro “... nada mais era do que um simples, mas imperioso, requisito para o nosso provimento futuro de bebida e o conforto do desligamento que ele nos trazia” (Os Doze Passos, p. 110). Em A. A., o que importa é a segurança material em geral, e não mais uma grande quantidade de dinheiro. O medo, entretanto, pode se manter presente, sem que se leve em conta que ele se manifesta para todas as pessoas, sejam ou não alcoolistas, e também, sem lembrar da ajuda de Deus. “Porém, com o passar do tempo, descobrimos que, com a ajuda dos Doze Passos de A. A., podíamos perder o medo, não importando quais fossem nossas possibilidades materiais” (Os Doze Passos, p. 111). Aprendendo que os problemas podem ser transformados em aspectos positivos, a condição espiritual torna-se mais importante que a material. Percebe-se que melhora o modo de perceber as dificuldades ligadas à importância pessoal, ao poder, à ambição e à liderança. Aproximadamente na época em que o A. A. foi iniciado, foi feito um estudo com um grande número de alcoolistas. Constatou-se que eram infantis, emocionalmente sensíveis e com mania de grandeza. Inicialmente horrorizados, nos anos seguintes a maioria dos membros de A. A. concordou com os resultados da pesquisa. Mais adiante, percebeu-se “... que nos A. A. maduros, os impulsos distorcidos foram restaurados à imagem do verdadeiro objetivo e postos na direção certa” (Os Doze Passos, p. 114). Quando escolhidos, pelos bons serviços prestados, para cargos de maior responsabilidade, buscam ser humildes. Sabe-se que “A liderança autêntica é aquela que tem por base o exemplo construtivo e não as efêmeras exibições de poder e glória” (Os Doze Passos, p. 114). Sentir que não é preciso ser especialmente reconhecido para poder ser útil e muito feliz é maravilhoso. Existia um engano em relação à verdadeira ambição. “Ela é o profundo e sadio desejo de viver uma vida útil e caminhar humildemente por mercê de Deus” (Os Doze Passos, p. 114).

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O objetivo da análise dos problemas apresentados é o desejo de compartilhar aquilo que os alcoolistas têm encontrado: uma saída que os eleva. É a aceitação e resolução dos problemas que restabelece a ordem interior, e também, a ordem com o mundo externo e com Deus. Espera-se que a cada dia que passa, cada um se identifique mais com o sentido da singela oração de Alcoólicos Anônimos:

ORAÇÃO DA SERENIDADE:

CONCEDEI-NOS SENHOR, A SERENIDADE NECESSÁRIA PARA ACEITAR AS COISAS QUE NÃO PODEMOS MODIFICAR, CORAGEM PARA MODIFICAR AQUELAS QUE PODEMOS, E SABEDORIA PARA DISTINGUIR UMAS DAS OUTRAS.

COMPROMISSO

A compreensão é a chave que abre a porta dos princípios e atitudes certas, e a ação correta é a chave do bem viver.

Chegou um momento no meu programa de recuperação em que a terceira parte da Oração da Serenidade: “A Sabedoria para distingui a diferença” – tornou-se impressa indelevelmente na minha mente. Desde aquele momento, tive que enfrentar-me com a consciência de que todas minhas ações, todas minhas palavras e todos meus pensamentos estavam dentro ou fora dos princípios do programa. Não podia mais me ocultar atrás da auto-racionalização, nem atrás da insanidade de minha doença. A única linha de ação aberta, se eu quisesse conseguir uma vida alegre para mim (e também para aqueles a quem amo), seria aquela na qual impusesse a mim mesmo um esforço de compromisso, disciplina e responsabilidade.

PROCURANDO A ESTABILIDADE EMOCIONAL

Ao desenvolvermos mais ainda, descobrimos que o próprio Deus, sem dúvida, é a melhor fonte de estabilidade emocional. Descobrimos que a dependência de Sua absoluta justiça, de Seu perdão e amor era saudável, e que funcionaria quando tudo o mais fracassasse. Se realmente dependêssemos de Deus, seria difícil para nós bancarmos o deus perante nossos semelhantes, e nem sentiríamos a necessidade de nos apoiarmos totalmente na proteção e no cuidado dos outros.

Durante toda a minha vida, dependi das pessoas para minhas necessidades emocionais e de segurança, mas hoje não posso mais viver desta maneira. Pela graça de Deus admiti minha impotência perante pessoas, lugares e coisas. Tinha sido realmente “um

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dependente de pessoas”: onde quer que fosse precisava haver alguém que prestasse alguma atenção a mim.Era o tipo de atitude que somente piorava as coisas, porque quanto mais dependia dos outros e exigia atenção, menos recebia.Parei de acreditar que qualquer poder humano poderia me libertar desse sentimento vazio. Embora permaneça um frágil ser humano que precisa praticar os Passo de A. A. para colocar este princípio acima da personalidade, é somente um Deus amoroso quem pode me dar a paz interior e a estabilidade emocional.

TRAZENDO A MENSAGEM PARA O LAR

Somos capazes de tratar os nosso familiares, já bastante perturbados, com o mesmo espírito de amor e tolerância com que tratamos nossos companheiros do Grupo de A. A.?

Os membros de minha família sofrem os efeitos de minha doença. Amá-los e aceitá-los como eles são – como amo e aceito os membros de A. A. – provoca um retorno de amor, tolerância e harmonia para a minha vida. Usar de cortesia normal e respeitar os limites pessoais dos outros, são práticas necessárias em todos os aspectos de minha vida.

LIBERDADE DO MEDO

Quando, pela graça divina, chegamos a aceitar o nosso destino, compreendemos que podíamos, intimamente, viver em paz e mostrar aos que ainda sofriam do mesmo medo, que eles também poderiam superá-lo. Descobrimos que a libertação do medo era mais importante do que a da penúria.

