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    Projtca Revista Cienfca de Design l Londrina l V.3 l N.1 l Julho 2012130

    A Gesto de Design como estratgia organizacional em uma empresa

    de complementos decoravos termocolantes de Londrina-PR

    The Design Management as an organizaonal strategy of a decorave termocolante

    complements company from Londrina - PR

    BUSO, Vanessa Zanardo; Especialista;

    Universidade Estadual de Londrina

    [email protected]

    MARTINS, Rosane Fonseca de Freitas; Doutora;

    Universidade Estadual de Londrina

    [email protected]

    RESUMO

    Este argo tem como objevo propor aes de design para o Departamento de criao de umaempresa de complementos decoravos termocolantes de Londrina-PR, provenientes de um estudo decaso ulizado como metodologia de pesquisa. Tais aes se estendem aos demais departamentos daempresa, fundamentando uma estratgia de Gesto de Design. Como resultado esperado, pretenderedirecionar a estrutura organizacional da empresa ao demonstrar e salientar a real importncia dovnculo estratgico entre a Gesto do Design e o departamento de Criao para consequente vis deproduo lucravo e organizado.

    Palavras Chave: Gesto de Design; estratgia; termocolantes

    ABSTR ACT

    This arcle aims to propose design acons, to the Criave Department of a company at Londrina-PR,

    from a case study used as research methodology. These acons extend to the other departments,

    establishing a Management design strategic. Therefore, this work aims to redirect the companys

    organizaonal structure from demonstrate and emphasize the real importance of the strategic link

    between Management design and the Criave Department to the eventual protable and organized

    business

    Keywords: Management Design; strategic, termocolantes

    IntroduoO trabalho aqui proposto aborda uma experincia de gesto de designa parr de uma anlise

    real e objevada de uma pequena empresa do ramo da moda (neste trabalho intulada como empresaA) atuante no mercado de complementos decoravos desnados indstria de confeco do Paran;atendendo principalmente as regies que compreendem os municpios de Londrina, Maring eCianorte.

    De acordo com a FIEP (2008), da distribuio espacial dos estabelecimentos da indstria txlno Brasil, o estado do Paran aparece na quinta posio com aproximadamente 744 estabelecimentos

    industriais e uma parcipao de 6,59%.

    O Corredor da Moda uma das principais aglomeraes do setor txl-confeces

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    formada pelo eixo Londrina Apucarana Maring - Cianorte (norte e o nordestedo Paran), que constudo por uma aglomerao de empresas do chamadocomplexo vesmentar, beneciamento, ao, tecelagem, vesturio, uniformes,bons, lavanderias e servios de acabamento, que vem adquirindo importncianacional [...] (APL, 2006, p.04)

    O mercado txl abrange diversos pos de indstrias e a fabricao de complementosdecoravos tais como equetas, tags, botes, apliques termocolantes e bordados se incluem nessemercado.

    Barone (2009) arma que os fabricantes de equetas para roupas enfrentaram a crise, quecausou estoques mais controlados nas confeces e no varejo de moda, com uma estratgia quecombina produtos mais baratos e novos mercados, uma vez que as confeces reduziram os estoques,mas ainda assim querem produtos e argos com variedade e alto valor agregado.

    Nesse sendo, a empresa A trabalha a diferenciao dos seus produtos mantendo uma linhaque disponibiliza equetas termocolantes (opo de equeta feita com variados pos de tecidos eacabada com silicone prensado) que economizam a necessidade de costura destas nas peas; e

    apliques termocolantes que ulizam materiais como pedras semelhantes aos cristais Swarovisk,metais sextavados e outros argos. Tudo para disponibilizar indstria de confeco do Paran umacabamento diferenciado para as suas peas.

    A indstria brasileira de complementos decoravos (que produz zperes, equetas, apliques ebotes), fatura, anualmente, aproximadamente um bilho de reais. (BARONE, 2009).

    Apesar da excelncia em qualidade de seus produtos e servios, a empresa A necessita deuma efeva consistncia organizacional e projeo mercadolgica para que seja de fato uma empresalucrava e de boa aceitao pelos seus consumidores is e pelos consumidores eventuais.

    Dessa forma, o problema que nortear o desenvolvimento deste trabalho : qual a capacidadeempresarial de reconhecer e executar a unio entre o processo criavo e a gesto do designcomoferramenta precursora para se estabelecer o m da ulizao de estratgicas empricas na soluo deproblemas organizacionais?

    Em acordo, o argo prope contribuies da gesto do design ao bom funcionamento dodepartamento criavo da empresa A e se estende a demonstrar a importncia do pensamento dodesign como uma ferramenta de criao de valor em uma organizao em sua totalidade. Nessesendo, arma Best (2006) que o designencontra-se intrinsecamente ligado ao negcio ou empresa,de maneira que consegue adicionar ou criar valor para esta.

    Dentre os objevos especcos, o projeto visa estudar os processos de gesto de designe odesign thinkingcomo fundamentao terica para delimitar, de acordo com a metodologia aplicadapor Emdio (2006), a coleta de dados.

    Seguidamente, apresenta o estudo de caso e prope medidas em nvel operacional eestratgico no mbito da gesto e do design, buscando efevar de maneira progressiva a consistnciaorganizacional da empresa A.

    A proposta de aes de gesto de designorientadas ao departamento de pesquisa e criaoda empresa A como precursoras a aes de gesto e designem nvel organizacional se jusca namedida em que o departamento citado o responsvel pela etapa do processo criavo, e este porsua vez correlaciona-se ao departamento administravo e paralelamente delimita o departamentode produo; ou seja, o departamento de criao est entrelaado a esses dois departamentos queconstroem a empresa A.

    Ainda sobre juscava, no departamento de criao da empresa A encontra-se o prossionalde design, o designer; que inuenciar posivamente a disseminao das aes de GD sobre toda aorganizao.

