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Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Comunicação Social
Trabalho de Conclusão de Curso
OS INVISÍVEIS
Memórias do meu eu, não mais invisível.
(Memorial Descritivo referente à intervenção realizada no Bloco K da
Universidade Católica de Brasília)
Autora: Rebeca Pinho de Alcântara
Orientadora: Prof a
. Ivany Câmara Neiva
Brasília - DF
2013
REBECA PINHO DE ALCÂNTARA
OS INVISÍVEIS
Memórias do meu eu, não mais invisível.
(Memorial Descritivo referente à intervenção realizada no Bloco K da
Universidade Católica de Brasília)
Memorial Descritivo referente a
intervenção realizada no Bloco K da
Universidade Católica de Brasília, como
componente do Trabalho de Conclusão de
Curso de Comunicação Social, com
habilitação em Publicidade e Propaganda,
da Universidade Católica de Brasília,
realizado sob a orientação da professora
Ivany Câmara Neiva.
BRASÍLIA
2013
Quando meu corpo e minha mente
se esgotavam, fazendo com que meus olhos
refletissem o meu cansaço, era você quem
estava ao meu lado. Com um abraço
apertado me acalmava e com poucas
palavras me fazia lembrar que aquilo seria
bem recompensado. Que a felicidade que
viria no final seria maior do que qualquer
outro sentimento. Mãe, essa conquista é pra
você.
AGRADECIMENTOS
Alguém me explicou o porquê de as pessoas sempre agradecerem primeiramente
a Deus, o que antes, eu confesso, não achava necessário. Porém entendi que não faço
nada nesse mundo sem a permissão Dele. Acordei todos os dias porque ele quis que eu
acordasse. Arrumei tempo, disposição, mais sabedoria porque assim eu o solicitei e Ele
me concedeu. Por isso agradeço primeiramente a Deus por ter me dado dia após dia uma
nova manhã para que eu pudesse continuar a por em pratica meu projeto.
¹SENHOR, tu me sondas, e me conheces.
²Sabes quando me sento e quando me levanto;
de longe percebes os meus pensamentos.
³Sabes muito bem quando trabalho e quando
descanso; todos os meus caminhos são bem
conhecidos por ti.
Antes mesmo que a palavra me chegue à língua,
tu já a conheces inteiramente, SENHOR.
(Salmos, Cap. 139, vers.1- 4)
A minha orientadora Ivany Câmara Neiva, que com sua tranquilidade soube
acalmar a minha ansiedade e me direcionar sempre para o caminho certo, me
incentivando e acreditando que o meu trabalho seria uma boa ideia.
Aos meus pais novamente, Marcelo Campos de Alcântara e Isabel Cristina
Pinho de Alcântara, por sempre terem me apoiado e compreendido a minha ausência em
casa e em reuniões de família, com os meus horários corridos de trabalho e curso. O
sonho de vocês também se torna realidade com esse projeto: sua primeira filha formada.
Ao meu namorado por ter sido sempre tão atencioso e preocupado. Obrigada
pelos finais de semana de estudo ao invés de descanso. Obrigada pelas palavras de
apoio e pela paciência, que foi posta bastante em prática. Obrigada por sempre ter me
feito acreditar que tudo daria certo.
Aos meus dois chefes - Antônio Carlos Lemos Gouveia e Jeferson Alves Maciel
- e minha colega de trabalho Alília Almeida, por terem me apoiado muito para finalizar
meu curso e terem me ajudado com a maleabilidade de horário de trabalho.
A minha amiga Larah Cordeiro, por ter passado uma noite em claro comigo, me
ajudando na produção das fotos.
Em especial quero deixar meu muitíssimo obrigado pela participação, pela
atenção, pelo apoio, pelas conversas e por sempre terem sido tão simpáticas e receptivas
comigo: Jacira, Solange, Maria Francisca e Evanir, vocês abrilhantaram esse trabalho.
Sou grata por vocês terem feito parte desse processo tão importante na minha vida.
Quero dizer obrigada também ao Alessandro, que mesmo não tendo participado do
projeto por inteiro, também me recebeu com muita receptividade.
Em uma sociedade organizada em torno dos
meios de comunicação, a distinção
fundamental está entre a atenção e a
ignorância; tudo reside na capacidade de
perceber e ser percebido. Não há nada pior
do que passar despercebido, invisível. A
própria existência parece incerta enquanto
não for confirmada através do olhar dos
outros.
(INNERARITY, 2012. p. 13)
RESUMO
Este é o Memorial Descritivo referente ao projeto “Invisíveis - memórias do meu
eu, não mais invisível”, que se constituiu em uma intervenção feita no bloco K da
Universidade Católica de Brasília, tratando de pessoas que ali exercem funções de
limpeza e conservação. Aborda a relação de como as pessoas que exercem uma função
que não necessita de um nível superior se tornam invisíveis – por não serem “vistas” -
perante a sociedade. São abordados, em específico, funcionários de limpeza da
Universidade Católica de Brasília.
Palavras chave: Invisibilidade; intervenção; indiferença.
ABSTRACT
This is the Descriptive Memorial referring to the project "Invisible - memories
of my self, no longer invisible",that was constituted in a intervention that took place on
block K of Universidade Católica de Brasília, talking about people who work cleaning
and maintening the campi. It addresses the relation of how people who play a role that
does not require a higher level become invisible - because they're not "seen" - before
society. It is addressed, in particular, cleaning staff at the Universidade Católica de
Brasilia.
Key words: Invisibility; intervention; indifference.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................. 1
APRESENTAÇÃO....................................................................................................... 3
1. OBJETIVO.................................................................................................... ....... 4
1.1. GERAL................................................................................................... ....... 4
1.2. EXPECÍFICO......................................................................................... ....... 5
INTERESSE PELO TEMA........................................................................................ 5
1. DESENVOLVIMENTO........................................................................................ 5
1.1. Atividades Realizadas...................................................................................... 5
1.2. Cronograma...................................................................................................... 6
1.3. Entrevistas........................................................................................................ 7
1.3.1. Jacira Barreto da Silva............................................................................ 7
1.3.2. Alessandro Aragão dos Santos............................................................... 8
1.3.3. Solange Rodrigues................................................................................. 8
1.3.4. Evanir da Silva Melo............................................................................... 9
1.3.5. Maria Francisca Coelho Sousa............................................................... 9
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................... 10
2.1. Produto............................................................................................................ 10
2.2. Intervenções da Intervenção.............................................................................. 10
2.3. Análise da pesquisa com os alunos................................................................. 11
2.3.1. Andressa Silva de Souza........................................................................ 12
2.3.2. Larissa Monteiro.................................................................................... 12
2.3.3. Herik Bianke.......................................................................................... 13
2.3.4. Larissa Neves......................................................................................... 14
2.3.5. Maria Rita.............................................................................................. 15
2.3.6. Susana Senna......................................................................................... 15
ORÇAMENTO........................................................................................................... 16
REFERÊNCIAS........................................................................................................... 17
APÊNDICES..................................................................................................................18
1
INTRODUÇÃO
Final do semestre na Universidade, trabalho, problemas em casa, problemas com
os amigos, notícias ruins. Sabe aquele momento em que você deseja fugir do mundo?
