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Nº 65 - out/nov/dez de 2013 - ANO XV Associação de Deficientes Visuais e Amigos Pedro Nürmberger, um homem de 1001 utilidades Talentos pág. 7 Corrida de revezamento para pessoas com DV Esporte pág. 9 Os primeiros programadores cegos do Brasil Profissão: pág. 4 Em foco pág. 5 35 35 anos anos

Os primeiros programadores cegos do Brasil · 2013-10-30 · Os primeiros programadores cegos do Brasil ... que incapacitam uma pessoa portadora de deficiência. ... ele aplica os

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Nº 65 - out/nov/dez de 2013 - ANO XV Associação de Deficientes Visuais e Amigos

Pedro Nürmberger, um homem de 1001 utilidades

Talentos pág. 7

Corrida de revezamento para pessoas com DV

Esporte pág. 9

Os primeiros programadores

cegos do Brasil

Profissão: pág. 4Em foco pág. 5

3535anosanos

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Jornalista responsável: Rafael Brandimarti (MTb 62.567).

Colaboradores: Ivan de Oliveira Freitas, Laercio Sant’Anna,

Liane Constantino, Lothar Bazanella, Lucia Maria, Lúcia

Nascimento, Markiano Charan Filho, Miguel Leça (fotos),

Sandra Maciel, Sidney Tobias de Souza. Correspondência: rua

São Samuel, 174, Vila Mariana, CEP 04120-030 - São Paulo

(SP) - telefones: 11 5084-6693/6695 - fax: 11 5084-6298

- e-mail: [email protected] - site: www.adeva.org.br.

Diagramação: Fernanda Lorenzo. Revisão: Célia Aparecida

Ferreira. Fotolitos e impressão: cortesia Garilli Artes Gráficas

Ltda. - tel.: 11 2696-3288 - e-mail: [email protected].

Tiragem: 1.000 exemplares. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA.

Opinião | Editorial ...........................p. 2 Lazer | Estive lá e gostei .............p. 3 Mercado de Trabalho | Profissão: ........................p. 4 Adeva | Em foco ...........................p. 5 Talentos...........................p. 6 Parceiros .........................p. 8 Esporte | Um direito de todos ........p. 9 Tecnologia | Convivaware ...................p. 10 Na rede............................p. 11 Literatura | Outros olhares ................p. 11 Espaço poético ...............p. 12 Mais | Para seu lazer .................p. 12

Por que somos contra o Estatuto da Pessoa com Deficiência

Em 2006, a Assembleia-Geral das Nações Unidas adotou uma Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD). Mas o que é uma convenção das Nações Unidas?

É um tratado internacional entre os países membros da ONU (Organização das Nações Unidas) e, ao mesmo tempo, um instrumento para o desenvolvimento dos Direitos Humanos e um instrumento que apresenta uma política transversal que inclui a deficiência em todos os setores. E tem vinculação legal.

Os objetivos da CDPD são: 1. definir os Direitos Humanos de pessoas com deficiências; 2. estabelecer as obrigações dos países participantes

a tomar medidas para garantir, por exemplo, que pessoas tenham acesso ao ambiente físico, ao transporte, saúde, comunicação, educação, etc.

O Brasil ratificou a convenção com status de norma constitucional. Então será que ainda é necessário um Estatuto da Pessoa com Deficiência?

Antes de ser colocado em votação, a relatora do projeto

de lei que cria o estatuto, deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP), afirmou que quer ouvir toda a sociedade.

O que alegam os defensores do estatuto? “A ideia é colocar em prática os direitos afirmados pela convenção da ONU, que embora tenha força de emenda constitucional, não possui eficiência normativa e, por isso, na prática, não funciona”, dizem.

Se o estatuto for um compilado de leis, nós da ADEVA acreditamos que seria um retrocesso, pois o risco de algum direito já adquirido ser deixado de fora é muito grande. Também pode haver repetições de mandamentos legais contemplados em outras leis.

O grupo de trabalho que revisou o texto afirma que não há esses riscos. Será? Bem, não queremos leis de tutoria que incapacitam uma pessoa portadora de deficiência. Não queremos a velha visão paternalista. Afinal, somos membros ativos da sociedade e, como tal, cidadãos capazes de exigir esses direitos e tomar decisões sobre nossas vidas. Portanto, conheça o texto do estatuto e dê a sua opinião. Sidney Tobias de Souza é diretor-secretário da ADEVA.

Como colaborar com a ADEVAVocê pode colaborar com a ADEVA de duas maneiras: ou fazendo uma doação em dinheiro pelo site da entidade (www.adeva.org.br), por meio do sistema PagSeguro, ou doando a sua Nota Fiscal Paulista. Para participar, basta solicitar a sua nota fiscal sem CPF ou CNPJ (no caso de empresas) no ato de qualquer compra e doá-la para a ADEVA. Mas, para ajudar, as notas têm de ser cadastradas no sistema do site da Secretaria da Fazenda no máximo 20 dias depois da data da compra, senão perdem a validade. Colabore com a gente. A ADEVA agradece!