    A metodologia ulizada neste trabalho foi uma pesquisa de natureza exploratria [...] quetem como objevo principal o aprimoramento de idias ou a descoberta de intuies (GIL, 2002, p.

    41). A pesquisa exploratria uliza um planejamento exvel e neste argo ela delineia-se a parr deum estudo de caso, que segundo Yin, (2001) traduz-se como uma ferramenta emprica que examina

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    e apura um fenmeno contemporneo real, beneciando o desenvolvimento prvio de proposiestericas que conduzem a coleta de dados e anlise desses dados.

    Para uma efeva ulizao do estudo de caso, antecede-se uma pesquisa de dados primriosque instrumenta abordagens para a realizao dos procedimentos do estudo de caso. Enm, aplica-seuma ferramenta de diagnsco composta por uma entrevista com o roteiro ulizado a parr de um

    modelo estruturado denominado Modelo de checagem de ulizao da Gesto de Design em MPEsdo vesturio de moda. (EMIDIO, 2006, p.81 a 84).

    Dessa forma, o estudo de caso neste argo estrutura-se pela entrevista citada e por estratgiascomplementares de etnograa e observao. A etnograa compreende o estudo, pela observaodireta e por um perodo de tempo, dos costumes de um grupo parcular, uma associao de poucos oumuitos elementos. Dessa forma a ulizao da etnograa nesse trabalho se d por concluses autorais.

    A proposta de estudo de caso neste argo permite detectar e propor aes com base nasnecessidades reais da empresa em questo. Dessa forma, durante o estudo de caso foram vericadasproblemcas que envolvem reas especcas como Markeng, Gesto pessoal e Gesto da qualidade,as quais no sero abordadas com nfase. Respeitando a problemca deste projeto o embasamentoser dedicado aplicao de medidas que envolvam gesto e designem curto, mdio e longo prazo.

    Gesto do design: contextualizandoUma empresa essencialmente conseqncia de sua cultura organizacional. De acordo com

    Emdio (2006), uma empresa compreende sua cultura quando entende o desao de criar novas formasde organizao e de administrao para gerar uma revoluo cultural. Dessa maneira, cabe ao quadrodirigente de uma empresa dar forma a uma nova cultura, am de que esta passe a determinar o esloe a losoa administrava da empresa.

    A busca por uma revoluo cultural dentro de uma empresa uma estratgia que abarcatodo o sistema de avidades dessa empresa. Comparavamente estratgia de inovao de valorde Mauborgne e Kim (2005) a evoluo cultural tambm exige da empresa que ela se reoriente para

    empreender um salto no valor, tanto para seus consumidores quanto para ela prpria.

    Entendemos como conhecimento organizacional todo o conhecimento que aorganizao dispe, alm dos conhecimentos bvios como o objevo e o explcito,inclumos o cultural (que envolve tradio) e o conhecimento tcito (aquele adquiridoao longo dos anos, por experincia). (DEMARCHI, FORNASIER, MARTINS, 2012. Pg.176).

    Empresas que reconhecem a necessidade de uma revoluo cultural organizacional seguemem busca de recursos para enfrentar a globalizao. A globalizao trouxe uma era em que empresase organizaes se enfrentam diariamente para se manterem efevas no mercado, driblando aconcorrncia. Mauborgne e Kim (2005) armam que tradicionalmente as empresas se preocupam emcriar mais valor para os clientes a um custo mais alto ou criar o mesmo valor que a concorrncia aum custo menor. Porm, em contraparda a essa situao est o universo crescente de organizaesem busca de diferenciao e liderana de custos ao mesmo tempo; o que os autores armam ser aconquista efeva de empresas de sucesso.

    Essa esfera contempornea de produo tem como fundamental aliada a Gesto do design.Para Mozota (2002) se o fundamento da gesto do design idencar e comunicar as maneiras pelasquais o designpode contribuir para a estratgia de uma empresa, ento idencar oportunidades parao design o primeiro passo nesse sendo.

    E como denir gesto do design? Best (2006), aps analisar vrios conceitos sobre a perspecvade diferentes autores descreve que o gestor de designtem o papel de gerenciar design e dessa forma,

    Os aspectos importantes da gesto do design esto em entender os objevosestratgicos de uma organizao e o como o designpode desempenhar um papel

    BUSO, Vanessa Zanardo; MARTINS, Rosane Fonseca de Freitas

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    e efevamente por em prca as formas e meios, as ferramentas e os mtodos, asequipes e os requisitos de planejamento, a paixo e o entusiasmo, para angir essesobjevos como resultados de sucesso. (BEST, 2006, p. 12)

    Para o Centro Portugus de Design (1997), a gesto do designapia-se em dois pilares. Dentro

    de um projeto de produto torna-se uma avidade que se ocupa em gerir os recursos humanos emateriais desde o nascimento de uma idia ate seu lanamento no mercado. Por outro lado, dentro daempresa, o gestor de designprocura proporcionar condies e meios favorveis para o nascimento denovos produtos.

    Retomando ao raciocnio de Mozota acima descrito, quais seriam ento as oportunidades dodesignperante GD?

    Em uma organizao, o design pode afetar a gesto em diferentes nveis, sendo um avoestratgico, tco ou operacional junto denio de metas de longo prazo e no dia-a-dia de tomadade decises.

    Design uma funo, um recurso e uma maneira de pensar dentro das organizaesque pode ser avo no pensamento estratgico, nos processos de desenvolvimentoe, fundamentalmente na implementao de projetos de sistemas e servios;as maneiras pelas quais uma organizao se conecta aos seus clientes e partesinteressadas. (BEST, 2006, p. 16)

    O departamento de criao de produtos de uma empresa torna-se referencial inicial deum processo estratgico e operacional conjunto que visa estabelecer processos e meios para odesenvolvimento efevo de solues mercadolgicas que proporcionam qualidade, valor e inovaoao mercado consumidor.