Ter um pouco de paz, silêncio, sossego? Desligar telefones, computadores, televisões e
deixar a sua cabeça descansar por horas e por alguns instantes ficar: invisível! Realizar
esse desejo parece privilégio de poucos. Mas o que para você parece algo maravilhoso e
raro, para outros já virou uma rotina.
Ser invisível, ou seja, ser alguém que de maneira alguma é percebido, já se
tornou comum para pessoas que não possuem cargos ou status que sejam valorizados. E
essa invisibilidade surge por diversos fatores sociais, econômicos, históricos, dentre
outros. É muito comum, em escolas, vermos crianças e adolescentes sofrendo algum
tipo de humilhação social por outro jovem se achar superior, o que acaba prejudicando o
crescimento dessa criança. Pelo lado econômico, também é muito comum vermos uma
cultura social que cria necessidades por determinado objeto em um indivíduo, fazendo-o
acreditar que ele só será aceito ou valorizado em determinado grupo se tiver aquele
objeto; se não, será excluído e não terá reconhecimento social. O psicólogo Samuel
Gachet, em entrevista feita em 20071 (citada em artigo de José Frazão
2), diz que a
população de baixa renda é vista como um vasto mercado consumidor e essa é a sua
única forma de visibilidade.
A invisibilidade social vincula-se a ser ou não observado pelo grupo:
Uma sociedade seria um conjunto de pessoas que estabelecem entre si
relações de visibilidade em virtude das quais, por exemplo, uns
observam e outros são observados.
(INNERARITY, 2012 p.12)
Entre as pesquisas realizadas sobre o tema de invisibilidade no Brasil, Fernando
Braga da Costa, psicólogo da USP, é sempre a principal referência no assunto. Ainda na
graduação, em uma disciplina foi proposto que os alunos assumissem por pelo menos
um dia algum trabalho que estivesse diretamente ligado às classes mais pobres - pessoas
que não precisariam necessariamente de uma qualificação para que desenvolvessem
seus trabalhos. E com essa oportunidade, Fernando Costa foi mais além. Dedicou nove
anos da sua vida para estudar o cotidiano dos garis da Cidade Universitária da USP, em
São Paulo, não apenas pelo conhecimento acadêmico, mas vivenciando a experiência de
trabalhar ali como gari.
1 GACHET, Samuel. Entrevista em 24.06.2007. Blog Discutir Educação. Disponível em
http://discutireducacao.blogspot.com.br/2007/06/entrevista-samuel-gachet.html. Acesso em 14.11.2013. 2 FRAZÃO, José. Invisibilidade social: a outra face do preconceito. Web Artigos. Disponível em:
<http://www.webartigos.com/artigos/invisibilidade-social-a-outra-face-do-precoceito/31904/>. Acesso
em: 20 maio 2013.
José Frazão, formado em História pela Universidade Estadual de Santa Cruz – Ilhéus (BA), é professor da
rede pública de ensino, pós-graduado em História do Brasil pela mesma instituição e em Psicopedagogia
Institucional e Clínica pela Universidade do Espírito Santo.
2
Em geral ainda havia aquela dúvida quanto ao por que aquele rapaz de uma
classe mais valorizada estar ali fazendo o mesmo trabalho que os garis. Para atravessar
essa barreira que ainda havia entre eles, Fernando assumiu comportamentos habituais
dos garis, e um dia tomou seu café em uma latinha cortada pela metade e suja (acabada
de ser tirada do lixo), no cotidiano intervalo em que os garis se reuniam para o
cafezinho. Esse gesto – conta ele - foi seu cartão de entrada ao grupo.
Quando enfim bebi o café, a ansiedade pareceu evaporar-se. Entre nós
instaurou-se uma espécie de relaxamento, Desde então, passamos a
conversar, ríamos muito, contávamos histórias, casos engraçados e
piadas, O “episódio da caneca” pareceu valer como uma prova de
integração ao grupo, um ritual de passagem para outro mundo.
(COSTA. 2008 p. 59)
Não só no livro de Fernando esse assunto de invisibilidade foi tratado.
Baseando-se nele e fazendo referência ao livro, Andréia Velloso discutiu o tema no
filme “O Homem Invisível”, no qual mostrava o dia-a-dia de três personagens que
também trabalham como garis. Aprofundando-se um pouco mais na vida de cada um
deles, Andréia soube quais são seus receios com a profissão e como, na opinião deles,
as pessoas veem aqueles profissionais. Todos os trabalhadores que foram entrevistados
no filme ressaltaram a importância que acreditam que essa profissão tenha para a
sociedade. O que aconteceria se todos eles por um dia parassem de trabalhar? “Para
trabalhar não se pode ter vergonha de fazer nada”. (PAULA 2008). Não é um trabalho
fácil, mas é necessário.
Tanto no livro quanto no filme, destaca-se que ver a vida que existe atrás
daquele profissional, a sua vida pessoal como um ser humano, é o que faz ser tão
importante e significativo abordar esse tema. Penso que ter necessidade de olhar para o
próximo como alguém semelhante é imprescindível. O que te faz diferente? O que te faz
melhor? Nenhuma posição social justifica que as pessoas sejam inferiorizadas ou
supervalorizadas – ou tratadas como “invisíveis”. No entanto, essa invisibilidade ocorre,
como lembra Fernando Costa:
Quanto menor o grau de qualificação exigido para executar aquela
tarefa, quanto mais braçal o trabalho, quanto menor o salário, mais
invisível se torna a pessoa.