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Aventura e Mata Atlântica de montão em Juquitiba

Município paulista oferece esportes radicais e passeios ecológicos a 70 km da capitalPor Sidney Tobias de Souza [email protected]

Fundado em 1964 e localizado a 70 quilômetros ao sul da capital paulista, Juquitiba possui a maior área preservada de Mata Atlântica da região metropolitana de São Paulo e, por isso, se destaca pela sua vocação para o ecoturismo e o turismo de aventura.

Juquitiba é um termo de origem tupi que significa “terra de muitas águas”. A cidade faz jus ao nome, pois há em suas terras uma grande quantidade de nascentes, e, devido à sua localização serrana, é bem chuvosa. Além disso, Juquitiba é o lugar ideal para a prática de esportes como rafting, arvorismo, tirolesa, trekking, mountain bike, “duck” (caiaque inflável) e até pescaria.

Bem, iniciei meu passeio fazendo um trekking de nível médio. Para quem é adepto das trilhas, as opções são várias. Tanto no Parque Estadual da Serra do Mar, quanto no Parque Estadual de Jurupará. Durante a caminhada em meio à Mata Atlântica, é possível observar palmeiras, jacarandás, samambaias, bromélias, manacás, entre outras espécies da flora local. Às vezes, encontrávamos algum pequeno afluente dos rios São Lourenço e Juquiá. Os guias locais disseram que na mata poderíamos encontrar também antas, bugios, jaguatiricas, onças-pintadas, patos selvagens, capivaras, cotias e urus. Mas só encontramos sapos, passarinhos e borboletas.

Depois, fomos conhecer as cachoeiras do Rio dos Carmos.

A apenas cinco quilômetros do centro, é um lugar muito agradável com uma bela sequência de quedas d’água, formando piscinas naturais com lagos rodeados de vegetação preservada. Para quem curte quedas d’água para um banho ou para tirar belas fotos, há também as cachoeiras do Monjolo e a do bairro das Palmeiras. Em seguida pegamos a estrada turística Cachoeira do França até a represa de mesmo nome, de água limpa e pesca farta. Chegamos no momento do desembarque de uma turma que havia feito o rafting diurno no Rio Juquiá. Sim, diurno, porque em Juquitiba eles fazem também rafting noturno. Imagine descer o rio à luz do luar? Deve ser muita adrenalina.

Disseram que o desembarque termina com um luau à margem do rio. Romântico, né? Outras opções de lazer na cidade são os sítios para a prática de arvorismo e tirolesa, os passeios a cavalo e os campings. Existem também na cidade muitos pesqueiros. Num deles, provei (e aprovei) uma saborosa tilápia ao molho de maracujá acompanhada de pupunha, tudo bem típico da região.

No mês de outubro, acontece ainda a tradicional Festa do Peão de Juquitiba, com apresentações, shows de cantores sertanejos e muita diversão.

Enfim, seja para os fãs da cultura sertaneja, seja para os aficionados em aventura e natureza, recomendo fortemente uma visita a esse simpático município e polo turístico de São Paulo.

Como chegarDe carro: pela rodo-via Régis Bittencourt (BR-116). O portal da cidade localiza-se no km 326 da rodovia.

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Por Lúcia Nascimento [email protected]

As palavras obstinação e união podem muito bem ser aplicadas aos analistas de sistema Domingos Sessa Neto, 70, e Márcio José Amoroso Quedinho, 72. No início dos anos 70, os dois, que ficaram cegos devido a uma degeneração na retina, foram buscar aprendizado e colocação no mercado de trabalho na área de informática. Bem-sucedidos, posteriormente transmitiram seus conhecimentos para outros deficientes visuais. Nesta entrevista exclusiva para o CONVIVA, eles lembram das dificuldades enfrentadas, de como superaram a falta de recursos e de como tudo começou.

“Nos conhecemos em 1969, no Centro de Reabilitação da Fundação Para o Livro do Cego (hoje Dorina Nowill Para Cegos), durante um curso de orientação profissional. Não sabíamos muito bem nem o que era programador. Como a profissão estava começando naquela época, muita gente passou a dar aulas de programação e as emissoras de rádio e TV anunciavam os cursos”, lembra Márcio, que, juntamente com Domingos, anotou vários endereços e saíram em busca de pessoas que pudessem lhes ensinar a programar computadores.

“Ninguém quis nos dar uma oportunidade, não entendiam o nosso problema. Na IBM, por exemplo, estavam mais preocupados com uma porta imensa de vidro. Eu não sei se eles estavam com medo de que nós nos machucássemos ou quebrássemos a porta”, brinca Domingos.

Mas foi na Burroughs, empresa concorrente da IBM na época, que eles conheceram o analista e encarregado dos cursos da empresa, Henrique Rozenfeld, que lhes disse que não sabia como fazer,

mas gostaria de ajudá-los. “Essa foi a primeira palavra de concordância então”, explica Domingos.

