Os Mercados Da Habitação Social No Brasil

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    1/15

    1

    293OS MERCADOS DA HABITAO SOCIAL NO BRASIL:

    ARTICULANDO POLTICA HABITACIONAL, SETOR IMOBILIRIO E

    CONSTRUO CIVILLucia Zanin Shimbo

    ResumoA questo da habitao no Brasil passou por grandes alteraes neste incio do sculo XXI.At os anos 1990, prevaleciam abordagens que enfatizavam a dimenso do consumo dahabitao e a interveno estatal nos programas habitacionais. Entretanto, a constituio deuma forma indita de empresariamento da produo da habitao nos anos 2000, quearticula Estado, empresas construtoras e capital financeiro, coloca a necessidade de se

    compreender os vnculos entre mercado imobilirio, setor da construo civil e polticahabitacional. Nesse sentido, este artigo busca contribuir para a compreenso dessas novasdinmicas da estrutura de proviso e de produo da habitao no Brasil contemporneo.Trata-se, especialmente, do segmento econmico do mercado imobilirio, que oferta imveiscom valores inferiores a 100 mil dlares, e que se beneficiou duplamente ao conseguiracessar tanto as fontes de recursos tradicionalmente destinadas habitao de interessesocial quanto aquelas destinadas habitao de mercado, sobretudo via capital financeiro.Esse segmento se mostra analtica e empiricamente como uma fronteira de indistino entrea produo pblica e a produo privada de moradias, aqui considerada como a habitaosocial de mercado. Diante desse contexto, seria possvel pensar que h uma articulaosuficientemente forte entre empresas e instituies pblicas capaz de formar um sistema

    produtivo setorial da habitao no Brasil? Ou, pelo menos, como analisar teoricamente asformas de produo da habitao hoje presentes?Palavras-chave: poltica habitacional, mercado imobilirio, construo civil.

    INTRODUO

    A produo das cidades no Brasil se alterou profundamente neste incio de

    sculo XXI. A constituio de uma forma indita de empresariamento da produo da

    habitao, que articulou Estado, empresas construtoras e capital financeiro, coloca a

    necessidade de se compreender os vnculos atualmente presentes entre produo imobiliria,

    setor da construo civil, poltica habitacional e financeirizao.

    Num perodo de cinco anos, sobretudo entre 2006 e 2010, grandes empresas

    construtoras e incorporadoras passaram a produzir habitao para as camadas de baixa

    renda da populao e imprimiram um ritmo acelerado na verticalizao e no espraiamento

    dos tecidos urbanos. Trata-se, especialmente, do segmento econmico do mercado

    imobilirio, que oferta imveis com valores inferiores a 100 mil dlares, e que se beneficiou

    duplamente ao conseguir acessar tanto as fontes de recursos tradicionalmente destinadas

  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    2/15

    2

    habitao de interesse social quanto aquelas destinadas habitao de mercado, sobretudo

    via capital financeiro.

    A partir do momento em que uma determinada empresa que produz habitao

    passa a ser, ao mesmo tempo, proprietria de terras, incorporadora, construtora, banco,

    vendedora de aes no mercado de capitais e correspondente do governo na intermediao

    do financiamento ao consumidor, a prpria lgica de estruturao do mercado se altera.

    Consequentemente, as formas de produo da habitao e os produtos imobilirios tambm

    se transformam.

    A consolidao de um mercado de habitao, seguindo um padro econmico1,

    coloca o Brasil num contexto mais prximo dos pases que j apresentam, h bastante tempo,

    o vnculo entre mercado imobilirio, construo civil e capital financeiro. Nesse sentido, otrabalho de Ball (2006) apresenta uma abordagem analtica que integra o setor da construo

    civil e o mercado imobilirio e procura identificar a cadeia de proviso e de transao de

    edificaes construdas, a partir do estudo sobre as empresas e organizaes que participam de

    ambos.

    Desde a dcada de 1980, Ball (1986) critica as tendncias de anlise que se voltam

    apenas dimenso do consumo da habitao, ou seja, que enfatizam apenas o desenho

    institucional da poltica pblica, a questo da propriedade da habitao e dos custos. O autorrefora as dimenses da proviso e da produo da habitao.

    Dentre as razes que justificam a justaposio entre essas indstrias, o autor

    destaca, primeiro, o fato de que o real estate produzido pela indstria da construo e,

    portanto, as duas no podem viver uma sem a outra. Em segundo lugar, e talvez o mais

    importante, porque elas compem alguns pontos tericos similares nesse aspecto, Ball

    (2006) aponta as especificidades da construo e do mercado imobilirio sem mencionar a

    questo do atraso da industrializao do setor.

    Uma caracterstica-chave do mercado imobilirio e da construo a existncia

    de uma mirade de mercados que integram a rede de estruturas de proviso e de produo

    divididas basicamente, segundo o autor, entre as instituies de produo (empresas) e as

    instituies de transao (empresas e rgos de regulao e financiamento). Esses mercados

    so diferenciados de acordo com o tipo de edificao, a localizao e os direitos de

    propriedade, para os quais h uma multitudede compradores e fornecedores, virtualmente

    1

    Carolina M. P. de Castro (1999) analisou a aproximao do mercado a uma produo habitacional voltada paraos estratos mdios e baixos, levada a cabo pelas cooperativas autofinanciadas na RMSP no final da dcada de1990. De l para c, possvel perceber a constituio de um padro econmico da habitao que as grandesempresas dos anos 2000 tambm adotaram. Cf: Castro e Shimbo (2011).

