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1 Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012. Os Negros na História do Brasil Contada pelo Cinema Nacional Marcelo da Silva Murilo 1 Este trabalho foi elaborado com o objetivo de apresentar alguns indicadores e algumas conclusões resultantes de um estudo que fiz, com a intenção de identificar e relacionar os filmes – lançados ao longo do período que vai de 1950 a 2000 – e que, de alguma maneira, abordam determinados aspectos da participação do negro na história do Brasil. Foram três as situações provocativas que me motivaram a escrever sobre este tema, a saber: o interesse em discutir a relação história/cinema, a necessidade em pensar novas possibilidades de inserção da história e cultura afro-brasileira e africana na escola, sobretudo no que diz respeito às contribuições do negro na história do Brasil e, por fim, o desejo de construir matrizes que venham a servir como parâmetro na prescrição de fontes, variáveis e categorias, úteis no desenvolvimento de novas metodologias de ensino e aprendizagem da História. 1 Professor da Universidade Federal do Acre/UFAC, historiador e mestre em educação pela Universidade Federal do Espírito Santo/UFES, doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo/USP.

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

Os Negros na História do Brasil Contada pelo Cinema Nacional

Marcelo da Silva Murilo1

Este trabalho foi elaborado com o objetivo de apresentar alguns indicadores e

algumas conclusões resultantes de um estudo que fiz, com a intenção de identificar e

relacionar os filmes – lançados ao longo do período que vai de 1950 a 2000 – e que, de

alguma maneira, abordam determinados aspectos da participação do negro na história

do Brasil.

Foram três as situações provocativas que me motivaram a escrever sobre este

tema, a saber: o interesse em discutir a relação história/cinema, a necessidade em

pensar novas possibilidades de inserção da história e cultura afro-brasileira e africana

na escola, sobretudo no que diz respeito às contribuições do negro na história do Brasil

e, por fim, o desejo de construir matrizes que venham a servir como parâmetro na

prescrição de fontes, variáveis e categorias, úteis no desenvolvimento de novas

metodologias de ensino e aprendizagem da História.

1 Professor da Universidade Federal do Acre/UFAC, historiador e mestre em educação pela Universidade Federal do Espírito Santo/UFES, doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo/USP.

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

Em janeiro de 2003, o Governo Federal sancionou a Lei nº 10.639. Ela alterou a

Lei nº 9.394, de dezembro de 1996, decretada pelo Congresso Nacional e tornou

obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimento de

ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, que integram a educação básica.

A abordagem desta temática nos currículos das escolas solicitou ainda, a

inclusão do “...estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil,

a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a

contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à

História do Brasil.”(Lei nº 10.639); tudo isso como parte do conteúdo programático a

ser trabalho.

Se de um lado a lei representou o avanço das instituições políticas no

reconhecimento da negligência cometida em relação ao tema e a contribuição do

negro na sociedade brasileira, de outro pôs à mostra as limitações do poder público no

desenvolvimento de políticas de ação que venham realmente a contemplar as

diretrizes e os conteúdos para introdução das novas temáticas no currículo oficial e

responder às demandas de professores, principalmente aquelas relacionadas à

formação e produção de materiais didáticos para abordagem dos conteúdos no

contexto da sala de aula.

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

O estudo que originou este texto emergiu também da necessidade em

contribuir para amenização deste quadro, a partir do momento em que propõe a

identificação e listagem dos títulos que podem vir a servir como material de trabalho

no emprego de novas metodologias de ensino e aprendizagem da História, tal como o

uso do cinema na sala de aula.

Não trabalhei com todo o acervo da cinemateca brasileira, apenas analisei o

acervo relativo ao período de 1950 a 2000. Nesse período de tempo encontrei

relacionados, até a data da pesquisa, 20. 872 (vinte mil oitocentos e setenta e dois

títulos, em sua maioria audiovisual) títulos.

O estudo foi desenvolvido por meio da análise de conteúdo dos títulos,

sinopses e dos termos descritores primários e secundários apresentados na

fichatécnica e catalográfica de cada uma das obras. Utilizei como parâmetro de análise

a presença ou ausência de certas palavras ou expressões que, na apresentação técnica

da obra, funcionasse como termos descritores, tais como: Negro, Raça, História,

Escravidão, Escravo, Quilombo e suas derivações.

Na ficha técnica completa dos títulos do acervo existe uma categoria intitulada

Termos Descritores, onde são apresentadas as expressões, palavras e termos que

remetem a determinados conceitos que fundamentam a proposta do filme e, por

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

conseqüência, seu próprio argumento. Os filmes que apresentaram um dos termos

e/ou alguma de suas derivações na relação de termos descritores, seja primário ou

secundário, foram todos selecionados. É obvio que em tal consideração levei em conta

o argumento do filme e com raras exceções, houve casos em que me vali unicamente

da sinopse da obra.

Na tabela 1, apresento a relação completa, ou a mais completa possível

que até o presente momento foi possível organizar. Nela incluímos também o ano de

lançamento de cada um dos filmes, a categoria, o gênero conforme classificação

técnica no acervo e os nomes dos diretores (as) de cada uma das obras. Na relação de

títulos da cinemateca identificamos 44 filmes (abaixo da metade de meio por cento),

distribuídos entre longa-metragem e curta-metragem.

TABELA -1

Filme Categoria Gênero Direção

1. Sinhá Moça (BR, 1953) longa-metragem

Aventura Tom Payne

2. João Negrinho (BR, 1958) longa-metragem

Drama Oswaldo Censoni

3. Aruanda (BR, 1960) curta-metragem

Documentário Linduarte Noronha

4. Casinha Pequenina (BR, 1963) longa-metragem

Comédia Glauco MirkoLaurelli

5. Zumbi dos Palmares (BR, 1963) longa- Documentário Sanin Cheques

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metragem 6. Ganga Zumba (BR, 1964) longa-