Márcio conta que Rozenfeld propôs que eles frequentassem um curso na Burroughs durante uma semana, sem pagar, mas foi bastante complicado, devido à falta de apostilas em braile para que eles pudessem acompanhar as aulas. Rozenfeld, então, com a permissão do diretor da empresa, se dispôs a lhes ensinar programação em uma sala da Fundação Dorina e lhes forneceu uma apostila, que foi gravada por Helena, irmã de Domingos. Obstinada, unida e aplicada, a dupla estudou muito e aprendeu a programar e a dominar os computadores da época. “Num congresso da Associação Brasileira de Educadores de Deficientes Visuais [Abedev], no Rio de Janeiro, em 1971, eu falei dessa nossa conquista e do domínio que já tínhamos dos computadores, sem um resultado prático ainda, mas que estávamos batalhando. Quando deixei a sala, todos vieram falar comigo, interessados na grande novidade”, recorda Domingos.

Márcio conta que naquele mesmo ano, o orientador profissional da Fundação ouviu no rádio que o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) estava contratando deficientes auditivos para trabalhar com perfuração de cartões (por meio dos quais os computadores liam os programas). “Se estavam contratando surdos, por que não cegos? Fomos lá e fizemos entrevistas com o RH e com a área técnica da empresa. Em 18 de outubro,

fomos contratados para um estágio de seis meses. Depois de cinco meses e meio, fomos admitidos por tempo indeterminado”, diz Márcio.

A falta de recursos acessíveis fez com que eles, com a ajuda do chefe de programação do Banco do Brasil, desenvolvessem o Listador Braille, um programa que pegava uma linha normal de impressão e convertia em três para configurar os caracteres em braile. Assim, a impressora, uma IBM 1403, passou a imprimir em braile, dando-lhes mais independência. “O primeiro programa que fizemos foi o do Imposto de Renda, de grande repercussão na época e muito elogiado, o que nos deu credibilidade”, afirma Domingos.

Instituto Brasileiro de Incentivos Sociais

Em 12 de dezembro de 1970, Domingos e Márcio fundaram, em São Paulo, o Instituto Brasileiro de Incentivos Sociais (Ibis), por meio do qual iniciaram um curso experimental de programação em 1972 e, um ano depois, o curso oficial. Nos anos seguintes, a iniciativa foi levada para outros estados, promovendo social e economicamente as pessoas com deficiência visual.

Em 1973, para provar que um cego poderia atuar numa empresa que visa lucros, Domingos decidiu deixar o Serpro e ir para o Banco União Comercial S.A. (incorporado pelo Itaú em 1974). Durante 32 anos, ele fez todos os cursos

<<Quanto mais você adquire conhecimento, menos cego você é.>>

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Os primeiros programadores cegos do BrasilConheça a história dos pioneiros da programação Domingos Sessa

Neto e Márcio Quedinho

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oferecidos pela empresa, desenvolveu inúmeros sistemas e se tornou um profissional de ponta do banco. Hoje aposentado, ele aplica os seus conheci-mentos de administração, adquiridos na PUC, no condomínio onde mora com a família, em Atibaia, interior de São Paulo. Márcio, contudo, preferiu permanecer no Serpro, onde trabalha há 42 anos, embora também já esteja aposentado.

Hoje, realizados e bem-sucedidos, eles ressaltam a importância da união das entidades na qualificação profis-sional dos deficientes visuais. “Nós precisamos de gente nova, dedicada, disposta a aprender; e, se não houver união, não chegaremos a lugar nenhum”, alerta Márcio.

Para Domingos, não adianta o governo definir vagas para os deficientes se eles não estiverem qualificados. “Essas pessoas precisam ter um amanhã concreto e ser estimuladas a buscar conhecimento. Quanto mais você adquire conhecimento, menos cego você é.”

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Programadores cegos formados há 41 anos

recebem homenagemNo dia 21 de setembro, Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência,

programadores e analistas com deficiência visual prestaram uma homenagem aos primeiros profissionais da área e seus primeiros mestres.

Os ex-alunos, vindos de diversos estados brasileiros, tiveram dois dias (21 e 22) para recordar e comemorar esse fato histórico, com uma cerimônia de homenagem na sede da ADEVA e visita a pontos turísticos de São Paulo, como o Museu da Língua Portuguesa.

Tudo começou quando Domingos Sessa Neto e Márcio José Amoroso Quedinho (entrevistados desta edição do CONVIVA) convidaram Henrique Rozenfeld para lhes ensinar programação de computador. Depois disso, os dois começaram a trabalhar no Serpro e, em 1972, Domingos, Márcio e Henrique deram o primeiro curso de programação para deficientes visuais no Brasil. Em 1973, já no curso seguinte, 13 alunos foram colocados no mercado de trabalho.

