28
Pró-Reitoria de Graduação Curso de Comunicação Social Trabalho de Conclusão de Curso OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível. (Memorial Descritivo referente à intervenção realizada no Bloco K da Universidade Católica de Brasília) Autora: Rebeca Pinho de Alcântara Orientadora: Prof a . Ivany Câmara Neiva Brasília - DF 2013

OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

  • Upload
    buidat

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

Pró-Reitoria de Graduação

Curso de Comunicação Social

Trabalho de Conclusão de Curso

OS INVISÍVEIS

Memórias do meu eu, não mais invisível.

(Memorial Descritivo referente à intervenção realizada no Bloco K da

Universidade Católica de Brasília)

Autora: Rebeca Pinho de Alcântara

Orientadora: Prof a

. Ivany Câmara Neiva

Brasília - DF

2013

Page 2: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

REBECA PINHO DE ALCÂNTARA

OS INVISÍVEIS

Memórias do meu eu, não mais invisível.

(Memorial Descritivo referente à intervenção realizada no Bloco K da

Universidade Católica de Brasília)

Memorial Descritivo referente a

intervenção realizada no Bloco K da

Universidade Católica de Brasília, como

componente do Trabalho de Conclusão de

Curso de Comunicação Social, com

habilitação em Publicidade e Propaganda,

da Universidade Católica de Brasília,

realizado sob a orientação da professora

Ivany Câmara Neiva.

BRASÍLIA

2013

Page 3: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

Quando meu corpo e minha mente

se esgotavam, fazendo com que meus olhos

refletissem o meu cansaço, era você quem

estava ao meu lado. Com um abraço

apertado me acalmava e com poucas

palavras me fazia lembrar que aquilo seria

bem recompensado. Que a felicidade que

viria no final seria maior do que qualquer

outro sentimento. Mãe, essa conquista é pra

você.

Page 4: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

AGRADECIMENTOS

Alguém me explicou o porquê de as pessoas sempre agradecerem primeiramente

a Deus, o que antes, eu confesso, não achava necessário. Porém entendi que não faço

nada nesse mundo sem a permissão Dele. Acordei todos os dias porque ele quis que eu

acordasse. Arrumei tempo, disposição, mais sabedoria porque assim eu o solicitei e Ele

me concedeu. Por isso agradeço primeiramente a Deus por ter me dado dia após dia uma

nova manhã para que eu pudesse continuar a por em pratica meu projeto.

¹SENHOR, tu me sondas, e me conheces.

²Sabes quando me sento e quando me levanto;

de longe percebes os meus pensamentos.

³Sabes muito bem quando trabalho e quando

descanso; todos os meus caminhos são bem

conhecidos por ti.

Antes mesmo que a palavra me chegue à língua,

tu já a conheces inteiramente, SENHOR.

(Salmos, Cap. 139, vers.1- 4)

A minha orientadora Ivany Câmara Neiva, que com sua tranquilidade soube

acalmar a minha ansiedade e me direcionar sempre para o caminho certo, me

incentivando e acreditando que o meu trabalho seria uma boa ideia.

Aos meus pais novamente, Marcelo Campos de Alcântara e Isabel Cristina

Pinho de Alcântara, por sempre terem me apoiado e compreendido a minha ausência em

casa e em reuniões de família, com os meus horários corridos de trabalho e curso. O

sonho de vocês também se torna realidade com esse projeto: sua primeira filha formada.

Ao meu namorado por ter sido sempre tão atencioso e preocupado. Obrigada

pelos finais de semana de estudo ao invés de descanso. Obrigada pelas palavras de

apoio e pela paciência, que foi posta bastante em prática. Obrigada por sempre ter me

feito acreditar que tudo daria certo.

Aos meus dois chefes - Antônio Carlos Lemos Gouveia e Jeferson Alves Maciel

- e minha colega de trabalho Alília Almeida, por terem me apoiado muito para finalizar

meu curso e terem me ajudado com a maleabilidade de horário de trabalho.

A minha amiga Larah Cordeiro, por ter passado uma noite em claro comigo, me

ajudando na produção das fotos.

Em especial quero deixar meu muitíssimo obrigado pela participação, pela

atenção, pelo apoio, pelas conversas e por sempre terem sido tão simpáticas e receptivas

comigo: Jacira, Solange, Maria Francisca e Evanir, vocês abrilhantaram esse trabalho.

Sou grata por vocês terem feito parte desse processo tão importante na minha vida.

Quero dizer obrigada também ao Alessandro, que mesmo não tendo participado do

projeto por inteiro, também me recebeu com muita receptividade.

Page 5: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

Em uma sociedade organizada em torno dos

meios de comunicação, a distinção

fundamental está entre a atenção e a

ignorância; tudo reside na capacidade de

perceber e ser percebido. Não há nada pior

do que passar despercebido, invisível. A

própria existência parece incerta enquanto

não for confirmada através do olhar dos

outros.

(INNERARITY, 2012. p. 13)

Page 6: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

RESUMO

Este é o Memorial Descritivo referente ao projeto “Invisíveis - memórias do meu

eu, não mais invisível”, que se constituiu em uma intervenção feita no bloco K da

Universidade Católica de Brasília, tratando de pessoas que ali exercem funções de

limpeza e conservação. Aborda a relação de como as pessoas que exercem uma função

que não necessita de um nível superior se tornam invisíveis – por não serem “vistas” -

perante a sociedade. São abordados, em específico, funcionários de limpeza da

Universidade Católica de Brasília.

Palavras chave: Invisibilidade; intervenção; indiferença.

Page 7: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

ABSTRACT

This is the Descriptive Memorial referring to the project "Invisible - memories

of my self, no longer invisible",that was constituted in a intervention that took place on

block K of Universidade Católica de Brasília, talking about people who work cleaning

and maintening the campi. It addresses the relation of how people who play a role that

does not require a higher level become invisible - because they're not "seen" - before

society. It is addressed, in particular, cleaning staff at the Universidade Católica de

Brasilia.

Key words: Invisibility; intervention; indifference.

