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Maio 2007 – Este suplemento faz parte integrante da Vida Económica nº 1202, de 27.05.2007 Contabilidade p. 18 Sistema de impostos tem que ser mais competitivo Consultório p. 20 Dossier fiscal continua a ser obrigatório É uma situação que não se compreende. As normas internacionais de contabilidade não estão a ser tratadas por aqueles que com elas vão lidar todos os dias, os téc- nicos oficiais de contas. A normalização contabilística foi entregue a terceiros, o que não faz sentido, na óptica da CTOC. Pretende-se que os profissionais tenham um envolvimento directo no processo. Esta a posição assumida pelos presentes durante a primeira conferência a propó- sito dos 30 anos da normalização conta- bilística no nosso país. A situação é tanto mais incompreensível, na óptica daqueles profissionais, quanto a normalização recai sobre um excessivo número de entidades, com interpretações e visões diferentes entre Actualidade p. 4 Administração fiscal desencadeia “ataque silencioso” aos contribuintes São os próprios técnicos oficiais de contas e fiscalistas que fazem o aviso. A administração fiscal, para obtenção de maior receita fiscal, está a atacar os contribuintes. Direitos e garantias estão a ser anulados. E o problema não é de agora, os sucessivos governos têm feito tábua rasa dos direitos “conquista- dos” na reforma fiscal dos anos oitenta. Coloca-se a questão da legalidade de algumas situações, especialmente à luz do direito comunitário. Há até quem fale de uma contra-refor- ma no sistema fiscal. O planeamento fiscal é visto com maus olhos por parte da administração fiscal, com a agravante que a tendência é para o reforço do cerceamento dos direitos dos contribuintes. Toda a atenção é pouca. Fiscalidade p. 6 Governo admite estar longe do limite da eficiência fiscal O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, garante que a actual estratégia de actuação do Governo passa pela necessidade de implementar medidas de redução dos custos de contexto, pelo combate à fraude e à evasão fis- cais e pela modernização dos serviços. Considera, no entanto, que muito há ainda a fazer para se chegar ao limite da eficiência fiscal. Isto apesar de haver o reconhecimento, por parte dos contribuintes, que a máquina fiscal está bastante mais eficiente. p. 17 Técnicos de contas reclamam maior envolvimento na normalização contabilística si. Afinal, cabe aos técnicos e aos revisores oficiais de contas colocar as novas regras em prática. E são precisamente estes os profissionais que estão afastados do proces- so de decisão. São seis entidades que não possuem uma linha condutora comum. No futuro haverá problemas graves e ficará instalada a confusão. Caberá então aos profissionais, no terreno, deslindar o emaranhado de contradições, foi referido durante os trabalhos. Parece evidente que existem interesses por detrás deste processo, o qual não tem sido suficiente- mente transparente. O Governo é uma das entidades com um peso excessivo na normalização.

p. 4 Técnicos de contas reclamam maior envolvimento na

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Contabilidade p. 18Sistema de impostostem que ser mais competitivo

Consultório p. 20Dossier fiscalcontinua a ser obrigatório

É uma situação que não se compreende. As normas internacionais de contabilidade não estão a ser tratadas por aqueles que com elas vão lidar todos os dias, os téc-nicos oficiais de contas. A normalização contabilística foi entregue a terceiros, o que não faz sentido, na óptica da CTOC. Pretende-se que os profissionais tenham um envolvimento directo no processo.Esta a posição assumida pelos presentes durante a primeira conferência a propó-sito dos 30 anos da normalização conta-bilística no nosso país. A situação é tanto mais incompreensível, na óptica daqueles profissionais, quanto a normalização recai sobre um excessivo número de entidades, com interpretações e visões diferentes entre

Actualidade p. 4Administração fiscal desencadeia“ataque silencioso”aos contribuintes

São os próprios técnicos oficiais de contas e fiscalistas que fazem o aviso. A administração fiscal, para obtenção de maior receita fiscal, está a atacar os contribuintes. Direitos e garantias estão a ser anulados. E o problema não é de agora, os sucessivos governos têm feito tábua rasa dos direitos “conquista-dos” na reforma fiscal dos anos oitenta. Coloca-se a questão da legalidade de algumas situações, especialmente à luz do direito comunitário.Há até quem fale de uma contra-refor-ma no sistema fiscal. O planeamento fiscal é visto com maus olhos por parte da administração fiscal, com a agravante que a tendência é para o reforço do cerceamento dos direitos dos contribuintes. Toda a atenção é pouca.

Fiscalidade p. 6Governo admiteestar longe do limiteda eficiência fiscal

O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, garante que a actual estratégia de actuação do Governo passa pela necessidade de implementar medidas de redução dos custos de contexto, pelo combate à fraude e à evasão fis-cais e pela modernização dos serviços. Considera, no entanto, que muito há ainda a fazer para se chegar ao limite da eficiência fiscal. Isto apesar de haver o reconhecimento, por parte dos contribuintes, que a máquina fiscal está bastante mais eficiente.

p. 17

Técnicos de contas reclamam maior envolvimento na normalização contabilística

si. Afinal, cabe aos técnicos e aos revisores oficiais de contas colocar as novas regras em prática. E são precisamente estes os profissionais que estão afastados do proces-so de decisão. São seis entidades que não possuem uma linha condutora comum. No futuro haverá problemas graves e ficará instalada a confusão. Caberá então aos profissionais, no terreno, deslindar o emaranhado de contradições, foi referido durante os trabalhos. Parece evidente que existem interesses por detrás deste processo, o qual não tem sido suficiente-mente transparente. O Governo é uma das entidades com um peso excessivo na normalização.

PPPPPedidos para:edidos para:edidos para:edidos para:edidos para:Vida Económica – RVida Económica – RVida Económica – RVida Económica – RVida Económica – R. Gonçalo Cristóvão. Gonçalo Cristóvão. Gonçalo Cristóvão. Gonçalo Cristóvão. Gonçalo Cristóvão, 111 – 6º esq. • 4049-037 PORTO • T, 111 – 6º esq. • 4049-037 PORTO • T, 111 – 6º esq. • 4049-037 PORTO • T, 111 – 6º esq. • 4049-037 PORTO • T, 111 – 6º esq. • 4049-037 PORTO • Tel. 22 339 94 00 – Fel. 22 339 94 00 – Fel. 22 339 94 00 – Fel. 22 339 94 00 – Fel. 22 339 94 00 – Fax 22 205 80 98ax 22 205 80 98ax 22 205 80 98ax 22 205 80 98ax 22 205 80 98

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Título: Como evitar e recuperar Crédito MalparadoAutor: António Sarmento BatistaPágs.: 194 (15,5 x 23 cm) Preço: 16 A

NOVIDADES EDITORIAIS

Título: Gestão Financeira - Análise de FluxosFinanceirosAutor: Eduardo Sá SilvaPágs: 239 (15,5 x 23 cm)��� Preço: 14 A

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Sumário

Contabilidade & Empresas - Maio 2007 - 3

Tempo de balançoJá é uma certeza. Paulo Macedo vai abandonar a DGCI e regressar ao seu antigo lugar na banca. Importa agora fazer uma breve análise do que se passou durante o seu consulado. Desde logo, há que admitir que colocou em prática uma estratégia que se traduziu em resultados práticos melhores do que os esperados. Até os sindicatos aplaudem a sua actuação, o que não é comum no nosso país.A ideia de colocar um gestor da banca na Direcção-Geral dos Impostos partiu de Manuela Ferreira Leite e, como se recordarão, à partida levantou bastante polémica, desde logo pelo elevado salário que representou a sua contratação. Parece agora não restarem dúvidas que todos os euros foram merecidos e Paulo Macedo termina o mandato tal como começou, sem alarido, sem falsas modéstias ou uma apresentação exaustiva dos resultados obtidos. O que é revelador da sua personalidade e da própria competência. Sai sem dar nas vistas, apenas com a tarefa cumprida. Mas o que é verdadeiramente importante é que Paulo Macedo introduziu uma nova forma de proceder na DGCI. Sobretudo, teve a preocupação de adequar a máquina fiscal ao próprio mercado. Os resultados são evidentes e merecem ser reflectidos. Também a máquina fiscal pode ter características empresariais, isto é, operar por objectivos e metas concretas. Os melhores devem ser recompensados e não existir com-placência relativamente aos incumpridores (sempre numa perspectiva de bom senso). Foi dado início a um ciclo diferente nas contribuições e impostos. O traba-lhador dos impostos passou a ser encarado de uma maneira diferente. O contribuinte começa a ter consciência de que existe uma máquina fiscal que funciona e que cada vez é mais complicado fugir aos deveres contri-butivos. Foram craidos departamentos novos nos serviços, a inspecção foi reforçada, a profissão foi valorizada. Poderá parecer pouco à partida, mas a realidade é que Paulo Macedo abraçou a tarefa pelas vertentes verdadeiramente importantes.Quanto à sua saída, há questões que não se compreendem. A lei não permite auferir o ordenado de cerca de 24 mil euros, pelo que nem sequer deveria estar em discussão a sua permanência, a menos que fosse aceite um ordenado de acordo com a sua posição. O que chega a ser ridículo é, pelo menos aparentemente, a dificuldade de encontrar um profissional dentro da própria administração capaz de continuar o trabalho de Paulo Macedo. Afinal, quase se passa um atestado de incompetência a toda a administração pública. Talvez se esteja a fazer uma tempestade num copo de água…

Guilherme Osswald

Contabilidade & EmpresasRua Gonçalo Cristóvão, 111 - 6º Esq.4049-037 PortoTelef.: 223 399 400 • Fax: 222 058 098

Editorial

Guilherme Osswald

ActualidadeAdministração fiscal desencadeia “ataque silencioso” aos contribuintes

OCDE leva dupla tributação a debate

Tributação “entra” nas reduçõesdas emissões poluentes

FiscalidadeGoverno admite estar longedo limite da eficiência fiscal

Sistema de impostos tem que ser melhorado e tornar-se mais competitivo

“Conservadorismo” fiscalrepresenta riscos para as empresas

“Não civismo fiscal internacional”é fenómeno crescente

SectoresReforma da tributação automóveltem que sofrer alterações

Empresas querem novo conceitode serviços na construção civil

Informática na ContabilidadeCorel lança promoção de WordPerfect Office X3 para PME

Oracle adapta solução PeopleSoft HCM às normas legais portuguesas

Meta4 lança nova solução PeopleNet7

ContabilidadeTécnico de contas têm que estar mais envolvidos na normalização contabilística

Sistema de impostos tem que ser melhorado e tornar-se mais competitivo

Consultório

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4 - Contabilidade & Empresas - Maio 2007

Actualidade

CONTRIBUINTES

Os técnicos oficiais de contas consideram que se está a viver um momento que se caracteriza por um “ataque silencioso” por parte da administração fiscal. Isto mesmo foi referido durante uma conferência no Porto a propósito dos direitos e das garantias dos contribuintes que juntou perto de mil profissionais. O elevado número de participantes não surpreendeu, tendo em conta o tema em debate.É que há entendimentos no sistema fiscal português anti-jurídicos e anti-sociais. Os oradores manifestaram muitas preocupações quanto ao que se passa e apelaram para a necessidade de os contribuintes terem uma maior intervenção. Quanto à administração fiscal, não pode ter uma posturaem que a lei é criadaem função de casos pendentes.

