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Os Druidas e o Génio Celta

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extracto da obra

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TítuloOs Druidas e o Génio Celta

Título originalLe Génie Celtique et le Monde Invisible (Livro I) &Les Druides et les Dieux Celtiques à Forme d'Animaux (Livro II)

AutoresLéon Denis & Henri D'Arbois de Jubainville

Director EditorialEduardo Amarante

CoordenaçãoDulce Leal Abalada

TradutorAlberto Figueiredo (Livro I)Eduardo Amarante (Livro II)

RevisãoIsabel Nunes

Grafismo, Paginação e Arte finalDiv'Almeida Atelier Gráficowww.divalmeida.com/atelier

Ilustração e Técnica da capaGabriela Marques da CostaArte Digital / Assemblage DigitalO Druidismo Celta – [email protected] www.gabrielamarquescosta.wordpress.comwww.facebook.com/home.php?#!/pages/Gabriela-Marques-da-Costa/134735599901538

+351 915960299

Impressão e AcabamentoEspaço Gráfico, Lda.www.espacografico.pt

DistribuiçãoCESODILIVROSGrupo Coimbra Editora, [email protected]

1ª edição – Janeiro 2011

ISBN 978-989-8447-05-0Depósito Legal

©Apeiron Edições

Reservados todos os direitos de reprodução, total ou parcial, por qualquer meio, seja mecânico, electrónico ou fotográfico sem a prévia autorização do editor.

Projecto Apeiron, Lda.www.projectoapeiron.blogspot.comapeiron.edicoes@gmail.comPortimão - Algarve

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apeirone d i ç õ e s

Léon DenisHenri d'Arbois de Jubainville

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A LINGUAGEM SIMBÓLICA DAS ILUSTRAÇÕES DEOS DRUIDAS E O GÉNIO CELTA

Gabriela Marques da Costa (a pintora)

Quando se pensa em realizar uma capa com a temática dos druidas e dos celtas, o que salta logo à imagina-ção é a cor verde, pois imagina-se as paisagens verdes com o orvalho da manhã, as clareiras dos bosques, os recantos onde as ervas medicinais eram apanhadas, o cheiro a terra hú-mida, o som do balançar dos ramos ao vento, entre outros sentidos des-pontados pela beleza verdejante.

O Druida por si só representa toda a sabedoria ancestral que lhe era pas-sada por boca e que era secreta. Re-presenta o conselheiro espiritual, o fi-lósofo, o contador de histórias, o mé-dico, o adivinho e até mesmo o exem-plo a seguir por todo o povo celta que o respeitava.

O punhal que este tem junto ao peito é uma boline, pois é o instru-mento de corte que acompanha sem-pre o Druida aquando da apanha das ervas mágicas. Contudo este punhal, para mim representa tanto a boline como o athame, pois o Druida tem-no encostado ao peito, símbolo do sen-timento puro.

O athame não possui nenhum uso de corte; apenas é usado para direc-cionar energias num ritual. O olhar do

druida é um olhar de experiência e ao mesmo tempo de conver-sação bilateral com os elementais da natureza. Isso salienta-se no sopro da sílfide direccionado ao druida, simbolizando por parte do elemental a doação de intuição, discernimento e inteligência.

As ondinas estão representadas na água, no alguidar mágico; as salamandras no fogo que crepita, no fogo que faz ferver os lí-

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Pintura de Gabriela Marques da CostaCapa e Contracapa

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quidos mágicos, no fogo da chama espiritual. A dríade que é uma fêmea humanóide de aparência lenhosa encontra-se camuflada, e em cima do cromeleque representa a força da vida vegetal do planeta; as árvores são a sua morada, nomeadamente os carva-lhos. Estes encontram-se representados em toda a capa, sim-bolizando o conhecimento antigo, o respeito, e de certo modo es-tão directamente ligados aos druidas pelo paralelismo do conheci-mento antigo.

O cromeleque em marca de água representa Stonehenge, que naquele tempo era como o santuário mais mariano dos nossos dias. Este, na imagem, está como que a circunscrever o culto lu-nar representado, neste caso, pela Mãe Tríplice.

A Mãe Tríplice é um dos elementos mais importantes para a cultura Celta e para o Druidismo. Esta representa em específico as fases da lua (que na cultura eram apenas três; a lua nova era ignorada). Assim, estas três fases da lua representavam, acima de tudo, a Deusa Mãe dos Celtas, mediante as três fases da vida: A donzela - o crescente lunar, virginal e delicado; A mãe - a Lua Cheia, com seu ventre inchado de vida; e a anciã - a Lua em Quarto Minguante, sábia e poderosa, que desaparece na noite es-cura da morte.