    Por outro lado, o design no departamento de criao alavanca outra vantagem compevaque diz respeito omizao de custos. A busca por materiais adequados e a adequao de processosde testes com matria-prima se estende preocupao do designer em realizar junto ao departamento

    de produo da empresa a adequao dos processos de fabricao. Nesse sendo, faz-se necessrio ocompromisso da gerncia de produo em atuar juntamente ao designerpara a constante evoluo escalizao destes processos, evitando desperdcios.

    Outro ponto tambm alinhado pelo designer no departamento de criao a questo daidendade visual da organizao. Esta transmite ao pblico as caracterscas e os elementos quecompem a imagem da marca e de seus produtos. Essas caracterscas devem atender as expectavasde seus clientes, ao facilitar o contato visual destes com a matria-prima, com as formas, os shapes e astendncias ulizadas pela empresa em cada coleo. Paralelamente, o designer de moda estende aosprossionais de designgrco e de markeng o desenvolvimento dos materiais de comunicao visualpara fazer com que os consumidores realizem uma fcil associao com a marca.

    Nota-se que as funes operacionais dodesign se integram a todos os setores da empresa.

    Dessa forma, a gesto do designtrabalha em prol dessa integrao traduzindo as funes operacionaisem uma funo estratgica de formalizar um design corporavo consistente. necessrio estabelecerum programa de designe no apoiar-se em um designer. O gestor de designestabelece junto a empresaa necessidade de conceber um processo que diminua a incerteza inerente ao desenvolvimento deprodutos, e quanto mais reas forem correlacionadas, menores as chances de fracasso. Assim, faz-senecessria que a cultura organizacional da empresa seja propcia inovao e ao desenvolvimentoprogressivo.

    De acordo com o Centro Portugus de Design (1997, p. 24 e 25), resumidamente em tpicosdescrevem-se as atribuies da GD,

    1)A parr da administrao ou em nvel estratgico:

    -Diagnoscar a situao da empresa, os seus produtos e as suas tecnologias principais, emrelao aos concorrentes mais prximos.

    -Denir os campos de atuao futuros, em termos de tecnologia, produtos e mercados.

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    -Determinar as opes em funo dos pontos fortes e fracos da empresa.-Integrar no desenvolvimento as funes de Markeng, produo, engenharia do produto,

    nanas, design, etc. para descobrir novas oportunidades e riscos.-Fazer do designe da inovao algo cultural da empresa, responsvel pelo lucro ao longo prazo.

    2)Em nvel operacional:

    -Determinar a natureza de um projeto, avaliando as diferenas entre objevos e capacidadeda empresa.

    -Organizar o processo de desenvolvimento que estabelea a extenso de cada fase e os nveisde deciso, garanndo um uxo de informao at a administrao e os elementos da equipe.

    -Selecionar os elementos da equipe e organiz-la: escolhendo os prossionais apropriados,mantendo-os ou fazendo mudanas necessrias, estabelecendo procedimentos para soluo deconitos.

    Sendo assim, designersdo departamento de criao unem-se aos demais prossionais de umaorganizao a m de concrezar um projeto de produto de valor agregado, coerente com as condiesexigidas para a sobrevivncia de uma empresa contempornea. Dessa forma, essa unio faz-se efeva

    quando os prossionais de uma organizao trabalham como pensadores de design; assunto relatadono prximo tpico.

    A gesto do design e o design thinking

    O processo de designbaseado no design thinkingrepresenta uma mudana radicalna maneira de fazer negcios e isso pode ajudar a levar o design a diferentes nveisda organizao e no somente no escopo do projeto. (DEMARCHI, FORNASIER,MARTINS, 2010).

    A idia muldisciplinar para o desenvolvimento de projetos de design em organizaesdefendida pela gesto do designencontra subsdio no design thinking. Odesign thinking, de acordo comdenies expostas pelas autoras Demarchi, Fornasier e Marns (2010), deriva do termo thinkingnosendo de thinking through, que signica pensar por meio de; pensar por meio de como os designersfazem. Essa denio envolve a visualizao de problemas e conceitos para o desenvolvimento decenrios e estratgias baseadas nos mtodos dos designers.

    O que o design thinking prope que os processos operacionais relacionados ao projetode produto se concrezem como estratgias criavas que envolvam todos os departamentosorganizacionais e quando necessrio envolvam tambm prossionais exteriores.

    Para o design thinking, o processo de design se adqua natureza de cada projeto e noconstui um projeto linear, pois possui muitos ciclos responsveis por permir a natureza interava do

    designe por acomodar insightsem cada estgio do processo, conforme defendem Demarchi, Fornasiere Marns (2010).Nesse sendo, Brown (2010) descreve que o connuumdos processos de inovao no segue

    uma linearidade e sim uma sobreposio de espaos. Esses espaos seriam: a inspirao, que advmde um problema ou uma oportunidade que mova a busca por solues; a idealizao, o processo degerar, desenvolver e principalmente testar idias; e a implementao. Dessa forma, os projetos podempercorrer esses espaos mais de uma vez medida que a equipe lapida suas idias e explora novosdirecionamentos.

    Dessa forma, o pensamento dedesignrepresenta um desao para as empresas mais tradicionaisque partem do pressuposto que idencada uma oportunidade, lida-se com os nmeros disponveispara assegurar-se e ento omiza-se. Ou seja, fases denidas para criao de solues. Porm, muitasquestes precisam ser revistas antes que se possa gerar uma nova idia.

    Analisando as idias de David Kelley, fundador da empresa de consultoria em designIDEO epensador de design; na dcada de 1980, as propostas de designenviadas aos clientes se resumiam

    BUSO, Vanessa Zanardo; MARTINS, Rosane Fonseca de Freitas

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    nas seguintes fases de processo: compreenso, observao, criao e protpo. Os clientes queriamapenas que o processo se concentrasse nas duas lmas fases, tratando a compreenso e a observaocomo perdade tempo. Porm, Kelley percebeu que eram nessas fases iniciais que surgiam as grandesidias; o que passou a separar os resultados da sua empresa de outras em consultoria em designegesto. Depois disso me dispus a s aceitar um trabalho em que fossem respeitadas essas fases

    (HSMMANAGMENT, 2009, p. 185).As fases de compreenso e observao so muito importantes para um projeto, pois so elas

    que delineiam os limites e as restries que cabem execuo de uma ou mais idias. Para Brown(2010), a aceitao e disposio em trabalhar com restries constuem o fundamento do designthinking.