Os intervenientes tocaram alguns dos pontos mais sen-síveis, e até controversos,

da actual legislação fiscal. António Carlos Santos, antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais lem-brou que a reforma fiscal dos anos oi-tenta deu grande relevo aos direitos dos contribuintes. Mas, entretanto, o panorama tem sido invertido por sucessivos governos. Foi o caso da extinção do defensor do contribuinte. Hoje mais não resta do que apelas para o provedor de Justiça.Também o artigo 19º do CIVA é en-carado por aquele docente como de duvidosa legalidade face ao direito comunitário. E questionou certos

benefícios fiscais que já não se justi-ficam, pelo que mais não são do que privilégios. Na sua óptica, “houve uma clara involução dos poderes face aos direitos e garantias dos contribuintes. Está-se em presença de uma verdadeira contra-reforma fiscal. Os contribuintes estão a ser cerceados de muitos dos seus direi-tos e garantias”, concluiu António Carlos Santos.A também antiga secretária de Estado Clotilde Palma teceu duras críticas ao actual sistema fiscal. Frisou, em especial, uma autoriza-ção legislativa contida no OE para legislar sobre planeamento fiscal agressivo. Fica-se sem saber o que se entende por “planeamento fiscal agressivo”. Portanto, poderá estar- -se a assistir à preparação de mais um ataque aos direitos e garantias dos contribuintes. “O planeamento fiscal é um acto lícito que tem que ser respeitado e a administração fiscal tem que ser mais cautelosa na aplicação das cláusulas. Assiste-se a uma subalternização sistemática dos direitos e das garantias dos contri-buintes ao objectivo da maximização das receitas tributárias”. E chamou ainda a atenção para a eliminação do artigo 129º do CIRC, o que fez com que deixasse de existir um meio de defesa do contribuinte perante as correcções da administração fiscal.

Revogação da caducidadeda garantia

Um tema que também mereceu especial atenção foi o referente à caducidade e prescrição, desta feita abordado por Pedro Marcelino. O jurista sente-se revoltado com a revogação da norma que consagra-va a caducidade da garantia, sendo que é extremamente lesivo para os interesses dos contribuintes. E relativamente aos prazos de correc-ção de prejuízos fiscais, lamentou que se tivesse andado em sentido contrário, em vez de se diminuir de cinco para quatro anos, aumentou-se para seis.Afinal, o que aconteceu é evidente: “As sucessivas alterações ao regime de prescrição e caducidade têm sido feitas de forma incoerente, colocando em causa a unidade do sistema tributário. As alterações são motivadas por questões de de-ficiência da máquina fiscal e atraso da Justiça e não são dirigidas à resolução dos problemas. Ou seja, as garantias dos contribuintes têm sofrido uma erosão acentuada ao longo do tempo.”Naturalmente, a reversão fiscal tam-bém foi tema de debate. O fiscalista Rui Morais referiu que “a reversão tem só a ver com impostos”. Adian-tou que, se se tratar da cobrança de uma taxa ou se estiverem em causa outros institutos, então não há reversão. Para que ela se verifique são necessários três requisitos: ser administrador ou gerente, a culpa, a sociedade não ter bens. O docente universitário salientou que primeiro é necessário definir com precisão o que é um gerente. “Existem os de direito e os de facto e a lei pretende passar a responsabilizar também estes últimos.”

Técnicos de contas mostram-se preocupados

Administração fiscal desencadeia“ataque silencioso” aos contribuintes

Contabilidade & Empresas - Maio 2007 - 5

Actualidade

PROPOSTAS

A Organização para a Coope-ração e Desenvolvimento Económico (OCDE) tem

abertas as propostas para discusão pública do que serão as alterações a introduzir à aplicação e à inter-pretação do artigo 24º do Modelo de Convenção de Dupla Tributação sobre o Rendimento e o Capital, tendo em conta a não discrimina-ção. Acontece que os residentes e os não residentes, por vezes, estão sujeitos a regras fiscais diferentes, quando é necessário prevenir, na medida do possível, a tributação discriminatória.O artigo em causa tem a ver com a eliminação da discriminação fiscal em certas circunstâncias precisas.

Todos os sistemas fiscais incorpo-ram distinções legítimas. Como tal, o artigo não deve ser estendido para cobrir a chamada “discrimi-nação indirecta”. Por sua vez, não pode ser interpretado no sentido de obter um tratamento nacional mais benéfico. De notar que os acordos fiscais têm como base o princípio da reciprocidade. As provisões do artigo 24% previnem as diferenças no tratamento fiscal que assentam apenas em certas áreas específicas (como é o caso da nacionalidade).Basicamente, um dos principais princípios é que a discriminação fiscal em termos de nacionalidade não é permitida. Sujeitos à recipro-cidade, os nacionais de um estado

contraente não podem ser tratados de uma forma menos favorável do que num outro estado contraente os nacionais deste último, nas mesmas circunstâncias. O grupo de trabalho considera ainda que as provisões incorporadas no artigo implica que a comparação deve ser feita ao nível do contribuinte individual e não ao nível da classe de contribuintes a que o contribuinte pertence.Importa ainda referir, como avisa a OCDE, que as diferenças e a comple-xidade dos sistemas fiscais podem significar, por exemplo, que não é claro que a distinção feita por um país ao nível da tributação constitui uma forma de discriminação que, eventualmente, viola o dito artigo.

OCDE leva dupla tributação a debate

A estratégia da Comissão Europeia para continuar a reduzir as emissões de CO2

passa por promover, entre outros aspectos, esforços suplementares ao nível dos Estados-membros, através da tributação associada às referidas emissões e outros incentivos fiscais.Em estudo estão diferentes opções, no que repeita aos melhoramentos na tecnologia dos veículos.Em causa está uma consulta para reunir opiniões sobre a imple-mentação da estratégia proposta pela Comissão, bem como receber observações das partes interes-sadas sobre as possíveis opções para o futuro quadro legislativo. Em especial, a Comissão procura contribuições para a avaliação do impacto em termos da determina-ção dos benefícios e dos custos da implementação de vários elementos da estratégia proposta.O quadro legislativo de aplica-

ção do objectivo ao novo parque automóvel médio será concebido de modo a garantir objectivos de redução neutros, do ponto de vis-ta da concorrência e socialmente justos e sustentáveis, os quais sejam equitativos para os diversos fabricantes europeus e possibilitem evitar distorços não justificadas da concorrência entre os mesmos.Além disso, a Comissão Europeia

espera que o futuro quadro legisla-tivo seja tecnologicamente neutro, no sentido que não dará preferência a tecnologias específicas de serem utilizadas para alcançarem o objec-tivo em causa. Por último, as redu-ções de CO2 deverão mensuráveis, monitorizáveis, contabilizáveis e não ocasionarem uma dupla conta-gem das reduções das emissões.

Tributação “entra” nas reduçõesdas emissões poluentes

6 - Contabilidade & Empresas - Maio 2007

Fiscalidade

DGCI

O Ministério das Finanças tem três objectivos centrais no âmbito da sua estratégia de actuação. A necessidade de implementar as medidas de redução dos custos de contexto, o combate à fraude e à evasão fiscais e a modernização da própria DGCI. Estas as linhas de actuação definidas pelo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, durante o seminário para dirigentes da Direcção-Geral dos Impostos. Ficou ainda a chamada de atenção para a avaliação constante dos níveis de qualidade dos serviços prestados. Considera o responsável político que, por via da inovação tecnológica, será possível dar uma atenção acrescida ao combate à fraude e à evasão fiscais.

Continuar a implementar me-didas de simplificação e re-dução dos custos de contexto

é encarado como um imperativo. É que em causa está o reforço da competitividade fiscal da economia nacional. Foi dado o exemplo da In-formação Empresarial Simplificada, nesse âmbito. Ainda no que respeita aos custos de contexto, Teixeira dos Santos referiu a importância das novas tecnologias, com um menor número de erros e maior rapidez e eficácia nos processos.O ministro adiantou que o combate à fraude e à evasão fiscais está a ter resultados positivos, mas avisou: “A imagem da DGCI junto dos cida-dãos tem mudado para melhor. Não se pode agora desbaratar esse capi-tal de autoridade e profissionalismo que foi granjeado ao longo dos últi-

mos anos. De facto, os contribuintes já compreenderam a capacidade de a DGCI proceder eficazmente à cobrança de impostos.”Mostrou o governante satisfação pelo facto de se terem aprofundado os canais de cooperação e de parceria entre a administração fiscal e adua-neira e as autoridades policiais e ju-diciárias. “O objectivo para este ano é atingir 1,6 mil milhões de euros em cobrança coerciva, algo que poderia parecer uma miragem há uns anos atrás”. De notar que, no ano passado, esse valor já terá rondado cerca de 1,5 mil milhões de euros. No entanto, não deixou de assumir que ainda se está longe de atingir o limite da eficiência no combate à fraude e à evasão fiscais. “Ainda é preciso melhorar significativamente os pa-tamares da equidade e da justiça do sistema fiscal.”