À frente do alguidar mágico tem o símbolo da triqueta, que pode parecer um pleonasmo já com a existência do símbolo da Mãe Tríplice, mas não são propriamente iguais.

A triqueta também representa os três aspectos da Grande Mãe, a energia criadora do universo, cujas três faces são a Vir-gem, a Mãe e a Anciã. Mas esta representa também as estações do ano, que antigamente eram divididas em três fases: Primavera, Verão e Inverno. Este símbolo da tríplice é utilizado desde um tempo anterior a 700 anos a.C. Representa também o solo da terra - o mundo; o Céu - o mundo dos Deuses; e o mar - o mun-do dos mortos.

A anciã celta que aparece a mostrar o fogo nas suas mãos representa o respeito do homem pela mulher naquela cultura. Na antiga sociedade celta, o feminino tinha uma posição central. As mulheres eram vistas como o aspecto vivo da criação. Seus ciclos, para a cosmologia céltica, estavam ligados ao universo e às suas energias, estando conectados de forma simbólica e prática, de acordo com o ciclo menstrual, ao processo da vida, morte e re-nascimento dos seres vivos.

A hera que cai pelos ombros da anciã celta de cabelos ruivos representa as plantas medicinais. O nome hera significa “grande senhora”; a planta em si significa fertilidade.

Finalizando, falta-me falar de um pequeno apontamento muito

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importante para esta cultura que vivia e venerava a Mãe Natu-reza. O Green Man é um antigo símbolo celta que com o passar dos tempos passou a um símbolo pré-cristão encontrado gravado na madeira e na pedra de templos e sepulturas pagãs, de igrejas e de catedrais medievais, e usado como ícone arquitectural da Era Vitoriana, numa área que se estende desde a Irlanda até ao Leste da Rússia. Este representa o mestre da colheita e de toda a Natureza cultivada. Simboliza o dominador da vida e do cresci-mento das plantas, desempenhando vários papéis, principalmente o de Filho e Amante da Deusa.

Outros elementos suplementares de interpretação (Dulce Leal Abalada)

Quando se fala de Druidas e Celtas salta naturalmente à nos-sa mente cenários de bosques sagrados, de florestas densas e frondosas, prenhes de húmida seiva vivificante, envoltas em té-nues mantos nebulosos de tons cristalinos e diáfanos outorgando a este lugar uma magia muito especial: o mistério da vida pu-lulante onde, nas folhagens vibrantes e coloridas pintadas de ver-de esperança, se oculta o maravilhoso mundo dos seres da natu-reza. O patrono desta beleza natural é Cernunnos, representado na parte superior da ilustração da capa, o deus da flora que es-tabelece a harmonia deste mundo e o protege dos olhares curio-sos dos humanos. Este guardião, semi-deus da floresta, é repre-sentado por uma face em forma de folha seca, envelhecida pelos tempos, com galhos em seu redor com os tons predominantes da flora envolvente que guarda. Esta moldura rendilhada de porme-nores celtas, em que vemos nós estilizados e entrelaçados em tri-quetas, símbolo da flor da vida, nas suas três fases, vida, morte e renascimento, transmite um ambiente profícuo celto-druídico.

Se atentarmos melhor na imagem notaremos que a forma circular da floresta é indelevelmente sobreposta por um crome-leque, Stonehenge, transmitindo a ideia da sacralidade do lugar onde se realizavam os cultos e as cerimónias dos sacerdotes drui-das.

Na ilustração vemos em grande plano um sacerdote druida no seu traje branco munido de um athame (forma de punhal) de cabo branco (boline), símbolo do poder masculino (o falo) asso-ciado a outro poder feminino presente, o útero, representado pelo “caldeirão mágico”, onde consta a triqueta inscrita no círculo, símbolo do universo incriado, conferindo a esta imagem um signi-ficado mais amplo, pois com a presença da mulher trajada de branco portando o fogo em suas mãos e ao pescoço e cabeça co-

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lares de vegetação, simboliza a vida manifestada no mundo tridi-mensional: a Grande Mãe, deusa lunar, personificação das três fases lunares (similar à representação das moiras do pensamento grego que teciam o fio da vida: o nascimento, a vida e a morte). Nesta ilustração damo-nos conta da presença dos quatro ele-mentos da Terra: em baixo o elemento Fogo, a salamandra que rege este elemento; em cima o elemento Ar (representado por uma face que exala o sopro, o vento; os silfos); do outro lado o ser elemental da natureza, representando a Terra, os duendes e gno-mos e, por último, a água representada pela ondina dentro do caldeirão.