  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    3/15

    3

    em todas as esferas de produo e, consequentemente, uma variao de preos muito

    grande entre as empresas. H, portanto, uma mirade de mercados, formada por empresas

    com atividades distintas, entre as mais importantes: construtores, incorporadores, agncias

    governamentais, investidores, profissionais ligados ao planejamento, avaliao, pesquisa e

    arquitetura, engenharia etc.

    Em especial, no contexto europeu, Carassus e Bougrain (2003) criticam a noo

    de setor da construo civil, defendida nos anos 1980 pelo prprio Carassus (1987), pois se

    limita ao conjunto de empresas que tem como atividade principal a construo, a reforma e a

    manuteno de edificaes, restringindo-se s empresas de construo em si. Assim como,

    questionam a ideia de ramo (filire, apesar de no ter uma traduo exata para o

    portugus), pois analisa apenas os fluxos de produo das edificaes, articulando-se as suasetapas: concepo, realizao e recepo.

    Mais recentemente, os autores adotam a noo de sistema produtivo setorial,

    que seria o conjunto complexo e organizado de relaes entre os atores (produtivos e

    institucionais) que participam da produo, da gesto de obras e dos servios derivados

    dessas obras, ao longo do ciclo de vida das edificaes. H, portanto, os atores que

    participam da produo e as instituies que regulam os comportamentos desses atores

    produtivos. Nessa medida, os autores se aproximam de Ball (2006), e tambm identificamduas caractersticas determinantes da construo: a demanda por produtos de uma

    extraordinria diversidade e heterogeneidade; os produtos so localizados e imobilizados no

    solo.

    Outra abordagem, mais prxima da questo urbana, procura analisar as formas

    de produo-circulao do espao construdo. Nessa perspectiva, Jaramillo (1982) define

    formas de produo como sistemas que relacionam os homens entre si e os meios de

    produo necessrios para produzir certo bem ou uma srie de bens. Uma forma de

    produo inclui a criao das condies para sua reproduo e requisita, portanto, a

    circulao - entendida como o processo que arranja os produtos e os distribuem, desde a

    produo at o seu momento de consumo (Jaramillo, 1982, p. 177).

    Diante do contexto contemporneo no Brasil, no qual grandes empresas

    construtoras financeirizadas passaram a atuar em diferentes mercados voltados aos setores

    de renda mdia e baixa, seria possvel pensar que h uma articulao suficientemente forte

    entre empresas e instituies pblicas capaz de formar um sistema produtivo setorial da

    habitao no Brasil, a partir dos anos 2000?

  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    4/15

    4

    H uma lacuna no debate brasileiro em relao a uma anlise da estrutura de

    proviso e de produo da habitao que articule as empresas e as instituies que dela

    participam, como colocado por Ball (2006), e que aprofunde na compreenso das diferentes

    formas de produo da habitao, como colocado por Jaramillo (1982). Nesse sentido, o

    objetivo deste artigo contribuir para a compreenso dessa estrutura no Brasil, articulando

    algumas dimenses empricas, observadas e analisadas nos ltimos cinco anos, com essas

    chaves de leitura que vinculam mercado imobilirio, construo civil, poltica habitacional e

    a questo urbana.

    AS ARTICULAES ENTRE HABITAO, CONSTRUO CIVIL E

    MERCADO IMOBILIRIO

    O debate at os anos 1990

    Durante a dcada de 1970, autores filiados a uma tradio marxista procuravam

    compreender a produo da habitao a partir de seus ciclos de reproduo do capital, como

    est presente em Topalov (1979); ou das faces do capital que produzem e consomem o

    ambiente construdo, como denomina Harvey (1982); ou ainda, dos tipos de capitaisenvolvidos

    na produo do espao urbano, como destaca Lipietz (1984).

    Nessa chave de leitura, principalmente em Harvey (1982), h uma clara diferena

    entre a produo voltada para o uso do ambiente construdo e a produo para o lucro, ou

    seja, entre a ideia da habitao enquanto meio de consumo e condio para reproduo da

    fora de trabalho e a ideia da habitao enquanto mercadoria. Nesse ltimo caso, os

    interesses da construo se apresentam com sinal negativo ao serem conflitantes com os

    interesses dos trabalhadores em geral.

    Tambm est presente nessa chave, sobretudo em Lipietz (1984), a ideia de que a

    maior fonte de lucro na produo do espao urbano est nas atividades dos promotores,

    desestimulando o investimento na atividade produtiva em si, mantendo-se, portanto, uma

    estrutura manufatureira de produo.

    Essa chave de leitura pautou, no Brasil, durante os anos de 1970, grande parte

    dos estudos sobre a habitao e a construo civil. Como destaca Farah (1996), estava

    presente um primeiro eixo articulador que encarava a habitao na esfera do consumo e, por

    no ser atendida pelo mercado, requisitava a interveno estatal, donde se derivavam os

    estudos sobre programas pblicos habitacionais. Um segundo eixo partia do pressuposto deque a indstria da construo era um setor atrasado e daqui se ramificavam estudos sobre

  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    5/15

    5

    os obstculos modernizao do setor; sobre as alternativas para modernizao; e sobre a

    dimenso no-produtiva da produo imobiliria, vinculada ao capital promocional.