Nova arquitecturana geografia tributária

Um outro aspecto que Teixeira dos Santos enfatizou foi a necessidade de prosseguir a política de moder-nização dos serviços. E disse a este propósito: “A qualidade da gestão demonstrada e o facto de constituir uma das maiores organizações da

administração pública ajudam a que a DGCI sirva como exemplo dos propósitos do Governo ao nível da administração pública. Uma organização que se orienta por uma estratégia definida e cujos dirigen-tes efectuam uma gestão eficiente dos recursos disponíveis.”Na sua óptica, haverá que repon-derar a arquitectura geográfica da rede tributária, “aliada à intenção de se aprofundarem soluções cria-tivas para manter a desejada pro-ximidade ao destinatário do serviço público. No entanto, o processo de modernização não pode constituir pretexto para hesitações no rumo que a DGCI iniciou”. O ministro das Finanças não tem dúvidas: a estratégia, neste âmbito, passa por desenvolver a prática de gestão por objectivos e avaliação de resultados. “No respeito por princípios éticos e de acordo com as melhores regras de conduta.” Na sua óptica, o PRACE abre uma série de oportunidades, a par dos novos intstrumentos de gestão colocados ao dispor dos dirigentes, como mecanismos de mobilidade dos colaboradores e de contratação pública de serviços.

Governo admite estar longedo limite da eficiência fiscal

Contabilidade & Empresas - Maio 2007 - 7

Fiscalidade

CES

O Conselho Económicoe Social (CES) alertou para a necessidade de se melhorar o sistema de impostos, tendo em conta os aspectos de competitividade fiscal. Isto porque alguma da tributação pode contribuir para a deslocalização de actividades, com destaque para Espanha. Por outro lado, o CES reafirma a necessidade de serem reequacionados e reavaliados os benefícios fiscais, em particular o seu ajustamento ou desajustamento relativamente ao incentivo às actividades produtivas consideradas prioritáriaspela política económica.Os reparos decorrem da análise do documento das Grandes Opções do Plano para o próximo ano. Lamenta ainda a injustiça fiscal que continua a existir no país.

O cenário fiscal está longe de ser o ideal. Assume o CES que a política fiscal tem uma

grande importância no processo de consolidação orçamental, “mas a situação de injustiça fiscal existente é inaceitável e exige medidas de reequilíbrio do sistema, de forma a que todos paguem os impostos devidos e que o esforço contributivo seja socialmente melhor distribu-ído”. Embora sejam reconhecidos avanços positivos no combate à fraude e à evasão fiscais, considera o CES que não é disponibilizada informação suficientemente deta-lhada sobre os programas e as suas

prioridades, bem como sobre os resultados específicos obtidos.Alerta para a necessidadde de me-lhorar o sistema de impostos, numa perspectiva de competitividade fiscal. Acontece que o actual regi-me propicia a deslocalização das empresas. De igual modo, haverá que reavaliar os benefícios fiscais. Trata-se de incentivar as activida-des produtivas consideradas prio-ritárias para a economia do país. O conselho regista os progressos verificados na consolidação orça-mental, mas lembra que persistem situações de desperdício de recursos públicos.O que se prende com as deficiên-cias de programação, orçamenta-ção e execução dos projectos de investimento público, traduzindo-se em custos muito superiores aos programados. “Também continuam a não ser claramente expressos os critérios que levam a tomar a decisão de realizar investimentos públicos de grande dimensão ou com forte participação de finan-ciamento público, seja nacional ou comunitário.”

Reforçar verbaspara o investimento público

Salienta, nas suas conclusões, que, pesem embora as possibilidades de redução de desperdício de dinheiros públicos ao nível

da programação e da execução dos investimentos, a consolidação orçamental não deverá impedir o aumento das verbas destinadas a investimento público, que conti-nua a ser uma variável essencial na criação de condições para o acréscimo da competitividade da economia e para a melhoria

da prestação de serviços públicos essenciais.Assim, refere a este propósito o documento do CES: “Recomenda- -se um maior empenho na obtenção de melhorias neste domínio, em particular tendo em atenção que é intenção do Governo proceder à reformulação do PIDDAC no ano que vem, reformulação que deveria incluir essas melhorias.”Finalmente, o CES aponta a impor-tância da racionalização do espaço pelos serviços públicos e considera positiva a intenção de cobrança de rendas, de forma a tornar expresso o custo económico de ocupação do mesmo. Que existe sempre, trata-se de uma actividade privada ou de um serviço público. Os processos de modernização da administração pública, por sua vez, devem ser dis-cutidos com as partes interessadas. E, adianta, “há a necessidade de avançar na melhoria do sistema estatístico nacional, instrumento essencial para a tomada de decisões atempadas e correctas, que exigem cada vez mais informnação, de me-lhor qualidade e mais rapidamente disponibilizada.”.

Conselho Económico e Social alerta

Sistema de impostos tem que ser melhorado e tornar-se mais competitivo

8 - Contabilidade & Empresas - Maio 2007

Fiscalidade

GESTÃO

As empresas correm cada vez mais riscos resultantes do conservadorismo fiscal. Importa abordar a estratégia fiscal como uma vantagem competitiva, de modo a ganhar terreno às empresas que adoptam uma postura menos audaciosa. Esta uma das principais conclusões que pode ser retirada do mais recente estudo da KPMGa propósito da fiscalidadeque recai sobre as empresas. Certo é que os conselhosde administração são cadavez mais conservadoresem matéria fiscal.

Existe a consciência da com-plexidade intrínseca que envolve os assuntos fiscais,

a que se deve juntar as dificuldades colocadas pela incerteza dos grupos de interesses. Como consequência desta complexidade, a nível dos conselhos de administração não são devidamente exploradas as opções ao alcance no momento de decidir como devem ser geridos os assuntos fiscais. Aliás, é estranho que a fisca-lidade tenha perdido peso na lista das prioridades das administrações das empresas.O estudo aponta um outro aspecto de grande importância. Não inte-ressa ter apenas uma política fiscal adequada, há que saber comunicar a mesma, quer a nível externo como interno, facto que resultará em va-lor acrescentado para a empresa. Certo é que as entidades que têm a fiscalidade sob controlo, conscientes das suas possibilidades dentro das limitações da sua empresa e comu-nicando eficazmente a informação às partes interessadas, conseguem garantir uma melhor reputação nos mercados.

Refere ainda o documento da KPMG que não é apenas importante comu-nicar a informação fiscal de forma eficaz, mas desenvolver o processo de fora para dentro. O que significa que tem que se começar com os pe-didos de informação dos accionistas, o que, numa fase seguinte, leva à necessidade de existir um maior conhecimento da fiscalidade da empresa por parte dos conselhos de administração. Este facto, por sua vez, vai impulsionar a organização e a dimensão dos próprios departa-mentos fiscais. Importância estratégicada função fiscal

Parece evidente que são poucas as empresas que têm consciência da importância estratégica da função fiscal. No entanto, aquelas que re-conhecem essa mesma importância sabem utilizar a política fiscal para criar valor. A planificação fiscal deve estar centrada no negócio. A inovação no cumprimento das obrigações fiscais resulta, sem dú-vida, num factor competitivo face às empresas concorrentes.Basicamente, do estudo conclui-se que a gestão fiscal começa a reve-lar-se um dos critérios que têm em conta os investidores e outros gru-

“Conservadorismo” fiscalrepresenta riscos para as empresas

pos de interesses relacionados com os accionistas, sobretudo quando é feita a avaliação da gestão das sociedades. Mas a empresa de consultadoria vai ainda mais longe nas suas conclusões, uma situação a que os gestores deverão estar particularmente atentos.Avança a KPMG que as empresas com uma fiscalidade transparente, que investem em ferramentas no sentido da optimização da gestão fiscal e da comunicação adequada, têm perante si uma excelente opor-tunidade para tirarem benefícios consideráveis dessas actividades. Resta saber dar a resposta adequa-da a uma fiscalidade complexa e que nem sempre é entendida pelas administrações das empresas. O estudo foi apresentado pela con-sultora sob a denominação “The go-vernance of tax”. Um dos seus objec-tivos centrais foi chamar a atenção para o “conservadorismo” fiscal que ainda se verifica na maioria das em-presas, naturalmente sem colocar em causa a legislação existente a esse nível em cada país. Sobretudo, trata-se de tornar a questão fiscal um aspecto determinante na gestão de qualquer entidade empresarial, aliás, a par das questões relaciona-das com a contabilidade.

Contabilidade & Empresas - Maio 2007 - 9

Fiscalidade

HARMONIZAÇÃO

O “não civismo fiscal internacional” é um fenómeno crescente.A resposta ao problemanão pode ser apenas nacional, mas também internacional, como explica Manuel Faustino, técnico e consultor do Banco de Portugal, num trabalho publicado na revista “TOC”. Deste modo, tornou-se determinante melhorar o respeito pelo direito fiscalno quadro dos acordos bilaterais existentes, incluindo a detecçãode fraudes internacionais.O que só é possível com um sistema de administração fiscal eficaz e racional.No entanto, há que não esquecer que a luta contraa fraude fiscal é hojemais complicada, devidoà liberalização do comércioe dos movimentosde capitais, a par daevolução tecnológica.