A partir de então, muitos outros deficientes visuais se especializaram nessa área e foram integrados no mercado de trabalho, conquistando independência socioeconômica, derrubando barreiras e vencendo preconceitos.

Alguns ainda atuam como programadores na Prodesp, na Prodam, no Serpro, no Itaú, entre outras empresas. Outros estão aposentados, depois de terem escrito uma história de sucesso na área da informática.

A esses pioneiros que abriram portas para a cidadania, fica aqui registrada a nossa homenagem.

ADEVA e Sabesp promovem sessão inclusiva

de ``O Tempo e o Vento´´A ADEVA e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São

Paulo (Sabesp) realizaram no dia 27 de outubro mais uma sessão inclusiva de cinema, no Cine Sabesp.

Desta vez, a Sessão Inclusiva Sabesp-ADEVA, gratuita, apresentou a produção nacional “O Tempo e o Vento”, com audiodescrição.

Estrelado por Thiago Lacerda, Cléo Pires, Marjorie Estiano e Fernanda Montenegro, “O Tempo e o Vento” é baseado na obra-prima homônima de Érico Veríssimo e tem direção de Jayme Monjardim. O filme conta de forma romanceada uma parte da história do Brasil – a formação do Rio Grande do Sul, através da saga das famílias Terra Cambará e Amaral.

Após a exibição, aconteceu o sorteio de dois iPods Shuffle e de um convite (com direito a um acompanhante) para o jantar em comemoração ao 35º aniversário da ADEVA, no Bar Brahma, no próximo dia 13 de novembro.

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Coral da Adeva comemora 10 anos com apresentação

no Theatro São PedroO Coral da ADEVA completou dez anos de vida e de

boa música em fevereiro deste ano e, para celebrar a data, se apresentou com pompa no dia 1º de outubro, no Theatro São Pedro, na capital paulista.

Criado em 2003 sob a batuta da maestrina Dudá Lopez e a colaboração do regente Julio de Britto Battesti, o coral foi composto para uma festa de diplomação de alunos da ADEVA.

O resultado agradou a todos. Seus participantes decidiram, então, se reunir semanalmente para aperfeiçoar o canto, agora sob a regência do maestro Júlio de Britto e contando com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura.

Hoje, o Coral da ADEVA tem 15 integrantes e trabalha musical e culturalmente um repertório de obras eruditas, sacras, populares e folclóricas brasileiras e de diversos outros países e períodos históricos. Na apresentação do dia 1º, no tradicional Theatro São Pedro, cerca de cem pessoas acompanharam nossos cantores e cantoras.

O Coral vem sendo mais uma oportunidade de estímulo à convivência sem barreiras entre pessoas que enxergam com pessoas com deficiência visual, um dos pilares que sustentam a ADEVA.

A participação é aberta a todos os interessados e a inscrição pode ser feita sempre às terças-feiras, com o maestro Júlio de Britto, no Centro de Treinamento da ADEVA, à rua São Samuel, 174, Vila Mariana, das 17h às 19h, dia e horário dos ensaios.

Se todos fossem iguais a você, que maravilha viver, Pedro!

De tudo que admiramos em você, o que mais nos tocou sempre foi seu pique, sua garra, seu entusiasmo.

Você nunca nos disse não.Para dar os Telecursos, você aprendeu

o braile, aprendeu o Sorobã, e todos os seus alunos foram aprovados.

Além desses cursos, você ministrou aulas de português, de matemática,

postura profissional, habilidades gerais e deu palestras.

Sempre que foi preciso enviar alguém para transcrever para o braile uma prova

de concurso, ou uma prova escolar, ou qualquer outro trabalho, lá ia você, PEDRO.

Surgiram vagas para um curso de Libras. Lá foi o PEDRO.

E, em 2011, você também fez o treinamento para ser instrutor

de orientação e mobilidade.Precisávamos de um churrasqueiro

para as nossas festas, lembrávamos do PEDRO. Ou de salgadinhos deliciosos

para nossas comemorações, era o PEDRO que punha a mão na massa.

Algum serviço de manutenção na sede, pedíamos para o PEDRO.Visita à Associação Portuguesa

de Desportos. Quem foi o fotógrafo? O PEDRO.

Festa Junina da ADEVA, barraca de prendas e brinquedos. Quem foi convidado

para animar a barraca? O PEDRO.Ao nosso amigo Ricardo

Sigolo, agradecemos por nos ter apresentado o PEDRO.

Ao Pedro, toda nossa saudade, e a você, Alice, o nosso afeto. Queremos

você conosco por ele e por você. Pois, quem muito amou e foi muito

amada, deve ter para ensinar.Que surjam outros PEDROS

para que possamos ter esperança em um mundo melhor.

PEDRO, muito obrigada, AMIGO!

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Por Liane Constantino [email protected]

Pedro Nürmberger nasceu em Santos há 57 anos confessos. Mas, depois de um bate-papo com ele, se acaba convicto que é mais velho que Matusalém. Já fez e já foi um pouco de tudo.

