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Teoria Prof. Carlos André Data de impressão: 17/01/2011 Direito Administrativo UMA PARCERIA MATERIAL DIDÁTICO EXCLUSIVO PARA ALUNOS DO CURSO APROVAÇÃO WWW.CURSOAPROVACAO.COM.BR/CURITIBA Visite o Portal dos Concursos Públicos ELABORAÇÃO E PRODUÇÃO: INSS Turma:Todas

Ótima Apostila - direito administrativo

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Ótima Apostila - direito administrativo

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  • TeoriaProf. Carlos Andr

    Data de impresso: 17/01/2011

    Direito Administrativo

    UMA PARCERIA

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    Programa de conhecimentos complementares para o cargo de analista do seguro social, exceto para a formao em direito, com base na 2a repubilcao do Edital INSS 1 Estado, governo e administrao pblica: conceitos, elementos, poderes e organizao; natureza, fins e princpios. 2 Direito Administrativo: conceito, fontes e princpios. 3 Organizao administrativa da Unio; administrao direta e indireta. 4 Agentes pblicos: espcies e classificao; poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e funo pblicos; regime jurdico nico: provimento, vacncia, remoo, redistribuio e substituio; direitos e vantagens; regime disciplinar; responsabilidade civil, criminal e administrativa. 5 Poderes administrativos: poder hierrquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polcia; uso e abuso do poder. 6 Ato administrativo: validade, eficcia; atributos; extino, desfazimento e sanatria; classificao, espcies e exteriorizao; vinculao e discricionariedade. 7 Servios Pblicos; conceito, classificao, regulamentao e controle; forma, meios e requisitos; delegao: concesso, permisso, autorizao. 8 Controle e responsabilizao da administrao: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo; responsabilidade civil do Estado. Lei n. 8.429/92. 9 Licitaes. 9.1 Fundamento constitucional. Conceito e modalidades. 9.2 Regime de licitaes da Lei n. 8.666/93 e alteraes. Dispensa e inexigibilidade. Revogao e anulao, hipteses e efeitos. 9.3 Contrato administrativo. Conceito e caractersticas. Invalidao. 9.4 Principais espcies de contratos administrativos. 9.5 Alterao, inexecuo e resciso dos contratos administrativos.

    Conceitos, Fontes e Princpios do Direito

    Administrativo. 1. Conceito Um dos ramos do Direito Pblico que rege a organizao e o exerccio das atividades do Estado voltadas para a satisfao de interesses pblicos; Segundo Hely Lopes Meyrelles: Conjunto harmnico de princpios jurdicos que regem os rgos, agentes e as atividades pblicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. Segundo Maria Sylvia Di Pietro: Ramo do Direito Pblico que tem por objeto os rgos, agentes e pessoas jurdicas administrativas que integram a Administrao Pblica, a atividade jurdica no contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecuo de seus fins, de natureza poltica.

    2. Fontes do Direito

    Administrativo Fonte do Direito significa a origem de uma norma jurdica, a gnese de formao da ordem jurdica. No existe, contudo, uniformidade na doutrina sobre esse tema. Segundo Hely Lopes Meirelles, seguindo a doutrina tradicional administrativista, existem quatro fontes do Direito Administrativo: a lei, a jurisprudncia, a doutrina e os costumes.

    3. Princpios do Direito

    Administrativo 1. Princpio da Supremacia do Interesse Pblico sobre o Particular e da Indisponibilidade Na maioria das vezes a Administrao, para buscar de maneira eficaz seus interesses, necessita ainda de se colocar em um patamar de superioridade em relao aos particulares, numa relao de verticalidade, e para isto se utiliza do princpio da supremacia, conjugado ao princpio da indisponibilidade, pois, tecnicamente, tal prerrogativa irrenuncivel, por no haver faculdade de atuao ou no do Poder Pblico, mas sim dever de atuao.

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    Por tal princpio, sempre que houver conflito entre um interesse individual e um interesse pblico coletivo, deve prevalecer o interesse pblico. So as prerrogativas conferidas Administrao Pblica, porque esta atua por conta de tal interesse. Como exemplos podemos citar a existncia legal de clusulas exorbitantes em favor da Administrao, nos contratos administrativos; as restries ao direito de greve dos agentes pblicos; a encampao de servios concedidos pela Administrao etc. 2. Princpios da Tutela e da Autotutela da Administrao Pblica Prerrogativa da Administrao pela qual esta cabe a anulao dos atos ilegais e a revogao de atos vlidos e eficazes, quando considerados inconvenientes. A Administrao possui a faculdade de rever os seus atos, de forma a possibilitar a adequao destes realidade ftica em que atua, e declarar nulos os efeitos dos atos eivados de vcios quanto legalidade. O sistema de controle dos atos da Administrao adotado no Brasil o jurisdicional. Esse sistema possibilita, de forma inexorvel, ao Judicirio, a reviso das decises tomadas no mbito da Administrao, no tocante sua legalidade, , portanto, denominado controle finalstico, ou de legalidade. Administrao, por conseguinte, cabe tanto a anulao dos atos ilegais como a revogao de atos vlidos e eficazes, quando considerados inconvenientes ou inoportunos aos fins buscados pela Administrao. Essa forma de controle endgeno da Administrao denomina-se princpio da autotutela. Ao Poder Judicirio cabe somente a anulao de atos reputados ilegais. O embasamento de tais condutas pautado nas Smulas 346 e 473 do Supremo Tribunal Federal. 3. Princpios da Razoabilidade e Proporcionalidade Os princpios acima surgem de idias como a limitao de direitos, preconizada por Renato Alessi, segundo o qual todo direito pressupe a noo de limite, e da proibio do excesso, usada como meio de interpretao de tais princpios por Hely Lopes Meirelles, pois visam a evitar toda forma de interveno ou restrio abusiva ou desnecessria por parte da Administrao Pblica.

    Com efeito, tal anlise deve ser realizada utilizando-se dos critrios e valores atinentes ao homem mdio, de acordo com Lcia Valle Figueiredo. Na doutrina, prevalece a noo de que os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade se entrelaam e se completam, ou seja, no so considerados separadamente. Assumem grande importncia quando da atuao administrativa por meio do poder de polcia, e em geral na expedio de todos os atos de cunho discricionrios. 4. Princpio da Continuidade dos Servios Pblicos Em razo de ter o Estado assumido a prestao de determinados servios, por considerar que estes so fundamentais coletividade, mesmo os prestando de forma descentralizada ou ainda delegada, deve a Administrao, at por uma questo de coerncia, oferec-los de forma contnua, ininterrupta. Pelo princpio da continuidade dos servios pblicos, o Estado obrigado a no interromper a prestao dos servios que disponibiliza. Em relao interrupo dos servios, questo interessante se levanta na aplicao da eficincia e continuidade dos servios prestados pela Administrao em caso de inadimplncia, havendo divergncia jurisprudencial e doutrinria a respeito da possibilidade de corte de fornecimento dos servios essenciais, notadamente quanto aplicao da possibilidade legal de corte, preenchidos os requisitos previstos no artigo 6, 3, incisos I e II, da Lei n. 8.987/95, e da vedao expressa de corte de fornecimento em relao a tais servios, prevista no artigo 22 do Cdigo de Defesa do Consumidor. 5. Princpio da Motivao a obrigao conferida ao administrador de motivar todos os atos que edita, sejam gerais, sejam de efeitos concretos. considerado, entre os demais princpios, um dos mais importantes, uma vez que sem a motivao no h o devido processo legal, pois a fundamentao surge como meio interpretativo da deciso que levou prtica do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabilizao do controle da legalidade dos atos da Administrao. Motivar significa: - mencionar o dispositivo legal aplicvel ao caso concreto; - relacionar os fatos que concretamente levaram aplicao daquele dispositivo legal.

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    Em relao necessidade de motivao dos atos administrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um nico comportamento possvel) e dos atos discricionrios (aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta um ou mais comportamentos possveis, de acordo com um juzo de convenincia e oportunidade), a doutrina unssona na determinao da obrigatoriedade de motivao com relao aos atos administrativos vinculados; todavia, diverge quanto referida necessidade quanto aos atos discricionrios. Hely Lopes Meirelles entende que o ato discricionrio, editado sob os limites da Lei, confere ao administrador uma margem de liberdade para fazer um juzo de convenincia e oportunidade, no sendo necessria a motivao. No entanto, se houver tal fundamentao, o ato dever condicionar-se a esta, em razo da necessidade de observncia da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento majoritrio da doutrina, porm, de que, mesmo no ato discricionrio, necessria a motivao para que se saiba qual o caminho adotado pelo administrador. O eminente Professor Digenes Gasparini, com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superao de tais discusses doutrinrias, pois o referido artigo exige a motivao para todos os atos nele elencados, compreendendo entre estes, tanto os atos discricionrios quanto os vinculados.

    Estado, governo e administrao pblica: conceitos, elementos,

    poderes e organizao; natureza, fins e princpios.

    Poderes do Estado

    GOVERNO Conjunto de Poderes e rgos constitucionais responsveis pela funo poltica de comando do Estado; Zela pela direo suprema e geral do Estado; Determina objetivos e diretrizes;

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    Sistema de Governo

    Natureza A natureza da administrao pblica de um munus pblico, ou seja, o que procede de interesse pblico ou da lei, obrigando o agente ao exerccio de certos encargos visando o benefcio da coletividade ou da ordem social.

    Princpios Bsicos da Administrao Pblica.

    O princpio da Legalidade determina que a eficcia da atividade administrativa est condicionada ao atendimento da lei. Enquanto na administrao particular permitido fazer tudo que a lei no probe, na administrao pblica s permitido fazer o que a lei expressamente autoriza.