metragem Drama Carlos Diegues

7. Chico Rei (BR, 1964) longa-metragem

Documentário Sanin Cheques

8. Dança de Guerra (BR, 1972) curta-metragem

Documentário Jair Moura

9. A Marcha (BR, 1972) longa-metragem

Drama Oswaldo Sampaio

10. O Negrinho do Pastoreio (BR, 1973)

longa-metragem

Sem especificação

Antônio Augusto Fagundes

11. O Negro na Cultura Brasileira (BR, 1973)

longa-metragem

Documentário Paulo Gil Soares

12. Mestiça, A Escrava Indomável (BR, 1973)

longa-metragem

Drama Lenita Perroy

13. A Baiana (BR, 1974) curta-metragem

Documentário Moisés Kendler

14. Conjunto Arquitetônico do Pelourinho (BR, 1974)

curta-metragem

Documentário Fernando Luiz Goulart

15. Casa Grande & Senzala (BR, 1974)

curta-metragem

Documentário Geraldo Sarno

16. Xica da Silva (BR, 1976)

longa-metragem

Comédia Carlos Diegues

17. A Igreja de Pretos e Pardos (BR, 1976)

curta-metragem

Documentário Moisés Kendler

18. Iaô (BR, 1976) longa-metragem

Documentário Geraldo Sarno

19. Abolição da Escravatura (BR, 1977)

curta-metragem

Documentário Cesar Nunes

20. Cordão de Ouro (BR, 1977) longa- Aventura Antonio Carlos

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

metragem Fontoura 21. Herança das Senzalas (BR,

1978) curta-metragem

Documentário Tânia Quaresma e Luiz Keller

22. Capoeira (BR, 1979) curta-metragem

Documentário

Alain Fresnot

23. Raízes do Tempo (BR, 1980)

curta-metragem

Documentário Paula Leitão da Cunha

24. Memória Cafuza (BR, 1981)

curta-metragem

Fantasia Marta Irene

25. Casa Grande e Senzala (BR, 1982)

longa-metragem

Documentário Gilberto Loureiro

26. Oropa, Luanda e Bahia (BR, 1983)

curta-metragem

Documentário Fernando Antônio da Silva Belens

27. Quilombo (BR, 1984) longa-metragem

Drama Carlos Diegues

28. Nifrapo (BR, 1985) curta-metragem

Drama Ricardo Bravo

29. OkêJumbeba, A Pequena África no Rio de Janeiro (BR, 1985)

curta-metragem

Documentário Roberto Moura

30. Chico Rei (BR, 1985) longa-metragem

Drama Walter Lima Jr.

31. Cafundó (BR, 1987)

curta-metragem

Documentário Joel Yamaji

32. João Candido, O Almirante Negro (BR, 1987)

curta-metragem

Documentário Emiliano Ribeiro

33. A Lenda do Pai Inácio (BR, 1987)

curta-metragem

Documentário Zózimo Bulbul

34. Abolição (BR, 1988) longa-metragem

Documentário Zózimo Bulbul

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

35. Orí(BR, 1989) longa-metragem

Documentário Raquel Gerber

36. O Fio da Memória (BR, 1991) longa-metragem

Documentário Eduardo Coutinho

37. Os Reinados (BR, 1992) curta-metragem

Documentário Fernando Severo

38. Século XVIII: A Colônia Dourada (BR, 1994)

curta-metragem

Documentário Eduardo Escorel

39. Minoria Absoluta (BR, 1995) curta-metragem

Sem especificação

Arthur Autran

40. Atlântico Negro, A Rota dos Orixás (BR, 1998)

curta-metragem

Documentário Renato Barbieri

41. Negros de Cedro (BR, 1998) curta-metragem

Documentário Manfredo Caldas

42. Nação Crioula (BR, 1999) longa-metragem

Drama Beliário França

43. Casa Grande e Senzala (BR, 2000)

longa-metragem

Documentário Nelson Pereira dos Santos

44. O Escravo negro na Vida Sexual e de Família do Brasileiro(BR, 2000)

curta-metragem

Documentário

Nelson Pereira dos Santos

Na tabela 2 apresento o número de filmes por ano. Nela constatamos que o

maior quantitativo de filmes por ano, já realizado foram três. O período de 1973 a

1976 e 1985 a 1987, foram os períodos em que mais verificamos produções

relacionadas aos termos descritores apontados.

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

TABELA - 2

Títulos Idenficados

Anos Nº filmes por ano 1953 1958 1960 1 1963 1964 1972 2 1973 1974 1976 3 1977 2 1978 197919801981 1982 1983 1984 1 1985 1987 3 1988 1989 1991 1992 1994 1995 1 1998 2 1999 2000

1 2

Total de filmes 44

Fonte:arquivos da Cinemateca Brasileira

Na tabela 3 listamos 38 diretores relacionados à abordagem do tema; dentre

estes, Carlos Diegues foi o que mais filmes realizou. Na lista de suas realizações estão:

GangaZumba (BR, 1964), Xica da Silva (BR, 1976) e Quilombo (BR, 1984).

TABELA - 3

Títulos Idenficados

Diretores Ocorrências/em filmes 1- Alain Fresnot 1

2- Antônio Augusto Fagundes 1

3- Antonio Carlos Fontoura 1

4- Arthur Autran 1 5- Beliário França 1 6- Carlos Diegues 3

7- Cesar Nunes 1

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

8- Eduardo Coutinho 1 9- Eduardo Escorel 1 10- Emiliano Ribeiro 1 11- Fernando Antônio da Silva Belens 1

12- Fernando Luiz Goulart 1

13- Fernando Severo 1 14- Geraldo Sarno 2

15- Gilberto Loureiro 1

16- Glauco MirkoLaurelli 1 17- Jair Moura 1

18- Joel Yamaji 1 19- Lenita Perroy 1

20- Linduarte Noronha 1 21- Manfredo Caldas 1 22- Marta Irene 1

23- Moisés Kendler 2

24- Nelson Pereira dos Santos 2 25- Oswaldo Censoni 1 26- Oswaldo Sampaio 1

27- Paula Leitão da Cunha 1

28- Paulo Gil Soares 1

29- Raquel Gerber 1 30- Renato Barbieri 1 31- Ricardo Bravo 1 32- Roberto Moura 1 33- Sanin Cheques 2 34- Tânia Quaresma e Luiz Keller 1

35- Tom Payne 1 36- Walter Lima Jr. 1 37- Zózimo Bulbul 2

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

Fonte:arquivos da Cinemateca Brasileira

Na tabela 4 constatamos que os filmes realizados exploraram os mais variados

gêneros de cinema. Destes, o mais explorado (pouco mais de 65% e menos de 70%)

pelos diretores foi o documentário; o segundo mais trabalhado foi o drama (com

pouco mais de 18% e menos de 19%).

TABELA-4

Títulos Idenficados

Gênero Nº filmes por gêneros Documentário 29 Drama 8 Comédia 2 Sem Especificação 2 Aventura Fantasia

2 1

Total de filmes 44

Fonte:arquivos da Cinemateca Brasileira

Na tabela 5 constatamos que a quantidade de longa-metragem e curta-

metragem produzidos foi mais ou menos equilibrada.

TABELA - 5

Títulos Idenficados

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

Categoria Nº filmes por gêneros Curta-metragem 23 Longa-metragem 21

Total de filmes 44

Fonte:arquivos da Cinemateca Brasileira

Outras conclusões possíveis. Independentemente do gênero a que cada um dos

filmes relacionados pertence, é possível afirmar que todos constituem, ao seu modo,

certo tipo de filme histórico.

O filme histórico tem mais a ver com aquilo que pode ser chamado de cinema

histórico, ou como designadopelo estudioso da relação cinema/história, Marc Ferro

(2010, p. 184), o filme de história.

