4
OURO NATIVO – Au Ouro nativo é um elemento nativo que constitui minério de ouro e de outros elementos. Peças estéticas alcançam preços muito superiores ao preço padrão do ouro no mercado de minerais de coleção. O ouro nativo sempre forma cristais de mistura. Forma uma série com prata e normalmente contém Ag, Cu e Fe, mais raramente I, Ti, Ni, Pb, Sb, Hg, V, Bi, Mn, As, Sn, Zn, Pd, Pt e Cd. Há uma dúzia de variedades, sempre baseadas em teores de outros elementos. Electrum é ouro com 30-45% de prata; küstelita é ouro com 80% de Ag; porpezita e palladian gold é ouro contendo Pd; rhodita é uma variedade com Rh, etc. Em alguns jazimentos todo o ouro ocorre na forma visível ao microscópio. Alguns minérios, mesmo muito ricos, praticamente não mostram ouro visível, mesmo na ausência de teluretos e selenatos de ouro. Nesses casos o minério pode conter até 1 kg de ouro por tonelada sem qualquer ouro visível; o ouro está presente na forma de grãos com diâmetros de 0,01 micra. Geralmente o ouro ocorre em grãos anédricos. Cristais são relativamente raros e frequentemente estão distorcidos. Os maiores cristais alcançam 5 cm, podem formar associações macladas e paralelas. Ouro é diamagnético (repelido por campos magnético). O “Teste do Ácido” baseia-se no fato de que ouro não é dissolvido em ácido nítrico, ao contrário da prata e metais de base. Ouro também é dissolvido em água-régia (ácido nítrico + ácido clorídrico), dissolve em soluções alcalinas de cianeto e dissolve em mercúrio, formando amálgama. 1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Cúbico hexaoctaédrico Puro: amarelo-ouro com um tom vermelho Impuro: branco-da-prata a vermelho-do-cobre Pó finíssimo: marrom. Cristais (octaedros e cubos distorcidos) raros; dendrítico, granular, pepitas, palhetas, etc. não Tenacidade Muito dúctil e maleável Maclas Fratura Dureza Mohs Partição {111} comuns Rugosa 2,5 - 3 não Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm 3 ) amarelo-claro brilhante Metálico máximo Opaco, folhas finíssimas são translúcidas. 15,6 – 19,3 2. Geologia e depósitos: Os jazimentos primários de ouro são de dois tipos. Veios hidrotermais de quartzo e depósitos relacionados contém grãos, dendrites e agregados aramados (“wire gold”) de ouro de forma disseminada e estão associados a rochas ígneas e metamórficas. Em depósitos vulcano-exhalativos o ouro ocorre associado a sulfetos. Jazimentos secundários de ouro são os depósitos eluviais e aluviais (cascalhos, areias), onde o ouro se concentrou devido à sua alta densidade. 3. Associações Minerais: Associa-se a quartzo, turmalina e a muitas dezenas de sulfetos (ver abaixo). Também aos minerais típicos da associação Au-Ag-Te-Hg como sylvanita, krennerita, calaverita, altaita e outros. 4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA: A literatura informa que sob Luz Transmitida o ouro nativo é azul e verde.

OURO NATIVO – Au

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: OURO NATIVO – Au

OURO NATIVO – Au Ouro nativo é um elemento nativo que constitui minério de ouro e de outros elementos. Peças estéticas alcançam preços muito superiores ao preço padrão do ouro no mercado de minerais de coleção.

O ouro nativo sempre forma cristais de mistura. Forma uma série com prata e normalmente contém Ag, Cu e Fe, mais raramente I, Ti, Ni, Pb, Sb, Hg, V, Bi, Mn, As, Sn, Zn, Pd, Pt e Cd. Há uma dúzia de variedades, sempre baseadas em teores de outros elementos. Electrum é ouro com 30-45% de prata; küstelita é ouro com 80% de Ag; porpezita e palladian gold é ouro contendo Pd; rhodita é uma variedade com Rh, etc. Em alguns jazimentos todo o ouro ocorre na forma visível ao microscópio. Alguns minérios, mesmo muito ricos, praticamente não mostram ouro visível, mesmo na ausência de teluretos e selenatos de ouro. Nesses casos o minério pode conter até 1 kg de ouro por tonelada sem qualquer ouro visível; o ouro está presente na forma de grãos com diâmetros de 0,01 micra.

