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Os espaços não formais de educação: Relato de aula no Cemitério Saudade de Ribeirão Preto Leonardo Augusto Dias Badin Graduando em História pelo Centro Universitário Barão de Mauá Novas propostas de ensino/aprendizagem fazem parte de uma tecnologia social desenvolvida por grandes educadores do mundo todo, partindo de diferentes e complementares teorias que são estudadas e aplicadas em vários níveis: em escala nacional até pequenas iniciativas, como a que apresentamos nesse relato de Ribeirão Preto. Apresentamos um projeto pedagógico que tem como objetivo abordar o ambiente em que os alunos vivem, de maneira investigativa, eles aprendem sobre a necrópole ribeirão-pretana. Muito significativa nas perspectivas artística, arquitetônica, cultural, patrimonial (material e imaterial) e histórica, é uma oportunidade para problematizar os conteúdos curriculares. São adotadas duas metodologias: elaborada uma revisão bibliográfica das temáticas, principalmente com os sujeitos silenciados da história, a segunda é a elaboração do roteiro à expedição com ênfase na prática interdisciplinar das atividades. O relato da aula no cemitério proporciona a leitura de uma possibilidade de conciliar várias teorias do aprendizado e de desfragmentar o ensino. AULA NO CEMITÉRIO - ESTUDOS DO MEIO PRÁTICA INTERDISCIPLINAR RESUMO ENSINO , PESQUISA E EXTENSÃO 91 Gabriel Fernandes Ferreira Graduando em História pelo Centro Universitário Barão de Mauá Felipe Gonçalves de Souza Graduando em História pelo Centro Universitário Barão de Mauá Bruno Luã Baptista Graduando em História pelo Centro Universitário Barão de Mauá Marcello Alves Nakaishi Graduando em História pelo Centro Universitário Barão de Mauá Aurora, ano 1, n. 2, jun./dez. 2018

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Os espaços não formais de educação: Relato de aula no Cemitério Saudade de Ribeirão Preto

Leonardo Augusto Dias BadinGraduando em História pelo Centro Universitário Barão de Mauá

Novas propostas de ensino/aprendizagem fazem parte de uma tecnologia social desenvolvida por grandes educadores do mundo todo, partindo de diferentes e complementares teorias que são estudadas e aplicadas em vários níveis: em escala nacional até pequenas iniciativas, como a que apresentamos nesse relato de Ribeirão Preto. Apresentamos um projeto pedagógico que tem como objetivo abordar o ambiente em que os alunos vivem, de maneira investigativa, eles aprendem sobre a necrópole ribeirão-pretana. Muito significativa nas perspectivas artística, arquitetônica, cultural, patrimonial (material e imaterial) e histórica, é uma oportunidade para problematizar os conteúdos curriculares. São adotadas duas metodologias: elaborada uma revisão bibliográfica das temáticas, principalmente com os sujeitos silenciados da história, a segunda é a elaboração do roteiro à expedição com ênfase na prática interdisciplinar das atividades. O relato da aula no cemitério proporciona a leitura de uma possibilidade de conciliar várias teorias do aprendizado e de desfragmentar o ensino.

AULA NO CEMITÉRIO - ESTUDOS DO MEIOPRÁTICA INTERDISCIPLINAR

RESUMO

ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO

91

Gabriel Fernandes FerreiraGraduando em História pelo Centro Universitário Barão de Mauá

Felipe Gonçalves de SouzaGraduando em História pelo Centro Universitário Barão de Mauá

Bruno Luã BaptistaGraduando em História pelo Centro Universitário Barão de Mauá

Marcello Alves NakaishiGraduando em História pelo Centro Universitário Barão de Mauá