Page 8: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................. 1

APRESENTAÇÃO....................................................................................................... 3

1. OBJETIVO.................................................................................................... ....... 4

1.1. GERAL................................................................................................... ....... 4

1.2. EXPECÍFICO......................................................................................... ....... 5

INTERESSE PELO TEMA........................................................................................ 5

1. DESENVOLVIMENTO........................................................................................ 5

1.1. Atividades Realizadas...................................................................................... 5

1.2. Cronograma...................................................................................................... 6

1.3. Entrevistas........................................................................................................ 7

1.3.1. Jacira Barreto da Silva............................................................................ 7

1.3.2. Alessandro Aragão dos Santos............................................................... 8

1.3.3. Solange Rodrigues................................................................................. 8

1.3.4. Evanir da Silva Melo............................................................................... 9

1.3.5. Maria Francisca Coelho Sousa............................................................... 9

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................... 10

2.1. Produto............................................................................................................ 10

2.2. Intervenções da Intervenção.............................................................................. 10

2.3. Análise da pesquisa com os alunos................................................................. 11

2.3.1. Andressa Silva de Souza........................................................................ 12

2.3.2. Larissa Monteiro.................................................................................... 12

2.3.3. Herik Bianke.......................................................................................... 13

2.3.4. Larissa Neves......................................................................................... 14

2.3.5. Maria Rita.............................................................................................. 15

2.3.6. Susana Senna......................................................................................... 15

ORÇAMENTO........................................................................................................... 16

REFERÊNCIAS........................................................................................................... 17

APÊNDICES..................................................................................................................18

Page 9: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

1

INTRODUÇÃO

Final do semestre na Universidade, trabalho, problemas em casa, problemas com

os amigos, notícias ruins. Sabe aquele momento em que você deseja fugir do mundo?

Ter um pouco de paz, silêncio, sossego? Desligar telefones, computadores, televisões e

deixar a sua cabeça descansar por horas e por alguns instantes ficar: invisível! Realizar

esse desejo parece privilégio de poucos. Mas o que para você parece algo maravilhoso e

raro, para outros já virou uma rotina.

Ser invisível, ou seja, ser alguém que de maneira alguma é percebido, já se

tornou comum para pessoas que não possuem cargos ou status que sejam valorizados. E

essa invisibilidade surge por diversos fatores sociais, econômicos, históricos, dentre

outros. É muito comum, em escolas, vermos crianças e adolescentes sofrendo algum

tipo de humilhação social por outro jovem se achar superior, o que acaba prejudicando o

crescimento dessa criança. Pelo lado econômico, também é muito comum vermos uma

cultura social que cria necessidades por determinado objeto em um indivíduo, fazendo-o

acreditar que ele só será aceito ou valorizado em determinado grupo se tiver aquele

objeto; se não, será excluído e não terá reconhecimento social. O psicólogo Samuel

Gachet, em entrevista feita em 20071 (citada em artigo de José Frazão

2), diz que a

população de baixa renda é vista como um vasto mercado consumidor e essa é a sua

única forma de visibilidade.

A invisibilidade social vincula-se a ser ou não observado pelo grupo:

Uma sociedade seria um conjunto de pessoas que estabelecem entre si

relações de visibilidade em virtude das quais, por exemplo, uns

observam e outros são observados.

(INNERARITY, 2012 p.12)

Entre as pesquisas realizadas sobre o tema de invisibilidade no Brasil, Fernando

Braga da Costa, psicólogo da USP, é sempre a principal referência no assunto. Ainda na

graduação, em uma disciplina foi proposto que os alunos assumissem por pelo menos

um dia algum trabalho que estivesse diretamente ligado às classes mais pobres - pessoas

que não precisariam necessariamente de uma qualificação para que desenvolvessem

seus trabalhos. E com essa oportunidade, Fernando Costa foi mais além. Dedicou nove

anos da sua vida para estudar o cotidiano dos garis da Cidade Universitária da USP, em

São Paulo, não apenas pelo conhecimento acadêmico, mas vivenciando a experiência de

trabalhar ali como gari.

1 GACHET, Samuel. Entrevista em 24.06.2007. Blog Discutir Educação. Disponível em

http://discutireducacao.blogspot.com.br/2007/06/entrevista-samuel-gachet.html. Acesso em 14.11.2013. 2 FRAZÃO, José. Invisibilidade social: a outra face do preconceito. Web Artigos. Disponível em:

<http://www.webartigos.com/artigos/invisibilidade-social-a-outra-face-do-precoceito/31904/>. Acesso

em: 20 maio 2013.

José Frazão, formado em História pela Universidade Estadual de Santa Cruz – Ilhéus (BA), é professor da

rede pública de ensino, pós-graduado em História do Brasil pela mesma instituição e em Psicopedagogia

Institucional e Clínica pela Universidade do Espírito Santo.

Page 10: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

2

Em geral ainda havia aquela dúvida quanto ao por que aquele rapaz de uma

classe mais valorizada estar ali fazendo o mesmo trabalho que os garis. Para atravessar

essa barreira que ainda havia entre eles, Fernando assumiu comportamentos habituais

dos garis, e um dia tomou seu café em uma latinha cortada pela metade e suja (acabada

de ser tirada do lixo), no cotidiano intervalo em que os garis se reuniam para o

cafezinho. Esse gesto – conta ele - foi seu cartão de entrada ao grupo.

Quando enfim bebi o café, a ansiedade pareceu evaporar-se. Entre nós

instaurou-se uma espécie de relaxamento, Desde então, passamos a

conversar, ríamos muito, contávamos histórias, casos engraçados e

piadas, O “episódio da caneca” pareceu valer como uma prova de

integração ao grupo, um ritual de passagem para outro mundo.

(COSTA. 2008 p. 59)

Não só no livro de Fernando esse assunto de invisibilidade foi tratado.

Baseando-se nele e fazendo referência ao livro, Andréia Velloso discutiu o tema no

filme “O Homem Invisível”, no qual mostrava o dia-a-dia de três personagens que

também trabalham como garis. Aprofundando-se um pouco mais na vida de cada um

deles, Andréia soube quais são seus receios com a profissão e como, na opinião deles,

as pessoas veem aqueles profissionais. Todos os trabalhadores que foram entrevistados

no filme ressaltaram a importância que acreditam que essa profissão tenha para a

sociedade. O que aconteceria se todos eles por um dia parassem de trabalhar? “Para

trabalhar não se pode ter vergonha de fazer nada”. (PAULA 2008). Não é um trabalho

fácil, mas é necessário.

Tanto no livro quanto no filme, destaca-se que ver a vida que existe atrás

daquele profissional, a sua vida pessoal como um ser humano, é o que faz ser tão

importante e significativo abordar esse tema. Penso que ter necessidade de olhar para o

próximo como alguém semelhante é imprescindível. O que te faz diferente? O que te faz

melhor? Nenhuma posição social justifica que as pessoas sejam inferiorizadas ou

supervalorizadas – ou tratadas como “invisíveis”. No entanto, essa invisibilidade ocorre,

como lembra Fernando Costa:

Quanto menor o grau de qualificação exigido para executar aquela

tarefa, quanto mais braçal o trabalho, quanto menor o salário, mais

invisível se torna a pessoa.