(COSTA. Filme: O homem invisível, 2008)
É costume se ouvir alguém falando: “Vou jogar lixo no chão pra dar serviço ao
gari”. Para que, se a natureza mesma já faz esse trabalho? Plantas crescem e ao logo do
seu desenvolvimento fazem com que suas folhas, flores e frutos caiam no chão. Por que
não tratar as pessoas, na rua, com a mesma educação que se tem em casa ou em casa de
amigos? Não vemos um convidado jogando algo no chão da sua casa. Por que não
3
podemos ter os mesmos hábitos na rua? Diz Daniel Casadio3: “Não interessa o tamanho
do papel, ele faz parte do problema também”.
Já tão acostumados a serem discriminados, para que não se sintam humilhados, a
atitude em relação a eles é fazer de conta que não existem. Evitar um contato. “Se eu
não olhar pra você, eu não vi que você não me viu” (COSTA. 2008). O maior
sofrimento de Fernando ao ter essa vivência como gari foi quando, ao vestir o uniforme
e passar entre seus colegas de curso, não foi notado. Ter se tornado alguém invisível.
Querer trazer novamente essa discussão ao ambiente universitário não é algo
fora da realidade. Considero que deve fazer parte de nosso compromisso enquanto
comunicadores conversar sobre o assunto e abrir os olhos das pessoas em geral para que
sejam mais atentas ao próprio ser humano. Especialmente na condição de publicitária,
considero que é compromisso meu, enquanto profissional e cidadã, tornar públicas as
situações de invisibilidade social. Na Universidade em que estudo, penso que não
somente seu amigo ou professor, mas os profissionais - quase anônimos - que cuidam
do ambiente e estão sempre ali zelando por algo de que você usufrui, fazem parte da sua
vida acadêmica e merecem sua atenção e seu respeito. Não é porque alguns de nós não
os vemos que eles não estão ali. Turnos de trabalho se iniciam quando já estamos – nós,
que trabalhamos durante o dia - desacelerando nossos organismos.
No fundo, todos sabem que são simples gestos ou frases que fazem a diferença.
Saber dizer um oi, boa tarde, tudo bem, não fará mal a ninguém, muito pelo contrário;
pode ser que, isso sim, faça a diferença no dia de alguém. E por que esse alguém não
pode ser esse trabalhador que sofre com esse tipo de invisibilidade?
APRESENTAÇÃO
O tema do meu trabalho de Projeto Experimental é a invisibilidade de
profissionais que desenvolvem trabalhos que não têm status na sociedade muito
valorizado. Muitas vezes, esses profissionais não são respeitados como deveriam.
Quanto mais tempo você tem, mais atividades você encontra para fazer, e isso faz com
que o seu dia a dia seja sempre atribulado e você acabe não prestando atenção nas
pequenas coisas ou nos pequenos detalhes. Porém mesmo pessoas que não possuem
uma vida muito agitada acabam esquecendo, ou até mesmo não fazem questão de
observar, esses pequenos detalhes. Quem deixa essas ruas limpas? Quem faz esses
desenhos no jardim? Quem arruma essa sala? Com toda a certeza, muita gente
atualmente não para e se faz essas perguntas, mas os trabalhadores responsáveis por
essas tarefas estão sempre lá, e provavelmente são aqueles pelos quais você passa toda
noite, ou todo dia, e a quem nem sequer dá um “boa noite” ou “bom dia”.
Com esses comentários e as descobertas de pesquisa tentei comunicar às pessoas
- o que fará uma ligação com meu atual curso de Publicidade e Propaganda -, a
importância desses trabalhadores, mostrando-os para a sociedade. O que eles fazem
3 VIDA DE GARI. Repórter Daniel Casadio. Programa Intruso. Youtube, 2008. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=LU69cN8tZHM>. Acesso em: 01 jun. 2013.
4
durante o seu período de trabalho é importante para essas pessoas e elas normalmente
não percebem.
Originalmente, a proposta do produto, que foi submetido à Banca de
Qualificação e que seria finalizado no Projeto Experimental II, seria uma intervenção
com fotos e frases de alguns funcionários da Católica, espalhados por escadas e
corredores do bloco K. A intenção era que as pessoas que circulam por aquele bloco
conhecessem – ou reconhecessem, ou percebessem - alguns dos funcionários que
trabalham na Católica e que se sensibilizassem quanto à existência e presença próxima
deles. Pretendi - pretendo - chamar atenção para questões de visibilidade e
invisibilidade, nesse caso em relação a funcionários de seu ambiente de trabalho;
pretendo despertar a atenção de quem passa pelas escadas e pelos corredores do bloco
em relação à atenção que esses funcionários merecem.
Houve uma conversa preliminar com o prefeito Jailson João Barbosa (que
começou a trabalhar na Universidade em cargo relacionado a serviços de manutenção).
É conhecido como “prefeito” por ter, como responsabilidade, a administração dos campi
da Católica. Inclusive, portanto, é responsável pela gestão dos serviços de limpeza e
conservação na Universidade e pela coordenação geral dos trabalhadores dessa área. A
partir disso surgiu uma proposta de ampliação do trabalho. O prefeito sugeriu que o
trabalho fosse feito em todos os blocos da Universidade, abrangendo praticamente todos
os funcionários da limpeza. Ele comentou que em 2009 foi feito um trabalho -“Heróis
da Madrugada”4 - com os funcionários da limpeza do bloco K, por um aluno da
Universidade. Jailson contou que os funcionários que trabalhavam no período noturno,
nesse bloco, tiveram o maior prazer em participar do projeto e que passaram a ter um
ânimo maior para continuarem trabalhando. Para que não houvesse, entre os
funcionários que trabalham em outros blocos, um sentimento de terem sido deixados de
lado, o “prefeito” sugeria a ampliação do estudo.
Por conta do meu trabalho e dos compromissos acadêmicos, foi levado em conta
que para esse projeto proposto por Jailson, necessitaria dispor de mais tempo para sua
execução. Com isso, o trabalho foi delimitado para os funcionários do bloco K.
Este é um projeto que teve embasamento na pesquisa feita por Fernando Braga
da Costa, autor do livro Homens Invisíveis. Eu, como outros autores, resolvemos seguir
a mesma linha de pesquisa em relação à invisibilidade de algumas pessoas. Com isso,
este trabalho é inicial e pode ter continuidade. Poderá servir de base para próximos
projetos na mesma linha ou até mesmo para pessoas que possam colocar em prática a
ideia inicial do prefeito Jailson.
1. OBJETIVO
1.1. GERAL
Realizar uma intervenção nas duas escadas, das laterais, na entrada do bloco K.