Valores materiais guiaram minha vida por muitos anos, durante meu alcoolismo ativo. Acreditava que o total de minhas posses me faria feliz, apesar de continuar sentindo-me falido após tê-las conseguido. Assim que vim para A. A. pela primeira vez, descobri uma nova maneira de viver. Como resultado de aprender a confiar nos outros, comecei a acreditar num Poder Superior a mim. Ter fé me libertou da escravidão do ego. Quando os ganhos materiais foram substituídos pelas dádivas de espírito, minha vida tornou-se controlável. Então escolhi compartilhar minhas experiências com outros alcoólicos.

PASSOS “SUGERDIOS”

Nosso Décimo Segundo Passo também diz que, como resultado da prática de todos os Passos, cada um de nós foi descobrindo algo que se pode chamar de “despertar espiritual”... O meio de que A. A. dispõe em nosso preparo para a recepção desta dádiva está na prática dos Doze Passos de nosso programa.

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Eu lembro da resposta do meu padrinho quando falei que os Passos eram “sugeridos”. Ele replicou que eles são “sugeridos” da mesma maneira que, se você saltar de um avião com um pára-quedas, é “sugerido” que você puxe a corda para abri-lo e salvar a sua vida. Ele mostrou-me que era “sugerido” que eu praticasse os Doze Passos se quisesse salvar a minha vida. Assim eu tento me lembrar diariamente que tenho todo um programa de recuperação, baseado em todos os Doze Passos “sugeridos”.

SERENIDADE

Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos...

À medida que continuei indo às reuniões e praticando os Passos, algo começou a me acontecer. Me sentia confuso porque não estava seguro do que estava sentindo, e então percebi que estava sentindo serenidade. Era uma sensação agradável mas, de onde vinha? Então percebi que ela tinha vindo “... como resultado destes Passos”.O programa pode não ser sempre fácil de praticar, mas precisei reconhecer que minha serenidade veio após praticar os Passos. Quando pratico os Passos em tudo que faço e os aplico em todos os meus negócios, descubro que estou acordado para Deus, para os outros e para mim mesmo. O despertar espiritual que desfruto como resultado de trabalhar os Passos, é a consciência de que eu não estou mais sozinho.

EM TODAS AS NOSSAS ATIVIDADES

... procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades.

Eu acho que é fácil transmitir a mensagem de recuperação para os outros alcoólicos, porque me ajuda a manter-me sóbrio e me dá uma sensação de bem estar a respeito de minha própria recuperação.A parte difícil é praticar estes princípios em todas as minhas atividades. É importante que eu compartilhe os benefícios que recebo de a. A., especialmente em casa. A minha família não merece a mesma paciência, tolerância e compreensão que dou tão generosamente para o alcoólico?Quando revejo o meu dia, tento perguntar: “Tive a chance de ser um amigo hoje e a perdi?”, “Tive chance de estar por cima de uma situação desagradável e a evitei?”Tive uma chance de dizer: sinto muito e me recusei?”Da mesma forma que peço a Deus que me ajude com meu alcoolismo a cada dia, peço que me ajude a ampliar minha recuperação para incluir todas as situações e todas as pessoas!

UM NOVO ESTADO DE CONSCIÊNCIA

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A dádiva recebida consiste em um novo estado de consciência e uma nova maneira de ser.

Muito de nós em A. A. quebramos a cabeça a respeito do que é um despertar espiritual. Eu tendia a procurar por um milagre, algo dramático e que sacudisse a terra. Mas o que normalmente acontece é uma sensação de bem estar, um sentimento de paz que nos transforma para um novo nível de percepção. Foi isso que aconteceu comigo. Minha insanidade e confusão interiores desapareceram e entrei numa nova dimensão de esperança, amor e paz. Penso que o grau em que continuo a experimentar esta nova dimensão está em proporção direta à sinceridade, intensidade e devoção com que pratico os Doze Passos de A. A.

QUANDO AS COISAS VÃO MAL

Ao desenvolvermo-nos mais ainda, descobrimos que o próprio Deus, , sem dúvida é a melhor fonte de estabilidade emocional. Descobrimos que a dependência de Sua absoluta justiça, perdão e amor era algo saudável e que funcionaria quando tudo o mais fracassasse. Se realmente dependêssemos de Deus, nos seria difícil bancar Deus perante nossos semelhantes e nem sentiríamos a necessidade de nos apoiar totalmente na proteção e no cuidado humano.

A minha experiência tem sido que, quando todos os recursos humanos parecem ter fracassado, há sempre Um que nunca me desampara. Além disso, Ele está sempre ali para compartilhar minha alegria, guiar-me para o caminho certo e para confiar-me a Ele quando nada mais resta. Enquanto que meu bem estar e felicidade podem ser aumentados ou diminuídos pelos esforços humanos, somente Deus pode fornecer a alimentação amorosa da qual depende minha saúde espiritual diária.

VERDADEIRA AMBIÇÃO

Estávamos enganados com a verdadeira ambição; ela é o profundo e sadio desejo de viver uma vida útil e caminhar humildemente, por mercê de Deus.

Durante meus anos de bebedeiras, minha única preocupação era a de que meus amigos me tivessem em alto conceito. Minha ambição em tudo que fazia era para ter o poder de ficar no topo. Meu interior continuava me dizendo alguma coisa, mas eu não podia aceitá-la. Nem sequer permitia perceber que continuamente usava uma máscara. Finalmente quando a máscara caiu e eu gritei para o único Deus que podia conceber; a Irmandade de A. A., Meu Grupo e os Doze Passos estavam lá. Aprendi como mudar ressentimentos em aceitação, medo em esperança e raiva em amor. Aprendi também amar sem abrir expectativas, compartilhando minhas preocupações e

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cuidados por meus companheiros para que cada dia possa ser alegre e proveitoso.Eu começo e termino meu dia agradecendo a Deus, que tão generosamente derrama Suas graças sobre mim.

O AMOR QUE NÃO TEM PREÇO

Quando conseguimos ver o Décimo Segundo Passo no conjunto de todas as sua implicações, estamos na verdade falando de um tipo de amor que não tem preço.