    As restries podem ser mais bem visualizadas em funo de trs critriossobrepostos para boas idias: pracabilidade (o que funcionalmente possvel numfuturo prximo); viabilidade (o que provavelmente se tornar parte de um modelode negcio sustentvel); e desejabilidade (o que faz sendo para as pessoas).(BROWN, 2010, p. 18)

    Dessa forma, os designers thinkerstrafegam por meio das restries observadas e dessa formaa criavidade vem a tona, focando-se no projeto. A parr disso, a clareza, o direcionamento e oslimites de um projeto bem denido so vitais para sustentar a energia criava.

    A sustentao da energia criava por sua vez, encontra respaldo na idia agregadora que odesign thinkinge a gesto do designcomparlham; a idia da muldisciplinaridade de uma equipedentro de um projeto. Idias criavas provm de equipes criavas e essas equipes so fruto de umtrabalho interdisciplinar dentro das organizaes. Percorrer as etapas que conduzem um projetopara alcanar bons resultados s possvel com o desenvolvimento de um projeto que considera asobreposio dessas etapas (valor agregado de insights e inputs) e o trabalho em conjunto. Dessaforma, todos os departamentos que percorrem um projeto at a sua concluso em produto devemtrabalhar idias colevas, sendo todos responsveis por elas.

    Por outro lado, o processo de denio de protpo tambm encontra no design thinkingumgrande aliado. Para Demarchi, Fornasier e Marns (2010), o designer thinkeravana o seu processoprojetual e grava suas observaes e idias visualmente. Em seguida, sua cultura o faz senr anecessidade da realizao de um protpo, que no apenas testar idias nais e sim validar umprocesso de criao e expressar o pensamento visual.

    O protpo torna a idia tangvel ou intangvel. A parr dele testa-se os materiais evitandoo desperdcio destes no processo produvo, alm de proporcionar uma viso prvia do sistemaproduvo e dos meios de omizao que podem ser planejados para a produo em srie do produtoprotopado. Ou seja, dentre vrias colaboraes, a construo de um protpo permite avaliar a idiapara denir as delimitaes do projeto, idencando novas direes quando necessrio.

    Enm, pode-se mencionar o processo de design thinkingcomo um processo de viver design

    e no apenas faz-lo. Lockwood (2006) deniu alguns aspectos que resumem o design thinking.Primeiramente, como ponto chave, o desenvolvimento profundo de uma pesquisa de campo, pois aempaa (assisr, ouvir, discur e compreender) pode ser uma fonte de inspirao e auxlio para angirosinsightsdos consumidores, descobrindo necessidades desvinculadas.

    Posteriormente, a formao de grupos muldisciplinares para realizao de projetos. Aparcipao ava de todos os departamentos da empresa e tambm de clientes e parceiros alm degerar mais idias, cria uma rede de delidade dicil de ser destruda, Brown (2010).

    Em seguida, a capacidade de acelerar o aprendizado pela visualizao, experimentalismoe criao de protpos rpidos. Dessa forma, os lderes empresariais devem sempre incenvar aexperimentao, para dar margem e aceitar o fracasso, pois no h nada de errado com o fracasso,contanto que ele ocorra no comeo do projeto e se torne fonte de aprendizado pela equipe, Brown

    (2010).Por m, a habilidade de gerar visualizaes de conceitos, ligada importncia de integrar a

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    anlise de negcio durante o processo, e no no nal deste; ou seja, combinar a idia com aspectosestratgicos tradicionais, o que gera um ponto de vista mais completo. Para Brown (2010), isso signicaestar preparado para no desacelerar o processo de designcomo, por exemplo, com inconvenientesoramentrios ou procedimentos burocrcos. Esses aspectos devem estar sempre alinhados medidaque os projetos avanam.

    Dessa forma, foi possvel relacionar aos aspectos que resumem o design thinking paraLockwood, descries tambm posicionadas por Brown, correlacionando os mesmos conceitos. Dessaforma, o pensar por meio de como os designers fazem e assim executar os projetos de produto deuma organizao como ferramenta de inovao e resultado posivo comporta que O design thinkingtem suas origens no treinamento e na prca prossional de designers, mas estes so princpios quepodem ser estendidos a todas as reas de avidade. (BROWN, 2010, p. 225)

    Metodologia

    Aps conceituao e fundamentao de pontos importantes da gesto do designe do designthinking como aliados organizacionais, ulizar-se-o esses pontos como norteadores na obteno das

    propostas de ao emnvel operacional e estratgico para a empresa A.Porm, para se chegar obteno dessas propostas faz-se um estudo da empresa A

    considerando alguns aspectos e procedimentos descritos e denidos a seguir.De acordo com Gil (2002), classicar pesquisas em pesquisas exploratrias, descrivas

    ou explicavas muito conivente para o estabelecimento de seu contedo terico, ou seja, parapossibilitar uma aproximao conceitual. No entanto, para analisar os fatos do ponto de vista emprico,para confrontar a viso terica com os dados da realidade torna-se necessrio traar um modeloconceitual e operavo de pesquisa.

    Dessa forma, ainda por Gil (2002), o delineamento de uma pesquisa consolida o planejamentodesta em sua dimenso mais ampla, o que envolve tanto a diagramaocomo tambm a previso deanlise e a interpretao da coleta de dados. Por outro lado, o delineamento de uma pesquisa considera

    o ambiente da coleta de dados e como so controladas as variantes envolvidas, dando nfase para osprocedimentos tcnicos de coleta e anlise de dados.