(COSTA. Filme: O homem invisível, 2008)

É costume se ouvir alguém falando: “Vou jogar lixo no chão pra dar serviço ao

gari”. Para que, se a natureza mesma já faz esse trabalho? Plantas crescem e ao logo do

seu desenvolvimento fazem com que suas folhas, flores e frutos caiam no chão. Por que

não tratar as pessoas, na rua, com a mesma educação que se tem em casa ou em casa de

amigos? Não vemos um convidado jogando algo no chão da sua casa. Por que não

Page 11: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

3

podemos ter os mesmos hábitos na rua? Diz Daniel Casadio3: “Não interessa o tamanho

do papel, ele faz parte do problema também”.

Já tão acostumados a serem discriminados, para que não se sintam humilhados, a

atitude em relação a eles é fazer de conta que não existem. Evitar um contato. “Se eu

não olhar pra você, eu não vi que você não me viu” (COSTA. 2008). O maior

sofrimento de Fernando ao ter essa vivência como gari foi quando, ao vestir o uniforme

e passar entre seus colegas de curso, não foi notado. Ter se tornado alguém invisível.

Querer trazer novamente essa discussão ao ambiente universitário não é algo

fora da realidade. Considero que deve fazer parte de nosso compromisso enquanto

comunicadores conversar sobre o assunto e abrir os olhos das pessoas em geral para que

sejam mais atentas ao próprio ser humano. Especialmente na condição de publicitária,

considero que é compromisso meu, enquanto profissional e cidadã, tornar públicas as

situações de invisibilidade social. Na Universidade em que estudo, penso que não

somente seu amigo ou professor, mas os profissionais - quase anônimos - que cuidam

do ambiente e estão sempre ali zelando por algo de que você usufrui, fazem parte da sua

vida acadêmica e merecem sua atenção e seu respeito. Não é porque alguns de nós não

os vemos que eles não estão ali. Turnos de trabalho se iniciam quando já estamos – nós,

que trabalhamos durante o dia - desacelerando nossos organismos.

No fundo, todos sabem que são simples gestos ou frases que fazem a diferença.

Saber dizer um oi, boa tarde, tudo bem, não fará mal a ninguém, muito pelo contrário;

pode ser que, isso sim, faça a diferença no dia de alguém. E por que esse alguém não

pode ser esse trabalhador que sofre com esse tipo de invisibilidade?

APRESENTAÇÃO

O tema do meu trabalho de Projeto Experimental é a invisibilidade de

profissionais que desenvolvem trabalhos que não têm status na sociedade muito

valorizado. Muitas vezes, esses profissionais não são respeitados como deveriam.

Quanto mais tempo você tem, mais atividades você encontra para fazer, e isso faz com

que o seu dia a dia seja sempre atribulado e você acabe não prestando atenção nas

pequenas coisas ou nos pequenos detalhes. Porém mesmo pessoas que não possuem

uma vida muito agitada acabam esquecendo, ou até mesmo não fazem questão de

observar, esses pequenos detalhes. Quem deixa essas ruas limpas? Quem faz esses

desenhos no jardim? Quem arruma essa sala? Com toda a certeza, muita gente

atualmente não para e se faz essas perguntas, mas os trabalhadores responsáveis por

essas tarefas estão sempre lá, e provavelmente são aqueles pelos quais você passa toda

noite, ou todo dia, e a quem nem sequer dá um “boa noite” ou “bom dia”.

Com esses comentários e as descobertas de pesquisa tentei comunicar às pessoas

- o que fará uma ligação com meu atual curso de Publicidade e Propaganda -, a

importância desses trabalhadores, mostrando-os para a sociedade. O que eles fazem

3 VIDA DE GARI. Repórter Daniel Casadio. Programa Intruso. Youtube, 2008. Disponível em:

<http://www.youtube.com/watch?v=LU69cN8tZHM>. Acesso em: 01 jun. 2013.

Page 12: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

4

durante o seu período de trabalho é importante para essas pessoas e elas normalmente

não percebem.

Originalmente, a proposta do produto, que foi submetido à Banca de

Qualificação e que seria finalizado no Projeto Experimental II, seria uma intervenção

com fotos e frases de alguns funcionários da Católica, espalhados por escadas e

corredores do bloco K. A intenção era que as pessoas que circulam por aquele bloco

conhecessem – ou reconhecessem, ou percebessem - alguns dos funcionários que

trabalham na Católica e que se sensibilizassem quanto à existência e presença próxima

deles. Pretendi - pretendo - chamar atenção para questões de visibilidade e

invisibilidade, nesse caso em relação a funcionários de seu ambiente de trabalho;

pretendo despertar a atenção de quem passa pelas escadas e pelos corredores do bloco

em relação à atenção que esses funcionários merecem.

Houve uma conversa preliminar com o prefeito Jailson João Barbosa (que

começou a trabalhar na Universidade em cargo relacionado a serviços de manutenção).

É conhecido como “prefeito” por ter, como responsabilidade, a administração dos campi

da Católica. Inclusive, portanto, é responsável pela gestão dos serviços de limpeza e

conservação na Universidade e pela coordenação geral dos trabalhadores dessa área. A

partir disso surgiu uma proposta de ampliação do trabalho. O prefeito sugeriu que o

trabalho fosse feito em todos os blocos da Universidade, abrangendo praticamente todos

os funcionários da limpeza. Ele comentou que em 2009 foi feito um trabalho -“Heróis

da Madrugada”4 - com os funcionários da limpeza do bloco K, por um aluno da

Universidade. Jailson contou que os funcionários que trabalhavam no período noturno,

nesse bloco, tiveram o maior prazer em participar do projeto e que passaram a ter um

ânimo maior para continuarem trabalhando. Para que não houvesse, entre os

funcionários que trabalham em outros blocos, um sentimento de terem sido deixados de

lado, o “prefeito” sugeria a ampliação do estudo.

Por conta do meu trabalho e dos compromissos acadêmicos, foi levado em conta

que para esse projeto proposto por Jailson, necessitaria dispor de mais tempo para sua

execução. Com isso, o trabalho foi delimitado para os funcionários do bloco K.

Este é um projeto que teve embasamento na pesquisa feita por Fernando Braga

da Costa, autor do livro Homens Invisíveis. Eu, como outros autores, resolvemos seguir

a mesma linha de pesquisa em relação à invisibilidade de algumas pessoas. Com isso,

este trabalho é inicial e pode ter continuidade. Poderá servir de base para próximos

projetos na mesma linha ou até mesmo para pessoas que possam colocar em prática a

ideia inicial do prefeito Jailson.