Existem quatro domínios, em particular, em que o esforço de combate à fraude e à eva-

são fiscais deverá ser reforçado, ali-ás como apontam as organizações internacionais. Desde logo, haverá que prosseguir com a actualização do inventário dos esquemas fiscais agressivos, de modo a identificar as respectivas tendências e as me-didas para contrariar a situação. Haverá também que promover a análise do papel dos intermedi-ários (por exemplo, gabinetes de contabilidade) nesse “não civismo fiscal” e no desenvolvimento de

mecanismos de minimização dos impostos. Neste caso, está a ser elaborado um estudo pela OCDE, o qual deverá estar concluído ainda este ano.O terceiro aspecto, nem por isso menos importante, prende-se com a elaboração mais dirigida das linhas directrizes sobre o governo da empresa. Trata-se de estabele-cer a ligação que existe entre fis-calidade e governo. Finalmente, é determinante a formação mais intensiva dos funcionários das administrações fiscais em maté-ria de fiscalidade internacional e a deslocação de funcionários para outras administrações, re-fere aquele profissional no seu trabalho.Entretanto, a Comissão afirma a existência de muitos aspectos das regras dos países da UE que en-tram em contradição com os trata-dos, sendo factores de discrimina-ção fiscal. Entende ser necessária uma orientação sobre os princípios decorrentes da jurisprudência e a forma como se aplicam aos prin-cipais domínios da fiscalidade di-recta, promovendo-se uma maior segurança jurídica em benefício dos contribuintes, das autoridades fiscais e dos tribunais nacionais. “Tal objectivo não se conseguirá através de medidas unilaterais. No que se refere à dupla tributa-ção considera a Comissão tratar-se de um importante obstáculo às actividades e ao investimento transfronteiras. A sua eliminação é um princípio de base de qualquer solução coordenada.”

Simplificaçãode procedimentos

A existência de múltiplos sistemas fiscais é sinónimo de conjuntos múltiplos de requisitos de cumpri-

“Não civismo fiscal internacional”é fenómeno crescente

mento da legislação fiscal. A este propósito refere Manuel Faustino: “É necessáro examinar de forma geral o modo de diminuir os custos de cumprimento da legislação, num contexto transfronteiras e simplificar os procedimentos para os contribuintes, através do reforço da cooperação adminis-trativa.”Um outro problema que se coloca tem a ver com o tratamento fiscal dos prejuízos num contexto trans-fronteiras. Os prejuízos internos, na maior parte dos países, podem ser compensados com lucros reali-zados no mesmo Estado-membro. Em contrapartida, a compensação não está prevista para perdas nou-tros países. “É uma lacuna legis-lativa que impede o investimento noutros estados e se reflecte na competitividade internacional das empresas europeias. A Comissão Europeia propõe soluções neste âmbito.”Um outro aspecto para que o profissional chama a atenção prende-se com a tributação à saída e a necessidade de coordenação das políticas fiscais dos Estados-membros. Neste caso, a Comissão apela à coordenação das suas disposições legislativas internas em matéria de tributação à saída. A Comissão examina os meios de adaptar os regimes nacionais de tributação à saída aplicáveis às pessoas singulares e colectivas, de forma a torná-las compatíveis com a legislação comunitária. Também avança com orientações no sentido de as tornar compatíveis entre si, a fim de suprimir a dupla tributação ou a não tributação involuntária, bem como evitar abusos e a erosão da base tributável.

10 - Contabilidade & Empresas - Maio 2007

Sectores

AUTOMÓVEL

A Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA) está de acordo com os princípios gerais da proposta de lei do Governo que materializa a reforma global da tributação automóvel. No entanto, no sentido de impulsionar a competitividade do sector, considera que devem ser introduzidas alterações ao articulado. Sobretudo, a associação chama a atenção para a necessidade de assegurar o princípio da neutralidade orçamental. E chama a atenção para o facto de a conjugação do ISV e do IUC conduzirem a um agravamento da carga fiscala médio prazo.

Um dos aspectos que levantam preocupações é o aumento de 50%, ou seja, a passagem

de 40% para 60% das taxas de im-posto, no caso dos veículos derivados de ligeiros de passageiros. O que não faz sentido, tendo em conta que são bens de equipamento, na medida em que são utilizados por profissio-nais e outros agentes da actividade económica produtiva. A associação também acha exagerado o aumento de 30% das taxas de imposto no caso de “pick-ups”, na maioria dos casos veículos utilizados também para o trabalho. Poderá estar para breve a morte deste segmento, tal como sucedeu com os jipes.Em contrapartida, a ANECRA vê com bons olhos a intenção de desviar do momento da compra para a circulação os 10% do ISV, já que tudo que seja desviado para

a circulação não ficará sujeito à dupla tributação de IVA. Todavia, adianta aquela associação: “A ma-nutenção do IVA sobre o ISV é uma medida que tem a firme oposição da ANECRA, porque, contra todos os princípios, continua a ferir os interesses do sector automóvel e dos consumidores.”Considera-se uma contradição manter o benefício sob a forma de redução de imposto em função da idade para os veículos usados im-portados, “quando se dão sinais ao mercado a favor da diminuição dos gases e, por outro lado, existem re-gras que possibilitaram a entrada, no ano passado, de cerca de 37 mil veículos, ou seja, 75% dos veículos ligeiros usados importados com mais de dez anos, eventualmente bastante poluentes”.

Adiar a reformapara Julhodo próximo ano

A Associação considera muito positiva a medida que atribui um “prémio” de 500 euros mais IVA aos veículos diesel que, uma vez equipados com filtros de partículas, têm emissões bastante inferiores. Contudo, não deixa de apelar para a concessão do benefício fiscal, no mesmo montante, aos detentores de automóveis a diesel já registados e

que procedam à instalação desses mesmos filtros.“Face às informações que dão conta da antecipação da segunda fase da reforma para Janeiro do próximo ano, não em Julho, como inicial-mente previsto, quer sob a forma de nova redução do peso do ISV e a sua transferência para IUC, quer do au-mento da componente ambiental de 30% para 60%, o Governo deveria manter a segunda data, sem o que advirão graves implicações para os agentes do sector. Estes não terão tempo e experiência suficientes para adequarem a sua oferta de produtos ao novo contexto fiscal”, foi referido durante a última sessão de trabalhos da ANECRA.Quanto à actividade em concre-to das empresas de reparação e manutenção automóvel, uma das preocupações da associação tem a ver com o “cada vez mais extenso e complexo” quadro legal e regula-mentar de imposições ambientais, onerando ainda mais os custos da sua actividade. E foi dito a este propósito: “A associação exorta as entidades fiscalizadoras a adopta-rem uma postura essencialmente pedagógica e não persecutória, em especial naquelas situações em que exista vontade e determinação por parte dos empresários para respei-tarem as exigências legais.”Um outro problema tem a ver com a demora no processo de extinção da Direcção-Geral de Viação e a entrada em vigor do Instituto de Mobilidade e Transportes Terres-tres (IMTT). Acontece que há falta de capacidade de resposta por parte dos serviços. Assim, é feito um apelo para a rápida entrada em funciona-mento da nova estrutura orgânica daquele instituto.

ANECRA concorda com princípios gerais, mas apela

Reforma da tributação automóveltem que sofrer alterações

Contabilidade & Empresas - Maio 2007 - 11

Sectores

CONSTRUÇÃO

As regras da inversão do sujeito passivo do IVA na construção continuam a suscitar muita polémica e, sobretudo, lançaram a confusão numa indústria que, por si só, está em recessão. As associações e os profissionais do sector defendem a adopção de um novo conceito de serviços de construção civil em regime de empreitada e subempreitada. O que se pretende é uma ligação directa à actividade própria do sector, tendo em conta o apelo a critérios concretos do enquadramento da actividade. Deste modo, defende o sector, passam a estar salvaguardadas as situações de fronteira. É um facto que não se sabe exactamente o que é um fornecimento ou a prestação de serviços, afinal o principal motivo que está na base das muitas dúvidas surgidas.

A Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP)

está a desenvolver esforços junto do poder político para alterar as regras que entraram em vigor há cerca de dois meses e, como previsto, criaram ainda mais dificuldades e indefinições no sector. Foi esta en-tidade que, desde o início, chamou a atenção para que as novas regras do IVA iriam criar uma série de pro-blemas em determinadas operações. Isto porque se verifica a ausência de critérios claros e objectivos para a aplicação da lei.

É verdade que a Direcção de Serviços do IVA tentou avançar com alguns esclarecimentos, mas acabou por se manter a indefinição entretanto já instalada entre os fornecedores – os quais querem liquidar o imposto para obter o IVA dedutível – e os adquirentes, que, em contraparti-da, preferem que o serviço que lhes é prestado seja considerado como sendo de construção civil. Desta feita, podem liquidar e deduzir, em simultâneo, o referido imposto.Caso não se registem alterações na actual legislação, a federação insis-te na necessidade da consagração de um mecanismo de reembolsos simples e expedito, para que as em-presas que passam a ser credoras do Estado não sejam penalizadas, nem pela demora dos pagamentos nem pela prestação das garantias devidas neste âmbito. Com efeito, as empresas que não possam efectuar a dedução do IVA entretanto pago têm que solicitar o seu reembolso ao fisco. Por outro lado, ao fazê-lo, têm que prestar uma garantia bancária, cuja função é assegurar a continuidade da empresa no merca-do e evitar as situações de fraude, explica a federação.

Aquela federação enviou uma carta à Secretária de Estado dos Assuntos Fiscais logo que teve conhecimento das implicações da nova legislação. O que foi pedido não terá sido ouvi-do, como a prorrogação da entrada em vigor da nova legislação. Por sua vez, deixou bem claro que o regime é “injusto e desproporcionado”, devido sobretudo ao facto de que para uma parte importante das empresas do sector passará a ser a regra e não a excepção. Foi mais uma perturbação grave ao normal funcionamento das empresas de construção.Foi referido claramente que é essencial a eliminação, por parte da administração fiscal, dos “cons-trangimentos financeiros decor-rentes da aplicação deste regime, minimizando as distorções que o mesmo introduz e repondo alguma da equidade retirada com a sua aplicação”. A questão dos reembol-sos é tanto mais crítica quanto se trata da sobrevivência de milhares de empresas e postos de trabalho do sector.Reis Campos, presidente da FE-PICOP, tem estado à cabeça desta contestação, afirmando a este propósito: “A carga burocrática as-sociada a todo o processo de pedido de reembolso do IVA, a que se junta um prazo de pagamento que, na prática, se torna muito longo, sujei-to ainda à exigência de caução ou garantia bancária, não é compatível com a actividade empresarial”. Os construtores estão também preocu-pados com o facto de ser necessário constituir um crédito de mais de dez mil euros para se poder pedir o reembolso, sob pena de o prestador de serviços ter de esperar um ano para o fazer.