4 Leandro Quirino, aluno da Universidade Católica de Brasília, que realizou a reportagem “Heróis da
Madrugada” com os funcionários da limpeza do período noturno.
5
1.2. ESPECÍFICO
O tema, ao final do Projeto Experimental I, ficou definido como Os Invisíveis. Já no
Projeto II, trabalho de conclusão de curso, foi acrescentado o subtítulo: “Memórias do
meu eu, não mais invisível”. A razão disso é que, ao final desse projeto, as pessoas
percebam ou reconheçam e valorizem esses profissionais que fazem parte do nosso dia a
dia.
Pretendo que a intervenção tenha sensibilizado as pessoas para pensarem mais nesse
assunto de invisibilidade de profissionais que merecem uma atenção maior – que
possam ser tratados por nós como iguais, como tratamos nossos amigos, professores,
familiares e qualquer um que tratamos com o devido respeito. A pesquisa feita com os
alunos, após a intervenção, serviu exatamente para obter um diagnóstico sobre qual foi a
sensação, o sentimento causado pela intervenção, ou se aquelas pessoas pelo menos
pararam para pensar no assunto.
INTERESSE PELO TEMA
Confesso que nunca tive ideia de trabalhar com esse assunto anteriormente, mas
em conversas com a minha atual orientadora nas aulas de Laboratório de Projetos em
Comunicação, surgiu esse assunto que fez me lembrar de fatos do dia a dia que me
incomodam bastante - como a falta de respeito de algumas pessoas com esses
trabalhadores. Lembro-me novamente da frase que já ouvi milhões de vezes: “Jogar o
lixo no chão para dar trabalho ao gari”. E a educação de jogar lixo no lixo? E o respeito
ao próximo? E o fato de que somos todos semelhantes? Ter ou não um trabalho que
pague melhor ou que viabilize uma posição social mais elevada não significa que você
terá o direito de tratar alguém mal ou agir de forma desrespeitosa com alguém que não
seja do mesmo nível social ou intelectual que você. Penso que até mesmo ignorar
pessoas pode ser considerado desrespeitoso.
Após o inicio do trabalho me dei conta de que até mesmo eu, que já era mais
atenta a esses assuntos, consegui perceber com mais detalhes as pessoas ao meu redor.
Em quem está nas ruas limpando, nos funcionários e em seus locais de trabalho.
As pessoas ao meu redor que conhecem ou passam a conhecer o objetivo do
trabalho, sempre comentam o quão interessante o acham. E me enchem de ideias de
como poderia ser desenvolvido ou o que poderia ser acrescentado. Isso me animou a
desenvolver e concluir o projeto, e me dá um desejo ainda maior de dar continuar a ele.
1. DESENVOLVIMENTO
1.1. Atividades Realizadas
A partir de fevereiro deste ano, houve encontros semanais entre mim e minha
orientadora, que resultaram na continuação do trabalho de delimitação do tema a ser
abordado, já que estávamos com uma preocupação em garantir a viabilidade do Projeto
(levando em conta meu horário reduzido para seu desenvolvimento).
6
Entrei em contato com o prefeito Jailson, no dia nove de abril de dois mil e treze,
para que fosse apresentado o tema do trabalho e para saber da disponibilidade dele e dos
funcionários da Católica para o desenvolvimento do projeto. Foi pedido por ele que
fosse feito um cronograma de entrevistas e que fosse enviado ao seu e-mail para
avaliação sobre horários que seriam disponíveis para as entrevistas, sem que isso
prejudicasse o desenvolvimento do trabalho desses funcionários. Obtive autorização
para realizar as entrevistas com os funcionários e o apoio dele em fazer parte do
Memorial Descritivo, se fosse o caso. Foi enviada também ao prefeito, por e-mail, uma
seleção de perguntas relacionadas à sua trajetória profissional na Católica e algumas
perguntas pessoais, que inicialmente pretendi que fizessem parte deste Memorial.
Foram discutidas as alternativas, chegando-se à conclusão de que seria viável e
satisfatória a intervenção apenas no bloco K da Universidade Católica de Brasília.
Com a intervenção sendo feita apenas no bloco K da Universidade, a entrevista com
os funcionários se deu mais como um bate papo informal em seu horário de descanso,
sem ser necessário um cronograma autorizado de entrevistas. Aos poucos fui
conversando com cada um e apresentando a ideia do projeto. No turno noturno só
estavam trabalhando três funcionários, e dois deles aceitaram fazer parte do projeto. São
eles: Alessandro Aragão dos Santos e Jacira Barreto da Silva. Já no turno da manhã
conversei primeiramente com a funcionária Solange Rodrigues, que me recepcionou
com todo carinho, mas se demonstrou um pouco tímida em participar do projeto. Aos
poucos os demais funcionários do turno da manhã foram chegando, o que me
proporcionou ter uma conversa coletiva com eles para a apresentação do projeto. As
funcionárias Evanir da Silva Melo e Maria Francisca Coelho Sousa aceitaram na mesma
hora fazer parte.
Para que fosse analisado se este trabalho obteve ou não impactos nos alunos, foi
enviada a eles, por e-mail, um questionário com perguntas relacionadas ao tema de
invisibilidade e se este trabalho o fez pensar nesse assunto e nesses funcionários.
1.2. Cronograma
Durante o primeiro semestre de 2013 tiveram continuidade as pesquisas
bibliográficas e estudos mais aprofundados sobre o tema abordado. Após a Banca de
Qualificação, foi definida a forma de intervenção no Campus I da Universidade, sendo
apenas no Bloco K da Universidade.
No segundo semestre foram realizadas as fotografias dos trabalhadores e as
respectivas entrevistas, para a finalização do projeto. A proposta que estava prevista
também para esse segundo semestre, referente à entrevista com o Jailson, não foi
possível ser realizada. Não conseguimos conciliar um horário para que a entrevista
pudesse ser realizada e os e-mails não puderam ser respondidos.
A ideia de apresentar o projeto ainda em semana de aula se deu para que se pudesse
sensibilizar o maior número de pessoas, aproveitando a presença e a movimentação de
alunos no bloco K. A avaliação feita com os alunos foi enviada através do email e
facebook, já que não foi possível enviar pelo portal da Universidade nem fazer
entrevistas presenciais. A intervenção no Bloco K foi realizada do dia 05 ao dia 08 de
novembro e as pesquisas com os alunos foram feitas do dia 09 a 13 de novembro.