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Introdução

O mundo contemporâneo exige das pessoas novas tecnologias e teorias do aprimoramento dos processos sociais e um deles, talvez o principal, a educação, demanda uma atenção especial por se tratar do principal meio de manutenção e transformação da ordem social. Surgiram nas últimas décadas no mundo novas propostas educacionais para o desenvolvimento dos jovens. Elas partem inicialmente da psicologia, que aponta novos métodos de ensino/aprendizagem e se aprofundam na neuropsicologia e na teoria das inteligências múltiplas1, teoria segundo a qual não é apenas o conhecimento lógico matemático ou as habilidades da escrita e fala que são demonstrações da capacidade intelectual dos jovens. Nessa perspectiva, os métodos de educar em todas as disciplinas, incluindo a História, devem ser revisitados e a educação deixa de ser uma caixa fechada de método pronto, para se tornar um universo de possibilidades. Depois de analisado no campo da neuropsicopedagogia, o ensino passa, sob a visão da biologia, a estudar as reações hormonais durante a realização das atividades sociais e interações humanas, revelando grandes conexões entre o lúdico e o aprendizado2, renovando mais uma vez os métodos que eram aplicados de memorização de informações para dar ênfase ao “sentir”. Então, no Brasil atual, explodem teorias de pedagogias de autonomia, pertencimento e identidade cultural. Partindo dessas novas tecnologias sociais, os docentes escolheram oferecer uma atividade diferente para os alunos do Centro Paula de Souza de Ribeirão Preto, escolhendo espaços não formais para oferecer interessantes e inusitadas aulas. Trata-se de aulas em espaços não formais de educação, ao redor dos patrimônios culturais do município. Uma dessas aulas foi no Cemitério da Saudade. Desenvolveu-se um projeto pedagógico baseado na teoria de “estudos do meio”3, que visa abordar o ambiente em que o aluno vive, na comunidade, de maneira investigativa. Partindo dessa prerrogativa, o grupo de educandos e educadores deve realizar uma expedição nos locais, para que os estudos sejam realizados. Conhecer o local, suas influências no município, suas características e como isso pode contribuir para o processo de ensino/aprendizagem; foi o foco do desenvolvimento do projeto. A necrópole ribeirão-pretana foi um dos locais selecionados. Muito representativa do ponto de vista artístico, arquitetônico, cultural, patrimonial (material e imaterial) e histórico, em função de características diversas de seus túmulos, esse espaço foi usado para diferentes tipos de atividades, para problematizar os conteúdos curriculares. Tratou-se de temáticas da história local, regional e muito além dessas fronteiras e, como será apresentado nesse relato, ainda abordou-se diferentes perspectivas culturais/sociais e interdisciplinares4 do universo do saber das ciências sociais. O cemitério em si pode ser um laboratório pedagógico multidisciplinar, enriquecendo ainda mais o processo de ensino/aprendizagem e as interações sociais entre escola e comunidade.

1 GARDNER, H. Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas. Artes Médicas, 1994.

2 MATURANA, H.; VERDEN-ZÖLLER, G. Amor y juego. Santiago de Chile, Ed ITC, 1993.

3 LOPES, Claudivan Sanches; PONTUSCHKA, Nídia Nacib. Estudo do Meio: Fundamentos e Estratégias. Maringá: Eduem, 2010.

4 PONTUSCHKA, N. N.; PAGANELLI, T. I.; CACETE, N. H. Para ensinar e aprender. São Paulo: Cortez, 2009. PONTUSCHKA, N. N.; PAGANELLI, T. I.; CACETE, N. H. Para ensinar e aprender. São Paulo: Cortez, 2009. 92

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Desenvolvimento

O Cemitério da Saudade de Ribeirão Preto foi envolto no processo de laicização do Estado que se deu a partir do ano de 1889, com o advento da Proclamação da República. Anteriormente, a Igreja administrava as necrópoles e os sepultamentos eram realizados em seus interiores e arredores5. No entanto, as preocupações sanitaristas fizeram com que os sepulcrários existentes nos templos católicos, e mais precisamente em Ribeirão Preto, no centro urbanizado fossem retirados e enviados para o primeiro cemitério laico do município, no ano de 1893, o da Saudade.