Atualmente é professor do Telecurso 2000 (ensino fundamental e ensino médio), de Sorobã e de Matemática e faz salgadinhos para festas. Apaixonado por fotografia desde a adolescência, ainda é fotógrafo e já teve um laboratório fotográfico; trabalhou como projetista e construtor; foi fabricante de bolsas e sapatos; consultor de marketing de várias empresas do ramo da construção civil, “para as quais viajei pelo Brasil, fazendo palestras, por muito tempo”; inventou e fabricou argamassa isolante térmica para paredes; é músico (“para mim mesmo”); e até costurar ele sabe.

“Tive ainda várias outras atividades; enfim, não tive medo de experimentar o que julguei interessante. Passei grande parte da vida ouvindo críticas pois não me dedicava a uma única

atividade profissional. Levou muito tempo para eu perceber que estamos aqui para cumprir uma ordem do Chefe. Ele nos dá um vale para passarmos no almoxarifado e pegarmos

todas as ferramentas necessárias – inteligência, habilidade, paciência, alegria, beleza, persistência, musicalidade e mais um número infinito de talentos – para fazer aquele

serviço. todos temos esses talentos à disposição. Meu conselho então é: ouça os mais velhos, e também os mais novos, os loucos, as avós, os professores, as crianças, mas siga apenas o seu coração. Ele é o único Mestre que não falha, pois foi onde Deus escondeu o maior de todos os ensinamentos: o amor.”

Declarado oficialmente solteiro, está oficiosamente muito casado. “Com a Maria Alice, minha mulher, companheira, amiga e sócia; esposa não, que essa palavra é muito feia.”

Com a ADEVA, foi um caso de amor à primeira vista. “Como sou locutor, fui procurar a Biblioteca Braile no Centro Cultural São Paulo para fazer trabalho voluntário de gravação de livros.” Lá, conheceu o Nelson e o Ricardo (Sigolo). “Um dia, em junho de 2003, o Ricardo me disse que a ADEVA, que eu não conhecia, estava precisando de um professor. A Sandra, o Markiano e todo

o pessoal me recepcionaram como se já fôssemos amigos de longa data.”Hoje, além de ser o professor do Telecurso 2000 (ensino médio) da ADEVA,

desenvolve várias outras atividades por lá. “E em todas elas eu percebo que não importa o quanto eu consiga transmitir, pois o que eu aprendo é sempre muito

mais. Afinal, é assim mesmo que acontecem as coisas quando as fazemos com amor. Recebemos infinitamente mais do que aquilo que damos.”

Um homem de 1001 utilidadesHomenagem do CONVIVA ao querido amigo Pedro Nürmberger, que nos deixou no dia 29 de agosto

Jogo rápido com Pedro NürmbergerSigno: Sagitário. | Cor: A que me pareça mais bonita, dependendo do humor do momento. | Comida preferida: A salgada. | Hobby: Aprender e rir. | O que mais gosta na vida: Aprender a tocar a emoção das pessoas. | Um filme: “Tempo de Despertar” (1990). | Um livro: “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry. | Estilo de música: A que toca o meu coração. | Sobre a deficiência visual: Que tanto os portadores quanto os que estão a sua volta, se revejam, se repensem e aprendam sobre si mesmos. | Deus: É aquele “S” que aparece por baixo da roupa do Clark Kent. | Religião: Jamais consegui me manter em alguma, apesar de haver estudado religiões por mais de 40 anos. | Família: É o intercâmbio de amor. | Amigo: É o irmão escolhido. Um presente de Deus. | Amor: A mais maravilhosa lição a ser aprendida na vida. | O que fazer para viver melhor: Rir e amar. Intensamente. | Motivo para agradecer: Nem precisar fechar os olhos para sentir a presença do meu Chefe junto a mim, o tempo todo. | Sonho: Viver o presente. | Uma frase: “Aquele que está sem pecados, que atire a primeira pedra.”

*Matéria publicada originalmente no CONVIVA 32 (janeiro/fevereiro de 2006).

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Ângela MariaNo Jantar de aniversário de 35 anos da ADEVA

A ADEVA está em festa: venha celebrar

com a gente!Como já é de costume, o aniversário de 35 anos da

ADEVA será comemorado com um jantar no Bar Brahma, esquina da av. São João com a av. Ipiranga, com direito a show da

diva Ângela Maria. Os convites já estão à venda e podem ser adquiridos com a diretora vice-presidente da ADEVA, Sandra Maciel, pelos telefones: 3824-0560 e 3667-5210 (São Paulo). Venha comemora com a gente!

No dia 7 de agosto, foi celebrada uma Missa de Ação de Graças na capela do Hospital Santa Catarina, na av. Paulista, para lembrar a fundação da ADEVA, há 35 anos.