    O contexto europeu do ps-guerra fomentou o argumento de que o

    desenvolvimento da construo deveria passar necessariamente pela industrializao, sob o

    modelo da grande organizao industrial, com referncia indstria metal-mecnica, para

    atender a demanda da produo em escala. Colocava-se, ento, a necessidade de articular

    polticas, como por exemplo, a poltica social de habitao, a poltica econmica de

    reorganizao do mercado e a poltica de inovao tecnolgica, para que o setor se

    desenvolvesse nessa perspectiva.

    No Brasil, segundo Jorge Castro (1999), as premissas do debate europeu no

    correspondiam exatamente concepo da construo como um setor importante paraabsoro de mo de obra excedente e migrante, tendo um importante papel nas crises cclicas

    da economia brasileira. E tampouco ia de encontro ideia do barateamento da construo

    apenas voltado para o aumento das taxas de lucro de construtores. Ambas as concepes no

    continham, portanto, o vnculo necessrio entre construo, habitao e desenvolvimento

    tecnolgico como era colocado no contexto europeu e reforavam a noo do atraso do

    setor da construo.

    Essa noo foi suficientemente forte para obscurecer uma anlise que pudesseaprofundar as dinmicas de produo da habitao vinculadas s especificidades do setor da

    construo. Ou melhor, dotando o setor com sinal negativo, ele no pde ser estudado a

    partir daquilo que realmente era, ou seja, como se apresentava de fato. Para Farah (1996),

    ausentava-se a articulao entre a indstria da construo e o processo de acumulao do

    capital; e a noo de atraso do setor contribuiu para a ausncia de estudos sobre o processo

    produtivo.

    Suprindo essa lacuna, um marco importante no debate brasileiro foi o livro

    organizado por Erminia Maricato, A produo capitalista da casa (e da cidade) (1979), cujo

    prefcio escrito por Francisco de Oliveira apontava a mudana que os trabalhos

    apresentados no livro traziam ao debate, ao vincularem as dimenses da produo do

    urbano, da habitao e do setor da construo. O autor criticava a generalidade e a tipologia

    dos trabalhos anteriores e reforava que o objetivo do livro era discutir a especificidade do

    urbanona produo capitalista no Brasil.

    No entanto, as pesquisas presentes no livro enfatizavam a produo da habitao

    solucionada pelo prprio morador, a autoconstruo, e nessa perspectiva a ideia era

    determinar como o espao socialmente produzido se pe a servio da acumulao de capital

  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    6/15

    6

    e, em especial, como esse espao socialmente produzido sustenta uma atividade produtiva

    tecnicamente atrasada (Oliveira, 1979, p.15). Ou seja, ainda permanecia a ideia do atraso

    inerente construo civil e a nfase ocorria na dimenso da habitao como uma no-

    mercadoria, como suporte da reproduo da mercadoria trabalhodada pelo prprio morador

    ou pelo Estado. A dimenso de como se operacionalizava a produo da habitao enquanto

    mercadoria, voltada, neste perodo, para os setores de renda mdia e mdia baixa se

    ausentava nesses estudos.

    Os trabalhos especficos sobre a construo civil no Brasil ganharam corpo a

    partir dos anos 1980, ora enfatizando o trabalhador da construo (Morice, 1992 e 1996;

    Bicalho de Souza, 1983 e 1994), ora analisando as mudanas tecnolgicas e organizacionais

    ocorridas na construo habitacional e na indstria de materiais e componentes, com especialdestaque para os estudos que faziam uma avaliao sobre a possibilidade de aplicao do

    taylorismo e do fordismo no setor da construo (Prochnik, 1987; Vargas, 1983).

    No final dos anos 1980 e no incio dos 1990, o trabalho de Farah (1996) conciliou

    os estudos sobre construo civil e habitao, ao resgatar a dimenso da produo em si,

    analisando o processo de trabalho e suas transformaes na construo habitacional e,

    principalmente, no canteiro de obras. Entretanto, nessa tendncia de estudos sobre a

    construo das dcadas de 1980/90, a dimenso do urbano se enfraqueceu, apesar davalorizao das questes sobre a construo e a organizao do trabalho.

    Ainda com resqucios da dimenso do atraso, diversos autores brasileiros

    criticaram a noo de indstria da construo. No poderia se denominar a construo

    civil como indstria, porque ela no se encaixaria perfeitamente nessa referncia,

    tampouco como indstria atrasada. Daqui, esto presentes duas tendncias importantes.

    A primeira analisava as singularidades do setor, da qual o trabalho de Srgio

    Ferro foi uma das principais referncias na discusso a respeito da base manufatureira da

    construo, sobretudo, no campo da arquitetura. Mesmo justificando o recurso aos conceitos

    marxistas de interpretao que ele prprio utilizava, Ferro (2003) reconhecia que eles eram

    amplos demais ou estreitos demais para aplicao direta particularidade que ele tinha

    diante de si: o canteiro de Braslia (Ferro, 2003, p. 263). Seria, necessrio, portanto, uma

    anlise mais pormenorizada sobre as engrenagens do capital que compem a construo,

    como um todo, e o canteiro, particularmente.