Geralmente o ouro ocorre em grãos anédricos. Cristais são relativamente raros e frequentemente estão distorcidos. Os maiores cristais alcançam 5 cm, podem formar associações macladas e paralelas. Ouro é diamagnético (repelido por campos magnético).

O “Teste do Ácido” baseia-se no fato de que ouro não é dissolvido em ácido nítrico, ao contrário da prata e metais de base. Ouro também é dissolvido em água-régia (ácido nítrico + ácido clorídrico), dissolve em soluções alcalinas de cianeto e dissolve em mercúrio, formando amálgama.

1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem

Cúbico hexaoctaédrico

Puro: amarelo-ouro com um tom vermelho

Impuro: branco-da-prata a vermelho-do-cobre Pó finíssimo: marrom.

Cristais (octaedros e cubos distorcidos) raros;

dendrítico, granular, pepitas, palhetas, etc.

não

Tenacidade

Muito dúctil e maleável

Maclas Fratura Dureza Mohs Partição

{111} comuns Rugosa 2,5 - 3 não

Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)

amarelo-claro brilhante

Metálico máximo Opaco, folhas finíssimas são translúcidas.

15,6 – 19,3

2. Geologia e depósitos: Os jazimentos primários de ouro são de dois tipos. Veios hidrotermais de quartzo e depósitos relacionados contém grãos, dendrites e agregados aramados (“wire gold”) de ouro de forma disseminada e estão associados a rochas ígneas e metamórficas. Em depósitos vulcano-exhalativos o ouro ocorre associado a sulfetos. Jazimentos secundários de ouro são os depósitos eluviais e aluviais (cascalhos, areias), onde o ouro se concentrou devido à sua alta densidade. 3. Associações Minerais:

Associa-se a quartzo, turmalina e a muitas dezenas de sulfetos (ver abaixo). Também aos minerais típicos da associação Au-Ag-Te-Hg como sylvanita, krennerita, calaverita, altaita e outros. 4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA: A literatura informa que sob Luz Transmitida o ouro nativo é azul e verde.

Page 2: OURO NATIVO – Au

5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA: Preparação da amostra: Ouro nativo puro adquire um bom polimento com facilidade. Sulcos de polimento são difíceis de evitar, praticamente impossíveis, lembra um pouco a prata nativa. Deve ser evitado ao máximo aplicar pressões elevadas durante desbaste e pré-polimento, pois partículas do abrasivo penetram no ouro e a partir daí impedem um bom polimento, além de fornecer resultados errados nos equipamentos analíticos (microssonda eletrônica). A dureza ao polimento é maior que a dureza da galena e semelhante àquela da calcopirita.

ND Cor de reflexão: A cor de reflexão varia muito, depende dos teores de outros elementos. Ouro com baixos teores de prata é amarelo-ouro vivo.

Ouro com teores elevados de prata é amarelo pálido a branco-da-prata.

Ouro rico em cobre é rosa a vermelho do cobre.

Ouro rico em paládio é quase branco-creme.

Comparada com electrum, a cor é mais amarela.

Comparada com calcopirita a cor é mais pálida e de amarelo mais claro.

Comparada com prata, bismuto e platina a cor é muito mais amarela.

Pleocroísmo: Não

Refletividade: Muito alta se puro (72,26%).

Electrum: 92,3%

(Au,Pd): 66,6%

Birreflectância: Não

NC Isotropia / Anisotropia: Isótropo. Entretanto, nunca fica completamente escuro, mas mostra tonalidades esverdeadas, algo como verde cítrico escuro.

A NC aparecem todos os sulcos de polimento abaixo do filme superficial, o que simula anisotropia.

Reflexões internas: Não

Pode ser confundida com: o alto poder refletor, a baixa dureza (muitos sulcos de polimento!) e a cor extremamente viva excluem enganos. Grãos muito pequenos de pirita ou calcopirita em minerais da ganga podem se parecer com ouro, especialmente se observadas ao ar (sem técnicas de imersão em óleo). Grão embaçados de prata podem ser muito semelhantes. Grãos muito pequenos de cobre nativo também podem ser muito semelhantes a ouro nativo.