7
1.3. Entrevistas
Para um primeiro contato com os funcionários, foram escolhidas perguntas que
tratassem de maneira mais natural da ideia da invisibilidade de sua profissão. Elas foram
respondidas de maneira mais direta. Porém, ao longo dos dias em que nos encontramos
para conversar sobre o tema abordado, muitos perceberam esse tipo de indiferença e
contaram que, na maioria das vezes, essa indiferença não vem prioritariamente de
alunos ou professores, mas de pessoas que exercem o mesmo ramo de atividade que
eles. Até mesmo funcionários que possuem um nível superior completo e que passaram
para outras funções, acabam esquecendo-se de onde vieram.
Mas o que ficou em maior evidência foram os comentários e elogios a determinados
professores que os tratam com o maior carinho e atenção. Um deles tinha voto unânime
entre os funcionários.
As informações pedidas no primeiro contato com os funcionários foram as
seguintes:
Nome:
Idade:
Onde mora:
Há quanto tempo você trabalha na UCB?
Quais foram seus empregos anteriores?
Qual era o seu sonho de quando criança e o que você pensava em ser quando
crescer?
Me conta um pouco de como é o seu dia a dia tanto no trabalho quanto em
casa?
O que você pensa sobre ser trabalhador(a) da área da limpeza?
Em algum momento você se sentiu discriminado por trabalhar na limpeza da
Universidade? Me conta como foi?
1.3.1. Jacira Barreto da Silva
Nome: Jacira Barreto da Silva
Idade: 52 anos
Onde mora: Aguas Claras
Há quanto tempo você trabalha na UCB? 11 anos
Quais foram seus empregos anteriores? Casa de família. O primeiro de carteira
assinada foi aqui na UCB.
Qual era o seu sonho de quando criança e o que você pensava em ser quando
crescer? Estudar, me formar e ter uma profissão.
Me conta um pouco de como é o seu dia a dia tanto no trabalho quanto em casa?
Acordo, cuido dos filhos e da casa e corro para trabalhar.
O que você pensa sobre ser trabalhador(a) da área da limpeza? Eu gosto apesar de
ser um pouco cansativo e o que eu sei fazer eu faço com muito amor.
Em algum momento você se sentiu discriminado por trabalhar na limpeza da
Universidade? Me conta como foi? Discriminação vem dos próprios colegas de
8
trabalho que alguns querem ser mais do que o outro. Mas eu não importo. O importante
é a gente gostar do que faz e fazer com carinho.
1.3.2. Alessandro Aragão dos Santos
Nome: Alessandro Aragão dos Santos
Idade: 21 anos
Onde mora: Areal
Há quanto tempo você trabalha na UCB? 1 ano e 3 meses.
Quais foram seus empregos anteriores? Frentista na Coca-Cola e na UCB.
Qual era o seu sonho de quando criança e o que você pensava em ser quando
crescer? Ser empresário.
Me conta um pouco de como é o seu dia a dia tanto no trabalho quanto em casa?
Não tenho muito tempo de ficar em casa, pois eu estudo e trabalho, passo o tempo todo
na UCB.
O que você pensa sobre ser trabalhador(a) da área da limpeza? Não é o que eu
esperava trabalhar na limpeza, mas eu não tenho condições de pagar uma faculdade boa.
Então resolvi trabalhar na limpeza e é assim que eu pretendo terminar o meu curso.
Em algum momento você se sentiu discriminado por trabalhar na limpeza da
Universidade? Me conta como foi? Nunca fui discriminado.
1.3.3. Solange Rodrigues
Nome: Solange Rodrigues
Idade: 39 anos
Onde mora: Areal
Há quanto tempo você trabalha na UCB? 6 meses.
Quais foram seus empregos anteriores? Trabalhei no aeroporto de auxiliar de
produção.
Qual era o seu sonho de quando criança e o que você pensava em ser quando
crescer? O meu sonho era ser professora
Me conta um pouco de como é o seu dia a dia tanto no trabalho quanto em casa?
Em casa tenho duas crianças e um esposo. Trabalho em casa também junto com meu
esposo que me ajuda nas tarefas de casa.
O que você pensa sobre ser trabalhador(a) da área da limpeza? Trabalhar na
limpeza é bom porque podemos deixar o ambiente limpo, desejado e agradável para as
pessoas.
Em algum momento você se sentiu discriminado por trabalhar na limpeza da
Universidade? Me conta como foi? Não me senti discriminada em hipótese nenhuma
graças a Deus até aqui.
9
1.3.4. Evanir da Silva Melo
Nome: Evanir da Silva Melo
Idade: 31 anos
Onde mora: Areal – Águas Claras.
Há quanto tempo você trabalha na UCB? 1 ano e 1 mês
Quais foram seus empregos anteriores? Em outro Estado
Qual era o seu sonho de quando criança e o que você pensava em ser quando
crescer? (...)
Me conta um pouco de como é o seu dia a dia tanto no trabalho quanto em casa?
Levanto às 6:00 da manhã, saio de casa 15 pras sete, começo a trabalhar às 07:00; tenho
uma 1 hora de almoço, trabalho até as 16:00 da tarde, chego em casa, organizo as
coisas, faço janta e venho pra faculdade. Chego em casa mais ou menos 23:00 da noite.
O que você pensa sobre ser trabalhador(a) da área da limpeza? Penso que quando
você trabalha honestamente, independe do cargo. Trabalho na área da limpeza e me
sinto orgulhosa por esse cargo. Não tenho vergonha, através da limpeza é que faço
minha faculdade.
Em algum momento você se sentiu discriminada por trabalhar na limpeza da
Universidade? Me conta como foi? Não tive nenhum momento que me senti
discriminada por causa da limpeza. Mas sei que somos discriminados por algumas
pessoas.
1.3.5. Maria Francisca Coelho Sousa
Nome: Maria Francisca Coelho Sousa
Idade: 41 anos
Onde mora: Samambaia Sul
Há quanto tempo você trabalha na UCB? 45 dias
Quais foram seus empregos anteriores? Bolo do Rei e Casa Azul
Qual era o seu sonho de quando criança e o que você pensava em ser quando
crescer? Era ser professora
Me conta um pouco de como é o seu dia a dia tanto no trabalho quanto em casa?