    A segunda vertente passou a denominar o setor como macrocomplexo da

    construo, como denominado por Prochnik (1987), englobando os diversos setores de

    produtos cujo destino final era a construo, e se tornaram mais frequentes os estudos sobre

  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    7/15

    7

    determinadas etapas ou produtos da cadeia produtiva da construo. Dessa tendncia,

    derivou a ideia do construbusiness, bastante adotada pelos agentes do prprio setor, j nos

    anos 2000.2

    Portanto, entre os anos 1980 e 1990, o debate se mostrava cada vez mais

    especializado, tratado em campos disciplinares especficos. A produo da habitao dizia

    respeito apenas, por uma tendncia presente principalmente no campo da arquitetura e do

    urbanismo, aos programas e s polticas habitacionais. A questo do setor da construo civil

    e do desenvolvimento tecnolgico ficou mais restrita aos estudos da engenharia. E a questo

    urbana se descolou da dimenso produtiva, como estava presente em Harvey (1982) e em

    Maricato (1979).

    As novas dinmicas dos anos 2000

    A partir dos anos 2000, as dinmicas da poltica habitacional, do mercado

    residencial e da construo civil se revelaram fortemente amarradas no Brasil, na perspectiva

    de desenvolvimento econmico colocada pelo governo federal. A relao entre poltica

    pblica habitacional e produo privada de moradias se redesenhou com a entrada do

    capital financeiro nas grandes empresas construtoras e incorporadoras e com o aumento de

    recursos dos principais fundos do Sistema Financeiro da Habitao (SFH) o Fundo deGarantia do Tempo de Servio (FGTS) e o Sistema Brasileiro de Poupana e Emprstimo

    (SBPE).

    A nova poltica nacional de habitao, elaborada em 2004 pelo primeiro

    governo de Luiz Incio Lula da Silva (2003-2006), buscava ampliar o mercado para atingir os

    setores populares, permitindo a otimizao econmica dos recursos pblicos e privados

    investidos no setor habitacional (Brasil, 2004). Para tanto, era prevista a criao de

    mecanismos tanto de proteo aos financiamentos habitacionais como de captao de

    recursos, entre os quais, aqueles disponveis no mercado de capitais.

    Tais mecanismos previstos na nova poltica foram implementados

    paulatinamente, embora no tenham sido a princpio operacionalizados dentro de

    programas habitacionais especficos, o que aconteceria mais adiante com o Programa Minha

    Casa, Minha Vida. Desde aquele momento, entretanto, os agentes privados souberam atuar

    2As dissertaes e teses produzidas no campo da engenharia civil tendem a abordar construo civil como umacadeia produtiva, nomeada por Serra (2001) como construbusiness. Segundo a autora, essa cadeia engloba cinco

    subsetores: materiais de construo; bens de capital para construo; edificaes; construo pesada; e serviosdiversos (servios tcnicos, atividades imobilirias e de manuteno de imveis). Pela descrio das atividades dosetor imobilirio e da construo civil, j possvel notar a interdependncia entre ambos.Ver tambm: FIESP,2008.

  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    8/15

    8

    na liminaridade entre o que a poltica especificava como habitao de interesse social e

    como habitao de mercado, tirando proveito disso. Passaram a atuar maciamente no

    segmento econmico, assim considerado pelo mercado, ou da habitao social de

    mercado.3

    Ou seja, o mercado imobilirio se beneficiou duplamente ao conseguir acessar os

    recursos de ambos os subsistemas de financiamento inicialmente previstos na poltica de

    habitao. Royer (2009) aponta que houve recentemente no Brasil a financeirizao da poltica

    habitacional. Segundo a autora, a proviso habitacional migrou do discurso universalista dos

    direitos fundamentais para a lgica seletiva dos mercados, articulando-se de maneira

    inovadora com a arquitetura financeira dos novos padres de acumulao do capital

    (Royer, 2009, p. 14).Alm desse incentivo pblico, grandes grupos imobilirios procuraram aumentar

    sua base financeira, no s por meio dos instrumentos de securitizao (adotados at 2004),

    mas tambm pela distribuio primria de aes representativas de seu patrimnio a serem

    negociadas pelo mercado secundrio na Bovespa conhecida como oferta pblica de aes

    (OPA) ou pela sua sigla em ingls IPO (Initial Public Offering).

    A aproximao entre mercado financeiro e setor imobilirio, portanto, se

    potencializou. Com a injeo de recursos financeiros provenientes, por um lado, de fundospblicos e semi-pblicos e, de outro, do mercado de capitais, as empresas construtoras

    expandiram de modo vertiginoso sua produo habitacional. Como por exemplo, basta citar

    o caso da Regio Metropolitana de So Paulo, onde houve um terceiro ciclo de elevao

    intensa dos valores das unidades residenciais lanadas pelo mercado imobilirio, entre 2007

    e 2008 Marques (2005) j havia identificado outros dois ciclos cujos picos ocorreram,

    respectivamente, em 1988 e 2000. Nesse terceiro ciclo, as empresas de capital aberto

    responderam a aproximadamente 40% dos lanamentos imobilirios em 2008. Grande parte

    dessas empresas passou a destinar, ou j destinava, sua produo s faixas de renda mais

    baixas do que o padro anterior do mercado imobilirio (Shimbo, 2010).