1. OBJETIVO

1.1. GERAL

Realizar uma intervenção nas duas escadas, das laterais, na entrada do bloco K.

4 Leandro Quirino, aluno da Universidade Católica de Brasília, que realizou a reportagem “Heróis da

Madrugada” com os funcionários da limpeza do período noturno.

Page 13: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

5

1.2. ESPECÍFICO

O tema, ao final do Projeto Experimental I, ficou definido como Os Invisíveis. Já no

Projeto II, trabalho de conclusão de curso, foi acrescentado o subtítulo: “Memórias do

meu eu, não mais invisível”. A razão disso é que, ao final desse projeto, as pessoas

percebam ou reconheçam e valorizem esses profissionais que fazem parte do nosso dia a

dia.

Pretendo que a intervenção tenha sensibilizado as pessoas para pensarem mais nesse

assunto de invisibilidade de profissionais que merecem uma atenção maior – que

possam ser tratados por nós como iguais, como tratamos nossos amigos, professores,

familiares e qualquer um que tratamos com o devido respeito. A pesquisa feita com os

alunos, após a intervenção, serviu exatamente para obter um diagnóstico sobre qual foi a

sensação, o sentimento causado pela intervenção, ou se aquelas pessoas pelo menos

pararam para pensar no assunto.

INTERESSE PELO TEMA

Confesso que nunca tive ideia de trabalhar com esse assunto anteriormente, mas

em conversas com a minha atual orientadora nas aulas de Laboratório de Projetos em

Comunicação, surgiu esse assunto que fez me lembrar de fatos do dia a dia que me

incomodam bastante - como a falta de respeito de algumas pessoas com esses

trabalhadores. Lembro-me novamente da frase que já ouvi milhões de vezes: “Jogar o

lixo no chão para dar trabalho ao gari”. E a educação de jogar lixo no lixo? E o respeito

ao próximo? E o fato de que somos todos semelhantes? Ter ou não um trabalho que

pague melhor ou que viabilize uma posição social mais elevada não significa que você

terá o direito de tratar alguém mal ou agir de forma desrespeitosa com alguém que não

seja do mesmo nível social ou intelectual que você. Penso que até mesmo ignorar

pessoas pode ser considerado desrespeitoso.

Após o inicio do trabalho me dei conta de que até mesmo eu, que já era mais

atenta a esses assuntos, consegui perceber com mais detalhes as pessoas ao meu redor.

Em quem está nas ruas limpando, nos funcionários e em seus locais de trabalho.

As pessoas ao meu redor que conhecem ou passam a conhecer o objetivo do

trabalho, sempre comentam o quão interessante o acham. E me enchem de ideias de

como poderia ser desenvolvido ou o que poderia ser acrescentado. Isso me animou a

desenvolver e concluir o projeto, e me dá um desejo ainda maior de dar continuar a ele.

1. DESENVOLVIMENTO

1.1. Atividades Realizadas

A partir de fevereiro deste ano, houve encontros semanais entre mim e minha

orientadora, que resultaram na continuação do trabalho de delimitação do tema a ser

abordado, já que estávamos com uma preocupação em garantir a viabilidade do Projeto

(levando em conta meu horário reduzido para seu desenvolvimento).

Page 14: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

6

Entrei em contato com o prefeito Jailson, no dia nove de abril de dois mil e treze,

para que fosse apresentado o tema do trabalho e para saber da disponibilidade dele e dos

funcionários da Católica para o desenvolvimento do projeto. Foi pedido por ele que

fosse feito um cronograma de entrevistas e que fosse enviado ao seu e-mail para

avaliação sobre horários que seriam disponíveis para as entrevistas, sem que isso

prejudicasse o desenvolvimento do trabalho desses funcionários. Obtive autorização

para realizar as entrevistas com os funcionários e o apoio dele em fazer parte do

Memorial Descritivo, se fosse o caso. Foi enviada também ao prefeito, por e-mail, uma

seleção de perguntas relacionadas à sua trajetória profissional na Católica e algumas

perguntas pessoais, que inicialmente pretendi que fizessem parte deste Memorial.

Foram discutidas as alternativas, chegando-se à conclusão de que seria viável e

satisfatória a intervenção apenas no bloco K da Universidade Católica de Brasília.

Com a intervenção sendo feita apenas no bloco K da Universidade, a entrevista com

os funcionários se deu mais como um bate papo informal em seu horário de descanso,

sem ser necessário um cronograma autorizado de entrevistas. Aos poucos fui

conversando com cada um e apresentando a ideia do projeto. No turno noturno só

estavam trabalhando três funcionários, e dois deles aceitaram fazer parte do projeto. São

eles: Alessandro Aragão dos Santos e Jacira Barreto da Silva. Já no turno da manhã

conversei primeiramente com a funcionária Solange Rodrigues, que me recepcionou

com todo carinho, mas se demonstrou um pouco tímida em participar do projeto. Aos

poucos os demais funcionários do turno da manhã foram chegando, o que me

proporcionou ter uma conversa coletiva com eles para a apresentação do projeto. As

funcionárias Evanir da Silva Melo e Maria Francisca Coelho Sousa aceitaram na mesma

hora fazer parte.

Para que fosse analisado se este trabalho obteve ou não impactos nos alunos, foi

enviada a eles, por e-mail, um questionário com perguntas relacionadas ao tema de

invisibilidade e se este trabalho o fez pensar nesse assunto e nesses funcionários.

1.2. Cronograma

Durante o primeiro semestre de 2013 tiveram continuidade as pesquisas

bibliográficas e estudos mais aprofundados sobre o tema abordado. Após a Banca de

Qualificação, foi definida a forma de intervenção no Campus I da Universidade, sendo

apenas no Bloco K da Universidade.

No segundo semestre foram realizadas as fotografias dos trabalhadores e as

respectivas entrevistas, para a finalização do projeto. A proposta que estava prevista

também para esse segundo semestre, referente à entrevista com o Jailson, não foi

possível ser realizada. Não conseguimos conciliar um horário para que a entrevista

pudesse ser realizada e os e-mails não puderam ser respondidos.

A ideia de apresentar o projeto ainda em semana de aula se deu para que se pudesse

sensibilizar o maior número de pessoas, aproveitando a presença e a movimentação de

alunos no bloco K. A avaliação feita com os alunos foi enviada através do email e

facebook, já que não foi possível enviar pelo portal da Universidade nem fazer

entrevistas presenciais. A intervenção no Bloco K foi realizada do dia 05 ao dia 08 de

novembro e as pesquisas com os alunos foram feitas do dia 09 a 13 de novembro.