    O princpio da Impessoalidade, uma espcie ou derivao do princpio da finalidade, significa imparcialidade da motivao e decorre da necessidade de que o administrador pratique o ato para seu fim legal: o interesse pblico. Para tal torna-se necessrio estabelecer regras objetivas, que em todos os casos garantam unicamente o bom andamento do servio. O descumprimento deste princpio leva ao desvio de finalidade. Este princpio tambm deve ser entendido para excluir a

    promoo pessoal de autoridades, o que no quer dizer que o interesse pblico no possa coincidir com o de particulares, como ocorre normalmente nos atos administrativos negociais. O que vedado a prtica de ato sem interesse pblico, visando unicamente a satisfazer interesses particulares. J o princpio da Moralidade, tambm conhecido como princpio da probidade, no trata da moral comum, mas da moral jurdica, um conjunto de regras de conduta. Desta forma moralidade significa mais do que o simples atendimento legalidade, por isso estes conceitos no se confundem. Apesar de alguns autores no aceitarem a validade objetiva deste princpio, por entenderem que seu conceito vago e impreciso, para efeitos de concursos, o princpio objetivo e vlido inclusive como motivao para anulao de atos administrativos. O princpio da Publicidade determina a divulgao dos atos administrativos, que produzem efeitos jurdicos fora dos rgos que os emite, para conhecimento pblico em rgo da imprensa oficial. Nos municpios onde no haja rgo oficial, considera-se publicidade a afixao do ato na sede da prefeitura ou da Cmara. Mas a lei pode limitar a publicidade dos atos sem que os torne nulos. Relembrando o princpio da impessoalidade, a publicidade do ato no pode caracterizar promoo pessoal do agente. Na esfera federal a publicidade oficial est vinculada publicao no DOU, mas, em outras esferas de poder, possvel considerar jornais, contratados especificamente para publicao de atos, como rgo oficial de publicao. O princpio da eficincia, includo pela EC n 19/98, representa a tendncia de preocupao com a administrao gerencial da administrao pblica, que alm de agir dentro da legalidade, da impessoalidade e da moralidade, deve adequar a utilizao racional dos recursos para atender aos fins do interesse pblico, alcanando o resultado adequado (eficiente).

    Poderes Administrativos

    1. Conceitos Visando atender o interesse pblico, a Administrao dotada de certos poderes, denominados poderes administrativos, proporcionais aos encargos que lhes so atribudos e que se constituem em seus verdadeiros instrumentos de trabalho para realizao de suas tarefas, razo porque so chamados de poderes instrumentais, e se distinguem do poder poltico que expresso em lei e imposto pela moral administrativa e pelo interesse da coletividade.

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    2. Poderes do Estado O Estado dotado de poderes polticos, exercidos pelo Legislativo, pelo Judicirio e pelo Executivo, no desempenho de suas funes constitucionais, e de poderes administrativos, que surgem secundariamente com a Administrao e se efetivam de acordo com as exigncias do servio pblico e com os interesses da comunidade. So poderes dotados pela Administrao Pblica para bem atender ao interesse. 2.1. Poder Hierrquico o que dispe o Executivo para distribuir e escalonar as funes de seus rgos, ordenar e rever a atuao de seus agentes, estabelecendo a relao de subordinao entre os servidores do seu quadro de pessoal.

    2.2. Poder Regulamentar o poder que de regulamentar atividades e servios pblicos atravs de decretos executivos que so atos privativos dos chefes do poder executivo (presidente, governador e prefeito).

    2.3. Poder Disciplinar a faculdade de punir internamente as infraes funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas disciplina dos rgos e servios da Administrao Pblica. 2.4. Poder de Polcia a faculdade de que dispe a Administrao Pblica para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefcio da coletividade ou do prprio Estado. So espcies de poder de polcia:

    Poder de Polcia Administrativa: incide sobre os bens, direitos e atividades. inerente e se difunde por toda a Administrao Pblica. Poder de Polcia Judiciria: aquele que atua na manuteno da ordem pblica, agindo sobre as pessoas, individualmente ou indiscriminadamente. um poder privativo de determinados rgos (Polcias Civis) ou corporaes (Polcias Militares).

    3. Abuso de Poder O abuso do poder ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, ultrapassa os limites de suas atribuies ou se desvia das finalidades administrativas. O abuso do poder, como todo ato ilcito, reveste as formas mais diversas, apresentando-se ora ostensivo, como a truculncia, ora dissimulado, como o estelionato, no raro encoberto na aparncia ilusria dos atos legais. Em qualquer desses aspectos flagrante ou disfarado o abuso do poder sempre uma ilegalidade invalidadora do ato que o contm. O abuso do poder tanto pode revestir a forma comissiva como a omissiva, porque ambas so capazes de afrontar a lei e causar leso a direito individual do administrado. A inrcia da autoridade administrativa diz Caio Tcito, citado por Meirelles deixando de executar determinada prestao de servio a que por lei est obrigada, lesa o patrimnio jurdico individual. forma omissiva de abuso de poder, quer o ato seja doloso ou culposo. Entre ns, o abuso de poder tem merecido repdio sistemtico da doutrina e da jurisprudncia e, para seu combate, o constituinte armou-nos com o remdio herico do mandado de segurana1, cabvel contra ato de qualquer autoridade, e assegurou a toda pessoa o direito de representao2 contra abuso de autoridade, complementando o sistema de proteo contra esses excessos de poder. O gnero abuso de poder ou abuso de autoridade, compreende trs espcies bem caracterizadas: o excesso de poder, desvio de poder (ou desvio de finalidade) e a omisso da administrao (doutrina moderna).

    1 Art. 5., inc. LXIX da CF/88 e Lei n. 1.533/51. 2 Art. 5., XXXIV, a da CF/88.

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    3.1. Excesso de Poder Ocorre quando a autoridade, ainda que competente para praticar o ato, vai alm do permitido, exorbitando o uso de suas faculdades administrativas e, assim, excedendo sua competncia legal, invalida o ato, pois ningum pode agir em nome da Administrao fora do que a lei lhe permite. 3.2. Desvio de Finalidade Tambm conhecido como desvio de poder verifica-se quando a autoridade, embora atuando nos limites de sua competncia, pratica o ato por motivos ou com fins diversos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo interesse pblico, tornando assim, uma violao ideolgica ou uma violao moral da lei. Ocorre, por exemplo, quando a autoridade pblica decreta uma desapropriao alegando utilidade pblica, mas visando apenas favorecer um particular ou interesse pessoal ou, ainda, quando outorga uma permisso sem interesse coletivo. O ato praticado com desvio de finalidade, como todo ato imoral ou ilcito, consumado ou s escondidas ou se apresenta disfarado como ato legal e de interesse pblico. 3.3. Omisso da Administrao A omisso como abuso, decorre da inrcia da Administrao com base no principio do poder-dever de agir. Retardando ato ou fato que deva praticar, abuso de poder, que enseja correo judicial e indenizao ao prejudicado.

    ADMINISTRAO PBLICA DIRETA E INDIRETA

    I A Administrao Direta, que se constitui dos servios integrados na estrutura administrativa da Presidncia da Repblica e dos Ministrios; II A Administrao Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurdica prpria: Autarquias; Empresas Pblicas; Sociedades de Economia Mista; Fundaes Pblicas.

    1. Autarquias Na estrutura da Administrao, esta pode ser Direta ou Indireta. Na primeira encontramos rgos, que na esfera Federal pode ser exemplificado pelos Ministrios. J na segunda encontramos pessoas (entes), como exemplo as Autarquias. Da extri-se que Autarquias so Entes da Administrao Pblica Indireta, com personalidade jurdica e descentralizada do Poder Executivo. Autarquia a pessoa jurdica de direito pblico, o que significa ter praticamente as mesmas prerrogativas e sujeies da Administrao direta; o seu regime jurdico pouco se diferencia do estabelecido para esta, aparecendo, perante terceiros, como a prpria Administrao Pblica; difere da Unio, Estados e Municpios pessoas pblicas polticas por no ter capacidade poltica, ou seja, o poder de criar o prprio direito; pessoa pblica administrativa, porque tem apenas o poder de auto-administrao, nos limites estabelecidos em lei. Desta forma, temos que a autarquia um tipo de administrao indireta e est diretamente relacionada Administrao central, visto que no pode legislar em relao a si, mas deve obedecer legislao da Administrao qual est submissa. ainda importante destacar que as autarquias possuem bens e receita prprios, assim, no se confundem com bens de propriedade da Administrao direta qual esto vinculadas. Igualmente, so responsveis por seus prprios atos, no envolvendo a Administrao central, exceto no exerccio da responsabilidade subsidiria. Na administrao pblica brasileira, uma autarquia uma entidade auxiliar da administrao pblica estatal autnoma e descentralizada. um dos tipos de entidades da administrao indireta. Seu patrimnio e receita so prprios, porm, tutelados pelo Estado.

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    O Decreto-Lei n 200 de 1967, no seu artigo 5, inciso I, define autarquia como "Servio autnomo criado por lei, com personalidade jurdica de direito pblico, patrimnio e receita prprios, para executar atividades tpicas da Administrao Pblica, que requeiram para seu melhor funcionamento gesto administrativa e financeira descentralizada". Principais caractersticas das autarquias: 1- Criao por lei; exigncia que vem desde o Decreto-lei n 6.016/43, repetindo-se no Decreto-lei n 200/67 e constando agora do artigo 37, XIX, da Constituio. 2- Personalidade jurdica publica; ela titular de direitos e obrigaes prprios, distintos daqueles pertencentes ao ente que a instituiu: sendo publica, submete-se a regime jurdico de direito publico, quanto criao, extino, poderes, prerrogativas, privilgios, sujeies. 3- Capacidade de auto- administrao; no tem poder de criar o prprio direito, mas apenas a capacidade de se auto-administrar a respeito das matrias especificas que lhes foram destinadas pela pessoa pblica poltica que lhes deu vida. A outorga de patrimnio prprio necessria, sem a qual a capacidade de auto-administrao no existiria. 4- Especializao dos fins ou atividades; coloca a autarquia entre as formas de descentralizao administrativa por servios ou funcional, distinguindo-a da descentralizao territorial; o principio da especializao impede de exercer atividades diversas daquelas para as quais foram institudas. 5- Sujeio a controle ou tutela; indispensvel para que a autarquia no se desvie de seus fins institucionais. Prerrogativas autrquicas

    As autarquias possuem algumas prerrogativas de direito publico, sendo elas:

    1_ imunidade tributria: previsto no art. 150, 2 , da CF, veda a instituio de impostos sobre o patrimnio, a renda e os servios das autarquias, desde que vinculados as suas finalidades essenciais ou s que delas decorram. Podemos, assim, dizer que a imunidade para as autarquias tem natureza condicionada.