    Nesse sendo Yin, completa que

    No sendo mais elementar, o projeto de pesquisa a seqncia lgica que conectaos dados empricos s questes de pesquisa iniciais do estudo e, em lma anlise,s suas concluses. Coloquialmente, um projeto de pesquisa um plano de aopara se sair daqui e chegar l, onde aqui pode ser denido como o conjunto inicial dequestes a serem respondidas, e l um conjunto de concluses (respostas) sobreessas questes. Entre aqui e l pode-se encontrar um grande nmero de etapasprincipais, incluindo a coleta e a anlise de dados relevantes. (YIN, 2001, p. 41)

    Dessa forma, o delineamento da pesquisa compreendida nesse argo o estudo de caso daempresa A e o instrumento de aplicao do estudo de caso foi uma entrevista estruturada e formuladaatravs de um protocolo denominado: modelo de checagem de ulizao da Gesto de Design emMPEs do vesturio de moda; gerado pela pesquisadora Lucimar de Fma Bilmaia Emdio em suadissertao de mestrado no ano de 2006.

    A entrevista que contempla esse modelo de checagem foi realizada pela autora deste argoe os sujeitos parcipantes foram os proprietrios, uma vez que estes conhecem as parcularidadesdo processo, dos materiais, do produto e tambm de assuntos relacionados a nanas, recursoshumanos e vendas, sendo agentes centralizadores na tomada de decises e tambm das informaes;conforme constatado e descrito por Emdio (2006) como sendo esta uma caractersca comum entreos proprietrios de pequenas empresas do ramo da moda.

    O modelo de checagem de ulizao da gesto de design em MPEs do vesturio (EMIDIO,2006), quadro 1 abaixo, foi desenvolvido com base em um referencial terico baseado em pesquisas

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    da autora sobre o que os autores recomendam para a prca de GD nas empresas. Dessa forma, eleserviu como roteiro para a realizao da entrevista para com os proprietrios da empresa A e comodirecionamento na obteno do diagnsco e das anlises dos resultados.

    Quadro 1: Modelo de checagem de ulizao da Gesto do design em MPEs do vesturio demoda.

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    Fonte: adaptado de EMIDIO, 2006, p. 81 a 84

    Paralelamente e inuenciando a anlise dessa coleta de dados, foi realizada uma abordagemetnogrca comparava realizada a parr de observaes da presente autora que exerceu a funo dedesigner da empresa A em um perodo de trs meses no ano de 2011.

    Descrio dos resultados obdos pela entrevista com os proprietrios

    1-Dados empresariais

    De acordo com os proprietrios, a empresa iniciou suas avidades h quatro anos, atuandono segmento de complementos decoravos desnados s indstrias de confeco do Paran. A

    proprietria fora representante comercial de uma marca de produtos termocolantes de Fortalezae aps entrar em contato com os meios produvos de tal segmento, visando angir o mercado

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    consumidor do Paran resolvera ento montar seu negcio prprio. Inicialmente, toda a produo erafeita manualmente com instrumentos de produo bem arcaicos. Atualmente, a produo feita coma ajuda de maquinrio especco.

    Aps vrias mudanas, atualmente, a empresa A possui 10 funcionrios xos, sendo 1 secretriageral que contribui com servios de RH, 2 funcionrias que cuidam da produo, 1 motorista que

    tambm presta servios gerais, 1 funcionria que colabora com a parte administrava e nanceira, 1funcionria que trabalha com a parte de produo que envolve o maquinrio, 1 gerente de produo,1 representante comercial e 2 designers de moda.

    A produo mensal no fora revelada pelos proprietrios armando ser esta bastante varivel.A proprietria compra materiais de fornecedores de So Paulo, Londrina e tambm faz importaoda China de pedrarias variadas. Todas as trs mquinas de corte a laser tambm foram importadas daChina.

    A comercializao com os clientes resume-se da seguinte maneira: a representante comercialda empresa faz visitas s empresas de confeco da regio norte do Paran, tanto aos clientes isquanto aos clientes eventuais. Nessas visitas so apresentadas as cartelas de materiais trabalhadospela empresa A e a parr disso a representante comercial juntamente aos proprietrios e aos designers

    ou eslistas das empresas resumem aquilo que pode ser trabalhado. Dessa forma, a representantecomercial repassa o que foi denido ao departamento de Criao da empresa A, para que sejamdesenvolvidas as colees exclusivas e individuais para cada marca. Trabalha-se uma mdia de quatroa cinco colees por semana.

    2-Estrutura organizacional e nveis de tomada de deciso

    A direo geral da empresa A composta pela atuao de um casal de proprietrios. Aproprietria, no tem curso de graduao e atua como supervisora geral de todos os processos edepartamentos da empresa A e pela administrao da comercializao dos produtos. O proprietrio,por sua vez, atua mais na rea de controle de nanas da empresa, sendo que ele graduado emEducao sica, mas atua h anos, paralelamente a empresa A, como representante de tecidos de uma

    empresa nacional; no territrio norte do Paran.Em termos de diviso e coordenao dos trabalhos e as tomadas de deciso, a empresa A se

    estrutura em departamentos, conforme Figura 1, e cada departamento se responsabiliza por realizarsuas funes, sendo que todos os departamentos so controlados pela direo geral da empresa.

    Figura 1 - Organograma fornecido pela empresa A

    Em relao cultura empresarial, os proprietrios armam ser a empresa A uma empresafamiliar, pois desde o seu incio a parcipao de membros familiares em diferentes departamentosfora o que contribuiu para a empresa se desenvolver e se transformar no que ela hoje. Atualmente,a empresa se diversica mais em busca de prossionais com especializao nas reas que iro atuar;porm, ainda conta com a parcipao efeva de familiares e amigos em alguns departamentos.