Para começar a praticar o Décimo Segundo Passo, precisei trabalhar em minha sinceridade e honestidade, e aprender a agir com humildade. Transmitir a mensagem é uma dádiva de mim mesmo, não importa quantos anos de sobriedade tenha acumulado. Meus sonhos podem tornar-se realidade.Reforço minha sobriedade compartilhando o que recebi de graça. Quando olho para trás, naquele tempo em que comecei minha recuperação, já havia uma semente de esperança de que poderia ajudar outro alcoólico a sair do seu lamaçal. Meu desejo de ajudar outro alcoólico é a chave para minha saúde espiritual. Mas nunca esqueço que Deus age através de mim. Sou somente Seu instrumento.Mesmo quando a outra pessoa não está pronta, existe sucesso, porque meu esforço em seu beneficio ajuda-me a ficar sóbrio e a me tornar mias forte. Agir, nunca ficar cansado no trabalho do Décimo Segundo Passo, é a chave. Se sou capaz de rir hoje, não posso esquecer aqueles dias em que chorava. Deus me lembra que posso sentir compaixão!

TRANSMITINDO A MENSAGEM

E agora o que diremos do Décimo Segundo Passo? A maravilhosa energia que dele se desprende e a entusiástica transmissão de nossa mensagem ao alcoólico ainda sofredor e que, finalmente, transforma os Doze Passos em sublime orientação para todas as nossas atividades, é o pagamento, a magnífica realidade de Alcoólicos Anônimos.

Renunciar ao mundo do alcoolismo não é abandoná-lo, mas agir sobre princípios que venho a amar e tratar com carinho, e devolver aos outros, que ainda sofrem, a serenidade que conheci. Quando estou realmente empenhado neste propósito, pouco importa que roupas uso ou como vivo. Minhas tarefa é transmitir a mensagem e liderar pelo exemplo, não por projetos.

AS RECOMPENSAS DE DAR

Isto de fato é dar, nada pedindo. Ele não espera qualquer paga ou amor por parte de seu companheiro. E então

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descobre que, pelo paradoxo divino contido nesta maneira de dar. Já recebeu a sua própria recompensa, não importando se seu irmão foi ajudado ou não.

Pela experiência com o trabalho do Décimo Segundo Passo, vim a compreender as recompensas de dar, nada pedindo de volta. No início eu esperava a recuperação dos outros, mas logo aprendi que isto não acontece. Uma vez tendo alcançado a humildade para aceitar que cada abordagem não vai resultar em um sucesso, então estou aberto para receber as recompensas de dar, sem o egoísmo do retorno.

RECUPERAÇÃO, UNIDADE, SERVIÇO

Nosso Décimo Segundo Passo – transmitir a mensagem – é o serviço básico que a Irmandade de A. A. faz: este é o nosso principal objetivo e a principal razão de nossa existência.

Agradeço a Deus por aqueles que vieram antes de mim, aqueles que me falaram para não esquecer dos Três Legados: Recuperação, Unidade, Serviço. No meu Grupo base, os Três Legados estão descritos num letreiro que diz: “Tome um banco de três pernas, tente equilibrá-lo somente em uma perna ou em duas. Nossos Três Legados devem manter-se intactos. Na Recuperação nós conseguimos ficar sóbrios juntos; na Unidade trabalhamos juntos para o bem de nossos Passos e Tradições; e através do Serviço nós damos aos outros, de graça, o que nos foi dado”.Uma das principais dádivas em minha vida tem sido saber que eu não terei mensagem para dar a menos que me recupere em Unidade com os princípios de A .A.

ACEITANDO O SUCESSO OU O FRACASSO

Além do mais, como podemos nos ajudar à derrota ou ao êxito aparentes? Podemos aceitar e nos adaptar a ambos sem desespero ou orgulho? Chegaremos a aceitar a pobreza, a doença, a solidão e consternação com coragem e serenidade? Podemos nos contentar de verdade com as menores, embora duradouras, satisfações, quando nos são negadas as mais brilhantes e gloriosas realizações?

Após encontrar A. A. e parar de beber, levou um tempo antes que entendesse porque o Primeiro Passo contém duas partes: minha impotência perante o álcool e a perda do controle da minha vida. Da mesma maneira, acreditei por muito tempo que para estar em sintonia com os Doze Passos bastava que “transmitisse esta mensagem para os alcoólicos”. Isso era apressar as coisas. Eu tinha esquecido que existiam Doze Passos e que o Décimo Segundo Passo também tem mais do que uma parte. Aos poucos aprendi que era necessário para mim “praticar estes princípios” em todas as áreas de

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minha vida. Trabalhando todos os Passos completamente, não somente permaneço sóbrio e ajudo alguém mais a alcançar a sobriedade, mas também transformo minhas dificuldades com a vida em alegria de viver.

A ALEGRIA DE VIVER

Portanto, a alegria de viver bem é o tema do décimo Segundo Passo.

A. A. é um programa alegre. Mesmo assim, às vezes resisto a tomar os Passos necessários para seguir adiante, e me encontro resistindo às próprias ações que me levariam à alegria que tanto desejo. Eu não resistiria se estas ações não tocassem algum aspecto vulnerável de minha vida, uma área que precisa de esperança e satisfação.Repetidas experiências de alegria tendem a suavizar as duras arestas exteriores do meu ego. Ai repousa o poder da alegria para ajudar todos os membros de A. A.

(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 55-243-244-269-344-345-346-348-349-350-352-353-363-366-369-372)

DÉCIMO SEGUNDO PASSO – TRABALHO

GRATIDÃO PROGRESSIVA

A gratidão deve ir para frente, nunca para trás.