Depois de Demônios da Garoa, Jair Rodrigues e Thobias da Vai-Vai, é a vez de Ângela Maria, a “rainha do rádio”, abrilhantar com sua voz e talento incomuns o tradicional jantar de aniversário dos 35 anos da ADEVA, no Bar Brahma.

Nascida Abelim Maria da Cunha, em Conceição de Macabu, Rio de Janeiro, Ângela Maria adotou esse nome para não ser identificada pela família num programa de calouros e assim poder realizar o seu grande sonho de menina: ser cantora. Muito requisitada, a jovem Ângela Maria se apresentou no famoso “Dancing Avenida” e depois na Rádio Mayrink Veiga. O resto é história.

Ângela Maria gravou dezenas de sucessos, como “Não Tenho Você”, “Babalu”, “Cinderela”, “Moça Bonita”, “Lábios de Mel” e consagrou-se como uma das grandes intérpretes do gênero samba-canção, ao lado de Maysa (1936-1977), Nora Ney (1922-2003) e Dolores Duran (1930-1959).

Em 1955, foi eleita Rainha do Rádio e, em 1994, após quase quatro décadas de sucesso, foi homenageada pela escola de samba Rosas de Ouro, que com o enredo “Sapoti”, venceu o Carnaval de São Paulo naquele ano.

“Menina, você tem a voz doce e a cor do sapoti”, teria dito Getúlio Vargas sobre Ângela Maria.

Uma das grandes divas da música popular brasileira e melhor amiga de Cauby Peixoto, que também se apresenta em temporada no Bar Brahma, Ângela Maria gravou mais de 110 discos e vendeu cerca de 60 milhões de cópias.

ADEVA comemora 35 anos com show de Ângela Maria

Cantora se apresenta no palco do Bar Brahma Centro no dia 13 de novembro

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3 de dezembro foi proclamado pela ONU o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.

Cerca de 10% da população mundial, aproximadamente 650 milhões de pessoas, vivem com uma deficiência. São a maior minoria do mundo.

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Corrida de revezamento para pessoas com deficiência visual

Parque da Aclimação realiza 1ª edição de prova voltada para atletas cegos ou com baixa visão

Por Ivan de Oliveira [email protected]

O atletismo é a base para a maioria dos esportes praticados no mundo e, dentro do próprio atletismo, encontramos diferentes tipos de provas a serem disputadas.

Entre elas, há a corrida de revezamento, que normalmente é disputada por equipes compostas por quatro atletas cada. É uma das provas mais emocionantes da modalidade.

Nas competições de pista, temos o revezamento 4 x 100 metros, onde cada atleta da equipe corre 100 metros. Ou a prova de 4 x 400 metros, onde cada participante dá uma volta completa na pista.

A corrida de revezamento para atletas normovisuais é realizada com a utilização de um bastão de 20 centímetros, que deve ser passado pelo atleta que está correndo ao próximo a correr. Para isso, há uma área que deve ser respeitada, onde o bastão é passado. Em uma prova para atletas com deficiência visual, o bastão já não faz parte da competição, precisando apenas um toque entre os treinadores-guias para que o revezamento aconteça.

Além das competições em pistas de atletismo, hoje existem as corridas de revezamento de rua. Uma das mais famosas é a Maratona de Revezamento Pão de Açúcar, cuja 21ª edição aconteceu em São Paulo, no último dia 22 de setembro, nas cercanias do Parque do Ibirapuera, com equipes de 2, 4 e 8 atletas.

Em um parqueA corrida de revezamento para cegos faz parte de

competições paralímpicas. Mas, no próximo dia 23 de novembro, acontecerá uma Corrida de Revezamento para Pessoas com Deficiência Visual na pista de um parque público. Esta será a primeira vez que acontece tal modalidade de corrida com essa característica, ampliando as possibilidades de participação desse público em diferentes atividades paradesportivas.

O evento conta com o apoio da Adeva e da Associação

de Pais, Amigos e Deficientes Visuais de São Bernardo do Campo (APADV), de vários atletas com deficiência visual e entidades envolvidas com o esporte para pessoas cegas.

Segundo seu idealizador, o atleta e técnico Francisco de Assis dos Santos, carinhosamente chamado de Chico da Aclimação, esse evento tem como objetivo “incentivar a prática desportiva, benéfica para a saúde do corpo, da mente e possível para todos, e promover um momento de confraternização entre os amantes da corrida”.

Chico é também o criador e responsável técnico pela Corrida Infantil Parque Aclimação, que acontece todo ano no último domingo de maio. Essa competição começou com quatro crianças e sua 32ª edição, no dia 26 de maio deste ano, contou com a participação de 500 crianças, na faixa etária de 4 a 15 anos.

A provaA I Corrida de Revezamento está aberta à participação

de homens e mulheres, com idade a partir de 15 anos, cegos ou com baixa visão, em condições físicas adequadas a uma prova de revezamento 4 x 1.000 metros (extensão da pista do Parque da Aclimação).