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ÍNDICE

Intróito- Benção e Preces celtas e druidas

LIVRO IO GÉNIO CELTA E O MUNDO INVISÍVELLéon Denis

Introdução

PRIMEIRA PARTE - Os países celtas

Capítulo IA origem dos celtas. A guerra dos gauleses. A decadência e a queda. A longa noite; o despertar. O movimento pancelta

Capítulo IIA Irlanda

Capítulo IIIO País de Gales. A Escócia. A obra dos bardos

Capítulo IVA Bretanha francesa. Lembranças druídicas

Capítulo VA Auvergne. Vercingétorix, Gergovie e Alésia

Capítulo VIA Lorraine e os Vosges. Joana d'Arc, alma celta

SEGUNDA PARTE - O Druidismo

Capítulo VIISíntese dos druidas. As Tríades; objeções e comentários

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Capítulo VIIIPalingénese: preexistências e vidas suces-sivas. A lei das reencarnações

Capítulo IXReligião dos celtas, o culto, os sacrifícios, a ideia da morte

Capítulo XConsiderações políticas e sociais. Papel da mulher. A influência celta. As artes. Liber-dade e livre-arbítrio

Conclusão

LIVRO IIOS DRUIDAS E OS DEUSES CELTAS SOB FORMA DE ANIMAISHenri d'Arbois de Jubainville

Prefácio

Advertência

PRIMEIRA PARTE - OS DRUIDAS

Capítulo IOs Druidas comparados aos Gutuatri e aos Uâtîs

Capítulo IIOs Druidas foram na sua origem uma ins-tituição goidélica

Capítulo IIIQual a diferença entre os Goidélicos e os Gauleses?

Capítulo IVA Conquista da Grã-Bretanha pelos Gaule-ses e a introdução do Druidismo na Gália

Capítulo VProvas linguísticas da conquista da Grã- -Bretanha pelos Gauleses

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Primeira ParteOs nomes de povos encontrados no Con-tinente

Capítulo VIProvas linguísticas da conquista da Grã- -Bretanha pelos Gauleses

Segunda ParteO p na Grã-Bretanha nos nomes de outros povos além dos Parisii, de homens e de lugares

1. Os Picti2. Os Epidii3. Os Eppillos4. Os Petuarios5. Os Pennocrucium6. Os Maponi

Capítulo VIIProvas linguísticas da conquista da Grã-Bretanha pelos Gauleses

Terceira ParteNomes de cidades, de estações romanas e de cursos de água que encontramos tanto na Grã-Bretanha quanto no continente gaulês

Capítulo VIIIProvas linguísticas da conquista da Grã- -Bretanha pelos Gauleses

Quarta ParteO Rei belga e o gaulês Commios na Grã- -Bretanha. Os Belgas são os Gauleses

Capítulo IXOs Druidas na Gália independente durante a guerra empreendida por Júlio César

Capítulo XOs Druidas na Gália sob o Império Romano

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Capítulo XIOs Druidas na Grã-Bretanha fora do Império Romano e quando o Império Romano teve o seu fim

Capítulo XIIOs Druidas na Irlanda

Capítulo XIIIEram monges os Druidas da Irlanda?

Capítulo XIVO Ensinamento dos Druidas. A Imortalidade da Alma

Capítulo XVA Metempsicose na Irlanda

SEGUNDA PARTE - OS DEUSES CELTAS SOB FORMA DE ANIMAIS

Capítulo INoções gerais

Capítulo IIOs Deuses que tomam a forma de animais na literatura épica da Irlanda

1. O Rapto das Vacas de RegamainNota

2. A Geração dos Dois Porqueiros2.1 Os Dois Porqueiros2.2 Os Dois Corvos2.3 As Duas Focas ou Baleias2.4 Os Dois Campeões2.5 Os Dois Fantasmas2.6 Os Dois Vermes2.7 Os Dois Touros3. Comentário

ApêndiceJúlio César e a Geografia

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Intróito

Os Druidas formavam a classe de sacerdotes entre os celtas e os

pré-celtas e eram tidos como intermediários entre os homens e os deuses, exercendo as funções de sacerdotes, magos, juízes e ins-

trutores. O nome, dru-(u)id, significa ―o muito Sábio‖, embora o

historiador romano Plínio o Velho tenha relacionado a etimologia da

palavra com o grego draj, ―carvalho‖, certamente pela importância que esta árvore tinha nos cultos druídicos.