Eu sou grato ao meu Poder Superior por ter-me dado uma segunda chance para viver uma vida digna.Através de Alcoólicos Anônimos recuperei minha sanidade. As promessas estão sendo cumpridas em minha vida. Sou grato por estar livre da escravidão do álcool. Sou grato pela paz de espírito e a oportunidade de crescer, mas minha gratidão deve ir para frente, nunca para trás. Não posso ficar sóbrio nas reuniões de ontem ou abordagens passadas. Preciso colocar minha gratidão em ação hoje.Nosso co-fundador dizia que a melhor maneira de demonstrar nossa gratidão é levar a mensagem para outros. Sem ação a minha gratidão é apenas uma emoção agradável. Preciso colocá-la em ação praticando o décimo Segundo Passo, transmitindo a mensagem e praticando os princípios em todos os meus assuntos. Sou grato por transmitir a mensagem hoje.

DISPOSIÇÃO PARA SERVIR AOS OUTROS

... nossa Sociedade tem concluído que existe apenas uma única e elevada missão: levar a mensagem de A. A. para aqueles que não sabem haver uma saída.

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A “Luz para a liberdade” brilha alegre sobre meus companheiros alcoólicos quando cada um de nós desafia o outro para crescer. Os “Passos” para o aperfeiçoamento de si mesmo têm início pequeno, mas cada Passo é um degrau a mais na escada que vai desde o abismo do desespero para uma nova esperança. Honestidade torna-se minha “ferramenta” para me soltar das “cadeias” que me escravizam. Um padrinho, que é um ouvinte atencioso, pode me ajudar a ouvir verdadeiramente a mensagem que me guiará para a liberdade.Peço a Deus coragem para viver de maneira que a Irmandade possa testemunhar Seus favores. Esta missão me liberta para compartilhar minhas dádivas de bem-estar através de uma disposição de espírito para servir aos outros.

UM “FILÃO INESGOTÁVEL”

Como garimpeiros famintos, depois de apertar o cinturão com a barriga vazia, encontramos ouro. A alegria que sentimos aos sermos libertos de uma vida de frustrações era ilimitada. Papai pensa que encontrou algo melhor do que ouro. Por algum tempo poderá querer guardar o tesouro para si mesmo. Poderá não perceber, de início, que apenas tocou a superfície de uma mina infinita, que só pagara dividendos se a explorar para o resto da vida e insistir em doar aos outros toda a produção.

Quando converso com um ingressante em A. A., meu passado me olha diretamente no rosto. Vejo a dor naqueles olhos cheios de esperança, estendo minha mão e então o milagre acontece: fico aliviado. Meus problemas desaparecem quando estendo a mão para essa alma trêmula.

COMPARTILHAR TOTAL

A única coisa que importa é o fato de ser ele um alcoólico que encontrou a chave da sobriedade. Esses legados de sofrimento e reabilitação são facilmente transmissíveis entre os alcoólicos, passando de indivíduo para indivíduo.Trata-se de nossa dádiva divina, e cuidar que ela seja também conferida a outros como nós é o único objetivo que hoje em dia move os Aas em todo o mundo.

A força de Alcoólicos Anônimos repousa no desejo de cada membro e de cada Grupo em todo os mundo, de compartilhar com outros alcoólicos seus sofrimentos e os Passos tomados para ganhar e manter a recuperação. Mantendo um contato consciente com meu Poder Superior, fico certo de que sempre nutro meu desejo de ajudar outros alcoólicos, garantindo assim a comunidade da maravilhosa fraternidade de Alcoólicos Anônimos.

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EM TODAS AS NOSSAS ATIVIDADES

... procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades.

Eu acho que é fácil transmitir a mensagem de recuperação para outros alcoólicos, porque me ajuda a manter-me sóbrio e me dá uma sensação de bem-estar a respeito de minha própria recuperação.A parte difícil é praticar estes princípios em todas as minhas atividades. É importante que eu compartilhe os benefícios que recebo de A. A., especialmente em casa. A minha família não merece a mesma paciência, tolerância e compreensão que dou tão generosamente para o alcoólico?Quando revejo o meu dia, tento perguntar: “Tive a chance de ser um amigo hoje e a perdi? “, “Tive chance de estar por cima de uma situação desagradável e a evitei?”, “Tive uma chance de dizer: sinto muito-e me recusei?”.Da mesma forma que peço a Deus que me ajude com meu alcoolismo a cada dia, peço que me ajude a ampliar minha recuperação para incluir todas as situações e todas as pessoas!

UM NOVO ESTADO DE CONSCIÊNCIA

A dádiva recebida consiste em um novo estado de consciência e uma nova maneira de ser.

Muitos de nós em A. A. quebramos a cabeça a respeito do que é um despertar espiritual. Eu tendia a procurar por um milagre, algo dramático e que sacudisse a terra. Mas o que normalmente acontece é uma sensação de bem-estar, um sentimento de paz que nos transforma para um novo nível de percepção. Foi isso que aconteceu comigo. Minha insanidade e confusão interiores desapareceram e entrei numa nova dimensão de esperança, amor e paz. Penso que o grau em que continuo a experimentar esta nova dimensão está em proporção direta à sinceridade, intensidade e devoção com que pratico os Doze Passos de A. A.

TRANSMITINDO A MENSAGEM

E agora o que diremos do Décimo Segundo Passo? A maravilhosa energia que dele se desprendi e a entusiástica transmissão de nossa mensagem ao alcoólico ainda sofredor e que, finalmente, transforma os Doze Passos em sublime orientação para todas as nossas atividades, é o pagamento, a magnífica realidade de Alcoólicos Anônimos.

Renunciar ao mundo do alcoolismo não é abandoná-lo, mas agir sobre princípios que venho a amar e tratar com carinho, e devolver aos outros, que ainda sofrem, a serenidade que conheci. Quando estou realmente empenhado neste propósito, pouco importa que roupas

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uso ou como vivo. Minha tarefa é transmitir a mensagem e liderar pelo exemplo, não por projetos.

UMA SOLUÇÃO COMUMO fator primordial para cada um de nós é que encontramos uma solução. Temos uma saída a respeito da qual todos concordamos plenamente e em virtude da qual nos solidarizamos em harmoniosa e amigável fraternidade. Essa é a grande mensagem que este livro oferece a todos que sofrem de alcoolismo.