    Nesse processo de expanso, passa a ser fundamental analisar as caractersticas

    da produo que garantem a eficincia no controle dos custos e dos prazos, tpica dos

    modelos de gesto empresarial em geral, e que passam a interessar tanto poltica

    3Essa formulao encontra-se aprofundada em Shimbo (2010 e 2012), na qual, trabalhei a partir da fronteira de

    indistino, que se estabelece empiricamente, entre a forma de produo destinada habitao de interesse sociale aquela voltada para a habitao de mercado. Ou seja, considerei que numa eventual gradao que procureclassificar, num extremo, a produo pblica e, no outro, a produo privada, h uma zona intermediria hbrida a habitao social de mercado.

  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    9/15

    9

    habitacional quanto aos investidores internacionais. As estratgias gerais da empresa, em

    consonncia com os movimentos do capital financeiro e, ao mesmo tempo, com as

    determinaes colocadas pelos financiamentos habitacionais, repercutem necessariamente na

    esfera do canteiro de obras e em toda cadeia produtiva da construo civil.

    Alguns trabalhos recentes tm procurado captar as alteraes e as contradies

    que se encontram presentes na produo de habitao promovida por grandes empresas no

    Brasil, assim como seu reflexo nas dinmicas imobilirias, sobretudo, de grandes cidades. 4A

    questo que se coloca justamente como pensar essa produo hoje, que vm alterando

    algumas premissas at ento presentes que justificavam o atraso na construo. De um

    lado, a necessidade de um grande investimento financeiro, tanto para aquisio de terras

    como para dar conta do longo perodo de rotao do capital na construo habitacional, foiparcialmente suprida a partir da injeo de capital financeiro nas empresas construtoras e

    incorporadoras e do financiamento pblico sua produo. De outro, a baixa capacidade de

    pagamento dos consumidores do produto habitao foi aumentada consideravelmente

    com os incentivos pblicos sobre o crdito habitacional, ou seja, ampliou-se a demanda

    solvvel para amercadoriahabitao.

    Em 2009, foi lanado o Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV)5, com o

    objetivo de produzir um milho de unidades habitacionais e de alavancar a promoopblica habitacional orientada, principalmente, para o segmento econmico, corroborando

    os vnculos entre Estado e empresas. Atualmente na sua segunda fase, que pretende

    produzir mais dois milhes de unidades, o programa atendeu sua motivao primordial de

    dar um novo impulso ao setor da construo civil e ao mercado imobilirio, parcialmente

    abalados pela crise financeira mundial, de 2008. Ou seja, praticamente em todos os estados

    do pas, o MCMV fomentou a produo em escala da habitao, consolidando um mercado,

    propriamente dito, de habitao.

    4Um conjunto de teses e dissertaes defendidas entre 2010 e 2012 estudou a produo habitacional de grandesempresas. Em Shimbo (2010e 2012), tomei como objeto heurstico uma grande empresa construtora do segmentoeconmico para analisar a articulao entre Estado, capital financeiro e empresas construtoras, desde a dimensodos arranjos institucionais e regulatrios, passando pelas estratgias das empresas at chegar naoperacionalizao no canteiro de obras.Tone (2010) enfatizou a questo da valorizao imobiliria a partir dasprticas das grandes empresas financeirizadas. Moura (2011) procurou analisar as diferenas e contradies daprtica da construo civil, a partir da pesquisa em trs processos produtivos: de uma grande construtora de altopadro, de uma grande construtora do segmento econmico e de uma pequena construtora de habitao popular.Rufino (2012) explorou as transformaes scio-territoriais de Fortaleza (CE), verificadas nas prticas dos agentesatuantes no mercado na construo da cidade. Encontram-se, ainda, em andamento duas pesquisas de doutorado:uma sobre a produo do segmento econmico no ABCD da RMSP (ver: Sgolo, 2009) e sobre o trabalho e a base

    tecnolgica promovida por pequenas empresas no programa MCMV (ver: Baravelli, 2012).5Sobre o programa MCMV, h artigos publicados logo aps seu lanamento, em 2009 - como por exemplo Rolnike Nakano (2009) e Fix e Arantes (2009) -; e anlises mais recentes, sobre os resultados do programa, como emMoyses e Borges (2011) e Cardoso, Arago e Araujo (2011).

  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    10/15

    10

    CONSIDERAES FINAIS

    Quais categorias analticas adotar para se pensar habitao, mercado imobilirio e

    construo civil no Brasil?

    Retomando as caractersticas-chave da construo civil e do mercado imobilirio,

    colocadas por Ball (2006), possvel identificar no Brasil atual uma mirade de mercados

    habitacionais, com claras distines entre eles ou, dito em outra chave de leitura, h

    diferentes formas de produo da habitao, como abordado por Jaramillo (1982). A entrada

    de grandes empresas construtoras e incorporadoras no segmento econmico e a

    implementao do Programa Minha Casa, Minha Vida alcanaram, por um lado, faixas de

    renda mdia e baixa - que anteriormente eram atendidas primordialmente pela produo por

    encomenda a pequenos construtores. Por outro lado, impulsionaram a faixa de mais baixa

    renda, correspondendo concepo strictu sensu de habitao de interesse social outrora

    atendidos por outros programas exclusivamente a cargo do Estado e pela autoconstruo.

    Nesse sentido, os extremos da pirmide social do Brasil permanecem

    praticamente inalterados quanto estrutura de produo habitacional. Ou seja, as camadas

    de renda mais altas, que integram o mercado de alto padro, continuam sendo atendidas

    tanto por grandes construtoras e quanto por pequenos construtores, no caso da produo porencomenda. As camadas pobres e, a partir do MCMV, cada vez mais pobres, pois so

    aquelas que no conseguem se integrar ao programa pblico permanecem na lgica da

    autoconstruo, muitas vezes, em assentamentos no regularizados.

