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OSNIR GONÇALVES - CURSO PARA OBREIROS

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Por Osnir Gonçalves Ferreira1

1Ministro, Palestrante (sobre diversos temas: Jovens, Adultos, Musica, Apologética, Heresiologia), Orador Evangélico e Pesquisador de Religiões. Foi professor no Seminário Teológico Elohim (Assembléia de Deus – Belém- setor 44) onde ministrou aulas de História da Igreja, Bibliologia e ApologéticaProfessor de Música e Violão desde 1994 estudou na Universidade Livre de Música “Tom Jobim”, na Escola Municipal de Música (Vergueiro). Atualmente cursa o 4o ano de Bacharelado em Violão no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Telefones: 4489 0575 / 6537 4114E-mail: [email protected] MSN: [email protected]

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Felicitações e Agradecimentos da CCNA aos seus ObreirosAntes de iniciar o curso quero colocar bem aqui, bem visível os agradecimentos da liderança de Obreiros aos amados Obreiros da Comunidade Cristã "Nova Aliança". Agradecemos de verdade a todos os irmãos que estão firmes no trabalho de Cristo e não se esmorecem mesmo convivendo conosco e sabendo de nossos defeitos. Fico muito honrado pela vinda e permanência de cada um vocês Obreiros e Obreiras de Cristo, pois sem vocês nosso trabalho seria bem pequeno.Para que todos saibam, temos Obreiros tão valorosos que uns nos procuram para oferecer cestas de alimentos, outros oferecem seu carro para transportar isto ou aquilo ou buscar pessoas para nossos cultos, mesmo em bairros distantes desta e de outras cidades e ainda outros se fazem de choferes. Outros ficam até tarde da noite limpando zelosamente o templo da CCNA, outros oferecem ventiladores para a igreja, patrocinam o nosso jornal Folha Nova Aliança, outros colaboram com textos para a publicação, digitam textos do nosso jornal, correm atrás de gráficas para impressão do jornal, criam belas campanhas, mantêm o blog da igreja ou a radio na internet, outros assumem os serviços de higienização dos sanitários, outros arrumam bebedouros, compram microfones novos, cabos e cordas para instrumentos, outros se dispõem a ficar de Guarda Organizador em eventos que realizamos, outros vão até o Poder Público e conseguem bandeiras oficiais para os eventos, outros ficam até de madrugada fazendo tortas deliciosas, sorvetes saborosos ou bolos e café para cultos especiais.Ou posso dizer do dia da Santa Ceia, que além do rito Memorial que é e fazemos por Ordenança de Cristo é um dia de Confraternização entre os irmãos na CCNA. Neste dia tomamos Café juntos, em mesa farta dos alimentos que os irmãos trazem. Outros Obreiros confeccionam (às vezes sem recursos) roupas para as coreografias que se encenam com real prazer aqui na CCNA.E sei convictamente que todos esses irmãos são fundamentais para o Projeto que é a CCNA. Sem obreiros desse tipo a reputação de nossa igreja não seria tão boa como é.Muitas vezes ouvimos pessoas dizendo palavras elogiosas sobre a CCNA, inclusive citando o trabalho de nossos Obreiros durante os cultos, mas aquele é apenas um detalhe do trabalho desses valorosos Obreiros da Comunidade Cristã "Nova Aliança". E nossa felicidade é grande enquanto escrevemos isto porque vemos como pessoas dedicadas fazem a diferença em uma igreja. A existência desse curso indica que algumas coisas precisam ser aprendidas, mas nos referimos acima à atitude que todos os nossos Obreiros já têm a coragem com que se deslocam até Taipas para orar em favor da Igreja e das Pessoas.Tais Obreiros estão destinados a crescerem espiritual e pessoalmente.A única lamentação que faço aqui é que, nós da Liderança da Comunidade Cristã "Nova Aliança" não somos perfeitos o bastante para agradarmos sempre. Gostaríamos de não cometer erros com ninguém, mas repito para que nossos Obreiros não se esqueçam (e eles não se esquecem, graças a Deus!), que não somos perfeitos, e agradecemos a Deus por vocês todos Obreiros da Comunidade Cristã "Nova Aliança" nos tolerarem e continuarem firmes neste projeto, nesta Visão. Obrigado, Obreiros! Obrigado, Obreiras!Pastor Euripes, Irmã Mara, Irmão Ozaías, Irmão Osnir

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Introdução 2

ste é o segundo de uma série de Cursos oferecidos pela Comunidade Cristã Nova Aliança aos seus membros (do novo convertido ao líder, da criança ao adulto). O primeiro foi o “Curso para Evangelização de Crianças”, e foi ministrado pela Irmã Néia (da Igreja

Quadrangular, Francisco Morato). EA proposta base desses cursos é o de preparar obreiros para os diversos tipos de trabalho da Causa de Cristo, nosso amado Senhor. Cada curso visa cobrir áreas e épocas diferentes dos ministérios cristãos. Fiquem atentos em breve teremos um Curso Básico de Teologia aqui na CCNA.

É bem verdade que visamos os membros da Comunidade Cristã Nova Aliança, mas os cursos estarão abertos a todos os irmãos e interessados de outros Ministérios.

Aproveitamos para agradecer fervorosamente a presença valiosa de cada irmão e irmã de outro Ministério. Quem busca o conhecimento de Deus é recompensado por Ele certamente. Obrigado! Ficamos igualmente honrados e felizes pela presença do irmão e irmã que está momentaneamente sem Ministério e mesmo assim, com visão de futuro se dispôs a estudar e connhecer sobre Deus e sobre assuntos relativos ao trabalho de Obreiro que o Senhor nos incumbiu de fazer!

O objetivo real (repetimos) é preparar pessoas para que se tornem “Obreiros aprovados”, “que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”, este santo ideal exposto por Paulo ao jovem Timóteo (II Tm 2.15) e que perseguiremos para a Glória de Cristo. Lutaremos para que nossos Obreiros não sejam ignorantes na Palavra e na Ideologia Cristã, para que especialmente evitem o mal e ensinem que se “evite contendas de palavras que nada aproveitam, exceto para a subversão dos ouvintes”. (II Tm 2.14). Ou seja, prepararemos Obreiros que valorizem a palavra de Deus e sejam evangelizadores eficientes!Incentivamos ainda aqueles que quiserem cursar um Seminário e até mesmo uma Universidade de Teologia, pois entendemos com convicção que o curso teológico em todos os níveis contribui sobremaneira para o ministério de um Obreiro, principalmente se este tiver compreendido desde o inicio de sua fé que o mundo do espírito recebe boa influência do mundo do intelecto – pois fé e razão não são opostas, são complementares - mas as necessidades deste espírito humano só podem ser plenamente atendidas se o teólogo estiver controlado pelo Espírito Santo que é na verdade quem convence o Homem do pecado.Incentivamos e buscaremos os interessados, que se sentem chamados para o ministério como pedras preciosas, pois eles, disse Jesus, são poucos (Mt 9.37).Neste Curso, a palavra “Obreiro” não designa este ou aquele título institucional. Obreiro aqui é o trabalhador da obra seja ele diácono, presbítero, porteiro, evangelista ou pastor.

2 Palavra aos irmãos participantes do curso vindos de outros Ministérios: Antes de tudo quero pedir encarecidamente aos amados irmãos de outros Ministérios que sejam prudentes ao aplicar nossas discussões às rotinas de sua igreja. E como poderiam aplicar os conceitos aqui expostos? Simples: Submetendo-os à autoridade de seu pastor, ao estilo da igreja, a proposta da igreja, a visão da igreja, as concepções teológicas e litúrgicas da igreja. Caso o amado seja o Pastor principal, desconsidere a observação e aja como lhe convier aceitando ou rejeitando livremente nossas conclusões.

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O OBREIRO E A OBRA DE DEUS:

comecemos nosso curso com uma definição da palavra Obreiro.Obreiro é uma palavra que vem de OBRA. No Dicionário Aurélio obreiro é o “operário”. Interessante que mestre Aurélio ao explicar o que é “operário” dá como exemplo as formigas, as abelhas e os cupins. Se obra é o efeito de uma ação, poderíamos resumir tudo isto num esquema assim: O Obreiro é aquele que, por meio de uma ação efetiva, dentro de um projeto bem organizado promove um trabalho (obra) que, no caso da Igreja, visa no final o crescimento e o fortalecimento da Obra de Deus.O trabalho do Obreiro é semelhante ao da formiga: parece pouco, mas colabora para uma obra maior que é a Causa Universal de Cristo Jesus, na qual estão empenhados milhões de outros irmãos. Obreiro é, pois todo trabalhador ativo da Igreja (e na verdade todos deveriam ser). O Obreiro cristão é aquela pessoa otimista que, se cai, levanta-se de logo, não se mantém na tristeza, não vive alimentando angustias. O Obreiro cristão é sonhador e aposta no futuro. Se o Pastor Martin Luther King, nos difíceis anos 50 e 60 nos EUA, não tivesse apostado, sonhado mesmo com o futuro, muito certamente que Barack Obama, um negro, jamais fosse o presidente mais poderoso da terra! Uma frase de seu famoso sermão “Eu Sonho” mostram e nos servem de exemplo e motivação:

“Sonho também, nesta manhã, que, um dia, cada negro deste país, cada homem de cor do mundo inteiro serão julgados pelo seu valor pessoal e não pela cor da sua pele, e que os homens respeitarão a dignidade da pessoa humana” (1991, 60)

King recebeu o Premio Nobel da Paz em 1964. Como bom obreiro de Deus sabia que a luta era terrível e que não poderia mudar o mundo, mas poderia fazer muita coisa para que o mundo de seu sonho ousado pudesse tornar-se realidade. Sabia inclusive que poderia morrer. De fato e infelizmente “no dia 4 de abril de 1968, em Menphis, Martin Luther King foi morto por uma bala disparada de um fuzil Remington” (1991, 22). Foi Obreiro fiel!

O Obreiro atenta-se para o próximo! Ser Obreiro “é compartilhar com as pessoas os seus problemas, as suas ansiedades, a sua maneira de crer. É viver o dia a dia com as pessoas, procurando entende-las e ajuda-las. É aprender que cada caso é um caso diferente e que receitas pré-moldadas pela psicologia, psiquiatria ou psicoquaisquer que existem por aí, não resolvem problemas” (A Libertação da Teologia, Bispo Macedo, sem data, p.74).O Obreiro verdadeiro atenta-se para o próximo de outras formas:Não faz acepção de pessoas (Tg 2.1,9);Não aceita acusações contra ninguém, muito especialmente contra os amigos Obreiros de ministério, pessoas da Igreja ou contra a liderança da igreja. Não faz distinção se a pessoa é rica, culta, pobre, analfabeta e a essas duas oposições Tiago resume: o Obreiro fiel não vive a fazer distinções, não se interessa se a pessoa traz anel em seu dedo! Tg 2.2-4.O Obreiro de Deus entende ainda que “escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé” (Tg 2.6).O Obreiro ama o próximo (Tg 2.8) tendo dele misericórdia (v.13) e, como disse Bispo Macedo, compartilha com o próximo, inclusive sua maneira de crer, mesmo que permaneça fiel a sua forma pessoal de crer. Ganha escutando! Não impõe, propõe!

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Oferece-lhe alimento físico (seja comida, roupa, calçado), não o dispensa com um “vai em paz”, mas oferece-lhe outras “coisas necessárias ao corpo”, etc.A obra nasce da Fé As obras desse tipo de Obreiro nascem, portanto, da fé em Deus.Quem ama a Deus ama o próximo e por isso o ajuda. Quem ama a Deus CRÊ nele, ou seja, tem FÉ nele. Quem tem fé em Deus produz boas obras não para ser salvo, mas porque já é salvo! Entendemos assim que a obra procede da fé. O Pastor Betinho CREU na salvação do Senhor! Por isso agiu como Obreiro: voltou-se a ajudar os viciados! Seu trabalho, sua obra PROCEDE da sua fé em Deus.Se a pessoa declara amar e crer, ter fé em Deus, mas não ajuda o seu próximo, este tipo de fé em Deus, garante-nos Tiago, não salvará esta pessoa! (Tg 2.14-26).O Obreiro cristão entende assim que “aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” (Tg.4.17). Sabe que deve fugir do erro e não fazer o mal! Sabendo e podendo fazer o bem deve faze-lo!Tiago traça um caminho interessante: um Obreiro só se sente feliz fazendo a obra de Deus quando é primeiro ouvinte da Palavra, depois cumpridor, não se esquecendo do que aprende.Muitos procuram a felicidade tentando destruir o próximo (e na Igreja há infelizmente esse tipo de gente), seja invejando, caluniando, “cantando vitória”.Há obreiros tão perversos e desumanos que não se satisfazem se não mostrarem seu desagrado com o irmão na frente de todos, levando assuntos que devem ser tratados em uma reunião para outro tipo de reunião. É o tipo “obreiro bang-bang”, se ele não gosta do que você diz ou faz ele imediatamente saca sua arma e atira uma, duas, três vezes. A pessoa que ele ataca se sente um lixo, a escoria, a pior pessoa do mundo. Esse obreiro aprendeu a resolver as coisas no grito, diz que tem amor, mas simula tê-lo. Algo importante que um obreiro deve aprender é que grito não é sinônimo de autoridade. Outros pensam que “falando na cara” serão verdadeiros. Querem descarregar sobre o próximo todas as suas mazelas, ressentimentos e rancores com a desculpa de que “são verdadeiros”.

Certa vez uma moça foi atacada por um obreiro desse tipo na frente de todos. Tive de apagar os fogos do tiroteio dele: de um lado um, que se sentido apoiado pelo tal obreiro vangloriava-se de estar “certo” na causa que defendia. Do outro uma testemunha do tiroteio que disse “sinceramente quase perdi a paciência, não se pode fazer aquilo com um ser humano na frente de todos, isto até desanima a gente” e um terceiro, a vitima me falou: “Puxa, é preciso saber falar com pessoas na igreja, fui injustiçado, acusado sem ser ouvido na presença de todos, recebendo dedo em riste, fiquei lá embaixo”, e apontava o chão enquanto sua cabeça pendia para baixo, tão desmotivada essa pessoa estava! Oh! Senhor, ajude-nos a amar verdadeiramente!!!Mas a Escritura ensina aqui que é feliz (bem-aventurado) quem é “fazedor da obra” (Tg 1.25) e fazer a obra é tratar o próximo com amor, zelo, preocupação, apesar de que o obreiro não consegue dar grande atenção a todos, devido à exigüidade do tempo e às carências e fragilidades que os próprios obreiros têm (pois você bem sabe amado leitor, que os Obreiros são humanos!).Vi dois meninos assumirem funções de porteiros na Comunidade Cristã "Nova Aliança" num culto à noite. Foram operários! Foram Obreiros ativos! Notaram a necessidade e agiram, fizeram sua parte na obra de Deus. Antes que eu os elogiasse do púlpito da Comunidade Cristã "Nova Aliança" já era visível a felicidade deles por estarem a serviço como obreiros voluntários.

Notei a felicidade dos meninos e dos irmãos visitadores (da Missão Kairós). A obra de todos esses nasceu da fé que têm no Deus que adoramos!

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Fé aperfeiçoadaAssim como a obra procede da fé, igualmente a obra feita com fé aperfeiçoa a fé, ou seja, tu, caro leitor, caro Obreiro, “bem vês que a fé cooperou com as suas obras” e por isso “pelas obras a fé foi aperfeiçoada” (Tg 2.22). Deve, portanto, haver uma cumplicidade entre a fé e as obras, pois “assim como o corpo sem o espírito está morto... também a fé sem as obras é morta” (v.26). Donald Raffan foi categórico: “Quem não vive servindo não é salvo!”. E o grande filósofo René Descartes não faz nenhuma concessão: “Nada vale, quem não é útil a alguém”.Quem é Obreiro na Causa do Senhor?3 Na casa de Deus, inicialmente, não há distinção. Na verdade o “Ide” de Jesus é um imperativo para todo cristão comprometido com a Doutrina do Mestre.Nós evangélicos entendemos que, nessa Dispensação da Graça, todos somos sacerdotes (Ap.5.10) e como tais estamos incumbidos, convocados para a obra de Deus, para a Causa do Senhor. Este é o ensino da Bíblia. E bom seria que todos se dispusessem a fazer a obra de Deus com zelo.O mesmo Jesus que convida a todos para a obra, porém não é iludido. Com grande realismo ministerial nos fala que, apesar de a obra ser grande, os obreiros/ceifeiros são poucos (o que há é muito Obreiro impostor. Vejamos o VIDEO sobre a raposa. Meditemos sobre Lc 13.32). Como Jesus, oremos então para que Deus envie Obreiros para sua grande obra.Em principio, portanto, todos são Obreiros, no sentido de que devem ser representantes de Cristo na Terra. Jesus, porém, ao declarar que os Obreiros são poucos, deixou patente que os obreiros a que se referia não eram aquelas pessoas que traziam a cama dos doentes, ou traziam as informações de que trabalhos de cura, ensino, libertação deviam ser feitos algures, mas se referia às pessoas que DE FATO, poderiam FAZER o trabalho, fazer a obra. Este ensino então é o de que: todo Obreiro pode levar alguém até Jesus, mas nem todo mundo que leva alguém até Jesus é um Obreiro do tipo que estamos a discutir. Os moços de que fala Mt 9 tinham fé em Jesus, mas não eram Obreiros do Senhor. Apenas naquele momento foram Obreiros (e não sabemos se eles se dispuseram a seguir Jesus depois deste milagre).Jesus diz que esse tipo de gente que tem disposição e preparo para fazer é que se encontra em numero pequeno. No ambiente evangélico dizemos, que o obreiro com O é aquele que “recebeu a chamada especial”. É verdade que todos são chamados (Jd 1), mas alguns tem a chamada especial.

3 Não se trata de prolixidade. Apenas quero abrir outro tópico para responder outros aspectos relativos à definição de um Obreiro. E tomo a liberdade de me arriscar e retomar assuntos numa aparente repetição devido à intenção desse texto que, como sabe meu nobre e paciente leitor, é material de apoio a um curso presencial.

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O JORNAL DA CCNA, A MISSÃO KAIRÓS E O VOLUNTARIADO

ondo em prática a Missão Kairós4 fizemos visitas valiosas a irmãos e amigos necessitados de alimento físico e/ou espiritual. Isto é ser operário! P

E ainda queremos e precisamos contar com todos os Obreiros de Cristo (da CCNA) trabalhando para Jesus no lançamento das edições da Folha Nova Aliança.Nosso jornal Folha Nova Aliança é um veículo de evangelização e também de instrução de cada membro quanto à visão da Igreja sobre os mais diferentes aspectos da vida e doutrinas cristãs bem como sobre os costumes da nossa igreja.É de suma importância que todos os Obreiros da Comunidade Cristã Nova Aliança leiam a Folha Nova Aliança e comentem entre si e conosco as matérias que veiculamos.Também é de grande valor que o Obreiro faça a leitura atenta e assim se torne cada vez mais apto a fazer criticas construtivas sobre o que na Folha Nova Aliança bem como ficaremos muito gratos de receber dicas opiniões e comentários de nossos Obreiros para fazermos um jornal cada dia melhor. Esperamos no Senhor que a Folha Nova Aliança cresça e que o Obreiro coloque suas habilidades (digitador, sugerindo temas para matérias e reportagens), conhecimento e experiências a serviço do jornal inclusive como colaborador. Já temos inclusive recebido contribuições de alguns Obreiros. Cremos que após algumas orientações seus textos poderão ser publicados. Insistimos que cada Obreiro da Comunidade Cristã "Nova Aliança" deve se interessar por ler todas as matérias do nosso jornal para poder entender a visão da liderança e para saber o que indicar de leitura na FOLHA NOVA ALIANÇA em nossas visitas.A Missão Kairós é um projeto conhecido dos Obreiros da CCNA. Mas alguns ainda não tiveram a oportunidade de participar. Visitamos pessoas em qualquer lugar da cidade ou fora dela. De onde vem o termo Kayrós? É um vocábulo grego que indica tempo exato. Em grego temos dois vocábulos para TEMPO. O primeiro é cronós e o segundo é kairós.Para entendermos facilmente pensemos que o primeiro é semelhante ao relógio de ponteiros, em que dificilmente, nos exige precisão. Diferente do relógio digital, que é preciso! Kairós tem a precisão de um relógio digital.O termo aparece em Galatas 4.4 onde lemos que Jesus veio a terra na hora precisa, na “plenitude do tempo”, em nossas traduções. Assim Jesus veio Kairós, na hora certa. A missão do mestre se iniciou precisamente. Ele não poderia ter vindo nem antes nem depois da época e veio. Jesus veio, portanto, em Missão Kairós. Nós também queremos chegar na hora certa em cada lar onde Deus nos enviar.

Se cada Obreiro, entendendo os objetivos da Missão Kairós ficar atento às necessidades espirituais e materiais de amigos e parentes a Missão Kairós e a CCNA muito em breve colherão outros muitos frutos de seu objetivo principal: chegar na hora certa! Se você estiver dentro da visão da igreja você não apenas quererá participar como voluntario de Cristo, mas irá incentivar seus amigos Obreiros a virem voluntariamente conosco em visitas e evangelismos da Missão Kairós.

4 A Missão Kairós é um projeto da Comunidade Cristã "Nova Aliança" que age por meio da Visitação de pessoas física ou espiritualmente necessitadas. Os frutos desse trabalho têm sido a grande libertação e conforto que Deus tem levado a muitos lares que visitamos.

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CARACTERÍSTICAS DO OBREIRO CRISTÃO:

alaremos de algumas características gerais e pré-requisitos ao ministério de ser separado para fazer algo na casa de Deus. Sem essas características o Obreiro não pode ser eficiente. F

Há ainda outras que o leitor poderá descobrir por si mesmo ao longo do texto e das aulas.

1) Ser convertido a Jesus Cristo. A primeira exigência obvia para ser Obreiro cristão é ser convertido a Cristo. Preferencialmente antes de tudo deve ser batizado como ordena Jesus em Mt. 28.19. Até nisto teríamos a vantagem de imitar a Cristo Se um candidato a Obreiro se mostra interessado no batismo vemos que já está em sintonia com a Doutrina de Cristo e que tem disposição para obedecer ao nosso Mestre Jesus. Tendo aceitado a Jesus Cristo deve ser notado em um candidato ao ministério um apego sincero e repetido à Bíblia Sagrada. Todo Obreiro deve ser um conhecedor profundo da Bíblia Sagrada não apenas de modo devocional, que é o principal, mas deve ser apto a dar respostas diversas sobre questões de história e apologética, por exemplo, e claro sobre as razões de sua fé em Jesus Cristo.Crer em Jesus conforme as Escrituras, crer e aceitar o Senhorio de Jesus, ou seja, o Obreiro deve portar-se como servo de Cristo que veio para servir (Mc 10.45). Assim tal Obreiro mostra que se converteu a Cristo.Um Obreiro também mostra sua conversão a Cristo em sua linguagem e comportamento social. Uma pessoa que é serva de Cristo não vive entre palavrões e blasfêmias no seu dia a dia não vive invocando “Nossa Senhora”. Um servo de Cristo decide, por si só a REFORMAR SUA LINGUAGEM.E não temos nada contra Maria, a mãe de Jesus! Somos contrários a Senhora em o Catolicismo Romano transformou Maria, mãe do nosso Salvador. Que nossos Obreiros aprendam desde já nossa visão sobre esta incrível mulher que foi Maria.Respeitamos e amamos muito Maria. Mãe modelar, serva fiel de Cristo e nossa irmã em Cristo. Eva e Maria são duas das mulheres mais importantes da Bíblia. O que não aceitamos é a idolatria que o catolicismo criou em torno dessa mulher incrível. Amor e respeito por Maria, sim. Idolatria, porém, não aceitamos: pecado é!

2) Estar convencido de sua fé, amar a sabedoria e o conhecimento.Além de convertido o Obreiro cristão deve ser convencido de que Jesus é o Senhor com todas as conseqüências teológicas que isto acarreta. Deve ser convencido de sua fé para ser um Obreiro que ganha e fortalece almas necessitadas. Deve ser apto a esclarecer questões como Divindade de Jesus, Autoridade de Jesus, Autoridade das Escrituras, Morte Expiatória de Cristo, Ressurreição de Jesus, Volta Visível de Jesus no Arrebatamento da Igreja, Condenação e Salvação Eternas, etc.O teólogo e apologista evangélico Josh MacDowell escreveu:

“Não sei quanto a você, mas eu gosto de conviver com pessoas que têm convicções, mesmo que não concordem comigo. Alguns de meus amigos mais íntimos não concordam com algumas coisas nas quais creio. Admiro quem sabe por que crê naquilo que crê e também sabe por que não crê no que não crê” (1985, p.132).

Em nossa época é inconcebível que um Obreiro queira argumentar apenas com “você é um cabrito rebelde mesmo” diante da primeira objeção de uma pessoa. Pedro na verdade disse que o cristão, em especial o Obreiro, deve:

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a) estar preparado para responder,b) e responder com mansidão.

Aqui está subentendido outra característica de um Obreiro que é seu preparo intelectual (Bíblico, de Cultura geral) e espiritual (deve crescer na Graça), mas sobre este ponto falaremos depois. Por ora salientamos que sem a preocupação com a Graça e com o Conhecimento, como já dizia Pedro, não se pode imaginar a existência de um Obreiro digno da causa de Cristo. É bem verdade que “o Evangelho é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”, é igualmente verdadeiro que Deus quer dar aos seus obreiros “uma língua erudita”, e assim o Obreiro possa dizer: “Para que eu saiba dizer uma boa palavra ao que está cansado” (Is 50.4).Somente um Obreiro que está realmente convencido da sua fé em Jesus pode de fato dizer uma palavra ao que está cansado seja este cansado uma pessoa culta ou ignorante.

3) Gostar de lidar com gente.Uma terceira característica ou pré-requisito para ser Obreiro na casa de Deus é que a pessoa deve gostar de gente. Quem quer Senhor Obreiro deve ir com prazer, quando convidado, a casa de pessoas necessitadas mesmo tarde da noite, como tem acontecido na CCNA.E não posso de modo algum deixar de registrar aqui no texto desse curso o belíssimo trabalho cristão que muitos Obreiros CCNA tem feito. É claro que nossos Obreiros têm gosto por ajudar pessoas! É verdade que alguns não têm podido fazê-lo, mas muito me alegro em ver as vezes que pessoas nos convidam para irmos a seus lares orar, expulsar os demônios, oferecer aconselhamento espiritual e um grupo considerável de Obreiros se dispõe a ir conosco. E não vou citar o nome para na ser injusto e esquecer alguns. Irmãos Obreiros da CCNA, que Deus continue a usar a todos vocês.Gosta de gente quem gosta de conversar, gosta de ouvir, se preocupa em ser empático.Quem gosta de gente não tem a ilusão de que nunca irá encontrar pessoas com defeitos. Gostar de gente implica em saber que cedo ou tarde encontra pessoas que não sabem se relacionar conosco. Se o caro Obreiro ou Obreira tem cônjuge descrente deve gostar dele também. Parece obvio isso, mas falamos isto porque há Obreiros cristãos que são bons com todos mas não tratam bem a seu cônjuge e assim não poderão ganha-lo para Jesus.Obreiro deve ser exemplar ao Maximo que puder. O pior de tudo são os Obreiros crentes que distratam seu cônjuge e o mas terrível: saem falando mal da esposa ou do marido. Por qualquer coisa “vira a cara” para o irmão na igreja. Isto não pode se dar aqui na CCNA. Peço amado irmão irmã que AMADUREÇAM emocionalmente e na fé em Jesus aprendendo a ter amor não fingido. Amem.

4) Ser uma pessoa motivada.Sabemos que um Obreiro não é um ser de outro mundo que nunca enfrenta problemas. Porém para ser Obreiro de Cristo a pessoa deve ter uma força tal que esteja apta o mais das vezes a estimular as pessoas e não a desanimá-las, mesmo quando estimula pessoas seguindo ordens da sua liderança. Alias uma característica importante num Obreiro é a capacidade de absorver e respeitar ordens e conclusões de reuniões e determinações da igreja ou da liderança. Se o Obreiro está com problemas comunica-os ao outro Obreiro da igreja, preferencialmente ao Líder de Obreiro ou ao Pastor da igreja, mas jamais fica moribundo na hora do Culto.Aqui está uma característica difícil que o candidato a Obreiro deve ter: deve estar pronto a mais oferecer ao próximo do que receber. Pessoas carentes psicologicamente que não aprenderam a lidar com a solidão, e não suportam a frustração e a tristeza podem até ser Obreiros, mas terão de lutar muito contra si mesmo, pois

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sempre um Obreiro enfrentará mais e mais dificuldades no meio do povo carente de Deus e de apoio. Deve saber não transferir para dentro do culto as tristezas da vida, pois lá dentro esta a serviço de pessoas mais necessitadas ainda. Na igreja o Obreiro é a fortaleza do povo.

5) É fiel nos Trabalhos da Casa de Deus e fiel nos DizimosO Obreiro da casa de Deus deve ser sobretudo fiel nos contratos, negócios, no trabalho da casa de e nos dízimos.O Obreiro sabe que a igreja precisa ser mantida com os dízimos e por isso não precisa ser cobrado a dar bom exemplo. Obreiros avarentos gostam muito do discurso, principalmente de irmãos da Igreja Congregação de que não existe a pratica do dizimo no Novo Testamento e que tal pratica foi abolida por Cristo.Tal interpretação dada pelos anciãos5 dessa igreja não tem nenhum fundamento e não se sustenta diante de um Obreiro que leu o Novo Testamento.No Velho Testamento temos inúmeros textos que falam sobre isto, mas vou citar apenas o mais conhecido que é Malaquias 3.8-10.Uma analise do texto revela que o próprio Deus chama de ladrão quem não dizima. Não pode ter autoridade um Obreiro ladrão. De modo não preciso falar muito.

Mas refutando tal ensino falso apresento apenas dois textos exemplares.Em Mt 23.23 Jesus diz que os judeus deveriam fazer estas coisas (a misericórdia e a fé etc) sem omitir aquelas (o dizimo). Outro texto é o de Lc 18.10-14. Jesus era um homem serio. Jamais Ele deixaria de corrigir a pratica do dizimo se esta fosse errada. Porem na historia que Ele nos contou não uma reprimenda sequer contra o dizimo. A única coisa que Jesus censurou naquele fariseu foi o fato dele ser EXALTADO. E isto basta.

Outro aspecto importante que deve ser uma característica do Obreiro é seu cumprimento das ordens que recebe de seu líder. Aqui na CCNA temos escala de Obreiros que prestam seu valioso serviço durante os cultos. A escala meu amado irmão irmã deve ser cumprida. Um obreiro não tem autoridade para mudar de turno sem comunicar ao seu superior. Queremos abrir exceção para aquele caso do Obreiro que tem justificativa para não cumprir a escala que foi determinada ou de chegar atrasado.Recentemente eu trazia comigo uma Obreira da CCNA quando no meio do caminho encontramos uma rua interditada em virtude de um desmoronamento de terra. Tive de voltar com o carro e acabei atrasando a Obreira. Ora está Obreira tinha justificativa para seu atraso.

O OBREIRO E O CONHECIMENTO

ssa dupla Graça & Conhecimento é indispensável a um Obreiro. Vamos falar especialmente sobre o conhecimento. E

5 Quem pensa que o líder da Congregaçao chama “pastor’ está equivocado. Esses irmãos (que nos chamam de “primos”) não aceitam a função de pastor dizendo não existe tal função na igreja. Só lamento suas escolhas e cito Ef 4.11 etc.

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Após algumas discussões sobre o conhecimento, o amado leitor irá refletir sobre alguns pensamentos de varias pessoas, inclusive de não-cristãs. Depois uma discussão sobre o conceito de sabedoria. No final deste capitulo retornarei com tema principal, o conhecimento do obreiro cristão, porem com foco na opinião autorizada das Escrituras. Se os Obreiros devem ser pessoas comprometidas com a instrução e com o conhecimento é bom perguntar se toda a forma de conhecimento é valida. Em principio a resposta é sim. Porem, olhando o assunto bem de perto devemos tomar cuidado com o sim que acabamos de aceitar.Isto porque há muitos conhecimentos que não acrescentam muita coisa para nós Obreiros de Cristo. São conhecimentos que estimulam anemias intelectuais e espirituais.

Veja esta observação do grande intelectual brasileiro Joaquim Nabuco:“Certas anemias intelectuais provêm da pobreza do alimento a que nos habituamos”.

Aprendemos que não podemos nos acostumar com leituras infrutíferas seja da bíblia ou de obras seculares.

Já este pensamento do mesmo autor é semelhante ao de Paulo aos tessalonicenses 5.21. Compare-os:

“Lede um pouco de tudo, assim como freqüentai gente de toda espécie, mas na vossa vida intima não deixeis penetrar senão o escritor seguro” (Nabuco).

Advertimos aos nossos Obreiros que tomem cuidado ao indicar positivamente obras literárias sem uma apurada analise de conteúdo. Não se esqueça que muitas obras possuem idéias que são dissonantes com a visão ministerial da CCNA (ou da igreja que o amado participante freqüenta) quando não são obras heréticas ou com ensinos heréticos. Leiam! Não proibimos nenhum tipo de leitura. Mas fique co o que for bom, honesto, verdadeiro (Fp 4.8). Pois bem, quanto ao Conhecimento per se, gosto de pensar que há disponível para o Obreiro pelo menos três tipos de conhecimento: o geral, a sabedoria de Deus espalhada entre todos os povos e o mais valioso de todos: o conhecimento bíblico.

Quanto ao conhecimento geral sabemos que há muitos meios de obtê-lo, especialmente em nossa época digitalizada. Mesmo quem não tem um computador em casa pode acessar trilhões de paginas de informações em lan houses, por exemplo. Assistindo programas de TV com sabedoria e sem excesso pode o Obreiro se manter informado sobre diversas coisas. Porem isto é pouco e a qualidade das informações de TV deve ser cuidadosamente filtrada. Ainda assim pode ajudar o Obreiro em seu trabalho de relacionamento com pessoas.O Obreiro não fica sempre “boiando” nas conversas com outros Obreiros, amigos, parentes ou diante daqueles que o tal Obreiro ajuda espiritualmente. De modo que hoje não é informado quem está acomodado.Alguém poderia objetar que o conhecimento de que fala Pedro é “conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”. E quem observa assim diz a verdade, pois o contexto do verso aponta exatamente para isto, e não nego. Porém o amado leitor poderia me acompanhar no seguinte raciocínio, se desejar.

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Nós, especialmente os evangélicos, gostamos muito de falar sobre “a revelação da Palavra”. E é bem verdade que Deus revela sua Palavra constantemente em toda a face da terra. Eu mesmo já tive o privilegio de notar como Deus pode revelar algo em sua Palavra enquanto meditamos nela e o próprio leitor já deve ter tido o mesmo privilegio e prazer de “descobrir”, digo, receber a revelação de fatos de um já conhecido texto da Bíblia. Tenho mesmo ouvido muitos irmãos dizerem: “Tinha lido aquele texto muitas vezes e nunca vira o que Deus me revelou hoje”. Outras vezes após ter meditado sobre um texto bíblico para pregar aconteceu que Deus me ordenou que falasse de outro texto e neste me revelou coisas grandiosas. Se Deus agiu e age assim comigo e com o nobre leitor é muito certo que agiu assim revelando sua profundíssima Palavra a outros daqui ou de outro lugar da terra, seja na Ásia, África ou América.Falamos de Deus se revelando no espaço terrestre. Porém há outro elemento a considerar: o tempo. Já temos certo que Deus falou na Ásia e na África e na Europa, mas desde quando? Na verdade Deus tem se revelado em todo lugar e desde sempre. Vejamos um exemplo. Será que saberíamos os resultados das meditações, das revelações que Deus deu a Justino, o Mártir, Tertuliano, Lutero, Calvino, Strong, Finney, Spurgeon, M. Pearlman, Severino Pedro, Claudionor Andrade, John Stot e muitos outros se eles não nos transmitissem PELA ESCRITA? Será que a revelação de Deus perde sua força e sua eficácia se for comentada e escrita por aqueles que a recebem? Deus não disse que “a minha palavra FALADA não volta vazia”, mas disse simplesmente: “Minha palavra não volta vazia”(paráfrase). Na verdade caro irmão e cara irmã precisamos nos libertar de um ranço terrível que movia boa parte da comunidade evangélica a um CULTO A IGNORANCIA onde Obreiros com graça e conhecimento eram notados e criticados pelo conhecimento que possuíam. Alguns desses falsos cristãos, acomodados com pregações onde há barulho e gritaria, mas não tem conteúdo ao ver um Obreiro pregar com conteúdo, mas fora dos padrões tradicionais dos pregadores acusam-no de ser frio e a amada igreja a qual pertence o pregador: “lá não tem palavra!”. O incrível de tudo é que os tais acusadores não são firmes, vivem caindo no pecado. Isto porque antes de cair já tinha praguejado contra o ministério alheio, não entendendo a vocação do outro primeiramente porque sua maldade nunca fora retirada e sua conversão não era genuína. Segundo porque aprendeu que o grito é a prova da Unção! Não suportam ver a contradição humana ou não sabem separar o bem do mal nas obras alheias e por isso fogem delas.

Pedimos aos Obreiros da Comunidade Cristã "Nova Aliança" que não sigam as pisadas desses tais faladores vãos e hipócritas. Garantimos a você que este caminho é perigoso.

Mas o meio preferido de Deus para dar esta “língua erudita” a seus Obreiros é despertar-lhe “o ouvido para que ouça como aqueles que aprendem” (Is 50.4). Salomão escreveu para quem busca a sabedoria a seguinte orientação: quer sabedoria? Ela está no meio dos homens e mulheres que não têm medo ou vergonha de pedir opiniões! Salomão sabia que o Obreiro que vive isolado, que gosta de viver acompanhado apenas de si mesmo está enlameado de soberba, autolatria e por isso vive cercado e a provocar contendas (Pv 13.10; 11.14). Não posso deixar de citar textualmente este impressionante verso:

“Busca satisfazer seu próprio desejo aquele que se isola; ele se insurge contra a sabedoria” (Pv.18.1).