Regras de inversão no IVA continuam a suscitar polémica

Empresas querem novo conceitode serviços na construção civil

REIS CAMPOSPresidente da FEPICOP

12 - Contabilidade & Empresas - Maio 2007

Como estimular a mudançana sua empresa

AGOST INHO COSTA

Análise

9ª Parte

«Não é necessário mudar. A sobrevivência não é obrigatória».

W. Edwards Denning

Terminámos o último artigo contando a história do ele-fante do Circo. Dizíamos

então, o seguinte:“Quando os elefantes são peque-

nos, os domesticadores pren-dem-nos com correntes pesadas a estacas enterradas. Nessa fase da vida do elefante, ele não tem a força suficiente para arrancar a estaca. A partir des-se momento, fica condicionado por essa informação, que o seu subconsciente registou. Nunca mais tenta fugir, mesmo quando adulto.

Quando adultos, mesmo que tenham apenas uma pequena pulseira de metal à volta da pata, sem estar presa a qual-quer estaca, não tentarão fugir. Os seus movimentos estão limi-tados pelo condicionamento que tiveram no passado. A pulseira estava ligada a um estaca que eles não poderiam arrancar. Ini-cialmente tentaram, mas como não conseguiram, desistiram. Não voltaram a tentar. Tentar para quê, se não conseguiam?

O mesmo acontece com muitas empresas. Encontram-se con-dicionadas por limitações ante-riormente adquiridas. «Sempre o fizemos desta maneira».

Porquê mudar?”

Acontece até, ouvirmos por ve-zes, expressões do género:

- «Nunca precisámos de fazer as coisas de maneira diferente».

- «Já estamos neste negócio há muitos anos. Disto percebemos nós».

- «Sabemos como executar o nosso trabalho. São muitos anos de experiência».

Com esta atitude, não seremos capazes de inovar, de oferecer ao cliente produtos ou serviços que ele valorize, antes que outros o façam. Não seremos capazes de olhar à nossa volta e ver o mundo a mudar. Não seremos capazes de mudar métodos de gestão, ajustar-nos às novas realidades. Não seremos ca-pazes de nos ajustar à mudança. Poderemos dizer que a atitude aci-ma referida, inibe-nos de crescer, de criar riqueza para a organização. Surgem-nos então algumas ques-tões que nos fazem reflectir:

- Que dizer, ao ver uma orga-nização mantendo atitudes desajustadas, procedimentos inadequados, métodos de gestão ultrapassados, …?

- Como estarão a ser geridas, as competências da equipa, que esta empresa tem ao seu dispor?

- Qual a cultura actual da orga-nização?

- Está essa cultura ajustada às novas exigências?

- Que valores defendemos na nossa organização?

- O que fazer para que a cultura da organização dê um contri-

buto significativo, na melhoria da situação económica e finan-ceira?

Vejamos o que nos dizem Simon L. Dolan e Salvador Garcia. Eles afirmam o seguinte:

«Um dos grandes riscos que cor-rem os executivos desorienta-dos é o de menosprezar tanto a influência das pessoas como a da cultura empresarial na qual estão integradas.

Estudos confirmam que a forma como as pessoas são geridas proporciona um retorno maior do investimento, do que a nova tecnologia, I&D, estratégia competitiva ou iniciativa de qualidade».

Nos tempos actuais, de rápidas mu-danças, as metodologias de gestão tradicionais, baseadas no controlo hierárquico dos colaboradores, não são já as mais eficientes. Tais metodologias funcionaram bem em períodos de relativa estabilidade nos negócios. Actualmente, as or-ganizações são confrontadas com ritmos de mudança elevados que afectam de forma diversa os vários sectores da es organizações. Que desafio se coloca então às organizações?

As organizações devem conciliar a criação de mecanismos que pos-sibilitem o controlo de resultados, mecanismos esses, informadores das melhorias de desempenho e em simultâneo estimular o potencial de cada um dos elementos que constituem a sua equipa, com vista a elevar o seu nível de desempenho para níveis mais elevados. Em suma, obter um melhor desempenho para a organização como um todo, e uma maior motivação de cada um dos elementos da organização.

AGOSTINHO COSTA

Contabilidade & Empresas - Maio 2007 - 13

Já pensou como revitalizara cultura da sua organização?

A incapacidade de compreender o que está em causa com a criação de novas atitudes e valores entre cola-boradores, a todos os níveis, faz com que muitas mudanças necessárias nas organizações, acabem por não se realizar.

Se não revitalizar a cultura da sua organização,quem perde com isso?

A organização e todos os que nela trabalham. A cultura duma orga-nização é como os alicerces em que se constrói todo o “edifício empresa-rial”. Negligenciá-la significa suba-proveitar uma parte significativa do potencial humano da organização, que poderia ser utilizado em bene-fício da organização, quando uma equipa fortemente motivada, com forte espírito de cooperação, apoia-da em valores moralmente sadios dá o seu melhor, sentindo-se em si-multâneo, altamente satisfeita pelo seu contributo em prol dum todo.Quando numa organização, esti-vermos perante um tipo de cultura empresarial, estagnada, doentia em muitos aspectos, e nada se faz para

AGOST INHO COSTA

Como conciliar estes aspectos? Como conciliaros interesses individuaise os interessesda organização?

Esta é uma tarefa bastante árdua das organizações, mas bastante subestimada e que como tal resul-ta num baixo envolvimento dos membros das equipas, que se limi-tam, em grande parte das vezes, a cumprirem de forma mecânica as suas tarefas. Precisamos ter nas organizações equipas envolvidas com os ob-jectivos das mesmas. Para isso é fundamental criar um forte espírito de equipa, uma força colectiva para dar o seu melhor.

Como conseguir isso?

Para que isso seja conseguido é importante realçar os valores eti-camente correctos, de forma a criar uma moral sadia no seio da equipa. Estes valores têm que fazer parte dos costumes da organização, da cultura da organização e serem claramente conhecidos por todos. As pessoas farão o seu melhor, quando estiverem orgulhosas da sua contribuição, quando forem tratadas com dignidade e quando os seus esforços forem reconhecidos. Deter-minar quais os valores e atitudes a mudar, e como conduzir a mudança cultural é uma grande tarefa.É crucial fazer perceber aos nossos colaboradores porque razão é im-portante a mudança de procedimen-tos, de atitudes, em determinadas áreas operacionais, salientando a importância do seu envolvimento, na aplicação dos novos processos. Só então poderemos ter equipas, empenhadas nessa mudança, mo-tivadas para implementarem com sucesso as medidas, que irão levar a que os objectivos da organização sejam alcançados e em simultâneo criar nesses próprios elementos um elevado grau de satisfação, pelo contributo que deram para alcançar tais objectivos. (Continua no próximo número)

a revitalizar, teremos certamente ní-veis de desempenho da organização no seu todo, muito aquém do aceitá-vel. Tal facto faz com que muitas po-líticas de gestão constituam apenas processos de gestão transitórios, sem que se consiga com tais medidas, os resultados pretendidos. Não houve uma mudança de atitu-de e na prática o envolvimento na aplicação de tais políticas de gestão é reduzido. Certamente poderemos respon-der que são as atitudes dessa organização, que limitam o seu desenvolvimento, da mesma forma que a corrente solta quanto à pata do elefante. O elefante continua a pensar que não tem força para se afastar. No início talvez tivesse razão. Mas o elefante cresceu, ficou mais forte. Ocorreram mudanças. Contudo, ficou condicio-nado pela situação inicial.As atitudes que a empresa persiste em manter, fruto de condicionantes do passado, são a sua corrente, mas que neste momento está presa a nada. Os tempos estão a mudar. Como tal a organização tem que mudar para se ajustar à nova re-alidade em que está inserida.

Análise

A cultura duma organização é como os alicercesem que se constrói todo o “edifício empresarial”.Negligenciá-la significa subaproveitar uma parte significativado potencial humano da organização.

14 - Contabilidade & Empresas - Maio 2007

Informática na Contabilidade

SOLUÇÕES

Software compatível com Office por 60 euros

Corel lança promoção de WordPerfect Office X3 para PME

A Corel está a levar a cabo uma campanha com condições es-peciais de aquisição do novo

Corel WordPerfect Office X3 para PME. Esta campanha, em parceria com a Sector Zero, consiste num desconto de cerca de 85% do valor do software. Assim, agora as PME podem adquirir o Corel WordPerfect Office X3, um software office, com-patível com o novo Windows Vista e com os formatos do Microsoft Office (Word, Excell e PowerPoint), por 60 euros.“O WordPerfect Office X3 é uma das principais alternativas ao Microsoft Office, e é o primeiro e único office do mundo com a possibilidade de importar e exportar documentos de processamento de texto em for-mato original, folhas de cálculo e apresentações, para PDF – um dos formatos abertos mais utilizados

no mundo”, advoga a empresa em comunicado de imprensa. Possui ainda novos recursos como uma actualização da interface com o utilizador, novos recursos online, a capacidade de gravar facilmente sem metadados (fundamental em termos de confidencialidade), a pesquisa directa através da barra do Yahoo! e novos recursos de for-matação. O objectivo avançado para esta campanha é que as pequenas e mé-dias empresas portuguesas possam usufruir de um software legal, a um preço muito mais baixo. “Esta é uma forma que a Corel encontrou para combater a utilização de sof-tware ilegal”. Até porque, dizem os responsáveis, “uma das principais razões para a utilização de softwa-re pirata é o fraco investimento que as PME têm para os sistemas

informáticos e o alto preço dos softwares Office”. Ao recorrerem ao software ilegal, as empresas perdem o direito a diver-sos benefícios como o apoio técnico da marca, documentação, manuais de instrução, garantias e actuali-zações periódicas, e correm mesmo o risco de que o software pirateado contenha vírus e trojans, que além de danificarem o hardware, pode mesmo levar à perda total de todas as informações que estejam contidas no computador. “Com a aquisição de um software legal as empresas garantem o acesso a novas actua-lizações, garantias e apoio técnico assegurado pela Corel e, principal-mente, proporcionam uma maior segurança aos seus computadores”. Esta é uma campanha exclusiva para Portugal, e irá decorrer até ao dia 30 de Junho de 2007.