    Isso significa que a grande alterao ocorreu na produo voltada para as

    camadas de renda mdia, mdia-baixa e baixa, ou seja, no meio da pirmide, cujos mercados

    se distinguem entre si, basicamente, pelo grau de articulao com as administraes

    municipais e com as entidades sem fins lucrativos. Assim, o segmento econmico, queatende as rendas mdia e mdia-baixa, articula grandes empresas construtoras e

    incorporadoras (muitas delas, de capital aberto), que passam a desempenhar o papel

    principal dos agentes produtores, e o rgo operador dos programas e crditos habitacionais,

    a Caixa Econmica Federal (CAIXA), que se consolidou como a principal instituio pblica

    desse mercado.6Alm do MCMV, na sua faixa que atende famlias com renda entre trs e

    6

    Duas ressalvas a serem feitas aqui. A primeira que ainda h a permanncia da produo por encomendavoltada para os setores de renda mdia, que, inclusive, tambm pode ser atendida pelo MCMV. Entretanto, peloponto de vista da estruturao de um mercado, esse tipo de produo muito pulverizada tanto territorialmentequanto em relao aos agentes envolvidos e tem menor interesse para a anlise aqui exposta. A segunda diz

  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    11/15

    11

    dez salrios mnimos (SM), aproximadamente, outras linhas de financiamento habitacional

    so ofertadas pela CAIXA s grandes empresas. Nesse mercado, a articulao entre empresas

    e governo federal direta, por intermdio da CAIXA h, inclusive, um canal de

    atendimento prioritrio s grandes empresas, como o caso daMesa Corporate.7

    Na faixa do MCMV que atende famlias com renda inferior a trs SMs, esto

    presentes grandes construtoras de abrangncia nacional, mas h tambm, com bastante

    fora, empresas de mdio e pequeno portes que apresentam atuao local, no mximo

    regional. Isso porque o prprio programa requisita a articulao entre empresas e

    administraes municipais para se adquirir terreno, para compartilhar a execuo de

    infraestrutura urbana, para atender as demandas do cadastro local de famlias, para, enfim,

    se obter o financiamento habitacional, operado pela CAIXA. Nesse sentido, essa modalidadedo programa no se diferencia institucionalmente em relao aos programas habitacionais

    pblicos anteriores. Mas, se diferencia em relao aos agentes produtivos, pois a presena

    das grandes construtoras no era to significativa at os anos 2000.

    A outra caracterstica apontada por Ball (2006) se refere s especificidades do

    produto e do processo de produo desses diferentes mercados. No caso do mercado voltado

    para as camadas de renda mdia e baixa, houve a consolidao de um padro econmico

    da habitao - ou affordable housing, em ingls (Castro e Shimbo, 2011). Cada uma dasgrandes empresas oferece at trs linhas de produtos padronizados, voltados para o

    segmento econmico, que se repetem invariavelmente, ou seja, independente das condies

    climticas, culturais e morfolgicas do local, na quase totalidade dos estados do pas

    (Ferreira, 2012; Shimbo, 2010).

    A padronizao dos produtos habitacionais aponta, por um lado, para processos

    de produo mais racionalizados e, em alguma medida, industrializados. Por outro, ela no

    significa necessariamente uma qualidade arquitetnica, urbanstica e construtiva. Nesse

    sentido, marcante a compacidade da rea interna da unidade, a concentrao de um alto

    nmero de unidades por empreendimento e a valorizao de reas de lazer (mesmo que

    diminutas) conformando aquilo que diversos autores tm denominado como condomnio

    clube (Ferreira, 2012).

    respeito ao papel da CAIXA, que assumiu, desde a falncia do BNH, a operacionalizao da ampla maioria dosfundos pblicos e semi-pblicos destinados habitao.7

    Em 2008, foi criada aMesa Corporatedentro da CAIXA com o objetivo de centralizar o atendimento para grandesconstrutoras e agilizar a anlise de capital de giro dos empreendimentos. Para a CAIXA, o conceito de grandeconstrutora diz respeito s empresas com atuao nacional e com faturamento anual bruto superior a R$ 300milhes.

  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    12/15

    12

    Em relao produo em si, apesar de estarem presentes alguns sistemas

    construtivos considerados inovadores pela CAIXA, h poucas iniciativas de pr-fabricao e

    a maioria das empresas adota a alvenaria estrutural. Esse sistema conta com iniciativas de

    racionalizao, mas no prescinde do emprego abundante de mo de obra, permanecendo

    uma base de produo bastante tradicional. Entretanto, a novidade trazida por inmeras

    empresas do segmento econmico se concentra na adoo de sistemas de gesto e de

    controle do trabalho no canteiro de obras bastante avanado tecnicamente. Aqui, as

    inovaes no campo da tecnologia de informao colaboraram enormemente e vm sendo

    aplicadas pelas empresas (Shimbo, 2010).

    Convivendo com essa tecnologia de ponta, as tendncias de subcontratao de

    mo de obra, presentes na construo civil desde os anos 1990, se mantm. A subempreitadae a terceirizao de servios esto presentes, apesar de algumas empresas, em poca de alta

    de atividades, absorverem uma boa parte da mo de obra em seu quadro de funcionrios.