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Detenhamo-nos um pouco neste verso. Proponho a teoria de que os Provérbios podem ser classificados como: de ordem dada, de pedido, de denuncia, de profecia, de constatação (observação), didático ou ainda pode ser uma promessa de bem ou de mal.Às vezes um Provérbio pode ser classificado simultaneamente de um e outro modo, como aqueles que denunciam um pecado e fazem uma promessa de mal para o transgressor endurecido e de bem para o arrependido. Se esta teoria que exponho tiver algo a nos ensinar uso-a para considerar Provérbios 18.1 como um provérbio de constatação (observação).Um provérbio de constatação não é de acusação. Na verdade quando Salomão ou outro proverbiador diz tal coisa faz apenas uma afirmação baseada na simples observação, ou seja, faz uma mera constatação. De fato, o leitor há de concordar que muitas vezes uma pessoa que gosta de viver isolado quer na verdade satisfazer desejos pessoais diversos tais como: fugir de assumir responsabilidades, evitar criticas sobre seu trabalho (Pv 19.20) ou evitar o enfrentamento com seu superior etc. Um Obreiro que se isola (e com freqüência além do permitido no Estatuto de sua Igreja, não comparece à Reunião de Ministério) pode estar sofrendo de isoladite!Veja a coerência de Salomão: a solidão auto-imposta é um levante contra a sabedoria porque é apenas com as pessoas que se enfrentam, se aconselham, que gostam de viver em companhia dos irmãos e amigos de ministério se acha a verdadeira sabedoria. (Pv 13.10). A soberba é então inimiga da sabedoria porque induz ao isolamento. E o ser humano não foi criado para viver só. Desde o Éden Deus vira que “não é bom que o homem viva só”. O ser humano é um ser social. Não pode viver só sem que isto de imediato não seja visto como algum tipo de patologia.Por extensão viver isolado é deixar de buscar a sabedoria. Isto porque muito do que podemos qualificar de atitude sábia (ou ensinos sábio) “está na cabeça dos outros”, como digo com freqüência a meus alunos de música e somente freqüentando a companhia dos sábios é que vemos atos sábios e ouvimos palavras sábias dignos de serem imitados e repetidos (Pv 18.15).

Gosto muito de Pv 13.20:

“O que anda com os sábios ficará sábio, mas o companheiro dos tolos será destruído”.

Veja o leitor que maravilha! Salomão nos ensina que a sabedoria pode ser conseguida também na companhia dos sábios. Talvez o amado leitor se pergunte se de fato há tantos sábios assim na terra. Peguei-me também fazendo esta pergunta e Deus me ensinou algo profundo e humano. Eu pensava que não havia tantos sábios até que li este verso com atenção. Quando pensava que não havia tantos sábios assim eu fazia a Palavra de Deus mentirosa, pois o espírito desse verso aponta para a existência de um numero considerável de sábios.Na verdade acabei descobrindo que meu CONCEITO DE SÁBIO É QUE ESTAVA ERRADO. Eu confundia Cultura geral e Inteligência com sabedoria.

Então aprendi um novo conceito de sábio que não somente agradou ao Deus de amor que não faz acepção de pessoas, mas que me permitiu absorver pérola de sabedoria e muitos conhecimentos ao admitir que houvesse uma sabedoria que Deus amorosamente e por Graça concedera concede, e concederá ainda a todos os povos.

O CONCEITO DE SÁBIO:Assim vejamos o conceito de sábio que devemos ter como Obreiros de Cristo.

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Conversava sobre a Sabedoria com um colega de faculdade. Brasileiro de ascendência japonesa e jovem culto, ele observou com interesse em uma solução: “Tudo bem, Osnir, mas nós não temos tantos sábios próximos a nós para que os consultemos e nos tornemos sábios”.Disse-lhe que isto é aparentemente verdadeiro por dois motivos: primeiro depende do conceito que se tem de um Sábio, depois, devemos observar que há sim muitos sábios no mundo e que nos são acessíveis por suas obras escritas de modo que um meio de buscar a companhia dos sábios é pela leitura de suas obras, por exemplo.Não reconhecer este fato além de implicar em sintoma de isoladite indica falta de humildade, pois que não admite que alguém possa escrever obras de sabedoria. Fiz meu colega notar que seu conceito era errôneo, pois definia como Sábio apenas uma pessoa de vastíssima cultura geral. Não podemos dar este tipo de definição à Sabedoria. É evidente que Sabedoria se entrelaça com a cultura, mas não obrigatoriamente. É muito comum vermos que pessoas cultas são tolas e muitas outras que não tiveram acesso a grande conhecimento formal, livresco ou acadêmico dizem ou agem de maneira sábia. Vemos, mas não notamos, ou não reconhecemos esses sábios. Devemos, porém, notar e reconhecer a Sabedoria onde e quando ela se apresentar.Uma das maiores dificuldades de se reconhecer a Sabedoria de uma pessoa simples é que quem a reconhece teme que o relacionem com “gente ignorante”. Muito em especial os jovens evitam reconhecer um homem ou mulher simples como sábios (se de fato forem!) para não serem identificados com eles e assim “pagar um mico” perto de amigos de mesma idade, em especial os do sexo oposto. Obreiros jovens devem fugir desse tipo sutil de desamor. Além disso, a maioria dos jovens não gosta de ler, muitos não terminaram os estudos e por isto terão no futuro (a menos que dêem novo rumo à sua vida!) de enfrentar a mesma rejeição dos mais jovens. Se hoje rejeitam quem estudou até a quarta série correm sérios riscos de sofreram rejeições no futuro por terem estudado até a oitava ou um ano além. Quem planta...

Em Franco da Rocha havia um homem que trabalhava como gari. O irmão Lauro foi quem me apresentou este senhor de uns 60 anos (em 2005).Lauro era recém-convertido, mas não deixou de reconhecer a sabedoria vestida de roupa laranja. “Osnir, disse-me ele, este homem é simples, mas possui uma sabedoria impressionante!” E pôs-me em contato com aquele homem. Sentia prazer vê-lo aparecer na esquina fazendo seu trabalho de limpeza, pois sabia que ouviria alguma observação sábia daquele homem, salvo por Cristo que mal sabia ler.Em contrapartida, quantas pessoas cultas detentoras de enormes poderes políticos, acadêmicos ou empresariais cometem os mais vis atos de tolice e vícios? Não há “sábios” empresários que descaradamente roubam seus empregados ou que pagam dois salários diferentes para colaboradores que exercem a mesma função? Isto não é usar dois pesos e duas medidas? Deus não abomina tais tratamentos?Será por isto que Tiago nos adverte de ceder ingenuamente diante de pessoas que são graduadas (com anel no dedo, ele diz)? Tiago ensina com propriedade que graduação universitária, vasta cultura ou poder político ou empresarial são não coisas suficientes para se fazer um sábio! Podem até embelezar a sabedoria, mas não são per se a origem dela. Triste é ver alguns pastores (ingênuos?) darem amplo espaço a gente assim em nossas igrejas. Gente que recebe alto respeito na igreja, mas que engana seus funcionários e servidores e pune-os com a desculpa, às vezes sem sentido, de que “negócios, negócios, amizades à parte”. Poderíamos escrever muitas paginas para expor e convencer o amado irmão de que há uma profunda ligação entre o ouvir e a sabedoria, mas o que expusemos acima já basta.

SÁBIOS PENSAMENTOS PARA OBREIROS SÁBIOS

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amos refletir sobre algumas frases que podem nos tornar Obreiros mais sábios para o trabalho de Cristo. Não nos esqueçamos que Deus dá sabedoria a qualquer povo sem distinção. V

Alem disso Paulo nos ensinou a examinar tudo e retemos o que fosse bom, aproveitável. Falou ainda que se alguma coisa (ou idéia) tivesse alguma verdade, justiça ou algum aspecto para ser louvado, sobre ela deveríamos pensar (I Ts 5.21; Fp.4.8). Comecemos com o sábio chinês Lao Tsé

“O sábio não tem princípios inflexíveis, adapta-se aos outros” (Lao Tsé).Citar o sábio chinês não é indicio algum de que nossa ética evangélica esteja em direção ao relativismo. Muito ao contrário cremos que apenas Jesus é o Guia. Fazemos como Paulo que se dizia devedor a “sábios e ignorantes”. Dito isto vejamos o que Lao Tsé nos ensina. É bem verdade que muitos princípios cristãos são inflexíveis, certo também que muitos outros, que não brotam das Escrituras, devem ser encarados com flexibilidade. Assim ceder neste ou naquele assunto ou questão não é fraqueza doutrinaria, mas mostra de tolerância, mostra que a pessoa que cede o faz porque quer amar o outro, quer se adaptar (Rm 14 e 15).

“Lendo um livro pela primeira vez, faz-se uma amizade; lendo-o pela segunda vez reencontra-se um velho amigo” (Chinês).Não entendo o motivo deste provérbio ser verdadeiro com relação à Bíblia Sagrada na vida de muitos cristãos. Encontram o Amigo Real nela e depois não querem reencontra-lo pela (re)leitura da Escritura. Talvez porque depois de algum tempo muitos cristãos deixam de ver em Deus um amigo e não mais querem encontrá-Lo de novo pela leitura da Palavra. Não têm mais (repito) o prazer de meditar na Lei do Senhor, como diz o Salmista (Sl 1). Se você não gosta de ler, se informar aconselho que você mude este conceito. Nossa época pede Obreiros que lêem e que se informam.

“Aprende primeiro a saber, depois aprende a pensar por tua conta” (Talmud).Esta é uma lição profunda e valiosa. Meu aluno me olhou com uma cara de espanto: disse a ele que discordava de suas escolhas musicais, mas como ele já estava apto a pensar por si mesmo estava no mesmo nível que eu e desse modo não poderia corrigi-lo porque ele escolhera aquilo conscientemente. Ele não estava errado, tinha apenas posição diferente da minha sobre aquela questão musical.O Obreiro deve aprender que se sua idéia não foi acolhida isto não significa que o corpo de Obreiros já não o ama como antes. Isto se chama democracia, voto vencido etc. Só! Aconselho ao Obreiro que fuja dos falsos Obreiros que não tendo sua posição adotada nas decisões de uma reunião, saem a falar mal do corpo de Obreiros. Laranja boa colocada ao lado de laranja ruim estraga-se. E sabemos que os feirantes nem olham muito. Apenas dizem: jogue fora está e aquela também, pois estavam juntas com a estragada...

“Calar é a melhor réplica aos que discutem com arrogância e agressividade” (Décio Valente).E veja o leitor se não é assim mesmo que devemos proceder. De modo algum ignoro que um cristão pode às vezes perder se irritar com arrogantes! Somos cristãos, mas continuamos sendo humanos. Mas isto deve ser coisa rara num cristão que quer dar bom exemplo a quem está por perto. Assim aprendamos esta lição: calar diante dos arrogantes é melhor. Quem se cala zela pela sua própria reputação e pela reputação dos cristãos.

“Falar mal dos outros é um modo velado de nos elogiarmos” (Elza Yung).

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Veja que percepção teve esta mulher. Falando mal de alguém que achamos que fez algo errado muitas vezes estamos a nos elogiar. É como se disséssemos: “olha, eu sou bom porque não faço isto!”. Não me refiro às criticas construtivas que fazemos quando necessário, mas àquele falar constante e impiedoso a que algumas pessoas gostam de se entregar.

“Quem não é bom soldado, jamais será bom sargento” (anônimo). Esse ditado possui uma sabedoria profunda. Ele fala sobre lideres e liderados.A clareza de seu ensino é de nos deixar perplexos: o soldado deve se treinar para ser persistente, corajoso, fiel, atento, sempre preparado para lutar contra os inimigos e defender seus colegas que vestem a mesma farda. Desse modo é o bom Obreiro cristão. Se veste a camisa da CCNA, ou da Igreja Assembléia, ou da Igreja Batista, Igreja Presbiteriana, Igreja Arca Sagrada, ou da Missão Apostólica Águas Vivas, Igreja Renascer, Igreja da Graça, O Celeiro, Palavra Profética etc, deve honrar este nome e não desonra-lo! Deve trabalhar por esta igreja. Deve lutar primeiro pelos ideais universais de Cristo Jesus, o Senhor dos Exércitos e depois obedecer ao seu Sargento, seu pastor. (E não pensem os pastores que com esta figura têm meu apoio para se comportarem como ditadores do rebanho de Cristo, entendam bem: isto é simplesmente uma comparação. Jesus é chamado de General, mas não é ditador ou autoritário, lembrem-se disso). O bom soldado reconhece os inimigos vestidos de amigos, respeita a hierarquia (alias esta palavra quer dizer: a autoridade é sagrada!). Somente quem mostra essas qualificações poderá ser sargento.Rui Barbosa disse que quem não aprendeu a obedecer não poderá nunca estar na posição de dar ordens.

“Se ages contra a justiça, e eu nada faço para impedi-lo, estarei pactuando com a tua injustiça” (Gandhi).Esta é obvia! Gandhi tinha toda razão em dizer isto. Se acolhemos alguém que fala injustamente sobre alguém, fazemos um pacto com o injusto e com sua injustiça. Às vezes vemos pessoas que nos defendem e mandam calar o falador. Porém mais comum é vermos pessoas fazendo pactos com nossos detratores e se reunindo nas casas ou nas ruas para falarem mal de nós. Tal pessoa pode até ter cargo de Obreiro de Cristo, mas não pode enganar a Cristo nem permanecer sempre oculto na Igreja. “Os que pecam com você no final pecarão contra você”, (pastor Mike Murdock).Este pensamento continua onde Gandhi parou. Esta é uma grande verdade. Era horário de almoço na drogaria onde eu trabalhava. Eu descansava fechado numa sala quando uma colega abriu a porta, entrou e mesmo me conhecendo pôs-se a falar mal de outra pessoa. Na hora eu a repreendi. Segurei a tampa azul da caneta que eu usava e disse: “Pare com essa conversa, pois para mim assim como esta tampa é azul tenho convicção que se você me interrompeu e veio até aqui falar mal de Fulano, você ira até Fulano ou Beltrano falar de mim. Assim você não me inspira confiança”. É uma repreensão dura evidentemente, mas fiz isto porque sabia que a pessoa que nos incentiva a pecar contra o nosso próximo não tem pudores para depois pecar contra nós.Guarde isto amado Obreiro. A pessoa que te chama para falar mal do pastor, do pregador, de outro obreiro ou irmão da igreja depois irá chamar outra pessoa para falar mal de você. Quem é esta pessoa que gosta de te convidar para falar mal do próximo? Tenha cuidado Obreiro!

“Mudar de idéia freqüentemente não é bom, mas não mudar nunca é muito pior” (Décio).

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Este ensino é muito interessante e prudente. Há obreiros que são levados por toda e qualquer conversa (nem sei por que às vezes os colocamos na posição de obreiros). Alguém fala mal da liderança, e ele acompanha! Fala mal de outra igreja, e ale aumenta a conversa. Fala mal do Bispo de outra Igreja e ele diz: “é assim mesmo!”. Fica torcendo que o outro ministério não cresça e dão gargalhadas ocultas quando um prédio de uma igreja desmorona e aparece em canais de TV que não gostam de crentes. Não tem amor, e quando amam um pouco só amam e saúdam irmãos da mesma igreja. (Pedimos, e sabemos que já fazemos isto, mas pedimos de novo a todos os irmãos e Obreiros da Comunidade Cristã "Nova Aliança" que saúdem com prazer os irmãos de outras igrejas. Se eles não responderem a paz voltará para você!)Os Obreiros de que falávamos são levados por tudo o que é idéia nova. A única idéia que não mudam é esta: “eu penso assim e acabou”.

O problema ainda se torna mais grave quando o candidato não adotar a Visão da Igreja. Ora, se é obreiro de uma igreja, ou pensa em ser, deve se adaptar à Visão daquela igreja! Se for obreiro fiel e dedicado poderá, depois, apresentar suas idéias que poderão inclusive ser adotadas e incorporadas à Visão da Igreja. O Obreiro de Cristo deve ser firme, mas nunca deverá fechar-se para uma boa, firme, confiável e fundamentada nova idéia.

“Basta um frade ruim para dar o que falar de um convento” (anônimo)De fato quem serve a Cristo como obreiro de uma Igreja deve cuidar da sua própria imagem como algo valioso, pois se é mau Obreiro dará lugar para que falem não só dele, mas da igreja toda. Quem é Obreiro de uma igreja deve saber que ao vestir sua camisa onde for será a própria igreja em movimento. Quando as pessoas vêem um mau Obreiro, costumam pensar que a Igreja inteira é má. Se um obreiro fuma escondido muitas vezes quem o flagra logo diz: “a CCNA permite que seu Obreiro fume!”.Um mau Obreiro pode sujar a imagem de toda a Igreja. Quer ser Obreiro, aprenda a dar bons exemplos. Pedimos a todos os Obreiros da CCNA: dêem bons exemplos. Não escandalizem a Cristo nem a CCNA. Você que é de outro Ministério, não suje o belo nome de sua igreja! Você é a Igreja, aprenda a ter visão de Corpo!!! “Aquele que nunca está contente com ninguém, ninguém está contente com ele” (La Bruyère).La Bruyère foi um grande escritor francês. Seu livro “Caracteres” foi um sucesso nos séculos XVII e XVIII. Ele era um tremendo observador do comportamento humano.Aqui ele denuncia um tipo muito comum: trata-se daquele que reclama de todos e somente o que ele faz é certo ou é melhor. Se alguém lhe contraria ele se entristece, fecha a “cara”, some dos cultos, diz que não vai tomar a ceia com a intenção clara de que alguém note que ele está triste. Daí ele se junta a outro Obreiro igual e ficam de manha ou à tarde (ou de manha até a tarde) fazendo maus comentários sobre o próximo. O que ele não percebe é que alguns já o notaram e outros tantos também não estão contentes com ele e seus dias de obreiro podem estar contados.

“A Constancia não consiste em fazer sempre as mesmas coisas, mas em fazer sempre coisas que tendem ao mesmo fim” (Luis XIV).Esse é o caso daqueles obreiros que começam bem e logo desanimam. Não foram treinados (e nem querem ser treinados) para terem persistência e paciência. Mudam de emprego constantemente, mudam de casa com facilidade e quando se tornam obreiros fazem o mesmo: começam a todo vapor, mas como estão sempre em busca de coisas novas logo murcham.

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Para ser Obreiro de Cristo numa igreja cristã a pessoa deve ser constante. A Bíblia mesma pede isto: “sede firmes e constantes”. Quem disse isso sabia muito bem o que era ser constante na obra do Senhor. Lutas diversas e pessoas perversas ou ignorantes tentaram desestimular o Apostolo, mas ele se manteve firme (ICo 15.58).Muitas pessoas gostam do verso de Paulo “Tudo posso naquele que me fortalece”. Está escrito em Fp 4.13. Porém quantas dessas pessoas leram os dois versos anteriores? Você que lê este texto conhece os versos que estou dizendo? É verdade que Deus dá vitória aos constantes (ICo 15.57), mas o conselho da Bíblia para quem trabalha na obra de Deus é: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” (ICo 15.58).O obreiro deve saber que não é em mais um culto que tem de ir, e sim dar mais um passo rumo ao fim principal, ir morar com Cristo (Jo 14.1,2).Talvez o Rei francês que disse isto se pegou um dia dizendo: “de novo terei de enfrentar reuniões com ministros do reino, resolver problemas do reino etc.”. E talvez aí que pensou: não se trata dessa reunião, mas de uma reunião que engrandecerá a futura França, de uma reunião que construirá um bom futuro para muitos outros franceses que precisarão de uma França bem firme. O obreiro deve entender que está a serviço do Reino de Cristo. Cada culto, cada reunião, cada ensaio, cada evento coloca uma pedra no Reino de Cristo na terra até sejamos levados para o Reino Celeste. Sejamos firmes e constantes! “Ninguém pode saber do que é capaz se não tentar” (Publio Siro).Vi uma senhora de mais de oitenta anos na TV. Sua história é comovente e animadora. Teve paralisia na infância. Os médicos a condenaram a não sair de casa. A família decidiu coloca-la no convento. “Mãe eu sou uma mulher romântica, quero é me casar”. Casou-se com homem bonito que era muito cobiçado por outras moças. Ele se disse “seduzido mais pela beleza interior do que pela física”, confessou ela. Seu filho disse que só percebeu sua deficiência muito tempo depois.Messias foi outro exemplo que vi. Um mergulho aos 14 anos lesionou sua coluna e ele perdeu os movimentos do pescoço para baixo. Determinado ele disse que certamente voltaria a andar. Não só conseguiu, mas tornou-se Psicólogo. Um amigo de classe na faculdade disse que a força de vontade de Messias lhe serviu de motivação. “Eu começava um curso e não terminava, mas com ele eu aprendi a ser persistente”.Esses dois exemplos nos ensinam claramente que seremos capazes de muitas coisas se tivermos coragem de tentar. O que você ainda não tentou? Está esperando o quê?

“Somos péssimos juízes quando nosso interesse está em jogo” (Aristóteles).Realmente! É muito comum julgarmos desfavoravelmente quando alguém nós (ou algum parente) está envolvido na questão. Um Obreiro de Cristo não pode deixar interesses familiares se superporem sobre a Justiça. Jesus exigiu de nós que se a nossa justiça superasse a dos escribas e dos fariseus. Mesmo que nossa irmã esteja envolvida no caso, nós não podemos saber todos os pormenores que se deu com ela e seu esposo, por exemplo! Ou entre nosso pai e seu patrão! Temos de buscar a Justiça caso a caso, não sermos partidários, parciais, pois isto também atrapalha o reino de Deus. É uma coisa vergonhosa vermos um Obreiro de Deus que diz: “não gosto dele porque ele foi assim e assim com meu pai”, e diz sem de fato saber o que se deu entre os dois. O sangue de filho, irmão ou irmão não podem falar mais alto que a Justiça.

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Um obreiro de Cristo age como manda a Justiça: “in dúbio, pro réu”. Na duvida, vote a favor da pessoa, dando-lhe o beneficio da duvida. E digo isto porque há pessoas que são tão parciais que tomam decisões pelos parentes sem consultá-los. Vemos assim que nem o parente envolvido não está assim tão preocupado com sua honra quanto o seu Irmão Defensor!

“É prova de orgulho ou de pouco senso, ofender-se facilmente” (anônimo).Esse é o caso de muitos Obreiros de Cristo, que ainda não aprenderam a enfrentar problemas e caras feias que muitas nós ministros de Cristo enfrentamos. Mas há outros Obreiros que numa reunião de lideres ouve alguma palavra que não esperava e se ofende. Não aparece mais nos cultos e fica afastado da comunidade.Seu orgulho é tão grande que ele não entende que um irmão pode perfeitamente discordar dele numa reunião e nem por isso quer dizer que não o ame. Ele acha que todos devem sempre concordar com ele. É um autólatra. Um professor de Liderança que lida com o assunto há uns 40 anos disse que uma pessoa que não tem amadurecimento emocional não pode liderar porque não esta pronta para ser líder. Com ele aprendi que o mais importante a se buscar em um candidato a líder não é uma enorme bagagem intelectual, mas o preparo e o amadurecimento emocional.

“Os animais quando vivem muito tempo juntos, se estimam, e os homens, passam a se odiar” (anônimo). Isto acontece porque o ser humano é racional. Só lamentamos que a Razão muitas vezes serve de empecilho para o bom relacionamento humano. Os animais nem se preocupam com questões como ofensa, perdão etc. Fazem as coisas por instinto, diferentemente dos seres humanos que fazem muitas coisas ofensivas conscientemente. Se vivem muito tempo juntos conhecem os erros do outro e podem por exemplo usá-los como meio de chantagem, o que causa ressentimentos e até ódios. Entre obreiros de Cristo isto não pode acontecer. Temos de ser obreiros desimpedidos de intrigas com outros apesar de sabermos que, muitas vezes não fazemos o mal para receber os ódios e injurias que recebemos. Naquilo que depender de nós devemos ter paz com o outro (Hb 12.14,15).

“Há oradores que, terminados os seus discursos, deviam ser presos por terem roubado o tempo da gente” (Stanislaw Ponte Preta). Esta reflexão cabe muito bem dentro daquela que faço no texto sobre oratória logo abaixo, mas o pastor Euripes me ensinou que há pessoas (inclusive que tem posição de liderança na igreja como os obreiros) que devem ser ensinados a não usarem o tempo, ou melhor, a não gastarem o tempo precioso do culto com assuntos que não edificam, ou que não tenham nada a ver com o culto. Sim o pastor Euripes diz que estas pessoas ao invés de darem um testemunho dão um “tristemunho”, e muitas vezes despregam o que a Igreja prega, ou o que pregador pregou no culto anterior. É como se não estivesse na Visão da Igreja. Mas há alguns que por serem inexperientes falam descontroladamente. Mas não falam por maldade, falam por falta de experiência. Mas percebemos seu interesse em crescer e fazer a Obra de Cristo crescer quando se retratam e se desculpam.Esses têm todo nosso respeito. Garanto a você leitor que este Obreiro será uma bênção no futuro.

“Galo presunçoso pensa que o sol se levanta para ouvi-lo cantar” (George Eliot).O sol lindo nasce somente para ouvir o presunçoso cantar! No caso do Obreiro, personagem de nosso curso, este é o caso perfeito do obreiro que pensa que tudo o que acontece na igreja acontece porque ele faz, porque ele participa, porque ele teve a idéia, porque ele organizou etc. Deus deu o sol para clarear o dia, e ele pensa que é para servir de platéia ao seu concerto único. Muitas pessoas fazem o trabalho de Cristo na igreja. É mesmo impossível que tudo seja feito por uma só pessoa. Paulo disse que a Igreja de Cristo é como um corpo onde nenhum membro pode

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dizer ao outro que fez isto ou aquilo sem depender do outro. Todos os Departamentos da Igreja são importantes, e cada irmão e Irmã são indispensáveis.

“A ingratidão é o vicio das almas pequenas” (Condorcet).É muito lamentável que isto tanto se dê na igreja de Cristo. Um número incontável de pessoas não é capaz de serem gratas a Deus pela sua salvação. Tornam-se apáticas na Igreja. Não movem uma cadeira, banco ou instrumento musical para ajudar! Não colaboram em culto algum e vêem Jesus como obrigado a suportá-lo. Muitas vezes suas casas estavam destruídas e depois de um tempo o máximo que fazem é dizer que Jesus mudou sua família. Ajudar alguém, porém, nem pensar. Não lêem a Bíblia e por isso não podem ajudar espiritualmente, não vêem na igreja e por isso não podem ajudar a igreja onde se encontrou com Cristo ou onde foi recebido. Já outros são ingratos com as pessoas que lhes ajudaram espiritualmente. O ajudador é um ser humano com seus erros humanos. Porém como normalmente está mais adiantado na fé é tido pelo ajudado como “Superior”, como se fosse um anjo sem pecado. Na verdade o ajudador não é isso tudo, era a vida do ajudado que era uma desgraça. Acontece que algum tempo depois o ajudado chega muito perto da capacidade do ajudador e então o ajudado começa ver que seu ajudador tem defeito! O que então o infeliz do ajudado faz? Começa a desacreditar de seu antigo ajudador, perde o respeito por ele e não aceita mais suas orientações. Tornou-se um ingrato. Oh! Que alma pequena! O ajudador lhe deu a mão para que ele subisse até aqui e agora o ingrato diz que pode subir sozinho o restante dos degraus. Iludido pensa que está subindo, mas na verdade ao invés de deixar seu orientador para trás sua ingratidão o está colocando na descendente. O pelo menos acha tolamente que já é melhor que seu orientador e já pode seguir sem sua valiosa parceria e experiência.Muitos desses ingratos não tinham igreja (e nem coragem de ir a alguma delas). Então seu ajudador vai até ele, ora com ele, sofre com ele, suporta por meses seu desinteresse nas coisas de Deus, suporta suas recaídas, ajuda psicologicamente, dá espaço na casa de Deus e depois, num erro mínimo do orientador passa a desprezá-lo alia-se aos inimigos de seu guia espiritual. Tal ingrato não sabe que somente se jogam pedras em arvores frutíferas! Se alguém fala mal de seu orientador e a pessoa se alia ao maledicente assume também a culpa do pecado do falador!!! Quem não é ingrato e ama seu orientador, sabendo que ele é igualmente pecador, não aceita falatórios contra ele ou qualquer pessoa, mas repreende o falador e cai fora, pois sabe que “os que pecam com você no final pecarão contra você”, disse o sábio pastor Mike Murdock.

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O CONHECIMENTO BÍBLICO DO OBREIRO CRISTÃO:

ste é um assunto importante na formação de um Obreiro cristão. O titulo desta parte do curso trata justamente do conhecimento do Obreiro e dissemos que esta é a forma mais valiosa de conhecimento a um Obreiro deve ter. E

Não basta ser ágil no culto, ou nas visitas da Missão Kairós. Deve manejar bem a Palavra de Deus. Em Os 4.6 lemos que o povo de Deus estava sendo destruído porque lhe faltava conhecimento.E o interessante é que no caso desse verso e seguintes no texto do profeta, Deus está a repreender não necessariamente o povo pela ignorância, mas em especial ao sacerdote do povo. Devendo ser um sacerdote com grandes conhecimentos bíblicos tornara-se apático, despreocupado com o conhecimento e por isso sem condições de instruir corretamente o povo que se perdia espiritualmente.Sabemos que todo Obreiro cristão é fundamentalmente um sacerdote! (Ap 5.10).Tendo aprendido isto entenda caro irmão que é a você que o texto do profeta Oseias se refere. É um alerta para que inclusive nossos filhos não sejam rejeitados por Deus.Na visão de Oseias, o povo estava errado por fazer acusações contra os sacerdotes e ao mesmo tempo manterem-se na ignorância naquilo que lhes competia aprender. Todavia o profeta não deixa de repreender duramente aos sacerdotes do povo, pois “como é o povo assim é o sacerdote”. Oseias chega a fazer uma distinção muito sabia entre a prosperidade real e a falsa que provem de recursos humanos e financeiros. O povo seria prospero financeiramente, mas não seria feliz. A prosperidade de Deus traz consigo a felicidade espiritual e o contentamento que nos faz fugir da avareza. Aquele povo, que não era ensinado sobre a lei, sobre as exigências de Deus comia, mas não se fartava (v.10).A palavra de Deus ainda alerta aos sacerdotes, aos Obreiros do Senhor que tomem cuidado com excessos, quaisquer que sejam desde uma brincadeira até risos fúteis e que passam má impressão aos ímpios. (Os. 5.2; ITm 2.15).Em hipótese alguma digo alguma proibição ao riso, apenas prego a prudência e o cuidado. Quem é obreiro da casa de Deus tem seu comportamento observado em todo tempo.

O Obreiro cristão deve conhecer as exigências da Palavra de Deus de como deve ser seu trabalho, sua vida. Deve ser em suma, UM OBREIRO APROVADO. Nosso espaço permite discutir alguns. ITm 2.15 é com justiça o texto mais citado sobre o preparo bíblico dos Obreiros:

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como Obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”

É notável que antes desse verso Paulo ensina ao Obreiro Timoteo que quando ele se apresentar para falar (seja na igreja ou na rua) deve sempre tomar cuidado que suas palavras não sejam para a perversão dos ouvintes. Depois de enfatizar a necessidade do Obreiro manejar bem a Palavra de Deus diz o apostolo:

“Evita igualmente, os falatórios inúteis e profanos, pois os que deles usam passarão a impiedade ainda maior. Alem disso a linguagem deles corrói como câncer; entre os quais se incluem Himeneu e Fileto. Estes se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição já se realizou, e estão pervertendo a fé a alguns. Entretanto o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor” (IITm 2. 16-19)

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O apostolo em sua proverbial sabedoria diz que o Obreiro que se purificar dessas e de outras coisas será “utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor (Jesus) estando preparado para toda boa obra” (v.21).O ensino de Paulo aos Obreiros se estende ainda a diversos aspectos numa autentica preocupação com as Relações Humanas do Obreiro.

Ao Obreiro e Obreira jovens ele exorta que tome cuidado com as paixões da mocidade. Ideias fixas, amores descontrolados, intrigas e desentendimentos fúteis, falta de domínio próprio etc. são alguns exemplos de paixões.Um estudo de IITm 3.1-13 irá prevenir os novos Obreiros e relembrar aos antigos de alguns tipos de paixões e atitudes que impedemo bom exercício da função de Obreiro cristão.

O texto de IITm 4.1-5 traz ainda outros ensinos. Paulo pede ao Obreiro que pregue, corrija, exorte com espírito longânimo e com fundamento doutrinário. O Obreiro não pode fazer seu trabalho baseado no que pensa ou não intuição ou no vem à boca. Deve fazer seu trabalho com fundamento bíblico. Somente assim tal Obreiro cumprirá cabalmente o seu ministério (v.5). E justamente quem se portou assim está “apto a ensinar” (IITm 2.24) e por isso mesmo já está se comportando e fazendo “o trabalho de um evangelista” (IITm 4.5).

Outro texto importante é Tito. Paulo instrui Tito sobre as qualificações dos Obreiros cristãos. Sua carta continua valida e até hoje nos instrui. O fato de ele citar nominalmente aos presbíteros não nos impede de aplicar suas exigências a outras classes de Obreiros. No capitulo 1.5-9 pede que o Obreiro de Deus não seja arrogante, insubordinado, irascível, violento etc., antes que seja hospitaleiro, que receba bem as pessoas na igreja ou em sua casa, justo, que tenha domínio de si. Gosto muito quando ele diz que deve o Obreiro ser apegado à palavra fiel (Escrituras) de tal “modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem” (v9).

É nesse ponto que podemos fazer o leitor se inteirar desta área tão importante do trabalho do Obreiro que é a APOLOGETICA. A APOLOGETICA e a HERESIOLOGIA são matérias irmãs. A apologética é a matéria que nos dá as ferramentas para refutarmos as heresias. Uma das maiores carências teológicas de nossa época é a da apologética. Não falo daquela apologética sem profundidade que quer muito mais firmar sua posição e vencer o debate a qualquer custo, mas aquela que de fato vale-se das Escrituras para denunciar o erro que ronda a Igreja de Cristo. O assunto é vasto e por si só já daria um longo curso. O Obreiro deve ter noções firmes do papel da apologética e da necessidade do estudo das heresias no estabelecimento de um trabalho que produza resultados duradouros. Com essas duas matérias o Obreiro terá condição de cumprir a exigência de Paulo, de Jesus de enfrentar as doutrinas erradas e, por outro lado não se tornar vitima dos milhares de falsas doutrinas (heresias) que nos cercam e que muitas vezes adentram a casa de Deus.

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Discussão Filosófica: O termo Paixão não pode ser entendido no sentido vulgar de “paixão amorosa”, mas em seu sentido filosófico e teológico. Assim toda “inclinação emocional intensa e descontrolada” é uma paixão. (Dicionario da Biblia de Almeida, SBB, 2001, p.124)

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Paulo diz que os Obreiros devem estar aptos a “calar a boca’ dos falsos mestres (Tt 1.11).Tito, porem, deveria guardar a sã doutrina inclusive para poder exigir que os idosos cristãos fossem “sadios na fé, no amor e na constância” (2.1).Deveria exortar as mulheres mais velhas (de idade ou na fé) que servissem de exemplo. As idosas devem assim ser “serias em seu proceder” de modo que fossem mestras no bem e capazes de instruir as jovens recém-casadas a amarem seus maridos e filhos (v.4).Amar seus maridos (e esposas, pois o verso é aplicável também aos homens) é guardar a intimidade dele diante de outras mulheres. É absurdo o comportamento de mulheres cristãs que contam sua intimidade para outras sem se darem conta que estão expondo seu marido a outras, e até mesmo despertando o desejo de outras mulheres para seu esposo. Uma Obreira cristã deve se cuidar e não fazer tais coisas que alem de pôr em risco seu casamento tiram assim o ornamento “da doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tt 2.10).Mesmo em nossas festas todos os Obreiros devem tomar cuidado para não excederem o limite da Liberdade Cristã. Brincadeiras com conotação sexual não são adequadas aos Obreiros cristãos e devem ser evitadas. Há coisas que são licitas, mas não edificam a ninguém (ICo 6.12; 10.23).

Mas o Conhecimento Bíblico do Obreiro não pode se restringir apenas às idéias principais de seu trabalho como Obreiro na casa de Deus, das rotinas de cultos etc. A expressão Conhecimento Biblico avisa que o Obreiro deve saber inúmeras questões relativas à Escritura Sagrada. Para resumir deve ter formação teológica (formal ou informal) o mais que lhe for possível. Deve buscar estudar a Doutrina das Escrituras (Bibliologia), a Doutrina de Deus (Teologia), Doutrina de Cristo (Cristologia), Doutrina do Homem (Antropologia), Doutrina do Pecado (Hamartiologia), Doutrina da Salvação (Soterologia), Doutrina da Igreja (Eclesiologia), Doutrina dos Anjos (Angelologia), Doutrina das Ultimas Coisas (Escatologia), Hermenêutica, Homilética, Teologia do Antigo e Novo Testamentos, Historia da Igreja, Historia Judaica, Filosofia da Religiao, Psicologia, Antropologia, Musica na Bíblia, Arte Cristã, Metodologia da Pesquisa, Língua Portuguesa, etc.

Nos ANEXOS desse texto há um artigo sobre A ARTE ORATÓRIA E SUA MISSÃO. Ainda assim quero esboçar apenas uma discussão sobre a questão da fala e da linguagem do Obreiro, seja dando testemunho no culto, falando com pessoas na rua, dirigindo um culto ou pregando na igreja. Antes de tudo é bom dizer que só produz algum conhecimento mais sólido quem possui massa critica formada por boa, profundas e repetidas leituras. Sem essa massa critica o Obreiro se tornará repetitivo (apesar de que a repetição no culto cristão não pode ser vista como mera falta de conteúdo, mas como estratégia de treinamento).Refiro-me a Obreiros que por anos falam a mesma coisa. Não digo de dar varias vezes o mesmo exemplo instrutivo, mas de ter apenas um discurso, cometer os mesmo erros de português por meses e anos. (Pior ainda é repetir os mesmos erros teológicos por anos sem conta).Certos hábitos de fala talvez só possam ser desculpáveis em pessoas de idade que possuem mais dificuldades em virtude das décadas de pratica do seu jeito de falar. E acho muita pobreza de espírito querer alegar que os apóstolos eram ignorantes e rudes na fala. Alem de ser uma desculpa que mostra bem o valor que o Obreiro dá a si mesmo, mostra que sua ignorância é ainda maior do que pensamos, pois nem todos os apóstolos eram ignorantes. O livro de João revela um homem sábio, esteta e, sobretudo informado sobre questões filosóficas de sua época.Pode ser que João não tivesse educação formal, escolar, mas ao se tornar discípulo de Jesus seus interesses espirituais e intelectuais mudaram e se aprimoraram deveras, a um tal ponto que o

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Apostolo deixou perplexas “as autoridades, os anciãos e os escribas e com o sumo sacerdote...” (veja Atos 4.5-17) Propositalmente João inicia seu Evangelho de onde ele supunha que a Filosofia Grega havia parado por falta de respostas. Os gregos tinham refletido muito e concluído após centenas de anos de busca intelectual e espiritual que deveria haver algo (ou Alguém) que fosse A Verdade. Esta Verdade era muitas vezes nomeada de Logos (o Verbo, a Palavra). Zenão de Citium foi o fundador do Estoicismo. “Acreditava Zenão em um cego determinismo. Asseverava ser o ‘Logos’, o supremo comandante de todos os nossos destinos. A ele, pois, deveríamos curvar-nos submissos” (Paulo em Atenas, Andrade, p.47).João se coloca a dar a continuaçao dessa pesquisa e já abre seu Evangelho deixando claro que o Logos não era inacessível e encarnou-se entre nós. João somente não questionou uma coisa: que ao Logos, Jesus, devemos sim nos encurvar submissos. Sim, um discípulo assim não poderia ter se mantido ignorante (At 4.13) e nós não devemos nos manter na mesmice intelectual e espiritual.Continuemos.