O trabalho de maior alcance do Décimo Segundo Passo, foi a publicação de nosso Livro Azul: Alcoólicos Anônimos.Poucos podem igualar este livro na transmissão da mensagem.Minha idéia é sair de mim mesmo e simplesmente fazer o que posso. Mesmo se não me chamarem para padrinho e meu telefone tocar poucas vezes, sou capaz de fazer o trabalho do Décimo Segundo Passo. Eu me envolvo numa “ação fraterna e harmoniosa”. Nas reuniões chego cedo para cumprimentar as pessoas, ajuda a arrumar, compartilho e minha experiência, força e esperança. Também faço o que posso com o legado de serviço. Meu Poder Superior me dá exatamente o que Ele deseja que eu faça a cada etapa de minha recuperação e, se lhe permitir, minha disposição irá trazer o Décimo Segundo Passo automaticamente.

PENSANDO NOS OUTROS

Nossas próprias vidas, como ex-bebedores problema, dependem de nossa constante preocupação com o próximo e da maneira em que possamos ser-lhe úteis.

Pensar nos outros nunca foi uma coisa fácil para mim.Mesmo quando tento praticar o programa de A. A. sou propenso a pensar: “Como me sinto hoje? Estou feliz, alegre e livre?”O programa me diz que meus pensamentos devem alcançar aqueles que estão à minha volta: “Este novato deseja alguém com quem falar?”, “Esta pessoa parece um pouco infeliz hoje, talvez eu possa animá-la”. É somente quando esqueço meus problemas e me esforço para contribuir com alguma coisa para os outros, que posso começar a alcançar a serenidade e consciência de Deus que procuro.

ESTENDENDO A MÃO

Nunca assuma, junto a um alcoólico, superioridade moral ou espiritual; simplesmente, abra a caixa de ferramentas espirituais para que ele as examine. Mostre-lhe como funcionaram a seu favor.

Quando entro em contato com um ingressante, tenho uma tendência de olhá-lo do meu ponto de vista de sucesso em A. A.?

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Eu o comparo com o grande número de conhecidos que fiz na Irmandade? Mostro-lhe de uma maneira professoral a voz de A. A.? Qual é a minha verdadeira atitude para com ele?Devo me examinar quando encontrar um novato, para ter certeza de que estou transmitindo a mensagem com simplicidade, humildade e generosidade. Aquele que ainda sofre da doença do alcoolismo deve achar em mim um amigo que o ajudará a conseguir conhecer a maneira de viver de A. A., porque eu tive um amigo assim quando cheguei. Hoje é minha vez de estender minha mão com amor para minha irmã ou irmão alcoólico e mostrar-lhes o caminho da felicidade.

FAZENDO TUDO PARA AJUDAR

Ofereça-lhe (ao alcoólico) amizade e camaradagem. Diga-lhe que se quiser parar de beber, fará tudo para ajudá-lo.

Eu lembro como fui atraído pelos dois homens de A. A. que me abordaram. Eles disseram que eu poderia ter o que eles tinham, sem nenhuma condição vinculada, que tudo que eu tinha de fazer era me unir a eles na estrada da recuperação. Quando começo a convencer um novato a fazer as coisas da minha maneira, esqueço como foram prestativos aqueles dois homens para comigo, com a sua generosidade e mente aberta.

PARCEIROS NA RECUPERAÇÃO

... não há nada melhor, para assegurar nossa imunidade contra a bebida, do que o trabalho intensivo com outros, alcoólicos... Ambos, você e o novo homem, devem andar passo a passo no caminho do progresso espiritual... Siga os ditames de um Poder Superior e brevemente estará vivendo num novo e maravilhoso mundo, não importa qual seja sua situação atual.

Fazer as coisas certas pelas razões certas – esta é a minha maneira de controlar meu egoísmo e meu auto centrismo. Percebo que minha dependência de um Poder Superior limpa o caminho para a paz de espírito, a felicidade e a sobriedade.Rezo todo dia para evitar minhas antigas ações, a fim de que eu seja de utilidade para os outros.

UMA RECOMPENSA SEM PREÇO

... trabalho intensivo com outros alcoólicos... Quando outras atividades fracassam, esta funciona.

“A sua vida terá um novo sentido”, como diz o livro azul (pg.89). Esta promessa tem-me ajudado a evitar o egoísmo e a auto piedade. Presenciar outros crescerem neste programa maravilhoso, vê-los

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melhorando a qualidade de suas vidas, é uma recompensa sem preço do meu esforço em prol dos outros.O auto-exame é ainda outra recompensa de uma recuperação progressiva, assim como o são a serenidade, a paz e o contentamento. A energia proveniente de ver outros irem sendo bem sucedidos, e da partilha com eles das alegrias da jornada, dá um novo sentido à minha vida.

HONESTIDADE COM OS PRINCIPIANTES

Conte-lhe exatamente o que aconteceu a você. Frise sem reservas o fator espiritual.

A maravilha de A. A. é que somente falo o que aconteceu comigo. Não desperdiço tempo oferecendo conselhos ao novato em potencial, pois se conselho funcionasse, ninguém iria para A. A. Tudo que preciso fazer é mostrar o que trouxe a mim a sobriedade e o que mudou na minha vida. Se falho em acentuar as características espirituais do programa de A. A., Estou sendo desonesto.Não se deve dar uma falsa impressão de sobriedade ao ingresante. Estou sóbrio somente pela graça de meu Poder Superior, e isto torna possível que eu compartilhe com os outros.

COMPREENDENDO A DOENÇA

Ao tratar com um alcoólico você poderá ter um sentimento normal de aborrecimento por um homem ser tão fraco, grosseiro e irresponsável. Mesmo que compreenda melhor a doença, poderá surgir este sentimento.