    2_ impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: no pode ser usado o instrumento coercitivo da penhora como garantia do credor.

    3_ imprescritibilidade de seus bem: caracterizando-se como bens pblicos, no podem ser eles adquiridos por terceiros atravs de usucapio.

    4_ prescrio qinqenal: dividas e direitos em favor de terceiros contra autarquias prescrevem em 5 anos.

    5_ crditos sujeitos execuo fiscal: os crditos autrquicos so inscritos como divida ativa e podem ser cobrados pelo processo especial das execues fiscais.

    6_ Prerrogativas processuais: As autarquias so consideradas como fazenda publica razo pela qual nos processos em que parte tem prazo em qudruplo para contestar e em dobro para recorrer (art. 188 do CPC) e esto sujeitos ao duplo grau de jurisdio.

    Exemplos de Autarquias

    2. Fundaes Uma fundao uma instituio caracterizada como pessoa jurdica composta pela organizao de um patrimnio mas que no tem proprietrio, nem titular, nem scios[carece de fontes?]. uma entidade de direito privado, constituda por ata dotao patrimonial, intervivos e causamortes para determinada finalidade econmica no distributiva, segundo novo entendimento internacional. Podem existir Fundaes Privadas, Fundaes Pblicas de Direito Pblico e Fundaes Pblicas de Direito Privado. Fundaes so entidades sem fins lucrativos, geralmente com a finalidade de servios pblicos nas reas de assistncia social mdica e hospitalar, educao e ensino, pesquisa e atividades culturais. A diferena entre as Fundaes Privadas e as Fundaes Pblicas, que aquelas so organizadas por vontade de um particular a partir de um patrimnio privado, j a segunda so criadas pelo Poder Executivo mediante autorizao em Lei Especfica a partir do patrimnio pblico. Exemplos de Fundaes Privadas: Fundao Bradesco, Fundao Ayrton Sena, Fundao Roberto Marinho. Exemplos de Fundao Pblica: Fundao Nacional do ndio; IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica e Fundao Nacional de Sade.

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    Exemplos de Fundaes

    3. Empresas Pblicas Empresas pblicas so aquelas criadas por expressa autorizao legal, se constituindo de capital exclusivamente pblico, mas que se regem pelas normas comerciais e vm para que o Governo exera atividades de carter econmico ou execute servios pblicos, que o prprio Estado considere, ou que interesse coletividade. Vm da Administrao Pblica Indireta e so de Direito Privado. Por serem empresas pblicas regem-se pelos ditames do Estado, que as controla, porm acompanham a dinmica comercial vigente. Tm muita semelhana com as sociedades de economia mista, mas no os so, j que as empresas pblicas no admitem capital privado. Demonstram grande relevncia ao Estado, pois este pode exercer determinadas atividades com uma maior maleabilidade, sem estar preso a tantos aspectos burocrticos. PERSONALIDADE JURDICA Sua personalidade de Direito Privado e suas atividades tem como fundamento os preceitos comerciais. uma empresa estatal, constituda, organizada e controlada pelo Poder Pblico. Ela possui natureza ambivalente, pois pertence ao mesmo tempo ao domnio pblico e ao domnio privado, sem se identificar completamente com um ou com outro. Essas empresas so voltadas para a explorao de atividades econmicas ou para a prestao de servios pblicos. Elas no atuam integralmente sob regncia do Direito Privado, possuem um regime jurdico determinado, pela natureza de seu objeto e de suas atividades. Submetem-se apenas as normas do Direito Pblico quando a Constituio determinar, ou quando tiver disposio legal especifica. Esto sujeitas as normas e princpios do Direito Pblico, como no principio da continuidade dos servios pblicos.

    Exemplos de Empresas Pblicas

    4. Sociedades de Economia Mista Sociedade de economia mista uma sociedade na qual h colaborao entre o Estado e particulares, ambos reunindo recursos para a realizao de uma finalidade, sempre de objetivo econmico. A sociedade de economia mista uma pessoa jurdica de direito privado e no se beneficia de isenes fiscais ou de foro privilegiado. O Estado poder ter uma participao majoritria ou minoritria; entretanto, mais da metade das aes com direito a voto devem pertencer ao Estado., A sociedade de economia mista uma sociedade annima, e seus funcionrios so regidos pela CLT. Normalmente so efetivados na empresa depois de um prazo. Freqentemente tm suas aes negociadas em Bolsa de Valores como, por exemplo, o Banco do Brasil, Petrobrs, Banco do Nordeste, e Eletrobrs. [1] Diferem-se das Empresas Pblicas, eis que nestas o capital 100% pblico.

    Exemplos de Sociedades de Economia Mista

    5. Agncias Executivas Agncia Executiva, conforme Di Pietro, a qualificao dada autarquia ou fundao que celebre contrato de gesto com rgo da Administrao Direta a que se acha vinculada, para melhoria da eficincia e reduo de custos. Visa melhorar a eficincia dessas entidades que operam

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    no setor de atividades exclusivas do Estado, ou seja, aquele onde predominam atividades que por sua natureza no podem ser delegadas a instituies no estatais (fiscalizao, exerccio do poder de polcia, regulao, fomento, segurana interna, tributao etc)

    Exemplos de Agncias Executivas

    6. Agncias Reguladoras Agncia Reguladora, no sistema brasileiro, entidade da Administrao indireta (autarquia em regime especial) com funo de regular matrias que lhe esto afetas. Apenas a ANATEL e a ANP tm fundamento constitucional (arts. 21, XI e 177, 2, III). Criadas como autarquias de regime especial, possuem as mesmas normas constitucionais que esto submetidas as autarquias e mais o regime especial definido nas respectivas leis instituidoras.

    Exemplos de Agncias Reguladoras

    Administrao Pblica: rgos Pblicos

    1. Conceito: Celso Antnio Bandeira de Mello crculos de atribuies, os feixes individuais de poderes funcionais repartidos no interior da personalidade estatal e expressados atravs dos agentes neles providos. Conceito legal: art. 1, 2, I da Lei 9784/99 unidade de atuao integrante da estrutura da

    Administrao direta e da estrutura da Administrao indireta. rgo no tem personalidade jurdica, uma vez que integra a estrutura da Administrao. Teoria do rgo: pessoa jurdica manifesta a sua vontade por meio dos rgos, de tal modo que quando os agentes que os compem manifestam a sua vontade, como se o prprio Estado o fizesse. Idia de imputao. 2. Natureza Cabe destacar que rgo no se confunde nem com a pessoa fsica - agente pblico -, que aquele que exerce suas funes em um determinado rgo pblico; e nem com a pessoa jurdica, que a entidade na qual o rgo esta inserido. O rgo pblico existe para que a vontade estatal seja realizada, por meio do desempenho das atribuies dos agentes pblicos. importante enfatizar que so caractersticas dos rgos administrativos: competncia, estrutura, quadro de servidores e poderes funcionais. Entretanto, os rgos administrativos no possuem personalidade jurdica.

    Administrao Pblica: Agentes Pblicos

    1. Classificao dos Agentes Pblicos A administrao pblica no Brasil age atravs de seus agentes. Agente Pblico toda pessoa, vinculada ou no ao Estado, que presta servio ao mesmo, de forma permanente ou ocasional. a parte humana do Estado. Eis abaixo os tipos de agentes pblicos existentes em nosso ordenamento jurdico, de acordo com a doutrina majoritria. 1.1. Agentes Polticos So os que ocupam os cargos principais na estrutura constitucional, em situao de representar a vontade poltica do Estado. So chamados, pelo art. 39 4 da CF/88, de membros de poder. So os componentes do Governo nos seus primeiros os escales, investidos em cargos, funes, mandatos ou comisses, por nomeao, eleio, designao ou delegao para o exerccio de atribuies constitucionais. Esses agentes atuam com plena liberdade funcional, desempenhando suas atribuies com prerrogativas e responsabilidades prprias, estabelecidas na Constituio e em leis especiais. No so servidores ou empregados pblicos, nem se sujeitam ao regime jurdico estabelecido pela

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    Constituio Federal de 1988. Tm normas especficas para sua escolha, investidura, conduta e processo por crimes funcionais e de responsabilidade, que lhes so privativos. Nesta categoria encontram-se os Chefes do Executivo (Presidente da Repblica, Governadores e Prefeitos) e seus auxiliares imediatos (Ministros e Secretrios de Estado e de Municpio), os membros das Corporaes Legislativas (Senadores, Deputados e Vereadores), os membros do Poder Judicirio (Magistrados em geral), os membros do Ministrio Pblico (Procuradores da Repblica e da Justia e os Promotores Pblicos), os membros dos Tribunais de Contas (Ministros, Auditores e Conselheiros), os representantes diplomticos e demais autoridades que atuam com independncia funcional no desempenho de atribuies governamentais, judiciais ou quase-judiciais, estranhas ao quadro do servidor pblico. 1.2. Agentes Honorficos So particulares que colaboram com o poder pblico voluntria ou compulsoriamente (pessoas que so requisitadas). Cidados convocados, designados ou nomeados para prestar, transitoriamente, determinados servios ao Estado, em razo de sua condio cvica, de sua honorabilidade ou de sua notria capacidade profissional, mas sem qualquer vnculo empregatcio ou estatutrio e, normalmente sem remunerao. Tais servios constituem o chamado mnus pblico, ou servios pblicos relevantes, de que so exemplos a funo de jurado, de mesrio eleitoral, de comissrio de menores, de presidente ou membro de comisso de estudo ou de julgamento, conciliadores e juizes leigos dos Juizados Especiais e outros dessa natureza. 1.3. Agentes Delegados Particulares que exercem atividade pblica mediante poder delegado pelo governo. So particulares que recebem a incumbncia da execuo de determinada atividade, obra ou servio pblico e o realizam em nome prprio, por sua conta e risco, mas segundo as normas do Estado e sob a permanente fiscalizao do delegante. Esses agentes no so servidores pblicos, nem honorficos, nem representantes do Estado. Todavia, constituem uma categoria parte de colaboradores do Poder Pblico. Nessa categoria encontram-se os concessionrios e permissionrios de obras e servios pblicos, os serventurios de ofcios ou cartrios no estatizados, todos os terceirizados, os leiloeiros, as demais pessoas que recebem delegao para a prtica de alguma atividade estatal ou servio de interesse coletivo.