O Obreiro se lembrar que as pessoas notam seu desinteresse em rever suas idéias ou ampliar seus conhecimentos da nossa língua. Imaginemos que está sentado ali um professor de português ou mesmo uma pessoa que goste muito de línguas e literatura.Acredito que ela ficaria com duvidas inclusive da interpretação que o Obreiro faz das Escrituras. É fácil ser levado a pensar que “se Fulano fala ‘a gente podemos’ ou ‘nós vai’.Uma linguagem assim retira muitas vezes a força da Palavra de Deus. Mesmo quem não terminou seus estudos não pode aplicar a si mesmo uma idéia fixa (inconsciente) de que não pode ou não precisa melhorar. Portanto, exorto a todos os amados irmãos que tomem cuidado com sua linguagem.Empenhe-se para aprender a norma culta da língua, sem se esquecer de que também deve falar a língua do povo e assim evitar parecer ser esnobe e arrogante.Dentro desse assunto peço com vigor aos Obreiros da casa de Deus, desta ou de outra igreja, que tomem cuidado com piadas de mau gosto envolvendo loiras, paraguaios, homossexuais etc. Cor de cabelos e que nacionalidade não devem se tornar motivos de risos na boca santa de Obreiros de Deus. Já quanto ao homossexualismo, do qual discordamos e por convicção religiosa (como nos garante a Constituiçao Federal) rejeitamos como ofensa a Deus, sim tal pratica também não pode servir de motivos para risos e piadas. Cuidado Obreiro!

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ILUSÕES QUE UM OBREIRO NÃO PODE TER

1) Um Obreiro não deve ter ilusões consigo mesmo

m obreiro não pode esquecer-se de sua humanidade. O Obreiro é gente que sofre se alegra tem ira cansa enfim tem virtudes e defeitos típicos dos seres humanos. É evidente que ao mesmo tempo o Obreiro cristão é diferente porque comete menos esses vícios,

e, alias, se os comete com facilidade deve pedir ao Espírito e de livre vontade submeter-se ao Santo Espírito e seguir mais de perto o que Paulo ensinou aos gálatas (Gl 5.19-22), ou seja, deve fugir do pecado e dar bons exemplos dentro e fora da Igreja.

UImpressiona-me e preocupa-me Paulo exigir que sejamos “exemplo dos fiéis”. Não é ser exemplo dos ímpios, que seria fácil. Todo crente mediano já é o exemplo dos ímpios. Paulo, porém exige que sejamos exemplo dos exemplos, “exemplo dos fiéis”. O Obreiro deve entregar-se ao Espírito e viver para Cristo, ou melhor, deixar que viva Cristo em sua mente, em seu espírito e em seu corpo. Um Obreiro não é super crente! Ele é um salvo por Cristo para servir. Não é superior a ninguém em sua igreja ou no mundo (Tg 2.1,9) e se julgar-se como superior merece e precisa ser confrontado pela lei de Deus, pois se tornou transgressor do Mandamento do Amor (Tg 2.9). Um pastor que busca um obreiro deve estar atento para vocabulário deste. Se um candidato prefere o “eu” no lugar de “nós”, pode ser mau sinal. Ou este Obreiro modifica-se e abandona seu egoísmo e soberba ou esse pastor terá problemas futuros com esse obreiro. Não estou evidentemente acusando sumária e precipitadamente a quem quer que seja. É a experiência de muitos anos em catecumenato, aconselhamento e avaliação de Obreiros que me dá tal convicção. Observe que não disse “é mau sinal”, mas “pode ser mau sinal”. Isto porque creio na recuperação e no aprendizado de qualquer homem ou mulher. Assim estou mesmo velando por mim para que eu não seja também tentado e cometa o mesmo erro (Gl 6.1). Porém é muito freqüente vermos que se um grupo da igreja faz algumas visitas e um do grupo fala no púlpito ou em conversas particulares que “eu fui visitar Fulano ou Sicrano”, sua fala pode causar decepções e desmotivar algum integrante do grupo. Para evitar isso o Obreiro deve adotar desde o inicio de seu ministério um VOCABULARIO INCLUSIVO, sim, que inclui o próximo. Deve optar por “NÓS fomos visitar”, a menos que tenha ido de fato sozinho. Ainda assim há a possibilidade de usar o Plural de Majestade, que existe em varias línguas. No Plural de Majestade a pessoa age sozinha, mas decide incluir outras. Isto motiva a todos e agrada a Deus.Em resumo, um obreiro não pode ter para consigo mesmo tal ilusão. Deve saber que “homem algum é uma ilha”, como disse John Dane.

Outro aspecto a ser notado e sobre o qual um obreiro não pode iludir-se é sobre sua saúde.Sua saúde não é de aço. É evidente que alguns possuem mais saúde que outros, mas quem a tem não deve se dar ao luxo de abusar da genética privilegiada. As observações de Ellis se aplicam perfeitamente a diversos tipos de líderes e obreiros da Igreja de Cristo desde o responsável pelas crianças, jovens, diáconos, músicos etc. Ellis diz que o líder:

“precisa de saúde muito boa e grande energia. É improvável que atinja esses objetivos se for descuidado e relaxado em questão de regime higiênico. Se for prudente... o aspirante a liderança alimentar-se-á regularmente e bem (e, especialmente, evitará comer demais); conseguirá um volume suficiente de sono na maioria das vezes;... submeter-se-á a check-ups regulares e seguirá a orientação de seu medico; fará exercícios; e adotará

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varias outras regras atinentes a sua saúde. Não quer isso dizer que será um anjo em todos esses aspectos, mas, pelo menos, não será um estúpido habitual” (Ellis, 1972, ps 89,90)

Esse é um ponto que devemos insistir. Por longo tempo adotamos a visão de que a única verdade aceitável é que “o exercício físico para pouco aproveita”, mas ao mesmo tempo deveríamos “comer do melhor da terra”. É o perfeito raciocínio da Preguiça. Penso que uma interpretação equilibrada propõe:em primeiro lugar que o cristão não deve ser glutão e em segundo não deve adotar o outro extremo e idolatrar o corpo, consumindo centenas de horas mensais em aparelhos para trabalhos musculares em academias ou em casa (o que traz ainda o problema do gasto na compra desses aparelhos) pretensamente miraculosos que, dizem, transformam cintura de peixe-boi em cintura de vespa. Em segundo lugar entendemos que se não pode haver idolatrias em um obreiro muito menos deve haver aquilo que chamo de somatolatria, idolatria do corpo.

O obreiro cristão deve lutar contra esse tipo muito comum de idolatria. Muitas pessoas, jovens em sua maioria têm perdido suas valiosas vidas vítimas de bulimia, hormônios do crescimento (moços em academias) e de outros desvios como o uso de anorexígenos. Todos esses abusos e excessos mostram uma visão distorcida do corpo humano e são indícios de uma patologia espiritual (somatolatria).É para não termos esse tipo de idolatria do corpo que o apostolo Paulo fala do corpo e seria uma ingenuidade pensar que ele não sabia do culto ao corpo que havia na Grécia, uma situação que só foi minorada com a doutrina de Platão. Alguns setores da sociedade e filosofia da Grécia chegavam ao cumulo de ter o homem livre (ao escravo era considerado ser humano inferior) como exemplo perfeito de criatura dos deuses e por isso os meninos eram preparados desde criança para esculpir o corpo com inúmeros exercícios e a mente com a Mousike (música, dança, poesia, teatro, etc).Os encontros masculinos muitas vezes lembravam o exibicionismo masculino do corpo em academias, elencos de filmes e novelas. Aqui começamos entender os fundamentos do algumas idéias sobre o homossexualismo na Grécia. O macho livre era o ser perfeito (alguns até alegavam que o corpo perfeito deveria ter um pênis, e como as mulheres não o têm, são “machos mutilados” e, portanto seres imperfeitos, que foram criados apenas para servirem de útero para os nascimentos). A mulher era considerada um ser de segunda categoria de tal modo que muita gente entendia que o macho só poderia ser realmente completado espiritual e fisicamente se se unisse a um seu par “perfeito”, o homem. Absurdo! Paulo diz, porém, que diante de Cristo não há nem macho nem fêmea, mas todos são iguais (Gl 3.28).O grande problema é que Platão desdenhando o corpo (e toda a Matéria) chamava-o de “este intruso”. Rejeitar o corpo com tal extremismo, porém, contaria o ensino de toda a Bíblia, muito particularmente de Paulo, que diz:

“O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e os vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Ts 5.23).

Paulo ensina que nosso corpo (e não apenas nosso espírito e nossa alma) deve estar santificado, conservado íntegro e irrepreensível para se apresentar diante de Cristo.

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Trata-se de uma visão altamente positiva sobre o corpo e qualquer estudioso da Bíblia que tente relacionar Paulo a Platão comete erro grave.Em síntese, entendemos que um Obreiro não pode se iludir com os prazeres da glutonaria ou da malhação. Deve ser sábio, equilibrado e fazer tudo com moderação. Nosso corpo está habilitado a nos fornecer os prazeres da boa comida! Porém, se o Obreiro é glutão, enfie uma faca na garganta, pede Salomão (Pv 23.1), para não sofrer com cansaço, doenças e até morrer de problemas decorrentes de má compreensão das funções do alimento. Paulo na verdade faz um alerta veemente ao qual devemos prestar muita atenção: “se alguém destruir o templo do Espírito (o corpo humano) Deus o destruirá” (ICo 3.17).

Uma outra ilusão sobre si mesmo que um Obreiro não deve ter é a de que, por ser Obreiro, não possa ser corrigido e não tenha nada a aprender. Essa uma ilusão que tem acabado com muitos ministérios ou impedido outros tantos de começar. Só pode ser Obreiro verdadeiro quem já aprendeu ou está bem disposto aprender que um Obreiro de Cristo deve ser tão maduro a ponto de entender que deve acatar a repreensão justa e mudar-ser! Se a palavra de Deus lhe é indicada ele deve não apenas ouvi-la e memorizá-la, mas, sobretudo praticá-la, ou então não crescerá como Obreiro! Um tal candidato a Obreiro não pode subestimar a liderança da igreja achando que sempre dará um jeitinho e será promovido, pelo menos não nesta igreja, cuja liderança está atenta e quer contar com Obreiros interessados e que ajam ao máximo em conformidade com as Sagradas Escrituras.As exigências que elencamos aqui podem parecer extremas para um candidato a Obreiro, mas a verdade é que estamos acostumados a oferecermos facilidades imensas e erradamente permitimos e consagramos, como Obreiros, muitas pessoas sem preparo. E por outro lado quem chega à igreja tem a falsa impressão de que ser Obreiro é um simples querer SEM MUDAR! Temos visto casos de pessoas que num fim de semana proferiam palavrões inomináveis e no outro se lhes ofereciam a possibilidade de louvar a Deus de modo institucional no culto do templo santo! Como pode ser isto?É bem verdade que a Escritura diz: “tudo que tem fôlego louve ao Senhor”, mas também diz que “este povo louva-me com os lábios, mas o coração está longe de mim”. Para louvar ao Senhor verdadeiramente é necessário Dele se aproximar. E quem é que se aproxima do fogo e não sente seus efeitos? A Escritura diz que “o Senhor é um fogo consumidor”. Que consome o quê? O pecado, a sensualidade, a idolatria, a palavra torpe, a linguagem chula que reduz o homem a um animal etc.

Aprendemos então que se um candidato a obreiro tem esses vícios, qualquer tentativa de inclui-lo no trabalho de Cristo como Obreiro, no final, prejudicá-lo. Devemos, portanto é ensiná-lo que o louvor verdadeiro provém do contato com Cristo, que o louvor que agrada a Deus sai do lábio que vibra a partir de um coração aproximado de Cristo!Vejamos primeiro se este candidato aceita a orientação de seu pai ou guia espiritual de que deve comportar-se como cristão para ser obreiro cristão. Enquanto não for capaz de aceitar a correção, diz a Bíblia, “é tolo”, longe está da sabedoria que vem do alto e, portanto não pode (ainda) ser um Obreiro cristão! Alguém discorda?

Se, porém, ouvir e praticar a palavra que lhe é enviada e enxertada, esta palavra, se ouvida com mansidão será causa de salvação do erro que cometia ou cometeu (Tg 1.21-23) e a tal pessoa se tornará mais apta a ser um Obreiro.

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ENSINOS QUE LIVRAM UM OBREIRO DA ILUSÃO DE QUE NÃO SERÁ CORRIGIDO Consideramos tão importante esta questão de um candidato a Obreiro saber ouvir a repreensão que listamos alguns ensinos que um obreiro deve guardar. Discutamos alguns textos que fará bem se guardar todo aquele que quer ser Obreiro de Cristo. “Bem-aventurado o homem que continuamente teme; mas o que endurece seu coração cairá no mal” (Pv 28.14). Bem-aventurado quer dizer feliz. A pessoa, principalmente um Obreiro, que é um líder na casa de Deus, só pode ser feliz enquanto teme, ou seja, enquanto evita o erro (v.13). No momento que deixou de achar que deve prestar conta de seus atos diante da igreja, da sociedade e do Senhor, facilmente cairá em ciladas como o egoísmo, a insubmissão e até a grosseria e deselegância para com o próximo. Temer apenas nos primeiros dias na CCNA não! Não se deixe endurecer. “O que desvia seu ouvido de ouvir a lei, até sua oração é abominável” (Pv 28.9)Aqui há uma verdade profunda. A rejeição dessa verdade tem atrapalhado o ministério de muita gente. O texto não diz sobre OLHOS e OLHAR a lei, ou seja, não fala do obreiro que não lê a Lei. Pode ser isto também, mas aqui se fala das ocasiões em que a Lei é FALADA aos seus ouvidos e encontra-os moucos. No Dicionário vemos que abominável significa odiável. Causa repulsa em Deus a oração de uma pessoa que “desvia seu ouvido de ouvir a lei” de Deus quando alguém lhe fala seja num momento de instrução mutua ou de repreensão pessoal ou pela pregação da Palavra no culto! Um obreiro que não aceita ser repreendido só pode ter duas opções: ou ele deve se tornar perfeitoou deve aprender, para ontem, que o ministério cristão (em qualquer cargo) é feito de erros e acertos, feito de promover a correção e ouvir a correção, de falar e de ouvir! “Como ferro com ferro se aguça, assim o ferro afia o rosto de seu amigo” (Pv 27.17).Sem dúvida esse é um dos versos mais profundos da Bíblia Sagrada e traz uma lição que poucos obreiros aprenderão, e adianto, sem ser pessimista, que muitos candidatos a Obreiro descobrirão que não servem para ser Obreiro Institucional de Cristo porque são de dura cerviz e de mentalidade controladora a ponto de pensar que se alguém lhe diz algo de que discorda esse alguém é obrigatoriamente inimigo!

Na Idade Media um homem só recebia o título de cavaleiro após enfrentar em duelo quase mortal a diversos AMIGOS. Para ser cavaleiro devia acima de tudo aceitar que seu oponente era um AMIGO. Apanhe um livro de Literatura Medieval, leia os Romances de Cavalaria ou busque um livro de História e confirme isto! Se no encontro de espadas uma afiava a outra, uma provocava faísca no contato com a outra, este Provérbio 27.17 diz de um rosto contra outro que, apesar das faíscas, no final ficam ambos mais afiados. Na idade media e antiga um soldado que não usava sua espada ela ficava “sem corte”, inapta para sua defesa. Um homem sem um amigo para lhe afiar o rosto torna-se inapto para qualquer trabalho. É também o ensino do próximo provérbio. “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos” (Pv 27.5)Lembro ao leitor que estamos discutindo sobre as “Ilusões que um Obreiro não pode ter” sobre si mesmo.Neste Pv 27.5 vemos que ele não pode ter a ilusão de que seu amigo não lhe repreenderá ou mesmo não lhe ferirá.

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Os amigos do cavaleiro quase sempre o feriam, mas ele só recebia o nobre título de cavaleiro se os encarasse como AMIGOS, cujas feridas com a espada eram prova de Lealdade e não de Inimizade e Deslealdade. Semelhantemente o Obreiro cristão deve ter desde o inicio muito claro em seu coração que deve preferir a repreensão e as feridas feitas pelo amigo do que os beijos e a afagos do inimigo! Deve saber desde o começo que quem ama repreende, mas quem odeia quem é inimigo, usa os lábios para iludir com os beijos, ou usa os lábios para dissimular e encobrir sua falsidade. Usa os lábios para modular a voz de ódio. Modula o ódio de seu intimo transformando-o em suplica. Apresenta seu engano com “voz suave” (Pv 26.23-26). A repreensão do amigo causa crescimento, mas a boca lisonjeira provoca ruína (Pv 26.28).

Falando de si mesmo e da importância de um amigo afiador Mortimer Feinberg escreveu:

“Eu, por exemplo, recebo muitas informações desfavoráveis de meus amigos. Na verdade são os meus melhores amigos que me falam de meus erros. Às vezes pode ser doloroso ou incomodo, mas fico grato pela informação, pois se eu continuasse a cometer os erros estaria realmente em dificuldades”. (1965, p.51).

E não pense o leitor que creio que um amigo só pode ajudar ao outro em meio a faíscas. Na verdade a doçura e a cordialidade são a meta! Se ambos tiverem sentimento cristão veremos que do mesmo modo que o “óleo e o perfume alegram ao coração, assim faz a doçura do amigo PELO CONSELHO CORDIAL” (Pv 27.9).

“O que ama a correção ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é bruto” (Pv 12.1)Este fala por si mesmo. De maneira cristalina seu sentido se compreende na primeira leitura.

“O que é negligente na sua obra é também irmão do desperdiçador” (Pv18.9).Pensemos em um desperdiçador. Muitas vezes corrigimos as crianças dizendo-lhes que não desperdicem comida, líquidos etc, e é correto que elas aprendam isto. Mas Salomão vê um aspecto novo do desperdício ao relacioná-lo com a negligencia. Vejamos: Muitas das acusações de negligencia contra médicos fundamentam-se no fato puro e simples de que desperdiçou uma vida, ou desperdiçou tempo que ocasionou lesões serias etc. Na obra de Deus se dá algo semelhante. O Obreiro negligente desperdiça energia de seus lideres, de parentes, desperdiça o tempo da oportunidade, desperdiça valiosas chances de eliminar fofocas, de evangelizar alguém.

E veja ainda: Pv 12.1, 5, 13, 17 e 22; 1.23-26; 2.1, 2; 5.1; 7.1-4; 8.12; 9. 8, 9 e 10.11) Falamos da ilusão que o Obreiro não pode ter consigo mesmo. Agora falaremos da ilusão que o Obreiro não pode ter para com o seu próximo.

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2) Um Obreiro não deve ter ilusões para Com o Próximo

ortimor Feinberg escreveu um excelente livro sobre psicologia administrativa. Apesar de o livro não ter uma nova edição já alguns anos (minha edição é do ano de 1965) consideramos que o leitor interessado em ampliar seus conhecimentos em psicologia

comportamental e de liderança irar lucrar muito se conseguir este livro e estudá-lo. Sugiro que se busque em Sebos.

MMortimor escreveu:

“Enfrente o fato puro e simples: você não pode mudar as pessoas. Por mais que você tente, você nunca mudará a personalidade de um homem de maneira a fazer com que ele se ajuste ao que você pensa que ele deveria ser”. Há apenas três formas de mudar a personalidade de um homem: a conversão religiosa, a psicanálise e a cirurgia cerebral. Como você não é padre, nem psicanalista nem cirurgião, pare de desperdiçar seu tempo”(1965, p.7).

Apesar de que quase tudo o que Feinberg escreveu acima tem minha aprovação, sua ultima frase merece nossa atenção e crítica. O leitor já está avisado de que o mandamento para nós cristãos é: examine tudo, e fique com o que presta, com o que é bom! E muito do que Feinberg disse é bom, pois pode evitar que gastemos energia à toa. A crítica que fazemos é que infelizmente ele se apresenta muito radical e ignora por completo a ação do Santo Espírito de Deus sobre o temperamento e a personalidade. Não temos como enumerar os casos de transformação de personalidade que Jesus tem provocado em milhões de pessoas em todo o mundo. É evidente que Feinberg deixa em aberto a possibilidade de “a conversão religiosa” conseguir as tais mudanças, exatamente o que defendemos. A leitura contínua de seu livro nos dá, porém, a sensação de que sua abertura é na verdade apenas uma possibilidade intelectual que surge das necessidades argumentativas de seu texto, mas não que ele creia que “a conversão religiosa” possa propiciar a mudança comportamental.

A AMIZADE SEGUNDO CÍCERO

ícero é um dos homens mais brilhantes da história da humanidade. Sua reputação é muito boa nos círculos da boa política, da filosofia, da educação e da religião.C

Nos deixou uma obra de tamanho razoável.Entre seus escritos há um muito interessante que se chama “A Amizade”. Numa época em que a amizade em seu sentido mais profundo parece ser algo arcaico e irreal, época em que a traição mútua parece ser algo normal precisamos retomar com seriedade nossa preocupação com a amizade. E nesse sentido esta obra de Marco Túlio Cícero pode ser muito útil. A verdadeira amizade surge entre pessoas que são, sobretudo, sinceras consigo mesma e com os outros. E Cícero sabedor disso é realmente muito sincero em seu livro. Muitas coisas interessantes que constam em seu pequeno livro não podem ser expostas aqui em virtude do pouco espaço que temos. Digo apenas que no capítulo V, intitulado “O que é a Amizade?”, ele inicia com uma afirmação que pode levar o leitor apressado a rejeitá-lo, mas olhando seu pensamento mais de perto notamos sua profunda sabedoria.

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Eis a frase:

“Antes do mais, tenho para mim que amizade só pode existir entre indivíduos bons”.

Algumas coisas sobre a amizade já expus no texto do anexo 4 que o amado leitor lerá abaixo, mas não podemos deixar de comentar algumas coisas sobre a amizade.Cícero nos diz acima que amizade real somente entre indivíduos bons porque o que se vê entre os maus não é amizade mas interesse! A amizade de que falamos é aquela que pressupõe o respeito à pessoa que se ama de tal maneira que somente a bondade pode permitir. O amigo verdadeiro, que busca o bem se inclina de fato para pessoa que ele ama e busca respeitá-la. Ora, mas se não há “quem faça o bem”, como diz Paulo, como pode haver pessoas boas para depois haver amizade?Garanto a você que esta é uma interpretação falsa do texto, uma visão reducionista. Jesus garantiu que, de nós mesmos somos maus (Mt7), mas também ensinou que quem crê nele tem o Espírito Santo que nos torna bons para o próximo! Quem não ama não conhece a Deus!Desse modo, e esta é a visão dessa Igreja a qual nos empenhamos para cumprir, se um Obreiro da CCNA tem algo contra alguém, vá imediatamente resolver o problema. Nós não podemos tolerar Obreiros da Comunidade Cristã "Nova Aliança" maldizendo pessoas, inclusive pessoas que cedo ou tarde irão visitar esta Comunidade e então descobriremos que tal ou tal Obreiro não tem bons exemplos de amizade para que ganhemos mais pessoas e a obra de Deus cresça.

O OBREIRO E O CIÚME E A PRUDÊNCIA NO TRABALHO CRISTÂO : O Obreiro é uma pessoa pública! Dá-se então que ciúme e trabalho cristão não combinam. O Obreiro precisa respeitar seu cônjuge Obreiro e deixá-lo livre para trabalhar. Falando francamente quero aconselhar ao Obreiro ou Obreiro da casa de Deus que ainda não está liberto do ciúme: Se seu companheiro (a) é Obreiro (a), por favor, pare de infernizá-lo com suas desconfianças. Expulse de sua vida esse espírito de baixa-estima e aumente sua confiança, inclusive tratando melhor seu parceiro. Não seja agente causador da ruína espiritual e pessoal dele (a). Um Obreiro tem de ser uma pessoa livre e desimpedida de quaisquer pressões e desconfianças de esposo, esposa, namorada ou namorado. Deve ser livre para orar, abraçar, apertar a mão e olhar nos olhos de qualquer pessoa na igreja sem se preocupar com os olhares ciumentos de seu parceiro. Aqui na CCNA não compactuamos com esse tipo de comportamento. Livre-se dele, seja você Obreiro ou não!

Esta palavra aqui é muito conveniente, pois é muito fácil encontrar crentes inseguros e que por causa de sua insegurança faz marcação cerrada ao seu companheiro (namorado, noivo ou esposo) de tal modo que inviabiliza o trabalho na causa de Cristo.Isto é a tal ponto importante que considero mesmo importante retirar de um Obreiro ciumento qualquer de função publica na casa de Deus. E considero mesmo que um Obreiro ciumento não pode ser obreiro por diversos motivos que o leitor imparcial há de concordar:

a) o primeiro problema de um Obreiro ciumento é que ele tira a paz de seu companheiro quando está a sós com ele. Isto tenho visto e o leitor também, é, portanto, um fato inquestionável!Casais de namorados cristãos deviam ficar atentos a esse detalhe. Um namorado ciumento facilmente progride para um marido ciumento.

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b) em segundo lugar um ciumento não deve ser Obreiro, se não mudar, porque muito comumente o ciúme descamba em agressão física. Além do fato medonho e vergonhoso da agressão física (e considero agressão física até mesmo os pequenos beliscões que principalmente as mulheres dão em seus companheiros), a violência física causa um dano enorme à causa de Cristo.Alem disso o ciumento corre o risco de fazer acusações injuriosas contra pessoas que nem conhece direito. Com o sangue quente em uma nova crise de ciúme levanta-se conta aquele irmão e aquela irmã usando inclusive termos injuriosos e indignos como “aquela vagabunda...” e isto quando não aplica ao irmão ou irmã da própria igreja características ou nome de animais como a galinha, a vaca, o boi etc. É comum o ciumento ficar imaginando que alguém está sendo traído e o cônjuge dele não percebe. Sua mente é fértil.Obreiro deve ter “estabilidade emocional, empatia, competência” (Educação e Ética Cristã, ITPR, vol. 21, p.12), mas se não tiver o amor...

c) o péssimo testemunho dado pelo ciumento “cristão” à sociedade arranha e põe em contradição o principal motivo da existência do cristianismo bíblico: o Amor. Numa rápida olhada em I Co 13 este obreiro veria que o Amor não é ciumento!

d) não podemos mais suportar os casos freqüentes de Obreiros que vivem e duplicidade de vida posando de santo na igreja e sendo malvado em casa. Talvez o leitor saiba daquele garoto que vendo seu pai (um obreiro) durante os trabalhos num culto cutucou sua mãe e perguntou-lhe: “Mãe será que a gente pode vir morar aqui na igreja?”. “Por quê?”, quis saber a mãe ao que respondeu o menino: “Oh! porque aqui o papai é tão bonzinho...”. Veja o leitor que até uma criança percebe se seu pai ou sua mãe tem duas caras... E será que tipo de obreiro essa criança será, e isto SE quiser ser um obreiro.

Quanto à Prudência pedimos aos irmãos e irmãs: Obreiros, vigiem!Seja o amado Obreiro homem ou mulher, instruímos e solicitamos o mesmo que o Apostolo Paulo: que não dêem lugar ao diabo.Nem ao diabo nem a falatórios de ciumentos. Obreiros devem fazer seu trabalho com sabedoria e prudência sabendo que estão debaixo dos olhos de Deus e do povo. Não gostaríamos de perceber que Obreiros adotam comportamentos de apenas querem orar para pessoas do sexo oposto. (Não temos este tipo de ocorrência e esperamos que nunca a tenhamos). Não deve haver impedimento algum de um Obreiro (solteiro ou casado) orar por uma mulher e vice-versa. Se você participa desse curso e ainda não é Obreiro, por favor, seja nossa boca no meio do povo e elimine falatórios vãos. Se disserem que há Obreiros que agem errados diga ao falador: faz por decisão pessoal, pois a liderança da CCNA ensinou o certo!Pedimos aos homens prudências com suas roupas durante e fora do culto e, sobretudo cuidado para não dar margem a falatórios quando forem orar por mulheres na igreja. Obreiros homens devem evitar saudações com beijos na igreja. Nunca sabemos o que a situação pode gerar. Pedimos às mulheres que tomem cuidado com seus trajes pessoais durante e fora do culto. Não proibimos ou queremos controlar a vestimenta de quem quer que seja. Entendemos que se os jornalistas recebem orientações de apresentarem-se ao trabalho com “roupas sóbrias e que respeitem a audiência e as regaras de etiqueta” quanto maior cuidado devemos ter nós os que apresentamos as Boas Noticias do Reino de Deus.

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Assim dizemos que por ora o traje de apresentadores de televisão é, em geral, uma boa referencia para Obreiros cristãos homens ou mulheres.Repetimos que não estamos controlando a vestes de quem quer que seja, porem temos firme convicção que determinadas roupas devem ser evitadas por Obreiros porque trazem com freqüência embaraços e podem ser causa de sedução ou pode mesmo despertar o ciúme de mulheres inseguras.Responder “problema dela” não deve palavra boa nos lábios da irmã Obreira. Segundo a palavra de Deus a obrigação de evitar o mal é do Obreiro cristão!Igualmente pedimos aos Obreiros dos grupos de Dança e Coreografia que tomem cuidado com a sensualidade e trajes em suas atividades de culto. O caro irmão e cara irmã devem estar atentos a um fato simples: nossa época valoriza exageradamente o corpo, está permeada de um espírito de sensualidade. Desse modo quando a dança é praticada corre um risco enorme de descair para a sensualidade.Aconselho ainda a CRIATIVIDADE quando estiverem ensaiando os passos de modo que se evite copiar coisas de ímpios (apesar de sabermos que satanás não é dono de nada!). Devem ser passos e gestos que encham nosso culto a Deus de decência, como disse Paulo aos Coríntios.O Obreiro que lida com dança e coreografia deve saber que está a serviço de Cristo e que seu trabalho é um MINISTÉRIO CRISTÃO. Pedimos aos Obreiros responsáveis por estas áreas na igreja que leiam bons livros sobre o assunto, e não percam a oportunidade de fazerem cursos que contribuam para sua técnica, sem que se descuidem da preparação bíblica. Outro pedido: que os obreiros desses dois grupos se uma vez ou outra e façam trabalho em conjunto. Insisto com os amados que não toleraremos grupinhos e divisões na casa de Deus.

Essas são algumas idéias que se o Obreiro delas se aperceber não terá ilusões sobre o próximo.Mas antes ainda de passar para outro tipo ilusão que um Obreiro não pode ter quero dar outra palavra sobre o relacionamento do Obreiro com seu próximo. Todos os Obreiros de Cristo devem se preparar para lidar com a ingratidão com que muitas pessoas pagam o trabalho cristão que por elas fazemos em nome de Cristo. Por exemplo, ajudamos pessoas que tinham suas vidas destruídas e depois que melhoram, dão-nos as costas e até nos tratam com desdém. Apoiamos pessoas sem ministério fornecendo-lhes cobertura espiritual e depois somos friamente abandonados por elas. Oferecemos inclusive alimentos físicos, bens materiais (fogão, botijão, cestas de alimentos, roupas) e depois nos olham com desconfiança quando cometemos um pequeno erro perto dessa pessoa.E não é de espantar! Jesus ajudou o povo e na hora da escolha fatal este mesmo povo escolheu o Ladrão! O Obreiro deve saber que virão pessoas que nos amarão por algumas semanas e depois nos deixarão em busca de outra novidade!Deve saber que há pessoas que não param em igreja alguma. Pessoas com necessidades de realização tão profundas que não podemos supri-las nessas necessidades no pouco tempo que ficam conosco. Se ficassem mais tempo e elas se abrissem a nós talvez conseguiríamos ajudá-las. Mas não teremos tempo. Logo, logo elas se irão.

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3) Um Obreiro não deve ter ilusões para com Deus

Essa ilusão que descrevo é sempre comum como o amado leitor poderá notar.Tenho visto com freqüência pessoas que caem da fé por estarem iludidas com Deus. Como? Calma e explico.Principalmente em nossa época que possui mais farturas e facilidades a tendência geral das pessoas é querer satisfazer imediatamente suas necessidades e gostos. Alguns têm chamado este comportamento de Egoísmo ou Hedonismo. Arthur Holmes, em seu belo livro “Ética: as decisões morais à luz da Bíblia” chama apropriadamente de “geração-eu”. Ou seja, muitas pessoas adotaram um comportamento espiritual fundado não no modo de Deus operar ou no reconhecimento da Autoridade de Deus. Sem perceber estão agindo de acordo com oriundos de diversas formas de pensamento modernas entre eles aqueles oriundos da Tecnologia, do Mercado Financeiro, ou que são similares à Alimentação Fast Food. Vivem assim com uma visão errada de Deus e em muitos casos não fazem progresso em sua fé. E o manto morno do Hedonismo tem buscado nos esfriar também na igreja. Devemos ficar alerta.

Tecnologia: o pensamento binario Quem gerencia sua vida por meio de modelos tecnológicos é aquele que não pode compreender o todo: ele raciocina como o computador: Enter! Delete!Tornou-se um sujeito que não está aberto a negociação, não vê que entre sim e não podem existir grandes possibilidades, e grandes discussões. Seu olhar é reducionista, raciocina de forma binária: “estou sofrendo porque Deus não me ama!”; Entre o Sim do Amor de Deus e o Não que o sofrimento representa há um sem números de outras coisas que o pensamento binário ignora.Por trás desse raciocínio está a ilusão de que Deus deve responder sempre de acordo com nosso governo, nunca de acordo com o Seu Santo e Sapiente Governo. Precisamos aprender de uma vez por todas que Deus não está debaixo de nossa autoridade como um escravo que se submete às nossas vontades e interesses. Se não tomarmos outra direção tal ilusão desembocará em soberbia. E disso Nabucodonosor entendia! Mas esse mesmo homem nos deixou um texto dentro do Livro de Daniel, no qual ele nos ensinou que não compensa ser assim iludido. Em sua sabia instrução ele diz que não há na terra alguém que possa sequer perguntar a Deus por que Ele age desta ou daquela maneira. Em sua visão, aprendida depois de comer muita grama, Deus faz como, quando e do jeito que quer! (Dn 4.35), aprendeu que “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer” (Dn 4.32).Após seu longo aprendizado entre animais ele se dobrou à vontade de Deus e estava agor apto a dizer: “agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo e exalço e glorifico a Rei do céu, porque todas as suas obras são verdadeiras, e seus caminhos, justos e pode humilhar os que andam na soberba” (Dn 4.37). E é notável que esta ilusão com Deus tende a se estender para nossa relação com o próximo. O pensamento binário fecha a porta para a negociação, para a discussão, para a adaptação, para o debate que produzem maturidade, relações profundas, amizades duradouras, igrejas mais fortes e principalmente fé resistente em Deus. Quem não tem essa ilusão para com Deus mesmo que não entenda os motivos de seu sofrer segue em frente submisso a Deus acreditando que Deus tudo pode, tudo sabe e não quer dar pedra no lugar de pão ou serpente no lugar de peixe (Mt 7).

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Fulano não falou comigo porque está com raiva de mim”;Aqui também o absurdo do pensamento binário se manifesta. Semelhante aquele q foi treinado para aceitar o ENTER ou o DELETE, esta pessoa acha q se alguém não falou com ela é porque este tem algo contra ela.Será que o fato de alguém não ter falado conosco é porque está com raiva de nós?Q mente mais carente é esta? Que sensibilidade tão aflorada é esta q impede de pensar em coisas simples como, Fulano deve estar com algum problema, deve estar preocupado, depois vou falar com ele e ver se posso ajudar etc.

“Comigo é oito ou oitenta”; esta é outra tolice. Poucas vezes podemos usar este ditado. Entre 8 e 80 há pelo menos 72 duas outras possibilidades. O 72 é o símbolo da busca de soluções, da busca de razoes para as atitudes das pessoas. É inaceitável que as incontáveis e muitas vezes insondáveis variações e situações da mente humana sejam reduzidas tristemente em 8 ou 80! A tecnologia é boa! Nós, porem devemos nos vacinar para que nenhum vírus tecnológico nos infecte e arruíne todo nosso sistema. Se você já foi infectado, deixe Cristo, o Antivírus mais poderoso da vida humana passar em seu sistema de pensamento.

O Raciocínio de “Mercado Financeiro”

O Mercado tende a nos seduzir alegando que somos especiais, exclusivos mesmos.Não posso do ponto de vista Teológico negar isto. Mas a mesma visão teológica me ensina que minha especialidade tem limites, meu exclusivismo também. Se podemos dizer que o Homem é a coroa da criação devemos nos lembrar da maldade intrínseca de nosso ser. O mal está de tal modo impregnado em nós que Paulo disse que o bem que queria fazer não conseguia e o mal que não queria fazer fazia por causa do fato puro e simples de que ainda vivemos no corpo.

Mesmo que fomos salvos por Jesus há uma DICOTOMIA em nosso Ser em que uma parte se interessa em fazer a vontade de Deus e outra quer satisfazer os desejos da natureza adâmica que herdamos de nosso pai Adão.Com essa ilusão de que somos APENAS exclusivos e especiais somos entregues à ILUSÃO de que Deus certamente está debaixo da nossa vontade.Que o Obreiro não se engane: Deus não se rende a esse discurso que muitas vezes idolatra o Homem e coloca o Senhor como um mero realizador de nossos apetites carnais, cobiças e desejos de nosso corrompido coração. Veja o que o sábio e prudente profeta Jeremias escreveu:

“Enganoso é o coração mais do que todas as coisas, e perverso. Quem o conhecerá?” (Jr 17.9)

Seguir o coração para fazer exigências a Deus é erro crasso que um Obreiro não pode cometer. Deve combinar um pedir com fé com uma submissão amável à vontade de Deus, que é quem no final detém o poder sobre tudo e todos. O Raciocinio do Tipo “Fast Food”Esse raciocínio é semelhante aos dois anteriores. A diferença é que com ele enfatizamos a tendência moderna de não saber esperar. Tudo deve ser feito com rapidez. No plano espiritual não se quer mais esperar o trabalhar e os planos de Deus. Terminamos por cometer o erro que Jesus nos alertou, de não sabermos como pedir. Às vezes não recebemos AINDA e pensamos que já não recebemos DEFINITIVAMENTE.