Levanto às 5:20 da manhã, começo a trabalhar às 07:00. Tenho uma hora de almoço e
trabalho até as 16:00 chego em casa às 16:30 e vou fazer os serviços domésticos. Lavo,
passo, cozinho e arrumo a casa. Deito cedo.
O que você pensa sobre ser trabalhador(a) da área da limpeza? É muito bom, mas é
muito discriminado por algumas pessoas.
Em algum momento você se sentiu discriminado por trabalhar na limpeza da
Universidade? Me conta como foi? Sim! Tem alguns alunos e professores que te olha
com indiferença.
10
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
2.1. Produto
Como a presença de funcionários no bloco K é relativamente reduzida e os que
aceitaram participar do projeto foram poucos, a intervenção seguiu a proposta original
de ser feita apenas no Bloco K, porém com um menor número de intervenções. Foram
escolhidas as duas escadas das laterais, logo na entrada do bloco, onde ocorre maior
circulação de alunos. Foram afixadas faixas com a inscrição de frases ditas pelos
trabalhadores entrevistados, sobre o que pensavam sobre o seu cargo e sobre assuntos
de sua vida pessoal. E, ao lado de cada faixa, foram colocadas fotos de cada funcionário
para que eles fossem identificados por suas experiências expostas nas faixas. Para
conseguir as fotos de cada funcionário, foram realizados dois dias de ensaio fotográfico.
Um dia para o período diurno e um dia para o período noturno.
Foram ao total de cinco funcionários, sendo que uma em uma das faixas foram
colocadas inscrições de dois funcionários, já que o que eles colocaram em evidência
sobre o trabalho na limpeza eram ideias semelhantes, ou seja, elas tinham o mesmo
objetivo em estarem trabalhando ali.
Nas fotos que foram expostas nas escadas, cada uma continha o nome do
funcionário e abaixo o seguinte questionamento: ‘’Trabalho aqui há (anos)’’. ‘’Você já
me viu?’’. Elas foram pensadas para que de uma maneira direta aquilo dialogasse com
quem estivesse lendo e o fizesse parar para pensar no assunto, caso ele não tivesse
prestado atenção à intervenção na faixa exposta ao lado.
A proposito das fotos em tamanhos bem ampliados, eram de que elas dessem uma
dimensão real da pessoa que estava ali exposta, e que com isso houvesse um impacto
maior na hora da visualização. Faixas, normalmente, são usadas na rua para chamarem
atenção das pessoas pra um propósito especifico. Por isso elas foram escolhidas para
fazerem parte do projeto. Grande e em cores vibrantes fez com que fosse pouco
provável que as pessoas não percebessem a presença da intervenção.
Uma das propostas que estavam previstas para a finalização deste trabalho,
infelizmente não pode ser concluída. Devido ao meu pouco tempo disponível, não foi
possível realizar as fotografias que seriam feitas dos funcionários em seu horário de
trabalho e que tinham o intuito de enriquecer este projeto.
2.2. Intervenções da intervenção
Para que fosse autorizada a fixação das faixas nas escadas do Bloco K, uma
funcionária da coordenação do Curso informou que seria apenas necessário enviar um e-
mail informando-lhe sobre o que seria feito, quais os espaços que seriam utilizados, para
o que seria destinado aquele trabalho e quais os dias que o trabalho ficaria exposto, que
com isso, ela repassaria para as pessoas responsáveis solicitando a autorização. A
diretora do Curso respondeu informando que estava de acordo. Com isso, afixei as
faixas no dia 05 de novembro no final da tarde.
O primeiro contratempo ocorreu exatamente no dia 05. À noite, quando minha
orientadora foi ver as intervenções, uma das fotos já havia sido retirada: a do
funcionário Alessandro. Exatamente na única intervenção em conjunto, uma faixa para
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dois funcionários, ou seja, uma foto complementava a outra. Em conversa com o
Alessandro, no dia seguinte, ele me confessou ter sido ele mesmo quem retirou a foto,
pois não havia gostado do resultado e informou que alguns colegas dele de sala estavam
zombando dele por causa exatamente da visibilidade ali expressa. Não consegui
convencê-lo a deixar a foto exposta e com isso a intervenção do qual ele participava
ficou sem sentido para os que viam.
No dia 06, logo de manhã, fui informada, por outra funcionária, que a foto dela
havia sido riscada com a seguinte frase: “Você deixou ser vista?”. No dia da retirada das
fotos essa frase foi rabiscada, fazendo com que não ficasse legível o que tinham
rabiscado anteriormente, e do outro lado da foto foi escrito: “Parabéns”. Interpreto que
isso mostrou que de alguma forma a intervenção havia tido um resultado; por isso foi de
comum acordo entre mim e minha orientadora de não repor essa foto. Porém, revelei
novamente a foto, pois havia prometido aos funcionários que as daria de presente para
eles.
No mesmo dia, uma das funcionárias me ligou informando que o trabalho iria ser
retirado, pois avisaram que não havia autorização da Prefeitura. Isso acabou ocorrendo
durante a tarde. Após algumas ligações, a Prefeitura me informou que eu deveria levar o
trabalho à Diretoria de Comunicação e Marketing / Dicom para ser autorizado; ao
chegar à Dicom me perguntaram se eu tinha autorização da Prefeitura. Mostrei todo o
trabalho e informei qual era o objetivo, e com isso foi concedida a autorização para
repor o trabalho no mesmo lugar de antes.
Em conversa com um dos funcionários que não participou do projeto, ele me
informou de que no dia da retirada das faixas e fotos, alguns alunos se sentiram
ofendidos com uma das frases do trabalho e por isso avisaram a Prefeitura com o intuito
de que o trabalho fosse retirado. A frase no caso foi a da funcionária Maria Francisca
que dizia: “Tem gente aqui que te olha com indiferença”. Isso, a meu ver, indica que a
proposta do trabalho foi alcançada. Penso que quem se sentiu ofendido com as
intervenções, são exatamente as pessoas que não estão dando o valor necessário para
esses funcionários.
Com todos os contratempos, o que fez mesmo esse trabalho valer mais a pena,
foi a seguinte frase da Jacira: “Quero ficar com a foto e a faixa da minha intervenção
para lembrar sempre de você”. O reconhecimento dela foi muito significativo e
recompensador.