Na pesquisa foi possível identificarmos dois tipos ou situações de cinema

histórico: os que se ocupam dos acontecimentos relacionados às experiências

humanas, seja no campo da realidade material e/ou simbólica e os filmes de

biografias. Acredito que o cinema histórico só possa se manifestar destas duas

maneiras, mesmos em se tratando de filmes hollywoodianos e não hollywoodianos.

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

Sobre a primeira situação. O cinema histórico, ou filme histórico, quase sempre,

se é que possam existir exceções, ocupa-se doseventos humanos, ou seja, os

acontecimentos relacionados às realidades humanas (seja ela no campo da realidade

material ou simbólica); aquilo que o senso comum, em sua visão generalista da

história,insiste em rotular de fato histórico, coadunando com o que pensavam os

sucessores e adeptos da historiografia alemã de LeopoldvonRanke,uma vez que a

concepção de história veiculada nos meios de comunicação de massa, nem sempre

está associada à incorporação de elementos relacionados às rupturas e inovações do

campo historiográfico, permanecendo na contramão de concepções tais como a da

Nova História2.

“Há muito tempo, com efeito, nossos grandes precursores,

Michelet, Fustel de Coulanges, nos ensinaram a reconhecer: o objeto

da história é, por natureza, o homem. Digamos melhor: os homens.

Mais do que o singular, favorável à abstração, o plural, que é o modo

gramatical da realidade, convém a uma ciência da diversidade. Por

trás dos grandes vestígios sensíveis da paisagem [os artefatos ou as

maquinas,] por tas dos escritos aparentemente mais insípidos e as

2 Burke (1997, p. 132) afirma que q expressão nova história assume um lugar de destaque, sobretudo a partir da publicação, em 1978, da obra intitulada La nouvelle histoire, de autoria de Jacques Le Goff. Embora La nouvelle histoire, tenha contribuído para popularização do termo, a nova história, já havia obtido atenção na produção de alguns historiadores vinculados à revista Annales, a exemplo do que LucienFebvre teria mencionado, e da referência feita por Fernand Braudel, à idéia de uma história nova.

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

instituições aparentemente mais delicadas daqueles que as criaram,

são os homens que a história quer capturar. Quem não conseguir isso

será apenas, no máximo, um serviçal da erudição. Já o bom

historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne

humana, sabe que ali está a sua caça.” (Bloch, 2001, p.54)

O Encouraçado Potemkin, do diretor Sergei M. Eisenstein, rodado em 1925, na

ex-URSS, fora“...realizado para celebrar o vigésimo aniversário do motim a bordo do

navio de guerra russo Potemkin, um evento que marcou o início da revolução de 1905,

acabando por causar a queda do regime czarista.”(Cohen& Cohen, 2008, p. 172).

Roma, Cidade Aberta, de 1946, do diretor italiano Roberto Rossellini, trata da

“...Resistência Italiana em Roma, ao final da segunda Guerra Mundial”. (Cohen&

Cohen, 2008, p. 161). A Queda da Bastilha (1935), do diretor Jack Conway: é “...uma

épica adaptação bem ao estilo hollywoodiano (elenco de milhares) do arrebatador

romance de Charles Dickens sobre a Revolução Francesa”. (Cohen& Cohen, 2008, p.

213). Ou então o filme O Descobrimento do Brasil (BR, 1937), longa-metragem dirigido

por Humberto Mauro, que trata da chegada de Cabral ao Brasil, dos primeiros contatos

com o povo indígena e da celebração da primeira missa, sãotodos filmes que abordam

temas aparentemente distintos emdiferentes temporalidades. Eles têm em comum o

fato de evidenciarem um referencial histórico preponderante em cada época e/ou

contexto abordado, seja ele o fim do czarismo na Rússia ou a segunda grande guerra

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

mundial, ou então a revolução francesa; todos abordam eventos humanos

relacionados a determinados processos de rupturas, em diferentes tempos e espaços.

O segundo tipo de filme histórico, não se distancia conceitualmente do

primeiro, mas apresenta algumas especificidades que valem a pena destacar. Os filmes

de história relacionados a esta segunda tipologia são aqueles que exploram episódios

relacionados à história de vida de personalidades ligadas a certos momentos de

mudança na trajetória das sociedades humanas; são as biografias (ou se preferir

narrativas biográficas). É claro que neste caso a concepção de história não sofre

alterações muito significativas, mas nem por isso deixam de ter suas especificidades.

Incluem-se neste segundo caso filmes tais como Tiradentes (BR, 1917), longa de

Perassi Felice, propõe a reconstituição histórica da vida de Tiradentes; Carlota

Joaquina, princesa do Brasil, lançado em 1994 e dirigido por Carla Camurati, fala da

história de vida de Carlota Joaquina e aborda aspetos da Vinda da Família Real e do

governo de D. João VI no Brasil; e até mesmo obras mais atuais como Stalin (EUA),

lançado em 1992 e dirigido por Ivan Passer, um filme preocupado em revelar aspectos

contundentes da personalidade de Josef Stalin, incluindo-se ainda o lado oculto do

terror político soviético (que teve na pessoa de Stalin sua personificação) e algumas

alusões a episódios da Segunda Grande Guerra mundial.

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

Se considerarmos as proposições de Ferro (2010, p. 175-225) e o conjunto de

suas análises sobre a relação entre história e cinema, é possível concluirmos que existe

sim uma visão fílmica da História e que ela, nada mais é do que a versão da história,

escrita pelo cinema através dos filmes.Sujeito a concordâncias ou discordâncias em

relação aos sistemas (modelos interpretativos) já estabelecidos, o filme histórico pode

ter a função de reafirmar ou combater o sistema dominante, ou ainda pode inovar a

escrita cinematográfica pelo emprego de proposições mais ecléticas.

Na pesquisa identificamos obras passíveis de enquadramento ora na primeira,

ora na segunda tipologia, mas sempre tendo o filme como analisador das realidades

humanas, produzindo versões da história no cinema.Naseqüência, apresento as

sinopses dos filmes identificados.

Sinhá Moça (BR, 1953), longa-metragem de aventura, dirigido por Tom Payne.

"Na pequena cidade de Araruna, no fim do século passado, as contínuas fugas de escravos estavam deixando os grandes senhores alarmados, em especial o coronel Ferreira, grande fazendeiro e latifundiário, possuidor de muitos escravos e líder resistente ao movimento abolicionista. É nessa ocasião que sua linda filha Sinhá Moça regressa de São Paulo dominada pelos ideais abolicionistas. Em sua viagem de volta conhece Rodolfo Fontes, recém-formado advogado, filho de um renomado médico de Araruna, abolicionista entusiasta. No primeiro instante, os dois jovens sentem-se mutuamente atraídos, porém logo ela descobre as tendências escravocratas de Rodolfo e trava-se em seu espírito a luta entre seu

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

amor pelo jovem e suas convicções humanitárias. Sinhá Moça se rebela contra o pai, causando a revolta da família, passando a ajudar secretamente os escravos. Dr. Rodolfo, na verdade um abolicionista convicto, sai à noite disfarçado com uma roupa preta (à la Zorro), para ajudar os escravos. Os escravos se rebelam e planejam uma grande fuga, mal-sucedida, onde muitos são mortos e outros são recapturados. O negro responsável pela fuga é levado ao tribunal e, para a surpresa de todos, inclusive de Sinhá Moça, o jovem Dr. Rodolfo serve-lhe de advogado de defesa. Os abolicionistas, entre eles Sinhá Moça, assistem ao julgamento com grande expectativa. É quando chega um mensageiro dando a notícia de que a escravidão acabara de ser abolida no Brasil com a promulgação da Lei Áurea. A cidade inteira festeja e ao fundo, Rodolfo e Sinhá Moça se abraçam, choram e se beijam."3(ALSN/DFB-LM)

João Negrinho (BR, 1958), longa metragem classificado como drama, com direção de Oswaldo Censoni.