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RESULTADO? Passamos a blasfemar e aí sim perdemos a nossa benção. Noutras vezes a nossa pressa nos leva a tomada de atitudes por nossa própria conta e entramos em estreitos e confusões. Estamos vivendo iludidos pensando Deus deve nos atender rapidamente. Um Obreiro não pode ter este tipo de ilusão. Se viver assim seu trabalho como Ministro de Cristo fracassará.

O Moderno Narcisismo ou a “geração-eu”Um belo dia, de tanto admirar a si mesmo no espelho d água Narciso caiu no lago e morreu.Este mito antigo tem aplicação sempre atualizada, pois em todas as épocas os seres humanos trazem consigo um amor próprio que facilmente descamba em egoísmo ético.Acima falamos de algumas formas de ilusão para com Deus que certos cristãos possuem. De certa forma todas elas são centradas no “eu”. Por isso gosto da expressão concisa e acertada de Holmes que, como disse, nomeia nossa contemporaneidade de “geração-eu” querendo indicar o profundo egoísmo e hedonismo de nossa sociedade atual. Seu texto é tão esclarecedor que se não o citamos literalmente e apenas o comentamos corremos o risco de mutilá-lo. Cito-o então longa e integralmente:

“Acostumano-nos a ver (o egoísmo) nos adolescentes, na tentativa de estabelecerem sua própria identidade, e nas tentações que nos chegam através da indústria da propaganda. Frases como ‘Assuma!’ e ‘Viva como bem entender!’ são apenas versões modernas do antigo ‘Comamos, bebamos e sejamos felizes’. Esses dizeres são a marca do hedonismo, a busca do prazer como objetivo supremo a alcançar.Outra forma é o narcisismo que se apodera da pessoa, que coloca a saúde e a aparência física acima de todas as coisas. Cada vez mais a satisfação pessoal é o objetivo supremo e tornou-se o centro de toda uma abordagem do aconselhamento psicológico. Para seres finitos e decaídos, num mundo confuso como o nosso, quão impróprio é imaginar que a satisfação é inteiramente possível! Como poderá o egoísta se isolar dos problemas dos outros por todo esse mundo? Ainda assim essa é a ‘geração-eu’, cujo individualismo gerou trágicos frutos, principalmente no casamento e na família, onde a interdependência, os objetivos comuns e os favores mútuos são indispensáveis. (...) E penso não ser exagero dizer que o nacionalismo autocentrado em qualquer país é simplesmente uma forma de egoísmo corporativo. A religião pode também tornar-se um meio de atingir objetivos egoístas de um individuo, algo que Screwtape, de C. S. Lewis, tirou grande proveito, ao seduzir seus seguidores. Hoje em dia o cristianismo evangélico tem servido, senão para a satisfação, pelo menos para que certos indivíduos alcancem objetivos inteiramente pessoais. Puro egoísmo” (Holmes, 2000, ps35,36).

A força do texto de Holmes fala por si só.

Acredito que essas poucas formas de ilusão para com Deus que descrevemos acima são suficientes para dar ao leitor ferramentas para evitar outras formas de ilusões para com Deus.

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TEOLOGIA PASTORAL

termo Teologia Pastoral às vezes pode iludir o candidato a Obreiro porque sugere uma atividade vinculada diretamente ao trabalho do Pastor.O

O pastor e escritor assembleiano Claudionor Correa de Andrade no seu Dicionário Teológico, cuja leitura indicamos com fervor, diz que a Teologia Pastoral é a “doutrina que tem por objetivo apresentar as razões, funções e reivindicações do ministério cristão conforme preconiza o Novo Testamento” (1999, p.274).Discutiremos, portanto, o assunto nesses três aspectos básicos: razões, funções e reivindicações da Teologia Pastoral. As razões para a existência de uma Teologia Pastoral são muitas, mas podemos focar na seguinte questão: Cristo veio até nós trazendo do Pai a salvação para a ração humana.A razão principal da Teologia Pastoral é, portanto a continuação do trabalho de Cristo por intermédio de todos os cristãos salvos. Desse modo é um teólogo pastoral todo cristão, todo Obreiro que tem como firme objetivo agir na sociedade com ferramentas da Teologia Bíblica. A Teologia Pastoral tem seu auge no Novo Testamento, com o trabalho de Jesus, mas seus fundamentos se encontram no Antigo Testamento. Todos os ministros cristãos são em algum nível pastores de alguém. Quem guia alguém nos caminhos da fé, aconselha, ora por alguém é essencialmente um pastor. Nem todos são institucionalmente pastores, mas são essencialmente pastores. Desse modo a função de teólogo pastoral é de todos os obreiros. Quando Paulo diz que o Obreiro deve estar apto a ensinar esta apontando uma função da Teologia Pastoral que é o ensino. Cuidar do rebanho assim é função geral do Pastor, mas cada Obreiro que coordena um departamento na Igreja é pastor de seu grupo e quem primeiro deve responder por este grupo. PSICOLOGIA dos TEMPERAMENTOS Alem do conhecimento da Escritura é fundamental então ter algumas noções de Psicologia.O principal elemento e motivo principal da Teologia Pastoral é o ser humano sendo assim para desempenharmos melhor nossa tarefa temos de conhecer o ser em sua constituição psíquica e social. E aqui que a Psicologia pode nos oferecer algumas ferramentas. Uma coisa que interessa a psicólogos é a questão dos Temperamentos humanos. Há varias teorias dos temperamentos e veremos algumas delas (ver transparências). Alguns defendem que há uma relação entre o tipo físico e o comportamento; outros apontam para características como sinestesia etc. Há uma que aprecio muito e que é atribuída a Galeno, famoso medico antigo. Esta Teoria dos Temperamentos propõe a existência de quatro temperamentos principais: fleumático, colérico, sanguíneo e melancólico. Deter-nos-emos nesta por a considerarmos mais eficiente. É de suma importância conhecermos um pouco sobre temperamentos.O antigo mito da esfinge que propunha um enigma a quem passava por ela é muito apropriado.

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A Esfinge monstruosa e violentamente faminta surpreendia quem passava por ela com a seguinte pergunta: O QUE É O QUE É: DE MANHÃ TEM QUATRO PATAS,DURANTE O DIA TEM DUAS E NO FINAL DA TARDE TEM 3? E então ameaçava: DECIFRA-ME OU TE DEVORO!Édipo chegava à entrada de Tebas onde estava a Esfinge e “pela agudeza de espírito” deu a resposta certa e livrou a cidade da ameaça da Esfinge.A pergunta astuta na verdade objetiva levar a cada um a conhecer-se a si mesmo. Você sabe a resposta?

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Quem não procura conhecer-se melhor pode vir a ser devorado por monstros externos e internos da psique e da personalidade. Devemos nos lembrar que só estaremos livres deles completamente quando estivermos com Cristo (Jo 16.33; Rm 7.20,21). É claro que esses monstros internos de que falo não são os “demônios pessoais” que Paulo Coelho erradamente ensina. Satanás existe sim e negar isto é dizer que Cristo endoidecera, visto que o Mestre falou som o diabo. Coelho chama emoções como ódio, raiva, inveja etc. de “demônio pessoal”. A Bíblia Sagrada porem ensina outra coisa. Ensina que com a Queda nossa natureza se corrompeu e herdamos muitas tendências opositoras ao Bem. Apesar de ainda vivermos no corpo, aprendemos na Escritura que quando somos salvos por Cristo recebemos ajuda do Espírito Santo para produzirmos bons frutos lutando, todavia contra a nossa “carne”. Muitos problemas de relacionamentos em Igreja, empresas etc. tem suas origens no desconhecimento dos Temperamentos. O senhor colérico grita com o sanguíneo e o altar se enche de fogo, não de Deus, mas da discussão. Se o colérico soubesse disso não agiria assim com o sanguíneo que apesar de mais tolerante e calmo, se acossado, perde o humor e o medo (receio) habitual e ataca. Diferente do colérico a chama do sanguíneo se apaga logo. Perdoar lhe é (parece) mais fácil. O colérico é pratico, manda, portanto; o sanguíneo é pusilânime, indeciso, barulhento e falador. A mulher é colérica e o homem fleumático. Que combinação boa!Porem se não se conhecerem...O fleumático sossegado quase tem a casa no chão e diz, passando a mão na cabeça: “calma, eu vou arrumar.” O sanguíneo quer ensaiar mais e o colérico diz: “ta bom! Quem não gostar que se dane!” e o melancólico começa a filosofar “é que...”.A irmã fleumática que canta naquele grupo diz: “hoje eu não vou à igreja. Não farei falta, as outras se virarão bem sem mim”. Ela deve aprender a ser motivada e não se desvalorizar.Concluindo acrescento apenas duas observações sobre melancólico: A primeira é positiva e fala de seu gosto por idéias claras e coisas limpas e organizadas. Isto é muito bom. Faz com que ele seja mental e emocionalmente mais transparente. É bom de lidar.Mas isto que é uma qualidade pode se transformar em defeito grave causador de muitas intrigas ao seu redor, pois o melancólico quer tudo limpissimo e se alguém sujar... se alguém tirar algo do lugar após ele ter arrumado... Senhor Jesus nos ajude. Por isso, cuidado melancólico!Deixei para o final a seguinte observação: amado irmão e amada irmã não pense que existe um temperamento bom e outro ruim. Todos os Temperamentos possuem estes dois aspectos.Acredito que com empenho pessoal e ajuda do Espírito Santo cada pessoa pode reforçar os aspectos positivos e enfraquecer ou mesmo eliminar os aspectos negativos do seu Temperamento. Solicito a você leitor e amigo participante desse curso aqui na CCNA que não use esta aula para fazer acusações a amigos e parentes. Nosso objetivo é construir e unir. Se forem fazer correções mutuas que o façam com amor, humor e espírito cristão.

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INTRODUÇÃO AO CONSELHAMENTO BÍBLICOo falar sobre este tema sempre me esforço para tirar das mentes de meus ouvintes e leitores o falso conceito de que “se conselho fosse bom não se dava, vendia”. A

Afora o fato de que quem diz assim já está dando um conselho (que não é bom, por sinal e nada vale) é óbvio que quem rejeita conselhos rejeita os conselheiros. E como pode rejeitá-los se o próprio Jesus é um deles, o Maior Conselheiro? (Is 9.6).Somente os soberbos que são dados a contendas e orgulhos rejeitam conselhos, diz a Bíblia.Já a Sabedoria pode ser achada entre as pessoas que se aconselham mutuamente! (Pv 13.10).

Pois bem, uma parte importante do trabalho de um Obreiro é o aconselhamento que deve ser fundamentado nas Escrituras. O Obreiro deve ter noções de Psicologia que lhe servirão de ferramentas de trabalho, mas deve inicial e substancialmente estar nutrido de conselhos Bíblicos para que possa dizer “uma palavra ao que está cansado” (Is 50.4). O conselheiro cristão deve ter meta e método. Sua META é ajudar a resolver conflitos e apresentar propostas bíblicas para a vida do orientando. Quanto ao método existem muitos deles. Conhecendo alguns o Obreiro pode escolher o mais adequado a cada caso ou pode até usar o método eclético que “emprega, simultaneamente ou não, os vários métodos, de acordo com a natureza do problema” (Scheeffer, 1981, p26).Segundo ela os métodos podem ser AUTORITÁRIO, EXORTATIVO, SUGESTIVO, CATARSE, DIRETIVO, INTERPRETATIVO, NÃO-DIRETIVO (ou passivo) e ECLÉTICO.No método Diretivo, por exemplo, o conselheiro dirige a entrevista (a conversa) e inclusive emite opiniões pessoais que o orientando pode seguir ou não. O conselheiro pensa PARA o orientando. No método não-diretivo o conselheiro pensa COM o orientando. Isaías 50.4 sugere o método diretivo, pois deve falar uma palavra, emitir sua opinião. Segundo Scheeffer o “aconselhamento visa facilitar melhor o ajustamento do individuo (já que o) ajuda na tomada de uma decisão e na melhor utilização de recursos pessoais” (p.18).Apesar de concordar com ela, observamos que devemos como cristãos entender que nem sempre os recursos internos que a pessoa tem são suficientes ou adequados, do ponto de vista espiritual.Sua frase se ajusta melhor em casos de aconselhamento profissional. Insistimos no apego à Bíblia para o conselheiro não apenas porque reconhecemos a força histórica dos conselhos bíblicos nos rumos da raça humana, mas também porque o histórico de erros de diagnósticos feitos por psiquiatras e psicólogos é algo preocupante e que retira da Psicologia e Psiquiatria boa parte da sua autoridade para dizer o que o aconselhando tem ou não. Não estamos de modo algum rejeitando essas atividades como úteis. Há inúmeros profissionais capacitados e preocupados com o bem-estar humano e fazem seu trabalho com responsabilidade e respeitam a dignidade humana.Aqui estamos como conselheiros cristãos a demonstrar a utilidade, autoridade, confiabilidade e o sucesso do aconselhamento bíblico. Não há problema algum em aprendermos sobre técnicas e métodos de aconselhamento dessas áreas citadas desde os confrontemos com o método bíblico. Tais ferramentas deverão se adaptar a Autoridade das Bíblia Sagrada e não contrario. O que denunciamos aqui são as contradições entre relatórios de psiquiatras e outros absurdos cometidos por alguns profissionais e “especialistas” da mente (como o irmão participante poderá notar na leitura dos casos verídicos que faremos aqui). A própria Scheeffer nos conta em seu livro Aconselhamento Psicológico (1981) que um pesquisador (talvez americano) chamado Ash fez uma pesquisa com 52 pacientes homens com problemas de personalidade (sem psicose) e foram examinados por 3 psiquiatras diferentes. “Apenas 20% dos casos houve concordância dos profissionais; em 45% apenas dois profissionais concordaram; 35% apresentaram absoluta discordância”. Alem disso “estudos

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realizados por Eysenck também comprovam a escassa fidedignidade dos diagnósticos psiquiátricos” (Scheeffer, p.80). Discordâncias tão gritantes fazem-nos ficar desconfiados de alguns profissionais e reforçam em nós ainda mais a convicção da validade do método bíblico de aconselhamento. Muitos profissionais (principalmente os ainda influenciados pela escola rogeriana6) não aceitam a modelo que surge da Bíblia principalmente por julgá-lo autoritário e diretivo. Pessoalmente gosto de optar pelo método Ecletico. Como o nome o diz é baseado em fundamentos de outros métodos.

O aconselhamento:Técnicas não-diretivas as “mais recomendadas no inicio do aconselhamento quando o orientando está narrando sua historia, e fim de permitir a liberação do conteúdo emocional”, o que costumamos chamar de CATARSE, em Psicologia (Scheeffer, P. 100). assim que conhecemos melhor a pessoa ou o problema podemos usar por exemplo o método não-diretivo combinado com o método diretivo, desde que tenhamos realmente a acrescentar.Um conselheiro não pode “encher lingüiça”. Se não tem o que dizer seja humilde e use o método catártico (deixe a pessoa falar) e conclua com a declaração verdadeira de que irá orar a Deus em busca de resposta e da solução do problema. Se estiver orientando um cristão com algum tempo de fé esperamos que este já possui uma bagagem de conceitos bíblicos talvez um método não-diretivo funcione o tempo todo da conversa, ou seja se você for um Obreiro de boa reputação cristã o fato de apenas ouvir a pessoa você a levará a refletir de modo bíblico e seguro. Veja a importância da REPUTAÇAO do conselheiro cristão!

Uma coisa importante de um conselheiro cristão é que ele não deve confundir carranca e cara feia com exortação. Exortar é animar pela palavra de motivação e correção amorosa. Se o aconselhando não confiar no orientador não pode haver aconselhamento cristão.

O CONSELHEIRO DEVE GUARDAR SEGREDOJá desde o inicio a pessoa deve ter garantias de que o conselheiro não dará co “a língua nos dentes” contando a todos o que foi confessado em uma entrevista de aconselhamento.Se servir de exemplo falo de minha experiência como orientador. Tenho por meta não contar a ninguém os resultados confidenciais de uma entrevista. Há coisas que conversamos que não são confidenciais, mas há muitas delas que são. Quem não pode ou não consegue guardar segredo NÃO PODE SER CONSELHEIRO CRISTÃO. Ruth Scheeffer, com quem aprendemos muita coisa escreveu em seu livro: “O ORIENTANDO PRECISA SENTIR QUE SUA RELAÇÃO COM O ORIENTADOR É ABSOLUTAMENTE SEGURA E SIGILOSA” (P.121).

Sem hipocrisia tem grande admiração por padres que guardam segredos das confissões que ouve. Belo exemplo que devemos imitar. Mas atenção: podem existir casos em que nem mesmo o fato de que a pessoa buscou o conselheiro cristão deve ser revelado. Cuidado, conselheiro! Ainda sobre os métodos mais conhecidos e sua relação com o método cristão dizemos o seguinte:A visão cristã do homem, a meu ver impede o conselheiro cristão de ser exclusivamente rogeriano, mas o impele a ser diretivo também. Sendo o Obreiro cristão um sacerdote (figura arquetípica dos métodos diretivos) não pode se envergonhar de sugerir ou mesmo ordenar uma

6 De Carl Roger40

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mudança de postura do orientando, desde que o faça baseado no bom testemunho e na palavra de Deus.

Frederick Thorne foi um dos principais defensores do método Eclético.Ruth Scheeffer diz que até mesmo Thorne admitia que “certo grau de diretivismo é inevitável em qualquer tipo de aconselhamento” (Scheeffer, p.101).

“Erickson, inicialmente diretivista, defende agora a orientação eclética. Aceita também a idéia de a mesmo numa só entrevista podem-se usar varias técnicas. Acha que a excessiva aderência a um só método torna o orientador menos flexível” (p.101). Concorda assim com Giovanni Pico de La Mirandola, intelectual renascentista que disse ser típico da mente tacanha ater-se apenas a uma escola de pensamento!

Um conselho ao conselheiro cristão: cuidado com presentes e mimos recebidos de pessoas aconselhadas. Eles são bem-vindos, mas podem significar muitas coisas. Se for apenas um agradecimento tudo bem.Conselheiro, seja criativo e, sobretudo movido pelo amor ao próximo.

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ANEXOSessa parte de nosso curso incluímos alguns anexos que julgamos importantes de serem discutidos. Os estudos são referentes à Oratória, Relações Humanas (Amizade).N

Sobre música temos um sobre Bob Marley e sua obra, Música coral (que nos permitirá falar sobre música e sociedade, fazermos uma Introdução a Analise Musical e questões envolvidas no trabalho dos Grupos de Louvores).Temos ainda sobre Heresiologia e Apologetica (Os Irmãos de Jesus e a Mariolatria).

Espero que esta parte do curso seja realmente útil para sua vida, caro irmão participante.

ANEXO 1 Tendo realmente como importante para um obreiro o saber falar bem e que este Obreiro deve desde cedo se preocupar em desenvolver esta habilidade de falar bem, incluímos a seguir um texto sobre Oratória. Originalmente o escrevi para minha amiga Tatiana. Por isso conservei o formato original.

A Arte Oratória e Sua Missão

Dedicado à minha amiga Tatiana Xisto Autor: Osnir Gonçalves Ferreira7

Introdução

Muitos de nós estamos envolvidos com a oratória. Somos oradores para um cliente, um paciente, um filho, um esposo, namorado ou na tribuna da câmara, no púlpito da igreja ou na missa ou numa palestra etc.Quando iniciei falando de muitos, tinha em mente aquelas pessoas que de fato fazem uso da oratória como arte e ciência da boa comunicação.E já é hora de indagar se ser bom comunicador em sentido meramente técnico, em coisas como boa dicção, bom vocabulário, vasta cultura etc, é mesmo suficiente? Um orador não deve se preocupar com seu ouvinte dizendo lhe a verdade? As responsabilidades que a oratória cristã me exigiram deram-me a noção clara de que muitos dos bons oradores que vemos são na verdade e apenas bons oradores, mas não são oradores bons e éticos, morais (e talvez sejam frutos de uma sociedade na qual falar de ética e moralidade soe como fanatismo, religiosidade etc.).

Dissertemos sobre a oratória, sobre um falar ético, sobre a oratória como sendo uma atividade, uma habilidade (inata ou desenvolvida) que tenha uma visão ética e uma consciência de sua missão. Falemos um pouco sobre a história da oratória, da oratória de Cristo, Paulo, dos gregos,

7 Autor: Osnir Gonçalves Ferreira.

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dos primeiros cristãos e da oratória popular dos protestantes na época da Reforma até a modernidade. Motivos para escrever este texto

Assisti a uma palestra de minha amiga Tatiana e ela se saiu muito bem. Tem talento. Depois de sua fala, conversávamos sobre a importância e a responsabilidade da oratória quando ela disse: “A palavra é a coisa mais perigosa do mundo”. Exagero dela? Claro que não! Sua frase revelou-me que ela sentia a responsabilidade que é falar em público. Muito possivelmente sua consciência vem de sua experiência como Catequista na Igreja católica romana. Então resolvi escrever este texto para aprofundar o assunto e justamente oferecer a ela.

Formas de Expressão Humana

Pois bem, indaguei se era exagero dela dizer que “a palavra é a coisa mais perigosa do mundo” e respondi dizendo que não. Pois o leitor lembre-se de Hitler, Stalin, Slobodan Milosevic, o aiatolá Khomeini e outros. Quem já assistiu os discursos de Hitler sabe dos perigos que a palavra pode representar. Não digo apenas as pessoas de Hitler, Lênin... digo principalmente suas palavras. A aparência, a voz os gestos do orador são importantes, sei, mas se Hitler se pusesse a gesticular até ficar suado, com o cabelo escuro e liso a grudar-lhe na testa sem pronunciar palavra alguma, que motivação poderia insuflar? Que ideologia poderia inculcar? Não prego aqui a desvalorização do gesto dando ênfase apenas à palavra. Entendo que as habilidades motivadoras do gesto são muito mais evidentes se aliadas à palavra.Alguém pode levantar a questão das Línguas Gestuais, tão fundamentais na inclusão social em nossa época, e que aparentemente não se valem da palavra. Pode alegar que lá, sem palavra ocorre uma comunicação eficiente. Respondo com palavra dupla: primeiro não nego a validade e a capacidade expressiva dos gestos! Segundo, não se pode negar que a palavra, em muitos casos, será sempre superior a expressão gestual e que muitos de nossos amigos com essa necessidade especial da fala anseiam por um dia em que pudessem falar!A própria designação Língua Gestual ou de Sinais pressupõe uma relação com a língua falada, uma vez que os códigos gestuais da Linguagem Gestual comunicam muitas vezes os códigos da língua falada. Ou seja, a designação “língua gestual” pressupõe um desejo fervente, profundo, ingente, urgente e sofrido de inteirar-se do mundo dominado pela palavra. É assim que a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) procura expressar fatos, dados, emoções e idéias da cultura brasileira onde os gestos “soletram” a língua que é falada.Tenho então que entre as formas de expressão e comunicação humanas, a fala é a que consegue resultados maiores e mais práticos, especialmente para comunicar fatos e idéias mais relacionadas ao consciente. (Além disso, é pela palavra que muitas descobertas do inconsciente são divulgadas na sociedade, como as conferências de Freud, depois convertidas em palavra escritas).

Com isso não suponho que a fala seja a única forma de comunicação. A pintura é uma linguagem, assim como o é a música, a dança, a escrita, o cinema (inclusive o cinema mudo), o teatro. Todas essas linguagens, e outras não descritas, como as digitais, podem comunicar sutilezas, variações e cromatismos da mente. É por isso que estar ligado, no mínimo que seja, a diversas linguagens pode aumentar a comunicação entre pessoas. Comunicação vem do latim “comunicare”, e significa “tornar comum”.

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E há informações e desejos na mente, impossíveis de serem verbalizadas e cuja expressão até mesmo sendo necessárias para o equilibrio das estruturas bio-psíquicas, só podem se dar por outras linguagens que não a fala! Digo de outra forma: admito que a música, a pintura, etc. conseguem comunicar formas de vida interiores (muitas vezes não compreendidas ou conscientes para o próprio indivíduo) que, mesmo que se torne consciente, não são aptas à expressão pela palavra falada.Deixo bem explicado então que nosso alvo aqui é a fala e o leitor não deve pensar assim que menosprezamos outras formas de comunicação e expressão.

Ética e Oratória

Pois bem, dito que não se trata de menosprezar outras formas diferentes de linguagem, lembro que desde o início falamos sobre a Oratória, tema principal dessa dissertação, expondo sobre a responsabilidade do orador que não pode valer-se de suas habilidades para manipular, ou seja, a Ética do orador.O orador que observa as relações humanas (na arte, religião, família, política etc) terá muito material para suas falas. Mas como irá lidar com os resultados de sua pesquisa se não for um mínimo ético? Falando especialmente ao orador cristão, este deve ser primeiramente ético porque sua formação espiritual (mais exigente na questão da Verdade do que a moral relativista) pede-lhe que fale a verdade e não faça observações pela metade. Sua ética diz que se for intelectualmente desleal em sua exposição será fatalmente descoberto, pois “não há nada encoberto que não há de revelar-se”, disse Jesus. A relação entre ética e oratória opera assim um senso de responsabilidade para com o que se ensina.8 O orador preocupado com a ética reconhece a Verdade onde ela estiver e compra-a!Ama a Verdade e busca-a, pois tem como preceito que é a “falsa testemunha que profere a mentiras” (Pv 6.19). Luta para conseguir dizer “são justas todas as palavras da minha boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida”, como diz a Sabedoria (Pv 8.8). A ética e a humanidade do orador, porém, não o permite dizer que a verdade pode ser encontrável em todos os sistemas filosóficos, artísticos, políticos e religiosos, e explico: o fato de Gandhi dizer UMA verdade não implica que todo seu Hinduismo seja A verdade.Por exemplo, o Gandhi que declarou seu respeito ao Sermão da Montanha e criou a Doutrina do Satiagraha (resistência pacifica) muito certamente influenciado pelo preceito de Cristo de que devemos dar a outra face e não devemos pagar a violência (e confesso abertamente que esse ensino da satiagraha é realmente útil), sim o mesmo Gandhi acreditava e divulgava o Bhagavad Gita (nome de uma parte importante da Escritura Sagrada da Índia, talvez a parte mais conhecida no Ocidente) onde se diz que Deus criou o Sistema de Castas, essa funesta e acepciosa divisão de pessoas. A Satiagraha não me leva de modo algum a concordar com Gandhi em seu amor por este livro indiano. Tenho visto oradores ignorantes, influenciados por outros oradores igualmente ignorantes, declararem que “cada um tem a sua verdade” ou que “há muitos nomes, mas Deus é um só”. Será?Tupã, o deus indígena é o mesmo nosso Deus, apenas com outro nome? Será mesmo que nosso Deus ordena que matemos crianças nascidas com deformidades físicas? Nosso Deus ordena que

8 Não podemos nos esquecer que o orador não tem, necessariamente, de estar numa tribuna, num altar ou púlpito para ser declarado ORADOR. Orador é quem fala, quem diz, quem comunica um dado ou fato, ou reflete verbalmente - com ou para uma ou mais pessoas - sobre um tema ou um assunto. Toda comunicação possui obrigatoriamente, além de um receptor da mensagem, um orador emissor -, quer chame a comunicação Palestra, Conferência, Pregação, Canto -de uma música - ou um Livro escrito. Sim, quem canta ou escreve pode ser um orador no sentido de que é portador de uma mensagem.

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arranquemos a sangue frio o clitóris da vagina das moças para que estas mulheres não sintam prazer sexual? Estou absolutamente certo que não! De modo que comparar nosso Deus com o Alá do Alcorão ou o Krishna do Gita é um tremendo engano intelectual e espiritual. Esses oradores, na verdade, têm medo de se parecerem fanáticos aos olhos da modernidade e adotam um discurso pseudotolerante e impossivelmente holístico.É visível a perplexidade desses oradores quando lhes damos ciência de tais absurdos nesses livros “sagrados”, desses deuses, desses livros e da irracionalidade dos discursos sem raízes (pois Radical quer dizer apenas que... tem raiz e nada tem a ver com fanatismo!) que eles proferem onde estão!9

Se disser que a Verdade não é relativa eles respondem que “tudo é relativo”.Ora, é contra os princípios da boa lógica, da boa argumentação afirmar que tudo é relativo e que por isso não há verdade absoluta, pois se essa frase “tudo é relativo” for verdadeira então há pelo menos UMA VERDADE ABSOLUTA que é a frase “tudo é relativo” o que torna esta frase uma afirmação falsa!!!Dito de outro modo: para ser verdade que “tudo é relativo” a frase “TUDO É RELATIVO” não pode ser relativa, mas deve ser absoluta. Desse modo se há pelo menos uma frase que traz uma verdade absoluta, ou se há pelo menos uma verdade absoluta então a existência desta torna-se evidência científica de que pode haver outras frases verdadeiras. E se há frases verdadeiras isto também é evidencia de que existem frases falsas. (E não precisaria discorrer sobre isto aqui, pois já proferimos ou ouvimos uma frase comprovadamente falsa, apesar de que nem todos mentem o tempo todo e o cristão em especial deve abolir a mentira de seu discurso).Finalmente se há uma frase absolutamente verdadeira (“tudo é relativo”) então pode haver outras de modo que esse pensamento relativista de que “não há verdade absoluta porque tudo é relativo” é falso desde a base e rápido se apodrece por ser uma árvore que carrega o verme da destruição desde a época em que era semente e crer ou alimentar-se dessa árvore é risco potencial de envenenamento intelectual e espiritual, pois o verme da falsidade já está no fruto.Tenho convicção de que esse tipo de discurso não é o que deve permear a oratória com uma missão claramente construtiva e preocupada com a ética e a verdade.

Mas o que é oratória?

Falamos de ética, responsabilidades etc, mas, o que é de fato oratória? Vamos procurar uma definição.

O Mini-Aurélio (2001) diz: “oratória: arte de falar em público”. Em retórica o Aurélio diz: “eloqüência; oratória; conjunto de regras relativas à eloqüência”; diz também em eloqüência: “capacidade de exprimir-se facilmente; arte de persuadir, comover etc, pelas palavras”. Dessas três vemos que falar fácil, falar bem e conhecer as regras são as exigências principais da boa fala em publico. Não convence quem fala mal ou difícil por pedantismo. Convence quem fala fácil e claro (sem ser vazio), prolixo, apesar de que a repetição bem dosada é uma das ferramentas da boa oratória.Chamada retórica pelos gregos e de oratória pelos romanos esta atividade era desde os gregos uma área de estudo das possibilidades da fala e da “capacidade de gerar a persuasão”

9 Note o leitor os seguintes trechos do Alcorão: “matai os idolatras onde quer que os encontreis e capturai-os e cercai-os e usai de emboscada contra eles...Quando no campo de batalha, enfrentardes os que descrêem, golpeai-os no pescoço... até que paguem humilhados o tributo (Jyza, uma taxa especial para os não muçulmanos) e combatei-os até que não haja mais idolatria...” (Sura 9.5; 47.4; 9.29; 8.39. Série Apologética ICP, vol.II, p.104).

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(Aristóteles, s/data, Arte Retórica e Poética, p.34), mas quase sempre relacionada à ética. O próprio Aristóteles, por exemplo, “seguindo o pensamento socrático, é de opinião que a Retórica, como arte de falar em público, ‘deve estar a serviço da verdade” (Dantas, 1984, p.16), considerando mesmo “muito errônea a afirmação de certos autores de artes oratórias, segundo a qual a probidade do orador em nada contribuiria para a persuasão pelo discurso. Muito pelo contrário, o caráter moral deste constitui, por assim dizer, a prova determinante por excelência” (Aristóteles, p.35).Mas passemos à eloqüência.Muitas vezes dizemos que o eloqüente é aquele que “tem o dom da palavra”, tem habilidades persuasivas. O eloqüente está assim além do bom orador. Temos notado que os eloqüentes são pessoas que, além de uma facilidade natural para se expressar pela fala, tem boa auto-estima. Mas podemos aprender a eloqüência? Podemos dizer que sim. Há casos inclusive de mestres da eloqüência que tinham sido gagos10. Fatores psicológicos7 ou aqueles ligados à aparência bloqueiam severamente alguns oradores que se isolam e travam suas habilidades verbais, não falando em público por se envergonharem de sua estatura, cor da pele, deformidades físicas, magreza, obesidade e outros entraves horrendos, despropositados e desnecessários. Poderiam atentar para a idéia de que, sendo ético o orador, são as palavras que possuem valor pela verdade que apresentam11. Jesus, por exemplo, está escrito, que era sem formosura sim, Jesus não tinha formosura, era fisicamente pouco recomendável. (Admira-me ver as pinturas e imagens de um Jesus com traços europeus... não será “falsa a inspiração do pintor”, como diz a música de Feliciano Amaral?). Mas oh! como era eloqüente! Poderoso nas palavras, sendo ele próprio, na definição de São João, “A Palavra” (Jo 1.1). E é esta responsabilidade do Orador que Jesus evoca quando diz que “toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo, porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado” (Mt 12.36,37). Consciente dessa responsabilidade com o ouvinte (o próximo) o orador revela que é um “homem bom que tira boas coisas do bom tesouro do seu coração” (Mt 12.35).O bom tesouro é o bom arquivo, o conhecimento ético, humano, amoroso, sério, firme e vinculado à Verdade.

A Homilética No Seminário Teológico o aluno cursa a matéria Homilética, uma forma bastante particular de oratória.“A palavra Homilética deriva do grego ‘homiletike’ ( que significa ‘o ensino em tom familiar’. No grego clássico temos ‘homilos’ – multidão assembléia do povo – e o verbo ‘homileo’, que significa conversar. De homileo adaptou-se o termo ‘homilia’’” (Cabral, 1999, p.15).Se muito da oratória grega possuía finalidades políticas, jurídicas e era altamente formal, a cristã era mais simples popular. Se os gregos chamavam esse discurso de Retórica (de retor) também chamavam de “homiletike” o ensino mais informal, exatamente como aqueles que os cristãos primitivos faziam não somente em virtude do tipo de mensagem que pregavam, mas por causa da perseguição que sofriam que os obrigava a uma discrição intensa. Não podiam ser expansivas, mas tinham de ser intimistas, quase pessoal, muitas vezes nos subterrâneos da cidade de Roma, em catacumbas etc. Praticavam assim uma “homileo”, uma conversa, mesmo que tivesse um 10 “Geralmente a gaguez é resultado de dificuldades de ritmo do aparelho respiratório, fobias de articulação ou problemas de ordem psicológica. A dificuldade em articular palavras é o principal problema do gago, mas pode ser tratada com especialistas” (Cabral, p. 23)11 Tilo Júlio Fedro (escritor latino que nasceu por volta do ano 20 a. C.) escreveu “Quicumque fuerit ego narrandi lócus, dum capiat aurem et servet propositum suum commendantur, non auctoris nomine”, ou, na tradução de sacerdote católico e ex-professor da Unesp, Luiz Feracine (in Fedro: Fábulas): “Seja lá qual for o tipo de mensagem, desde que cative o interesse e sirva de veículo para seu objetivo, recomenda-se por si mesmo e não pelo nome do autor”.

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grupo considerável, como homilos indica, deveria ser algo muito em tom familiar. Por exemplo, sabemos que era comum uma pessoa levantar a mão e o orador dar-lhe à palavra. Era de fato muito informal a oratória cristã, era sim uma homilia. Assim a presença da matéria Homilética em nossos seminários além de dar ferramentas iniciais para a atividade de orador do futuro ministro, coloca-o em contato com as diversas manifestações da Oratória. É claro que depois que os cristãos puderam pregar livremente em público a homilia se tornou mais elaborada e os oradores cristãos se deixaram influenciar tanto pelos retóricos gregos como pelos oradores latinos a um tal ponto de a pompa do falar ser tamanha que os sacerdotes católicos tinham por certo que só seria uma prédica veraz se o sermão tivesse divisões técnicas especificas e, pior, se fosse orado (falado) em latim, língua que poucos entendiam entre o povo. Não é verdade que até o Concilio do Vaticano II (na década de 1960) o sacerdote pregava (falava) em latim e de costas para o povo? A comunicação era mínima! Não apenas os signos lingüísticos eram estranhos aos ouvintes, mas os valiosos elementos expressivos do gesto, da expressão facial estavam longe do alcance dos fiéis.

Exibicionismos na Oratória

Erasmo de Rotterdam (1469-1536)12 disse que a Loucura fez um discurso sobre si mesma, um “ELOGIO DA LOUCURA” (este é o nome de seu livro famoso). Eis então o que diz a Loucura no “exordium” (abertura) de sua fala:

“Pareceu-me melhor imitar esses retóricos de nossos dias, que se consideram como deuses por usaram a dupla como a língua das sanguessugas e acham maravilhoso inserir em seu latim alguns vocábulos gregos, mesmo fora de propósito, como mosaicos de seus discursos. Se acaso lhes faltam palavras estrangeiras, recorrem a pergaminhos bolorentos, de onde se extraem quatro ou cinco velhas formulas que lançam poeira aos olhos do leitor, de modo que aqueles que os entendem se empertigam e aqueles que não compreendem passam admira-los ainda mais. De fato os homens encontram seu supremo prazer naquilo que soa como totalmente estranho. Sua vaidade tem interesse nisso; eles riem aplaudem, movem as orelhas como asnos para mostrar que entenderam muito bem: ‘Muito bem! É isso mesmo’. Mas volto ao meu tema” (Erasmo de Rotterdam em Elogio da Loucura, Editora Escala, p.20).

O leitor atento nota a fina ironia de Erasmo onde ele já denuncia oradores que são mais exibicionistas do que éticos e preocupados com o ouvinte.E também adverte os ouvintes que são despreocupados e que aceitam tudo o que vem dos oradores. No caso de uma comunidade cristã isto não deveria se dar, pois o apostolo Paulo (Atos 17.11) ensina-nos a estar atentos aos discursos quando fez elogios aos irmãos da cidade de Beréia que iam nas Escrituras confirmar o que Paulo pregava. Diz o versículo na tradução católica Ave Maria: “Estes (de Beréia) foram mais nobres do que os de Tessalônica e receberam a palavra com ansioso desejo, indagando todos os dias, nas Escrituras, se estas coisas eram de fato assim”. Notemos que o orador era ninguém menos que são Paulo! E ainda assim os cristãos-ouvintes conferiam “todos os dias” se as coisas que ele dizia em sua oratória “eram de fato assim”, como o apóstolo pregava! Nobre exemplo dos bereanos13.

