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OTR pranchas ENTREGA...vazio que a obra deixa, infelizmente, também é um vazio existencial da própria arquitetura nesse momento, pois é ela, ao fim, que materializa e chancela

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MONTAGEM

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monotonia

especulaçãoimobiliária

atalho invisibilidade

resto

No meio do caminho tinha uma pedraTinha uma pedra no meio do caminhoTinha uma pedraNo meio do caminho tinha uma pedra

Nunca me esquecerei desse acontecimentoNa vida de minhas retinas tão fatigadasNunca me esquecerei que no meio do caminhoTinha uma pedraTinha uma pedra no meio do caminhoNo meio do caminho tinha uma pedra.

insalubridade

devir

sentido

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PROBLEMATIZAÇÃO WORMHOLE dOBRA

dOBRA

As palafitas são fruto de uma verticalização inconsequente que pouco se relaciona com a topografia da região em debate, e que demonstra a capacidade nociva do mercado imobiliário quando mal equalizado pelo poder público. Como resultado desse processo de construção acrítica temos uma série de espaços residuais que podem ser considerados não-arquiteturas, espaços indefinidos que servem apenas de suporte para a sustentação de apartamentos e garagens que se repetem ao estilo da mais ineficaz produção em série. Isto representa um tipo de produtivismo arquitetônico que revela que o interesse desse tipo de empreendimento está diretamente ligado, quase que exclusivamente, aos lucros do investidor. Nessa lógica, pouco importa o seu resí-duo, a sobra desse processo de construção, que nada mais é que um subproduto da chamada arquitetura de mercado. Se os índices construtivos forem alcançados e o valor de troca for satisfatório, o edifício é só consequência. Portanto, a proposta, assim como acreditamos aqui, deve se apresen-tar como um manifesto daquilo que o próprio mercado responsável por esse tipo de empreendimento entrega aos cidadãos e moradores de Buritis como sendo o “pacote com-pleto” de sua realização, ou seja, a sobra de sua própria incapacidade de dar uma resposta adequada na sua globali-dade aos locais onde propõem suas intervenções. Esse vazio que a obra deixa, infelizmente, também é um vazio existencial da própria arquitetura nesse momento, pois é ela, ao fim, que materializa e chancela os interesses dos clientes. Esse vazio se revela no descaso com os impactos

paisagísticos e urbanísticos provocados por esse modelo de empreendimento, onde os projetos saem dos cálculos de investimentos quase que diretamente para os órgãos de aprovação municipal, fazendo do arquiteto, mero instrumen-to para sua formalização. É através dessa insatisfação manifestada pelo texto que surge a pergunta: como utiliza-se desse(s) espaço(s) fazendo de sua existência um manifesto contra alienação de sentido, já que este é provocado justamente pelo egoísmo de sua lógica edifi-cante? Partindo dessa questão buscamos uma forma de expor uma espécie “problematização” ampla dessas ques-tões. E para isso, iniciamos nosso processo projetual pen-sando a partir da lógica da montagem segundo o filósofo francês Georges Didi-Huberman, ou seja, criando uma rede de relações subjetivas relacionadas ao objeto-problema para que possamos multiplicar os pontos de vista de nossa abordagem. Nesse sentido, a ideia de montagem que propo-mos aqui teria conexão com uma lógica fragmentária do pensamento partindo de imagens relacionais. É algo que nos remete à ideia de incompletude e pensamento lacunar que pode também estar relacionado à ideia de caos e desor-dem, mas que a partir do próprio processo, fosse possível criar um espaço “entre” a proposta e o que se pode ver a partir de nosso objeto de intervenção. “A montagem seria um método de conhecimento e um procedimento formal nascidos da guerra, capaz de apreender a ‘desordem do mundo’”. (Georges Didi-Huberman)