    1.4. Agentes Credenciados

    So os que recebem a incumbncia da Administrao para represent-la em determinado ato ou praticar certa atividade especfica, mediante remunerao do Poder Pblico credenciante. Nesta categoria

    podemos elencar alguns dos peritos que atuam no poder judicirio mediante credenciamento, bem como os tradutores juramentados.

    importante ressaltar que para fins penais, os colaboradores particulares (honorficos, delegados e credenciados) e os agentes polticos equiparam-se a

    funcionrios pblicos (art. 327 do Cdigo Penal). Equiparam-se tambm no que se refere

    responsabilidade por atos de improbidade administrativa (art. 2 da Lei 8.429/92).

    1.5. Agentes Administrativos

    So os servidores e empregados pblicos em geral, podem ser civis ou militares, bem como temporrios (interinos). A Constituio Federal admite as seguintes modalidades: servidores pblicos de cargo efetivo (concursado), servidores pblicos de cargo em comisso, empregados pblicos e os temporrios. So todos aqueles que se vinculam ao Estado ou s suas entidades autrquicas e fundacionais, ou ainda s empresas pblicas e sociedades de economia mista por relaes profissionais, sujeitos hierarquia funcional e ao regime jurdico da entidade estatal a que servem.

    Servidores Cargo Efetivo Servidores Cargo Comissionado Empregados Pblicos Temporrios (excepcional interesse pblico)

    Cargo, Emprego e Funo pblicos.

    O quadro funcional o espelho quantitativo de servidores pblicos da Administrao e consiste no conjunto de carreiras, cargos isolados e funes pblicas remuneradas integrantes de uma mesma pessoa federativa ou de seus rgos internos.

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    Cargo pblico o lugar dentro da organizao funcional da organizao funcional da Administrao Direta e de suas autarquias e fundaes pblicas que, ocupado por servidor pblico, submetidos ao regime estaturio, tem funes especficas e remunerao fixada em lei ou diploma a ela equivalente. Para Celso Antonio Bandeira de Melo so as mais simples e indivisveis unidades de competncia a serem titularizadas por um agente. So criados por lei, previstos em nmero certo e com denominao prpria. Empregos pblicos so ncleos de encargos de trabalho permanentes a serem preenchidos por pessoas contratadas para desempenh-los, sob relao jurdica trabalhista e somente podem ser criados por lei. A funo pblica a atividade em si mesma, a atribuio, as tarefas desenvolvidas pelos servidores. So espcies: Funes de confiana, exercidas

    exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e destinadas s atribuies de chefia, direo e assessoramento;

    Funes exercidas por contratados por tempo determinado para atender a necessidade temporria de excepcional interesse pblico, nos termos da lei autorizadora, que deve advir de cada ente federado.

    Atos Administrativos: Conceito, classificao e

    Invalidao. 1. Conceito de Ato Administrativo: A Administrao Pblica realiza sua funo executiva por meio de atos os jurdicos que recebem a denominao especial de atos administrativos. Tais atos, por sua natureza, contedo e forma, diferenciam-se dos que emanam do Legislativo (leis) e do Judicirio (decises judiciais), quando desempenham suas atribuies especficas de legislao e de jurisdio. Temos, assim, na atividade pblica geral, trs categorias de atos os inconfundveis entre si: atos legislativos, atos judiciais e atos administrativos. A prtica de atos administrativos cabe, em principio e normalmente, aos rgos executivos, mas as autoridades judicirias e as mesas legislativas tambm os praticam restritamente, quando ordenam seus prprios servios, dispem sobre seus servidores ou expedem instrues sobre matria de sua privativa competncia. Esses atos so tipicamente administrativos, embora provindos de

    rgos judicirios ou de corporaes legislativas, e, como tais, se sujeitam a revogao ou a anulao no mbito interno ou pelas vias judiciais, como os demais atos administrativos do Executivo. Assim, ato administrativo toda manifestao unilateral de vontade da Administrao Pblica que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigaes aos administrados ou a si prpria. Condio primeira para o surgimento do ato administrativo que a Administrao aja nessa qualidade, usando de sua supremacia de Poder Pblico, visto que algumas vezes nivela-se ao particular e o ato perde a caracterstica administrativa, igualando-se ao ato jurdico privado. A segunda, que contenha manifestao de vontade apta a produzir efeitos jurdicos para os administrados, para a prpria Administrao ou para seus servidores e a terceira, que provenha de agente competente, com finalidade pblica e revestindo forma legal. O conceito acima - segundo Hely Lopes Meirelles - restringe-se apenas ao ato administrativo unilateral, ou seja, quele que se forma com a vontade nica da Administrao, e que o ato administrativo tpico. H ainda os atos administrativos bilaterais, constitudos pelos Contratos Administrativos. A rigor, todo ato praticado no exerccio da funo administrativa ato da Administrao. Todavia, no se deve confundir quaisquer atos administrativos com atos da Administrao. Oswaldo Aranha Bandeira de Mello ensina que a Administrao pratica inmeros atos que no interessa consider-los como atos administrativos e que em resumo so: a) Atos regidos pelo Direito Privado, como locao de imvel para uma repartio pblica; b) Atos materiais, como pavimentar uma rua, praticar uma operao cirrgica atravs de um mdico funcionrio, etc. c) Atos polticos ou atos de governo, em funes tpicas como tomar a iniciativa de uma lei, ofertar um indulto, sancionar ou vetar uma lei, etc. O ato administrativo tpico, portanto, sempre manifestado pela vontade da Administrao no desempenho de suas funes, o que o distingue de fato administrativo. 2. Fato Administrativo toda a realizao material da Administrao em cumprimento de alguma deciso administrativa, tal como a construo de uma estrada, ponte ou instalao de um servio pblico, entre outros. Um fato administrativo vem sempre depois de um ato administrativo. O Fato Administrativo apenas exterioriza materialmente o contedo do ato que lhe

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    precedeu. O fato administrativo produz efeito jurdico no campo do direito administrativo. Caso o fato no produza efeitos jurdicos, ele chamado de fato da administrao3. 3. Requisitos/Elementos necessrios sua formao: competncia, finalidade, forma, motivo e objeto.

    Requisito = Condio que se deve satisfazer para alcanar certo fim.

    Elemento = Uma parte que concorre com outras para a formao de um todo.

    Competncia a condio primeira de sua validade. Nenhum ato - discricionrio ou vinculado - pode ser realizado validamente sem que o agente disponha de poder legal para pratic-lo. Todo ato emanado de agente incompetente, ou realizado alm do limite de que dispe a autoridade incumbida de sua prtica, invlido, por lhe faltar um elemento bsico de sua perfeio, qual seja, o poder jurdico para manifestar a vontade da Administrao.

    Competncia - Lei n. 9.784/99 Art. 11. A competncia irrenuncivel e se exerce pelos rgos administrativos a que foi atribuda como prpria, salvo os casos de delegao e avocao legalmente admitidos. Art. 12. Um rgo administrativo e seu titular podero, se no houver impedimento legal, delegar parte da sua competncia a outros rgos ou titulares, ainda que estes no lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razo de circunstncias de ndole tcnica, social, econmica, jurdica ou territorial. Pargrafo nico. O disposto no caput deste artigo aplica-se delegao de competncia dos rgos colegiados aos respectivos presidentes. Art. 13. No podem ser objeto de delegao: I - a edio de atos de carter normativo; II - a deciso de recursos administrativos; III - as matrias de competncia exclusiva do rgo ou autoridade. Art. 14. O ato de delegao e sua revogao devero ser publicados no meio oficial. 1 O ato de delegao especificar as matrias e poderes transferidos, os limites da atuao do delegado, a durao e os objetivos da delegao e

    3 DI PIETRO. Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Editora Atlas: So Paulo, 2004. Pg. 183.

    o recurso cabvel, podendo conter ressalva de exerccio da atribuio delegada. 2 O ato de delegao revogvel a qualquer tempo pela autoridade delegante. 3 As decises adotadas por delegao devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-o editadas pelo delegado. Art. 15. Ser permitida, em carter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocao temporria de competncia atribuda a rgo hierarquicamente inferior. Art. 16. Os rgos e entidades administrativas divulgaro publicamente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional competente em matria de interesse especial.

    Finalidade o objetivo de interesse pblico a atingir. No se compreende ato administrativo sem fim pblico. Forma o revestimento exteriorizador do ato administrativo. Constitui requisito imprescindvel sua perfeio. Enquanto a vontade dos particulares pode manifestar-se livremente, a da Administrao exige procedimentos especiais e forma legal para que se expresse validamente. Motivo ou causa a situao de direito ou de fato que determina ou autoriza a realizao do ato administrativo. O motivo, como elemento integrante da perfeio do ato, pode vir expresso em lei, como pode ser deixado ao critrio do administrador. No primeiro caso ser um elemento vinculado e no segundo, discricionrio, quanto sua existncia e valorao. Da diversidade das hipteses ocorrentes resultar a exigncia ou a dispensa da motivao do ato. Dentro deste requisito, h que se ressaltar a Teoria dos Motivos Determinantes (Gaston Jze) que, de acordo com o doutrinador Alexandre de Moraes4, aplica-se a todos os atos administrativos, pois, mesmo naqueles em que a lei no exija a obrigatoriedade de motivao, se o agente optar por motiv-los, no poder alegar pressupostos de fato e de direito inexistentes. Esta teoria alimentada pela maioria dos doutrinadores administrativistas brasileiros, afirma que os motivos expostos pela administrao que justificam a realizao de um determinado ato administrativo associam-se validade da mesma, de forma que se o agente no estivesse obrigado a motiv-lo e mesmo

    4 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional Administrativo. Editora Atlas: So Paulo, 2005. Pg. 131.