Um exemplo de oratória grega

Muitos oradores famosos poderiam ser citados, mas nisto fugiríamos dos interesses desse artigo. Faço assim um resumo da oratória desde os gregos, passando pela oratória cristã até nós.

12 Monge católico agostiniano e erudito profundo, por quem tenho enorme admiração. Erasmo escreveu o livro “O pregador do Evangelho”, que, segundo o pastor Dantas (p.18) “adicionou grande contribuição à arte de pregar”.13 Da cidade de Beréia

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Inicio com “Corax, um sufista (místico) grego de Siracusa, (que) acreditava que o espírito humano é uma emanação do divino” (Dantas, p.16).Uma das preocupações dos oradores da antiguidade e deve ser a dos atuais é a da divisão de sua prédica (fala), no seminário se diz “divisão do sermão”.Corax “estabeleceu as primeiras regras da Retórica, a saber: Proêmio (princípio), que é a introdução;Narração;Argumento; Observações aditivas, e Peroração ou conclusão.É, no entanto, Aristóteles que, como grande filosofo grego, inicia uma forma de oratória sacra, dizendo que essa arte ‘deve estar a serviço da verdade’”, como já disse acima.(Dantas, p16).

Vemos que Corax é bastante técnico e sua divisão de uma exposição oral em público visa não apenas O CONTEÚDO, aquilo que se pretende comunicar, mas A FORMA, os meios mais adequados para uma boa comunicação. O proêmio é na verdade o inicio da fala, é o momento em que o orador se empenha em captar a atenção do ouvinte. Na oratória latina o momento do proêmio era chamado de captatio benevolentiae ou captar a atenção, captar a benevolência do ouvinte. O segundo ponto, a narração (narratio) o orador expõe o problema que pretende discutir. Deve então ser claro e acima de tudo verdadeiro. Se o orador inventa um problema que não existe toda sua argumentação ficará prejudicada e não passará de um palavrório sem valor ou o pior: um palavrório a serviço do desvalor. Muitos oradores vão para a tribuna apresentando como problema o que é na verdade a Solução! É o que fazem aqueles que afirmam que a religião é um problema porque obscurece a mente e induz ao fanatismo, generalizando tudo. Karl Marx, por exemplo, fez muito mal ao mundo ao declarar e escrever que “a religião é o ópio do povo”. Marx quis colocar no lugar da religião cristã o Socialismo ateu e no que deu? Lembremo-nos simplesmente de Stalin, de Mao Tse-Tung! O terceiro ponto é o argumento (argumentatio) em que o orador apresenta a defesa de seu ponto de vista mostrando os motivos que o levam a enxergar o problema sob aquele ângulo e também e é também apresentando suas soluções. Um erro fatal, mas muito comum é o orador só apresentar o problema sem trazer respostas ou tentativas. Sua oratória se torna uma crítica destrutiva, pois não tem soluções construtivas.Muito unido a este está o das “observações aditivas”, é na verdade um complemento. Muitos oradores não apresentam esta parte como algo separado do argumento. De fato não se pode saber quando acaba um e começa o outro. Ao longo do tempo muitos oradores e professores de oratória dividiram em apenas 3 partes: proêmio, narratio e peroração. Na segunda parte se encontravam então o argumento e as observações aditivas. Esta divisão de fato ajuda o orador liberando sua fala de preocupações com detalhes que muitas vezes mais atrapalham e deixam o discurso empolado e exibicionista! Na última parte, a peroração (peroratio), o orador retoma rapidamente algumas coisas que foram ditas para facilitar a memorização pelo ouvinte e também já inicia sua conclusão.

A oratória de Jesus e dos Apóstolos

Lemos os sermões de Jesus, mas não atentamos para seu estilo. Deveríamos ler procurando “ouvir” sua voz, perceber seu jeito. Notáveis em Seu estilo é que muitas vezes falava sentado e em volume natural sem impostação da voz (Mt 5.1; 13.1; 15.29). Elementos importantes na oratória clássica eram amplamente usados por Jesus. Recursos retóricos como metáforas, metonímia, sinédoque, trocadilhos, parábolas, fabulas, etc podem ser

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vistos em sua exposição, tais como denunciar os falsos e exploradores como raposas, afirmar sua autoridade propondo-se como “leão”, ou sua capacidade de dar sentido a vida como sendo Ele o “pão da vida”, falar de Pedra (Ele) fazendo trocadilho com Pedro (o apostolo)14 .

É reconhecido na comunidade lingüística que a língua judaica (e outras orientais) são “pictóricas”, ou seja, descritivas. E Jesus, como os judeu, assim era e assim falava. (Mt 7.16; Sl 62.3; Mt 6.11; I Co 10.17; Mt 8.20; Lc 13.32, etc). Jesus sabia que não se é orador apenas no culto ou na palestra, mas em todos os lugares onde usamos a palavra. Por isso falava instrutiva, preocupada e respeitosamente: andando (Mt 20.17), no templo (Mt 21.23), numa roda de estudiosos como os fariseus (Mt 22.41), com apenas uma pessoa (Jo 4.5-30), com duas (Lc 24.13-49), quando respondia alguma pergunta (Mc 2.18-22). Na filosofia de Sócrates tinha um meio de ensinar respondendo com uma nova pergunta. Isto é chamado maiêutica. É um meio de levar a própria pessoa a solução ou de lhe mostrar a sua ignorância ou de desmascarar segundas intenções (ocultas) de quem pergunta. (Mt 21.23-27) Além desse método Jesus valia-se das valiosas perguntas simples sobre o que queria ensinar (Mc 8.27-33; Mt 16.13-23; Mt 21.28-32). Jesus era um orador tão incrível que não se pode dar uma idéia exata com esse texto, apenas uma introdução.

Pedro também aprendeu muito sobre a arte de falar em público. É claro que não podemos ignorar a ação do Espírito Santo sobre ele, capacitando-o. O fato é que certa vez, ao responder a acusação de que os discípulos estavam “cheios de mosto” (bêbados) tomou a palavra e falou longa, fervorosa e convincentemente de tal modo que “naquele dia quase três mil almas” se converteram à doutrina de Cristo! (At 2.41). Impressionante!

Quem lê o livro de Atos nota inúmeros tipos e bons oradores cristãos, o que impede uma descrição deles (aconselho a leitura do livro de Atos), mas mesmo rapidamente cito Estevão, um “homem cheio de fé e do Espírito Santo”, “e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.5,8). O verso 10 ainda diz que seus opositores “não podiam resistir à sabedoria e ao espírito com que falava”. Os versos seguintes dão-nos uma pálida idéia de sua vastíssima cultura histórica e bíblica. Estevão foi o primeiro mártir cristão: foi apedrejado. Temos ainda Felipe, Barnabé. Atos 19.24-28 fala de Apolo, um “varão eloqüente e poderoso nas escrituras” (v.24), além de ousado, diligente, mestre e de fala fervorosa. Fala ainda de Priscila e Áquila, uma irmã e seu esposo. Este casal devia ser de oradores e mestres incríveis, pois, vendo Apolo falar, o levaram para casa para lhe dar mais instruções e “lhe declararam mais pontualmente o caminho de Deus” (v.26).

O principal dos oradores, porém é Paulo. Este escreveu 14 livros de um total de 27 do Novo Testamento!

14 Ele diz “Pois tu és Petrus (pedrinha) e sobre esta Petra (Pedra grande, rocha) edificarei a minha igreja” (Mt16.16-18). O trocadilho evidentemente é mais notável em grego onde Pedro é petrus ou pedrinha e Jesus é Petra ou bloco grande, rocha sólida, Pedra principal. Discordo da interpretação católica dessa passagem. O catolicismo a usa para afirmar a doutrina do papado ou da Sucessão Papal, sendo Pedro o primeiro papa da Igreja. Mas Jesus não poderia ter edificado a Igreja sobre Pedro, pois se tivesse esta teria sucumbido com a negação de Pedro. Além disso, Pedro não pode ser a pedra sobre a qual a Igreja está edificada porque ele mesmo disse que a pedra principal (Petra, em grego) é Jesus e não ele. E Paulo diz que “ninguém pode por outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (I Co 3.11). Portanto o fundamento da Igreja é Cristo e não Pedro, que declarou ser pedrinha (petrus) (ver Atos 4.10-12; I Pe 2.3-10).Pergunto ainda: se Pedro despachava como Papa a partir de Roma, por que Paulo escreve uma “Carta aos Romanos” e no capítulo 16 saúda grande número de irmãos, inclusive excluídos sociais como negros, mulheres e escravos e não menciona o chefe da igreja? Paulo não lembrou de Pedro? Finalmente, se Pedro estivesse em Roma, por que o próprio Jesus diz a Paulo que este dê testemunho Dele em Roma? (At 23.11)

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Seus livros revelam uma habilidade enorme com a escrita e nos permitem entender como era sua oratória ao vemo-la descrita no livro de Atos.Homem de cultura vastíssima15, Paulo foi certa vez chamado de Mercúrio16 e teve de impedir a multidão que queria adora-lo, pensando que ele fosse a própria encarnação Mercúrio, o deus dos romanos, chamado de Hermes pelos gregos. Quando viram “aquele que falava” (At 14.12) ficaram impressionados. Uma confirmação de sua inteligência, conhecimento e oratória pode ser obtida da leitura de seu debate com filósofos de famosas escolas de Filosofia, como o Estoicismo e Epicurismo (At 17.15-34) de citações que ele faz de textos de pensadores antigos (ICo 15.33; At 17.28; Tt 1.12) e das interpretações que fez de dados históricos.17 Poderíamos citar outros oradores cristãos da era imediatamente posterior aos apóstolos e discípulos. São João deixou inúmeros discípulos que poderiam ser citados, muitos deles excelentes oradores. Dizem por exemplo que Inácio de Antioquia conheceu Pedro e João e foi por este ordenado a bispo (Anglin&Knight, p.21). Mas vamos a Ambrósio de Agostinho.

Ambrósio e Agostinho

O exemplo de Corax é de um orador não cristão, na verdade ele é de antes de Cristo. Esse e outros oradores gregos e latinos exerceram forte influência sobre a Oratória Sacra Cristã. Encontramos assim “a influência da Retórica nas mensagens cristãs de Clemente de Alexandria (160/220 d.C.), Tertuliano (150/220 d.C.), que comprovam ter recebido instruções retóricas, através de seus escritos. É, contudo, Orígenes (185/250 d.C.) que dá inicio à aplicação da Retórica nos sermões ou oratória sacra. É ele que inicia a dissertação formal, especialmente por ter sido também grande hermeneuta”18 (Dantas, p.17) (ver nota 9). “Ambrósio (340/397 d.C.), bispo de Milão e ex-governador dessa cidade. Ambrosio era tão bom orador sacro que Agostinho, que também era um grande mestre, foi ouvir-lhe os sermões” (Dantas, p.17). Antes de ser cristão e dos “dezenove aos vinte e oito anos, Santo Agostinho (354/430 d.C.) foi professor de retórica e, indo para Cartago durante este período foi imediatamente reconhecido como o melhor retórico da cidade” (Anglin&Knight, 1998, p.68).Agostinho nos conta nas suas Confissões que na época em que era professor de oratória em Roma “dirigiram de Milão um pedido ao prefeito de Roma para que (Milão) fosse provida de um professor de retórica”. Agostinho disputou o cargo discursando sobre um tema proposto por “Símaco, então prefeito, (que), sendo eu aprovado me enviou” a Milão. Este Agostinho ficou impressionado com a oratória de Santo Ambrósio, admitindo que a “eloqüência correspondia à fama” do bispo. Apesar de que no começo era indiferente à mensagem cristã “e até mofava do que ele (bispo) dizia”, passou a “se deleitar com a suavidade dos discursos” e “junto com as palavras que me deleitavam, iam-se também infiltrando em meu espírito os ensinamentos que desprezava” (Agostinho, 1999, p.141) com o tempo vendo na retórica do bispo algo além de técnica, divisão de sermão, cultura vasta etc, vendo uma 15 Seus opositores diziam: “Oh! Paulo as muitas letras te fazem delirar”, ou seja “você leu tanto que esta endoidecendo”. Pura inveja! (At 26.24,25)

16 Embaixador dos deuses, Mercúrio era, entre tantas coisas, o mensageiro dos deuses, sendo inteligentíssimo e eloqüente transmitia os recados celestiais aos homens, literais ou dando-lhe a interpretação. “Seu nome latino vem de merces, mercadoria” (Alves, 2000), por onde entendemos que sua habilidade para o comércio era notável. Ou seja, era convincente!17 O leitor pode ler as interpretações da relação entre Sara (esposa de Abraão) e sua escrava Hagar que Paulo faz por todo o capítulo 4 de Gálatas. 18 Hermeneuta é aquele que faz hermenêutica. Hermenêutica é a ciência que se preocupa com as regras da boa interpretação. Há, portanto, a Hermenêutica Sacra, onde a preocupação principal é com a interpretação da Bíblia e há ainda a Hermenêutica Jurídica, onde a o foco é com a interpretação das leis, dos autos e outros documentos legais. O vocábulo vem de Hermes, deus grego chamado pelos romanos de Mercúrio.

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preocupação com a Verdade, com o ouvinte começou a perceber o quanto era pecador e por orientação de Ambrosio começou a estudar a Bíblia. Certa vez viu alguns fidalgos romanos aceitarem a Cristo (e fidalgos não eram cultos!) exclamou: “Esta gente toma o reino do Céu à força, enquanto nós, com nossa sabedoria, estamos vivendo no pecado” (Anglin&Knight, p.69). Logo depois Agostinho, que era glutão e mulherengo incorrigível, aceitou a Cristo como Senhor e tornou-se cristão. Nas Confissões ainda confessou magistral e humildemente a Deus: “Vós me leváveis a Ambrósio, sem eu o saber, para ser por ele conscientemente levado a Vós” (1999, p.140).19

Os evangélicos e a pregação popular

Quando os evangélicos surgiram no século 16, com o monge católico agostiniano Martinho Lutero20, uma das maiores preocupações era com a oratória. Lutero achava errado falar numa língua que a igreja não entendia, ou que as pessoas não pudessem ler a Bíblia por não saber o latim. Então Lutero traduziu a Bíblia para a língua do povo, o alemão exatamente como o português João Ferreira de Almeida (1628-1691)21 traduziu para nós a Bíblia para nossa língua portuguesa. Com a Bíblia traduzida e muita gente lendo, surgiu não apenas um maior número de pregadores populares, mas uma pregação tipicamente popular. O falar era mais direto, franco. Os evangélicos retomaram as pregações que Jesus fazia nas praças nas ruas e nas casas. Se a inacessível oratória católica da Idade Média apelava para a Forma, a oratória evangélica valorizava a compreensão valorizando o Conteúdo. Grandes movimentos como o Metodismo (século XVIII), surgiram dessa visão reformadora que fazia crítica tanto a estruturas eclesiásticas como ao antigo engessamento da atividade dos leigos. A tribuna da oratória protestante não estava livre apenas para o sacerdote ordenado, mas para o leigo, pois para os reformadores, principalmente Martinho Lutero e John Wesley, todos os cristãos são sacerdotes22. No século XIX houve um crescimento vertiginoso da pregação popular evangélica. No inicio do século XX, com o “Pentecoste da Rua Azuza”23, nos EUA, surge o Movimento Pentecostal Evangélico (que dará origem, no Brasil, à Assembléia de Deus) onde a proposta carismática (de charisma, dom) e a oratória popular se intensificam. Oradores respeitados desse movimento, no Brasil foram Daniel Berg e Gunar Vingren, mas podemos lembrar Paulo Leivas Macalão, Missionário Manoel de Melo (O Brasil para Cristo).

Outros fatores de expansão evangélica que se aliaram à oratória popular nos anos 50 foram a televisão e o radio.O neopentecostalismo ganhou espaço com uma oratória veiculadora tanto de uma mensagem de libertação espiritual (exorcismos) e social (Teologia da Prosperidade)24, de um tal modo que, por exemplo, a Igreja Universal possui até um canal de televisão e outras igrejas, inclusive tradicionais como Presbiteriana, possuem programas televisivos.

19 Hoje como cristão tenho orgulho de dizer a quem não é que se um homem genial e de mente brilhante como era o filho de santa Mônica converteu-se a Cristo isto dá-nos uma garantia de que o cristianismo não é uma religião ilógica, irracional e formada fiéis ignorantes. Não é! Santo Agostinho é respeitado até entre não cristãos, entre intelectuais, entre filósofos etc. Em síntese, Agostinho é filho de uma oratória preocupada com a verdade, filho da oratória de Ambrósio.

20 Aconselho assistir o filme LUTERO21 “A primeira edição completa da Bíblia de Almeida em português surgiu em 1819” (Comfort, 1998, p.401).22 Esta doutrina é baseada em diversos textos do Novo Testamento e é chamada de “Sacerdócio Universal” ou “Sacerdócio Real” (I Pe 2.5,9; Ap 1.6; 5.10; 20.6). 23 Nesta Rua Azuza funcionava uma igreja evangélica na qual muitas pessoas foram “batizadas com o Espírito Santo” e, sendo cheias do Espírito, falavam em línguas estranhas.24 Apesar de que há base bíblica para questões como libertação espiritual e prosperidade não se pode negar que houve abusos na apresentação dessas doutrinas entre setores Neopentecostais e, por tais excessos, merecem aqui nossa crítica e repudio à essa exploração.

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Diminuídos o preconceito contra evangélicos, estes conquistaram milhões de adeptos de modo que, um dado de 199325 aponta um numero mundial de evangélicos de 11%, 26perto de 700 milhões!Isto, aliado à internet, um fator relativamente novo, mas que tende a um crescimento imprevisível na atualidade, abriu novos campos para a oratória popular evangélica. Em síntese, o resultado da adoção de uma oratória popular pelos reformadores é que o movimento evangélico, desde a Reforma, nunca mais parou de conquistar adeptos e influenciar a sociedade. Na verdade a oratória protestante modificou a própria concepção de Oratória que havia na Europa, depois nos EUA e no mundo inteiro de um tal modo que a própria Renovação Carismática usa exatamente o estilo oratório dos evangélicos, o que parece tem provocado uma certa crise de identidade no Movimento Carismático, já que este, apesar de distante do conservadorismo do Catolicismo Tradicional, não pode levar seu estilo mais além para não se identificar com Evangélicos27. E o leitor que acompanha a Renovação sabe que muitos hinos evangélicos são cantados por católicos renovados como se fossem de “domínio público”, como disse padre Marcelo sobre o Hino Anjos de Deus que diz: “tem anjos voando neste lugar, no meio do povo em cima do altar” etc. O hino na verdade é do pastor Eliseu Gomes que sabendo que padre Marcelo dizia que a música era de domínio público e a revista Veja o confirmara enviou à redação da Veja uma carta, “esclarecendo quem era realmente o autor dessa música:

‘Sou o autor da música Anjos de Deus e tenho algumas observações a fazer. Essa canção não é do repertório católico, como mencionou Veja, e sim, do repertório evangélico, há seis anos. A música não é de domínio público, como afirma em diversos programas. Eu sou o autor. A autorização para a gravação foi dada pela minha editora Warner Chappel, e não por mim’” (Revista Resposta Fiel, No. 22, 2007, p. 28).28

Conclusão

Procurou-se discutir questões em torno da Oratória, tais como técnicas do falar, as responsabilidades e a ética do orador bem como uma breve história da oratória cristã iniciando desde Jesus Cristo até a modernidade.A oratória cristã teve bons e maus momentos ao longo do tempo e foi desenvolvida por oradores de todos os matizes temperamentais, intelectuais e espirituais.Quem ler sobre os personagens citados e outros como Wycliff, Savonarola, Billy Graham, Amanda Smith, a senhora McPhearson (Fundadora da Igreja Quadrangular), o famoso e magistral Padre Vieira, Charles Finney, D. Moody, John Huss, Martin Luther-King etc comprovará isto.De certo temos que hoje há muito espaço para os oradores, mesmo na Igreja Católica. Espero em Deus que isto se amplie e que, no caso da Oratória Sacra Ele envie mais mensageiros, pois Cristo mesmo disse que há muito trabalho, mas poucos trabalhadores.Se o leitor que faz uso da Oratória (sacra ou não) e notou a proposta de ser eticamente responsável na atividade oratória conforme exposta aqui, este trabalho cumpriu sua missão, que

25 Fonte: P. Johnstone, Intercessão Mundial, análise do Instituto Cristão de Pesquisas, na Bíblia Apologética, 2000.26 O numero se torna mais bem expressivo se informamos que, apesar de serem muito mais antigos que os evangélicos, todos os católicos (romanos, ortodoxos, etc) juntos somam 22%, e os muçulmanos (que são do século VII) somam 20%.27 O Movimento Carismático não costuma admitir, mas ele se iniciou com pessoas batizadas com o Espírito Santo em Igrejas Evangélicas e que voltaram para a Igreja Católica sob pretexto de ensinar essa Doutrina do Batismo no Espírito para católicos. 28 Para não fugirmos do limite deste artigo não aprofundarei esta questão da música, mas o leitor interessado poderá ler meus artigos sobre Música e Religiões, muito especialmente aquele intitulado “Música evangélica na Igreja Católica Romana?”. Neste artigo levanto questões como a música (som) da famosa Ave Maria é católica ou evangélica? Será que é honesto os católicos usarem a música evangélica atualmente depois de assassinarem músicos evangélicos no passado, como fez trucidando Claude Goudymel na terrível e famosamente triste Noite de São Bartolomeu?

E ainda poderá ainda se aprofundar lendo ainda de minha autoria “A música (erudita e popular) e o Ethos Evangélico”.

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dará mais frutos ainda se servir de motivação para oradores iniciantes e de reforço aos mais experientes. Que Cristo, O Verbo de Deus (Jo 1.1) abençoe a todos quantos fazem uso do verbo e que a palavra que dissermos seja eternamente construtiva.

ANEXO 2Este anexo foi inserido nesse curso para discutirmos a matéria Heresiologia.Uma Irma, minha aluna no Curso Teologico da Assembleia de Deus (Belem- Morato). Nessa escola que funcionava na antiga sede da Assembléia (setor 44) lecionei varias matérias inclusive Heresiologia e Apologetica. Numa dessas aulas, quando falávamos sobre os irmãos de Jesus e a posição da Igreja Catolica, uma Irma (que não recordo o nome) solicitou-me que escrevesse um texto para servir de resposta a amigos e parentes seus que eram católicos e que ela pretendia evangelizar.

OS IRMÃOS DE JESUS E A MARIOLATRIA Dedicado à Irmã Solange da CCNA.

ARA IRMÃ AGRADEÇO PELA CONFIANÇA EM ME CONSULTAR SOBRE ESSE ASSUNTO TÃO IMPORTANTE. C

SEREI BREVE, MAS ENFÁTICO; RÁPIDO, MAS SEGURO, APOIANDO-ME NA BÍBLIA E NA RAZÃO QUE DEUS DEU AOS HOMENS PARA QUE ELES A USEM PARA O BEM.ENTÃO, VAMOS PENSAR UM POUCO.

INICIALMENTE É BOM QUE SE DIGA QUE OS EVANGÉLICOS NÃO ODEIAM MARIA COMO QUEREM FAZER CRER ALGUNS LÍDERES CATÓLICOS. OS EVANGÉLICOS TÊM (E QUEM NÃO TEM DEVE TER) GRANDE RESPEITO POR MARIA, A MÃE DO SALVADOR JESUS CRISTO. NÃO HÁ NADA ERRADO EM AMAR MARIA. O QUE OS EVANGÉLICOS DISCORDAM É DO VALOR EXAGERADO DADO À MARIA PELA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA. LUTERO BATALHOU MUITO PARA REDUZIR ESSE EXAGERO ROMANO SOBRE A PESSOA DA MARIA. TAMBÉM NÃO A ODIAVA, ESCREVEU “MAGNIFICAT”, SOBRE MARIA. O “DICIONÁRIO DO CRISTIANISMO”, ESCRITO PELO CATÓLICO JEAN MATHIEU-ROSAY (EDITORA EDIOURO 1992, p. 212) DECLARA QUE É “LEGÍTIMA SUA (DOS EVANGÉLICOS) PREOCUPAÇÃO COM A HIERARQUIA DE VALORES”. OU SEJA, TEMOS UM CATÓLICO ADMITINDO QUE A CRÍTICA QUE OS EVANGÉLICOS FAZEM À IDOLATRIA CATÓLICA ENVOLVENDO MARIA, PROCEDE SIM, POIS LUTERO E SEUS SEGUIDORES ENTENDEM QUE HIERARQUICAMENTE JESUS É MUITO SUPERIOR E NÃO MARIA. SE A NOSSA ATENÇÃO PARA COM ESSES EXAGEROS DO ROMANISMO É LEGÍTIMA ENTÃO NÃO DEVEMOS DEIXAR DE, COM RESPEITO E AMOR MANIFESTAR NOSSO REPÚDIO A MARIOLATRIA.VOCÊ, AMIGO CATÓLICO NÃO É OBRIGADO A CONCORDAR COM OS EVANGÉLICOS. PODE ATÉ TER DÚVIDA SOBRE A AUTORIDADE DA BÍBLIA, MAS MUDAR A BÍBLIA EU E VOCÊ NÃO PODEMOS EM HIPÓTESE ALGUMA. ÀS VEZES A BÍBLIA (QUE É A LEI DE DEUS) É MUITO DURA, ADMITIMOS. MAS É A BIBLIA! COMO DIZEM OS JURISTAS, “SED LEX, DURA LEX” (“A LEI É DURA, MAS É A LEI!”). UMA OUTRA COISA DEVE-SE DIZER AQUI AO AMIGO CATÓLICO: O CATOLICISMO ENTENDE QUE “FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO”, OU SEJA, QUEM NÃO É CATÓLICO NÃO PODE SER SALVO JAMAIS. ISSO SIGNIFICA TAMBÉM QUE A ICAR É QUEM É REPRESENTANTE DE DEUS NA TERRA, E, PORTANTO É QUEM REAL E UNICAMENTE SABE INTERRETAR A BÍBLIA CORRETAMENTE PORQUE ELA TEM O

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ESPÍRITO SANTO DE CRISTO QUE FAZ DELA A PORTA DE SALVAÇÃO, A “ARCA SALVADORA” E A AJUDA NA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA. PORÉM, SEGUNDO O FALECIDO PAPA JOÃO PAULO II, “É SOBREMANEIRA IMPORTANTE FAZER UMA APRESENTAÇÃO CORRETA E LEAL DE OUTRAS IGREJAS..., DAS QUAIS O ESPÍRITO NÃO RECUSA SERVIR-SE COMO MEIOS DE SALVAÇÃO”. (J.PAULO II, Catechesi Tradendae, p.32 in, CRESCER NA LEITURA DA BÍBLIA p.78-CNBB editora Paulus2003).ENTENDEMOS QUE O PAPA DISSE QUE O ESPÍRITO SANTO TAMBÉM SERVE E “SERVE-SE” “DE OUTRAS IGREJAS”, O QUE INCLUI AS EVANGÉLICAS, SEM DÚVIDA. OU SEJA, PODEMOS DIZER QUE O PAPA CONFESSOU QUE TAMBÉM TEMOS A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO SOBRE NÓS. SENDO ASSIM PODEMOS SEM MEDO DIZER QUE NOSSA INTERPREATAÇÃO DA BÍBLIA É SIM GUIADA PELO ESPÍRITO SANTO.ENTÃO, AMIGO CATÓLICO, GUIADOS PELO ESPÍRITO SANTO VAMOS PENSAR SOBRE ESSE ASSUNTO. VAMOS, COM O CORAÇÃO ABERTO VERIFICAR SE TEMOS COMO PROVAR PELA BÍBLIA QUE NOSSA QUERIDÍSSIMA IRMÃ MARIA, MÃE DO MEU SENHOR TEVE SIM OUTROS FILHOS ALÉM DE JESUS.

É PRUDENTE SALIENTAR QUE NO CATOLICISMO ROMANO O SEXO NÃO É BEM VISTO. PEÇO-TE AMIGO CATÓLICO QUE NÃO FECHE SUA MENTE. ESTOU SENDO O MAIS HONESTO POSSÍVEL. QUANDO CATÓLICOS OUVEM A AFIRMAÇÃO ACIMA FICAM IMPRESSIONADOS E TENDEM A DESCRER DELA REPUTANDO-A POR EXAGERADA PRECONCEITUOSA E FANÁTICA. CONVIDO-TE, PORTANTO, LEITOR CATÓLICO A ME ACOMPANHAR ALÉM DAS APARÊNCIAS. BASTA VER QUE PADRES E FREIRAS FAZEM VOTOS DE CASTIDADE. E NÃO CREIO QUE SEJA SÓ PORQUE ELES NÃO DEVEM TER OUTROS AFAZERES QUE NÃO OS DO CUIDADO COM A IGREJA. HONESTAMENTE NÃO ACREDITO, POIS A BÍBLIA DIZ QUE OS LÍDERES DA IGREJA DEVEM SER “ESPOSO DE UMA SÓ MULHER”(Tt 1.6). SERÁ A MULHER COISA RUIM, PARA QUE UM PADRE NÃO POSSA TÊ-LA?( Pv 18.22).SE O HOMEM OU MULHER DESEJAR NÃO SE CASAR A BÍBLIA OS APÓIA. MAS NÃO SE CASAR POR PROIBIÇÃO DA IGREJA É, ME DESCULPE, “DOUTRINA DE DEMÔNIOS”. É A BÍBLIA QUEM DIZ ISSO! (ITm 4. 1,3). CONFIRA!SENDO ASSIM QUE PUDOR É ESSE QUE A IGREJA TEM, QUE NÃO ADMITE MARIA TENDO RELAÇÕES SEXUAIS COM JOSÉ, ELE AFINAL NÃO ERA SEU ESPOSO?PENSA A ICAR QUE SE MARIA ERA THEOTOKOS (MÃE DE DEUS) ENTÃO ELA DEVERIA SER IMACULADA, E SE JOSÉ A CONHECESSE SEXUALMENTE O SEXO A MACULARIA.TODAVIA SURGEM SÉRIOS PROBLEMAS COM ESSE PENSAMENTO CATÓLICO.DIZER QUE MARIA ERA SEM PECADO (IMACULADA), É NEGAR O QUE DISSE O AUTOR DE HEBREUS, A PRÓPRIA MARIA E O APÓSTOLO PAULO. (Hb 4.15, 9.14; Lc 1.47; Rm3.10-12,23).HEBREUS CHAMA JESUS DE IMACULADO, MAS ONDE MARIA É NA BÍBLIA CHAMADA DE IMACULADA?MARIA DIZ QUE ELA PRÓPRIA PRECISAVA DE UM “SALVADOR” E QUE ERA “SERVA DO SENHOR”; JESUS, ELE PRÓPRIO É O SENHOR E SALVADOR!PAULO DISSE QUE “TODOS PECARAM”; ONDE A BÍBLIA DECLARA QUE MARIA OU OUTRA PESSOA SÃO EXCEÇÕES?QUE PROBLEMA HÁ A BÍBLIA DECLARAR QUE JESUS TINHA IRMÃOS?

AFINAL, MARIA TEVE OUTROS FILHOS?

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VAMOS AVALIAR OS FATOS PARA PROVARMOS QUE SIM!!!É COISA COMUM OS TEÓLOGOS CATÓLICOS DECLARAREM QUE A EXPRESSÃO “SEUS IRMÃOS” SIGNIFICAM “SEUS PRIMOS”.ISSO, PORÉM NÃO É VERDADEIRO.O TEXTO GREGO É INCONFUNDÍVEL. EM GREGO PRIMO É “anepsyos”, E APARECE TAMBÉM EM COLOSSENSES 4.10 “Marcos, primo(anepysios) de Barnabé”. (obs. Após algum tempo a palavra anepsyos passou a significar TAMBÉM sobrinho, por isso a Versão Almeida Corrigida traduz por “sobrinho de Barnabé”, nunca, porém significou primo!). JÁ “IRMÃO”, EM GREGO, É “adelphós”.W.C.TAYLOR EM SEU “DICIONÁRIO DO NOVO TESTAMENTO GREGO”, ANOTA QUE “adelphós” PODE SER “IRMÃO, PATRÍCIO, CORRELIGIONÁRIO”. (Op. Cit. p.10). LC 2.7(BÍBLIA CATÓLICA AVE MARIA) DIZ QUE MARIA “DEU À LUZ SEU FILHO PRIMOGÊNITO”, E UMA NOTA EXPLICATIVA DOS TRADUTORES LEVA O LEITOR À UMA CONCLUSÃO QUE NÃO ESTÁ NO VERSO. A EXPLICAÇÃO É QUE A BÍBLIA ESTÁ DIZENDO “PRIMOGÊNITO E ÚNICO AO MESMO TEMPO, PORQUE MARIA PERMANECEU PERPTUAMENTE VIRGEM” (BÍBLIA AVE MARIA, p. 1348, 25 ª edição ano 2000).FUI AO “DICIONÁRIO GLOBO” CONSULTAR O SIGNIFICADO DE PRIMOGÊNITO, E ENCONTREI: “ DIZ-SE DO QUE NASCEU ANTES DOS OUTROS; O FILHO MAIS VELHO” (grifo meu).ORA SE JESUS É O “FILHO MAIS VELHO”( PRIMOGÊNITO), ENTÃO CERTAMENTE MARIA TEVE OUTROS FILHOS. POR ISSO MATEUS DISSE QUE “JOSÉ NÃO A CONHECEU ( OU SEJA, NÃO TEVE RELAÇÕES SEXUAIS COM MARIA) ATÉ QUE DEU A LUZ AO PRIMOGÊNITO( QUE É O FILHO MAIS VELHO)”(Mt. 1.25). NOTE BEM: “ATÉ”. ACHO POUCO PROVÁVEL QUE MARIA FOSSE UMA TITIA QUE ANDASSE PRA CIMA E PRA BAIXO COM UMA NINHADA DE SOBRINHOS À PROCURA DE SEU FILHO ÚNICO.MEU AMIGO CATÓLICO: PRIMO É “anepsyos” E IRMÃO É “adelphós”. OUTRA TEORIA CATÓLICA É QUE FOSSEM FILHOS DE JOSÉ, DE UM CASAMENTO ANTERIOR DO QUAL JOSÉ ERA VIÚVO.MAS NÃO HÁ QUELQUER MENÇÃO NAS ESCRITURAS A ESSE FATO, PELO QUE NÃO MERECE NEM SER DISCUTIDO AQUI.HÁ AINDA CATÓLICOS QUE ARGUMENTAM QUE ESSES IRMÃOS SERIAM “IRMÃOS DE FÉ”.TAYLOR DISSE QUE “ADELPHÓS” TAMBÉM PODE SIGNIFICAR “CORRELIGIONÁRIO”. O DICIONÁRIO DIZ SER “AQUELE QUE TEM... AS MESMAS IDÉIAS DE OUTRÉM”.SE ESSA EXPLICAÇÃO CATÓLICA FOR CERTA, ENTÃO JESUS E SEUS “IRMÃOS DE FÉ” QUE ERAM OS DICÍPULOS, NÃO TINHAM AS MESMAS IDÉIAS, VISTO QUE ENTRE MESTRE E DICÍPULOS PARECE HAVER UM CISMA VIOLENTO, POIS ZOMBARAM DELE E ATÉ MESMO QUISERAM ENVIÁ-LO À MORTE NA JUDÉIA. (Jo. 7.1-4). O VERSO 5 DECLARA QUE “NEM MESMO SEUS IRMÃOS CRIAM NELE”. O QUE É ISSO, “IRMÃOS DE FÉ” QUE NÃO CRIAM EM SEU MESTRE? COMO EXPLICAR TAIS INCOERÊNCIAS??? MAS JÁ QUE VOCÊ, ALUNA E IRMÃ, É ESTUDANTE DE TEOLOGIA E DEVE ACOSTUMAR-SE DESDE JÁ COM TEXTOS DIFÍCEIS LEIA A SEGUIR A RELAÇÃO IRREFUTÁVEL QUE O PASTOR ESEQUIAS SOARES FEZ DAS PROFECIAS DO SALMO 69 E A VIDA DE JESUS CRISTO:

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“A profecia messiânica do salmo 69, apresenta o Senhor Jesus e seus irmãos, filhos de sua mãe. Diz o referido salmo no v.4: ‘Aqueles que me aborrecem sem causa’, cumpriu-se em Jesus: ‘Aborreceram-me sem causa’ (Jo 15.25). No verso 9 diz:’ O zelo da tua casa me devorou’; e encontramos o cumprimento dessa profecia em Jesus: ‘O zelo da tua casa me devorará’ (Jo 2.17). Em seguida, no v.21, diz: ‘Deram fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre’. Isso se cumpriu em Jesus quando estava na cruz: ‘deram a beber vinho misturado com fel’ ( Mt. 27.34). No v.25 lemos ‘fique desolado o seu palácio; e não haja quem habite nas suas tendas’. O cumprimento disso está em At. 1.20:’Fique deserta a sua habitação e não haja quem nela habite’. Isso deixa claro que o salmista está falando do Messias. Agora vejamos o que diz o v.8: ‘Tenho-me tornado como um estranho para com meus irmãos, e um desconhecido para com os filhos da minha mãe’. Quem são esses ‘irmãos’ e ‘filhos de minha mãe’? Quando vamos ao Novo Testamento descobrimos que ‘nem mesmo seus irmãos criam nele’ (Jo. 7.5). A Bíblia menciona quatro irmãos e pelo menos três irmãs, pois o texto sagrado, depois de mencionar o nome de seus irmãos, Tiago José Simão e Judas, diz: ‘Não estão entre nós suas irmãs?’. O texto não diz ambas as irmãs, por isso podemos afirmar que eram no mínimo três. Os irmãos de Jesus são mencionados em Mateus 12.46-50; Atos 1.14; Gálatas 1.19. Se eles fossem realmente primos de Jesus, o Novo Testamento teria registrado como primos e não como irmãos”. ( E. Soares, “Manual de Apologética Cristã” editora CPAD 1 a

Edição 2002,pp. 183-4).PARECE QUE A PERGUNTA INICIAL, SE A IRMÃ MARIA TEVE OU NÃO MAIS FILHOS, FOI RESPONDIDA. PARA MIM ESTÁ CLARO QUE A REPOSTA “SIM” ESTÁ BEM PROVADA COM A EXPOSIÇÃO ACIMA.PARA O AMIGO (A) CATÓLICO(A) QUE LÊ ESSE TEXTO, REPITO: NÓS EVANGÉLICOS AMAMOS PROFUNDAMENTE A MARIA MÃE DE JESUS.NÃO A ODIAMOS COMO ÀS VEZES OS PADRES QUEREM INSINUAR. MARTINHO LUTERO, O PAI DA REFORMA PROTESTANTE, REPITO, CHEGOU A ESCREVER UM LIVRO SOBRE MARIA CHAMADO “MAGNIFICAT”, LANÇADO NO BRASIL PELA EDITORA VOZES (DA VERTENTE CATÓLICA). NO LIVRO LUTERO TECE RASGADOS ELOGIOS À MARIA TRATANDO-A RESPEITOSAMENTE, POR EX. NUM COMENTÁRIO DE ISAÍAS 11.1,2.É VERDADE, ADMITIMOS, QUE EXISTEM PESSOAS EXAGERADAS COMO O BISPO VON HELDE QUE FOI NA TV “CHUTAR A SANTA”, COMO DISSE A IMPRENSA. ISSO NÃO SE FAZ.MAS NÃO SE ENGANE AMIGO CATÓLICO: DEUS DETESTA A IDOLATRIA. REPUDIAMOS O DESRESPEITO DO BISPO PARA COM O SENTIMENTO RELIGIOSO DOS CATÓLICOS. MAS QUE TER IMAGENS, OU FAZE-LAS OU VENDE-LAS É PECADO, VOCÊ NÃO PODE TER A MENOR DÚVIDA. É PECADO DE IDOLATRIA SIM! E ASSIM COMO O BISPO DETESTAMOS A MARIOLATRIA.É POR ISSO QUE ESTOU AQUI, DOMINGO CEDINHO TECLANDO; PARA ALERTAR VOCÊ DO PERIGO QUE CORRES.DESOBEDECER AOS MANDAMENTOS DE DEUS É ASSAZ PERIGOSO.A BÍBLIA PROÍBE TER-MI-NAN-TE-MEN-TE QUE NÓS COLOQUEMOS QUALQUER COISA À FRENTE DE JEOVÁ DEUS. ESTE É O 1º MANDAMENTO (ÊXODO 20.1).QUANDO OS CATÓLICOS REZAM O TERÇO PEDEM MAIS A DEUS OU À MARIA? CLARO QUE VOCÊ AMIGO CATÓLICO SABE E NÃO PODE NEGAR QUE MARIA É MAIS SOLICITADA. GANHA DE LONGE DOS MEMBROS DA SANTA TRINDADE.ISSO CONTRADIZ A ORAÇÃO DO PAI NOSSO QUE NÓS CONHECEMOS BEM.POR QUE PEDIR À MARIA SE JESUS ENSINOU A ORAR AO “PAI NOSSO QUE ESTÁS NO CÉU”? CUMPRAMOS A ORAÇÃO: VAMOS DIRETO AO PAI!