Para além das questões religiosas, estes ―homens Sábios‖ desem-

penhavam também o papel de conservar por tradição oral o patri-mónio histórico, cultural e religioso ancestral. A sua crença principal

era a imortalidade do ser. Entre os conhecimentos transmitidos de

forma oral e esotérica pelos druidas contam-se os relativos à magia, ao uso de ervas, águas medicinais e a determinação dos dias fastos e

nefastos.

Segundo a maioria dos estudiosos, os druidas não tinham livros

sagrados, transmitindo a sua doutrina e a sua sabedoria de forma oral, se bem que na segunda metade do século XX tivesse sido

encontrado um texto de doze linhas de uma oração a uma divindade

desconhecida, inscrita numa prancha de chumbo, perto de Cler-mont-Ferrand, em França. Anos depois, próximo de Aveyron, tam-

bém em França, descobriu-se o chamado Chumbo de Larzac, de 57

linhas, onde estava inscrita uma mensagem ao além túmulo que devia ser transportada por uma druidesa defunta, fazendo-nos

recordar o Livro dos Mortos e os ritos fúnebres egípcios.

Importa aqui referir o Calendário de Coligny, encontrado nos

finais do século XIX, gravado numa prancha de bronze com um metro e meio de comprimento por 80 centímetros de largura, im-

portante testemunho dos profundos conhecimentos astronómicos

dos druidas da Gália. Uma das principais fontes históricas para o conhecimento das

actividades dos druidas é o tratado De Bello Gallico (Da Guerra das Gálias), de Júlio César, onde afirma que os druidas constituíam uma

espécie de casta de iniciados que deviam receber uma formação esotérica, muito rigorosa e prolongada, nas Ilhas Britânicas. O mes-

mo César assinala, igualmente, que os druidas tinham a incum-

bência de presidir às cerimónias religiosas, estendendo as suas funções ao domínio politico e judicial.

Segundo César, o druida era um homem considerado Sábio,

conhecedor dos segredos da astronomia, da geografia e da natureza, ostentando um enorme prestígio dentro da sua comunidade.

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A autoridade do druida sobrepunha-se muitas vezes à autoridade

real, uma vez que a palavra definitiva era sempre a sua e, nas

eleições, era o druida quem regulamentava e orientava tão impor-

tante escrutínio. Para além de desempenhar a função de juiz le-gislador e penal, o druida podia exercer em muitas ocasiões o papel

de árbitro de qualquer questão política ou conflito interno que

acontecesse dentro da comunidade, e até mesmo de mediador entre várias comunidades.

Há testemunhos, ainda que escassos, sobre a existência de

druidesas. O historiador romano Pompónio Mela localizou em Sena, junto ao mar da Mancha, uma comunidade formada por nove sa-

cerdotisas femininas, virgens semelhantes às pitonisas gregas, voca-

cionadas em profetizar não só o futuro e realizar curas mágicas, como também em provocar tempestades. Os ritos realizados pelas

freiras do convento irlandês de Kildare, que mantinham um fogo

perpétuo em honra de Santa Brígica, cristianização de uma antiga

divindade pré-celta, são, provavelmente, reminiscências destes cultos druídicos femininos.

Bênção e Preces Celtas e Druidas

A GRANDE PRECE DRUÍDICA

Dá-nos, ó Deus, o Teu apoio. E com Teu apoio, a Força.

E com a Força, a Compreensão.

E com a Compreensão, a Ciência. E com a Ciência do que é Justo, o Poder de

Amar.

E com o Poder de Amar, o Amor de todas as coisas viventes.

E no Amor de todas as coisas viventes, o

AMOR DE DEUS. DE DEUS E DE TODA BONDADE.

AWEN

A PRECE CELTA

Que jamais, em tempo algum, o teu coração

acalente ódio. Que o canto da maturidade jamais asfixie a

tua criança interior.

Que o teu sorriso seja sempre verdadeiro.

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Que as perdas do teu caminho sejam sempre

encaradas como lições de vida.

Que a música seja a tua companhia nos mo-

mentos secretos de ti mesmo. Que os teus momentos de amor contenham a

magia da tua alma eterna em cada beijo.

Que os teus olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada amanhecer.