Tendo sofrido de alcoolismo, eu deveria entender a doença, mas às vezes sinto aborrecimento e até mesmo desprezo por uma pessoa que não consegue ir bem em A. A. Quando me sinto desta maneira, satisfaço meu falso sendo de superioridade e devo lembrar que, se não fosse pela graça de Deus, lá estaria eu.

AS RECOMPENSAS DE DAR

Isto de fato é dar; nada pedindo. Ele não espera qualquer paga ou amor por parte de seu companheiro. E então descobre que, pelo paradoxo divino contido nesta maneira de dar. Já recebeu a sua própria recompensa, não importando se seu irmão foi ajudado ou não.

Pela experiência com o trabalho do décimo Segundo Passo, vim a compreender as recompensas de dar, nada pedindo de volta. No início eu esperava a recuperação dos outros, mas logo aprendi que isto não acontece. Uma vez tendo alcançado a humildade para aceitar que cada abordagem não vai resultar em sucesso, então estou aberto para receber as recompensas de dar, sem o egoísmo do retorno.

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ESCUTE, COMPARTILHE E REZE

Quando tentar ajudar um homem e sua família, deve ter o cuidado de não participar de suas alterações. Se o fizer poderá estragar a oportunidade de ser-lhes útil.

Quando tento ajudar um companheiro alcoólico, sinto um impulso de dar conselhos, e talvez isto seja inevitável. Mas, dando aos outros o direito de estarem errados, permitimos que eles colham seus próprios benefícios. O melhor que posso fazer e parece mais fácil do que é na prática – é ouvir, compartilhar experiência pessoal e rezar pelos outros.

ACEITANDO O SUCESSO OU O FRACASSO

Além do mais, como podemos nos ajudar à derrota ou ao êxito aparentes? Podemos aceitar e nos adaptar a ambos sem desespero ou orgulho? Chegaremos a aceitar a pobreza, a doença, a solidão e consternação com coragem e serenidade? Podemos nos contentar de verdade com as menores, embora duradouras, satisfações, quando nos são negadas as mais brilhantes e gloriosas realizações?

Após encontrar A. A. e parar de beber, levou um tempo antes que entendesse porque o Primeiro Passo contém duas partes: minha impotência perante o álcool e a perda do controle da minha vida. Da mesma maneira, acreditei por muito tempo que para estar em sintonia com os Doze Passos bastava que “transmitisse esta mensagem para os alcoólicos”. Isso era apressar as coisas. Eu tinha esquecido que existiam Doze Passos e que o décimo Segundo Passo também tem mais do que uma parte. Aos poucos aprendi que era necessário para mim “praticar estes princípios” em todas as área de minha vida. Trabalhando todos os Passos completamente,não somente permaneço sóbrio e ajudo alguém mais a alcançar a sobriedade, mas também transformo minhas dificuldades com a vida em alegria de viver.

(Fonte: Reflexões Diárias - paginas: 154-160-274-309-346-348-353-355-356-357-358-359-360-361-362-363-364-369)

OS DOZE PASSOS

A PEDRA ANGULAR

Ele é o Pai e nós somos os seus filhos. Na maioria das vezes, as boas idéias são simples, e este conceito passou a ser a

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pedra angular do novo arco do triunfo, através do qual passamos à liberdade.

A pedra angular é a peça cunhada na parte mais alta de um arco que prende as outras peças no lugar. As “outras peças” são os Passos Um, Dois e Quatro até o Décimo Segundo.Neste sentido isto soa como se o Terceiro Passo, fosse o Passo mais importante, que os outros onze dependem do Terceiro para suporte. Na realidade porém, o Terceiro Passo é apenas um dos doze. Ele é a pedra angular, mas em as outras onze pedras para construir a base e os lados, com ou sem a pedra angular, simplesmente não haverá arco. Através do trabalho diário de todos os Doze Passos, encontro este arco do triunfo esperando que eu passe através dele para outro dia de liberdade.

... E PERDOAMOS

Com muita dificuldade tenho procurado sempre perdoar as outras pessoas e a mim mesmo.

Perdoar a sim mesmo e perdoar aos outros são duas correntes do mesmo rio, ambas retardadas ou interceptadas completamente pela represa do ressentimento. Uma vez que a represa é aberta, ambas as correntes podem fluir. Os Passos de A. A. Permitem-me ver como o ressentimento cresceu e em consequência bloqueou esse fluxo em minha vida. Os Passos fornecem uma maneira pela qual meus ressentimentos podem ser dispersados – pela graça de Deus como eu O entendo. É como resultado desta solução que posso achar a graça necessária que me dá condições de perdoar a mim mesmo e aos outros.

LIBERDADE PARA SER EU MESMO

Se trabalharmos com afinco nesta fase de nosso desenvolvimento, ficaremos surpreendidos antes de chegar à metade do caminho. Vamos conhecer uma nova liberdade e uma nova felicidade.

Minha primeira verdadeira liberdade é a liberdade de não precisar beber hoje. Se realmente desejá-la, praticarei os Doze Passos, e através deles me chegará a felicidade desta liberdade – às vezes rapidamente, outras vezes lentamente. Seguir-se-ão outras liberdades, e fazer seu inventário será nova alegria. Tive uma nova liberdade hoje, a liberdade de ser eu mesmo. Tenho a liberdade de ser melhor do que jamais fui.

O CAMINHO ASCENDENTE

Eis os Passos que demos...

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Estas são as palavras introdutórias aos Doze Passos. Na simplicidade direta elas deixam de lado todas as considerações psicológicas e filosóficas sobre a virtude dos Passos. Eles descrevem o que fiz: pratiquei os Passos e o resultado foi a sobriedade. Estas palavras não implicam em que eu deva caminhar pela estrada trilhada pelo que vieram antes. Ao invés disso mostram que existe uma maneira de ficar sóbrio, e que é um caminho que eu preciso encontrar. É um caminho novo que leva para a luz infinita no topo da montanha. Os Passos me aconselham sobre os apoios que são seguros e os abismos a evitar. Eles me fornecem as ferramentas de que preciso durante grande parte da jornada solitária de minha alma. Quando falo desta jornada, compartilho minha experiência, força e esperança com os outros.