“A trajetória e a amizade de dois garotos, um negro, outro branco, em uma fazenda durante o período pré-abolicionista, unidos pelo esforço piedoso de um padre que prega a igualdade das raças e combate as crueldades contra os escravos.”4

Aruanda (BR, 1960), curta-metragem documentário que teve Linduarte Noronha na direção.

“A história de formação do quilombo Olho d'Água na Serra do Talhado em Santa Lúcia do Sabugi, alto sertão da Paraíba. A

3 SINHÁ MOÇA [filme cinematográfico]. São Paulo: Companhia Cinematográfica Vera Cruz S.A., 1953. 100min.,son., BP; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 4 JOÃO NEGRINHO [filme cinematográfico]. São Paulo:Gianelli Filmes do Brasil., 1958. 85min.,son., BP; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.

fundação feita pelo ex-escravo Zé Bento e sua família que sobreviveu cultivando algodão e produzindo cerâmica nos períodos de grande estiagem. A comunidade no início dos anos 1960 e o isolamento permanente do resto do Brasil.”5

Casinha Pequenina (BR, 1963), longa-metragem de comédia dirigido por Glauco MirkoLaurelli.

“Às vésperas da Abolição da Escravatura no Brasil, um colono de bom coração, indispõe-se contra o patrão que para manter segredo de um assassinato que cometera, hospeda em sua casa uma dupla de pequenas vigaristas. O filho do colono se envolve com uma delas e renega as acusações que um amigo seu procura esclarecer. A libertação dos escravos coincide com a regulação dos destinos.”6

Ganga Zumba (BR, 1964), drama em longa-metragem de Carlos Diegues:

“No início do século XVI, alguns negros fugiram dos senhores portugueses e fundaram aldeias, como o Quilombo de Palmares, o mais famoso. Ganga Zumba, neto do rei dos Palmares, Zumbi, nasceu na senzala e vai tomando contato com a história de suas lutas e problemas. No Brasil colonial, o escravo Ganga Zumba representa para seus companheiros o substituto de Zumbi dos Palmares. Na fazenda, os escravos trabalham no canavial, entre as chibatadas do feitor, e engendram planos de fuga em direção ao Quilombo dos Palmares. O negro Aroroba, chefe do grupo, envia dois escravos a Palmares. A fuga dos dois é relatada ao fazendeiro. Tolentino da

5 ARUANDA [filme cinematográfico]. Paraíba: Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais; Associação de Críticos Cinematográficos da Paraíba; Secretaria da Educação e Cultura - João Pessoa, 1960. 21min 21 seg,son., BP; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 6 CASINHA PEQUENINA [filme cinematográfico].São Paulo: PAM Filmes, 1963. 94min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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Rosa, o capitão-do-mato, sai à caca dos fugitivos. Chegam à fazenda o sr. e a sra. de Piancó. Junto da senhora, vem a mucama Dandara, que desperta a paixão de Ganga Zumba. O capitão-do-mato retorna trazendo apenas uma orelha de um dos escravos e Aroroba se convence de que o outro teria alcançado Palmares. Chega, então, do quilombo um guia com a missão de levar Ganga Zumba e os outros a Palmares. O grupo foge durante a noite e é perseguido pelos homens de Tolentino Rosa. Acampam na serra. O guia relata ao grupo a deterioração do estado de saúde de Zumbi. Durante o percurso encontram o casal Piancó e a mucama Dandara. Matam os senhores e levam a mucama. Durante a travessia de um rio, Aroroba é ferido pelos homens do capitão-do-mato. Na mata, Ganga Zumba e os outros conseguem dar cabo de seus perseguidores, com a ajuda dos negros de Palmares. Aroroba morre. No Quilombo, Ganga Zumba é coroado rei, ao lado de Dandara.”7

Zumbi dos Palmares (BR, 1963), curta-metragem, classificado como documentário de cunho didático, dirigido por Sanin Cheques. Conta "A história de Zumbi dos Palmares, negro guerreiro que alimentava um sonho de liberdade".8(INC/CESD) Chico Rei (BR, 1964), curta-metragem, documentário, dirigido por Sanin Cheques:

"Episódio que narra a história de Chico Rei, negro africano que foi aprisionado e trazido para o Brasil em navio negreiro, como ele

7 GANGA ZUMBA [filme cinematográfico].São Paulo: Copacabana Filmes, 1964. 120min, son., BP; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 8 ZUMBI DOS PALMARES [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro: [Produção]MoisésWeltman, 1963. 23min, son., BP; 16mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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comprou a sua liberdade e a de todos os seus antigos súditos que conseguiu localizar".9(INC/CESD)

Dança de Guerra (BR, 1972), curta-metragem; documentário dirigido por Jair Moura:

"Documentário de cunho histórico, folclórico e turístico, revivendo a coreografia aos cânticos característicos da vida dos negros num engenho do Brasil monárquico e escravocrata. São focalizados aspectos do batuque, do samba e da capoeira, cenas da vida popular, paisagens e monumentos da velha cidade de Salvador, Bahia."10 (Guia de Filmes, 42)

A Marcha (BR, 1972) é um longa-metragem, do gênero drama, com direção de

Oswaldo Sampaio.

“Um estudante luta pela abolição da escravatura, auxiliado por um escravo alforriado, embora na fazenda de seu pai um feitor maltrate os trabalhadores cruelmente. Enfrentando o pai com o auxílio da mãe, o estudante aguarda a marcha dos escravos. "De 1887 a 1888, em plena campanha pela abolição da escravatura no Brasil, os nomes de Boaventura e de Chico Bondade eram considerados terríveis e quase legendários. A eles cabia o desempenho de missões que exigiam longa e cuidadosa dissimulação. No caso de Boaventura, seu nome já se tornara realmente lendário. Conhecedor de vários ofícios aceitavafreqüentemente a tarefa de infiltrar-se nos lugares mais diversos, a fim de doutrinar os escravos.