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DAVI DISSE QUE “abissus abissum invocat”, OU SEJA, “UM ABISMO CHAMA OUTRO ABISMO” (SALMO 42.7). ASSIM VIOLAR O 2º MANDAMENTO É CONSEQUÊNCIA DE VIOLAR O PRIMEIRO. “UM ABISMO CHAMA OUTRO”.ÀS VEZES OS EVANGÉLICOS DEIXAM DE FALAR EM MARIA POR CAUSA DO EXAGERO CATÓLICO SOBRE ELA. NÓS, QUE ESTAMOS DE FORA DA IGREJA CATÓLICA, VEMOS CLARAMENTE A IDOLATRIA EM TORNO DE MARIA. SERÁ QUE SE CURVAR DIANTE DUMA IAMGEM DE MARIA (OU OUTRO SANTO) NÃO É IDOLATRIA? A IGREJA CATÓLICA DIZ QUE NÃO; A BÍBLIA DIZ QUE SIM NO 2º MANDAMENTO QUE REZA, NA PRÓPRIA BÍBLIA QUE OS CATÓLICOS USAM: “NÃO FARÁS PARA TI ESCULTURA...NÃO TE PROSTRARÁS DIANTE DELAS E NÃO LHES PRESTARÁS CULTO. EU SOU O SENHOR TEU DEUS, UM DEUS ZELOSO QUE VINGO A INIQUIDADE DOS PAIS NOS FILHOS , NOS NETOS E NOS BISNETOS DAQUELES QUE ME ODEIAM, MAS USO DE MISERICÓRDIA ATÉ A MILÉSIMA GERAÇÃO COM AQUELES QUE GUARDAM OS MEUS MANDAMENTOS” ( ÊXODO 20.1-6, BIBLIA AVE MARIA).O ARGUMENTO DA ICAR DE QUE OS CATÓLICOS NÃO ADORAM AS IMAGENS DE MARIA, ETC VIRA PÓ COM ESSE TEXTO.A BÍBLIA NÃO ESTÁ DIZENDO: “olha amiguinho católico você pode ter uma imagem, desde que você não adore o representado”; A BIBLIA ESTÁ DIZENDO QUE NÃO É NEM PARA FAZER ESCULTURA ALGUMA PARA CULTO! NÃO SE CURVAR DIANTE DE IMAGEM ALGUMA. NÃO É SÁBIO ARRANJAR DESCULPAS E JUSTIFICATIVAS. É PECADO, É IDOLATRIA E PONTO FINAL.MAS AS AUTORIDADES CATÓLICAS INSISTEM EM DAR DECLARAÇÕES ANTIBÍBLICAS SOBRE MARIA. SENÃO VEJAMOS:LEÃO 13: “Ninguém pode achegar-se a Cristo a não ser pela mediação de sua mãe” (OCTOBRI MENSE 1891);PIO X: MARIA É “a dispenseira de todos os dons”, QUE CRISTO ALCANÇOU POR SUA MORTE;PIO XI FOI EXTREMAMENTE INFELIZ AO DECLARAR: “Com Jesus, Maria redimiu a raça humana”.“A CONCLUSÃO A QUE CHEGOU O PAPA PIO XII (1938-1958) EM SUA ENCÍCLICA Mystici Corporis (1943), FOI QUE MARIA VOLUNTARIAMENTE OFERECEU CRISTO NO CALVÁRIO: ‘QUE, LIVRE DE TODO PECADO, ORIGINAL OU PESSAOL, E SEMPRE UNIDA ÍNTIMA E INTENSAMENTE A SEU FILHO, O OFERECEU NO CALVÁRIO AO PAI ETERNO...POR TODAS OS FILHOS DE ADÃO’” (OS FATOS SOBRE O CATOLICISMO ROMANO P.69).E HÁ OUTRAS TANTAS DECLARAÇÕES COMPROMETEDORAS. SABEMOS QUE ÀS VEZES A PESSOA VEM DE BERÇO CATÓLICO E TEME ATITUDE DOS PARENTES E AMIGOS. MAS JESUS FOI ENFÁTICO E SEM CONCESSÃO AO DECLARAR: “QUEM NÃO DEIXAR PAI E MÃE POR AMOR DE MIM, NÃO É DIGNO DE MIM”.NÃO É ABENDONAR A FAMÍLIA; DEIXAR PAI E MÃE SIGNIFICA ASSUMIR UM COMPROMISSO COM DEUS INDEPENDENTEMENTE DO QUE A FAMILIA VAI ACHAR. SE A FAMÍLIA OU SI MESMO SERÃO SUA CRUZ, VOCÊ DEVERÁ TOMAR SUA CRUZ E SEGUIR A JESUS. POIS DE QUE ADIANTARÁ GANHAR O RESPEITO DA FAMÍLIA OU DO MUNDO INTEIRO “SE PERDER SUA ALMA” (MATEUS 16.24,25,26).MAS DE NADA ADIANTARÁ AMIGO CATÓLICO SE VOCÊ NÃO FOR PESSOALMENTE VERIFICAR NA BIBLIA. FICAREI TECLANDO, TECLANDO...DEPOIS DE TUDO ISSO, SERÁ QUE ALGUÉM TEM DÚVIDA DE QUE AQUELAS ROMARIAS À APARECIDA DO NORTE, AO “PADIM PDI CIÇO”, A SANTIAGO DE COMPOSTELA (ESPANHA), AO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DE GUADALUPE

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(MÉXICO) OU NOS ALTARES DENTRO DOS LARES CATÓLICOS ONDE OS DEVOTOS “SE PROSTRAM” SEM CONHECER OU RESPEITAR O SEGUNDO MANDAMENTO DE ÊXODO 20, ALGUÉM AINDA CRÊ QUE ISSO NÃO É UMA GRANDE IDOLATRIA?SERÁ QUE A PIEDOSA MARIA ESTÁ FELIZ COM ISSO? SERÁ QUE DEUS ESTÁ?SERÁ QUE O SENHOR PERMITIRIA MARIA APARECER, COMO “APARECEU” EM PORTUGAL, MEXICO, OU NOS VIDROS DAS CASAS? E SERÁ QUE APARECEU NOS VIDROS MESMO? E NO BRASIL HOUVE “O SUPOSTO CHORO DA IMAGEM DE NOSSA SENHORA DA ROSA MÍSTICA, EM LOUVEIRA, A 80 QUILÔMETROS DE SÃO PAULO, ( E QUE ) A UNICAMP PESQUISOU E CONCLUIU QUE SE TRATAVA DE FRAUDE” (OS FATOS SOBRE O CATOLICISMO ROMANO WELDON/ANKENBERG EDITORACAHAMADA DA MEIA-NOITE P.81) QUANDO DEUS PROIBIU TAL PRÁTICA QUIS EVITAR QUE AS PESSOAS FOSSEM HUMILHADAS E SOFRESSEM ZOMBARIAS DE SEUS PRÓPRIOS LÍDERES, COMO FEZ O ENTÃO CARDEAL-ARCEBISPO DE FORTALEZA, DOM ALOÍSIO LORSCHEIDER: “EU NÃO ACREDITO EM IMAGEM DE NOSSA SENHORA QUE CHORA. OS BOBOS CORREM ATRÁS DISSO, POIS NÃO SABEM QUANTAS MUTRETAS HÁ POR TRÁS DE COISAS ASSIM” (IDEM, P.81).UMA VEZ QUE A IGREJA CATÓLICA NÃO TEM NENHUMA PROVA BÍBLICA ( E NÃO TEM MESMO!!!) DE QUE MARIA NÃO MORREU, PODEMOS DECLARAR QUE MARIA MORREU, COMO QUALQUER MORTAL.E SE MORREU, O FATO DE MILHÕES DE CATÓLICOS A INVOCAREM COM SEUS TERÇOS NÃO OS IGUALARIA AOS ESPÍRITAS, QUE INVOCAM OS MORTOS?INVOCAR SANTO ANTÔNIO, SANTA PERPÉTUA, SÃO RAIMUNDO DE PEÑAFORT, SANTA ROSÁLIA, SÃO SIMÃO, SÃO VITO, E AGORA O JÁ QUASE SANTO SÃO JOÃO PAULO II, E OUTROS MILHARES, TODOS MORTOS NÃO É PECADO, POIS ABÍBLIA DIZ “NÃO TENHA ENTRE VOCÊS QUEM CONSULTE OS MORTOS, POIS TODO AQUELE QUE FAZ TAL COISA É ABOMINAÇÃO AO SENHOR E POR ESTAS ABOMINAÇÕES O SENHOR TEU DEUS AS LANÇA FORA DE DIANTE DELE”?

CONCLUSÃOAMAMOS MARIA SIM, CATÓLICOS AMIGOS. APENAS ENTENDEMOS QUE SÓ JESUS NOS SALVOU (ATOS 4.10-12), E PREFERIMOS O CONSELHO DE MARIA DE FAZERMOS TUDO QUANTO ELE (JESUS) NOS DISSER. MARIA NÃO DISSE QUE É NOSSA CO-SALVADORA, COLOCOU-SE NA CONDIÇÃO DE “SERVA DO SENHOR” (E A IGREJA CATÓLICA AINDA CHAMA DE “NOSSA SENHORA” A MARIA QUE CHAMOU A SI DE SERVA!).AMAMOS MARIA, MAS QUEREMOS VÊ-LA NO SEU LUGAR. A DEUS SEJA TODA A GLÓRIA (ISAÍAS 42.8-17). AMÉM.

Autor: OSNIR GONÇALVES FERREIRA 26/07/2005

Este texto foi inspirado por uma ex-aluna do Seminario mas é dedicado à Irmã Solange, uma pessoa firme no que crê e que só muda de idéia se lhe derem provas convincentes. O Barão de Itararé disse: “não há problemas em mudar de idéia, o problema é não ter idéia para mudar”.Ou seja, se ficamos convencidos de que uma idéia é verdadeira ou falsa não problema algum em aceitar a verdadeira e rejeitar a falsa. Quem se depara com idéias verdadeiras ou falsas é quem busca. Quem não busca nada, não tem sede de nada, não tem motivos para mudar.

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Por outro lado, Solange, quem tem sede de Deus, quem quer dar um rumo firme para sua vida, não se acomoda com a calmaria da tradição, não tem medo de enfrentar os conservadores e os tradicionais, mas vai atrás da água. A mulher do poço de que fala a Bíblia tinha sede, por isso foi ao poço. E no poço quem ela encontrou? Jesus Cristo. Agora ela não conhecia Jesus de OUVIR FALAR, mas conhecia Jesus porque o sentiu de perto, porque Jesus falou com ela seja na Palavra falada, nos hinos cantados ou no abraço do irmão! Para mim, Solange, você, em parte, parece esta mulher da Bíblia. É uma pessoa firme, que não se convence fácil, mas quando muda de idéia crê de verdade. E digo mais que você deve crer porque o ensino é bíblico. Na verdade a força é da Palavra de Deus. E é o Espírito Santo que diz no coração da pessoa que ama a verdade quando ela ouve a pregação: isto é de confiança! Por isto eu entendo com muita convicção que não podemos ficar “pegando no pé da pessoa” para ela aceitar ou não a palavra. Entendo que os seres humanos são livres para decidir suas vidas, fazer suas escolhas, inclusive as escolhas erradas.

Este texto como você pôde ver, foi escrito para tirar essa duvida de se Maria teve ou não filhos além de Jesus. Pensei então que pudesse te ajudar a entender a questão. Se você o ler talvez concordará com ele. Gostaria que você usasse a Bíblia para confirmar os textos que cito aqui. Se quiser discordar, é livre para faze-lo. Se quiser perguntar alguma coisa pode perguntar e terei prazer em responder. Ofereço ainda este texto a seu querido Esposo, e peço a Deus que guie suas vidas valiosas e abençoes ricamente o lar de vocês, o casamento de vocês e os abençoados filhos.Que Deus vos abençoe ricamente e vos dê paz, muiiiiita paz.

Osnir Gonçalves Ferreira. Fco Morato, 26/12/2008

Anexo 3

Para inserir ou aprofundar o Obreiro no mundo música oferecemos, logo abaixo, o Anexo 2 que fala sobre a música coral. Escrevi este texto para a matéria Canto Coral (que é parte do curso de Bacharel em Violão na Universidade Estadual Paulista-UNESP). Entendemos que o Obreiro deve também pensar sobre esta atividade tão humana e tão divina que é a música.

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Um Obreiro não deve ingênuo neste terreno, pois se não conhecer um pouco disso, como será um adorador? Como poderá ensinar sobre adoração? Como ira evangelizar pessoas que se envolveram no mal por causa da música? Com entenderá as artimanhas que satanás usa por meio da música? Como ensinará os caminhos da boa música às novas gerações?

BREVE HISTÓRIA DO CANTO CORALMetodologia e motivos Foi proposto um trabalho sobre Canto Coral. Escolhi pesquisar a Historia do Canto Coral. Pela bibliografia, grande em volumes, e pela grandiosidade do tema, percebi que seria interessante adentrar, ainda que brevemente, no assunto com o qual sempre tive alguma relação, mas bem pouco havia pesquisado, focando a História do Canto Coral.No Brasil talvez pela imediata ligação que ainda hoje se faz de ditadura (getulista) com canto coletivo, que foi muito valorizado (ou manipulado?) na era Vargas provoque (repito o talvez) um certo desinteresse pelo canto e sua história. Ou pode ser culpa do individualismo hodierno, que valoriza o EU em detrimento do NÓS? Não há até curso para desenvolvimento do Eu Interior? A senhora Shirley MacLaine não tem frases expostas até no (IA) Instituto de Artes da UNESP, ela que é autora de Em Busca do Eu?

Para não ser extensivo, e ultrapassar os limites propostos para este artigo, fiz “recortes” de textos, documentação, na verdade, além de breves digressões sobre algumas descobertas.

Origens do canto coralOctavio Bevilacqua foi professor dos Institutos de Música e Educação -RJ.Há um livro seu, de 1933 (Oficina Gráfica O Globo RJ), chamado “Notas sobre História do Canto Coral”, que, segundo o autor, foi escrito a pedido de “discípulos e amigos” em virtude das “dificuldades para (se) conseguir leituras sobre o assunto” (NOTA: as grafias das palavras do autor foram modernizadas, quando necessário).No livro (Biblioteca do IA-UNESP 784.2 B571) o autor inicia falando dos motivos humanos para o ato de cantar, individual ou coletivamente.Mantendo a modéstia cultural Bevilacqua propõe veladamente a questão de se alguém sabe o que levou o homem a cantar.O que se sabe é que “a prática do canto em conjunto, em coro (de choros, palavra grega que significa dança em filas, cortejo dançante), é uma das mais antigas manifestações musicais de que se tem referencia na História da humanidade” (O. B. p.5).

Não tenho preparo cultural para tentar responder (nem quero) a gritante questão “por que o homem começou a cantar”. Bevilacqua é da opinião que “o canto é um desenvolvimento do grito e não só da palavra” (p.5).Dizer onde e como começou o canto conjunto é algo que talvez nunca poderá ser feito.Mas supor ou mesmo especular podemos, sem pretensão de responder.Como disse, refuta-lo (ou a outro autor) não quero nem posso. Documento, apenas, sua opinião.Supõe-se, especula-se, que a origem do canto coral esteja no apoio moral que se dá e recebe no cantar em conjunto. O fato é que “as principais referencias existentes sobre as primeiras manifestações musicais humanas... (são) de coro” reforçam a teoria do apoio moral, principalmente “quando se sabe que a segurança nele obtida, só em casos especiais poderia ser alcançada por solistas” (p.6).Essa segurança ou apoio moral sentida no canto coral talvez possa ser vista no alívio obtido quando não ficamos mais sós (diante de colegas de nossa própria sala de aula), mas

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acompanhados de outros apoiadores. Houve um colega que convidado a ser voz no quarteto, se recusava. Mas ao ver que outro tenor compareceu, fortaleceu-se e foi cantar (“I PHARADISI”). Bevilacqua diz que pela experiência pedagógica se sabe que uma boa leitura de uma partitura – que se pode conseguir de um coro que lê música - “não poderia, às vezes, ser conseguida de qualquer dos elementos que o compõem quando isolado fora de seu coro. Os efeitos da colaboração são aí de uma evidencia indiscutível, e bem se observa o elemento psicológico do caso – o amparo moral que recebe o cantor em meio de seus companheiros destinados à mesma voz” (p.6).Assim, o “agrupamento garantidor”, que pode até amparar o cantor, caso erre, é possivelmente a origem do canto coral. Bevilcqua até garante isso na p. 6.

A universalidade do cantoA universalidade do canto não exige muito para ser provada. “Em coro cantam desde o bando em estado mais primitivo, em idade lítica, até o povo mais avançado em progresso; assim praticam as tribos longínquas de selvagens africanos e americanos, tanto quanto os habitantes dos centros mais cultos do Velho de Novo Mundo” (p.6).29

Persas, hindus, gregos, chineses, egípcios, judeus e muitos outros povos antigos tinham o canto coral em alta conta. “Entre los persas, desde su más tierna edad los niños aprendían mediante el canto las hazanas de los dioses y de los lombres ilustres” (Felix Rangel “El Canto Coral”- Editorial Universitaria de Buenos Aires 1968, p.8). “Al mismo tiempo, em todos los países se transmitiam por tradición oral a través Del tiempo y del espacio uma multidud de canciones rústicas, obritas anónimas del genio popular , cuyo connjunto constituye en cada país un tesoro artístico que importa conservar e inventariar celosamente”.Com a invenção do baixo cifrado surgiu “una era en la evolución de la musica coral”. A inspiração para composições vinha da biografia de santos, heróis, além de fábulas e historia antiga.Numa breve historia do coral não se pode aprofundar assunto algum. Mas não se pode avançar sem citar os egípcios, os judeus e os gregos.Muito do que se sabe sobre as praticas corais dos egípcios sabemo-lo pelos gregos. “A música figurava ali como acessório do culto, elemento empregado para aumentar o brilho das cerimônias. Instrumentistas e cantores caminhavam em procissão, executando, ao longo da avenida das Esfinges nas festas guerreiras e de coroação. Nas exéquias, o coro cantava os méritos dos defuntos. Ao que parece, aos egípcios não eram estranhos os cantos populares, de trabalho e de louvor à Natureza.” (O . B. p.8)Sachs, enormemente douto em expressão corporal humana, como a dança, fala também que os egípcios batiam palmas. Existia a quironomia que era tanto os movimentos das mãos dos cantores como do regente. Costuma-se argumentar em favor dessa interpretação alegando que “o hieróglifo correspondente às palavras cantar, canto, etc., era sempre acompanhado de um antebraço com a mão” (idem, p.9).

29 Não quero fugir do assunto, mas ainda que bem rápido, quanto a essa citação de Bevilacqua, não posso avançar sem fazer uma rápida observação, confessando que tenho dificuldades com a visão tecnicista e evolucionista de pensamentos como os de Bevilacqua que rotula bárbaro ou “selvagem” o povo que não possui a tecnologia e o desenvolvimento dos povos desenvolvidos sugerindo que a cultura, o desenvolvimento ou a tecnologia, por si próprios, elevasse moral ou culturalmente o ser humano. Também não possuo a visão romântica dos esotéricos que no meio das matas submetem-se a xamãs e às “forças da natureza”, nem coaduno com pensamentos de etnias que, em virtude de sua cosmovisão (inclui-se sua Teologia) impiedosamente matam bebês com deformidades ou por serem de tal ou qual sexo. Os casos em que se matavam meninos (e muitos grupos ainda o fazem) são bastante conhecidos. “Na India, logo no início de século dezenove, o costume de sacrificar o primeiro filho era comum”. (Karl König IRMÃOS E IRMÃS – Antroposófica 2a edição 1995 p.30). Em Uganda se estrangulava - falo no pretérito na esperança de que isso não se faz mais - o filho mais velho para evitar “que a criança herde tudo o que ele tem”. “Os índios Kutonaga, da Colúmbia Britânica, adoram o Sol e sacrificam-lhe seus primeiros filhos (e) entre os índios da Costa de Salish da mesma região, o primogênito é sempre sacrificado ao Sol e fim de assegurar a saúde e a prosperidade de toda a família”, menos a do morto, claro. (idem ps. 30,31). E não sou contrário à tecnologia - valho-me dela agora enquanto escrevo! - oponho-me a rotulações.

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Os judeus são deveras importantes para a música coral. Os responsórios que se cantam nos ofícios da Semana Santa tratam de uma vitima sacrificial que foi imolada em favor de pecadores, tema caro à doutrina judaica. Na historia dos hebreus se vê muitas situações envolvendo cantos coletivos. Jacó, fugindo de Labão, ouviu desse uma censura ao ser alcançado: “por que fugiste... sem nada me dizer? Eu te faria acompanhar com cantos do tofh e dos kinnor”. Na época de Moises se fazia distinção entre tipos de cânticos e vozes que “cantam, gritam ou simplesmente clamam”. (Ver Êxodo 32.17,18). Os judeus têm o sentido do canto bem exercitado. A própria Musicoterapia, prática moderna na sua real organização possui um princípio também, nos textos do Antigo Testamento. Afora as questões de cunho teológico que se pode discutir sobre o fato, a verdade é que a música de Davi trazia algum tipo de paz e calma para o jovem e atormentado rei Saul. Bevilacqua observa que Davi não temia que o canto coral sufocasse a “virtuosidade individual”.

A importância dos gregos para a cultura ocidental é imensa, especialmente para música. Não que sua música fosse muito idêntica à nossa. Rousseau, no “Ensaio sobre a Origem das Línguas”, já fizera essa advertência. O capítulo 13 de sua obra chama-se “De como o sistema musical dos gregos não possuía relação alguma com o nosso”. No que tange ao coral, relembremos que o termo coral vem do grego CHORÓS. O CORO era formado por até 24 cantores que se colocavam em um ponto dado da orquestra ou palco) e eram liderados pelo choragos que os orientava com as batidas de seu pé sobre o assoalho. De coro, “os gêneros principais eram os parodos (de entrada), stasma (durante a ação) e aphodos (despedida)”.Nas tragédias mais antigas o coro não cantava, mas influía decisivamente sobre os personagens. “A decadência da música, na Grécia, data aproximadamente da época em que o país perdeu sua independência (cerca de 300. a. C.)”.Nos primeiros tempos da tragédia e da comédia, o coro fazia todo o espetáculo. No século IV, Thespis colocou ao seu lado um ator que respondia aos seus cantos; Ésquilo admitiu um segundo ator, estabelecendo o dialogo. O coro passou ao papel de comentador. Sófocles faz intervir um terceiro ator. Data daí a decadência do coro grego.” (Bevilacqua, p.16).

O cristianismoA música cristã foi essencialmente formada sobre bases judaicas, gregas e romanas. Seguindo o ensinamento do apóstolo S. Paulo de que se deve “examinar tudo e reter o bem” (I Ts 5.21) os cristãos fundiram melodias e estilos para criar sua música. Esse “examinar” pode, claro, dar margem a misturas capazes de pôr em perigo a ortodoxia. É isso que levou Gregório I, a tentar uma unificação do canto. O canto conjunto era anteriormente executado nas catacumbas longe (longe???) das lanças, cruzes, fogos e espadas dos algozes. Era um canto aflito muito voltado para a penitencia e o clamor ou louvor à Divindade, cuja expressão máxima é o cantochão. Bevilacqua diz que o Concílio de Laodicéia (367), “determinou a abstenção dos fiéis nos cânticos do ritual, reservado, daí em diante, às tribunas de cantores.”(p.18).Muitos desses cantos primitivos chegaram até nós. Exemplo: Veni Sanctus Spiritus, Stabat Mater e Dies Irae. (E a quironomia, dos egípcios e hindus, para indicar o ritmo, o caminho melódico, etc, era usada pelos cristãos). “O canto coral suave da Igreja Cristã se difundiu por influência de peregrinos que vinham sempre a Roma e pelos enviados do papado, destinados a ensiná-lo. Entre os que tiveram essa missão, citam-se Pedro e Romano, mandados por Adriano I a Carlos Magno, com copias do Antifonário” (p.18).

Germanismo, protestantismo e o renascimento alemão.Relacionar esses tópicos não é coisa fácil. Mas podemos tentar um brevíssimo esboço se os unir pelo canto, pelo coral protestante, que não se pode confundir com a Forma Coral, como bem me

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alertou a mestra Dorotéa Kerr. Sim, “o coral protestante, que no século XVI, Martinho Lutero (1483-1545) organizou e fez propagar-se na Alemanha, é, para muitos, a causa do renascimento alemão”, que depois desembocará até em extremismos como determinadas doutrinas pan-germânicas. Lutero (e outros protestantes) sabia do valor da música coral, e valeu-se desse recurso para disseminar a sua Teologia30. Lutero possui o mérito de ter feito esse trabalho musical na língua alemã! Bem diferente das posturas de exclusão em voga no catolicismo romano, ao reformador interessava que o povo compreendesse, ainda que o mínimo suficiente, os pontos mais importantes dessa teológica mais baseada na Escritura. Não estamos cantando em latim? Quantos alunos da classe compreendem, de fato, a teologia subjacente na obra de Antonio dos Santos Cunha?Era isso que preocupava Lutero e o levou a tratar de temas espirituais e humanos na língua vernácula. Esse encontro ao redor da língua germânica reforçou o sentimento de POVO no alemão, sem que ocorresse uma unificação política ainda, é claro.Seguindo essa orientação, surgiram na Alemanha muitos Hinários, que serviram de modelos para os que temos ainda hoje no Brasil, como Harpa Cristã, Cantor Cristão, usados em cultos assembleianos, presbiterianos3, luteranos, batistas, metodistas, etc.Tenho de falar dele. “Bach deu ao coro uma expressão a que nunca antes havia chegado, mesmo quando tratados pelos seus mais famosos especialistas” (O.B. p.24). Bach, nesse ponto deve muito ao fato de Lutero e outros terem já preparado muitos caminhos, sem demérito alguma para a figura do velho de Einsenach.“Pode-se dizer que a parte coral é a mais importante na obra de Bach, embora a instrumental, principalmente a relativa ao órgão, seja também de verdadeiro gênio” (p. 24).Mas houve, claro, uma Contra-Reforma no catolicismo que tentou reverter a situação, frente aos protestantes reformadores. O concilio de Trento, nessa reação se opôs a prática protestante de valer-se de melodias populares, que é bom dizer, sofriam muitas vezes mudanças substanciais, estruturais, como a de compasso, ensinou Dorotéa Kerr. O que a ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana) exigia era que se proibisse “toda a música que não fosse a antiga monodia cristã”.

Brasil, Alemanha e o Canto OrfeonicoNão posso concluir sem falar do coro no Brasil.Aqui ele está demasiadamente relacionado à política, mormente o varguismo e o Estado Novo.Esse ideal político estadonovista, de alguma forma relacionado ao social nacionalismo (nazifacismo), pregava uma valorização das coisas autóctones. Essa valorização não é má em si mesma, mas beirava ao perigo nazifacista de que falei. O esoterismo dos nazistas, por exemplo, também possui ecos em idéias dos pregadores dos cantos orfeônicos. Esses proponentes brasileiros talvez não fossem de fato ocultistas, nazistas, mas não negaram, como Francisco de Campos, que tomavam “mesmo o nazismo como paradigma” (Alacyr Lenharo, “Corpo e Alma: mutações sombrias do poder no Brasil nos anos 30 e40”, in Passarinhada do Brasil, Arnaldo D. Contier – Edusc p.39.) No caso específico de Villa, sua música:

“portava uma convocação urgente de todos os cidadãos pertencentes aos mais diversos grupos sócio-profissionais. Num folheto de propaganda de um concerto a ser realizado no teatro João Caetano, Villa-Lobos utiliza um vocabulário fortemente populista, de conotações nacionalistas e místico-religiosas: ‘...operários!!!Parem! Parem! Descansem o corpo! Alimentem em poucos minutos o seu espírito, a sua alma...no domingo de música dos operários, dia 28 de abril próximo, às 17 horas no teatro João Caetano

30 Shostakovitch disse que “não há música sem ideologia”.3 O leitor interessado em conhecer esses hinários, a Revista Visão7 , “Órgão Oficial da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo” (Ano 7 no. 23), informa que esses presbiterianos “desde o inicio de 2007” possuem um novo Hinário, o Cantai Todos os Povos (CTP), “resultado do trabalho da Secretaria de Música e Liturgia da IPI do Brasil, que desde 1989 vem trabalhando para fomentar a liturgia em âmbito nacional e projetar o hinário da denominação”( p.9). O CTP possui 501 hinos, 20preludios e posludios, hinos históricos do protestantismo brasileiro e canticos contemporâneos”, além de partituras cifradas, informações sobre autores, tradutores, época da composição etc

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não haverá bilhetes, nem porteiros. As portas estarão abertas, de lado a lado, como um verdadeiro templo” (Contier ps 36,37)

Villa-Lobos, de fato a mente por trás desse Canto Orfeônico Brasileiro projetou e desenvolveu com relativo sucesso a educação coral em nossa terra. As manifestações corais empreendidas pelo S.E.M.A. (Superintendência de Educação Musical e Artística), com o ideal de que esse órgão fosse o “principal veículo de propagação do civismo” (Contier, p.30), apesar das oposições de professores da Escola Nacional de Música e do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, sim, essas manifestações eram freqüentes, especialmente no Rio de Janeiro e Goiás. Mas aquelas empreendidas sob direção do próprio Villa não carecem de muitas palavras. Lembremos algumas delas. No estádio do Fluminense em 24 de outubro de 1932, 15.000 crianças “apresentaram diversas canções cívicas e folclóricas”(Contier p.27).

“Posteriormente Villa-Lobos, organizou outras manifestações cívico-artísticas, reunindo milhares de pessoas, por exemplo, durante a realização do 7o Congresso Nacional de Educação, na cidade do Rio de Janeiro, em 1935, compareceram ao estádio do Vasco da Gama aproximadamente 100.000 pessoas. Lá estavam presentes Getúlio Vargas, Pedro Ernesto (Prefeito do Distrito Federal) e Gustavo Capanema, entre outras personalidades” (Contier p.40)

ConclusãoDepreendemos de tudo isso que o canto é universal. É inerentemente humano e já recebeu os mais diversos tratamentos e já foi utilizado para os mais diversos fins, desde meio de elevação espiritual, para cristãos e judeus; para pôr indígenas em contato com seus deuses, num leque de aplicações tão fértil que, da Mesopotâmia antiga, dada à astrologia, e onde reunidos os homens de então espancavam a pele de Lilisu, tambor usado no culto a Marduk e ainda ofereciam seu som ao planeta Vênus, até as modernas sociedades corais, o canto em conjunto tem permanecido, apesar de seus percalços e dificuldades que, para ele, a vida moderna traz, como atividade, repito, inerentemente do Homem, deliberada e necessariamente um ser social. Não foi só. Por suas possibilidades de união, o canto conjunto já foi e muito objeto de preocupação nas insones noites de generais que dele se valiam para, fazendo parecer aos soldados que suas funestas armas brilhavam mais que as dos inimigos, para dar ânimo na guerra. É desnecessário lembrar que, por essa capacidade de união, tornou-se até meio de fortalecer ou mesmo estabelecer regimes políticos, casos do Brasil e Alemanha.É certo que, como disse o músico Dmitri Shostakovitch (1906-1975), “não há música sem ideologia”. Mas desejo longa vida a Canto Coral, de preferência que sua longevidade seja a mais livre possível de ideologias autoritárias, estejam elas armadas com espada ou caneta.É certo que o cantar em conjunto seja num Coral amador ou profissional ou, por que não, no coral de torcedores que animam seus times rumo a vitória, vai sempre existir. Pelo menos na interpretação esperançosa de muitos teólogos cristãos, haverá, no futuro, em algum lugar do Cosmo um imenso Coral Universal a cantar e celebrar a Eternidade.Desde já, de agora, bem juntos, cantemos.

Osnir Gonçalves Ferreira

ANEXO 4Este anexo 4 apresenta o caráter religioso do Rastafarismo. Muitos acham que Bob Marley era apenas um músico. Porém esse artigo prova que ele era mais do que isso. Justifico a inclusão desse texto nesse curso alegando que tenho entrado em contato com jovens que se envolveram com drogas depois de ter contato com a música de Bob Marley. Desse modo, em minha visão, a obra de Bob tem servido de empecilho para o bom andamento de muitas famílias e por isso ele merece ser estuda com atenção e também merece nossa crítica fundamentada na Palavra de Deus.

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BOB MARLEY: A BENGALA DE SELASSIÉ ou Uma Espiritualidade Sonora chamada Reggae.31

Dedicado a minha sobrinha Nathália Carvalho

Introdução32 relação entre Música e Ideologia Religiosa é poucas vezes notada entre músicos e mais raramente por aqueles que não são músicos.A

Este trabalho busca apresentar a relação entre o Reggae e a ideologia religiosa ou movimento religioso de caráter messiânico conhecido como Rastafarismo e as conseqüências sociais e espirituais dessa relação.

O trabalho está dividido em duas partes principais. Na primeira, com o título de “Reggae: Terras e Personagens” apresentamos uma visão panorâmica do movimento Rastafari por meio de alguns personagens importantes como Bob Marley, Garvey, Selassié, a Etiopia etc. Na segunda parte fazemos uma “Avaliação Crítica”.

Adotamos como base de nossa crítica o ensino da Bíblia, ou seja, nossa analise parte das Escrituras e a ela retorna tendo-a como autoridade para responder as objeções que o Rastafarismo levanta e oferecer uma resposta apologética às criticas que este faz ao cristianismo e aos cristãos.Não se trata de odiosamente discordar, mas de faze-lo de maneira livre, inteligente e acima de tudo respeitosa tanto para como os personagens citados como para com aqueles que atualmente seguem o Rastafarismo (ortodoxo ou não) ou os fãs do artista competente que foi Bob Marley, até porque o trabalho de Bob Marley em parte foi realmente útil em especial na valorização do negro, e por isto merece nosso reconhecimento.

A busca de libertação espiritual dos seres humanos às vezes assume aspectos políticos e sociais de tal forma que o que parece ser uma busca por Dignidade Humana (e Liberdade Política) é na verdade uma busca por soluções espirituais, libertação espiritual e respostas a perguntas existenciais. A crítica (quase) muda de Bob Marley ao cristianismo oficial jamaicano de matiz protestante 33 alcançou grande amparo e expressão em sua aceitação da Doutrina político-religiosa de Marcus Garvey que acabou por abrir espaço, em sua vida e na de milhares de fãs, para a aceitação do político Hailé Selassié (Rei da Etiópia) como o próprio Deus (Jah) na Terra.Infelizmente Bob Marley e os seguidores do Negusa Negast de ontem e de hoje colocaram suas esperanças em homens falhos e errantes e em “outros evangelhos” diferentes da Bíblia Sagrada aceitando o argumento sutil e sedutor de que a Bíblia houvera sido “torcida pelos doutores brancos”, sem se darem conta que se lhes propunham aberrações espirituais como uso de drogas para falar com a divindade e colocando-se sob a crítica de São João, no Apocalipse, que numa impressionante previsão de quase dois mil anos alertou para o engano que surgiria sobre a terra, engano esse que proporia justamente esse tipo de desvio espiritual que oferece maconha como meio de contato com o mundo sobrenatural, e isto, no dizer do Apostolo São João é “feitiçaria”.34

I Reggae: Terras e Personagens:

31 Autor: Osnir Gonçalves Ferreira 32 Clamo pela paciência do leitor quanto ao uso correto no novo acordo ortográfico. Ainda não nos adaptamos a todas as regras, mas a aplicação de algumas o leitor mais informado já poderá perceber neste trabalho. 33 Um protestantismo sincrético evidentemente.34 No texto de João o termo de onde se traduz feitiçaria é farmacon. O Dicionário Grego do N. T. Taylor define “farmacon” (como: “droga nociva especialmente quando usada na feitiçaria, encantamento” (p. 235).