A palavra obra sugere um trabalho realizado ou em anda-mento, traz consigo a ideia de processo. Já uma obra arqui-tetônica, como um edifício remonta a uma construção dotada de intenção estética e técnica definidas intelectual-mente por um indivíduo ou um grupo com o objetivo de abranger, em sua totalidade, uma série de questões relati-vas também ao seu contexto social, territorial e natural, não se limitando apenas ao simples jogo racional de forma e função, tampouco se refere a mero instrumento do mercado.Já a palavra dobra (como substantivo) remete a parte de algo que se sobrepõe a outra parte. Uma dobra, portanto, seria uma espécie de mudança de direção que pode causar uma série de dobramentos e desdobramentos. Na filosofia, Leibniz e depois Gilles Deleuze se debruçaram sobre esse

tema e nos demonstram que a dobra nas artes possibilita um entendimento de fenômenos complexos ad infinitum. Ao nomear este trabalho de dOBRA juntamos a intenção de um processo em andamento, uma visão de algo inacabado como as palafitas em questão, com a ideia de mudança de direção em vista de novos desdobramentos, novas direções. Nesse sentido, o ato de nomear um lugar ou algo com o sentido em suspensão como as palafitas é um gesto que tem por objetivo uma abertura que busca indexar através de um novo nome aquilo que a própria linguagem carrega consigo. Talvez não para lhe dar um novo sentido, mas para efetuá-lo de outra maneira ainda indefinida, e que não é nem obra nem dobra, mas referente a algo que d’OBRA o rejeito deixado pelo mercado em forma de subproduto inutilizado.

O objetivo é discutir o padrão de projetos arquitetônicos de habitação, que se replicam ao longo de todo o território nacional. As soluções impensadas minam a construção civil do país e se tornam problemas que abrangem escalas maio-

res do que somente a do terreno. Entende-se que a discus-são é polifônica e a proposta pretende lançar luz sobre alguns dos tantos questionamentos e conflitos existentes.

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NOME (contexto)

OBJETIVOS

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Tirantes decabos de aço

ESC: 1/200

ESC: 1/200

Anéisde aço

Cordavermelha

MATERIALIDADE

ESTIMATIVA DE CUSTOSITEM QTD R$/un R$/total

TOTAL: R$ 19.967,24

carretel corda vermelha 10x190 7 279,90/m 1.959,30tubo de aço quadrado 3’ - barra 6m 74 106,71/un 7.896,54cabo de aço galvanizado 3/32” 50m 1,10/m 55,00gancho metálico 666 0,50/un 333,00galão de tinta acrílica vermelha 6 150,00/un 900,00mão de obra (solda, pintura, instalação) 440 20,00/m 8.824,40

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Para representar a dOBRA, buscamos uma conformação que expres-sasse uma mudança de direção, algo como uma tomada de decisão que envolvesse certa instabilidade manifestada pela forma da instalação integrada ao espaço-resto, a representação de uma segunda chance ao que mercado nos entrega em forma de projeto de habitações-produto. Nesse sentido, a abstração formal surge como recurso retórico. Suas formas fazem referência à imensidão do universo que seria vencida por uma dobra (topológica e hipotética) do espaço-tempo, segundo a teoria dos wormholes. Essa decisão projetual, assim como propomos aqui, devolveria ironicamente aquilo que no contexto das palafitas, parece ter sido a solução adotada simplesmente para vencer o desnível do terreno e facilitar o acesso. Assim, esta espécie de atalho, agora aparece mistu-rada a um tipo de distorção ou dOBRA que seria configurada por um único túnel com, ao menos, duas “bocas”, conectadas entre si. Na centra-lidade da Palafita Gigante I, uma das aberturas do buraco de minhoca encosta no solo do Bairro dos Buritis enquanto a outra se posiciona na face da laje inferior do primeiro pavimento. Ao criar essa conexão, preten-de-se explicitar o atalho, a dobra feita para (in)adequação do projeto arquitetônico ao local. A cor vermelha serviria para dar visibilidade à estrutura, uma vez que não se propõe acesso à palafita.

14,5m

18,8m