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    assim a motivao fosse feita, o pressuposto de fato e de direito h que ser legtimo.

    MOTIVAO - Lei n. 9.784/99. Art. 50. Os atos administrativos devero ser motivados, com indicao dos fatos e dos fundamentos jurdicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanes; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleo pblica; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatrio; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofcio; VII - deixem de aplicar jurisprudncia firmada sobre a questo ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatrios oficiais; VIII - importem anulao, revogao, suspenso ou convalidao de ato administrativo. 1 A motivao deve ser explcita, clara e congruente, podendo consistir em declarao de concordncia com fundamentos de anteriores pareceres, informaes, decises ou propostas, que, neste caso, sero parte integrante do ato. 2 Na soluo de vrios assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecnico que reproduza os fundamentos das decises, desde que no prejudique direito ou garantia dos interessados. 3 A motivao das decises de rgos colegiados e comisses ou de decises orais constar da respectiva ata ou de termo escrito.

    Objeto a criao, modificao ou comprovao de situaes jurdicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas ao do Poder Pblico.

    4. Atributos Os atos administrativos, como emanao do Poder Pblico, trazem em si certos atributos que os distinguem dos atos jurdicos privados e lhes emprestam caractersticas prprias e condies peculiares de atuao. Referimo-nos presuno de legitimidade, a imperatividade e a auto-executoriedade.

    Os atos administrativos, qualquer que seja sua categoria ou espcie, nascem com a presuno de legitimidade, independentemente de norma legal que a estabelea. Essa presuno decorre do princpio da legalidade da Administrao. Enquanto no sobrevier o pronunciamento de nulidade, os atos administrativos so tidos por vlidos e operantes, quer para a Administrao, quer para os particulares sujeitos ou beneficirios de seus efeitos.

    A imperatividade o atributo do ato administrativo que impe a coercibilidade para seu cumprimento ou execuo. Esse atributo no est presente em todos os atos, visto que alguns deles o dispensam, por desnecessrio sua operatividade, uma vez que os efeitos jurdicos do ato dependem exclusivamente do interesse do particular na sua utilizao. Os atos, porm, que consubstanciam um provimento ou uma ordem administrativa (atos normativos, ordinatrios, punitivos) nascem sempre com imperatividade, ou seja, com a fora impositiva prpria do Poder Pblico. A auto-executoriedade consiste na possibilidade que certos atos os administrativos ensejam de imediata e direta execuo pela prpria Administrao, independentemente de ordem judicial.

    5. Invalidao e Convalidao A administrao pode desfazer seus prprios atos por consideraes de mrito e de ilegalidade. Donde se dizer que a Administrao controla seus prprios atos em toda plenitude, isto , sob os aspectos da oportunidade, convenincia, justia, contedo, forma, finalidade, moralidade e legalidade. ANULAO, REVOGAO E CONVALIDAO - Lei n. 9.784/99. Art. 53. A Administrao deve anular seus prprios atos, quando eivados de vcio de legalidade, e pode revog-los por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Art. 54. O direito da Administrao de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favorveis para os destinatrios decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada m-f. 1 No caso de efeitos patrimoniais contnuos, o prazo de decadncia contar-se- da percepo do primeiro pagamento. 2 Considera-se exerccio do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnao validade do ato. Art. 55. Em deciso na qual se evidencie no acarretarem leso ao interesse pblico nem prejuzo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanveis podero ser convalidados pela prpria Administrao. Invalidao pela Revogao a supresso de um ato administrativo legtimo e eficaz, realizada pela Administrao - e somente por ela - por no mais

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    lhe convir sua existncia. Toda revogao pressupe, portanto, um ato legal e perfeito, mas inconveniente ao interesse pblico. Se o ato for ilegal ou ilegtimo no ensejar revogao, mas, sim, anulao. A revogao funda-se no poder discricionrio de que dispe a Administrao para rever sua atividade interna e encaminh-la adequadamente realizao de seus fins especficos. Essa faculdade revogadora reconhecida e atribuda ao Poder Pblico, como implcita na funo administrativa. Os efeitos da revogao de um ato administrativo no retroagem s suas origens. Isto significa que a revogao s surte efeito a partir da sua declarao atravs de outro ato administrativo que revogar o ato inconveniente para a administrao pblica. o que chamamos de efeito ex nunc. Invalidao pela Anulao a declarao de invalidade de um ato administrativo ilegtimo e ilegal, feita pela prpria Administrao ou pelo Poder Judicirio. Baseia-se, portanto, em razes de legitimidade ou legalidade, diversamente da revogao, que se funda em motivos de convenincia ou de oportunidade e, por isso mesmo, privativa da Administrao. Os efeitos da anulao dos atos administrativos retroagem s suas origens, invalidando as conseqncias passadas, presentes e futuras do ato anulado. importante ressaltar que este ato gera efeitos no mundo jurdico, mas no cria situaes jurdicas definitivas. o efeito ex tunc. Invalidao pela Caducidade a supresso de um ato administrativo legtimo e eficaz por uma questo de lapso temporal. Geralmente acontece de forma automtica. Podemos citar, por exemplo, a invalidao de uma licena haja vista ter expirado o seu prazo de validade. Tem efeito ex nunc. Invalidao pela Cassao a supresso de um ato administrativo legtimo e eficaz por uso indevido ou seja, desvio do objeto para qual o ato foi emitido. Podemos citar, por exemplo, a cassao de uma licena de funcionamento, haja vista o detentor do documento no cumpriu as regras estabelecidas pela administrao pblica. Tem efeito ex nunc Convalidao a declarao de validade de um ato administrativo ilegtimo e ilegal, feito pela prpria Administrao com efeito EX TUNC. Esta atitude opera dentro do poder discricionrio da administrao pblica e acontece quando o requisito de validade que lhe falta no essencial para a validade do ato. importante ressaltar que a convalidao um ato administrativo. Ele no opera automaticamente, sendo necessrio um ato para formalmente convalidar outro ato. A Lei 9.784/99, em seu artigo 55, fala em defeito sanvel. De

    acordo com a maioria dos doutrinadores, estes requisitos sanveis seriam dois: - A competncia, quando o ato preenche os demais requisitos de validade faltando-lhe apenas a competncia. Este vcio pode ser sanado atravs de uma ratificao por parte da autoridade competente. - A forma, quando esta no essencial para a sua validade e o ato atingir o objetivo. Assim, a falta do requisito da forma poder ser relevada pela administrao. 6. Atos discricionrios e atos vinculados Nos atos administrativos vinculados, a Administrao Pblica age de forma mecnica e sem margem de liberdade. Assim, ocorrendo uma situao descrita lei apta a conferir um direito ou interesse, a autoridade competente deve emitir um ato, garantindo ao beneficirio o gozo ou exerccio de uma faculdade. So exemplos de atos vinculados a concesso de aposentadoria e a licena para construir. Nessas hipteses, verificando-se a reunio dos requisitos legais por quem de direito, tais atos devem ser praticados. Por sua vez, nos atos discricionrios, a lei concede Administrao a possibilidade de agir com base juzos de convenincia e de oportunidade, acerca da prpria emisso do ato ou de seu contedo. Nesses atos, a lei, ao prever uma determinada competncia, intencionalmente outorga um espao para a livre deciso da Administrao Pblica. Na prtica, pode-se dizer que a discricionariedade existe, em regra, no mbito do motivo e do objeto do ato. Excepcionalmente, pode existir na forma do ato; porm, nunca possvel encontr-la na competncia e na finalidade. Exemplo de discricionariedade no motivo: a lei valeu-se de um termo aberto (ordem pblica, interesse social, convenincia do servio) para definir o momento de atuao da administrao. Por sua vez, h discricionariedade no objeto quando a lei prev vrios contedos ou efeitos decorrentes da prtica do ato, cabendo Administrao escolher a mais apropriada ao caso concreto.

    Nesse contexto, recebe o nome de mrito administrativo o poder conferido pela lei ao administrador para que ele, nos atos discricionrios, decida sobre a oportunidade e convenincia de sua prtica (Alexandrino e Paulo, Direito Administrativo, 2006, p. 317).

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    Controle e responsabilizao da Administrao:

    Por que deve haver Controle ? Entre a Administrao e os Administrados travam-se relaes das mais variadas naturezas, contudo o Poder Pblico deve atuar em todas as suas manifestaes com legitimidade, isto , segundo as normas pertinentes a cada ato por ele prprio editadas e de acordo com a finalidade e o interesse coletivo na sua realizao. Qual objetivo do Controle? GARANTIR Legitimidade dos atos da Administrao; Adequada conduta funcional; Defesa do direito dos administrados O que Controle? 1) um poder-dever irrenuncivel; 2) Consiste em: Vigilncia, orientao e correo; 3) Exercido pela prpria administrao (rgo ou autoridade) ou outro Poder; Controle no Decreto Lei 200/67 Podemos observar que o Decreto Lei 200 de 1967 j mencionava em seu artigo 6 o controle com um dos princpios fundamentais da Administrao Pblica Federal.

    Art. 6 As atividades da Administrao Federal obedecero aos seguintes princpios fundamentais: I - Planejamento. II - Coordenao. III - Descentralizao. IV - Delegao de Competncia. V - Controle. (...) Art. 13 O controle das atividades da Administrao Federal dever exercer-se em todos os nveis e em todos os rgos, compreendendo, particularmente: a) o controle, pela chefia competente, da execuo dos programas e da observncia das normas que governam a atividade especfica do rgo controlado; b) o controle, pelos rgos prprios de cada sistema, da observncia das normas gerais que regulam o exerccio das atividades auxiliares; c) o controle da aplicao dos dinheiros pblicos e da guarda dos bens da Unio pelos rgos prprios do sistema de contabilidade e auditoria.

