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Divisão em 4 partes:
1ª parte : universo da fazenda de Palmas
2ª parte : os arredores arruinados, tendo Berta
como centro
3ª parte : flashback = volta para década de 1820
(fatos para entender o presente)
4ª parte : clímax e resolução
Mundos opostos
Espaços hierarquizados:
Dentro da Fazenda de Palmas: casa grande
(ao redor a senzala e as casas do
administrador e dos feitores)
Em volta da fazenda: a plantação de café e
um recanto próximo à mata
Fora dos domínios da fazenda: a venda de
Chico Tinguá, a casa de Nhá Tudinha e a
tapera de Zana.
Mais afastado da fazenda: a grota de Jão na
floresta
Luís Galvão
“No ano de 1846 era de recente fundação a fazenda de
Palmas, que Luís Galvão, seu proprietário, recebera de
herança paterna, ainda nas condições de simples
situação, com um velho casebre de caipira, dois cafezais
e alguma pouca roça.
Tinha Luís Galvão o gênio empreendedor e gosto para a
lavoura; casando com a filha de um capitalista de
Campinas, que lhe trouxe de dote algumas dezenas de
contos de reis, além do crédito, pode ele, dando alas à
sua atividade, fundar uma importante fazenda, que a
muitos respeitos servia de norma e escola ao agricultor
brasileiro.”
Jão Bugre: Descendência indígena, pele
vermelha e apelido de bugre
Jão Fera: Capanga violento (matador
profissional) : independência socioeconômica
escravo/enxada (reificação)
Obediência ao código de honra:
• amor incondicional por Besita e Berta
• fidelidade
• força sobre-humana de livrar-se a si e outros
do perigo.
Matador sanguinário X herói
Final: homem honrado
“Quem o visse dilacerando a vítima com as
mãos transformadas em garras, pensaria que
a fera do vulto humano ia devorar a presa, e já
palpitava com o prazer de trincar as carnes
vivas do inimigo.”
“ Era a enxada para ele um instrumento vil; o
machado e a foice ainda concebia que os
pudesse empunhar a mão do homem livre;
mas em seu próprio serviço, para abater o
esteio da choça ou abrir caminhos através da
floresta.”
Besita
Luís Galvão
(cafajestagem)
Paixão “imperiosa” e
“ardia em desejos”
Jão (fidelidade)
Paixão “submissa e
abnegada”
Berta/ Inhá/ Til Transita entre os dos 2 mundos: o da
casa grande e o pobre e dependente
“Contradição vida, seu gênio é o ser e não ser. Busquem
nela a graça da moça e encontrarão o estouvamento do
menino; porém mal se apercebam da ilusão, que já a
imagem da mulher despontará em toda sua esplêndida
fascinação. A antítese banal do anjo-demônio torna-se
realidade nela, em quem se cambiam no sorriso ou no olhar
a serenidade celeste com os fulvos lampejos da paixão...”
“E assim é tudo nela; de contraste em contraste, mudando
a cada instante, sua existência tem a constância da
volubilidade. Na vaga flutuação dessa alma, como no seio
da onda, se desenha o mundo que a cerca; a sombra apaga
a luz; uma forma desvanece a outra; ela é a imagem de
tudo, menos de si própria.”
Miguel
Início do romance : apresentado como herói
Final do romance: passividade / inconsistência
para se tornar herói
“Miguel fascinado, rendido, já não resistia com efeito; e
nesse momento, pelo menos, ele sentia que amava Linda;
mas essa Linda que ali tinha diante dos olhos, e não a
outra que vira ao natural, tímida, com as pálpebras
cerradas, o lábio trêmulo, e o gesto constrangido.”
“Era ela quem amava Miguel; mas por Linda. Era Linda a
quem Miguel amava; mas na pessoa dela, Berta.”
Dona Ermelinda
Personagem que se situa no extremo oposto.