IMAGEM 01

5 ARIÈS, P. O Homem Diante da Morte. São Paulo: UNESP, 2014.

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Numa dinâmica segregacionista de centro-periferia, a necrópole era vista como aparelho indesejado6, ferindo a higiene e a estética do centro urbano. Portanto, ela foi instalada na periferia ruralizada no antigo Núcleo Colonial Antônio Prado, uma extensão de terras dividida em 200 lotes e 5 partes como o foco de mão-de-obra imigrante, principalmente italiana. Os carcamanos, como eram chamados, ganharam esse e mais aparelhos indesejados pelo centro, como o matadouro, o leprosário, o asilo de mendicância, a Santa Casa de Misericórdia, e etc7. Nesse processo de transferência, a necrópole acaba ganhando mais semelhança com a cidade dos vivos do que qualquer outro local. Sua espacialidade é desenvolvida a partir do espelhamento de uma cidade: quadras, ruas e alamedas principais, em volta de uma capela com túmulos prestigiosos de grandes personalidades. As periferias, eram destinadas aos mais pobres e silenciados. A "igreja matriz" fincada na avenida principal, ruas laterais sinalizadas, "habitações" luxuosas, "bairros populares" e "albergues" para indigentes desenham o painel da necrópole"8. Enxergar o cemitério, com semelhanças para com a cidade dos vivos, já é um importante passo para desconstruir a imagem mórbida que se tem desses locais. Medo, morbidez, lugubridade ou até mesmo um lugar que se “vai uma vez na vida e outra na morte”, são características atribuídas pelo imaginário popular9. Talvez essa visão negativa, possa atrair o espírito de abandono destinado às necrópoles, principalmente brasileiras visto que, em muitos países, as mesmas são tratadas com um foco até mesmo turístico, como é o caso do Perè Lachaise, Highgate e Recoleta, localizados em Paris, Londres e Buenos Aires, respectivamente10. Todos podem realizar expedições ao cemitério, no entanto, foram necessários alguns cuidados iniciais: os educadores realizaram uma aula teórica de apresentação, alguns dias antes da expedição, para sondar as condições de maturidade emocional de seus alunos que, no caso, eram das 1º, 2º e 3º séries do Ensino Técnico Integrado ao Médio (ETIM11). Foi importante a mediação dos professores na identificação de alunos que passaram, por exemplo, por traumas ou situações difíceis relacionadas à morte12. Coube promover um processo de reflexão e avaliação sobre o quão preparadas estavam para a expedição do sepulcrário. O cemitério é localizado na Avenida Saudade, 1775, no bairro Campos Elíseos, cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. As visitas aconteceram pela manhã do dia 12 de maio de 2018, pelo fato de a exposição ao sol ser mais branda. O horário de funcionamento para visitantes é das 7h às 18h. O espaço, organizado em um total de 32 quadras, divide-se por avenidas e ruas sinalizadas com placas, o que facilitou a identificação dos jazigos. Foi desenvolvido, com antecedência, um roteiro à expedição, que foi seguido com poucas modificações. Logicamente, não se pretendeu deixar a atividade engessada. Considerações importantes foram realizadas pelos alunos, até mesmo na identificação das tumbas de suas famílias, numa tentativa de processo de ensino/aprendizagem mais horizontal. O roteiro teve um cunho político e

6 SILVA, A. C. B. da. Imigração e Urbanização: O Núcleo Colonial Antônio Prado em Ribeirão Preto. 2003. 208 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de História, Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), 2003.

7 Ibid.

8 ABDALA, Amir. Da dramatização ao silêncio social: as dimensões culturais da morte em Ribeirão Preto. 2000. 163 f. Tese (Doutorado) - Curso de História Social, Puc, São Paulo, 2000.

9 OSMAN, Samira Adel; RIBEIRO, Olívia Cristina Ferreira. Arte, história, turismo e lazer nos cemitérios da cidade de São Paulo. Licere, Belo Horizonte, v. 10, n. 1, p.1-15, abr. 2007.