UMA IRMANDADE DE LIBERDADE

... Se os homens tivessem garantido liberdade absoluta e não fossem obrigados a obedecer a ninguém, eles então voluntariamente se associariam a um interesse comum...

Quando eu não vivo mais sob o comando do outro ou do álcool, vivo uma nova liberdade. Quando me liberto do passado e de todo excesso de bagagem que tenho carregado por tanto tempo, eu venho a conhecer a liberdade. Fui introduzido numa vida e numa Irmandade de liberdade. Os Passos são uma maneira “sugerida” de encontrar uma nova vida, não existem ordem nem comandos em A. A., sou livre para servir pelo desejo e não por decreto. Há o entendimento de que serei beneficiado com o crescimento dos outros membros, e o que aprendo compartilho com o Grupo. O “bem-estar comum” encontra espaço para crescer na sociedade da liberdade pessoal.

O MELHOR PARA HOJE

Os princípios expostos são guias para o progresso.

Tal como o escultor usa ferramentas diferentes para alcançar os efeitos desejados ao criar uma obra de arte, em Alcoólicos Anônimos os Doze Passos são usados para produzir resultados em minha própria vida. Não sou esmagado com os problemas da vida e nem a quantidade de trabalho que está por vir.Me sinto confortado em saber que minha vida agora está nas mãos de meu Poder superior, um mestre artífice que está moldando cada parte de minha vida numa única obra de arte.Trabalhando meu programa posso me dar por satisfeito, sabendo que “fazendo o melhor que podemos, por hoje, estamos fazendo tudo o que Deus nos pede”.

UNIDOS VENCEREMOS OU PERECEREMOS

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... nenhuma associação de homens e mulheres teve em tempo algum, uma necessidade mais premente de contínua eficiência e permanente união. Nós, alcoólicos, percebemos que precisamos trabalhar conjuntamente e permanecer unidos, do contrário a maioria de nós acabará por morrer, Cada um sozinho em seu canto.

Tal como os Doze Passos de A. A. foram escritos numa seqüência específica por uma razão, assim também é com as Doze Tradições. O Primeiro Passo e a Primeira Tradição tentam inculcar em mim suficiente humildade para me dar uma chance de sobrevivência. Juntos são a base sobre a qual os Passos e Tradições que se seguem são construídos. É um processo de deflação do ego que me permite crescer, como indivíduo através dos Passos, e como membro participante de um Grupo através das Tradições. Aceitação total da Primeira Tradição me dá condições de deixar de lado as ambições pessoais, medos e raiva quando eles estão em conflito com o bem-estar comum, permitindo-me assim trabalhar com os outros por nossa sobrevivência mútua. Sem a Primeira Tradição, fico com pouca chance de manter a unidade exigida para trabalhar com os outros, eficazmente, e também posso perder as demais Tradições, a Irmandade e a minha vida.

PASSOS “SUGERIDOS”

Nosso Décimo Segundo Passo também diz que, como resultado da prática de todos os Passos, cada um de nós foi descobrindo algo que se pode chamar de “despertar espiritual”... O meio de que A. A. dispõe em nosso preparo para a recepção desta dádiva está na prática dos Doze Passos de nosso programa.

Eu lembro da resposta do meu padrinho quando lhe falei que os Passos eram “sugeridos”. Ele replicou que eles são “sugeridos” da mesma maneira que se você saltar um avião com um pára-quedas, é “sugerido” que você puxe a corda para abri-lo e salvar a sua vida. Ele mostrou-me que era “sugerido” que eu praticasse os Doze Passos se quisesse salvar a minha vida. Assim eu tento me lembrar diariamente que tenho todo um programa de recuperação, baseado em todos os Doze Passos “sugeridos”.

ACEITANDO O SUCESSO OU O FRACASSO

Além do mais, como podemos nos ajustar à derrota ou ao êxito aparentes? Podemos aceitar e nos adaptar a ambos sem desespero ou orgulho? Chegaremos a aceitar a pobreza, a doença, a solidão e consternação com coragem e serenidade? Podemos nos contentar de verdade com as menores, embora duradouras, satisfações, quando nos são negadas as mais brilhantes e gloriosas realizações?

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Após encontrar A. A. e parar de beber, levou um tempo antes que entendesse porque o Primeiro Passo contém duas partes: minha impotência perante o álcool e a perda do controle da minha vida. Da mesma maneira, acreditei por muito tempo que para estar em sintonia com os Doze Passos bastava que “transmitisse esta mensagem para os alcoólicos”. Isso era apressar as coisas. Eu tinha esquecido que existiam Doze Passos e que o Décimo Segundo Passo também tem mais do que uma parte. Aos poucos aprendi que era necessário para mim “praticar estes princípios” em todas as área de minha vida. Trabalhando todos os Passos completamente, não somente permaneço sóbrio e ajudo alguém mais a alcançar a sobriedade, mas também transformo minhas dificuldades com a vida em alegria de viver.

(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 82-146-147-162-178-191-268-344-369)

Os Doze Passos têm em si a força necessária para transformar nossa maneira de viver, devido ao grande conteúdo espiritual que contêm.

No PRIMEIRO PASSO ao admitirmos que éramos impotentes perante o álcool, que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas, reconhecemos a nossa fraqueza, não só com a bebida alcoólica, mas também nas pequenas atitudes do dia-a-dia. Uma vez que estamos nos propondo a mudar radicalmente de comportamento, é necessário quebrar nosso orgulho pessoal, aceitando conscientemente nossos defeitos de caráter, ter vontade sincera de mudar e a partir daí vamos iniciar uma nova qualidade de vida.

No SEGUNDO PASSO pedimos apoio a alguém que acreditamos que podia nos ajudar.