Page 15: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

7

1.3. Entrevistas

Para um primeiro contato com os funcionários, foram escolhidas perguntas que

tratassem de maneira mais natural da ideia da invisibilidade de sua profissão. Elas foram

respondidas de maneira mais direta. Porém, ao longo dos dias em que nos encontramos

para conversar sobre o tema abordado, muitos perceberam esse tipo de indiferença e

contaram que, na maioria das vezes, essa indiferença não vem prioritariamente de

alunos ou professores, mas de pessoas que exercem o mesmo ramo de atividade que

eles. Até mesmo funcionários que possuem um nível superior completo e que passaram

para outras funções, acabam esquecendo-se de onde vieram.

Mas o que ficou em maior evidência foram os comentários e elogios a determinados

professores que os tratam com o maior carinho e atenção. Um deles tinha voto unânime

entre os funcionários.

As informações pedidas no primeiro contato com os funcionários foram as

seguintes:

Nome:

Idade:

Onde mora:

Há quanto tempo você trabalha na UCB?

Quais foram seus empregos anteriores?

Qual era o seu sonho de quando criança e o que você pensava em ser quando

crescer?

Me conta um pouco de como é o seu dia a dia tanto no trabalho quanto em

casa?

O que você pensa sobre ser trabalhador(a) da área da limpeza?

Em algum momento você se sentiu discriminado por trabalhar na limpeza da

Universidade? Me conta como foi?

1.3.1. Jacira Barreto da Silva

Nome: Jacira Barreto da Silva

Idade: 52 anos

Onde mora: Aguas Claras

Há quanto tempo você trabalha na UCB? 11 anos

Quais foram seus empregos anteriores? Casa de família. O primeiro de carteira

assinada foi aqui na UCB.

Qual era o seu sonho de quando criança e o que você pensava em ser quando

crescer? Estudar, me formar e ter uma profissão.

Me conta um pouco de como é o seu dia a dia tanto no trabalho quanto em casa?

Acordo, cuido dos filhos e da casa e corro para trabalhar.

O que você pensa sobre ser trabalhador(a) da área da limpeza? Eu gosto apesar de

ser um pouco cansativo e o que eu sei fazer eu faço com muito amor.

Em algum momento você se sentiu discriminado por trabalhar na limpeza da

Universidade? Me conta como foi? Discriminação vem dos próprios colegas de

Page 16: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

8

trabalho que alguns querem ser mais do que o outro. Mas eu não importo. O importante

é a gente gostar do que faz e fazer com carinho.

1.3.2. Alessandro Aragão dos Santos

Nome: Alessandro Aragão dos Santos

Idade: 21 anos

Onde mora: Areal

Há quanto tempo você trabalha na UCB? 1 ano e 3 meses.

Quais foram seus empregos anteriores? Frentista na Coca-Cola e na UCB.

Qual era o seu sonho de quando criança e o que você pensava em ser quando

crescer? Ser empresário.

Me conta um pouco de como é o seu dia a dia tanto no trabalho quanto em casa?

Não tenho muito tempo de ficar em casa, pois eu estudo e trabalho, passo o tempo todo

na UCB.

O que você pensa sobre ser trabalhador(a) da área da limpeza? Não é o que eu

esperava trabalhar na limpeza, mas eu não tenho condições de pagar uma faculdade boa.

Então resolvi trabalhar na limpeza e é assim que eu pretendo terminar o meu curso.

Em algum momento você se sentiu discriminado por trabalhar na limpeza da

Universidade? Me conta como foi? Nunca fui discriminado.

1.3.3. Solange Rodrigues

Nome: Solange Rodrigues

Idade: 39 anos

Onde mora: Areal

Há quanto tempo você trabalha na UCB? 6 meses.

Quais foram seus empregos anteriores? Trabalhei no aeroporto de auxiliar de

produção.

Qual era o seu sonho de quando criança e o que você pensava em ser quando

crescer? O meu sonho era ser professora

Me conta um pouco de como é o seu dia a dia tanto no trabalho quanto em casa?

Em casa tenho duas crianças e um esposo. Trabalho em casa também junto com meu

esposo que me ajuda nas tarefas de casa.

O que você pensa sobre ser trabalhador(a) da área da limpeza? Trabalhar na

limpeza é bom porque podemos deixar o ambiente limpo, desejado e agradável para as

pessoas.

Em algum momento você se sentiu discriminado por trabalhar na limpeza da

Universidade? Me conta como foi? Não me senti discriminada em hipótese nenhuma

graças a Deus até aqui.

Page 17: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

9

1.3.4. Evanir da Silva Melo

Nome: Evanir da Silva Melo

Idade: 31 anos

Onde mora: Areal – Águas Claras.

Há quanto tempo você trabalha na UCB? 1 ano e 1 mês

Quais foram seus empregos anteriores? Em outro Estado

Qual era o seu sonho de quando criança e o que você pensava em ser quando

crescer? (...)

Me conta um pouco de como é o seu dia a dia tanto no trabalho quanto em casa?

Levanto às 6:00 da manhã, saio de casa 15 pras sete, começo a trabalhar às 07:00; tenho

uma 1 hora de almoço, trabalho até as 16:00 da tarde, chego em casa, organizo as

coisas, faço janta e venho pra faculdade. Chego em casa mais ou menos 23:00 da noite.

O que você pensa sobre ser trabalhador(a) da área da limpeza? Penso que quando

você trabalha honestamente, independe do cargo. Trabalho na área da limpeza e me

sinto orgulhosa por esse cargo. Não tenho vergonha, através da limpeza é que faço

minha faculdade.

Em algum momento você se sentiu discriminada por trabalhar na limpeza da

Universidade? Me conta como foi? Não tive nenhum momento que me senti

discriminada por causa da limpeza. Mas sei que somos discriminados por algumas

pessoas.

1.3.5. Maria Francisca Coelho Sousa

Nome: Maria Francisca Coelho Sousa

Idade: 41 anos

Onde mora: Samambaia Sul

Há quanto tempo você trabalha na UCB? 45 dias

Quais foram seus empregos anteriores? Bolo do Rei e Casa Azul

Qual era o seu sonho de quando criança e o que você pensava em ser quando

crescer? Era ser professora

Me conta um pouco de como é o seu dia a dia tanto no trabalho quanto em casa?