10 Ibid.

11 Escola Técnica Estadual José Martiniano da Silva - localizada em Ribeirão Preto.

12 PAIVA, L. E. A arte de falar da morte para crianças. 2011.

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histórico, voltado para os jazigos das grandes personalidades ribeirão-pretanas, como os ex-prefeitos: Camilo de Mattos, Alfredo Condeixa Filho e Fábio Barreto; cafeicultores: Honório Alves Ferreira e Cel Quito Junqueira; e instituições: o mausoléu da Loja Maçônica Estrela D’Oeste. Também apresentou-se um cunho religioso, levando os educandos ao famoso túmulo do Menino Zezinho, tido como um garoto milagreiro, uma espécie de divindade não canonizada, mas aclamada e reconhecida pela população por seus milagres13. Também foram apresentados os túmulos coletivos que chama-se de Túmulo das Almas, onde manifestam-se as religiões de descendência africana e muitas vezes sincréticas ao catolicismo. Além disso, houve uma preocupação maior em também mostrar os sujeitos silenciados da História para que, com isso, os educandos se vissem também como sujeitos históricos, afinal, a disciplina não se resume apenas no estudo dos grandes homens. As gavetas ossuárias, túmulos mais simples das periferias, foram também visitados na expedição e, com isso, grandes surpresas foram descobertas sobretudo pelo fato de haver uma tumba com uma estátua, em honras a um cão, que foi fiel em vida ao seu dono. Isso demonstra um processo de criatividade e afetividade por parte dos cidadãos menos assistidos, que enriqueceram o ensino/aprendizagem. É inegável que o foco tenha sido na disciplina histórica, no entanto, outras características da necrópole foram identificadas por parte de outras disciplinas. A biologia foi observada através do meio ambiente presente no espaço: gatos, pássaros e macacos saguis puderam ser observados, inclusive no seu processo de alimentação realizado pelos frequentadores do local. Além da fauna, a flora do Cemitério da Saudade é rica em diversas espécies de plantas, flores e árvores. A gramática também foi ressaltada a partir das inscrições nas lápides dos falecidos, ou “fallecidos”, como pode-se observar no tipo de escrita da língua portuguesa entre o final do século XIX e início do XX. Várias lápides também possuem inscrições em outros idiomas. Italiano, latim, japonês e, até mesmo, árabe. O latim é identificado nas inscrições religiosas. Outra língua é proveniente de uma cultura de imigração forte do município ribeirão-pretano a partir do século XIX, em sua maioria, dos italianos. As reflexões acerca dos processos históricos, da desigualdade social, da segregação ante o processo centro-periferia e dos costumes funerários, ficaram a cargo da História, Geografia, Filosofia e Sociologia, as chamadas ciências humanas, que promovem o entendimento e os caminhos da compreensão das estruturas e conjunturas da humanidade. As mudanças e as permanências, seus usos e seus abusos, também são muito importantes para o ensino de História. Finalmente, o elemento que talvez seja mais visível, no caso da necrópole, também foi trabalhado. Como se sabe, o Cemitério da Saudade de Ribeirão Preto possui um grande valor artístico e arquitetônico, principalmente por causa de seus jazigos e seus adornos construídos em mármore, com a ajuda e o talento dos famosos marmoristas italianos, que se instalaram no município a partir do final do século XIX14.

13 SILVA, Emerson Leandro Silvério Ferreira da. Patrimônio, Santidade e Devoção. 2016. 49 f. TCC (Graduação) - Curso de Licenciatura em História, Centro Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto, 2016.

14 BORGES, Maria Elízia. Arte Funerária no Brasil (1890-1930): O Ofício de Marmoristas Italianos em Ribeirão Preto. São Paulo: C/ Arte, 2002.95

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15 Ibid.