9 CHICO REI[filme cinematográfico]. BR: [Produção]MoisésWeltman, 1964. 23min, son.,BP; 16mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 10 DANÇA DE GUERRA [filme cinematográfico]. Bahia/BA: [Produção] Agnaldo Azevedo, 1972. 10min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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Assim quando menos o fazendeiro esperava, sua senzala amanhecia deserta com a fuga em massa de escravos para terras onde lhes fosse mais fácil conseguir liberdade. O filme conta, entre outros episódios, a história de uma grande marcha de protesto de escravos fugidos, liderada por Chico Bondade. Convocado para interceptar a manifestação, um contingente militar vira as costas aos negros, recusando-se a derramar o sangue inocentes".11 (ALSN/DFB-LM)

O Negrinho do Pastoreio (BR, 1973), longa-metragem com direção de Antônio Augusto Fagundes.

"Interior do Rio Grande do Sul, por volta de 1827. Numa estância de propriedade de um avarento que vive com a enteada, todos os escravos devotam-lhe ódio, à exceção de um negrinho que, em sua ingenuidade, não percebe a maldade do senhor. Chega à região, acompanhado de um negro livre, um gaúcho incumbido de domar potros. A moça se apaixona pelo forasteiro e o negro desperta nos escravos anseios de liberdade. O negrinho perde dois potros no pastoreio e é açoitado até a morte. Vingando-se, castelhanos atacam a fazenda. Os dois forasteiros e a moça aproveitam-se da confusão para abandonar a região." 12(Guia de Filmes, 49/50/51)

O Negro na Cultura Brasileira (BR, 1973), longa-metragem; documentário dirigido por Paulo Gil Soares.

"Uma equipe de pesquisa e filmagem foi deslocada do Brasil para a

África, onde, principalmente no território da Nigéria, foram feitos

11 A MARCHA [filme cinematográfico]. São Paulo/SP: Essegê Produções; Ramondini Produções, 1972. 114min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 12O NEGRINHO DO PASTOREIO[filme cinematográfico]. Porto Alegre/RS: Rancho Filmes, 1973. 89min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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importantes levantamentos sobre antepassados culturais ainda

presentes em nosso meio."13 (Shell/CF)

Mestiça, A Escrava Indomável (BR, 1973), longa-metragem; drama com direção de Lenita Perroy.

"Século XVIII, uma fazenda no interior do Brasil. O novo feitor chega e

luta para mudar o cruel tratamento a que são submetidos os

escravos. Ele se apaixona por uma escrava, Mestiça, amada por todos

os homens. Não consegue dominá-la. Um par de brincos de prata

desaparece da fazenda e Pai João, líder dos escravos, é

responsabilizado pelo roubo. Para que ele não seja chicoteado até a

morte o feitor manda prendê-lo. Para se vingar do feitor, Mestiça

foge com Mascate, que há anos rondava a fazenda tentando

conquistá-la. A escrava ainda arma uma trama para incriminá-lo no

roubo de um cofre dos donos da fazenda. Tarde demais, Mestiça

descobre as verdadeiras intenções do feitor, que não somente é um

defensor os oprimidos, como a ama e deseja casar com ela. Trazida

de volta à fazenda, Mestiça é posta no tronco e cruelmente

castigada. Uma carta revela a verdadeira identidade de Mestiça."14

(Brasil Cinema, 1973)

A Baiana (BR, 1974), documentário; curta-metragem dirigido por Moisés Kendler.

13O NEGRO NA CULTURA BRASILEIRA [filme cinematográfico]. Brasil/BR: s/r, 1973. 68min, son., COR; s/r In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 14MESTIÇA, A ESCRAVA INDOMÁVEL [filme cinematográfico]. São Paulo/SP: Olho Fotografia e Cinematografia Ltda.; Cinedistri Ltda., 1973. 100min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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"Sobre este tipo característico, que se desenvolveu no Brasil através

da cultura negra, e é hoje uma das expressões mais legítimas do

folclore brasileiro. A princípio, difundido através das gravuras de

Debret e Rugendas, foi tornando-se uma figura indispensável nas

festas de rua da Bahia, é hoje uma parte integrante de nossa cultura,

trazendo sempre a herança da primitiva cultura de seus ancestrais

africanos quer nas crenças, nas vestimentas ou na culinária,

conforme descrição detalhada no filme."15 (INC/CESD)

Conjunto Arquitetônico do Pelourinho (BR, 1974), curta-metragem documentário, dirigido por Fernando Luiz Goulart.

"A religiosidade da sociedade escravista marcando o conjunto do

pelourinho: oratórios e altares, cornijas e janelas, balcões e

ornamentos, a arquitetura religiosa e civil. Uma visão da igreja da

Ordem III de São Francisco, do Convento do Carmo, da Catedral

Basílica, do Largo do Pelourinho".16 (Embrafilme/Arquivo CGV)

Casa Grande & Senzala (BR, 1974), curta-metragem; documentário com direção

de Geraldo Sarno.

"... sobre o livro "Casa Grande & Senzala" de Gilberto Freyre,

publicado em 1933, obra que marcou uma nova fase estudos de

Sociologia e Antropologia Social no Brasil. Análise da sociedade

15A BAIANA [filme cinematográfico]. Brasil/BR: INC - Instituto Nacional de Cinema/DFE, 1974. 10min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 16CONJUNTO ARQUITETÔNICO DO PELOURINHO [filme cinematográfico]. Brasil/BR: INC - Instituto Nacional de Cinema, 1974. 11min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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patriarcal, escravocrata e latifundiária, essencial ao estudo da

formação da sociedade e do homem brasileiro."17 (INC/CESD)

Xica da Silva (BR, 1976), longa-metragem; comédia dirigida por Carlos Diegues.

“Na segunda metade do século XVIII, a Coroa Portuguesa institui para

o distrito Diamantino um sistema de Contratos que garantia o

monopólio da extração de pedras preciosas a um capitalista

português escolhido pelo rei. O mais famoso desses contratadores foi

João Fernandes de Oliveira que, tendo implantado sistemas modernos

e eficazes, acabou por descobrir lavras riquíssimas nos rios e nas

montanhas da região. Sua imensa fortuna, maior talvez que a própria

Coroa, começou a se tornar incômodo para Lisboa. Por essa época,

pouco antes da Inconfidência Mineira, sopros de rebelião se

espalhavam pelas províncias da Colônia e o gérmen da independência

começava a impregnar o sangue de alguns brasileiros, como José,

filho do sargento-mór, que vai para Vila Rica defender suas

idéiaspolíticas . Mas o que mais escandalizou a Corte Portuguesa foi a

ascensão, no bojo dessa prosperidade perigosa, de uma verdadeira

rainha negra, uma ex-escrava a quem João Fernandes se juntara por

amor: Xica da Silva. Em breve, Xica domina tudo e dita a política, a

moda e a economia da região, vingando-se das humilhações sofridas

quando ainda era escrava e mesmo depois que foi alforriada. Mas as

extravagâncias de Xica, sustentadas por João Fernandes, acabam

chamando a atenção da Corte que envia um Fiscal, o Conde de

17 CASA GRANDE & SENZALA [filme cinematográfico]. Brasil/BR: MEC - Ministério da Educação e Cultura; INC - Instituto Nacional de Cinema; DFE - Departamento do Filme Educativo; Embrafilme - Empresa Brasileira de Filmes S.A.; Saruê Filmes, 1974. 15min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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Valadares. Com a chegada do Conde, a vida do casal se torna um

inferno. O contratador é destituído do cargo e deportado para

Portugal, deixando Xica sozinha contra uma cidade que se volta

contra a ex-escrava.”18 (Baseado em CB/Transcrição de letreiros e

Press-book)

A Igreja de Pretos e Pardos (BR, 1976) é um curta-metragem documentário,

dirigido por Moisés Kendler.