    Aqui, a liminaridade entre a contratao legal de trabalhadores (dados recentes indicam

    aumento da formalizao dos empregos na construo civil) e as brechas para aumento da

    explorao do trabalho convivem no cotidiano do canteiro de obras recentemente, uma das

    maiores empresas foi includa no cadastro de empregadores que exploram mo de obra

    anloga escrava, pelo Ministrio do Trabalho, e a concesso de crdito pela CAIXA empresa foi suspensa.8

    Em suma, pela abordagem colocada por Ball (2006) e Carassus e Bougrain (2003),

    possvel identificar um novo patamar de produo habitacional no Brasil, a partir do

    aumento do crdito habitacional, do fortalecimento das relaes empresariais e institucionais

    entre os atores envolvidos e da escala de produo atingida. Alm disso, a estreita relao

    entre Estado e mercado aqui presente coloca a habitao equiparada a outros setores

    produtivos considerados estratgicos pelo governo federal. O empresariamento da questo

    e da produo habitacional, mais uma vez repetindo, com forte apoio estatal, passa a ocupar

    o lugar da perspectiva da industrializao da construo, tanto como chave de leitura quanto

    como horizonte para implementao real.

    Porm, a baixa qualidade arquitetnica, urbanstica e construtiva dos

    empreendimentos de todas as faixas de renda (da mdia de interesse social) produzidos

    pelas grandes empresas, salvo raras excees, e a convivncia com a explorao do trabalho

    8Confira a reportagem da Folha de So Paulo, Depois de CAIXA, BB tambm deve suspender crdito MRV.Disponvel em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1130737-depois-de-caixa-bb-tambem-deve-suspender-credito-a-mrv.shtml.Acesso em: 15/08/2012.

    http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1130737-depois-de-caixa-bb-tambem-deve-suspender-credito-a-mrv.shtmlhttp://www1.folha.uol.com.br/mercado/1130737-depois-de-caixa-bb-tambem-deve-suspender-credito-a-mrv.shtmlhttp://www1.folha.uol.com.br/mercado/1130737-depois-de-caixa-bb-tambem-deve-suspender-credito-a-mrv.shtmlhttp://www1.folha.uol.com.br/mercado/1130737-depois-de-caixa-bb-tambem-deve-suspender-credito-a-mrv.shtmlhttp://www1.folha.uol.com.br/mercado/1130737-depois-de-caixa-bb-tambem-deve-suspender-credito-a-mrv.shtmlhttp://www1.folha.uol.com.br/mercado/1130737-depois-de-caixa-bb-tambem-deve-suspender-credito-a-mrv.shtmlhttp://www1.folha.uol.com.br/mercado/1130737-depois-de-caixa-bb-tambem-deve-suspender-credito-a-mrv.shtml
  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    13/15

    13

    na base produtiva tradicional, alm de outras questes, fragilizam esse sistema. O problema

    real consolidar um mercado de habitao, com fomento pblico, pautado exclusivamente

    em critrios de gesto empresarial, que se adapta constantemente aos cenrios financeiros

    internacionais e que nega a produo da cidade.

    REFERNCIAS

    Ball, M. 2006. Markets & Institutions in Real Estate & Construction. Oxford:

    Blackwell Publishing.

    Ball, M. 1986. Housing analysis: time for a theoretical refocus? Housing Studies, v.

    1, n. 3, 147-165.

    Baravelli, J. E. 2012. Trabalho e base tecnolgica no programa MCMV. Memorial de

    Qualificao, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de So Paulo, So Paulo.

    Bicalho de Sousa, N. 1983. Construtores de Braslia: estudo de operrios e sua

    participao poltica. Petrpolis: Vozes.

    Bicalho de Sousa, N. 1994. Trabalhadores pobres e cidadania: a experincia da

    excluso e da rebeldia na construo civil. Tese (Doutorado em Sociologia) Faculdade de

    Filosofia, Letras e Cincias Humanas, Universidade de So Paulo, So Paulo.

    Bougrain, F., Carassus, J. 2003. Btiment: de linnovation de produit a linnovationde service. Paris: PUCA.

    Brasil. Ministrio das Cidades. 2004. Poltica Nacional de Habitao. Braslia:

    Ministrio das Cidades.

    Carassus, J. 1987.conomie de la filire construction. Paris: Presses de lcole

    Nationale des Ponts et Chausses.

    Cardoso, A. L., Arago, T. A.; Araujo, F. de S. 2011. Habitacao de interesse social:

    politica ou mercado? Reflexos sobre a construcao do espaco metropolitano. In: ENCONTRONACIONAL DA ANPUR, 14, 2011, Rio de Janeiro RJ. Anais... Rio de Janeiro: ANPUR. (CD-

    ROM).

    Castro, C. M. P. de. 1999.A exploso do autofinanciamento na produo da moradia em

    So Paulo nos anos 90. Tese (Doutorado em Estruturas Ambientais Urbanas) Faculdade de

    Arquitetura e Urbanismo, Universidade de So Paulo, So Paulo.

    Castro, C. M. Pozzi; Shimbo, L. Z. 2011. O Padro Econmico da Habitao:

    Construindo uma Trajetria de Mercado. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR, 14,

    2011, Rio de Janeiro RJ. Anais... Rio de Janeiro: ANPUR. (CD-ROM).

  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    14/15

    14

    Castro, J. A. 1999. Invento & Inovao Tecnolgica: produtos e patentes na

    construo. So Paulo: Annablume.