Que cada dia seja um novo recomeço, onde a

tua alma dance na luz. Que em cada passo que dês fiquem marcas

luminosas da tua passagem em cada coração.

Que em cada amigo o teu coração leve ale-gria, que celebre o canto da amizade profun-

da que liga as almas.

Que nos teus momentos de solidão e cansaço,

esteja sempre presente no teu coração a lem-brança de que tudo passa e se transforma,

quando a alma é grande e generosa...

BENÇÃO DRUIDA

Que o caminho seja brando a teus pés

Que o vento sopre leve nos teus ombros. Que o sol brilhe cálido sobre o teu rosto.

Que as chuvas caiam serenas nos teus

campos, E até que eu te veja de novo,

Que os Senhores te guardem nas palmas

das Suas mãos.

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LIVRO IO GÉNIO CELTA E O MUNDO INVISÍVEL

Léon Denis

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Introdução

No meio da crise em que vivemos, o pensamento inquieta-se e

interroga-se; ele pesquisa as causas profundas do mal que atinge a

nossa vida social, política, económica e moral.

As correntes de ideias, de sentimentos e de interesses chocam- -se brutalmente, e dos seus choques resulta um estado de pertur-

bação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e

se traduz pela incapacidade de se encontrar o remédio. Parece que a França perdeu a consciência de si própria, da sua

origem, do seu génio e do seu papel no mundo. Enquanto as outras

raças, mais realistas, procuram um objectivo mais preciso e deter-

minado por ser mais material, a França sempre hesitou, ao longo da sua história, entre duas concepções opostas. E assim se explica

o carácter intermitente da sua acção.

Ora diz-se celta, e então apela para esse espírito de liberdade, de rectidão e de justiça que caracteriza a alma da Gália. É à

intervenção desta, ao despertar do seu génio, que é preciso atribuir

a instituição das comunas da Idade Média e a obra da Revolução; ora se crê latina, e então reaparecem todas as formas de opressão

monárquica ou teocrática, a centralização burocrática e administra-

tiva, mimitizada dos romanos, com as habilidades, os subterfúgios da sua política e dos seus vícios, a corrupção dos povos envelhe-

cidos.

Acrescentai, para além destas concepções, a indiferença das

massas, a ignorância das tradições, a perda de todo o ideal. É às alternâncias dessas duas correntes que é preciso atribuir a osci-

lação do pensamento francês, os desníveis, as bruscas reviravoltas

da sua acção através da história. Para reencontrar a unidade moral, a sua própria consciência, o

sentido profundo do seu papel e do seu destino, isto é, tudo o que

torna as nações fortes, bastaria à França eliminar as teorias erra-das, os sofismas pelos quais tem falseado o seu julgamento, obscu-

recido o seu caminho, e voltar à sua própria natureza, às suas ori-

gens étnicas, ao seu génio primitivo, numa palavra, à tradição celta, enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.

A França é celta, não há qualquer dúvida sobre este ponto. Os

nossos mais eminentes historiadores atestam tal facto, e com eles

inúmeros escritores e pensadores, entre os quais os dois Thierry, Henri Martin, J. Michelet, Edgar Quinet, Jean Reynaud, Renan,

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Emile Faguet e muitos outros. Se somos latinos, dizem eles, pela

educação e pela cultura, somos celtas pelo sangue, pela raça.

D’Arbois de Jubainville sempre nos repetiu, tanto nos seus cur-

sos no Colégio de França, como nos seus livros: “Há 90% de sangue gaulês nas veias dos franceses.”

Com efeito, se estudarmos a história, veremos que, após a que-da do império, os romanos, em massa, ultrapassaram os Alpes e

estabeleceram-se muito pouco na Gália. As invasões germânicas

passaram como trombas d’água sobre o nosso país; somente os francos, os visigodos e os burgúndios se fixaram aqui por muito

tempo para se fundirem com os elementos autóctones. Além do

mais, os francos não eram senão trinta e oito mil, enquanto a Gália contava cerca de cinquenta milhões de habitantes.

Pode-se questionar como é que uma vasta terra pôde ser con-

quistada com tão fracos meios. Essa questão é-nos explicada por

Ed. Haraucourt, da Academia Francesa, num artigo substancial, publicado na revista La Lumière, de 15 de Janeiro de 1926, de que

trataremos mais adiante.