"No Brasil Colônia, os negros escravos das minerações foram

conduzidos pelo branco a um processo de aculturação, em que

abandonam seus ritos e cultos pelo catolicismo. Dedicam-se, como

única liberdade, à nova religião e constroem igrejas, algumas

suntuosas, outras pobres, mas sempre deixando vestígios de sua

cultura africana.”19 (INC/CESD)

Abolição da Escravatura (BR, 1977), curta-metragem, documentário etnográfico

dirigido por Cesar Nunes: "Realizado a partir de documentação sobre a escravatura no

18 XICA DA SILVA [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: J.B. Produções Cinematográficas Ltda.; Distrifilmes Ltda.; Embrafilme - Empresa Brasileira de Filmes S.A., 1976. 114min31seg, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 19 A IGREJA DE PRETOS E PARDOS [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: Mariana Filmes; Embrafilme; Empresa Brasileira de Filmes S.A., 1976. 18min, son., COR; 16mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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Brasil e sua abolição, com subsídios colhidos no Museu da

Escravatura."20(Embrafilme/CFCMB)

Iaô (BR, 1976) é um longa-metragem documentário, com direção de Geraldo

Sarno.

"Africanos da língua 'Iorubá', originários da costa ocidental, foram

trazidos para o Brasil a fim de trabalhar nos engenhos, nas minas e

nos serviços domésticos. Seus descendentes até hoje conservam suas

tradições, que sobreviveram às ofensivas da cultura dos brancos."21

(ALSN/DFB-LM)

Cordão de Ouro (BR, 1977) é um longa-metragem de aventura, dirigido por

Antonio Carlos Fontoura.

"Jorge, escravo de uma mina de selênio em Eldorado, onde a

companhia Progresso reúne a técnica mais moderna a formas

primitivas de trabalho, consegue escapar valendo-se de sua perícia no

jogo de capoeira. Na fuga, é ajudado pelo Cabloco Cachoeira que o

conduz até Aruanda, onde espera o seu orixá, Ogum. Este lhe ensina

os mistérios da capoeira e lhe dá um cordão de ouro protetor, com a

missão de voltar a Eldorado e livrar seu corpo do cativeiro. Jorge alia-

se aos guerreiros da Cidade Verde mas é capturado e levado para o

mercado de escravos da Progresso, onde é comprado por Dandara,

20 A IGREJA DE PRETOS E PARDOS [filme cinematográfico]. Brasil/BR: s/r, 1977. 6min, son., BP; 16mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 21 IAÔ [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: Saruê Filmes; Mariana Filmes, 1976. 70min, son., COR; 16mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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ex-escrava e atualmente amante de Pedro Cem, chefe da companhia.

Encarregado da guarda pessoal de Dandara, Jorge lidera uma

rebelião de escravos mas é aprisionado e condenado a ser enterrado

vivo. Enquanto cava sua própria cova, ele recebe uma revelação de

Ogum, derrotando então Pedro Cem e trazendo liberdade para seu

povo."22(Guia de Filmes, 76/78)

Herança das Senzalas (BR, 1978), curta-metragem, documentário, com direção

de Tânia Quaresma e Luiz Keller.

"Os escravos trazidos da África, contrariando os mandos de capitães-

do-mato e catequizadores, conseguiram manter vivos seus cantos,

danças e rituais. Estas manifestações culturais sobreviveram há quase

três séculos e se concentram em especial na Bahia."23

(Embrafilme/Catálogo 1986)

Capoeira (BR, 1979), curta-metragem, documentário, do diretor Alain Fresnot.

"Numa academia de capoeiras os alunos são batizados com festa e

lutas entre os mestres. Mesclando explicações sobre a capoeira e a

22 CORDÃO DE OURO [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: Lanterna Mágica Produções Cinematográficas Ltda.; Alter Filmes Ltda; Embrafilme - Empresa Brasileira de Filme S.A., 1977. 77min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 23 HERANÇA DAS SENZALAS [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: Trindade Produções, 1978. s/r; In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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situação do negro e sua luta no contexto social

brasileiro.”24(Embrafilme/Arquivo CGV)

Raízes do Tempo (BR, 1980) é um curta-metragem documentário, dirigido por

Paula Leitão da Cunha.

"O filme mostra as culturas agrícolas das terras brasileiras, desde os

seus primórdios com o pau-brasil, o açúcar, o ouro e até o café. O

filme também mostra os contrastes entre os tempos da cultura com

trabalho escravo e a estagnação da terra sem homens para cultivá-la,

fenômeno da história recente."25 (ALSN/DFB-CMM)

Orí(BR, 1989), longa-metragem, documentário, com direção de Raquel Gerber:

“Um painel sobre a cultura africana no mundo e a luta dos negros para resgatar ou

impor sua identidade: o papel dos quilombos, as raízes negras, a luta pelo poder.”26

Memória Cafuza (BR, 1981) é um curta-metragem de fantasia, com direção de

Marta Irene: "A miscigenação das culturas negra e indígena, contada através de uma

lenda carajá."27 (HBH/QCRCB)

24 CAPOEIRA [filme cinematográfico]. São Paulo/SP: Acauã Produções Artísticas Ltda., 1979. 10min29seg, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 25 RAÍZES DO TEMPO [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ:RossanaGhessa Produções Cinematográficas Ltda., 1980. s/r; In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 26 ORÍ [filme cinematográfico]. São Paulo/SP: Angra Filmes Ltda.; Fundação do Cinema Brasileiro , 1989. 91min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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Casa Grande e Senzala (BR, 1982) é um longa-metragem classificado como

documentário de cunho sociológico, com direção de Gilberto Loureiro.

"Um português colonizador que chega ao Brasil, casa-se com uma

branca, mas mantém ligações com uma negra e uma índia. Os três

filhos nascidos destas uniões é que contam a história e realizam a

síntese da colonização, da miscigenação e da formação, enfim, da

chamada raça brasileira."28(O Estado de S. Paulo, 10.09.1981, p.

26)

Oropa, Luanda e Bahia (BR, 1983), curta-metragem, documentário de cunho

experimental, dirigido por Fernando Antônio da Silva Belens.