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IMAGEM 02

Como exemplo desse trabalho de grande valor artístico-arquitetônico, destaca-se o túmulo de Honório Alves Ferreira (ver imagem 02), pai de Iria Alves Ferreira, a Rainha do Café. A família foi grande produtora de café entre os séculos XIX e XX nos territórios atuais de Ribeirão Preto e Bonfim Paulista, interior de São Paulo. A tumba em si já carrega uma esplendorosa imponência, sendo uma das maiores da necrópole. Posicionam-se em quatro locais ao seu redor, imagens de anjos alados de estatuária greco-romana. Na fronte, há a imagem da Alegoria da Desolação, inspirada na imagem católica de Maria Madalena abraçando a cruz. Além disso, contornam o túmulo as imagens de santos, como: São Pedro, Santo Antônio, Sagrado Coração de Jesus e Sagrado Coração de Maria. Há também uma imagem de Cristo criança em um nicho esculpido na pedra15. Os educandos participaram da aula no cemitério ativamente: fotografaram, com os aparelhos celulares, as tumbas e descreveram as atividades em seu caderno de campo, o companheiro fiel, tanto para eles quanto para os educadores. Cada um tinha o seu. (ver foto 03). Alguns até personalizados, com desenhos e croquis feitos pelos mesmos. As fotografias foram divulgadas entre todos nos grupos de mídia e pretende-se realizar uma exposição da trajetória das aulas nos espaços não formais Afinal, além do Cemitério da Saudade, mais espaços não formais de educação foram visitados: a Praça XV de Novembro, a Casa da Memória Italiana, o Complexo Morro do São Bento, entre outros patrimônios culturais de Ribeirão Preto.

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A exposição será realizada no Centro Paula Souza e será aberta aos outros alunos da instituição, para os responsáveis pelos mesmos, seus amigos, e todos que tiverem interesse em prestigiar o trabalho, que foi desenvolvido de maneira mais horizontal possível, possibilitando a todos opinar, refletir e construir tudo com trabalho em grupo. A exposição será organizada e planejada pelos próprios educandos como produto final do projeto. Ao final da expedição, realizou-se uma roda de conversa entre todos para que fossem ressaltadas as impressões, reflexões e conclusões que os educandos tiveram acerca do espaço e das atividades. As discussões renderam a exposição de mudanças de ponto de vista, ou seja, os alunos mudaram de ideia e compreenderam a necrópole, mais libertos de preconceito. Logicamente, estigmas são difíceis de se quebrar. No entanto, acreditamos que se deu um importante passo para que, no caminho da desconstrução reflexiva, tanto da importância do Cemitério da Saudade de Ribeirão Preto, quanto da necessidade de inovação e complemento do processo de ensino/aprendizagem através dos espaços não formais.

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Considerações Finais

Ribeirão Preto que viveu seu apogeu entre os séculos XIX e XX, mostrou-se um grande centro patrimonial dentro do estado de São Paulo. Praças, casarões e o cemitério da Saudade são exemplos disso. Um dos objetivos foi propor aos jovens um entendimento mais aprofundado sobre a cidade que vivem, fazendo com que o prestígio, admiração e pertencimento fossem sentimentos presentes quando se fala sobre Ribeirão Preto. O município sofre, nos dias de hoje, com a desvalorização do seu passado, de todos os museus que temos, apenas um está em funcionamento e os demais correm riscos de desabamento diariamente. Além disso são poucos os conteúdos desenvolvidos da temática que pode ser aplicado para atividades nesses espaços informais, essa foi uma das grandes limitações da investigação nas metodologias. Para tanto, o projeto desenvolvido vem em ótimo momento para valorizar o que vem sendo desvalorizado e, aproximar os jovens da História regional: a glória da capital nacional do café nos séculos XIX e XX e suas heranças.

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Nosso maior objetivo foi levar os discentes ao cemitério com a predisposição de libertar-se de preconceitos e/ou estereótipos, para aprender o quanto as necrópoles podem ser espaços de visitação afetiva, de admiração artística, arquitetônica e ambiental, de meditação e tranquilidade, de religiosidade, da pluralidade cultural e para fins acadêmicos. O Cemitério, sendo um ambiente cultural que proporciona diversas experiências, vai de encontro com a identidade do indivíduo que teve a oportunidade de participar do projeto. Também se percebe a diversidade e a diferenciação cultural de cada estudante. O cemitério se tornou um espaço riquíssimo quando tratamos cultura e modo de vida, seja nos aspectos religioso, econômico ou social.

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