Levanto às 5:20 da manhã, começo a trabalhar às 07:00. Tenho uma hora de almoço e

trabalho até as 16:00 chego em casa às 16:30 e vou fazer os serviços domésticos. Lavo,

passo, cozinho e arrumo a casa. Deito cedo.

O que você pensa sobre ser trabalhador(a) da área da limpeza? É muito bom, mas é

muito discriminado por algumas pessoas.

Em algum momento você se sentiu discriminado por trabalhar na limpeza da

Universidade? Me conta como foi? Sim! Tem alguns alunos e professores que te olha

com indiferença.

Page 18: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

10

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1. Produto

Como a presença de funcionários no bloco K é relativamente reduzida e os que

aceitaram participar do projeto foram poucos, a intervenção seguiu a proposta original

de ser feita apenas no Bloco K, porém com um menor número de intervenções. Foram

escolhidas as duas escadas das laterais, logo na entrada do bloco, onde ocorre maior

circulação de alunos. Foram afixadas faixas com a inscrição de frases ditas pelos

trabalhadores entrevistados, sobre o que pensavam sobre o seu cargo e sobre assuntos

de sua vida pessoal. E, ao lado de cada faixa, foram colocadas fotos de cada funcionário

para que eles fossem identificados por suas experiências expostas nas faixas. Para

conseguir as fotos de cada funcionário, foram realizados dois dias de ensaio fotográfico.

Um dia para o período diurno e um dia para o período noturno.

Foram ao total de cinco funcionários, sendo que uma em uma das faixas foram

colocadas inscrições de dois funcionários, já que o que eles colocaram em evidência

sobre o trabalho na limpeza eram ideias semelhantes, ou seja, elas tinham o mesmo

objetivo em estarem trabalhando ali.

Nas fotos que foram expostas nas escadas, cada uma continha o nome do

funcionário e abaixo o seguinte questionamento: ‘’Trabalho aqui há (anos)’’. ‘’Você já

me viu?’’. Elas foram pensadas para que de uma maneira direta aquilo dialogasse com

quem estivesse lendo e o fizesse parar para pensar no assunto, caso ele não tivesse

prestado atenção à intervenção na faixa exposta ao lado.

A proposito das fotos em tamanhos bem ampliados, eram de que elas dessem uma

dimensão real da pessoa que estava ali exposta, e que com isso houvesse um impacto

maior na hora da visualização. Faixas, normalmente, são usadas na rua para chamarem

atenção das pessoas pra um propósito especifico. Por isso elas foram escolhidas para

fazerem parte do projeto. Grande e em cores vibrantes fez com que fosse pouco

provável que as pessoas não percebessem a presença da intervenção.

Uma das propostas que estavam previstas para a finalização deste trabalho,

infelizmente não pode ser concluída. Devido ao meu pouco tempo disponível, não foi

possível realizar as fotografias que seriam feitas dos funcionários em seu horário de

trabalho e que tinham o intuito de enriquecer este projeto.

2.2. Intervenções da intervenção

Para que fosse autorizada a fixação das faixas nas escadas do Bloco K, uma

funcionária da coordenação do Curso informou que seria apenas necessário enviar um e-

mail informando-lhe sobre o que seria feito, quais os espaços que seriam utilizados, para

o que seria destinado aquele trabalho e quais os dias que o trabalho ficaria exposto, que

com isso, ela repassaria para as pessoas responsáveis solicitando a autorização. A

diretora do Curso respondeu informando que estava de acordo. Com isso, afixei as

faixas no dia 05 de novembro no final da tarde.

O primeiro contratempo ocorreu exatamente no dia 05. À noite, quando minha

orientadora foi ver as intervenções, uma das fotos já havia sido retirada: a do

funcionário Alessandro. Exatamente na única intervenção em conjunto, uma faixa para

Page 19: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

11

dois funcionários, ou seja, uma foto complementava a outra. Em conversa com o

Alessandro, no dia seguinte, ele me confessou ter sido ele mesmo quem retirou a foto,

pois não havia gostado do resultado e informou que alguns colegas dele de sala estavam

zombando dele por causa exatamente da visibilidade ali expressa. Não consegui

convencê-lo a deixar a foto exposta e com isso a intervenção do qual ele participava

ficou sem sentido para os que viam.

No dia 06, logo de manhã, fui informada, por outra funcionária, que a foto dela

havia sido riscada com a seguinte frase: “Você deixou ser vista?”. No dia da retirada das

fotos essa frase foi rabiscada, fazendo com que não ficasse legível o que tinham

rabiscado anteriormente, e do outro lado da foto foi escrito: “Parabéns”. Interpreto que

isso mostrou que de alguma forma a intervenção havia tido um resultado; por isso foi de

comum acordo entre mim e minha orientadora de não repor essa foto. Porém, revelei

novamente a foto, pois havia prometido aos funcionários que as daria de presente para

eles.

No mesmo dia, uma das funcionárias me ligou informando que o trabalho iria ser

retirado, pois avisaram que não havia autorização da Prefeitura. Isso acabou ocorrendo

durante a tarde. Após algumas ligações, a Prefeitura me informou que eu deveria levar o

trabalho à Diretoria de Comunicação e Marketing / Dicom para ser autorizado; ao

chegar à Dicom me perguntaram se eu tinha autorização da Prefeitura. Mostrei todo o

trabalho e informei qual era o objetivo, e com isso foi concedida a autorização para

repor o trabalho no mesmo lugar de antes.

Em conversa com um dos funcionários que não participou do projeto, ele me

informou de que no dia da retirada das faixas e fotos, alguns alunos se sentiram

ofendidos com uma das frases do trabalho e por isso avisaram a Prefeitura com o intuito

de que o trabalho fosse retirado. A frase no caso foi a da funcionária Maria Francisca

que dizia: “Tem gente aqui que te olha com indiferença”. Isso, a meu ver, indica que a

proposta do trabalho foi alcançada. Penso que quem se sentiu ofendido com as

intervenções, são exatamente as pessoas que não estão dando o valor necessário para

esses funcionários.

Com todos os contratempos, o que fez mesmo esse trabalho valer mais a pena,

foi a seguinte frase da Jacira: “Quero ficar com a foto e a faixa da minha intervenção

para lembrar sempre de você”. O reconhecimento dela foi muito significativo e

recompensador.

2.3. Análise da pesquisa com alunos

Estava proposto no Relatório de Qualificação do Projeto Experimental I que as

entrevistas com os alunos iriam ser presenciais e feitas na mesma semana de exposição

das fotos. Porém, com os imprevistos, isso não foi possível. A mesma entrevista

também seria enviada pelo GOL (Graduação OnLine - portal de acesso dos alunos com

a Universidade); porém, quando isso foi solicitado na Diretoria do Curso, foi informado

que não era possível e como segunda opção foi dada a ideia de que a pesquisa fosse

enviada diretamente por e-mail e pelo facebook.