2.3. Análise da pesquisa com alunos
Estava proposto no Relatório de Qualificação do Projeto Experimental I que as
entrevistas com os alunos iriam ser presenciais e feitas na mesma semana de exposição
das fotos. Porém, com os imprevistos, isso não foi possível. A mesma entrevista
também seria enviada pelo GOL (Graduação OnLine - portal de acesso dos alunos com
a Universidade); porém, quando isso foi solicitado na Diretoria do Curso, foi informado
que não era possível e como segunda opção foi dada a ideia de que a pesquisa fosse
enviada diretamente por e-mail e pelo facebook.
A proposta inicial da pesquisa era fazer um levantamento junto a uma parcela maior
de pessoas de diferentes cursos que circulassem pelo bloco K. Porém as mudanças de
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planos também atingiram a pesquisa, que foi feita somente com alunos de Comunicação
Social.
Não esperava que fosse haver uma dificuldade tamanha para uma pesquisa de
poucas questões. Contudo a pesquisa enviada para um grupo de mais de 120 pessoas,
teve como resposta apenas 6 questionários. A meu ver, isso demonstrou falta de
interesse dos outros tanto com o trabalho, quanto com o tema abordado.
Das conversas de corredores que ouvi enquanto afixava as fotos e faixas, muitos
pararam e olharam e alguns até reconheceram os funcionários. Ao ver uma das fotos,
em que a funcionária tinha pouco tempo de trabalho na Universidade, uma aluna
comentou com seu colega, com tom de surpresa: “Nossa, tem uma aqui que trabalha há
mais de 11 anos”. Uma das funcionárias que não participou do trabalho, pois estava em
outro bloco, comentou que tinha achado muito boa a ideia do trabalho.
2.3.1. Andressa Silva de Souza
1. Nome: Andresa Silva de Souza
2. Idade: 22
3. Curso: Publicidade
4. Semestre: 7°
5. Onde Mora: Ceilândia
6. Há quanto tempo estuda na UCB: 3 anos e meio
Você reparou nas faixas e fotos que foram colocadas nas escadas do bloco K entre
os dias 5 e 8 de novembro – sobre pessoas que trabalham em serviços de limpeza
aqui do bloco K da UCB?
sim
Identificou qual o tema abordado com essas intervenções? Qual?
Não reparei, mais achei interessante, que falava dos funcionários da UCB.
Você reconhece ou já viu algum dos funcionários das fotos? Quem?
Não conheço nenhum não.
A intervenção te fez pensar nesse tema de invisibilidade de profissionais que não
possuem um status muito valorizado perante a sociedade?
Sim, porque muitas vezes eles não são percebidos.
Faça um comentário/crítica sobre o trabalho e se você achou que ele tem
relevância.
Um trabalho com o tema bem diferente, e que teve o objetivo de ensinar a reparar e
cumprimentar o nosso próximo.
2.3.2. Larissa Monteiro
1. Nome: Larissa Monteiro
2. Idade: 24
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3. Curso: Publicidade
4. Semestre: 8º
5. Onde Mora: Taguatinga Norte
6. Há quanto tempo estuda na UCB: Desde 2º sem. de 2009 – 4,5 anos
Você reparou nas faixas e fotos que foram colocadas nas escadas do bloco K entre
os dias 5 e 8 de novembro – sobre pessoas que trabalham em serviços de limpeza
aqui do bloco K da UCB?
Sim e achei a ideia muito bacana.
Identificou qual o tema abordado com essas intervenções? Qual?
Sim a falta de visibilidade que profissionais de serviços gerias sofre, bem como a falta
de respeito para com eles e para com a função que desempenham.
Você reconhece ou já viu algum dos funcionários das fotos? Quem?
Os funcionários da foto nunca vi pelos corredores da UCB, mas já me deparei com
outros, principalmente no banheiro feminino do k.
A intervenção te fez pensar nesse tema de invisibilidade de profissionais que não
possuem um status muito valorizado perante a sociedade?
Sim, acredito que o tema seja valido, pois muitas pessoas tratam esses profissionais
como um nada, não dão bom dia, acham que não são gente. Educação é algo tão bonito
e quem sabe uma atitude como essa desperta a educação de algumas pessoas que
precisam.
Faça um comentário/crítica sobre o trabalho e se você achou que ele tem
relevância.
PARABÉNS PELA INICIATIVA. A minha única critica é que essas fotos deveriam ser
espelhadas em todo o campus, uma vez que muitas pessoas deveriam apreender a tratar
melhor esses profissionais. Quem sabe vendo a fotos deles espalhadas não seria uma
iniciativa para que isso acontecesse. Se antes eu gostava de dar bom dia ou boa noite a
eles hoje tenho orgulho disso e mesmo assim me sinto em falta com os funcionários que
não conheço ou que já passaram despercebido por mim.
2.3.3. Herik Bianke
1. Nome: Herik Bianke Braga
2. Idade: 26 anos
3. Curso: Comunicação Social – Hab. Publicidade e Propaganda
4. Semestre: 8º
5. Onde Mora: Riacho Fundo II
Há quanto tempo estuda na UCB: 3 anos
Você reparou nas faixas e fotos que foram colocadas nas escadas do bloco K entre
os dias 5 e 8 de novembro – sobre pessoas que trabalham em serviços de limpeza
aqui do bloco K da UCB?
Sim.
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Identificou qual o tema abordado com essas intervenções? Qual?
Que as pessoas da limpeza pouco são vistas pelos transeuntes. Retrata a invisibilidade
do sujeito quanto a seu cargo ou ocupação.
Você reconhece ou já viu algum dos funcionários das fotos? Quem?
Não.
A intervenção te fez pensar nesse tema de invisibilidade de profissionais que não
possuem um status muito valorizado perante a sociedade?
Sim. Vivemos em uma sociedade onde o fazer é mais importante do que dar o devido
valor ao que realmente é importante.
Faça um comentário/crítica sobre o trabalho e se você achou que ele tem
relevância.
O trabalho traz à tona uma máxima incontestável: As pessoas são aquilo que elas fazem.