    O referido decreto, em busca da racionalizao da atividade administrativa, ainda ressalvava em seu artigo 14 que o controle eficaz deveria ter custo inferior ao risco protegido, evitando tambm a realizao de controles puramente formais.

    Art. 14. O trabalho administrativo ser racionalizado mediante simplificao de processos e supresso de controles que se evidenciarem como puramente formais ou cujo custo seja evidentemente superior ao risco.

    Controle Interno

    CF Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio mantero, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execuo dos programas de governo e dos oramentos da Unio; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto eficcia e eficincia, da gesto oramentria, financeira e patrimonial nos rgos e entidades da administrao federal, bem como da aplicao de recursos pblicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operaes de crdito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da Unio; IV - apoiar o controle externo no exerccio de sua misso institucional. 1 - Os responsveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela daro cincia ao Tribunal de Contas da Unio, sob pena de responsabilidade solidria. 2 - Qualquer cidado, partido poltico, associao ou sindicato parte legtima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da Unio.

    Controle Externo Controle externo o realizado por rgo estranho a Administrao responsvel pelo ato controlado, como por exemplo, a apreciao das contas do Executivo e do Judicirio, pelo Legislativo. Segundo Celso Antnio Bandeira de Mello, o controle externo compreende: a) Controle parlamentar direto; b) Controle dos Tribunais de Contas; c) Controle Jurisdicional

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    Controle Parlamentar Direto art. 49, V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegao legislativa. art. 50 - convocar Ministros ou subordinados para prestarem requerimentos e informaes. art. 50, 2 - mesas do Senado e da Cmara podero encaminhar pedidos escritos de informao a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput do artigo. - art. 58, 2, IV - comisses permanentes e temporrias do CN e suas Casas podem receber peties, reclamaes e representaes ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omisses das autoridades ou entidades pblicas. art. 58, 2, V - Comisses podem solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidado. art. 58, 3 - Comisses Parlamentares de Inqurito com poderes de investigao prprios de autoridade judicial para apurao de fato determinado. Autorizaes ou Aprovao do CN de atos do Executivo (art. 49, I, XII, XIII, XVI e XVII) Resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais. Apreciar atos de concesso e renovao de concesso de emissoras de televiso. Escolher 2/3 dos Ministros do TCU. Aproveitamento em terras indgenas e explorao de recursos hdricos ou minerais. Poderes Controladores do Senado (art. 52): - aprovar por voto secreto, aps argio pblica, a escolha de magistrados, nos casos estabelecidos na Constituio, dos Ministros do TCU indicados pelo Presidente da Repblica, Presidente e Diretores do BACEN, Procurador-Geral da Repblica, a escolha dos Chefes de Misso Diplomtica de carter permanente (argio secreta) (III); - fixar, por proposta do Presidente, limites globais para o montante da dvida consolidada da Unio, dos Estados, do DF e dos Municpios (VI); - dispor sobre limites globais e condies para as operaes de crdito externo e interno da Unio, Estados, Municpios, DF, autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Pblico federal (VII); - dispor sobre limites globais e condies para a concesso de garantia da Unio em operaes de crdito externo e interno (VIII), bem como para o montante da dvida mobiliria dos Estados, DF e Municpios (IX). Poderes Controladores do Congresso Nacional (art. 49, IX)

    - julgar anualmente as contas do Presidente e apreciar os relatrios sobre a execuo dos planos de governo. - Cmara dos Deputados toma as contas 60 dias aps a abertura de sesso legislativa (15 de fevereiro), se o Presidente da Repblica no apresent-las (art. 51, II). - art. 85 e 86 - suspenso e destituio do Presidente e Ministro. Presidente comete crime de responsabilidade e a Cmara (2/3 de seus membros) acolhe a acusao de qualquer cidado e o Senado julga e condena => impeachment. - art. 85 - Crimes de responsabilidade - atos que atentem contra:

    - existncia da Unio; - livre exerccio do Poder Legislativo, do Poder Judicirio, do Ministrio Pblico e dos Poderes constitucionais das unidades da Federao; - exerccio dos direitos polticos, individuais e sociais; - segurana interna do Pas; probidade da administrao; - lei oramentria; - cumprimento das leis e das decises federais.

    Controle Exercido pelo TCU a) Compostura e composio do TCU (art. 73,

    CF); b) Parecer prvio sobre as contas do Presidente

    (art. 71, I, CF); c) Julgamento das contas dos administradores

    pblicos (art. 71, II, CF); d) Exame, para fins de registro, da legalidade dos

    atos de admisso e de concesso (art. 71, III, CF);

    e) Inspees e auditorias (art. 71, IV, CF); f) Fiscalizao de recursos federais repassados a

    Estado, Municpio ou Distrito Federal (art. 71, VI, CF);

    g) Aplicar sanes nos casos de ilegalidade, na forma da lei (art. 71, VIII, CF e Lei n 8.443/92, arts. 57 e 58);

    h) Sustar atos ilegais (art.71, X, CF); i) Sustar contratos, caso o Congresso Nacional ou

    o Poder Executivo no adotem as medidas pertinentes (art. 71, 2, CF)

    Controle Popular

    CF art 5 LXXIII - qualquer cidado parte legtima para propor ao popular que vise a anular ato lesivo ao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada

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    m-f, isento de custas judiciais e do nus da sucumbncia; CF art 31 3 - As contas dos Municpios ficaro, durante sessenta dias, anualmente, disposio de qualquer contribuinte, para exame e apreciao, o qual poder questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. CF art 74 2 - Qualquer cidado, partido poltico, associao ou sindicato parte legtima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da Unio.

    Classificao das formas de controle 1. Controle Administrativo 1.1 Conceito: Corresponde ao exame que a Administrao Pblica faz sobre a sua conduta, quanto legalidade ou ao mrito de seus atos, por iniciativa prpria ou mediante provocao. Abrange os rgos da Administrao direta e as pessoas jurdicas que integram a Administrao indireta. O Controle sobre as entidades da Administrao Indireta (tutela) um controle externo que s pode ser exercido nos limites estabelecidos em lei, visando a impedir que a autarquia, fundao pblica, empresa pblica ou sociedade de economia mista se desviem dos objetivos previstos na lei especfica que as criou ou instituiu. O Controle sobre os rgos da Administrao direta um controle interno (hierrquico) e decorre do poder de autotutela que permite Administrao rever os prprios atos quando ilegais, inoportunos ou inconvenientes. Smula 346 e 473 do STF. atravs do controle administrativo que a Administrao pode anular, revogar ou alterar os seus prprios atos e punir os seus agentes com as respectivas penalidades estatutrias, quando considerados atos ilegais ou ineficientes. Os meios de controle administrativo dividem-se em fiscalizao hierrquica e recursos administrativos, embora a lei possa especificar outras modalidades mais adequadas para certos rgos da administrao direta e indireta. A fiscalizao hierrquica exercida pelos rgos superiores sobre os inferiores da mesma Administrao, visando ordenar, coordenar, orientar e corrigir suas atividades e agentes. Exercita-se permanentemente e sem descontinuidade em todos os rgos do Executivo e tem como caractersticas a permanncia e automaticidade. dever-poder de

    chefia e o chefe que no a exerce comete inexao funcional. Os recursos administrativos caracterizam-se como todos os meios hbeis de propiciar o reexame de deciso interna pela prpria Administrao. Assim, no exerccio de sua jurisdio a Administrao aprecia e decide as pretenses de seus administrados e de seus servidores, aplicando o direito que entenda cabvel, segundo a interpretao de seus rgos tcnicos e jurdicos. Os referidos meios hbeis de propiciar o reexame da atividade administrativa so a representao, a reclamao e o pedido de reconsiderao. Representao administrativa a denncia formal e assinada de irregularidades internas ou de abuso de poder na, prtica de atos administrativos, feita por quem quer que seja autoridade competente para conhecer e coibir tal ilegalidade apontada. O direito de representar garantido constitucionalmente (art. 5.", XXXIV, a) e incondicionado, imprescritvel e independente do pagamento de taxas e pode ser exercido por qualquer pessoa, a qualquer tempo e em quaisquer circunstncias. Quem, no entanto, fizer denncia com falsidade de imputao poder sofrer ao de responsabilidade civil e criminal. Reclamao administrativa a oposio expressa a atos da Administrao que afetam direitos e interesses legitimes do administrado. O direito de reclamar amplo e se estende a toda pessoa fsica ou jurdica que se sentir lesada ou ameaada de leso pessoal ou patrimonial por atos ou fatos administrativos. Pedido de Reconsiderao a solicitao da parte dirigida mesma autoridade que expediu o ato para que o invalide ou o modifique nos termos da pretenso do requerente. Deferido ou indeferido, total ou parcialmente, no admite novo pedido nem possibilita nova modificao. Cumpre observar, por fim, o que se deve entender por coisa julgada administrativa que, na verdade, no tem o alcance da coisa julgada judicial, tratando-se apenas de urna precluso de efeitos internos visto que o ato administrativo no deixa de ser um simples ato de deciso, sem fora conclusiva, como o ato jurisdicional do Poder Judicirio. 2. Controle Legislativo o controle exercido pelos rgos parlamentares ou legislativos, tanto federais, como estaduais e municipais, ou seja, pelo Congresso Nacional, Assemblias Legislativas, Cmara Legislativa (DF) e Cmara dos Vereadores (dos Municpios).