A proposta inicial da pesquisa era fazer um levantamento junto a uma parcela maior

de pessoas de diferentes cursos que circulassem pelo bloco K. Porém as mudanças de

Page 20: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

12

planos também atingiram a pesquisa, que foi feita somente com alunos de Comunicação

Social.

Não esperava que fosse haver uma dificuldade tamanha para uma pesquisa de

poucas questões. Contudo a pesquisa enviada para um grupo de mais de 120 pessoas,

teve como resposta apenas 6 questionários. A meu ver, isso demonstrou falta de

interesse dos outros tanto com o trabalho, quanto com o tema abordado.

Das conversas de corredores que ouvi enquanto afixava as fotos e faixas, muitos

pararam e olharam e alguns até reconheceram os funcionários. Ao ver uma das fotos,

em que a funcionária tinha pouco tempo de trabalho na Universidade, uma aluna

comentou com seu colega, com tom de surpresa: “Nossa, tem uma aqui que trabalha há

mais de 11 anos”. Uma das funcionárias que não participou do trabalho, pois estava em

outro bloco, comentou que tinha achado muito boa a ideia do trabalho.

2.3.1. Andressa Silva de Souza

1. Nome: Andresa Silva de Souza

2. Idade: 22

3. Curso: Publicidade

4. Semestre: 7°

5. Onde Mora: Ceilândia

6. Há quanto tempo estuda na UCB: 3 anos e meio

Você reparou nas faixas e fotos que foram colocadas nas escadas do bloco K entre

os dias 5 e 8 de novembro – sobre pessoas que trabalham em serviços de limpeza

aqui do bloco K da UCB?

sim

Identificou qual o tema abordado com essas intervenções? Qual?

Não reparei, mais achei interessante, que falava dos funcionários da UCB.

Você reconhece ou já viu algum dos funcionários das fotos? Quem?

Não conheço nenhum não.

A intervenção te fez pensar nesse tema de invisibilidade de profissionais que não

possuem um status muito valorizado perante a sociedade?

Sim, porque muitas vezes eles não são percebidos.

Faça um comentário/crítica sobre o trabalho e se você achou que ele tem

relevância.

Um trabalho com o tema bem diferente, e que teve o objetivo de ensinar a reparar e

cumprimentar o nosso próximo.

2.3.2. Larissa Monteiro

1. Nome: Larissa Monteiro

2. Idade: 24

Page 21: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

13

3. Curso: Publicidade

4. Semestre: 8º

5. Onde Mora: Taguatinga Norte

6. Há quanto tempo estuda na UCB: Desde 2º sem. de 2009 – 4,5 anos

Você reparou nas faixas e fotos que foram colocadas nas escadas do bloco K entre

os dias 5 e 8 de novembro – sobre pessoas que trabalham em serviços de limpeza

aqui do bloco K da UCB?

Sim e achei a ideia muito bacana.

Identificou qual o tema abordado com essas intervenções? Qual?

Sim a falta de visibilidade que profissionais de serviços gerias sofre, bem como a falta

de respeito para com eles e para com a função que desempenham.

Você reconhece ou já viu algum dos funcionários das fotos? Quem?

Os funcionários da foto nunca vi pelos corredores da UCB, mas já me deparei com

outros, principalmente no banheiro feminino do k.

A intervenção te fez pensar nesse tema de invisibilidade de profissionais que não

possuem um status muito valorizado perante a sociedade?

Sim, acredito que o tema seja valido, pois muitas pessoas tratam esses profissionais

como um nada, não dão bom dia, acham que não são gente. Educação é algo tão bonito

e quem sabe uma atitude como essa desperta a educação de algumas pessoas que

precisam.

Faça um comentário/crítica sobre o trabalho e se você achou que ele tem

relevância.

PARABÉNS PELA INICIATIVA. A minha única critica é que essas fotos deveriam ser

espelhadas em todo o campus, uma vez que muitas pessoas deveriam apreender a tratar

melhor esses profissionais. Quem sabe vendo a fotos deles espalhadas não seria uma

iniciativa para que isso acontecesse. Se antes eu gostava de dar bom dia ou boa noite a

eles hoje tenho orgulho disso e mesmo assim me sinto em falta com os funcionários que

não conheço ou que já passaram despercebido por mim.

2.3.3. Herik Bianke

1. Nome: Herik Bianke Braga

2. Idade: 26 anos

3. Curso: Comunicação Social – Hab. Publicidade e Propaganda

4. Semestre: 8º

5. Onde Mora: Riacho Fundo II

Há quanto tempo estuda na UCB: 3 anos

Você reparou nas faixas e fotos que foram colocadas nas escadas do bloco K entre

os dias 5 e 8 de novembro – sobre pessoas que trabalham em serviços de limpeza

aqui do bloco K da UCB?

Sim.

Page 22: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

14

Identificou qual o tema abordado com essas intervenções? Qual?

Que as pessoas da limpeza pouco são vistas pelos transeuntes. Retrata a invisibilidade

do sujeito quanto a seu cargo ou ocupação.

Você reconhece ou já viu algum dos funcionários das fotos? Quem?

Não.

A intervenção te fez pensar nesse tema de invisibilidade de profissionais que não

possuem um status muito valorizado perante a sociedade?

Sim. Vivemos em uma sociedade onde o fazer é mais importante do que dar o devido

valor ao que realmente é importante.

Faça um comentário/crítica sobre o trabalho e se você achou que ele tem

relevância.

O trabalho traz à tona uma máxima incontestável: As pessoas são aquilo que elas fazem.

2.3.4. Larissa Neves

1. Nome: Larissa Neves Barroso

2. Idade: 24

3. Curso: Publicidade E Propaganda

4. Semestre: 8º

5. Onde Mora: Taguatinga

6. Há quanto tempo estuda na UCB: 6 anos

Você reparou nas faixas e fotos que foram colocadas nas escadas do bloco K entre

os dias 5 e 8 de novembro – sobre pessoas que trabalham em serviços de limpeza

aqui do bloco K da UCB?

não

Identificou qual o tema abordado com essas intervenções? Qual?

não

Você reconhece ou já viu algum dos funcionários das fotos? Quem?

não

A intervenção te fez pensar nesse tema de invisibilidade de profissionais que não

possuem um status muito valorizado perante a sociedade?

não

Faça um comentário/crítica sobre o trabalho e se você achou que ele tem

relevância.

não vi o trabalho

Page 23: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

15

2.3.5. Maria Rita

1. Nome: Maria Rita

2. Idade: 22

3. Curso: jornalismo

4. Semestre: 7º

5. Onde Mora: Areal, Águas Claras.

6. Há quanto tempo estuda na UCB: 3 anos e meio.

Você reparou nas faixas e fotos que foram colocadas nas escadas do bloco K entre

os dias 5 e 8 de novembro – sobre pessoas que trabalham em serviços de limpeza

aqui do bloco K da UCB?