A Novell anunciou a nova ver-são da sua solução de gestão de identidade e de forneci-

mento ao utilizador. Denominada Identity Manager 3.5, a Novell reclama que está é a única solução de gestão de identidade que fornece um elevado nível de integração com autenticação, single sign-on e solu-ções de monitorização de eventos e segurança da informação. O produto oferece ainda ferramentas tais como modelação visual avançada, work-flow e funcionalidades self-service – que têm por objectivo ajudar a reduzir o esforço administrativo de introdução, actualização e elimi-nação da informação do utilizador em todos os sistemas. “Quando a

implementação deste produto se realiza em conjunto com a solução de gestão de eventos, Sentinel da Novell, os clientes empresariais ganham o acesso a uma solução robusta e integrada que suporta a segurança empresarial, a adminis-tração, e as iniciativas de risco e conformidade”.Em comunicado a empresa avançou que os futuros melhoramentos do Identity Manager 3.5 incluem um módulo funcional de papéis, suporte adicional e customização. O módulo de papéis vai focalizar-se em dispo-nibilizar aos clientes a capacidade de organizarem um relatório sobre fornecimentos, de acordo com os pa-péis técnicos e de negócio. Com base

no standard ANSI/NIST RBAC, o módulo de papéis deverá fornecer gestão de papéis multi-nível, rela-tório e segregação de deveres – um avanço que a empresa considera considerável na administração do utilizador e nos esforços para cum-prir as conformidades regulamen-tares. “A Novell vai também foca-lizar-se no suporte às plataformas de servidor de aplicações adicionais e disponibilizar a capacidade para os integradores de sistemas ou as organizações traduzirem os inter-faces de utilizador e customizarem a forma como a informação é apre-sentada no produto”.

Novell lança nova versãoda solução de gestão de identidade

Contabilidade & Empresas - Maio 2007 - 15

Primeira versão adaptadapara o mercado portuguêsirá dar respostaàs necessidadesdo sector público,sendo posteriormente adaptada para o sector privado.

Informática na Contabilidade

PRODUTOS

A Oracle estabeleceu uma parceria com a Contactus com o objectivo de adaptar o

seu módulo de Gestão de Recursos Humanos da PeopleSoft às normas legais portuguesas, que regem a gestão de recursos humanos. Esta parceria tem como objectivo a transposição das normas legais portuguesas para a solução People-Soft HCM, nomeadamente na área de processamento salarial e na área administrativa. A empresa avançou em comunicado que a primeira versão adaptada para o mercado português irá dar resposta às necessidades do sector público, sendo posteriormente adaptada para o sector privado.“Esta parceria vem enriquecer a oferta da Oracle na área de gestão do capital humano, passando a em-presa a disponibilizar uma solução global aos seus clientes. As áreas de recrutamento, gestão da formação, eLearning, avaliação de desempe-nho, gestão de carreiras e planos de

sucessão, etc. não serão descuradas e serão um factor diferenciador face à oferta, actualmente, disponível no mercado”.Vítor Rodrigues, director da uni-dade de negócio de ERP da Oracle Portugal, acredita que “com esta parceria a Oracle e a sua rede de parceiros passam a dispor de uma solução líder de mercado a nível mundial, adaptada à realidade portuguesa. A partir de hoje vamos concentrar-nos em demonstrar ao mercado que a Oracle tem a me-lhor solução para as organizações enfrentarem os desafios que se lhes colocam com a globalização, contribuindo para atrair, reter, desenvolver e manter o capital hu-mano ao serviço das organizações, melhorando a sua competitividade e os níveis de satisfação dos seus clientes e/ou utentes”.Já Hélder Costa, CEO da Contac-tus, diz que “pelo conhecimento pro-fundo e objectivo que a Contactus detém sobre as áreas funcionais

Oracle adapta solução PeopleSoft HCMàs normas legais portuguesas

comuns da Administração Pública e pelo desenvolvimento e imple-mentação de produtos singulares que se adequam com eficácia às necessidades deste mercado, es-tamos convictos que esta parceria com a Oracle baseada no produto PeopleSoft HCM, vai criar uma solução global adaptada para o mercado português que, por um lado, responde aos requisitos vi-gentes na Administração Pública e que por outro lado, responde às novas necessidades de Gestão do Capital Humano”

A McAfee disponibiliza no mercado a nova solução Data Loss Prevention (DLP) Host.

O objectivo é prevenir a perda de informação confidencial através de meios involuntários ou intencionais. Este produto permite que as orga-nizações assumam o controlo total e tenham visibilidade absoluta de todos os pontos de saída de dados – email, instant messaging, im-pressoras, drives USB, CD-ROMs, entre outros.A empresa alerta que as recentes fugas de informação traduziram-se

McAfee disponibiliza soluçãopara prevenir perdas de dados

directamente em perdas de receitas, reduções do valor de acções e capi-talização do mercado, bem como na má reputação das empresas e na redução da confiança dos clientes. De acordo com a Privacy Rights Clearinghouse, desde Fevereiro de 2005, mais de 100 milhões de regis-tos de residentes americanos foram expostos devido a falhas de seguran-ça. O departamento de pesquisa da McAfee anunciou que apesar das políticas corporativas, a perda de dados através de email, impressões e dispositivos amovíveis continua a

ser um grande problema. A solução DLP Host inclui características de protecção de conteúdos e de contexto de modo a bloquear a transferência de dados sensíveis, mesmo quando estes estão a ser manipulados, copiados, colados, comprimidos, ou encriptados. Esta ferramenta fornece ainda protecção universal on the job, nomeadamente para utilizadores remotos, reforçando as políticas de protecção mesmo quan-do os computadores estão desligado da rede corporativa.

16 - Contabilidade & Empresas - Maio 2007

ESTRATÉGIA

A Meta4, multinacional espanhola especializadaem soluções de Gestãodo Capital Humanoe Intelectual (HICM),anuncia em Portugala sua nova solução PeopleNet 7, que efectua uma grande aposta na tecnologia SOA (Arquitectura orientadaa Serviços) e RIA(Rich Internet Application).

Com esta tecnologia a empre-sa quer obter uma redução de custos de instalação e

actualização e, ao mesmo tempo, combinar as vantagens do enfoque cliente/ servidor com o novo cliente ligeiro de tipo HTML, proporcio-nando maior produtividade e inte-gração do negócio.Júlio Agredano, director da Meta4 Portugal, explica que “o PeopleNet 7, por estar na tendência da mobi-lidade e integrabilidade, potencia a descentralização efectiva das actividades dos colaboradores dispersos e constitui a plataforma tecnológica mais especializada na Gestão Estratégica de RH ao potenciar a integrabilidade SOA e tecnologia RIA.”A utilização da web como platafor-ma para aplicações cada vez mais complexas e a tendência dominante para standards de desenvolvimento deram lugar à criação das novas aplicações cliente RIA, com inter-faces gráficas ricas e interactivas. Estas podem funcionar dentro do navegador ou dentro de outra aplicação em host e, em geral, os downloads fazem-se a pedido. “A tecnologia RIA garante uma resposta dinâmica, simples e intui-tiva, além de dispor de visualização em tempo real e suporte para a utilização off-line. Os exemplos de aplicações construídas sobre clientes RIA incluem sistemas de

reserva, compras on-line ou sites de aplicações multimédia e de desenho interactivo, mapas, sistemas de in-trodução e apresentação de dados, entre outros”.A arquitectura tecnológica no Peo-pleNet 7 passa assim a ser orienta-da a serviços (SOA), explorando um sistema de informação unificado e integrado baseado em serviços e um funcionamento full web. Esta arqui-tectura assenta numa framework de desenvolvimento, isto é, numa plataforma de desenvolvimento única, em que as ferramentas são baseadas em standards abertos (de evolução fácil). “Garante, como tal, uma elevada autonomia e flexibili-dade, assim como bastos custos”.No que respeita a evolução funcio-nal o Peoplenet7 facilita um novo módulo de Gestão por Objectivos, que permite definir objectivos a

diversos níveis pessoais e orga-nizativos e integra directamente a avaliação com a compensação. Outro módulo é o de Valorização de Postos onde são efectuados ben-chmarks internos e externos, a par do módulo de Gestão Orçamental na Revisão Salarial em que se pode agora realizar o cálculo de orçamen-tos para os planos de compensação, permitindo efectuar quer a gestão de equidade interna quer a análise de competitividade externa.Apresenta ainda os módulos de Retribuição Flexível onde é pos-sível fazer a gestão de benefícios sociais definidos e flexíveis e o de Prevenção de Riscos Laborais que disponibiliza a vigilância da saúde, investigação de acidentes, entre outros.

Informática na Contabilidade

Meta4 lança nova solução PeopleNet7

Contabilidade & Empresas - Maio 2007 - 17

Contabilidade

NIC

Os profissionais deverão ter, num futuro próximo, uma maior influência no processode normalização contabilística. Afinal, são estes os profissionais que vão aplicar as regras decorrentes do processo de harmonização contabilística. Esta a posição assumida por Domingues de Azevedo, presidente da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas (CTOC), durante a primeira conferência sobre os 30 anosda normalização contabilística em Portugal. É uma aspiração que vem de longe por parte destes profissionais, uma maior intervenção no processo de implementação das normas internacionais de contabilidade. Aliás, é um sistema que se complica na medida em que recai sobre várias entidades, mas em queos técnicos de contas não têm uma efectiva intervenção.