Todos aqueles que guardaram no coração a lembrança das nos-sas origens desejam evocar as glórias e os reveses desta raça

inquieta, aventureira, que é a nossa, em vez de recordarem as

desgraças e as experiências que lhe atraíram tantas simpatias. A todas essas páginas célebres, escritas sobre esse assunto, eu não

teria sonhado em acrescentar seja o que for, se não tivesse tido um

elemento novo a oferecer ao leitor para elucidar o problema das

nossas origens: a ajuda do mundo invisível. Allan Kardec viveu na Gália, no tempo da independência, e foi

druida. O dólmen que, por sua vontade, se eleva sobre o seu tú-

mulo no Cemitério Père-Lachaise, tem ali um sentido preciso. A doutrina de Allan Kardec coincide, nas suas grandes linhas, com o

Druidismo e constitui um retorno às nossas verdadeiras tradições

étnicas, amplificadas pelo progresso do pensamento e da ciência e confirmadas pelas vozes do Espaço. Essa revelação marca uma das

fases mais altas da evolução humana, uma era fecunda de pene-

tração do invisível no visível, a participação de dois mundos numa obra grandiosa de educação moral e de refundação social.

Sob esse ponto de vista, as suas consequências são incalculá-

veis. Ela oferece ao conhecimento um campo de estudos sem limites

sobre a vida universal. Pelo encadeamento das nossas existências sucessivas e a solidariedade que as une, ela torna mais clara e

rigorosa a noção dos deveres e das responsabilidades. Mostra que a

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justiça não é uma palavra vã e que a ordem e a harmonia reinam

no Cosmos.

A que devo atribuir este grande favor de ter sido ajudado, ins-

pirado, dirigido pelos espíritos dos grandes celtas do espaço? Na vida actual, com 18 anos, li O Livro dos Espíritos, de Allan

Kardec, e tive a intuição irresistível da verdade. Parecia ouvir vozes

longínquas ou anteriores que me diziam mil coisas esquecidas. Todo um passado ressuscitava com uma intensidade quase dolo-

rosa. E tudo o que vi, observei, aprendi, desde então, só veio confir-

mar essa primeira impressão. Este livro pode, então, ser considerado, em grande parte, como

uma emanação desse Além, para onde irei retornar em breve. A

todos aqueles que o lerem, possa este livro levar uma radiação do

nosso pensamento e da nossa fé comum, um raio do Alto que for-tifica as consciências, consola as aflições e eleva as almas para esta

fonte eterna de toda verdade, de toda sabedoria e de todo amor, que

é Deus.

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PRIMEIRA PARTE – OS PAÍSES CELTAS

A origem dos celtas. A guerra dos gauleses. A decadência e a

queda. A longa noite; o despertar. O movimento pancelta

Nos primeiros vislumbres da História, encontramos os celtas

estabelecidos em boa parte da Europa. De onde vieram? Qual o seu

lugar de origem? Certos historiadores colocam o berço da sua raça nas montanhas de Taurus, no centro da Ásia Menor, nas vizi-

nhanças dos caldeus. Quando a população aumentou, teriam

transposto o Ponto Euxino (Mar Negro) e penetrado até ao coração da Europa. Mas, nos nossos dias, essa teoria parece ter caído em

desuso, acontecendo o mesmo com a hipótese dos arianos.

Camille Jullian, do Colégio de França, na sua obra mais recente, Histoire de la Gaule, contenta-se em fixar entre 600 e 800 a.C. a

chegada à Gália dos kymris, ramo mais moderno dos celtas. Teriam

vindo, crê-se, da foz do rio Elba e das costas da Jutlândia, na

sequência de um forte maremoto, que os obrigou a emigrar em direcção ao sul.

Chegados à Gália, encontraram um ramo mais antigo dos celtas,

os gaélicos, que aí se encontravam desde há muito tempo e que eram de estatura menor, geralmente morenos, enquanto que os

kymris eram altos e louros. Essas diferenças são ainda sensíveis na

Armórica, onde as costas do oceano, no Morbihan, são povoadas de

homens pequenos e morenos, misturados com elementos estran-geiros, atlantes ou bascos, que se fundiram com as populações pri-

mitivas, enquanto nas Costas do Norte (Côtes-du-Nord) ou na Man-

cha os habitantes eram de estatura mais alta, a que se vieram juntar os celta-bretões expulsos da grande ilha pelas invasões dos

anglo-saxões.

As considerações de C. Jullian acham-se confirmadas pelo parentesco das línguas celtas e germânicas, semelhantes na sua

estrutura, nos sons guturais, no abuso de letras duras como o K, o

W, etc.