    3) Aes de designrelacionadas ao processo de desenvolvimento de produtoA) Quanto ao processo de desenvolvimento e organizao das avidades:

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    Os proprietrios da empresa A armam exisr um departamento focado para o desenvolvimentode produtos, cuja responsabilidade do designer de moda contratado. Atualmente, no departamentode desenvolvimento de produtos, existe uma designer de moda, graduada nesta funo e umaestagiria com graduao em designde moda prevista para o m do ano de 2011.

    De acordo com os proprietrios, atualmente o departamento dedesigntende a atuar juntamente

    com as outras reas da empresa para estabelecer melhorias constantes para o desenvolvimento e aproduo dos produtos.

    Por outro lado, os proprietrios informaram que quanto aos procedimentos e metodologiasulizadas para o desenvolvimento, a empresa considera relevante realizar pesquisas de tendncias,e dessa forma, eles investem na aquisio de materiais para pesquisa, conforme a necessidade dodesigner.

    Embasado em pesquisas de tendncias, o departamento de desenvolvimento de produtosdelimita as colees individuais direcionadas a cada cliente, a parr dos direcionamentos feitos pelasvisitas da representante comercial aos clientes. O prximo passo feito com a produo dos protposaonde se testa o corte dos materiais e o resultado nal destes. Quando aprovados, os protpos doseqncia montagem das colees totais, que so enviadas aos clientes para aprovao dos modelos

    indicados para posterior produo em volume.

    B) Quanto estratgia do produto:Quando indagados sobre a concorrncia, os proprietrios pontuam que a qualidade dos

    materiais e o desenvolvimento de colees exclusivas para cada cliente so os aspectos principais que osdiferenciam dos demais concorrentes. Mescla-se ao departamento de desenvolvimento de produtos e proprietria a deciso sobre novos produtos na empresa A. Dessa forma, estes so desenvolvidos pormeio de aperfeioamento de produtos j existentes; ulizando-se idias novas e inditas ou ulizandouma mesma idia com aplicao diferente em termos de materiais para uma srie de clientes.

    Ainda sobre as estratgias relacionadas aos produtos, os empresrios no se vem a vontadecom os termos obsolescncia programada da moda e o novo como imperavo categrico; dessa

    forma, esses elementos cam apenas para uma colocao posterior da prpria autora.

    4-Estratgias compevas

    No referente s questes de estratgias compevas, a empresa A, enfrenta uma diculdadecom os concorrentes no fator preo. Os clientes armam exisr opes mais baratas de produtossimilares no mercado.

    Em contraparda a essa situao, mais uma vez fora mencionada pelos proprietrios que odesenvolvimento de colees individuais para cada cliente, com destaque para a exclusividade faz-secomo uma ferramenta compeva de grande valor e, seguidamente, a preocupao com a ulizaode matria-prima de qualidade superior e atualizada periodicamente tambm contribui posivamentecom essa situao; fatores que agregam valor e explicam o preo mais alto pracado pela empresa A.

    Por outro lado, a proprietria arma que o contato dirio que ela tem com os proprietriosdas empresas clientes fortalece a conana destes com os produtos da empresa A; assim, o grau desasfao dos clientes dado porfeedbackdireto dos clientes com a proprietria.

    5-Papel da avidade de design no desempenho da qualidade pela empresa

    A qualidade um atributo que os proprietrios fazem questo de citar como caracterscaessencial para o desenvolvimento dos produtos e para o produto em si quando nalizado. Desde apreocupao com a excelncia da matria-prima at o controle dos produtos que so expedidos paraos clientes.

    Dessa maneira, referente ao controle de qualidade feita uma vistoria da matria-primapor parte da proprietria e dos funcionrios do departamento de produo, juntamente gerentede produo. Em seguida, todo o processo de produo monitorado e, para nalizar, antes doprocesso de expedio todos os produtos so conferidos e assinados com vistoria por um responsvelpreviamente denido pela gerente de produo.

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    O projeto de design por sua vez, ca sob a responsabilidade do departamento de criaoe da equipe de designers. Porm, a proprietria arma ser muito importante a sua parcipao nanalizao de todos os produtos, justamente por ela conhecer o perl de seus clientes.

    6-Importncia do design para a empresa

    Para a empresa A, a contribuio principal do design est no processo de desenvolvimento deprodutos, com a ulizao de um processo criavo sistemazado e com o domnio por parte do designerdos programas grcos, como o corel drawn. A criavidade e a capacidade de lidar rapidamente comsituaes inusitadas ou que necessitam de procedimentos criavos rpidos tambm so caracterscasdo designmencionadas pelos entrevistados.

    Por outro lado, a proprietria arma que o design faz-se importante por ser uma avidadeque agrega os outros departamentos, no sendo em que se preocupa com os meios produvos, coma omizao de matria-prima e principalmente por agregar com relevncia os insightsque os demaisdepartamentos acrescentam para o desenvolvimento de produtos.

    7-Nvel de informao de design

    De acordo com os entrevistados, h aproximadamente dois anos a empresa conta coma parcipao no seu departamento de desenvolvimento de produtos de pelo menos um designerde moda. Desde ento, o designer de moda tem a responsabilidade de desenvolver colees decomplementos decoravos termocolantes para os clientes da empresa A, respeitando os moldes dedesenvolvimento j trabalhados pela proprietria desde o incio da empresa.

    Com a aquisio de maquinrio especco para o corte a laser, necessrio para a omizaodos processos de produo, surgiu a necessidade de domnio de outra estratgia de desenvolvimento ecriao das colees, provenientes do domnio de programas grcos. Dessa forma, esse foi o principalmovo para o invesmento da empresa A no prossional do design.

    Por outro lado, a proprietria complementa com o quanto foi benco ao retorno nanceiro eorganizacional da empresa A, a contratao da primeira designerde moda. A parr disso, o invesmento

    em um prossional da rea dedesign reconhecida pela proprietria como algo fundamental para ocrescimento empresarial.