"(...) a vinda dos negros como escravos para a Bahia, no século XVI.

Relembra a progressiva conscientização dos negros e mestiços sobre

as condições de jugo, as tomadas de posição e as sucessivas revoltas

contra a dominação, através dos séculos."29 (Embrafilme/Catálogo

1986)

Quilombo (BR, 1984), longa-metragem classificado como drama histórico, com

direção de Carlos Diegues.

27 MEMÓRIA CAFUZA [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ:Corcina - Cooperativa dos Realizadores Cinematográficos Autônomos Ltda. , 1981. 5min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 28 CASA GRANDE E SENZALA [filme cinematográfico]. s/r: Nadia FilmesLtda., 1982. s/r, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 29 OROPA, LUANDA E BAHIA[filme cinematográfico]. Bahia/BA: Lumbra Produções Cinematográficas; Pólo Cinematográfico da Bahia, 1983. 10min30seg, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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"Por volta de 1650, um grupo de escravos se rebela no Engenho Santa Rita, ao sul da Capitania de Pernambuco. Vitoriosos, os escravos fogem para as montanhas, onde estaria instalado o Quilombo dos Palmares. À frente dos rebeldes estava Ganga Zumba, Príncipe africano que, chegando às montanhas, revela sua extraordinária capacidade de liderança, tornando-se em pouco tempo o novo rei dos Palmares. Ajudado por sua mulher, a guerreira Dandara e por seu melhor amigo Acaiúba, Ganga Zumba organiza a nação de ex-escravos, dotando-a de uma próspera economia e de uma verdadeira estrutura de Estado, independente dos colonizadores europeus. Ao vencer a guerra contra a Holanda, os portugueses desviam sua ofensiva para Palmares. Vitoriosos em sucessivas lutas contra os brancos, Ganga Zumba torna-se amante de Ana de Ferro, prostituta francesa que deixa o Recife, capital da Capitania de Pernambuco, pedindo asilo aos palmarianos. Ela acaba se transformando na conselheira do Rei de Palmares, instruindo-o quanto aos costumes e manhas da política européia. Palmares estava no auge de sua glória e prosperidade quando volta à montanha, fugindo de Porto Calvo, um afilhado do Rei, seqüestrado perto dali, quando criança, pelos brancos. Zumbi é em tudo diferente de seu padrinho, mas logo aprende com Ganga Zumba todas as qualidades de liderança e amor pela nação negra. Com o correr dos anos, ainda que unidos pelos ideais do Quilombo de Palmares, Ganga Zumba e Zumbi divergem quanto à política a ser usada contra os brancos. Ganga Zumba aceita discutir um tratado de paz com o Governador de Pernambuco enquanto Zumbi sabe que senhor e escravo nunca poderão viver em harmonia. Por fim, Zumbi, à frente de seus bravos guerreiros defronta-se num campo de batalha às portas da capital de Palmares com os canhões de Domingos Jorge Velho (contratado pelo governo

português para atacar o Quilombo)."30 (Press-release)

30QUILOMBO[filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: CDK Produções Cinematográficas Ltda.;

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Nifrapo (BR, 1985), curta-metragem, drama, com direção de Ricardo Bravo.

"Numa floresta tropical, um menino ouve estranhas vozes: um escravo nigeriano, falando yorubá, tenta convencer um guerreiro do século XVI a deixá-lo fugir, mesmo assim é trancafiado numa cela no meio da mata. Um tiro de canhão desfaz o devaneio do menino e o coloca de novo em seu tempo (século XX). A palavra NIFRAPO foi

formada pelas primeiras letras de Nigéria, França e Portugal."31 (RIO-CINE/2)

OkêJumbeba, A Pequena África no Rio de Janeiro (BR, 1985) é um curta-metragem, documentário, com direção de Roberto Moura.

"... o filme flagra momentos cruciais, emblemáticos da vinda e

instalação dos negros e sua cultura no Rio de Janeiro, vistos por

diversos personagens que convergem para a Revolta da Vacina em

1904, quando se engendra um novo pacto social que da capital seria

imposto ao país, e uma cultura popular que, dos negros,

contraditoriamente, daria identidade ao Rio moderno."32 (RIO-

CINE/2)

Chico Rei (BR, 1985), longa-metragem, drama dirigido por Walter Lima Jr.:

Embrafilme - Empresa Brasileira de Filmes S.A.; Gaumont, 1984. 127min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 31 NIFRAPO [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: MPC - Meios de Produção e Comunicação Ltda.; Skylight Cinema, 1985. 7min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 32 OKÊ JUMBEBA, A PEQUENA ÁFRICA NO RIO DE JANEIRO [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: Corisco Filmes, 1985. 23min, son., COR; 16mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

Page 31: Os Negros na História do Brasil Contada pelo Cinema · PDF fileCasinha Pequenina (BR, 1963) longa-metragem Comédia Glauco MirkoLaurelli 5. Zumbi dos Palmares (BR, 1963) longa- Documentário

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"Em meados do século XVIII, em Vila Rica, o negro Chico, rei do Congo, encontra uma reserva de ouro e compra sua carta de alforria. Liderados por ele, os escravos começam a se organizar. Chico compra a mina de seu antigo patrão e, com o ouro garimpado, alforria seus companheiros e constrói uma igreja para sua santa padroeira. Ainda hoje, a congada reproduz a glória de Chico Rei."33

Cafundó (BR, 1987), curta-metragem, documentário, dirigido por Joel Yamaji:

"Uma comunidade descendente de escravos africanos vive no interior de São Paulo e

preserva hábitos e costumes de seus antepassados."34 (CCP/94)

João Candido, O Almirante Negro (BR, 1987), curta-metragem, documentário,

dirigido por Emiliano Ribeiro: "(...) a revolta dos marinheiros da Armada, em 1910,

contra o uso da chibata nos navios brasileiros, e as conseqüências sobre o líder do

movimento, marinheiro João Cândido."35 (RIO-CINE/4)

A Lenda do Pai Inácio (BR, 1987), curta-metragem, drama, com direção Pola Ribeiro.

"Em meados do século XIX na região da Chapada Diamantina, um

escravo foge para escapar da fúria de seu Senhor. Inácio, que tem

uma paixão proibida com a Senhora, sobe o morro, que tem hoje o

33 CHICO REI [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: Arte 4; PC Produções, 1985. 115min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 34 CAFUNDÓ [filme cinematográfico]. São Paulo/SP: Focafilmes, 1987. 45min, son., COR; 16mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

35JOÃO CANDIDO, O ALMIRANTE NEGRO [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: Tela Comunicações, 1987. 10min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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seu nome e pula de 200 metros, apenas com a sombrinha, lembrança

de seu amor."36 (Jornada/16)

Abolição (BR, 1988), longa-metragem, documentário com direção de Zózimo Bulbul.