As inscrições serão feitas antes da realização da prova, no próprio local, e as equipes – de quatro atletas cada – serão formadas de acordo com as inscrições recebidas. Portanto, para participar, não é necessário organizar uma equipe antes.

Todos os atletas e treinadores-guias receberão uma medalha, camiseta e lanche. As duas primeiras equipes receberão medalhas indicativas de sua classificação e troféus.

Participe! Convide os amigos para este novo momento em favor da saúde, do lazer e da solidariedade!

I Corrida de Revezamento para Pessoas com Deficiência Visual

23 de novembro, sábado, a partir das 8h Parque da Aclimação - Rua Muniz de Souza, 1.119 - AclimaçãoTel.: (11) 3208-4042 - [email protected]

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Por Laercio Sant’Anna [email protected]

Pouco mais de uma semana depois da apresentação dos novos iPhones, e um dia depois do lançamento da nova versão do sistema operacional da Apple, estou eu aqui pensando com meus botões, ou melhor, com minha tela tátil (afinal, botões já fazem parte do passado) o que significa para o mundo dos smartphones esses novos aparelhos. Certamente, quando este texto estiver sendo lido, alguns leitores desta coluna já terão visto de perto, ou até mesmo comprado, um iPhone 5S. Por minha vez, faço conjecturas a cerca do que foi veiculado na mídia internacional, sem ainda poder falar de experiências concretas.

Todos os meses vemos mais e mais modelos de novos smartphones chegarem ao mercado. Mais memória, câmeras mais potentes e processadores mais rápidos. No entanto, me chamou a atenção alguns detalhes do iPhone 5S. Mais do que um novo aparelho, vejo algumas características que vão além da simples melhoria dos componentes já existentes. Uma delas foi o novo processador Apple A7. Ele é, até as 22 horas e 22 minutos do dia 19 de setembro de 2013 (momento em que escrevo este texto), o melhor processador para smartphones do mercado. Sua arquitetura de 64 bits – inédita no mundo mobile –, o coloca no mesmo nível de capacidade de processamento dos computadores. Para se ter uma ideia, seu processador A7 é duas vezes mais rápido que o do iPhone 5 e 40 vezes mais veloz que o do primeiro iPhone. O iOS 7 e todos os aplicativos da Apple já foram reescritos para suportar essa tecnologia, e os desenvolvedores de aplicativos poderão fazer o mesmo.

Para mim, tão importante quanto o processador A7, foi o lançamento do coprocessador M7. Ele é responsável pelo tratamento dos dados recebidos pelos diversos sensores do iPhone: acelerômetro, giroscópio e bússola. Dados que antes eram processados pelo A7, mas que agora possuem um chip muito mais eficiente para isso, que gasta menos bateria. O M7 é capaz de perceber qualquer movimento, esteja o usuário parado, andando ou correndo. Imagine que você traçou uma rota no seu aplicativo de mapas; ele pode lhe indicar

o caminho de carro, mas, ao “estacionar”, poderá continuar indicando o seu trajeto a pé, se for o caso. Além disso, ao se movimentar rapidamente, o iPhone não se conectará a nenhuma rede wi-fi que encontrar pelo caminho, e, se você estiver dormindo, ele não solicitará dados de rede com tanta frequência, tudo para economizar bateria.

Eu acredito, sinceramente, que não demorará para que a junção desses sensores, aliada a softwares específicos, permita a uma pessoa com deficiência visual maior facilidade de locomoção, bem como sejam desenvolvidos hardwares que possibilitem monitorar o estado clínico de uma pessoa, disparando alertas em caso de aumento de pressão arterial, ou mesmo fazendo chamadas para um número de emergência em caso de problemas cardíacos.

Por fim, uma das novidades que mais me faz querer ter um iPhone 5S hoje é o seu leitor biométrico. Para quem não sabe, o botão “Home” do iPhone foi substituído por uma lente de cristal de safira que funciona como uma espécie de leitor biométrico. Dessa forma, você pode, em vez de digitar uma senha para desbloquear o aparelho, simplesmente tocar com o dedo indicador no novo botão “Home”. Mesmo que você mude a posição do dedo em 180 graus, ele é capaz de reconhecer a sua digital – e de outros usuários habilitados. Será possível inclusive confirmar suas compras com a digital. Em vez de digitar sua senha, basta tocar no botão para confirmá-la.

Essa tecnologia, porém, não é novidade. Em 2007, a HP lançou vários modelos de notebooks com leitor de impressões digitais, assim como a LG (pendrives) e a Motorola (smartphone). No entanto, nenhuma dessas iniciativas obteve grande sucesso.

A estratégia da Apple é a mesma de sempre: pegar o que já existe, aperfeiçoar e transformar em algo indispensável. Penso que a gigante criada por Steve Jobs, ao propor uma nova experiência, está educando o mercado e quebrando paradigmas. Não ficarei surpreso se ainda este ano os concor-rentes apresentarem gadgets inspirados nos produtos da grande macieira do Vale do Silício.