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Jamaica: “o inferno”A Jamaica, nosso primeiro personagem, era um lugar apenas fixado ao mapa e se tornou conhecida em muito por causa da figura lendária de Bob Marley. A terra da Jamaica era antes da colonização povoada pelos índios Arawak e era chamada de Xamaica e somente em 1962 obteve autonomia política da Inglaterra em muito por influencia de Garvey e da Holy Piby.Para os rastas a Jamaica era o inferno e o mundo a Babilônia. O mundo era um sistema maligno e sem solução. A visão pessimista de Bob sobre a Jamaica pode ser vista numa entrevista. O entrevistador quer saber se os rastas vão transformar a Jamaica em outra África e ele responde:

Não! Não há salvação para a Jamaica. Nós gostamos da Jamaica, sabe, mas para os Rastas é uma terra manchada. A sua história esta manchada. Tal qual o ovo que se parte e já não pode ser recuperado. A Jamaica não pode ser recuperada nem por mim nem pelo Rastas. Quando vemos o sistema vemos a morte. Aqui, as pessoas tem de lutar por tudo”. (1991, p.58)

É claro que os rastas, apesar de chamarem o mundo de Babilônia (símbolo de Pecado e Prostituição espiritual) iam a ele para realizar seus desejos de consumo. Bob Marley, por exemplo, comprou uma caríssima BMW o que lhe valeu muitas criticas.A situação política era realmente muito grave na Jamaica nos dias de Bob. Declarando ser um tanto avesso à política Bob vivia entre o fogo cruzado dos partidos de situação e oposição jamaicanos. Uma vez que tomou partido, sofreu um atentado que quase lhe tirou a vida e de sua esposa e amigos. Apesar dos vários feridos, ninguém morreu, felizmente.

Etiópia: Símbolos e HistóriaOutro personagem para o entendimento dessa espiritualidade sonora chamada Reggae é a Etiópia. “As origens da Etiópia remontam ao século II. Ela nunca foi colonizada, com exceção de um período de cinco anos em que foi ocupada pela Itália (1938-1941). Em 1974, uma junta militar depôs o imperador Hailé Selassié, no poder desde 1930, e estabeleceu o socialismo na Etiópia” (Fonte: Site do Portas Abertas).A história recente da Etiópia revela uma nação sofrida, sangrada por ditadores e opressores políticos e religiosos. Mengitsu Hailé Mariam, que governou o país desde 1977 até 1991 “foi considerado responsável pela morte de milhares de etíopes” até que em 1991 fugiu para o Zimbábue. Condenando Mariam à revelia, o governo Etíope (Frente Revolucionaria Democrática do Povo Etíope) espera que o Zimbábue o extradite para que se possa cumprir a pena de morte a que o ex-ditador foi sentenciado. A economia da Etiópia é baseada na agricultura e sofre bastante com as secas. “Mais de um milhão de etíopes já morreram de inanição nos últimos 30 anos. Atualmente cerca de 45% da população é subnutrida” (Portas Abertas).Desejamos paz e crescimento econômico e salvação espiritual para todos os nossos queridos irmãos etíopes!Sendo a Etiópia, na doutrina Rastafari a terra da Promessa, muitos peregrinavam à Terra dos Leões (1991, 115) numa autentica “romaria”.35 Com o intuito de ajudar a Etiopia, criou-se na Jamaica a Sociedade para a Salvação da Etiópia com Sede em Pinacle, Kingston, Jamaica. A Sociedade foi destruída duas vezes: 1941 e 1954.

Marcus Mosiah Garvey (1887-1940)Sem menosprezar a importância de Bob Marley, figura principal desse artigo, não exagero se disser que sem este jamaicano o Reggae certamente não teria acontecido.“A África para os africanos”. Esta frase incisiva e exigente parece em descompasso com a aparência física de Garvey (em algumas fotos), um sujeito simpático, gordo, tipo bonachão, espécie de Rossini negro com um enorme chapéu que lembra a extravagância de Carmem Miranda, mas que sabia o que queria. Seu olhar em fotografias confirma as alegações que se faz de sua perspicácia e conhecimento, e ajuda a entender por que, apesar de ser autodidata, Garvey foi amplamente reconhecido como intelectual

35 Coisa semelhante aconteceu em St Ann, no tumulo ou no museu Bob Marley, na Jamaica.66

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e homem de elevada inteligência. Sthepen Davis diz, ao entrevistar Bob Marley, que comentavam que Garvey “era um homem de negócios esperto”. “Foi Garvey quem depois de misturar política e orgulho racial em seus sermões, criou o movimento religioso Rastafari, por volta de 1927”(2001, p.15).Garvey acreditava na supremacia dos povos negros e divulgava fervorosamente suas idéias em viagens que fez por toda América Central e Europa. Viajou também pelos EUA de onde publicava suas idéias, muitas delas formadas em viagens nas quais viu in loco a situação dos negros das américas. “Vivenciando a o drama das pessoas negras ele decidiu que tentaria mudar e melhorar suas vidas” (fonte: Artigo De Internet, postado em 06/12/2008). Não por acaso, Garvey era da “nação do Maroons, um grupo de jamaicanos organizados para se defender dos abusos do colonialismo e da industria”.Homem de idéias, mas também da ação, organizava passeatas e tinha grande poder de mobilização. Em seus escritos e discursos defendia o retorno a Sion (Etiópia) e sua crença era tão firme que fundou até uma linha de navegação para a repatriação de jamaicanos chamada Black Star Line! Muitas dessas idéias de Garvey aparecem em letras de música de Bob Marley, como em Redemption Song que analisaremos. O preparo da população jamaicana para a luta contra os opressores ingleses (os colonizadores da Jamaica) que ele fazia ganhou grande peso quando em uma das passeatas o Reverendo Morris Webb disse de maneira inflamada: “olhem para a África: quando lá for coroado o Rei Negro, nossa redenção de aproxima”. Quando Makonnen foi coroado rei em 1928 e imperador em 1930, sob o título de Negusa Negast (Rei dos Reis) tudo parecia se encaixar e dar validade à ideologia garveyana.36

É bom dizer que Garvey tendo lido e concordado com muitos autores que defendiam o pan-africanismo e o orgulho racial, teve grande acolhida no seio da população da Jamaica de tal modo que antes de 1916, quando foi para os EUA, ele já tinha muitos seguidores.

Hailé Selassié: o Deus Jah que governa a terraOutro personagem importante para a compreensão do Reggae é Tafari Makonnen (o já citado Hailé Selassié). Dentro da doutrina Rastafari mais ortodoxa Selassié era tido como o próprio Deus Jah, do Antigo Testamento que encarnara na pessoa de Tafari Makonnen e se tornou o ras da Etiópia em 1928 e Imperador em 1930 com o nome de Hailé Selassié e com o título imperial de Negusa Negast (Rei dos Reis).Selassié governou o país de 1930 até sua deposição em 1974, por socialistas e seu governo foi marcado por denuncias de má gestão e descuido para com o povo.Dizia-se que os próprios leões imperiais eram tratados com carne de primeira, enquanto a população sofria a falta de grãos e remédios. Além disso, a população era oprimida por seu governo. Apesar de tudo “em abril de 1966, a visita de Sua Majestade Imperial Hailé Selassié I da Etiopia (a Jamaica), foi saudada com entusiasmo por milhares de pessoas” (1997, p. 40) e o próprio Bob Marley depois ainda o defendeu alegando que deveríamos ter paciência com Hailé Selassié, porque afinal se estava lidando “com um Deus”.

Bob Marley (1945-1981): “Sou um homem de Deus, e vim fazer o trabalho de Deus”.Há muitas pessoas importantes dentro da história do Reggae e lamentamos que seus nomes não figurem aqui neste artigo. O fato é que procuramos apresentar os mais expressivos para a compreensão do que foi o Reggae e o Rastafarismo. Apresentamos agora Bob Marley que é sem duvida a figura mais importante desse artigo. É verdade que Bob tem uma importância subordinada a Garvey ou a Hailé Selassié, mas é inegável sua importância. Bob Marley nasceu em St Ann, periferia de Kingston, Jamaica. Teve uma infância pobre em muito por que seu pai, um oficial inglês, abandonou sua mãe bem no inicio da vida do garoto, de modo que Bob teve pouco contato com seu genitor. Em 1953 foi com a mãe morar em Kingston onde trabalhou em uma oficina de solda elétrica.

36 A crença neste Negusa parecia até mesmo interferir nas definições etimológicas de Bob Marley quando este, por exemplo, disse acreditar que a palavra reggay (antiga forma escrita de reggae) significava “música dos reis”, talvez apontando para a realeza da raça negra onde ao invés de serem escravos na Jamaica ou outro lugar deviam ser reis na Etiopia. Pode ser especulação (e de fato assumo que é), mas não pude deixar de expor minhas inquietações que não visam de forma alguma manchar a imagem ou fazer acusações contra Bob Marley ou quem quer que seja.

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Antes dos Wailers gravou “One cup of Coffee” (produtor Leslie Kong). O contato com Leslie foi feito por Jimmy Cliff.Antes de 1968, ano em que foi iniciado no rastafarismo por Mortimo Planno (um pregador do Divino Templo Teocrático do Rastafari) a musica de Bob Marley apenas exaltava o estilo de vida dos “rude boys”.Nos anos 70 a carreira de Bob deslanchou e o compacto I Shot the Sheriff (Island, 1973) é sucesso na Inglaterra.Um show na África abalou muitas convicções de Bob Marley. Uma delas foi de cunho político-religiosa, pois sendo ele socialista viu na Terra-Mãe Selassié ser deposto por socialistas37, em virtude dos desmandos do imperador. Outra decepção de Bob foi ver a África politicamente dividida. Ainda assim em uma entrevista a Greg Brousser, Bob procura dar desculpas e defender o imperador (o deus Jah na terra) de acusações de que “irmãos negros na Etiópia estarem morrendo de fome sob o reinado de Selassié” alegando que “é preciso considerar toda a situação na Terra, adicionar a situação da Etiópia, e pensar no que as pessoas esperam... estamos tratando com Deus” (2001, p.69). Sua resposta revela-o evasivo e francamente idolatra, pois tem Selassié como Deus!

Por volta de 1975 Bob Marley “declarou sua adesão à facção Rastafari radical Doze Tribos de Israel e passou a usar o anel de Salomão, que pertenceu ao próprio Imperador Hailé Selassié” (2001, p.29). Este anel era muito cobiçado por integrantes de sociedades secretas rastafaris e Bob Marley, que se declarava membro da tribo de José, o usou e exibia com orgulho e chegou a exigir que o anel fosse deixado em seu corpo após sua morte.

Em 1979, quando Marley gravava o LP Survival nos EUA descobriu que estava com o câncer que lhe tirou a vida. Em 1980 esteve no Brasil, mas não cantou. Diz-se que no final de sua vida Bob Marley se filiou à Igreja Ortodoxa da Etiópia, cristãos de confissão copta. Temos fotos do funeral de Bob nesta Igreja localizada em Kingston, mas não podemos confirmar aqui esta conversão de Bob Marley.

No dia 11 de maio de 1981 morreu Bob Marley. Segundo o relato de sua mãe Cedella Brooker, Rita Marley tinha saído do hospital para comprar algo e quando retornou Bob já tinha morrido para sua grande tristeza. Dando alguma olhada na produção de Bob vemos algumas coisas interessantes, mas aponto apenas a mudança de foco em seu trabalho, uma espécie de Bob Marley antes e depois de sua adesão ao Rastafarismo.“Rude Boy” é um disco de 1966 que exaltava os “rude boys”, como eram chamados os marginais e muitos moradores de comunidades carentes de Kingston38, capital da Jamaica. Alguns anos depois, já convertido em um rasta, a música de Bob Marley se torna veiculo dessa doutrina.

FrasesHá entre muitos fãs de Bob Marley uma veneração tal para com seu pensamento que muitos se dedicam a garimpar as frases de Bob e apresenta-las.39 Em alguns sites dedicados a ele há mesmo uma seção nomeada: Frases.

37 Talvez aqui se encontre a origem de sua frase “Eu só gosto dum governo: o governo Rastafari”. E pode ser que assim Bob devolva o Poder Último não a políticos socialistas ou imperadores, mas a Jah, mas aqui e assim a confusão dogmática Rastafari se avoluma: se devolve a Jah faz isto a Selassié (que para Bob é o próprio Jah) e sendo Selassié um imperador ocorre que o poder volta a políticos. Outra coisa que se dá nessa confusão teológica dessa seita é que se Bob só gosta do Governo Rastafari sua decepção deve ter sido dupla: na primeira vez se decepciona com os socialistas e depois com o Governo Rastafari que era encabeçado por deus-Jah-Hailé-Selassié. O que posso dizer apenas e infelizmente é que, nosso Deus, porém, não é Deus de confusão, diz a Bíblia, mas paradoxalmente lança em confusão todos quantos o rejeitam e a Sua Palavra e adoram deuses estranhos! (Sl 22.5). 38 Nelson Mota (1980, p.73) ao dizer sobre o Reggae escreveu: “uma música irrestivel como o vento quente do Caribe, feroz e violenta como as favelas de Kingston, onde nasceu”. Note o “feroz e violenta como as favelas de Kingston”.39 Por exemplo, quem estiver no trem que faz a linha Morato-Luz pode notar que escreveram uma frase de Redemption Song no muro entre as estações de Pirituba e Piqueri. A frase diz: Liberte-se da escravidão mental.

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Aqui apresento algumas para que o leitor conheça mais a Bob Marley e as julgue por si mesmo, pois não nos deteremos demasiadamente nelas:

“Com Bob era diferente, havia nele algo de espiritual, de místico”.Esta frase foi dita sobre ele e o autor dela reconhece a espiritualidade de Bob Marley. Dizem que Bob via espíritos e tinha poderes sobrenaturais. Segundo alguns ele herdara isto de seus antepassados africanos entre os quais se encontram alguns feiticeiros. Contam até que diante dele alguns atiradores suavam e tremiam.

“Todas as minhas musicas são dirigidas para atingir um alvo”.Que alvo ele quer atingir? Numa entrevista Rita Marley parece estar feliz porque a doutrina de Bob tinha alcançado jovens e crianças!

“Eu olho para dentro de mim. Dificilmente olho para fora, sabe? É isso, meus olhos se voltam para dentro de mim. Não me importo com o que as outras pessoas fazem ou dizem eu procuro só as coisas certas, sabe?”. Esta aqui revela o egoísmo intelectual e espiritual de Bob Marley. Se ele não olhava e não se importava como que os outros diziam podemos compreender sua falta de prudência em posar com cigarro de “bosta de cabra” (palavras dele) para fotografias! Não é à toa que há uma multidão de usuários de drogas no mundo. E não estou culpando apenas a Bob Marley, mas estou levantado aqui sua parte, sua responsabilidade sobre esta situação.

“Não podemos ser duas coisas ao mesmo tempo. Se você é positivo, tem de ser positivo. Se você é negativo, tem de ser negativo”.Esta frase parece indicar uma influência do Taoismo ou Confucionismo sobre Bob Marley.

“É como Jah diz, o Ocidente deve morrer”.Jah é o Senhor nosso Deus. Gostaria de saber, então, onde Deus disse que o Ocidente deve morrer. Só isto: Onde?

“É o diabo dirigindo parte da Terra, sabe, enquanto Deus está na África esperando que a gente descubra que o diabo está dirigindo isto”. Veja querido leitor: Deus está na África? Ele fala aqui sobre Hailé Selassié que de Deus não tinha nada, como poderá ver abaixo neste trabalho.

“Rasta quer dizer Honestidade”. Será que Bob, um rasta, poderia falar de honestidade? Há honestidade na crítica ignorante de que a Bíblia Cristã foi torcida “por doutores brancos”?

“É preciso ter cuidado com o que se canta”. Bob Marley tomava este cuidado? Estude o leito por si mesmo suas letras!

Rita MarleyBob ganhou a “disputa” por Rita com seu amigo Peter Tosh. Rita cantava no grupo Bob Marley e The Wailers, e escolheu Bob Marley preterindo Peter Tosh. Bob, porém seguindo o péssimo exemplo de seu pai, o militar inglês Norval, abandonou Rita na saída do altar, mais exatamente, um dia depois do casamento, em 1966 e foi para a Filadélfia onde sua mãe já estava. Bob ficou lá por oito meses.É importante dizer que em 1960.... Selassié visitou a Jamaica e foi recepcionado por milhares de pessoas. Rita o viu discursar e ficou muito tocada por suas palavras. Converteu-se ao Rastafarismo e depois convenceu Bob Marley a faze-lo também.

A Bíblia negraNos anos vinte circulava entre operários na Jamaica uma Bíblia conhecida como Bíblia Negra. Eles a chamavam de Holy Piby. Ela foi trazida do Panamá e a consideravam como a verdadeira Bíblia, pois que a nossa Bíblia teria sido torcida pelos “doutores brancos”.

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Na Holy Piby: Elias era o Messias40, Deus era Negro, Etiópia era Sion (ou a Terra da Promissão) e os negros, o povo escolhido.Da leitura da Bíblia Negra surgiram alguns costumes e praticas que se tornaram marcas do Rastafarismo religioso:

“Alimentação vegetariana, abstinência de bebidas, consumo da ganja41, ou cânhamo da Índia, para fins de meditação ritual, proibição do corte ou penteado dos cabelos (que ao crescer formavam grandes tranças ou, como chamavam os detratores, dreadlocks, tranças horrendas) eram os princípios mais importantes”(1991, p.13).

Origem e desenvolvimento do Reggae Antes dos anos sessenta havia na ilha o Mento, um estilo musical ligado às tradições populares folclóricas da Jamaica. O Mento (variação local do Calipso) foi fundido ao rhythm’n blues e deu origem ao Ska, “espécie de Jazz-Calipso, com seção de metais atacando nos contratempos” (1991, p.17). Em outras palavras o Ska é a soma de música folclórica jamaicana e sons americanos. Devo dizer uma palavra sobre a importância do radio na origem e desenvolvimento do Reggae, ou seja, sobre a importância do Radio na formação do gosto musical jamaicano em direção ao surgimento do Reggae. Vemos tal importância quando sabemos que as emissoras de radio da Ilha, estando relativamente próximas dos EUA captavam os sinais de emissoras americanas. Foi assim que o rhythm’n blues, o jazz e outros estilos entraram na Ilha e favoreceram o surgimento do Reggae. A Babilônia contribuiu para o Reggae!Havia ainda na Jamaica, especialmente em Kingston, equipes que promoviam bailes (jumo ups) com muito som americano (e outros) particularmente os vindos de Miami e New Orleans. Clement Dodd, do Selo Coxsone, por exemplo, liderava uma dessas equipes. Depois de algum tempo o Ska perdeu os metais e cedeu espaço para a guitarra e baixo, e no final da década de 1960 o som já estava bem sincopado e as letras incluíam “temas ligados à valorização da raça negra e a denuncia da opressão”(1991, p.17).

“O Ska havia permutado alguns elementos rítmicos com o soul e o rock, desembocando num andamento mais lento. Surgia o ‘rock steady’, o passo mais largo em direção ao reggae. A maior transformação na música da ilha, porém, não estava em seu aspecto rítmico, mas nas letras. Eram retomados valores religiosos, passavam a fugir do lugar comum e procuravam uma voz de libertação”(1991, p.29).

Havia um Ska mais dolente e sem instrumentos de sopro feito pelo grupo musical The Maytals. Esse Ska era chamado de Reggae. Dub é um tipo de Reggae instrumental. Bob disse que “gosto muito de Dub, mas não pratico muito. Dub significa exato e justo. A perfeição. Quando os Wailers dizem que vão tocar Dub quer dizer que vão ser exatos e justos” (1991, p.59)

II -Avaliação crítica

leitor atento já notou a nossa posição frente aos fatos aqui expostos, mas considero útil declarar mais abertamente em que se fundamenta nossa crítica.O

O leitor não deve repulsar o termo “crítica” já que ele em sua origem grega encerra o sentido de análise, apreciação, confrontação, enfim, juízo (kritiké: “juízo” - Andrade, 1999, p. 105), um juízo. Não se trata de fazer pré-juízo, de assumir um pré-conceito contra a ideologia Rastafari ou Bob Marley. Não nos postamos aqui como misantropos ou críticos destrutivos. Queremos apenas (e de modo panorâmico) confrontar o corpus doutrinário (sócio-politico-religioso-artístico) da ideologia rastafariana, ou como mais evidentemente o movimento se nos mostra que é a espiritualidade sonora do Reggae, sim

40 Na Doutrina Rastafari, alias, varias personagens disputam o título de Messias: Bob, Selassié e o Profeta Elias, do Velho Testamento.41 “A erva é o remédio da nação”. Esta é uma frase de Bob que revela bem o conceito da maconha que ele tinha. A ganja é a cannabis indiana (maconha da Índia) e considerada erva sagrada porque fora “abençoada por Salomão”.

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um confronto, um balanço histórico geral desse movimento ideológico com o corpus doutrinário cristão tanto em seus aspectos Teológicos como Litúrgicos, já que tanto o cristianismo como o Rastafarismo se valem da música não somente como meio de evangelização e disseminação de sua ideologia, mas olham a música também como elemento de coesão de suas liturgias. Nossa análise se fundamenta, então, nas Escrituras Sagradas (Antigo Testamento e Novo Testamento).

Estou inclinado a crer que o Rastafarismo pode ser enquadrado como um daqueles movimentos que surgiram alimentados pelos anseios sociais e espirituais do século XIX.Garvey, por exemplo, nasceu em 1887, no Romantismo tardio, um período de grandes transformações sociais e culturais. E penso que o poder de persuasão e influência sobre as massas que Garvey tinha ele as desenvolvera em seu trabalho como líder sindical42.Já no final do século XVIII e inicio do XIX surgiram diversos grupos místicos e esotéricos que se valiam de ervas tanto para aumentar a percepção artística (literatura, música, pintura etc) e espiritual havendo mesmo inúmeros relatos de êxtases e “revelações” do mundo sobrenatural por meio do uso de absinto, haxixe e ópio.Assim quando os rastas propuseram o uso da ganja, digamos que muito do terreno já havia sido preparado.Consciências já estavam embotadas e lavadas de seus pudores, e muitas pessoas aceitavam como “normal” esse tipo de intermediação espiritual que o apostolo João chamou abertamente de “farmacon” ou, feitiçaria.João, inspirado, “profetizou” que se usaria, erroneamente, “farmacons” para se entrar em contato com Deus. Ou seja, em Apocalipse se diz claramente que “feiticeiro” é todo aquele que usa ervas com fins religiosos, o que denuncia como feiticeiras muitas tribos indígenas, algumas tribos africanas, muitos grupos religiosos como o Santo Daime43, movimentos como o reggae, muitos grupos que usam incensos etc.Muitos dos casos discutidos aqui, como o desta seita, se enquadram perfeitamente na descrição de S. João, pois usam o chá “sagrado” ou ópio, ou cocaína “para falar com a divindade”. (Mas Jesus é o caminho para o Pai e não as drogas, como vemos em Jo 14.6). A feitiçaria que São João denuncia é o uso de intermediários (seres humanos, animais, minerais e vegetais) para se ter acesso ao mundo sobrenatural.Ao narrar o desenvolvimento da arte de Bob Marley, Celso Masson em “O predestinado dos deuses” (in 1991, p.31) fala sobre o segundo disco do The Wailers “Catch a Fire” que traz “na capa uma foto de Bob com um gigantesco cigarro de cannabis (ganja, na gíria jamaicana)”. Solicito paciência ao nobre leitor, mas a expressividade e clareza do texto a seguir são tão grandes que devo apresenta-lo na integra.Após falar das mudanças ocorridas nesse disco, como de repertório, voz, produção etc, Masson diz:

“Além disso, havia o discurso. Uma poesia profunda e inspirada que o catapultava para muito além de qualquer outro compositor rasta. Para adjetiva-lo a partir de agora, era preciso escolher muito bem as palavras. Bob começava a transcender a condição de compositor e fincava suas pegadas de líder-messiânico. Seu envolvimento cada vez mais sério com o Rastafarismo mantinha-o permanentemente envolvido numa espessa nuvem de fumaça. Não é novidade para ninguém a excessiva quantidade de drogas que costuma ser consumida pelos astros da música – não apenas do rock, já que os jazzistas Charlie Parker e Billie Holiday foram viciados em heroína. No caso de Bob o uso da ganja tinha razões completamente diferentes. A função da maconha é sagrada para os rastas e, quanto mais se avança na crença, menos tempo é possível permanecer sem a ‘cabeça feita’. Daí a naturalidade de Marley ao posar fumando em varias fotos, ainda que o fumo fosse proibido em quase todo o mundo. Esta era a real imagem de Bob, sem concessões ao padrão bem-comportado que as multinacionais do disco sempre tentaram impingir as seus artistas” (1991, 31).

A importância dessas palavras é enorme e gostaria de comenta-las em profundidade, mas faço-o de modo suscinto. O que delas depreendemos? Vemos que é possível transformar uma pessoa naquilo que um postulado teórico anterior prevê de modo genérico valendo-se, todos os que se empenham nessa tarefa (jornalistas, assessores, etc), de uma escolha cuidadosa de adjetivos.

42 E o sindicalismo foi uma força de transformação social importante nesse período.43 Cazuza fez parte do Santo Daime.

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O próprio Masson que narra a escolha cuidadosa de palavras para adjetivar Bob Marley escolhe cuidadosamente os termos transcender e líder-messiânico. Para melhor defender o uso de maconha que Bob fazia, Masson lembra o leitor que outros astros da música também usam, mas não por motivos digamos “mais nobres”, como é o caso de Bob que tem motivos religiosos para “fazer a cabeça”. Isto evidentemente é um tremendo absurdo, pois se considero degradante o uso de drogas que astros do jazz ou rock faziam por estes terem motivos não nobres (e o assunto é por demais complexo para ser tratado aqui) muito mais devo considerar o uso de ganja por Bob por motivos religiosos! Veja o leitor que Masson confessa que quanto mais se adentra no Rastafarismo menos lúcido se torna em virtude do aumento exponencial de maconha. Será mesmo que devemos dizer a errônea frase de que “religião não se discute”? Não vamos discutir o Rastafarismo? Outro problema: a Lei dos Judeus não era apenas de cunho religioso, mas orientava a própria vida social de Israel (podemos ver que o “Não Matarás” faz parte do Código Penal de muitos países!). Jesus, sendo o Messias cumpria a Lei; Bob, que dizem ser o messias usava maconha mesmo sabendo que “o fumo fosse proibido em praticamente todo o mundo”. Além de nosso Messias cumprir a Lei (lembremos do “daí a César ...”) o Novo Testamento nos orienta que respeitemos as autoridades (Rm13).

De novo chamo a atenção do leitor para a proibição de Deus de que praticássemos a feitiçaria. O Senhor, onisciente como é ao proibir-nos feitiçaria ou outras formas de exercício espiritual quis não apenas evitar que entrássemos em contato com espíritos malignos e enganadores e nos manchássemos espiritualmente e fisicamente (muitas praticas espíritas tem provocado doenças mentais)44, mas também que não tivéssemos nossa Dignidade humana reduzida ao animalesco e ao grotesco45. E quando não vemos essa degradação humana (em forma de perda da lucidez, narcotização, vômitos, vícios de bebidas alcoólicas e cigarros), vemo-la no vocabulário. Bob Marley em dado momento de sua entrevista a Stephen Davis, este quer saber: “quando está em casa o que gostaria de fumar quando está em casa?”, e Bob responde:

“Eu prefiro Lambsbread, sabe? Ou Jerusalemsabread. Essa parece muito com algodão. Costumávamos chamá-la de ‘bosta de cabra’. Muito forte. Uma coisa boa, cara” (1991, p.89).

Muito terrível é pensar que “aquele que morre por nossos pecados”, como Bob Marley é visto, saia por aí narcotizado pela maconha “abençoada por Salomão” descrevendo-a em vocabulário baixo e deselegante (de “bosta de cabra”), um falar indigno da sobriedade inerente à figura de um Salvador. Esta é que é a verdade, caro leitor, sem ressentimentos! (Gálatas 4.16).

É lamentável que o Rastafarismo ortodoxo tenha rejeitado o Verdadeiro Deus e “durante muitos anos” alguns rastas tenham acreditado “que a encarnação terrena de Jah era o Ras Tafari Makonnen, ou Hailé Selassié” (1991, p. 19) e mais lamentável ainda é que outros tantos tenham crido que Bob Marley era o Salvador e perdoador e que morrera por nossos pecados! Ou seja, não é novidade que Selassié era considerado o próprio Deus encarnado, o próprio Jah! Talvez menos notada seja a crença em Bob Marley como o que perdoa nossos pecados, a visão rastafariana de que Bob morreu por nossos pecados. Isto pode ser demonstrado nas idéias que surgiram em torno de Bob. Apesar de que no Rastafarismo “uns tinham (Hailé Selassié) como Deus encarnado, outros como um messias outros ainda como um simples profeta” (1991, p.14), o que revela indecisas balburdias e flutuações na ortodoxia rastafariana46, parece-me evidente que em torno de Bob esta ortodoxia o apresentava como Messias a Selassié como Jah, como vimos nas citações ao longo desse estudo. Aprofundando o que já dissemos, Rita Marley entendia a missão do marido como a de um Salvador cuja obra devia ser levada adiante para o bem de todos os pecadores.47 Em suas palavras:

44 O respeitado Dr Francisco Franco da Rocha (do famoso Hospital Psiquiátrico “Juquery”) autoridade mundial em doenças da mente disse que o Espiritismo “é o maior fator produtor de insanos” concordando com H. Roxo e J.Moreira e M. O. de Almeida de que “O espiritismo é uma verdadeira fabrica de loucos”.45 O cha do Santo Daime provoca vômitos e alguns casos diarréias.46 Timothy White disse que “poucos observadores viam qualquer sentido nos dogmas confusos da religiao Rastafari pregada por Marley e seus irmãos dread” (1991, p.109).47 E fico admirado que quando Jesus disse aos judeus que podia perdoar pecados, eles, ligados à Torah, imediatamente intentaram mata-lo, pois só Deus, diziam, pode perdoar pecados. Os rastas, sendo judeus negros (dizem) deviam ter um espírito

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“É para isto que estou aqui. Eu me sinto nova refrescada e pronta para levar adiante o trabalho de Bob, que passou esse sentimento até para as crianças. Bob fez isso; morreu por nós para que nossos pecados possam ser perdoados” (1991, p.106).

Note o leitor a última frase: “morreu por nós para que nossos pecados possam ser perdoados”. Não há como não ver que Rita Marley substituiu a figura de Jesus como Salvador pela de seu marido Bob Marley. Ao invés disso deveria primeira e unicamente esperar e crer em Cristo (Ef 1.12, 13) e admitir que Cristo nos foi dado para o perdão de nossos pecados (Jo 3.16) e que “em nenhum há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12).É bem possível que muitos rastas tenham notado o desvio doutrinário que foi este Rastafarismo ortodoxo, mas considero tremendamente necessário fazer esta abordagem para, além de ajudar alguns indecisos entre Cristo e Bob, entre Heloim e Hailé Selassié, mostrar que a Palavra de Jesus, que não passa, cumpre-se de novo e seu alerta para nós ganhou mais profundo significado, quando nos avisou sobre a vinda, em nossa época, de falsos messias, cristos e deuses e pretensos salvadores.

Bob acreditava que em breve se daria o retorno do povo negro à África, em cumprimento à profecia (qual?). Um eco dessa crença pode ser visto em Redemption Song, onde ele diz que “nós temos que cumprir inteiramente o livro”, por mais que tentem (e se consiga às vezes) “matar nossos profetas”.

Para continuar nossa avaliação crítica, transcrevo uma fértil frase de Bob Marley:

“Tudo o que a Bíblia fala é sobre a África. Tudo. Toda a Revelação. Diretamente a África. Estritamente a África”.

Essas alegações revelam não apenas algum conhecimento de questões teológicas e as convicções fortes em Bob Marley, mas também trazem consigo conseqüências espirituais enormes.Primeiro autoriza Selassié de julgar-se (ou que alguém o aceite) como Rei dos reis e Senhor dos senhores, em flagrante contradição com Ap. 19.16 que, falando SOBRE Jesus (vs 11-19; ver ainda Jo 5.22) diz que Ele “no manto e na sua coxa tem escrito este nome: ‘Reis dos reis e Senhor dos senhores’”.

Além disso, desautoriza o verso 13 que chama Jesus (“que estava vestido de uma veste salpicada de sangue”), sim, O chama de “Palavra de Deus”. Em perfeita consonância com Jo 5.39 e Jo 1.1, Jesus é chamado de “Palavra de Deus”, uma clara afirmação de que Ele é ao mesmo tempo A Palavra (Jo. 1.1; Ap 19.13) bem como de que tudo o que a Bíblia (Palavra) fala é sobre Ele, Jesus. Tudo! Toda a Revelação é Ele! Direta e indiretamente Ele! Estritamente Jesus Cristo!

A Bíblia para os Todos os Seres HumanosNão temos uma Bíblia Negra! Muito menos queremos uma Bíblia “torcida pelos doutores brancos”. Admira-me que ainda em nossa época há pessoas que se deixam seduzir e aceitam um tal tipo de acusação, mesmo nos sendo servido a cada segundo milhões de gigas em informações que podemos consultar e comprovar se são verdadeiras ou falsas essas acusações contra a Bíblia. Nesse caso do Rastafarismo, não vêem os rastas que há dois terríveis pré-conceitos por trás da crítica que seus lideres fazem a Bíblia para que eles aceitem a Holy Piby?

Pensemos na palavra “doutores”. Na minha experiência pessoal tive muitos aborrecimentos por amar e buscar o conhecimento.

de alerta semelhante. Disse espírito alerta e não prontidão para matar, jamais concordaria com que se matasse alguém. Diante desse proposição de Bob Marley como salvador deviam os rastas reconsiderar suas crenças e serem atentos como os judeus de Israel o foram e provar se Bob tinha realmente qualificações para ser considerado apto a perdoar pecados.

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E quer saber quem me aborrecia, acusando-me de “sabidão”? Eram os ignorantes! Pessoas que não estudavam, não gostavam de ler, de pensar e que por isso, muitas vezes, aceitavam todo tipo de doutrina esdrúxula, apenas para ser “diferente da maioria”. Mas será inteligente e sábio seguir algo só para ser diferente? Bob e muitos rastas se comportam exatamente assim: acusam-nos porque muitos deles tem enorme preguiça mental, e pregam um culto a ignorância, na melhor das hipóteses.

O que pode existir contra o fato de alguém ser doutor em assuntos bíblicos, tenha ou não diploma? Que inveja maligna é esta que os leva a pressupor que alguém por ser doutor em teologia é, por isso, manipulador, sempre apto a torcer a Escrituras ao ler, expor ou traduzi-la?

Tão errado como brancos terem preconceitos contra índios, amarelos ou negros é o índio ter preconceito de branco etc, ou o negro ter preconceito contra outros irmãos humanos. O leitor não seja ingênuo de pensar que o preconceito é apenas de cor. Ele na verdade pode ser de cor, raça, religião, nacionalidade ou intelectual.

O Rastafarismo na tentativa de arrebanhar a população para sua ideologia pôs-se, sem perceber (?) contra os doutores e contra os brancos.Não posso deixar de sentir um asco e uma sensação de enjôo ao ler a velha e desgastada (e já respondida) crítica de que a Bíblia dos cristãos foi torcida pelos doutores brancos.48 Essas duas palavras são bastante despropositadas numa discussão sobre Crítica Textual Bíblica. Não é o fato de alguém ser “doutor” (ou ser branco) que o capacita a ser “traditore” (traidor) ao invés de “tradutore” (tradutor).49

Bob por exemplo não era nem doutor nem branco e veja o leitor o tipo de interpretação que ele fez de Doutrinas Bíblicas. Mesmo que este artigo não busca esgotar a análise das idéias de Bob Marley e do Rastafarismo, o leitor pode ter uma mostra da incapacidade de Bob (o mesmo de Garvey) de tratar o texto bíblico como um autêntico “tradutore”. Infelizmente seu agir interpretativo é mais condizente com a eisegese, digna, portanto, de um “traditore”.Tenho duvidas serias de se Bob visse minha biblioteca pessoal não me alertaria “por amor” que “toma cuidado, de tanto ler você pode ficar louco”, como alguns já me falaram.A busca pela sabedoria e conhecimento é uma estupidez para certas pessoas e sendo assim aos seus olhos todos os que buscam o conhecimento (ser doutor) são inevitavelmente traidores (traditores) de textos; e se forem brancos, chineses ou paraguaios ou índios são, pela ordem, suspeitos, sujos, falsos ou primitivos! Um raciocínio absurdo. Quem se arvora a ser Messias ou mesmo uma pessoa Humanista deve abandonar, desde ontem, esses juízos falsos e amar brancos, negros, paraguaios e índios, judeus e árabes, iranianos, jamaicanos, etíopes ou americanos! O amor não faz acepção de pessoas e busca sempre o interesse do outro. (Paulo em I Co 13).Será que os rastas leram a Bíblia toda para acusa-la de algo?Solicito o leitor que pergunte a um fã da filosofia Reggae (filosofia?) e critico da Bíblia se ele a conhece, se ao menos a leu inteira, se conhece algum doutor branco (da modernidade ou da antiguidade) que “mexeu” em algo na Bíblia e no que exatamente mexeu, depois solicite a ele suas fontes e avalie-as. Você verá que as acusações não procedem, não porque talvez “nossa” retórica branca de doutores seja melhor, mas porque ele nada tem de concreto para apresentar em sua defesa da Holy Piby e que na verdade age segundo o ditado que diz: “não li e não gostei”. Pregam a ignorancia valendo-se do pedantismo, são arvores sem frutos, nuvens sem água, estrelas errantes que vagam pela imensa escuridão enganando os navegantes deste mar babilônico (Jd 11-15). Para os tais que “causam divisões”, que vivem dos sentidos (do cheiro da ganja, da sensualidade etc) e

48 Não tenho condições de expor aqui questões envolvendo tradução, interpretação, história do texto bíblico, coisas sobre exegese, eisegese. Mas o leitor pode se inteirar um pouco pesquisando sobre as descobertas dos manuscritos de Qumram, no Oriente Médio, poderá ainda pesquisar sobre Alta Crítica, Baixa Critica etc. Pode começar lendo alguma coisa que indicamos na Bibliografia.49 Há uma expressão italiana que diz que a tradução e a traição do texto andam juntas. Por isso eles dizem “tradutore, traditore” (tradutor, traidor).