"Cem anos após a assinatura da Lei Áurea, que aboliu (pelo menos em lei), o regime da escravatura no Brasil, pairam no ar inúmeras interrogações sobre o que foi feito do negro durante esse tempo em que pouco ou nada se falou desse tema. E quando se falou, foi menos para resolver, que para apaziguar contradições antagônicas

acumuladas durante anos."37 (ALSN/DFB-LM)

O Fio da Memória (BR, 1991), longa-metragem, do tipo documentário, com direção de Eduardo Coutinho.

“O filme procura condensar, em personagens e situações do presente,

a experiência negra no Brasil a partir de dois eixos - as criações do

imaginário, sobretudo na religião e na música, e a realidade do

racismo, responsável pela perda de identidade étnica e pela

36 A LENDA DO PAI INÁCIO [filme cinematográfico]. Bahia/BA: Cheneclube 51; Lumbra Filmes/Fundação Cultural do Estado da Bahia; Interurb; Sani Filmes, 1987. 18min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 37 ABOLIÇÃO [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: MinC - Ministério da Cultura; Embrafilme - Empresa Brasileira de Filmes S.A.; Cinematográfica Equipe, 1988. 150min, son., COR&BP; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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marginalização de boa parte dos cerca de 60 milhões de brasileiros de

origem africana.”38

Os Reinados (BR, 1992), curta-metragem, documentário, com direção de Fernando Severo.

“O período entre a Independência e o auge do estado monárquico.

‘Os reinados caracterizam a transição entre a Independência e a

Proclamação da República’. Entre 1822 e 1860, a monarquia lutando

contra os ideais federalistas e republicanos, alcança certa

estabilidade através de uma economia baseada no latifúndio

escravocrata."39 (Texto que aparece antes dos créditos do título)

Século XVIII: A Colônia Dourada (BR, 1994), é um curta-metragem do tipo documentário, dirigido por Eduardo Escorel.

"A descoberta das minas leva a colonização portuguesa a penetrar em grande parte do território que hoje constitui o Brasil." (Curtagora/site) "Mostra um panorama do século XVIII, em que o Brasil ainda era colônia de Portugal e o eixo econômico transferiu-se do Nordeste para Minas Gerais, especialmente Ouro Preto. Na então Vila Rica, a abundância não só de ouro, mas de diamantes e pedras preciosas,

38 O FIO DA MEMÓRIA [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: Cinefilmes Ltda.; FUNARJ - Fundação de Artes do Estado do Rio de Janeiro/TVE - TelevisionEspañola S.A., 1988. 120min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 39OS REINADOS [filme cinematográfico]. São Paulo/SP: Orion Cinema e Vídeo, 1992. 18min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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provocou explosões artísticas na literatura, pintura e escultura."40 (FBR/27)

Minoria Absoluta (BR, 1995), curta-metragem dirigido por Arthur Autran.

"A presença negra nas universidades brasileiras." (MinC/CMB) "Intelectuais negros discorrem sobre temas como a posição do negro na Universidade, a relação entre cultura negra e cultura acadêmica, a opção pela negritude, as dificuldades na divulgação da produção intelectual do negro e outros. Depoimentos de: Dulce Pereira, Clóvis Moura, Milton Santos, Fernando Conceição e Emanoel Araújo."41 (Lista da ECA)

Atlântico Negro, A Rota dos Orixás (BR, 1998), curta-metragem do tipo documentário, com direção de Renato Barbieri.

"Filmado no Maranhão, Bahia e Benin (África) - terra de origem dos orixás e voduns, onde estão as raízes da cultura jeje-nagô; o filme faz uma viagem no espaço e no tempo em busca das origens africanas da

cultura brasileira.”42 (MinC/CMB)

Negros de Cedro (BR, 1998), curta-metragem documentário, dirigido

porManfredo Caldas: "Sobre os descendentes de Chico Moleque, ex-escravo que com o

40SÉCULO XVIII: A COLÔNIA DOURADA [filme cinematográfico]. São Paulo/SP: Orion Cinema e Vídeo; Instituto Cultural Itaú, 1994. 20min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 41MINORIA ABSOLUTA [filme cinematográfico]. São Paulo/SP: ECA/USP - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, 1995. 13min, son., COR; 16mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 42ATLÂNTICO NEGRO, A ROTA DOS ORIXÁS [filme cinematográfico]. Brasília: DF:Videografia Criação e Produção, 1998. 54min, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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seu trabalho duro comprou sua alforria e de sua família e amigos, fundando o povoado

de Cedros em Mineiros - GO."43(FBR/40)

Nação Crioula (BR, 1999), é um longa-metragem, classificado como drama e

dirigido por Beliário França: "... O colonizador Fradique Mendes em suas aventuras pelo

Brasil e África."44 (ALSN/DFB-LM)

Casa Grande e Senzala (BR, 2000), longa-metragem do tipo documentário

sociológico, dirigido por Nelson Pereira dos Santos: “GILBERTO FREYRE, O CABRAL

MODERNO; A CUNHÃ, MÃE DA FAMÍLIA BRASILEIRA; O PORTUGUÊS, O COLONIZADOR

DOS TRÓPICOS; O ESCRAVO NEGRO NA VIDA SEXUAL E DE FAMÍLIA DO BRASILEIRO”.45

O Escravo negro na Vida Sexual e de Família do Brasileiro (BR, 2000) é um curta-

metragem, classificado como documentário sociológico e com direção de Nelson

Pereira dos Santos.

"'Todo brasileiro, mesmo alvo, o cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro'. Conversando com uma estudante portuguesa,

43NEGROS DE CEDRO [filme cinematográfico]. Brasília: DF:Folkino Produções Audiovisuais, 1998. 14min37seg, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 44NAÇÃO CRIOULA [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: s/r, 1999. s/r, son., COR; 35mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico]. 45 CASA GRANDE E SENZALA [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: Regina Filmes; Videofilmes; GNT Globosat, 2000. 205min, son., COR; 16mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Episódios [extraída do acervo filmográfico].

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o narrador analisa as diferentes culturas africanas transplantadas para o Brasil, as crenças e as práticas da magia sexual e da proteção mística dos recém-nascidos. Aborda a educação e costumes da família patriarcal, o noivado, o casamento e o adultério. O papel das mucamas no enredo familiar. O convívio senhor-escravo nas casas

grandes."46 (ALSN/DFB-LM)

Espero que os resultados aqui apresentados colaborem no emprego do cinema

no ensino de História, principalmente no que tange a abordagem da história e cultura

afro-brasileira na escola brasileira.

Referências Bibliográficas

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BLOCH, Marc. L. B. Apologia da história: ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge

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46O ESCRAVO NEGRO NA VIDA SEXUAL E DE FAMÍLIA DO BRASILEIRO [filme cinematográfico]. Rio de Janeiro/RJ: Regina Filmes; Videofilmes; GNT Globosat, 2000. 52min, son., COR; 16mm. In: CINEMATECA BRASILEIRA. Sinopse [extraída do acervo filmográfico].

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