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    Dois tipos de controle: a)controle poltico: analisa aspectos de legalidade e de mrito. Ex. convocao de ministro de Estado para prestar informaes, apurao de irregularidades pela Comisses Parlamentares do Inqurito; b)controle financeiro: art. 70 a 75 fiscalizao contbil, financeira e oramentria a cargo do Congresso Nacional com o auxlio do Tribunal de Contas da Unio. No regime federativo brasileiro, os Poderes do Estado no se confundem nem se subordinam, mas se harmonizam, cada qual realizando sua atribuio precpua. Cabe ao Executivo a realizao das atividades administrativas, mas em algumas delas depende da cooperao do Legislativo, dada a relevncia do ato e suas extensas repercusses polticas internas ou externas, que s o Parlamento est em condies de bem valorar e decidir sobre sua legitimidade e convenincia. O instrumento mais conhecido posto a cargo do Poder Legislativo para atos de controle a Comisso Parlamentar de Inqurito (CPI). O controle do Legislativo sobre o Executivo de efeito indireto, no cabendo ao Congresso anular os atos administrativos ilegais e nem tem hierarquia sobre as autoridades executivas, mas a Constituio Federal de 1988 ampliou sensivelmente as atribuies do Legislativo para a fiscalizao e controle dos atos da Administrao em geral (direta ou indireta) nos termos do inciso X do art. 49. Alm dessas, h outras misses de controle poltico deferidas ao Congresso Nacional sobre a Administrao, tais como: a de aprovao de tratados e convenes internacionais (art. 49, I); autorizao ao Presidente da Repblica para declarar a guerra e fazer a paz (art. 49, II); aprovao ou suspenso de interveno federal ou de estado de stio (art. 49, IV), julgamento das contas do Presidente da Repblica (art. 49, IX); a fiscalizao financeira e oramentria da Unio (art. 70 e 71), nessa parte auxiliado pelo Tribunal de Contas da Unio (TCU - rgo tcnico de apoio ao Poder Legislativo, que integra a sua estrutura), alm de outras funes, como as privativas do Senado Federal (art. 52 da CF/88), como a de escolher Magistrados, Membros do TCU, Governador de Territrio, Presidente e Diretores do Banco Central, Procurador-Geral da Repblica e titulares de outros cargos. 3. Controle Judicial Conceito: controle de legalidade exercido privativamente pelos rgos do Poder Judicirio, em carter definitivo, visando compor os conflitos de interesse

    que lhe so submetido, tendo como objeto processual as controvrsias versando sobre os atos administrativos do Executivo, do Legislativo e do prprio Judicirio, quando realiza atividade administrativa. Caractersticas: O controle jurisdicional externo, provocado, direto e repressivo (realizado a posteriori). externo por se realizar por rgo que no integra a estrutura organizacional da Administrao Pblica. provocado porquanto no atua de ofcio, atuando apenas ante a provocao daqueles que se sintam por eles lesados direto porque incide, precpua e imediatamente, sobre os atos e atividades administrativas. Alm disso, , notadamente, repressivo, dado incidir sobre medida que j produziu ou est produzindo efeitos, quer dizer, exercido a posteriori. Extraordinariamente, pode ser preventivo. o que ocorre, por exemplo, com a ao declaratria, o habeas corpus e o mandado de segurana preventivos. Por essas medidas previne-se a atuao da Administrao Pblica havida por ilegal.

    Sistema de unidade de jurisdio (jurisdio una) - monoplio da funo judicial nas mos do Poder Judicirio - art. 5, XXXV, da CF a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito.

    Limites: anlise da legalidade (art. 5 , LXXIII e 37, da CF). Poder Judicirio no pode invadir o mrito do ato administrativo, determinado pela Administrao Pblica.

    3.1 Meios de Controle Judicirio:

    Remdios Constitucionais - HABEAS CORPUS (art. 5, LXVIII) => sempre que sofrer ou achar-se ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder; - MANDADO DE SEGURANA (art. 5, LXIX e LXX - Lei 1533, de 31.12.51) => protege direito lquido e certo, no amparado por habeas corpus, quando o responsvel pela ilegalidade for autoridade pblica ou agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do poder pblico; - HABEAS DATA (art. 5, LXXII) => conhecimento de informaes relativas ao impetrante em registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de carter pblico; - MANDADO DE INJUNO (art. 5, LXXI) => sempre que a falta de norma regulamentadora torne invivel o exerccio dos direitos e liberdades

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    constitucionais e das prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cidadania; - AO POPULAR (art. 5, LXXIII) => Lei 4.717, de 29.6.65 => visa a anular ato lesivo ao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural; - AO CIVIL PBLICA (art. 129, III) => Lei 7.347, de 24.7.85 => ajuizada pelo Ministrio Pblico, visa a proteger o patrimnio pblico e social, do meio ambiente e outros direitos difusos e coletivos; - AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (art. 102, I, a, e 103) => visa a expurgar do ordenamento jurdico normas incompatveis com a Constituio Federal. 4. Teorias da responsabilidade objetiva do Estado (segundo Hely lopes Meirelles)[1]: a) Teoria da culpa administrativa: a obrigao do Estado indenizar decorre da ausncia objetiva do servio pblico em si. No se trata de culpa do agente pblico, mas de culpa especial do Poder Pblico, caracterizada pela falta de servio pblico. b) Teoria do risco integral: a Administrao responde invariavelmente pelo dano suportado por terceiro, ainda que decorrente de culpa exclusiva deste, ou at mesmo de dolo. a exacerbao da teoria do risco administrativo que conduz ao abuso e iniqidade social, com bem lembrado por Meirelles. c) Teoria do risco administrativo: a responsabilidade civil do Estado por atos comissivos ou omissivos de seus agentes, de natureza objetiva, ou seja, dispensa a comprovao de culpa. "Para que se configure a responsabilidade objetiva do ente pblico, basta a prova da omisso e do fato danoso e que deste resulte o dano material ou moral"[2]. Em seu Relato o Min. Jos Delgado continua "A r (Prefeitura/SP) s ficaria isenta da responsabilidade civil se demonstrasse - o que no foi feito - que o fato danoso aconteceu por culpa exlusiva da vtima". Portanto, basta to s o ato lesivo e injusto imputvel Administrao Pblica. No se indaga da culpa do Poder Pblico mesmo porque ela inferida do ato lesivo da Administrao. fundamental, entretanto, que haja o nexo causal. "Deve haver nexo de causalidade, isto , uma relao de causa e efeito entre a conduta do agente e o dano que se pretende reparar. Inexistindo o nexo causal, ainda que haja prejuzo sofrido pelo credor, no cabe cogitao de indenizao"[3]. Lembrando que a dispensa de comprovao de culpa da Administrao pelo administrado no quer dizer que aquela esteja proibida de comprovar a culpa total ou parcial da vtima, para excluir ou atenuar a indenizao[4].

    Verificado o dolo ou a culpa do agente, cabe fazenda pblica acionar regressivamente para recuperar deste, tudo aquilo que despendeu com a indenizao da vtima. A Constituio Federal de 1988, em seu Art. 37, 6, diz: "As pessoas jurdicas de direito pblico e as de direito privado prestadoras de servios pblicos respondero pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsvel nos casos de dolo ou culpa". A indenizao no se limita aos danos materiais. No entanto, h uma dificuldade nos casos de danos morais na fixao do quantum da indenizao, em vista da ausncia de normas regulamentadoras para aferio objetiva desses danos.

    JURISPRUDNCIA TJ-RJ Municpio do Rio condenado por acidente em escola

    O Municpio do Rio ter que pagar R$ 40 mil de indenizao por danos morais e estticos a um menino que perdeu parte do dedo no Ciep Amilcar Cabral, em Bangu. A deciso da 17 Cmara Cvel do Tribunal de Justia do Rio. E. M., que na poca tinha 11 anos, estava brincando com um colega na sala de aula quando este bateu a porta sobre seu dedo, ocasionando-lhe fratura exposta e hemorragia, que culminaram na amputao da falange mdia da mo direita. O acidente aconteceu em abril de 2004. Na 1 Instncia, o municpio foi condenado a pagar R$ 45 mil por danos morais e R$ 25 mil por danos estticos. No entanto, os desembargadores resolveram reformar a sentena por considerarem os valores excessivos e desproporcionais. Segundo a relatora do processo, desembargadora Mrcia Alvarenga, os danos causados ao autor decorreram de ato omissivo do Estado. O caso em tela trata de leso vivenciada por menor que se encontrava em estabelecimento educacional, dentro do horrio do perodo letivo, fazendo, assim, existir o dever jurdico de arcar com a incolumidade fsica dos estudantes que o freqentam, enquanto estiverem estes sob sua guarda. Tem-se, assim, no caso dos autos, hiptese de omisso especfica, que configura hiptese de responsabilidade objetiva, completou a magistrada. N do processo: 0129610-43.2005.8.19.0001 Excludentes de responsabilidade civil do Estado: So excludos da responsabilidade estatal os danos originados por caso fortuito, fora maior, atos judiciais e do Ministrio Pblico.

    JURISPRUDNCIA TJ-SC Celesc condenada por queda de energia que danificou

    ventiladores de avirio

    A 4 Cmara de Direito Pblico do TJ manteve sentena da comarca de Descanso, que condenou a Celesc Distribuio S/A ao pagamento de indenizao por danos materiais no valor de R$ 1,3 mil, em benefcio do agricultor Delmir Vicari. O autor tem como uma de suas

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    atividades a criao de frangos, que so mantidos em avirios com ventilao produzida por motores base de energia eltrica. No dia 10 de fevereiro de 2009, ocorreu uma queda de energia no local, o que acarretou a quebra de 10 motores de ventiladores instalados nos avirios. Por conta do ocorrido, Delmir entrou em contato com a concessionria para solucionar o problema, ocasio em que o instruram a levar os referidos ventiladores empresa Eletro Motores Tozeto para o conserto, com posterior ressarcimento pela concessionria. Porm, aps a reparao, a Celesc negou-se a pagar o ajuste. A Celesc argumentou que no foi comprovada sua responsabilidade pela ocorrncia, e que a interrupo momentnea do fornecimento de energia eltrica no acarreta ao consumidor qualquer dano material. Para o relator da matria, desembargador Jaime Ramos, qualquer problema no fornecimento de energia implica um servio de m qualidade, e, na esfera jurdica, o ressarcimento dos danos. No h dvida quanto m prestao do servio de energia eltrica pela r, haja vista a interrupo do fornecimento desse servio na regio do autor em 10 de fevereiro de 2009, bem como que a concessionria no teve aparato pessoal e tcnico suficiente para restabelecer o servio no menor tempo possvel, de modo a evitar maiores prejuzos aos consumidores, concluiu o magistrado. A votao foi unnime. Processo: Ap. Cv. n. 2010.034720-8

    Lei n. 8.429/92: 1. Das disposies gerais; 1.1 Da abrangncia da lei Esta lei alcana os atos de improbidade praticados por qualquer agente pblico, seja servidor estatutrio ocupante de cargo efetivo ou no.