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“que não tem o Espírito”(Jd 19) se não se arrependerem e voltarem-se ao Verdadeiro Deus “está reservada a negrura das trevas” (Jd 13).

Além de tudo isso, Bob Marley e o Rastafarismo dizer que a Bíblia foi “torcida por doutores brancos” é ainda chamar Jesus de mentiroso, pois ele disse que mesmo que o céu e a terra passassem, acabassem Suas Palavras haveriam de permanecer! Desmente ainda o próprio Senhor Jah que diz:

“seca-se a erva, caem as flores, mas a palavra do nosso Deus subsiste eternamente” (Is.40.8) Reggae: aspecto musicalQuanto ao Reggae como estilo musical, afora a existência do estilo per se não vejo nele ou no movimento Rastafari as “novidades animadoras” de que Caetano fala (Veloso, 1997, p.495).A influência do Reggae na música internacional não deve ter sido maior que a da Bossa Nova, por exemplo, que fez provocações até em roqueiros como Jim Morrison (do The Doors) que investigou e tocou bossas jobinianas50. Numa palavra: o Reggae de Bob evanesceu-se e resiste como tal apenas em suas gravações e em grupos pequenos espalhados pelo mundo. Talvez apenas na Jamaica o Reggae tenha ainda algum apelo messiânico (mas isto seria motivo para um outro artigo). Os mais ortodoxos rastas estão como que emudecidos pelo esvaziamento da doutrina e a ausência de Bob. Em paises africanos parece que o apelo libertário sócio-espiritual do Reggae/Rastafarismo chegou ao fim. Estilos altamente massificados como o KUDURO tem arrastado milhares de pessoas para suas batidas lotando danceterias e ganhando inclusive reportagens globais (que provocam novos impulsos de divulgação), e para a tristeza de Bob aumentam em seus irmãos negros a “escravidão mental” da qual ele os queria libertar.51

Violência e Fanatismo RastafariSendo bem conhecido de muitos que Bob tinha forte sentimento de oposição aos lideres religiosos, em especial aos pastores (que em entrevistas ele não titubeia em criticar acusando-os de serem falsos, corruptos), entendemos que aqui deve ser falado muito em virtude disto, que o movimento Rastafari e Bob Marley tem muita responsabilidade por alguns casos de violências que tem acontecido pelo mundo seja em passeatas organizadas ou em âmbito familiar (pois o estimulo que fez ao uso de drogas tem destruído muitos lares). Nessas letras de musicas Bob age no sentido de “justificar a violência popular contra a violência institucional da policia. Small Axé é um exemplo disso:

Se você é uma grande árvoreNós somos a machadinhaAfiada para te pôr abaixoPronta para te por abaixo’” (1991, p.19)

A canção Johnny Was (que narra a morte de um pistoleiro) é vista por muitos como uma homenagem a “um certo Carl (Bat Man) Wilson”, que, portando armas, procurava desarmar cidadãos armados...A violência era um meio valido de lutar contra o sistema e principalmente contra a “Babilônia”. não sei ao certo se Bob influenciou ou foi influenciado por esta facção, mas, por exemplo, a facção rasta dos Nyibingdhi, no final dos anos 60 fez “ataques armados a instituições babilônicas” (1991, p19).

50 Falando sobre um compacto do The Doors, John Densmore, que foi baterista da banda em seu livro Riders on the Storm, diz: “Break On Through foi a canção escolhida para ser o nosso primeiro compacto. Fiquei preocupado pois seu ritmo era muito excêntrico, uma ‘bossa nova speed’. Este ritmo, tipicamente brasileiro, é bem visível na pulsação de minha batera. Os músicos brasileiros INFLUENCIARAM DECISIVAMENTE TODOS OS TIPOS DE MÚSICA COM AQUELA BOSSA NOVA que ‘falava o idioma do jazz’. Um bom exemplo disso é ‘Garota de Ipanema’ de Antonio Carlos Jobim” (Morrison, 1991, p.26- ênfase minha).51 Há uma frase em “Redemption Song” que se espalhou pelo mundo: “Libertem-se da escravidão mental/ Ninguem além de você pode libertar sua mente”.

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Quanto a outro personagem importante do Reggae, Jimmy Cliff, que em 1968 teve sua música “Waterfull” premiada no festival Internacional da Canção no Rio de Janeiro, ao menos no principio manteve distancia do fanatismo do Rastafarismo.

Os 144 milBob interpretava os 144 mil de Apocalipse 7 como sendo o numero dos regressantes das 12 tribos de Israel (leia-se africanos, ou os judeus negros) que estariam na Jamaica e em outros lugares na vasta e putrefata Babilônia, e que retornariam a Terra-Mãe África. Ele assim se expressa: “ainda não é hoje, mas quando o dia chegar os 144 mil regressarão”. Essa alegação de Bob traz sérios problemas: Primeiro vale-se de um texto do Novo Testamento que apresenta Jesus como o Messias52 enquanto o Rastafarismo usa um “Antigo Testamento a la Garvey” para defender o messiato de Bob ou Selassié. Segundo quem se julga (ou no mínimo aceita ser chamado) o Messias, com criticas duras e desonestas ao cristianismo, não pode usar o Novo Testamento como fonte positiva de argumentação.

Talvez a frase de Bob “é preciso ter cuidado com o que se canta” (ou diz, eu acrescento), devesse ser aprendida por ele. É bem verdade que nós, cristãos de varias vertentes, temos divergências interpretativas sobre os 144 mil, por exemplo, sobre o papel, o tempo e o lugar de atividade deles, mas concordamos que estes irrefutavelmente são judeus de Israel!Jamais alguém pode propor como exegese sadia a interpretação dos 144 mil como sendo qualquer outro grupo que não o “dos filhos de Israel ” (Ap. 7.4). E não merece refutação se se alega que os etíopes também são “dos filhos de Israel ” por serem descendentes de Salomão e a Rainha de Sabá, visto que João cita as tribos por nomes que, dentro do contexto das Escrituras, só podemos aceitar como sendo geograficamente localizados no Oriente Médio.Além disso, o reino de Sabá, de que fala o Antigo Testamento não corresponde literalmente a atual Etiópia, mas parte dela (a geografia de Sabá não é a mesma da Etiópia), de modo que os regressantes assim não regressariam a Etiópia só, mas a paises vizinhos que, junto com a Etiópia, a terra dos Leões, formavam o antigo reino de Sabá. Se insistirem criam um problema político grave que envolve a soberania de paises vizinhos da Etiópia, pois se os negros retornam para Sabá devem retornar para vários paises, o que sem duvida deve preocupar os vizinhos dos etíopes53.Puxa Bob Marley, “é preciso tomar cuidado com o que se canta” ou diz, pois, afinal, “a música é como noticias. A musica influencia as pessoas” (1991, p.88)!

Pastores falsos? Outro ponto que deve merecer nossa apreciação é com respeito a critica que Bob Marley fazia aos pastores chamando-os, parece que quase sem exceção, de falsos. Brousser lhe perguntou se Bob Marley já havia falado ou discutido sobre Selassié com os pastores ao que ele respondeu:

“Já, mas eles se escondem, se escondem por aí dizendo que não se pode ver Deus. Isso é uma mentira. Quero dizer, Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Durante o tempo em que não se pode ver Deus é como se ele não estivesse lá. Mas ele disse que iria voltar em dois mil anos. E quando vier será temível e terrível para os pagãos. É daí que vem as vibrações dos rastafari. De alguma forma os homens da Jamaica captaram esse espírito e começaram a trabalhar com isso até podermos adquirir o conhecimento. Mas a maioria dos pregadores foge dessa idéia, sabia? Eles fogem. Porque a verdade é que eles não têm tempo. Quero dizer, eles não são sinceros com eles mesmos, porque são falsos. Ficam ocupados em recolher dinheiro. Não tratam com a realidade. Recolhem dinheiro” (1991, ps.74,75).

52 Messias é o correspondente hebraico do grego Cristo. Tanto no grego como no hebraico os termos significam Ungido.53 Além disso frases como “o governo transfere para o povo toda sua fúria e sofrimento” (naquele contexto histórico, político e social e assomados ao inegável carisma de Bob) penetrando amplamente no tecido social de um determinado país (africano, por exemplo) poderia trazer conseqüências sociais graves a esse país, inclusive com levantes sociais e mesmo guerra civil.

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A verdade é que olhando a confusão geral do Rastafarismo os pastores que rejeitaram a doutrina que Bob propunha agiram de acordo com a Bíblia Sagrada, que Bob, contraditoriamente dizia ler e seguir e até mesmo aconselhava a sua leitura. Olhando com atenção suas respostas vemos uma mente confusa e uma tremenda ignorância de História (Geral, Judaica e Cristã) e das Escrituras54.Sua biografia anota que ele gostava muito de História, mas o modo como ele a tratava leva-nos a duas conclusões: ele apenas gostava de ler e não tinha senso critico e de aplicação prática de seus conteúdos ou então ele simplesmente manipulou a seu “bel prazer” (ou como disse Guimarães Rosa, “ao fel pesar”) a História a seu favor.Além do mais, o pensamento de Bob (no que lemos e conhecemos) se nos mostra como algo bastante confuso e, nesta resposta em particular, ele várias vezes foge do tema.Certamente muitas de minhas respostas foram igualmente dadas pelos pastores a Bob Marley.Bob acusa os pastores de “não serem sinceros consigo mesmos”, “porque são falsos”. Ora parece-me que Bob Marley é que faltou com a sinceridade para consigo mesmo. Por exemplo, uma vez que viu as atitudes indignas de Selassié para ser verdadeiro e não falso e para não faltar com essa sinceridade que cobra dos pastores deveria ter denunciado esse Selassié!Aristóteles disse que somos péssimos juizes quando nossos interesses estão em jogo. Mas Bob Marley parece ter tido muito interesse em esconder os abusos políticos do Imperador negro. Se realmente Bob Marley se preocupasse com a injustiça e com o povo negro teria denunciado ao mundo que o povo negro da Etiópia sofria com os desmandos da bengala pesada de Selassié.Veja o que encontramos em um site dedicado a Bob Marley a respeito de Hailé Selassié:

“A história, diz que Selassié, era um ditador sanguinário. Dizia que enquanto o povo passava fome, seus leões eram alimentados com carne de primeira. E como a população era pobre, Selassié, dentro de seu carro, jogava moedas para eles. Pois é, a história meio que crucifica Selassié, mas para os rastas, ele foi e sempre será Jah! Sempre será a reencarnação de Jesus, sempre será Haile Selassie (Poder da Trindade), Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Leão conquistador da tribo de Judah!”.

Como se pode condenar os abusos de americanos, católicos, ingleses ou budistas, que seja, e ao mesmo tempo aceitar que leões se alimentem melhor que seres humanos no reinado desse falso deus Hailé Selassié? O poder da trindade cristã está em Criar, Salvar o homem caído e manter-se ao seu lado trabalhando para sua Santificação!

Com uma doutrina assim dúbia e confusa, é prudente e sábio fazer como a “maioria dos pregadores” fizeram, fugindo “dessa idéia”, dessa doutrina funesta e ridícula!

É justo assim perguntar: são falsos os pastores de ontem e de hoje que rejeitaram a doutrina de Bob Marley?Submetidas aos critérios infalíveis da Verdade, qual doutrina subsiste: a de Bob Marley ou a de Jesus Cristo?A resposta é evidente por si só! Jesus disse que o céu e a terra poderiam passar, mas suas palavras iriam permanecer! Menos de trinta anos depois de sua morte sua própria esposa Rita Marley o tem denunciado. Quanto a Jesus Cristo... dois mil anos já faz que viveu corporalmente entre nós e sua Palavra permanece forte sendo tanto refugio como libertação para brancos e negros, americanos e asiáticos!Jesus não veio condenar o Ocidente, veio para salvar a terra!

54 É notável que a grande maioria das pessoas que criticam o Cristianismo, muitas delas declarando-se cristã, citando e invocando Jesus no cotidiano, ostentando símbolos cristãos em seus ambientes (casa, trabalho, adesivos de veículos) nada conhece sobre Jesus e o Cristianismo da Bíblia. O leitor discorda? Vamos então buscar quantas pessoas que se simpatizam com o Espiritismo Kardecista que conhecem a História da Igreja, A Bíblia e claro, que já leram o próprio racista Kardec? Pessoas inteligentes, humanistas e que amam este sujeito que, poucos sabem era sim muito racista! Kardec disse: “Um negro é bonito para um negro, como um gato é bonito para um gato”, etc.

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Por tudo isso lamento verazmente que apesar da firmeza e da coerência da Doutrina Cristã Bíblica que defendemos, os rastas, pelo menos os das décadas passadas, chamem as igrejas cristãs de “igrejas selvagens” (1991, p.12).55

Conclusãooje passados quase trinta anos da morte de Bob Marley lamentamos profundamente que pessoas geniais como Bob Marley, Rita Marley ou Garvey tenham se iludido com Hailé Selassié e o reverenciasse como uma divindade.H

Quando Bob morreu sua mãe Cedella em entrevista disse: “sento e rezo, e pergunto quem vai tomar conta de mim, e a resposta é Selassié” (1991, p.98), ou, “tudo o que temos de fazer é esperar pacientemente em Sua Majestade Imperial e ver se podemos unir o povo negro”(p. 100).O distanciamento que o tempo proporciona permite-nos avaliar o que se propôs, o valor útil para a vida social e principalmente espiritual daqueles que aceitaram estas idéias e nos permite tomar os resultados de nossa avaliação como valiosos instrumentos de vigilância. O Rastafarismo com todo o fracasso e desesperança que se mostrou ensina-nos que realmente Jesus tinha razão em nos alertar de antemão que apareceriam falsos cristos, falsos profetas e falsos messias. (Mateus 24, Lucas 21).Quando nos lembramos da ilusão de ter Selassié como Deus e o fracasso de seu governo na Etiópia, vemos que o primeiro mandamento da Lei do Senhor ganha renovada autoridade e se nos apresenta novamente como uma ordem a ser cumprida: “Não terás outros deuses diante de Mim”.(Êxodo 20.1,2).Garvey, Bob e muitos rastas e fãs se enganaram: colocaram Hailé Selassié diante de Deus e este se mostrou um déspota, autoritário e até foi deposto para a tristeza de Bob, como já dissemos. Aprendemos (ou melhor, re-aprendemos) que nossas esperanças espirituais não podem ser colocadas em seres humanos, tenham eles o título de Rei do Reggae ou de Rei dos Reis.Mais triste é a situação das pessoas que em muitos lugares do mundo adotaram preceitos do Rastafarismo e depois, como hoje se pode comprovar, suas esperanças espirituais se tornaram em desesperanças. Temos noticias, em nosso trabalho com jovens e adolescentes de casos de possessão demoníaca em fãs declarados de Bob e do Reggae. Muitos de nós sabemos, mas não custa repetir aqui que há inúmeros casos de pessoas jovens que tem estragado suas vidas jovens, de seus pais e de todas as suas famílias em virtude do consumo de maconha. E sabemos, também que o vicio não se conforma apenas com a ganja.E alegar que o Rastafarismo condena o uso de álcool é uma tentativa ilusória e mentirosa de pensar que a ganja não chama o cigarro, a bebida alcoólica e outras monstruosidades. Na verdade o Rastafarismo oferece um “presente de grego”56 aos incautos. Bob levou a sério a missão para a qual julgava ter vindo fazer, e de fato muitas pessoas falavam de Bob como uma “autoridade moral e profética”(1991, p.77). A sua mãe, senhora Booker, se dizia orgulhosa por ter dado um profeta ao mundo e sua esposa se confortava de seu luto pelo fato de que Bob concluíra seu “trabalho” na terra e honradamente “morreu por nossos pecados”, ambas indicando claramente que Bob foi um profeta e um Salvador. O leitor deve se lembrar da frase de Rita: “Bob morreu por nós para que nossos pecados fossem perdoados”(1991, p.106).

E esta confiança na pessoa de Bob era tal que segundo Rita Bob fê-la sentir que “onde tu estas, eu também estou”.Até mesmo o leitor cristão mais desavisado vê claramente que tal ensino prega indiretamente a “onisciência” de Bob, o que faz dele um Deus! Isto evidentemente é uma aberração teológica, intelectual e, sobretudo, espiritual, pois não apenas contradiz o primeiro mandamento como substitui esta crença que temos em Jesus onisciente e a transfere a Bob Marley (Mt 28.20). Em “Redemption Song” Bob diz convocando o ouvinte:

55 E olha que poderíamos chamar Bob de selvagem, pois nesse mês de abril de 2009 vi num site dedicado a Bob Marley que sua esposa Rita recentemente denunciou sua selvageria e desrespeito com ela na intimidade do casal! 56 Na guerra de Tróia, para vencer seus inimigos os gregos fingiram trégua e paz e deram aos seus inimigos um enorme cavalo de presente. Seduzidos pelo aspecto exterior do presente, não notaram a cilada e ao abrir o “presente” foram surpreendidos pelos inimigos.

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Você não irá ajudar-me a cantar,Essas canções de liberdade?Porque tudo o que eu sempre tenho são:Canções de liberdade,Canções de liberdade!

Liberte-se da escravidão mental,Ninguém além de você pode libertar sua menteNão tenha medo da energia atômica,Porque eles não podem parar o tempoPor quanto tempo vão matar nossos profetas?Enquanto nós permaneceremos de lado olhandoHuh, alguns dizem que é apenas uma parte distoNós temos que cumprir inteiramente o Livro.

O leitor atento nota que Bob convoca as pessoas a ajuda-lo a cantar o “Som de Redenção” porque alem de o “todo poderoso” (Selassié?) ter-lhe fortalecido o braço, tal canto de libertação está plasmado em sua própria essência como Ser. Bob declara que “tudo o que sempre eu tenho são canções de liberdade”. Afora a beleza estética dos versos, o que nos interessa aqui é o espírito dessas letras, ou melhor, a ideologia que eles transmitem. “Não há musica sem ideologia”, disse o compositor russo Dmitri Schstakovitch. E a musica de Bob está eivada tanto da ideologia garveyana como de suas próprias convicções pessoais que o inclinavam a aceitar Selassié como Jah: “devemos tomar posição agora para defender Sua Majestade, o Imperador Hailé Selassié, porque ele é o legitimo governante da terra” (1991, p.72). Toda a formação e as experiências de Bob Marley o levaram a crer que ele estava a serviço de Deus (Selassié) ou em suas próprias palavras: “Sou um homem de Deus, e vim fazer o trabalho de Deus”.57

Este trabalho é, socialmente falando, “a defesa de seu povo”, como diz Caetano (Veloso, 1997, p.289), ou a salvação do povo, como diz Rita.Não há duvida que Selassié aceitava-se como Deus. Ele nada fez para reparar uma possível idolatria à sua pessoa. Ao contrario a alimentou declarando-se “Negusa Negast” (Rei dos Reis), um título de Jesus Cristo (Ap.19.16). A entrega da bengala de Selassie a Bob depois da morte do Negusa ofereceu-me uma visão simbólica de tudo o pude ver em torno de Bob Marley e Hailé Selassié.E pensei que se Hailé era Deus, a entrega de sua bengala a Bob (sabemos que bengala, entre outras coisas, indica poder e também apoio, e que falem os antropólogos e psicanalistas!) poderia indicar que Hailé se “apoiava” em Bob, ou no trabalho de Bob como divulgador da doutrina Rastafari. Sem o apoio de Robert Nesta Marley, muito possivelmente, Hailé Selassié jamais teria sido visto por milhares de pessoas, inclusive no Brasil, como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, como Bob o reconhece.Jamais o leitor deve entender o titulo deste artigo como algo pejorativo. É verdade que lamento o estrago espiritual que o Rastafarismo causou a Bob e a outros rastas, mas o titulo na verdade, apesar de o texto em muito criticar Bob Marley, é uma forma de ressaltar a importância de Bob para o Rastafarismo e principalmente para Selassié. Entendo Bob como o verdadeiro apoio de Selassié e a força motivadora, alimentadora e catalisadora dessa espiritualidade chamada Reggae. Selassié, sendo “Deus” devia o reconhecimento de sua “divindade” a Bob. Sem o apoio de Bob, quem saberia algo de Makonnen?

Pena que Bob Marley tenha usado sua energia em uma doutrina que se mostrou falsa e vã.

Robert Nesta Marley foi chamado de muitas coisas, mas se o leitor quiser mesmo saber quem ele foi, respondo, encerrando que ele foi a verdadeira bengala de Selassié!

ANEXO 5 Este Anexo 5 é uma Reflexão Sobre a Amizade. Um Obreiro sem amigos o que fará?

57 Sobre as apresentações de Bob e The Wailers, Bob diz: “o que fazemos não é diversão. Quando fazemos, pode parecer diversão, mas não é diversão. É algo mais. Um contato espiritual”. (1991, p.72)

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Reflexão Sobre a Amizade.

Vamos refletir sobre a amizade. Sei que amigos podem pensar e ter costumes, crenças ou gostos diferentes. O amor não olha estes tipos de categorias. Não acontece muitas vezes de amarmos pessoas muito diferentes de nós? Sim! Se soubermos respeitar as diferenças, pode ocorrer de o diferente nos completar!Mas creio que o texto terá em muito a aprovação de vocês, pois sei que crêem em Deus e em Jesus, o Filho de Deus. Somos Cristãos todos! E, portanto crentes no Evangelho. Por isso fico à vontade para citar versos do Evangelho para nossa mútua instrução. Falemos sobre o bom espírito e a amizade! Sem bom espírito, se vamos à casa de alguém, vemos lá não o doente ou o triste, mas se o chão está sujo, o teto sem reboco! Mas a alma boa tem olhos bons. Não se apressa em julgar e não julga a partir do julgamento dos maus. A alma boa quando faz seu julgamento faz baseada na observação e na Justiça. A alma boa não diz no primeiro contato: “não fui com a cara de...” ou “os santos não bateram”. Ora como os santos podem ser assim se são Santos? O santo não acaba com uma amizade antes de ela começar! A alma boa acredita na vida! Sabe que se foi traída, magoada, invejada ou criticada não deve por isso sair pelo mundo a trair, magoar, invejar e criticar só para se vingar. Deus diz: “não se vingue! Minha é a vingança! Eu recompensarei, diz o Senhor”. E o texto continua:

“Portanto se o teu inimigo tiver fome dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque fazendo isto amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Romanos 12.19-21).

Não nos é dado vingar, mas desculpar e perdoar, pois todos nós somos errantes. Ainda S. João diz: “se você não ama seu próximo, que pode ver, como diz que ama a Deus, que não pode ver?”. A alma boa ama a Deus e ao próximo! Não se trata de aceitar tudo ou concordar com tudo o que nosso próximo diz ou faz, mas sim, se ajudando, buscar maior elevação! Buscar crescimento espiritual e de amizade. Muitos casos de tristeza, insônia, angústia, depressão, dores de cabeça, ódios vêm de nosso desinteresse pelas coisas elevadas.Padre Léo, recentemente falecido, escreveu um belíssimo livro chamado “BUSCAI AS COISAS DO ALTO!”, que fala sobre nossa elevação espiritual e nos aconselha a busca-la. O conselho dele é ruim? De modo algum! E não podemos buscar nossa elevação, não devemos buscar as coisas de Deus apenas quando vem a dor, a tristeza, a traição ou o câncer chega em casa! Devemos buscar as coisas do alto bem antes para a dor não nos derrubar, a tristeza não abalar, a traição não afundar e o câncer não ser o fim! E alguns podem achar o discurso um tanto desnecessário. Mas a verdade é que cedo ou tarde ouviremos nossa consciência a nos perguntar: “o que você tem feito? O que vai fazer? Por que você fez? Por que não fez? Por que disse? Por que não disse? Por que você foi? Por que não foi? Por que você alimentou isto? Por que prometeu? Por que pensou mal? Olhou mal? Virou o rosto? Encarou? Levantou a mão? Xingou palavras feias? Por que você traiu seu amigo, sua amiga? Por que você se aproveitou de uma frase de seu amigo e distorceu sua palavra? Por quê???”.Fugir dessas perguntas certamente desagrada a Deus. Plantamos assim sementes ruins para colhermos venenos que matam a paz, a amizade, que produzem divisão, que envergonham!Será mesmo que não vale a pena tolerar? Respeitar? Desculpar? Perdoar? Recomeçar?O que você conhece de seu colega conhece por si ou pelo que ouviu dizer? Já pensou que às vezes o que nos dizem de alguém pode não ser a verdade? Você investigou por você mesmo? Às vezes uma pessoa má nos convida para participar de algo errado. Quando recusamos, a pessoa passa a falar mal de nós por onde passa, dando a versão dela, claro!

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Felizmente nem todos acreditam! Devemos ser desse grupo e ao ouvir uma versão, tentar descobrir os interesses por trás das frases, tomando cuidado, pois quem garante que não seremos os próximos a ser mal falados? Caros irmãos fujam de falatórios que provocam intrigas. Mike Murdock, pastor americano autor de mais de 150 livros, sobre diversos temas escreveu: “cuidado! os que pecam com você, no final pecarão contra você!” E esta é uma verdade fácil de observar!Basta acompanhar como pessoas más, que hoje são “amigas”, amanhã, por uma pequena contrariedade voltam-se umas contra as outras! Tenho para mim, que aquele que vem até eu maldizer Fulano, é quase certo que irá até Fulano maldizer-me! Hoje, de bem comigo, fala de você; amanhã de bem contigo fala de mim! Por isso entendo que falatórios provocam divisões! Divisões que prejudicam o bom andamento seja de uma escola, igreja, família ou posto de saúde!Além disso, uma pessoa corre o risco de virar parceira dos maus quando por maldade ou ingenuidade repete frases feitas sem notar que se contradiz. Diz para ALGUÉM (eu, por exemplo) que “não dá pra confiar em NINGUEM”. Então por que me diz isto? Enfim, Caro Amigo, Cara Amiga, se queremos viver bem temos de dar tempo e ouvido ao outro, interessar-se por ele, ela: de onde vem? O que fez? O que sofreu? Que alegrias teve? Que sonhos tem? Que tristezas leva consigo? Como posso ajudar? São questões que o amigo levanta!Nós todos temos graves defeitos. Mas quem quer ter amigos sabe que pode haver até desentendimentos sérios entre amigos, mas deve procurar superar tudo isto! Na verdade entre amigos pode até sair “faíscas”, mas eles se desculpam e ficam mais afiados.(Provérbios 27.17). Pense um pouco nessa sabedoria em forma de frases: Padre Hilário Dick disse: “para amar é preciso se aproximar”;Ubiratan Rosa: “amar é sair de si mesmo em direção ao outro”Antero de Quental: “só uma pessoa de coragem é capaz de pedir desculpas”Ubiratan Rosa: “atitude cordial predispõe à concórdia, desfaz mal-entendidos, e estabelece a paz”Shakespeare: “guardar ressentimentos é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra”Padre Adelino de Carli: “de que vale prestar culto a Deus de costas a quem luta pelo pão da vida?”Pastor Max Lucado: “amontoar pecados é algo que nos endurece; confessá-los amolece”Max Lucado: “você vive em um mundo endurecido, mas não precisa viver com um coração de pedra”Pastor Gilberto Moreira: “o sentimento de culpa não é nada mais nada a menos que a condenação da consciência”Carlos Fregtman, musicoterapeuta: “aprender é mudar”;Hilda Hilst, poetisa: “se ter pareço noturna e imperfeita/ olha-me de novo/ olha-me de novo/ com menos altivez”;Lorice Deccache: “quando à noite não consegue dormir, pare de contar ovelhas e converse com o pastor (Deus)”;Machado de Assis: “o maior pecado depois do pecado é a publicação do pecado”Maria M. Brabo, poetisa: “a amizade é a única vela que o vento não consegue apagar”;Ovídio, poeta latino: “serás triste se fores só”.Poderíamos listar muitas outras frases sábias, bonitas e instrutivas, mas já basta. Esta é a contribuição que quero deixar para fortalecer nossas amizades nesta igreja e entre nossas famílias! Se formos espiritualmente mais saudáveis, seremos mais saúde para todos os doentes do corpo e/ou do espírito.Com amizade a todos, Osnir Gonçalves

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Conclusão e Agradecimentos:reia-me o leitor que me dispus a escrever este material simplesmente porque vemos sempre a necessidade de instruir e formar pessoas para o bom futuro da Igreja de Cristo.C

Fico muito feliz que Deus tenha me permitido escrever estas páginas e assim contribuir com a causa de Cristo na terra.

Agradeço a todos os irmãos de outros Ministérios que depositaram confiança em nossa igreja e na seriedade do curso e de nossos propósitos. Obrigado meus amados!

Agradeço a todo o corpo de Obreiros da CCNA e também às pessoas que freqüentam nossa igreja em busca de uma palavra de Deus de modo que nos incentivam, sem saber, a nos manter atentos aprendendo sempre, revendo nossas idéias, sem deixarmos a essência do Evangelho de Cristo como é ensinado na Escrituras Sagradas.

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Agradeço a liderança da igreja ainda pela paciência que tiveram comigo, com meus erros e ausências em virtudes de cursos e aulas na UNESP.

Aos meus irmãos de sangue que muito me ensinaram.

Agradeço sem poder esquecer aos músicos instrumentistas da CCNA que tem sensibilidade espiritual e musical e com os quais é sempre um prazer tocar para Deus e para nos alegrarmos.

Aos meus cunhados maravilhosos que se comportam como bons cristãos e lideres verdadeiros.

Ao pastor da igreja e Lider maior da Comunidade Cristã Nova Aliança meu amado pai Pastor Euripes, pela confiança que nos tem depositado e pela sua coragem de mudar de idéias, mesmo que percebo que alguns de seus “amigos” antigos o abandonaram justamente por sua coragem!Quero te imitar meu amado pai. Este texto como um todo eu dedico ao Meu Pai Pastor Euripes, que não caiu de paraquedas no ambiente evangélico desta cidade, mas já dirige igrejas por aqui desde perto de 1990! Ele que iniciou sua caminhada cristã no inicio dos anos de 1970 (juntamente com minha mãe) e está firme até hoje nos servindo de inspiração. Também dedico este texto a minha amada mãe Tereza irmã e líder de Mulheres, professora da EBD, Obreira fiel que já é gente celeste tendo ido morar com Cristo em 2000!Um dia nos veremos novamente no céu de Luz.

BIBLIOGRAFIA GERAL DO CURSO DE FORMACAO DE OBREIROS DA CCNA

baixo o amado leitor encontrará toda a bibliografia principal desse curso de formação de Obreiro. Depois encontra a bibliografia especifica de cada texto dos anexos.A

Desse modo se o leitor se interessou pelo artigo de Bob Marley e quer aprofundar-se no assinto pode ver a bibliografia do texto e buscar adquirir os livros citados e assim sucessivamente.

Bibliografia Principal do Curso de Formação de Obreiro da CCNA

Bíblia SagradaAs Grandes Doutrinas da Bíblia, Raimundo de Oliveira, CPAD, 4a Edição 1995;Como se comunicar com sucesso, Colleen McKenna, Market Book, 2002;Orar Com Martin Luther King, Edições Loyola, 1991;A Libertação da Teologia, Bispo Macedo, Gráfica Universal;

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Paulo em Atenas, Claudionor Correa de Andrade, CPAD, 1986;Dicionario Teologico, Claudionor Correa de Andrade, CPAD, 1999;O Cristianismo Atraves dos Seculos, Earle Cairns, Edicoes Vida Nova, 2000Dicionário da Bíblia Almeida, SBB, 2001Psicoterapias Alienantes, Sociedade de Psicanalise Integral, Editora Proton, 1980;Édipo Rei, Sófocles, Colecao Biblioteca de Ouro da Literatura UniversalAconselhamento Psicologico, Ruth Scheeffer, Editora Atlas, 1981Decolando nas Asas do Louvor, Atilano Muradas, Editora Vida, 2000Ética: decisões morais à luz da Bíblia, Editora CPAD, 2000Dinâmica da Fé, Paul Tilich, Editora Sinodal, 2002;Guia Bíblico da Paternidade Espiritual, Bayless Conley, Graça Editorial, 2003;Como usar bem seu tempo, Coleção Sucesso Pessoal, Gold Editora, 2007;Ética: as decisões morais à luz da Bíblia, Arthur Holmes, CPAD, 2000;Aprendendo a amar, Josh McDowell, Editora Candeia, 1992;Como identificar oportunidades, Coleção Sucesso Pessoal, Gold Editora, 2007;O Manual do Conselheiro Cristão, Jay E. Adams, Editora Fiel, 1986;Como fazer amigos e influenciar pessoas; Dale Carnegie, Companhia Ed. Nacional, 1945;Lições da Bíblia: Características do Verdadeiro Cristão - Revista1, Ano 1, Pr. S. Malafaia, Ed. C. Gospel, 2005;

Bibliografia De Bob: Marley a Bengala de SelassiéA Bíblia SagradaMúsica da Jamaica, Editora Escala, 2001;Bob Marley por ele mesmo, Editora Martin Claret, 1991;Dicionário Teológico, Claudionor Correia de Andrade, Editora CPAD, 1999;Música, Humana Música, Nelson Mota, Editora Salamandra, 1980;Gravações de Bob Marley; Gravações de Jimmy CliffGravações de The Maytals;Verdade Tropical, Caetano Veloso, C. Letras, 1997; A Influência de Marcus Garvey nas Canções de Bob Marley, (Artigo Internet, sem identificação de autor, postado em 06/12/2008);O Som e os Deuses: a música entre credos e Confissões, Osnir Gonçalves, edição manuscrita do autor;A Música Na Igreja, Donald Hustad, Editora Vida Nova;A Mensagem oculta do Rock, Andrade, Couto, Costa e Moreira, Editora CPAD; Evidencia que exige um veredito (Volumes I e II), Josh McDowell, Editora Candeia, 1993;A origem da Bíblia, Philip Wesley Comfort, Editora CPAD, 1998;Versões da Bíblia, Elizabeth Muriel Ekdahl, Editora Vida Nova, 1993;A Bíblia como Fonte Literária, Vittorio Bergo, Editora CPAD, 1985;Critica Textual do Novo Testamento, Wilson Paroshi, Editora Vida Nova, 1993;Entendes o que lês?, Gordon Fee&Douglas Stuart, Editora Vida Nova, 1982;O alicerce da Autoridade Bíblica, James Boice, Editora Vida Nova, 1982;A Bíblia: o livro, a história, a mensagem, Antonio Gilberto, Editora CPAD, 1991;Introdução Bíblica: como a Bíblia Chegou até Nós, Geisler&Nix, Editora Vida, 2001;Espiritismo: orientação para os catolicos, frei Boaventura Kloppenburg, Ed. Loyola,1991.A Magia do Reggae, Marco Antonio Cardoso (org), Ed. Marttin Claret, 1997

Bibliografia de “A Arte Oratória”.

O pregador eficaz – Elienai Cabral, Editora Cpad, 1999;O pregador e o Ministério da Palavra - Anísio Batista Dantas, Editora Cpad, 2a Ed.1984;Um recado para os ganhadores de almas – Horatius A. Bonar, Editora Vida Nova, 1986; Arte Retórica e Poética – Aristóteles, Edições de Ouro, Editora Tecnoprint, s/ data;

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Edificando Igrejas Saudáveis – Caio Fabio, Editora Sepal, 1995;Vidas Poderosas – Enéas Tognini, Edições E. Tognini, 1990A origem da Bíblia – Philip Wesley Comfort, Cpad, 1998; Bíblia Sagrada - Ave Maria Bíblia Sagrada – AlmeidaBíblia Apologética – ICP Editora, 2000;Você pode falar melhor – Noélio Duarte, Editora Juerp, 1997;Aprenda a conversar – Eli Rozendo dos Santos, Editora Ediouro, 1980;Fazendo excelentes apresentações – Ghassan Hasbani, Editora Market Books, 2001;Conversar e Convencer – Gracie Stuart Nutley, Editora Record, s/data, (Sterling Publishing, edição americana 1953);Como fazer amigos e influenciar pessoas – Dale Carnegie , Companhia Editora Nacional;Técnicas de Comunicação escrita - Izidoro Blikstein , Edtora Ática, 1987;Comunicação: fale pouco, fale bem sem cuspir em ninguém – Volume I, André Lopes Editora Sucesso, F. Morato, 2005;Como se comunicar com sucesso – Colleen McKenna, Editora Market Books, 2003;Série Apologética (em seis volumes)- Icp Editora, ano 2001;Exegese: a arte de interpretar a Bíblia- Editora Alfalit Brasil, 2000;Confissões - Santo Agostinho, Editora Nova Cultural, 1999;Revista Resposta Fiel, No. 22, 2007.

Bibliografia de História do Canto Coral

História do Canto Coral - O. Bevilacqua – O Globo -1933Passarinhada do Brasil - Arnaldo D. Contier – EduscEnsaio Sobre a Origem das Línguas - J.J. Rousseau - N. Cultural - 1999Bíblia Sagrada - Tradução de João Ferreira de AlmeidaHarpa Cristã - Produções “Coração para Coração”- 1998El Canto Coral - Felix Rangel – Ed. Univ. B. Aires- 1968 Fabulas - Fedro- trad. L. Feracine – Ed. Escala - 2006A Filosofia a Partir de Seus Problemas - Mario Ariel G. Porta – Ed. Loyola- 2004Filosofia da Ciência - Rubens Alves – Ed. Loyola - 2005Mozart sociologia de um gênio - Norbert Elias – J. Zahar 1995O que é documentação? - J. Smit - Editora Brasiliense - 1987 Música: Breve História - - Edson Frederico – Irmãos Vitale - 1999

Avaliação do cursoNome do participante (não obrigatório):Idade (não obrigatório):Endereço (não obrigatório):Igreja:1) O curso na sua opinião o curso foi:

a) péssimob) regularc) bomd) ótimo

2) O professor a) não foi claro ao falar

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b) foi claro 3) O curso foi aplicado em horario

a) péssimo b) ruimc) regular d) bom

4) Que assunto você acha que faltou no curso?

5) Que assunto não ficou bem claro?

6) Que assunto ficou bem claro?

7) Que assunto você acha que não deveria ter feito parte do curso?

8) A recepção dos obreiros da CCNA foi boa?

9) Em breve teremos um Curso Básico de Teologia aqui na CCNA. Você gostaria de participar? Quer deixar seu contato para que o avisemos?

DADOS DO PARTICIPANTE PARA A EMISSAO DE CERTIFICADO DE PARTICIPACAO

NOME COMPLETO:

DATA DE NASCIMENTO:

ESTADO DE NASCIMENTO:

ENDEREÇO:

TELEFONE:

E-MAIL:

NOME DA IGREJA:

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NOME DO PASTOR:

ENDEREÇO DA IGREJA:

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