Não será possível aguentar por muito mais tempo o quadro em vigência nesta

área, na óptica daquele dirigente. E foi mais longe nas suas críticas, afirmando: “Trata-se de uma manta de retalhos, ao sabor dos interesses das entidades que estão representa-das no processo em causa. São seis entidades, no total, todas elas com funções diferentes e sem obedece-rem a uma linha orientadora defini-da. Em vez de se complementarem, divergem entre si, o que levanta graves problemas para a actividade contabilística como um todo.”Domingues de Azevedo acha que

existe uma solução quase ideal, a passagem da normalização conta-bilística para a responsabilidade de uma única entidade, não esquecendo a constituição de colégios da especia-lidade para solucionarem questões específicas. E lamentou também aquilo a que chamou os “grandes interesses por detrás do processo da normalização”. Considerou que uma contabilidade sob orientação de um governo tem reflexos no rumo da normalização. Assim, adiantou, “o papel de propor iniciativas deve competir às entidades reguladoras”, portanto, à CTOC e à OROC, ficando reservado apenas ao Governo dar a sua concordância ou vetar as pro-postas avançadas por aquelas duas entidades.Já num âmbito algo diferente, ex-plicou às mais de quatro centenas de pessoas presentes na conferência de Lisboa que o actual quadro da normalização contabilística não reflecte a realidade. “O peso dos profissionais é demasiado exíguo, o que não se compreende, visto serem precisamente eles os destinatários das normas. A normalização deve ser entregue a quem vive, diaria-mente, a contabilidade no terreno”, segundo o presidente da CTOC.No final da sua intervenção, aquele dirigente louvou o trabalho de-senvolvido pelos profissionais do sector, referindo que se registou um salto significativo, depois de uma década de reconhecimento público dos TOC, apesar de ainda haver um longo caminho a per-

Domingues de Azevedo, presidente da CTOC, defende

Técnicos de contas reclamam maior envolvimento na normalização contabilística

correr. E lembrou que as 25 mil empresas que pagaram o PEC e os 20 milhões de euros de encaixe adicional resultaram do esforço destes profissionais.

NIC “odeiam” a fiscalidade

Alves da Silva, membro honorário da CTOC, também falou sobre a normalização contabilística, avançando com a curiosa ideia que “as normas internacionais de contabilidade odeiam a fiscalidade”. Para o antigo membro da Comissão de Normalização Contabilística, acabou por confirmar os receios de muitos dos profissionais, já que disse ainda ter muitas dificuldades com os conceitos inerentes às NIC. Fez o apelo para que até 2009 não se verifiquem alterações significa-tivas a esse nível. Por seu lado, Ave-lino Antão chamou a atenção para o facto da normalização ser mais uma questão política do que técnica. Com a agravante que se trata de um processo do qual depende a defesa dos interesses nacionais. Defendeu a revisão da normalização nacional quando se verifiquem determinadas condicionantes, como a insuficiência do POC face a maiores exigências do relato, a campanha dinâmica contabilística da União Europeia ou o alinhamento com directivas e regulamentos comunitários.Por último, revelou o desejo de um desfasamento entre a introdução do IES, já em funcionamento, e as NIC, cuja entrada em vigor efectivo está previsto para o início do próximo ano. “De modo a evitar que este modelo caia no período de encerramento das contas, dando um pouco mais de cal-ma aos técnicos oficiais de contas.”

DOMINGUESDE AZEVEDO Presidenteda CTOC

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Contabilidade

CES

O Conselho Económico e Social (CES) alertou para a necessidade de se melhorar o sistema de impostos, tendo em conta os aspectos de competitividade fiscal. Isto porque alguma da tributação pode contribuir para a deslocalização de actividades, com destaque para Espanha. Por outro lado, o CES reafirma a necessidade de serem reequacionados e reavaliados os benefícios fiscais, em particular o seu ajustamento ou desajustamento relativamente ao incentivo às actividades produtivas consideradas prioritárias pela política económica. Os reparos decorrem da análise do documento das Grandes Opções do Plano para o próximo ano. Lamenta ainda a injustiça fiscal que continua a existir no país.

O cenário fiscal está longe de ser o ideal. Assume o CES que a política fiscal tem uma

grande importância no processo de consolidação orçamental, “mas a situação de injustiça fiscal existente é inaceitável e exige medidas de reequilíbrio do sistema, de forma a que todos paguem os impostos devidos e que o esforço contributivo seja socialmente melhor distribu-ído”. Embora sejam reconhecidos avanços positivos no combate à fraude e à evasão fiscais, considera o CES que não é disponibilizada informação suficientemente deta-

lhada sobre os programas e as suas prioridades, bem como sobre os resultados específicos obtidos.Alerta para a necessidadde de me-lhorar o sistema de impostos, numa perspectiva de competitividade fiscal. Acontece que o actual regi-me propicia a deslocalização das empresas. De igual modo, haverá que reavaliar os benefícios fiscais. Trata-se de incentivar as activida-des produtivas consideradas prio-ritárias para a economia do país. O conselho regista os progressos verificados na consolidação orça-mental, mas lembra que persistem situações de desperdício de recursos públicos.O que se prende com as deficiências de programação, orçamentação e execução dos projectos de inves-timento público, traduzindo-se em custos muito superiores aos programados. “Também continuam a não ser claramente expressos os critérios que levam a tomar a decisão de realizar investimentos públicos de grande dimensão ou com forte participação de finan-ciamento público, seja nacional ou comunitário.”

Conselho Económico e Social alerta

Sistema de impostos tem que ser melhorado e tornar-se mais competitivo

Reforçar verbas para o investimento público

Salienta, nas suas conclusões, que pesem embora as possibi-lidades de redução de desper-dício de dinheiros públicos ao nível da programação e da execução dos investimentos, a consolidação orçamental não deverá impedir o aumento das verbas destinadas a investi-mento público, que continua a ser uma variável essencial na criação de condições para o acréscimo da competitividade da economia e para a melho-ria da prestação de serviços

públicos essenciais. Assim, refere a este propósito o documento do CES: “Recomenda-se um maior empenho na obtenção de melhorias neste domínio, em particular tendo em atenção que é intenção do Governo proceder à reformulação do PIDDAC no ano que vem, reformulação que deveria incluir essas melhorias.”Finalmente, o CES aponta a impor-tância da racionalização do espaço pelos serviços públicos e considera positiva a intenção de cobrança de rendas, de forma a tornar expresso o custo económico de ocupação do mesmo. Que existe sempre, trata-se de uma actividade privada ou de um serviço público. Os processos de modernização da administração pública, por sua vez, devem ser dis-cutidos com as partes interessadas. E, adianta, “há a necessidade de avançar na melhoria do sistema estatístico nacional, instrumento essencial para a tomada de decisões atempadas e correctas, que exigem cada vez mais informnação, de me-lhor qualidade e mais rapidamente disponibilizada.”.

Contabilidade & Empresas - Maio 2007 - 19

Coluna do Técnico de Contas

A GERAÇÃO FUNCIONÁRIA DA NOSSA DEMOCRACIA

São os partidos políticos as instituições por exce-lência da nossa democracia parlamentar e são imprescindíveis correntes de opinião, que nos

permite exercer o nosso direito de escolha. Isso não impede, como é obvio, a crítica em relação a determi-nados aspectos do seu funcionamento, que algumas vezes, subvertem os objectivos de cidadania, para que foram criados.

Muita gente dentro dos parti-dos políticos tem um correcto comportamento e de outra forma não poderia ser. Mas as estratégias a que os partidos estão vinculados fazem-nos deslizar para práxis menos felizes e é disso mesmo que de seguida pretendo dar conta.Uma grossa fatia de pessoas que fazem hoje mexer os par-tidos políticos tinha menos de vinte anos, ou nem sequer era nascida, quando da Revolução de 25 de Abril de 1974. Estando a logística partidária sempre carecida de gente para preencher os degraus internos,

concelhios, distritais e nacionais, vale a pena investir muitas vezes no cavalo partidário, pois, embora não pareça, depressa se passa a juventude a colar cartazes; ou outros mais sortudos, em trabalhos administrativos, ou outros com mais talento ou mais dinheiro, na sua licenciaturazita para quando acharem adequado, apre-sentarem a respectiva factura ao partido. Claro, a “nomenklatura” partidária em função do aumento da clientela e respectiva oferta e para lá do sempre oportuno senhor cunha, faz a sua responsável triagem, enviando por exemplo os mais jovens, ou mais pobres de espírito ou de dinheiro, para as freguesias, porque para os concelhos upa, upa, ou se é mesmo bom, ou então, filho de algo – hoje tanto serve ser filho de um valente antifascista reformado como de um competente administrador de oligopólios, a propósito já viram um incompetente administrador de oligopólios? –, porque para Presidentes de Câmara, Governadores Civis, De-putados da nação, ou para a Europa, só mesmo a nata. Claro um tirocínio bem feito, tem no fim à sua espera uma administração de um grupo financeiro, energético, ou agora mais em moda, de ambientes.Cá em cima, quando a pirâmide estreita, precisa-se de homens brilhantes de 40 a 60 anos, que não se importem de ser Primeiro-Ministros ou Presidentes da República a cinco ou dez mil euros por mês, o que, tendo em atenção a canseira atrás enunciada, não é nada estimulante e muito menos fácil. Primeiro porque fora as excepções, mesmo para pessoas baças, o lugar é de um brilho um pouco pimba, e depois, como é que um jovem lobo de quarenta anos, recém-chegado do centro do Império em Bruxelas, estará na disposição de aceitar um lugarzito tão mal pago e pouco luzidio