Forma dos grãos: geralmente é granular isométrica com contatos muito variáveis, desde lisos a dentados. Ocorrem agrupamentos reniforme-botrioidais, às vezes com bandamento rítmico. Nessas bandas, os grãos isolados são muito pequenos ou submicroscópicos. Grãos grandes podem atingir tamanhos até 1 cm. Níveis granulares finos podem recristalizar, apagando-se as feições originais. Hábitos comuns são esqueletais, aciculares finos, formas coloidais, crostas ao redor de pirita, calcopirita e galena e muitas outras.

Quando em meio a outros minerais, os grãos individuais geralmente são anédricos; cristais bem formados (pentagonais, dodecaédricos, pseudo-hexagonais) são encontrados apenas ocasionalmente em galena, estibnita e evidentemente em poros e drusas. Muito frequentes são folhas finas de ouro que ocorrem como ligantes em piritas e arsenopiritas cataclásticas, também ocasionalmente em tetraedrita-tennantita e esfalerita. De maneira semelhante o ouro ocorre nas bordas ou em fraturas de grãos de quartzo. Em veios de

Page 3: OURO NATIVO – Au

quartzo+ouro os grãos de ouro frequentemente possuem tamanhos no limite da visualização ao microscópio, em pequenos grãos e gotas em quartzo, pirita ou arsenopirita.

Variedades de ouro não ocorrem apenas como grãos separados, mas frequentemente estão intercrescidas umas com as outras em padrões complexas, como por exemplo grãos de ouro puro envoltos em ouro rico em cobre.

Soluções sólidas de ouro podem ocorrer com pirita, arsenopirita e esfalerita.

Clivagem não apresenta.

Maclas lamelares dispostas paralelamente a (111) são comuns; podem estar deformadas devido a solicitações tectônicas.

Zonações são frequentes em cristais isolados e evidenciam-se por tonalidades diferentes de cor.

Deformações são frequentes devido à resistência do ouro, associado à sua capacidade de translação.

Desmisturas são extremamente raras, já que a maioria das ocorrências de ouro é hidrotermal. Mas já foi observado ouro nativo com lamelas esqueletais ricas em cobre, dispostas paralelamente a (100).

Substituições são muito frequentes. O ouro pode substituir pirita, pirrotita, arsenopirita, galena, niquelina, maucherita, cubanita, millerita, gersdorffita, telurídeos de Ag, Au e Hg e vários outros sulfetos além dos acima citados.

Inclusões de ouro podem ocorrer em pirita, marcassita, arsenopirita, galena, esfalerita, calcopirita, bismuto nativo, bismutinita, pirrotita, pentlandita, wittichenita, tetraedrita-tennantita, freibergita, argentita, estefanita, estibnita, vários telurídeos diferentes, cobre nativo, eskutterudita, bournonita, magnetita e safflorita. Grãos isolados de ouro podem ocorrer em galena, esfalerita ou calcopirita, mas é possível que apenas um grão destes minerais tenha uma inclusão de ouro, enquanto os outros próximos não apresentam nenhuma inclusão de ouro.

Intercrescimentos de ouro ocorrem com tetradymita, clausthalita, altaita e outros telurídeos. Intercrescimentos mirmequíticos ocorrem com bismuto nativo, graças à decomposição da maldonita (Au2Bi).

Ouro secundário pode ocorrer em calcocita, digenita, covellita, goethita e hematita.

Ouro nativo a ND (esquerda) e a NC (direita). Minerais da ganga em cinza escuro (ND) e com reflexões internas leitosas a vermelhas a NC. A ND a cor dourada, a alta refletividade e os muitos sulcos de polimento são típicos. A NC essa coloração verde, nem sempre tão bem visível, é muito característica.

Page 4: OURO NATIVO – Au

Versão de maio de 2020

Ouro a ND mostrando finíssimas inclusões de ouro que há nos grãos dos minerais da ganga adjacente à pepita.

Os três minerais “amarelos” lado a lado: calcopirita à esquerda, ouro no centro e pirita à direita. Fica muito nítido que a pirita só dá a impressão de “amarela” quando ocorre isolada; ao lado do ouro seu amarelo fica muito fraco.