    Descrio dos resultados obdos pela observao etnogrca comparavaA presente autora contribuiu como designerde moda na empresa A durante um perodo de

    trs meses no ano de 2011. Dessa forma, torna-se relevante antecipar alguns pontos comparavosentre as respostas obdas com a entrevista, realizada junto aos proprietrios e a observao feita pelaautora, durante seu tempo de atuao como designer na empresa.

    O primeiro ponto a ser destacado sobre o processo de comercializao dos produtos daempresa A. Deniu-se pelos proprietrios, que a comercializao dos produtos decorrente do

    desenvolvimento de colees exclusivas aos clientes e que estas so desenvolvidas em um nmerode quatro a cinco por semana. Porm, a proprietria da empresa raramente respeita esse processode desenvolvimento, acrescentando vrios outros desenvolvimentos paralelos, denidos por ela comoutros clientes, sem a comunicao prvia ao departamento de criao. Dessa forma, os processos seatrasam e a comercializao dos produtos ca defasada.

    Seguidamente, ao descreverem sobre procedimentos e metodologias ulizadas para odesenvolvimento, os entrevistados revelaram considerar muito importante a realizao de pesquisasde tendncias para se desenvolver as colees, e que dessa forma investem na aquisio de materiaisespeccos para tal nalidade. Discordando parcialmente, a autora arma que apesar da consideraoque a proprietria demonstra para a pesquisa de tendncias, o mais importante o volume de peasque so desenvolvidas por dia, o que condiciona muito pouco tempo para pesquisas e, alm disso, todo

    o material de pesquisa adquirido para a empresa A foi escolhido apenas pela proprietria, sem a devidaparcipao do designernesta escolha.Ainda sobre o processo de desenvolvimento de produtos, os empresrios discorrem que o

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    departamento de desenvolvimento de produtos delimita as colees direcionadas a cada cliente aparr dos direcionamentos feitos pelas visitas da representante comercial aos clientes. Isso de fatoocorre e implica trs observaes:

    Primeira, o designerda empresa A no obtm contato direto com os clientes, distanciando etornando o processo de desenvolvimento mera concordncia com um universo de delimitaes vagas.

    Outro ponto que, a empresa A por critrio estabelecido pela proprietria no exige dos clientes umbriengde coleo, o que diculta a correlao de cores, formas e demais atributos das peas dosclientes para a qual so denidos os produtos da empresa A.

    Por m, esse sistema de desenvolvimento de mlplas colees interessante, pois demonstras empresas o quanto exclusivos so os produtos denidos para elas; porm, muitas vezes a visita darepresentante comercial torna-se mais interessante quando j se possui uma coleo universal deprodutos termocolantes que demonstrem as tendncias antecipadas pela empresa A, que podem ser

    j ulizadas, apenas adaptando ou alterando algum aspecto desses produtos.Por outro lado, o desenvolvimento de novos produtos, que compem as diversas colees

    exclusivas, muitas vezes no respeitado; de forma que a proprietria exige a repeo de modelospara mais de um cliente. Ela alega que ulizar-se de uma mesma forma ou desenho alterando-se s

    vezes o material ou as cores das pedras uma ferramenta que evita o desperdcio de produtos que noforam aprovados por um cliente e podem ser aprovados por outros clientes.

    A obsolescncia programada da moda engrenagem para a empresa A uma vez que, paraacompanhar as tendncias das indstrias de confeco, os produtos termocolantes propostos pelaempresa A devem estar em constante reciclagem e alterao. Contudo, a pesquisa por materiais ea reciclagem destes muito desorganizada e sem critrios de pesquisa e os materiais so denidosapenas por escolha da proprietria.

    No que tange a vistoria da matria-prima, tanto das pedrarias quanto dos tecidos e dasequetas, bem como a sua aplicao como termocolante, ressalta-se que muitas vezes no testadao suciente e acaba causando problemas quando a coleo j est denida. Issorequer uma atenoespecial por parte da equipe de designerse da gerencia de produo. O processo produvo por sua

    vez, bastante especco, principalmente quando so diferentes pedrarias em uma mesma arte.Resumidamente esse processo feito em etapas de encaixe de placas, cada uma com um tamanhoou uma cor de pedras, e dessa forma, estas placas devem ser conferidas no incio do processo deencaixe para que no haja problemas depois de produzidas uma srie delas. Dessa forma, necessriaa conscienzao por parte da proprietria de que fazer testes de materiais e processos produvosdespendem um tempo relavamente menor do que o tempo e o material que perdido quando halgum problema por falta de vistoria.

    Soboutro aspecto a proprietria relata que a sua parcipao na nalizao dos produtos deniva, pois ela conhece o perl dos clientes. Essa armava tem dois lados que merecem umaanlise por parte de quem j atuou como designerda empresa A. O primeiro o fato de que muitosinsightsposivos podem ser colocados pela proprietria no projeto de produtos, acrescentando idiasposivas. Por outro lado, a proprietria, muitas vezes acaba por barrar idias que o designer projetoue que seriam relevantes do ponto de vista do prossional para aquela coleo.

    Finalmente, as questes que os proprietrios relataram sobre a importncia do designparaa empresa e o nvel de informao de design que a empresa mantm, conrma as observaesfeitas pela autora. A proprietria correlaciona o designcomo uma funo operacional de criao edomnio de programas grcos; porm, ela faz-se muito recepva a aceitar e a entender cada vezmais a importncia do designcomo uma estratgia que trabalha a interdisciplinaridade em favor docrescimento organizacional.

    Aes de gesto do design

    De acordo com os dados levantados pela entrevista feita com os proprietrios e a parr dosdados acrescentados pela observao etnogrca da presente autora, sero enumeradas algumasaes de designque se estendero como uma estratgia de gesto do design a m de solucionar

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    problemas organizacionais. Essas aes demonstram, alm de outras questes, a carncia estratgicapara a efeva consistncia organizacional da empresa A.