No TERCEIRO PASSO entregamos nossa vida nas mãos de Deus, da forma como o concebíamos, para que nos desse força e coragem para mudarmos nossa forma de viver.

Estes três primeiros Passos são direcionados ao Poder Superior. A partir do Quarto Passo já sentimos uma força interior que nos permite separar o joio do trigo.

O QUARTO PASSO pede-nos um inventário da nossa vida: como está a nossa casa? Vamos verificar que está cheia de sujeira, muito entulho para remover para fora, acumulado no passado durante nossa vida.

O QUINTO PASSO nos convida a vomitar toda a sujeira que está dentro das nossas emoções, dando início à limpeza em nossa casa.

O SEXTO PASSO mostra a nossa fragilidade, e pedimos ao Poder

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Superior forças e coragem para completar a limpeza em nossa alma.

No SÉTIMO PASSO pedimos a Deus para manter nossa casa limpa.

O OITAVO e NONO PASSOS nos convidam a devolver às outras pessoas o prejuízo que lhes causamos, tanto material como emocional, quando isso era possível.

Por fim chegamos ao DÉCIMO PASSO que é uma continuação do Oitavo e Nono Passos, só que agora, com a mente aberta, podemos compreender melhor o seu significado; com o esvaziamento do Ego, adquirimos diversas virtudes a que chamamos de Dádivas de Deus. Entre elas podemos enunciar serenidade, humildade,honestidade, tolerância e fé, porém uma nova fé que funciona, não aquela fé religiosa que pensávamos que tínhamos e que não funcionou quando apelamos paraela, quando do nosso alcoolismo. Recebemos também, acima de tudo, uma nova consciência de Deus, através de nossa concepção pura, simples, sem preconceito ou medo.

Não devemos nos preocupar com o passado assim como não devemos nos preocupar com o futuro, porque ainda não chegou, devemos concentrar nossa vida no presente.E é no presente que vamos reciclar as coisas do passado, sem dúvida preparar um futuro melhor.

O Décimo Passo oferece-nos a compreensão de uma qualidade de vida melhor. Já sabemos separar o certo do errado.Temos condição de pedir perdão quando erramos e podemos aceitar o perdão e perdoar também; para podermos ter a mente aberta, foi preciso termos o despertar espiritual. Podemos manter a serenidade e o equilíbrio emocional, no nosso dia-a-dia.Somos conscientes que todas as coisas que a vida nos oferece não nos pertencem, pois tudo que existe, não só na Terra mas no Universo, pertencem a Deus. Nós somos administradores depositários desses bens para manifestar a Sua vontade, em nosso benefício e de nossos irmãos.Depois de moldarmos e adaptarmos este Passo à nossa vida, como um modo de aprendizagem, estamos sim atrás do aperfeiçoamento e não da perfeição.

No DÉCIMO PRIMEIRO PASSO vamos entrar em contato direto com Deus,através da prece e da meditação. A partir deste momento desperta em nosso coração uma grande vontade de viver, servindo de uma forma consciente às inspirações que nos chegam pela prece e meditação.A nossa vida mudou completamente. ..Sentimos a presença de Deus se manifestando no nosso dia-a-dia, em nossas atitudes.. Uma consciência despertada nos permite um melhor relacionamento com esse Poder Superior, a todo momento e onde estivermos.

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Podemos aplicar duas formas de oração: a primeira é aquela que ao sair do coração espontaneamente, vai a Deus; não tem fórmulas específicas, mas é mais sincera, temos um dialogo franco.A segunda, que não deixa de ter o mesmo valor, é a prece que aprendemos para rezar em conjunto com outras pessoas. EMBORA SEJA DECORADA.SERVE DE MODELO PARA TODOS E QUANDO EM COMUNIDADE, NOSSA VOZ SE JUNTA A TODAS AS OUTRAS, NOSSO PENSAMENTO DEVE ESTAR EM SINTONIA COM O PODER SUPERIOR e desta forma receberemos suas bênçãos.A meditação é algo ainda mais sublime pois através dela nos colocamos em plena sintonia com Deus.Dever ser feita num lugar onde o silêncio seja a nossa companhia,libertando da nossa mente os pensamentos ali existentes, assim como nossas emoções, permitindo dessa forma criar uma harmonia total, física, emocional e mental, para sentirmos a presença de Deus dentro de nós.

Após uma longa viagem de aprendizado e mudanças em nossas atitudes,chegamos por fim ao DÉCIMO SEGUNDO PASSO, que nos coloca em plena harmonia com Deus. Levar a mensagem ao alcoólico que ainda sofre é a função principal da Irmandade de Alcoólicos Anônimos. Envolvidos espiritualmente nos Passos,adquirimos o conhecimento necessário para que a mensagem alcance o recém-chegado de maneira correta.

Aqueles que vivem espiritualmente OS DOZE PASSOS sabem da felicidade e da alegria que é a presença de um recém-chegado à sua primeira vez. Aceitando-o plenamente, não notar nele suas vestes amarrotadas, sua barba por fazer, a higiene comprometida, o seu comportamento alcoólico e o cheiro do seu último trago. Sentiremos uma grande felicidade ao estender a mão, colocando-nos à disposição para transmitir nossas experiências recebidas do Poder Superioratravés dos Doze Passos.

OS DOZE PASSOS são uma fonte inesgotável de espiritualidade onde se apóia nossa Irmandade, sugeridos a seus membros para uma renovação total de suas vidas, libertando-os não só do álcool, mas também da angústia e sofrimento,permitindo-lhe o reencontro com Deus.

COLOCADOS EM PRÁTICA, A RIQUEZA ESPIRITUAL CONTIDA NOS DOZE PASSOS É TÃO GRANDE, QUE TEMOS DIVERSOS AMIGOS NÃO ALCOÓLICOS QUE SE TÊM BENEFICIADO NO CRESCIMENTO ESPIRITUAL DE SUAS VIDAS, PRATICANDO OS DOZE PASSOS.

Fernando Luiz Ribeiro Souza – Custódio não - alcoólico

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