    Farah, M. F. S. 1996. Processo de trabalho na construo habitacional: tradio e

    mudana. So Paulo: Annablume; Fapesp.

    Ferreira, J. S. W. (coord.). 2012. Produzir casas ou construir cidades?Desafios para

    um novo Brasil urbano. Parmetros de qualidade para a implementao de projetos

    habitacionais e urbanos. So Paulo: LABHAB ; FUPAM.

    Ferro, S. 2003. Sobre o canteiro e o desenho. In: ______. 2006. Arquitetura e

    trabalho livre. So Paulo: Cosac Naify.

    FIESP. 2008. Proposta de Poltica Industrial para a Construo Civil Edificaes. So

    Paulo. Disponvel em: http://www.fiesp.com.br/deconcic/.[Acesso em 18/06/2012].Fix, M., Arantes, P. F. 2009. Como o governo Lula pretende resolver o problema

    da habitao Alguns comentrios sobre o pacote habitacional Minha Casa, Minha Vida.

    Correio da Cidadania. Disponvel em: . [Acesso em: 8

    out. 2009].

    HARVEY, D. 1982. O trabalho, o capital e o conflito de classes em torno do

    ambiente construdo nas sociedades capitalistas avanadas. Espao e Debates, n. 6.

    Lipietz, A. 1984. Alguns problemas da produo monopolista do espao urbano.Espao e Debates, n. 25, 12-29.

    Maricato, E. (org). 1979.A produo capitalista da casa (e da cidade). So Paulo: Alfa-

    mega.

    Marques, E. C. L. 2005. A dinmica imobiliria de incorporao em perodo

    recente. In: Marques, E. C. L., Torres, H. (Orgs.). So Paulo: segregao, pobreza urbana e

    desigualdade social. So Paulo: Ed. Senac.

    Morice, A. 1992. Les pions du batiment au Brsil : quand le capital se fait

    rebelle au salariat. Genses, n. 7, 5-32.

    Morice, A. 1996. Une forme batrde du paternalisme contemporain: le dni du

    contrat sous contrle juridique. Lusotopie. Lopression paternaliste au Brsil. Paris.

    Moura, A. D. S. de. 2011. Novas solues, velhas contradies: a dinmica cclica da

    industrializao em sua forma canteiro. Dissertao Faculdade de Arquitetura e

    Urbanismo, Universidade de So Paulo, So Paulo, 2011.

    Moyses, A., Borges, E. de M. 2011. Retomada dos financiamentos pu blicos

    imobiliarios e a producao para os setores populares: impactos na reconfiguracao espacial da

    http://www.fiesp.com.br/deconcic/http://www.correiocidadania.com.br/http://www.correiocidadania.com.br/http://www.fiesp.com.br/deconcic/
  • 7/23/2019 Os Mercados Da Habitao Social No Brasil

    15/15

    15

    RM de goiania. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR, 14, 2011, Rio de Janeiro RJ.

    Anais... Rio de Janeiro: ANPUR. (CD-ROM).

    Oliveira, F. de. 1979. Prefcio. In: MARICATO, E. (org). A produo capitalista da

    casa (e da cidade). So Paulo: Alfa-mega.

    Prochnik, V. 1987. O macrocomplexo da construo civil. Rio de Janeiro: IEI/UFRJ.

    Rolnik, R., Nakano, K. 2009. As armadilhas do pacote habitacional. Le Monde

    Diplomatique Brasil, ano 2, n. 20.

    Royer, L. de O. 2009. Financeirizao da poltica habitacional: limites e perspectivas.

    Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,

    Universidade de So Paulo, So Paulo.

    Rufino, M. B. C. 2012.A incorporao da metrople: centralizao do capital noimobilrio e nova produo do espao em Fortaleza. Tese (Doutorado em Arquitetura e

    Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de So Paulo, So Paulo.

    Serra, S. M. B. 2001. Diretrizes para gesto de subempreiteiros. Tese (Doutorado em

    Engenharia) Escola Politcnica, Universidade de So Paulo, So Paulo.

    Shimbo, L. Z. 2010. Habitao Social, Habitao de Mercado: a confluncia entre

    Estado, empresas construtoras e capital financeiro. Tese (Doutorado em Arquitetura e

    Urbanismo) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos.______. 2012. Habitao social de mercado: a confluncia entre Estado, empresas

    construtoras e capital financeiro. Belo Horizonte: C/Arte.

    Sigolo, L. M. 2009. O aquecimento recente do mercado formal de moradia no

    brasil e seu espelhamento em Diadema. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR, 13, 2009,

    Florianpolis SC. Anais... Florianpolis: ANPUR. (CD-ROM).

    Tone, B. B. 2010.Notas sobre a valorizao imobiliria em So Paulo na era do capital

    fictcio. Dissertao Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de So Paulo, So

    Paulo.

    Topalov, C. 1979. Anlise do ciclo de reproduo do capital investido na

    produo da indstria da construo civil. In: FORTI, R.Marxismo e urbanismo capitalista. So

    Paulo: Cincias Humanas.

    Vargas, N. 1983. Racionalidade e no-racionalizao: o caso da construo

    habitacional. In: Fleury, Afonso Carlos Correa; VARGAS, Nilton. Organizao do trabalho:

    uma abordagem interdisciplinar, sete casos brasileiros para estudo. So Paulo: Atlas.