“À expansão dessa natureza delicada, ao
perfume de bom gosto que derramava em torno
de si, deve-se atribuir a ausência de cor local que
se notava, se não em toda casa, ao menos na
família. Aquela esfera que recebia a influência
imediata da dona da casa, não era paulista, mas
fluminense; e não fluminense pura, senão
retocada já pelo apuro escocês e pela graça
francesa.”
Brás
Grita
Sofre de epilepsia
Coloca um cobra venenosa
na cama de Linda
Rouba a prenda no alto do
mastro
Solta a cutia (presente de
Miguel à Berta)
Espeta o garfo na perna da
mucama Rosa
Ataca Zana
Porta-se mal à mesa
Inadequado
ao mundo
da fazenda
Exclusão e
maus tratos
Tapera= habitação em ruínas “Atrás de um fraguedo,(...), existia naquele
tempo uma casa em ruína. Já tinha
desabado metade da parede do sótão e o
telhado abatia aos poucos, rompendo os
caibros podres.”
Zana = demência “Era uma preta velha, coberta apenas de
uma tanga de andrajos, e que resmoneava,
batendo a cabeça com um movimento
oscilatório semelhante ao do calangro. De
tempo em tempo desdobrava um dos
braços descarnados, insinuava ligeiramente
a mão pela espádua, e fazia menção de
matar uma pulga que imaginava ter presa
entre o polegar e o indicador.”
Portadoras
do segredo
do mundo
da fazenda
(Luís
Galvão)
Elite
Proximidade com os aspectos naturalistas:
“Encontra-se uma solicitude em descrever cenas
muito baixas e insignificantes, como, por
exemplo, as visitas da menina Berta aos seus
xerimbabos, o que a mais de uma pessoa causou
desapontamento. Em toda obra, não existem
menos de quarenta páginas ocupadas com uma
galinha sura, com um bacorinho, com um burro
troncho, com uma cascavel, como melhor não fez
Zola no pátio do eremitério do padre Mouret.”
Há a cena do samba, a descrição de Zana e Brás,
os dois com convulsões (tingindos com tintas
mórbidas), a descrição de uma venda, o aspecto
dela...” Araripe Junior
“Esta palavra fulminou Brás, que estrebuchou no chão,
estorcendo-se em uma convulsão medonha, que dobrou-
lhe o corpo hirto, como se fosse um verga de chumbo.
Espumava-lhe a boca, e os dentes rangiam com horríveis
contrações, que deformavam-lhe o semblante”
Em torno da fogueira, (...), dançam os pretos o samba com
um frenesi que toca o delírio. Não se descreve, nem se
imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o
corpo estremece, pula, sacode (...)
No furor causado pelo remexido infernal, alguns negros
arremetiam contra a fogueira (...)
De vez em quando o garrafão de cachaça corria a roda.
Cada um depois de mil trejeitos e negaças dava-lhe o seu
chupão(...)
Escravos domésticos X Escravos da lavoura
Disfarçadamente a crioula arredou-se do grupo
dos capangas, e encaminhou-se para a roda do
batuque, lançando um olhar ao pajem. Não
estava ainda de todo satisfeito o seu gostinho,
que era fazer o Amâncio cair no samba rasgado.
Que triunfo para ela, negra da roça, se
humilhasse a mucama Rosa, sua altiva rival.
Hesitou o mulato algum tempo, receoso de
derrogar de sua nobreza de pajem misturando-se
com a ralé da enxada, até que rendido pelos
lascivos requebros da crioula,(...), saltou no
batuque.
Costumes e tradições: Festa de São João
No terreiro das Palmas arde a grande fogueira.
É noite de São João.
Noite das sortes consoladoras, dos folguedos ao
relento, dos brincados misteriosos.
Noite das ceias opíparas, dos roletes de cana, dos
milhos assados e tantos outros regalos.
Noite, enfim, dos mastros enramados, dos fogos de
artifício, dos logros e estrepolias.
Outrora, na infância deste século, já caquético, tu
eras festa de amor e da gulodice, o enlevo dos
namorados, dos comilões e dos meninos, que
arremedavam uns e outros.