Sim.

Identificou qual o tema abordado com essas intervenções? Qual?

Sim. Acho que é mostrar como não percebemos pessoas que são importantes para o

nosso dia-a-dia.

Você reconhece ou já viu algum dos funcionários das fotos? Quem?

Sim, mas não sei o nome dela. Era a senhora que queria ser professora

A intervenção te fez pensar nesse tema de invisibilidade de profissionais que não

possuem um status muito valorizado perante a sociedade?

Um pouco, mas devido à correria passou rápido.

Faça um comentário/crítica sobre o trabalho e se você achou que ele tem

relevância.

Tem bastante relevância sim, mas o período de final de semestre pode deixar muitas

pessoas desatentas, como foi meu caso.

2.3.6. Susana Senna

1. Nome: Susana Senna

2. Idade: 25 anos

3. Curso: Jornalismo

4. Semestre: 7º

5. Onde Mora: Recanto das Emas

6. Há quanto tempo estuda na UCB: Estou a mais ou menos 3 anos e meio.

Você reparou nas faixas e fotos que foram colocadas nas escadas do bloco K entre

os dias 5 e 8 de novembro – sobre pessoas que trabalham em serviços de limpeza

aqui do bloco K da UCB?

Olhei as fotos, achei bacana o trabalho, mas não reconheci nenhuma.

Identificou qual o tema abordado com essas intervenções? Qual?

Creio que o tema seja algo relacionado com a falta de cuidado ou preconceito com essas

pessoas, que são muito importantes para o funcionamento da Universidade.

Você reconhece ou já viu algum dos funcionários das fotos? Quem?

Page 24: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

16

Não reconheci nenhuma delas.

A intervenção te fez pensar nesse tema de invisibilidade de profissionais que não

possuem um status muito valorizado perante a sociedade?

Sim, não entendo porque a sociedade tem preconceito que este tipo de profissional. Seu

trabalho é tão digno quanto qualquer outro. Eu particularmente sempre cumprimento

todos os profissionais da UCB, independente do tipo de serviço. Mas confesso que as

funcionárias dos cartazes não reconheci.

Faça um comentário/crítica sobre o trabalho e se você achou que ele tem

relevância.

Acho muito bacana esse projeto, o tema precisa ser mais discutido como forma de

conscientizar as pessoas a valorizarem este tipo de profissional. Isso me fez lembrar do

caso do jornalista Boris Casoy que fala mal de dois garis ao final do jornal. Você pode

encontrar esse material no youtube!

ORÇAMENTO

As despesas do primeiro semestre de 2013, referentes ao Projeto Experimental I,

foram somente da impressão dos relatórios de qualificação para a orientadora e os

avaliadores da banca de qualificação.

As despesas do segundo semestre de 2013, referentes ao Projeto Experimental II,

foram: as produções das faixas que foram expostas nas escadas; a ampliação das fotos

dos funcionários que também ficaram expostas; impressão e encadernação do Memorial

Descritivo para a orientadora, os avaliadores e os funcionários que participaram do

Projeto.

Como presente, em agradecimento pela participação, também foram reveladas as

fotos dos ensaios fotográficos feitos com cada funcionário.

1º Semestre

Impressão dos relatórios .......................................................................................... 31,00

2º Semestre

4 faixas .................................................................................................................... 150,00

5 fotos 60x90 .......................................................................................................... 189,00

10 impressões do Memorial Descritivo ............................................................ 142,40

1 foto de reposição 60x90 (foto exposta riscada) ................................................... 37,80

33 fotos 10x15 ensaios fotográficos ........................................................................ 19,80

5 fitas dupla face e uma cola para afixar o material nas escadas ............................ 84,00

Page 25: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

17

12. Referências

COSTA, Fernando Braga da. Homens invisíveis: relatos de uma humilhação social. 2a

reimpressão. São Paulo: Globo, 2008. 253 p.

DORNELAS, Antonio, et al. Portugal Invisível. Lisboa: Mundos Sociais, 2010. 222p.

FRAZÃO, José. Invisibilidade social: a outra face do preconceito. Web Artigos.

Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/invisibilidade-social-a-outra-face-

do-precoceito/31904/>. Acesso em: 20 maio 2013.

GACHET, Samuel. Entrevista em 24.06.2007. Blog Discutir Educação. Disponível em

http://discutireducacao.blogspot.com.br/2007/06/entrevista-samuel-gachet.html. Acesso

em 14. nov. 2013.

INNERARITY, Daniel. O combate social por atenção. Esferas, Brasília, v 1, n 1, p. 11-

18, jul/dez. 2012.

NEIVA, Ivany Câmara. Sete Contas de um Colar. In: MAGALHÃES, Maria;

OLIVEIRA, Sheila; PIASSON, Itacir. Memória e história da UCB – experiência e

narrativas históricas. Brasília: Universa, 2010. Cap. 9, p. 277-299.

O HOMEM Invisível. Documentário. Direção de Andréia Velloso. São Paulo. Pacto

Audiovisual, Olhos de Boi e Roda Filmes. 2004. 1 CD (15 min): son, color. Port.

QUIRINO, Leandro C. Na UCB, os “Os heróis da madrugada” não deixam a sujeira

“dormir”. Disponível em:

<http://diantedisso.apaces.live.com/?_c11_BlogPart_pagedir=Nexr&_c11_BlogPart_ha

ndle=cns!F1180473EED928E9!232&_c11_BlogPart=blogview&_c=BlogPart&partqs=

amonth%3d7%26ayear%3d2009>. Acesso em: 08 ago. 2009.

VIDA DE GARI. Repórter Daniel Casadio. Programa Intruso. Youtube, 2008.

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=LU69cN8tZHM>. Acesso em: 01

jun. 2013.

Page 26: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

18

APÊNDICES

Page 27: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

19

Page 28: OS INVISÍVEIS Memórias do meu eu, não mais invisível ... · de longe percebes os meus pensamentos. ³Sabes muito bem quando trabalho e quando ... conversar, ríamos muito, contávamos

20