    Cabe ressaltar que todas as aes propostas a seguir tm fundamentao terica e bibliogrcadefendida tambm neste argo. So elas:

    Quanto ao processo de desenvolvimento de colees:

    1) Pr-denio das colees semanais a serem desenvolvidas: essa pr-denio deve serrealizada uma vez por semana em reunio com o designer, a representante comercial e a proprietria;para que quem claros a todos os objevos e avidades semanais do departamento de criao;

    2) Sistemazao entre os designerse a proprietria de um horrio xo dirio para a realizaodos desenvolvimentos espordicos desprendidos das colees;

    3) Contratao de prossionaisfreelances para contribuir com o desenvolvimento de colees.A equipe de design ca ento responsvel por monitorar e denir quais as colees desnadas a essesprossionais, a m de que este no seja um processo desorganizado e que pelo contrrio, seja de fatouma ferramenta para agregar contribuies criavas e omizar tempo de desenvolvimento;

    Sobre procedimentos e metodologias ulizadas para o desenvolvimento de colees:4) Programar um horrio quinzenal em que o designer tenha oportunidade de reciclar sua

    pesquisa de tendncias e em seguida;5) Delimitar uma reunio tambm quinzenal entre os designers, os proprietrios e a

    representante comercial para que as pesquisas de tendncias sejam discudas e divulgadas entre eles;6)Denir uma rona para a renovao dos materiais para as colees. Nesse caso, de

    extrema importncia que o designerparcipe da denio da matria-prima, uma vez que esta umdos principais subsdios para o desenvolvimento de colees;

    7)Ao inserir novos materiais para as colees, esses necessitam ser catalogados e estar sempreem vista dos clientes. A empresa A tem um catlogo de pedrarias, o qual coloca disposio paracada cliente. Porm, os tecidos por estarem em constante mudana tornam invivel a produo de

    mostrurio para todos os clientes. Dessa forma, deve-se montar um mostrurio virtual com a foto dostecidos e as descries dos mesmos. Durante a visita da representante comercial aos clientes, este caento em contato direto com os materiais, mas, sempre que precisam, os clientes dispem de umavisualizao virtual permanente;

    6)Estreitar a relao do departamento de designcom os clientes. O contato do cliente como designer muito importante e dessa forma, a proprietria deve incenvar visitas dos clientes empresa ou proporcionar o atendimento in loco a clientes de maior importncia, uma vez que aobservao e o entendimento da coleo produzida pelos clientes geram grandes possibilidades parao desenvolvimento dos complementos decoravos termocolantes desnados s peas;

    7) fundamental para o bom trabalho de uma equipe de designersque o desenvolvimentode colees respeitem um briengde coleo. Dessa forma, a empresa A deve adquirir a cultura deexigir dos clientes obriengde coleopara que sejam executados produtos pautados na idia totaldo projeto de produto dos clientes. Esse fator estreita a possibilidade de unidade visual da coleo decomplementos decoravos termocolantes com a proposta dos clientes, e evita que sejam projetadosmodelos que no contm linguagem visual relacionada s peas dos clientes;

    8)Realizao de mini-colees quinzenais que traduzam as tendncias pesquisadas pelaempresa A em termos de combinao de cores, combinao e sobreposio de materiais, novidadesem formas; ou seja, produtos sem marca denida que carregam idias aos clientes como uma formade pronta-entrega;

    Referente ao controle de qualidade:

    10) Fazer testes com todos os materiais adquiridos e uma vez aprovados catalog-lossistemacamente. Materiais no aprovados devem ser descartados e rerados da rea em que cam

    os aprovados para evitar confuso;11) O gerente de produo deve monitorar o processo produvo, garanndo o bom

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    desempenho deste. Para isso, necessrio um controle efevo para diminuir o ndice de retrabalho;

    Consideraes nais

    As aes dedesigndenidas compem uma proposta inicial para fazer com que a empresaA caracterize-se como uma organizao em que o designcontribui para o crescimento e a evoluopermanente desta.

    A estratgia de design dene como a organizao pretende ulizar o design, e como o processode design pode melhor servir s suas necessidades operacionais (BEST, 2003, p.49). Nesse sendo,uma estratgia de gesto de design s alcanada quando operaes de design no departamentode desenvolvimento e criao so trabalhadas sistemacamente e em conjunto com os demaisdepartamentos, mobilizados como pensadores de design.

    Dessa forma, o designerde moda na empresa A, responsvel por gerir os aspectos funcionais,visuais e ergonmicos dos produtos em uma constante em que se relacionam a melhoria da qualidadedos produtos, a busca por alternavas de materiais viveis, o aperfeioamento dos processos de teste

    e de produo, o compromisso ambiental e as relaes estcas e de segurana que aproximam oproduto do seu pblico consumidor. Nesse aspecto, o designtem um compromisso de valor em nvelestratgico que adqua as expectavas do mercado consumidor capacidade produva empresarialcomo um todo.

    O objevo geral de propor contribuies da gesto do design ao bom funcionamento dodepartamento criavo da empresa A demonstra a importncia do pensamento do designcomo umaferramenta de criao de valor em uma organizao em sua totalidade, o que fora angido com adelimitao de aes de designinterdisciplinares propostas ao departamento em questo.

    Quanto aos objevos especcos realizou-se uma pesquisa capaz de relacionar conceitos dagesto de designcom a prca do design thinkingque fundamenta o quanto possvel e necessrioque os departamentos de uma empresa desvinculados da atuao direta de designers praquem aesde designintegradoras.

    Vale ressaltar que aps a adoo e efevao das aes de designpropostas neste trabalho,convm que procedimentos de anlise e monitoramento de resultados sejam realizados constantemente,visando constatar a ecincia de cada ao e os benecios indiretos agregados paralelamente a estas.

    Finalizando, destaca-se que para a concluso deste trabalho fora fundamental o apoio e acontribuio da direo geral da empresa A, ao proporcionar a coleta de dados atravs da entrevista eao manter-se parcipava e interessada pelos resultados e propostas de tal estudo.

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