Apple dá continuidade à evolução dos smartphones

Empresa fundada por Steve Jobs apresenta suas novas “armas” para o concorrido mercado dos aparelhos móveis

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Descubra a operadora

Simples e prático, o Qual Operadora? é um site/serviço que informa ao usuário a operadora do telefone, fixo ou celular, digitado no campo principal, precedido do DDD. Muito útil para quem quer falar muito e pagar pouco, o serviço também diz se o número apresenta portabilidade ou não e a qual Estado brasileiro pertence.

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Seja um consumidor positivo

Iniciativa da Boa Vista, administradora do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), o site Consumidor Positivo oferece serviços e orientações para você adotar práticas posi-tivas e, assim, não ficar com o nome sujo na praça.

www2.boavistaservicos.com.br/consumidorpositivo

ADEVA nas redes sociais:twitter.com/adeva1978facebook.com/Adeva

SHUT

TERS

TOCK

É assim?M. conta que o que mais

gostava era de jogar futebol. Sempre foi bom de bola, desde criança. Depois da aula, no final da tarde, ia com o time do bairro para o campinho perto de casa e só voltava de noite. “Eu tinha um monte de amigos e também fazia o maior sucesso com as meninas”, lembra.

Gostava mesmo era da Cris, “a cara da Juliana Paes”. M. se declarou, teve o beijo na boca e ali ele soube, do alto de seus 14 anos, que seria o único e o maior amor da sua vida. Começaram a namorar firme e por ela até deu um tempo do futebol. “Parou de jogar?”, pergunto. “Umas duas semanas”, responde, rindo.

Seis meses depois, M. ficou cego. “Teve jeito não”, relembra. Mês passado completou 16 anos. “Fiquei foi sozinho e agora não tenho mais amigo. É assim mesmo.” Estávamos no portão da sua casa. Pela rua, veio um grupo de garotos rindo e falando alto, todos de shorts e camiseta, um deles com uma bola na mão. Viram M. e

foram ficando em silêncio. Ninguém parou. “Oi!”,

cumprimentou um dos garotos. M.

não respondeu.

E eu achei melhor nem perguntar da Cris.

Lucia Maria é jornalista, audiodescritora e autora do blog Outros olhares (outrosolhares.blog.terra.com.br).

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Por Lothar Bazanella

Um dedo de trova

Saudade! Foto em pedaços,que eu colei, com mão tremida,tentando compor os traçosde quem rasgou minha vida!

Waldir Neves Minha mãe, com benzedura,curava tudo num zás!Hoje eu não encontro curapra falta que ela me faz.

Lothar Bazanella Eu era um burro, doutor,que pesadelo medonho!E o médico gozador:–Tens certeza que é um sonho?

Élbea Priscila Souza e Silva

ADEVA - Associação de Deficientes Visuais e Amigose-mail: [email protected] - site: www.adeva.org.br

Correspondência: rua São Samuel, 174, Vila Mariana, CEP 04120-030 - São Paulo (SP)

Os versos que te fizDeixa dizer-te os lindos versos rarosQue a minha boca tem pra te dizer!São talhados em mármore de ParosCinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,São como sedas pálidas a arder...Deixa dizer-te os lindos versos rarosQue foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...Que a boca da mulher é sempre lindaSe dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...E nesse beijo, Amor, que eu te não deiGuardo os versos mais lindos que te fiz!

Florbela Espanca

Festival: Stevie Wonder e muito maisNo dia 14 de dezembro, São Paulo recebe a 1ª edição do fes-tival Circuito Banco do Brasil, com shows de Stevie Wonder, Jason Mraz, Os Paralamas do Sucesso, Capital Inicial e Criolo, entre outros. O evento contará ainda com uma galeria de arte, cultura e esporte, sustentabilidade e a Copa Brasil de Skate Vertical, com os maiores nomes da cena nacional. R$ 240 (inteira); clientes do Banco do Brasil têm direito a desconto de 30%. Vendas pelo site ingresso.com.

Cinema em casa: IntocáveisInspirado em fatos reais, o filme narra a relação de um aristocrata francês tetraplé-gico com seu novo cuidador, um jovem do subúrbio de Paris sem nenhuma expe-riência no ramo, mas cheio de vitalidade. Com o pas-sar do tempo, ambos criam uma forte relação de ami-zade. Comédia. 112 min.

Livro: Uma Viagem no EscuroEscrito pela jornalista e atriz Danieli Haloten, a primeira deficiente visual a atuar numa novela da Globo (“Caras e Bocas”), o livro relata a experiência de Dani durante um intercâmbio ao Canadá, quando foi enganada pela agência de viagem e se viu completamente abandonada em Vancouver. Danieli fala de todas as expec-tativas dessa viagem, das dificuldades enfrentadas por uma pessoa cega num país estrangeiro, dos sufocos pelos quais pas-sou e de como deu a volta por cima. À venda em formato digital ou PDF no site da autora (http://danielihaloten.com.br).