    Art. 1 Os atos de improbidade praticados

    por qualquer agente pblico, servidor ou no, contra a administrao direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municpios, de Territrio, de empresa incorporada ao patrimnio pblico ou de entidade para cuja criao ou custeio o errio haja concorrido ou concorra com mais de cinqenta por cento do patrimnio ou da receita anual, sero punidos na forma desta lei. No pargrafo nico deste artigo a lei prev mais duas alternativas que se destacam:

    Pargrafo nico. Esto tambm sujeitos

    s penalidades desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimnio de entidade que receba subveno, benefcio ou incentivo, fiscal ou creditcio, de rgo pblico bem como daquelas para cuja criao ou custeio o errio haja concorrido ou concorra com menos de

    cinqenta por cento do patrimnio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sano patrimonial repercusso do ilcito sobre a contribuio dos cofres pblicos. Estas so mais duas hipteses de entidades cujo dano a seu patrimnio caracteriza ato de improbidade administrativa. a) Se uma entidade recebe algum tipo de

    subveno, benefcio, incentivo fiscal ou creditcio, os atos de improbidade contra seu patrimnio sero punidos na forma desta lei.

    b) Se os cofres pblicos custearam mesmo que MENOS de 50% do patrimnio ou receita da entidade, os atos de improbidade contra seu patrimnio sero tambm punidos na forma desta lei.

    Tpica exceo que o examinador de concurso gosta: se o ato de improbidade foi praticado contra o patrimnio de uma entidade em que os cofres pblicos custearam MENOS de 50% do patrimnio ou receita, neste caso o ressarcimento ser limitado ao prejuzo dos cofres pblicos. Mas se os cofres pblicos custearam, por exemplo, 51% do patrimnio ou receita da entidade, neste caso o ressarcimento ao errio ser integral.

    1.2 Da Definio Legal de Agente Pblico Para deixar claro o amplo alcance desta lei, o art. 2 preocupa-se em discriminar quem considerado agente pblico para efeitos de responsabilizao por improbidade administrativa.

    Art. 2 Reputa-se agente pblico, para os

    efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remunerao, por eleio, nomeao, designao, contratao ou qualquer outra forma de investidura ou vnculo, mandato, cargo, emprego ou funo nas entidades mencionadas no artigo anterior.

    Mas o alcance da lei no pra por a: mesmo quem no agente pblico pode ser alcanado, no que couber, pelas sanes da lei de improbidade administrativa.

    Art. 3 As disposies desta lei so

    aplicveis, no que couber, quele que, mesmo no sendo agente pblico, induza ou concorra para a prtica do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. Ou seja, mesmo aquele que NO agente pblico, se: a) Induzir; b) Concorrer, ou; c) Se beneficiar;

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    de ato de improbidade administrativa, estar sujeito s disposies desta lei.

    1.3 Da observao dos princpios Mais adiante veremos que uma das espcies de ato de improbidade administrativa o que dispe sobre os atos que atentam contra os princpios da administrao pblica. Mas, para enquadrar este ato de improbidade, preciso definir quais princpios no podem ser violados.

    Art. 4 Os agentes pblicos de qualquer

    nvel ou hierarquia so obrigados a velar pela estrita observncia dos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe so afetos.

    Destacamos que neste artigo da Lei n 8.429 de 1992 no consta o princpio da eficincia, pois quando a CF foi promulgada em 1988 s constavam estes quatro princpios, mas, posteriormente, o referido princpio foi introduzido no caput do art. 37 da Constituio, pela Emenda Constitucional n 19, de 1998, o que no significa, para efeitos de prova, que essa Lei menciona o princpio da eficincia.

    1.4 Do ressarcimento ao patrimnio pblico

    Sempre que houver dano ao patrimnio pblico haver o integral ressarcimento do dano ao errio. Este comando origina-se dos 4 e 5 do art. 37, CF, que inclusive destacam a imprescritibilidade destas aes de ressarcimento.

    Art. 5 Ocorrendo leso ao patrimnio

    pblico por ao ou omisso, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se- o integral ressarcimento do dano. Primeiro destacamos que ao se falar em ressarcimento do dano ao patrimnio pblico, estamos falando de ressarcimento integral. Em seguida, cabe salientar a diferena entre ao dolosa e culposa:

    Dolo: consiste na prtica de ato ou omisso de fato, de que resultou crime ou delito, previsto em lei, quando o agente quis o resultado danoso ou assumiu o risco de produzi- lo (= inteno).

    Culpa: a falta cometida contra o dever, por ao ou por omisso, precedida de imprudncia, impercia ou negligncia. No praticada por m-f ou com a inteno de causar prejuzos aos direitos ou ao patrimnio de outrem, o que seria dolo. Na culpa, no h a inteno de causar o dano; h simplesmente a falta ou inobservncia do dever que imposto ao agente.

    Destacamos, ainda, que o objetivo da ao pblica o ressarcimento do prejuzo, mas para alcanar estes objetivos utilizamos os institutos jurdicos da indisponibilidade, do seqestro e do perdimento dos bens.

    1.5 Do perdimento dos bens

    Art. 6 No caso de enriquecimento ilcito,

    perder o agente pblico ou terceiro beneficirio os bens ou valores acrescidos ao seu patrimnio. Observe que, ao falarmos de perdimento de bens, no falamos apenas em devolver o que foi lesado ao patrimnio pblico, pois isto caracteriza somente o ressarcimento ao errio, mas falamos em tomar os bens acrescidos ilegalmente ao patrimnio do agente pblico pela prtica do ato de improbidade. Pode haver enriquecimento ilcito sem dano ao errio, e mesmo assim haver o perdimento de bens do agente pblico. Adiante destacaremos a diferena entre perdimento de bens e outras penalidades sobre o patrimnio do agente pblico.

    1.6 Da indisponibilidade dos bens

    Art. 7 Quando o ato de improbidade

    causar leso ao patrimnio pblico ou ensejar enriquecimento ilcito, caber autoridade administrativa responsvel pelo inqurito representar ao Ministrio Pblico, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.

    Cuidado, pois a indisponibilidade dos bens declarada pelo juiz e no pela Administrao. A autoridade administrativa representa ao Ministrio Pblico, que da peticiona junto ao Poder Judicirio.

    Pargrafo nico. A indisponibilidade a que

    se refere o caput deste artigo recair sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acrscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilcito.

    Veja a diferena entre as medidas que recaem sobre o patrimnio do agente pblico:

    Indisponibilidade: medida cautelar indicativa da coisa de que no se pode dispor, isto , vender, dar, ceder. O proprietrio pode continuar utilizando o bem, mas no pode dele dispor. Permanece a propriedade e a posse do mesmo.

    Seqestro: medida cautelar que visa garantir o bem atravs da apreenso ou o depsito judicial de certa coisa, sobre a qual pesa um litgio, ou sujeita a determinados encargos, a fim de que seja entregue, quando solucionada a pendncia, a quem de direito. Assim, o seqestro dirigido contra determinada coisa, ou coisa especificada, sobre que se litiga. E tem a finalidade de retirar essa coisa da posse de quem a tem, para traz-la e conserv-la em segurana perante o juzo, onde se intenta, ou onde se pretende intentar a ao. Perde a posse, mas permanece a propriedade. O seqestro uma medida de segurana, que tanto se pode promover

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    como preparatria, como preventivamente. Perdimento: o perdimento medida

    definitiva que retira do apenado a propriedade do bem, o qual deixa de lhe pertencer.

    1.7 Do alcance aos sucessores

    O ressarcimento ao errio e a perda dos bens acrescidos ao patrimnio do agente pblico ilicitamente no perdem seu objeto pela morte do agente. Os seus sucessores vo responder com o patrimnio que receberam em herana do agente pblico, at o limite do valor desta herana.

    Art. 8 O sucessor daquele que causar

    leso ao patrimnio pblico ou se enriquecer ilicitamente est sujeito s cominaes desta lei at o limite do valor da herana.

    2. Da classificao dos atos de improbidade administrativa Os atos de improbidade administrativa classificam-se em atos que: a) Importam Enriquecimento Ilcito; b) Causam Prejuzo ao Errio; c) Atentam Contra os Princpios da

    Administrao Pblica.

    2.1. Dos atos de improbidade administrativa que importam enriquecimento ilcito Neste artigo verificamos a existncia de atos de improbidade administrativa em que fica configurado que o agente pblico enriqueceu ilicitamente. Para facilitar a percepo deste enriquecimento perceba a presena dos verbos sublinhados: receber, utilizar, aceitar, incorporar etc. Uma exceo fica por conta do inc. VII em que a simples aquisio de bens em desacordo com sua evoluo patrimonial j configura a improbidade administrativa. Em questes de concursos, possvel a cobrana de assinalar qual dentre as cinco opes no se classifica como ato de improbidade que acarreta enriquecimento ilcito, e desta forma o aluno dever identificar qual das alternativas no faz parte da relao do art. 9.

    bom lembrar de verificar, no art. 12, como as penalidades previstas para o enriquecimento ilcito so as mais severas.

    Art. 9 Constitui ato de improbidade

    administrativa importando enriquecimento ilcito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razo do exerccio de cargo, mandato, funo, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1 desta lei, e notadamente:

    I) Receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem mvel ou imvel, ou qualquer outra vantagem econmica, direta ou indireta, a ttulo de comisso, percentagem, gratificao ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ao ou omisso decorrente das atribuies do agente pblico;

    II) Perceber vantagem econmica, direta ou indireta, para facilitar a aquisio, permuta ou locao de bem mvel ou imvel, ou a contratao de servios pelas entidades referidas no art. 1 por preo superior ao valor de mercado;

    III) Perceber vantagem econmica, direta ou indireta, para facilitar a alienao, permuta ou locao de bem pblico ou o fornecimento de servio por ente estatal por preo inferior ao valor de mercado;

    IV) Utilizar, em obra ou ser