2.3.4. Larissa Neves
1. Nome: Larissa Neves Barroso
2. Idade: 24
3. Curso: Publicidade E Propaganda
4. Semestre: 8º
5. Onde Mora: Taguatinga
6. Há quanto tempo estuda na UCB: 6 anos
Você reparou nas faixas e fotos que foram colocadas nas escadas do bloco K entre
os dias 5 e 8 de novembro – sobre pessoas que trabalham em serviços de limpeza
aqui do bloco K da UCB?
não
Identificou qual o tema abordado com essas intervenções? Qual?
não
Você reconhece ou já viu algum dos funcionários das fotos? Quem?
não
A intervenção te fez pensar nesse tema de invisibilidade de profissionais que não
possuem um status muito valorizado perante a sociedade?
não
Faça um comentário/crítica sobre o trabalho e se você achou que ele tem
relevância.
não vi o trabalho
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2.3.5. Maria Rita
1. Nome: Maria Rita
2. Idade: 22
3. Curso: jornalismo
4. Semestre: 7º
5. Onde Mora: Areal, Águas Claras.
6. Há quanto tempo estuda na UCB: 3 anos e meio.
Você reparou nas faixas e fotos que foram colocadas nas escadas do bloco K entre
os dias 5 e 8 de novembro – sobre pessoas que trabalham em serviços de limpeza
aqui do bloco K da UCB?
Sim.
Identificou qual o tema abordado com essas intervenções? Qual?
Sim. Acho que é mostrar como não percebemos pessoas que são importantes para o
nosso dia-a-dia.
Você reconhece ou já viu algum dos funcionários das fotos? Quem?
Sim, mas não sei o nome dela. Era a senhora que queria ser professora
A intervenção te fez pensar nesse tema de invisibilidade de profissionais que não
possuem um status muito valorizado perante a sociedade?
Um pouco, mas devido à correria passou rápido.
Faça um comentário/crítica sobre o trabalho e se você achou que ele tem
relevância.
Tem bastante relevância sim, mas o período de final de semestre pode deixar muitas
pessoas desatentas, como foi meu caso.
2.3.6. Susana Senna
1. Nome: Susana Senna
2. Idade: 25 anos
3. Curso: Jornalismo
4. Semestre: 7º
5. Onde Mora: Recanto das Emas
6. Há quanto tempo estuda na UCB: Estou a mais ou menos 3 anos e meio.
Você reparou nas faixas e fotos que foram colocadas nas escadas do bloco K entre
os dias 5 e 8 de novembro – sobre pessoas que trabalham em serviços de limpeza
aqui do bloco K da UCB?
Olhei as fotos, achei bacana o trabalho, mas não reconheci nenhuma.
Identificou qual o tema abordado com essas intervenções? Qual?
Creio que o tema seja algo relacionado com a falta de cuidado ou preconceito com essas
pessoas, que são muito importantes para o funcionamento da Universidade.
Você reconhece ou já viu algum dos funcionários das fotos? Quem?
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Não reconheci nenhuma delas.
A intervenção te fez pensar nesse tema de invisibilidade de profissionais que não
possuem um status muito valorizado perante a sociedade?
Sim, não entendo porque a sociedade tem preconceito que este tipo de profissional. Seu
trabalho é tão digno quanto qualquer outro. Eu particularmente sempre cumprimento
todos os profissionais da UCB, independente do tipo de serviço. Mas confesso que as
funcionárias dos cartazes não reconheci.
Faça um comentário/crítica sobre o trabalho e se você achou que ele tem
relevância.
Acho muito bacana esse projeto, o tema precisa ser mais discutido como forma de
conscientizar as pessoas a valorizarem este tipo de profissional. Isso me fez lembrar do
caso do jornalista Boris Casoy que fala mal de dois garis ao final do jornal. Você pode
encontrar esse material no youtube!
ORÇAMENTO
As despesas do primeiro semestre de 2013, referentes ao Projeto Experimental I,
foram somente da impressão dos relatórios de qualificação para a orientadora e os
avaliadores da banca de qualificação.
As despesas do segundo semestre de 2013, referentes ao Projeto Experimental II,
foram: as produções das faixas que foram expostas nas escadas; a ampliação das fotos
dos funcionários que também ficaram expostas; impressão e encadernação do Memorial
Descritivo para a orientadora, os avaliadores e os funcionários que participaram do
Projeto.
Como presente, em agradecimento pela participação, também foram reveladas as
fotos dos ensaios fotográficos feitos com cada funcionário.
1º Semestre
Impressão dos relatórios .......................................................................................... 31,00
2º Semestre
4 faixas .................................................................................................................... 150,00
5 fotos 60x90 .......................................................................................................... 189,00
10 impressões do Memorial Descritivo ............................................................ 142,40
1 foto de reposição 60x90 (foto exposta riscada) ................................................... 37,80
33 fotos 10x15 ensaios fotográficos ........................................................................ 19,80
5 fitas dupla face e uma cola para afixar o material nas escadas ............................ 84,00
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12. Referências
COSTA, Fernando Braga da. Homens invisíveis: relatos de uma humilhação social. 2a
reimpressão. São Paulo: Globo, 2008. 253 p.
DORNELAS, Antonio, et al. Portugal Invisível. Lisboa: Mundos Sociais, 2010. 222p.
FRAZÃO, José. Invisibilidade social: a outra face do preconceito. Web Artigos.
Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/invisibilidade-social-a-outra-face-
do-precoceito/31904/>. Acesso em: 20 maio 2013.
GACHET, Samuel. Entrevista em 24.06.2007. Blog Discutir Educação. Disponível em
http://discutireducacao.blogspot.com.br/2007/06/entrevista-samuel-gachet.html. Acesso
em 14. nov. 2013.
INNERARITY, Daniel. O combate social por atenção. Esferas, Brasília, v 1, n 1, p. 11-
18, jul/dez. 2012.
NEIVA, Ivany Câmara. Sete Contas de um Colar. In: MAGALHÃES, Maria;
OLIVEIRA, Sheila; PIASSON, Itacir. Memória e história da UCB – experiência e
narrativas históricas. Brasília: Universa, 2010. Cap. 9, p. 277-299.
O HOMEM Invisível. Documentário. Direção de Andréia Velloso. São Paulo. Pacto
Audiovisual, Olhos de Boi e Roda Filmes. 2004. 1 CD (15 min): son, color. Port.
QUIRINO, Leandro C. Na UCB, os “Os heróis da madrugada” não deixam a sujeira
“dormir”. Disponível em:
<http://diantedisso.apaces.live.com/?_c11_BlogPart_pagedir=Nexr&_c11_BlogPart_ha
ndle=cns!F1180473EED928E9!232&_c11_BlogPart=blogview&_c=BlogPart&partqs=
amonth%3d7%26ayear%3d2009>. Acesso em: 08 ago. 2009.
VIDA DE GARI. Repórter Daniel Casadio. Programa Intruso. Youtube, 2008.
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=LU69cN8tZHM>. Acesso em: 01
jun. 2013.
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APÊNDICES
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