– dias e dias de tédio nos jardins do Palácio de Belém a ver cá em baixo o pessoal no engate –, quando tem ofertas do Milan e do Chelsea da advocacia cá do burgo, para ser estrela no ataque, libertando-o de qualquer tarefa defensiva?Isto mesmo se observou ainda nas últimas eleições para a Presidência da República, quando alguns par-tidos – especialmente os maiores –, receberam grandes “tampas” de homens de excelsa capacidade, mas pelos vistos de mediana cidadania –, porque isso de ser Primeiro-Ministro ou Presidente da República só nos alvores da reforma e de preferência dourada, a nunca menos de seis mil euros por mês. E quem lhes pode levar a mal, quando saem das juventudes partidárias, logo para debutar no Parlamento, ou, melhor ainda, na Europa? Ora no regresso ao Portugal profundo, o míni-mo que se pode ambicionar é um lugar – de preferência não executivo – na administração de uma financeira ou de um oligopólio, acompanhado por meia dúzia de assessorias a condizer.E a que propósito vem toda esta conversa? Pois, à progressiva chegada ao poder, de mais e mais pesso-as, meras funcionárias políticas, muitas, filhas já do 25 de Abril, que muito raramente estiveram ligadas à economia real e cuja insensibilidade é por de mais evidente. E quando falo em economia real, não falo, como é óbvio, em ser administrador em companhias que brincam à economia com os desgraçados cidadãos, seus clientes voluntários à força. Muito menos falo em ser ministro disto, secretário de estado daquilo ou assessor de aqueloutro. A vida vive-se cá em baixo nas dificuldades do dia-a- -dia; a solicitar crédito e o gerente de conta a dizer que a situação líquida é pouco… sólida; a saber o preço da bifana no restaurante da esquina e que a Clementina, que faz tão bem o arroz de polvo está a recibos verdes; a ficar feliz quando se recebe um aumento mensal de trinta euros; a receber, mês após mês, o ordenado com atraso; ou que, apesar de o desemprego estar a baixar de forma brilhante, a pequena empresa com quatro ga-tos pingados lá dentro encerrou apenas porque a ASAE cumpriu de forma exemplar o seu dever: exigiu que o minimercado da esquina fizesse obras no sótão de um prédio já condenado ao camartelo municipal daqui a um ano. Mas o gerente fez as contas primeiro e resolveu duas coisas de uma assentada: que ele próprio ia para a reforma – 500 euros por mês já não é mau – e o filho, que é seu empregado, vai para o desemprego viver do subsídio. Ficam mais carotes ao Estado, mas quem se importa com isso? Não a ASAE, que até correu com mais um inquilino, antes de ele exigir indemnizações à Câmara…A economia até está a querer andar para a frente e uma coisa vos garanto: alguma vez vai melhorar.Olhem a propósito, não se esqueçam: quem vier atrás que feche a porta.

MANUEL BENAVENTE RODRIGUES

[email protected]

20 - Contabilidade & Empresas - Maio 2007

“Consultório” é um espaço onde se procura dar resposta, de forma clara e sucinta, às questões jurídico-fiscais que mais frequente-mente são colocadas pelos nossos leitores. Assim, os leitores poderão colocar questões do foro jurídico-fiscal que, pelo seu interesse e oportunidade, queiram ver esclarecidas nesta rubrica, as quais deverão ser dirigidas à “Contabilidade & Empresas”.

As empresas continuam a ser obrigadas a ela-borar o Dossier Fiscal?

Sim. Os sujeitos passivos de IRC e os de IRS que possuam ou sejam obrigados a possuir contabilidade organizada são obrigados a manter em boa ordem, durante o prazo de 10 anos, um processo de documentação fiscal relativo a cada exercício, que deve estar constituído até ao termo do prazo para entrega da declaração anual de informação contabilística e fiscal.Os sujeitos passivos devem possuir um processo de documentação fiscal relativo a cada exercício, que deve estar constituído até ao termo do prazo para entrega da declaração anual, com os elementos contabilísticos e fiscais a definir por portaria do Ministro das Finanças.Assim, e no sentido de separar a informação para liqui-dação da informação para o controlo fiscal, dispensou-se a entrega de um conjunto de documentos que previamente acompanhavam a declaração periódica, por forma a permitir a sua apresentação por meios mais cómodos e tecnologicamente mais evoluídos, seja por suporte mag-nético seja por transmissão electrónica de dados.Esta dispensa implica, todavia, a elaboração de um dos-sier fiscal para efeitos de controlo inspectivo, que deve ser mantido durante, pelo menos, 10 anos no domicílio do sujeito passivo.O dossier fiscal deve ser constituído até ao termo do prazo de entrega da declaração anual: último dia do mês de Junho.O dossier fiscal só deve ser apresentado pelos sujeitos passivos quando para tal forem notificados. No entanto, é obrigatória a sua entrega pelos sujeitos passivos objecto de acompanhamento pela DSPIT – Di-recção de Serviços de Prevenção e Inspecção Tributária e pelas entidades a quem seja aplicado o regime especial de tributação dos grupos de sociedades.O processo de documentação fiscal deve incluir os seguin-tes elementos a guardar e entregar, caso seja obrigatório ou requerido pela administração fiscal:

Continuam a existir benefícios fiscais à reestru-turação empresarial?

A Lei do Orçamento do Estado para 2007 veio incentivar a reestruturação empresarial através da concessão de isen-ções fiscais às empresas que se reorganizem em função de actos de concentração ou de acordos de cooperação.O OE para 2007 introduziu um novo capítulo ao EBF (art. 56º-B), no qual se estabelece o regime de incentivos fiscais à reorganização das empresas em resultado de actos de concentração ou de acordos de cooperação.De acordo com a citada disposição legal, às empresas que exerçam, directamente e a título principal, uma actividade económica de natureza agrícola, comercial, industrial ou de prestação de serviços e que se reorganizarem, em resul-tado de actos de concentração ou de acordos de cooperação, podem ser concedidos os seguintes benefícios:

- Isenção de imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis relativamente aos imóveis, não destinados a habitação, necessários à concentração ou à cooperação;

- Isenção de imposto do selo relativamente à trans-missão dos imóveis acima referidos ou à consti-tuição, aumento de capital ou do activo de uma sociedade de capitais necessários à concentração ou à cooperação;

Consultório Consultório

DOSSIER FISCAL

Documentos IRC IRS

Acta da reunião ou assembleia de aprovação de conta, quando legalmente exigida, ou declaração justificativa de não aprovação no prazo legal

X

Anexo ao balanço e demonstração de resul-tados X X

Balancetes analíticos antes e após o apura-mento de resultados da seguradora ou banco doméstico, das sucursais, e consolidado de seguradoras

Instituições financeiras

Balancetes sintéticos antes e após o apura-mento dos resultados do exercício X X

Contratos ou outros documentos que definam as condições estabelecidas para os pagamentos efectuados a não residentes

X X

Documentos comprovativos das retenções efectuadas ao sujeito passivo X X

Documentos comprovativos dos créditos incobráveis X X

Inventário de títulos e participações finan-ceiras

Instituições financeiras e seguradoras

X

Listagem dos donativos atribuídos nos termos do Estatuto do Mecenato X X

Mapa de modelo oficial das mais-valias e menos-valias fiscais X X

Mapa de modelo oficial aos contratos de loca-ção financeira X X

Mapa de modelo oficial das reintegrações e amortizações contabilizadas X X

Mapa de modelo oficial do movimento das provisões X X

Mapa de provisões, parte 1, 2 e 3 Instituições financeiras

Mapa demonstrativo do artigo 19.o do CIRC (obras de carácter plurianual) X X

Mapa do apuramento do lucro tributável por regimes de tributação X

Mapa dos ajustamentos de consolidação X

Nota explicativa com definição do critério de impugnação de custos comuns à sucursal financeira exterior

Instituições financeiras

Relatório e contas anuais de gerência e pare-cer do Conselho Fiscal ou do Conselho Geral e documento de certificação legal de contas, quando legalmente exigidos

X

Outros documentos mencionados nos Códigos ou em legislação complementar cuja entrega esteja prevista conjuntamente com a declara-ção de rendimentos

X X

Contabilidade & Empresas - Maio 2007 - 21

Consultório Consultório

- Isenção dos emolumentos e de outros encargos legais que se mostrem devidos pela prática dos actos inseridos nos processos de concentração ou de cooperação.

Este regime de incentivos é aplicável aos actos de con-centração ou aos acordos de cooperação que envolvam empresas com sede, direcção efectiva ou domicílio em território português, noutro Estado membro da União Europeia ou, ainda, no Estado em relação ao qual vigore uma convenção para evitar a dupla tributação sobre o rendimento e o capital celebrada com Portugal, com ex-cepção das entidades domiciliadas em território sujeito a um regime fiscal privilegiado definido por portaria do Ministro das Finanças. Para efeitos de aplicação deste regime de incentivos ape-nas se consideram actos de concentração os seguintes:

- a fusão de sociedades, empresas públicas ou coo-perativas;

- a incorporação por uma sociedade do conjunto ou de um ou mais ramos de actividade de outra sociedade, tendo como contrapartida partes do capital social da primeira, desde que ambas as sociedades exerçam a mesma ou idêntica actividade antes da operação e a transmitente cesse esse exercício após a operação;

- a cisão de sociedade em que uma sociedade des-taque partes do seu património ou se dissolva, dividindo o seu património em duas ou mais partes que constituam, cada uma delas, do ponto de vista técnico, uma exploração autónoma, desde que tal operação dê lugar a uma concentração na modali-dade de fusão.

Por actos de cooperação considera-se:- A constituição de agrupamentos complementares

de empresas ou de agrupamentos europeus de interesse económico que se proponham a presta-ção de serviços comuns, a compra ou venda em comum ou em colaboração, a especialização ou racionalização produtivas, o estudo de mercados, a promoção de vendas, a aquisição e transmissão de conhecimentos técnicos ou de organização aplicada, o desenvolvimento de novas técnicas e produtos, a formação e aperfeiçoamento do pessoal, a execução de obras ou serviços específicos e quaisquer outros objectivos comuns, de natureza relevante;

- A constituição de pessoas colectivas de direito pri-vado sem fim lucrativo, mediante a associação de empresas públicas, sociedades de capitais públicos ou de maioria de capitais públicos, de sociedades e de outras pessoas de direito privado, com a finalidade de manter um serviço de assistência técnica, organizar um sistema de informação, promover a normalização e a qualidade dos produtos e a conveniente tecnologia dos processos de fabrico, bem como, de um modo geral, estudar as perspectivas de evolução do sector;

- A celebração de contratos de consórcio e de associa-ção em participação, sempre que as contribuições realizadas no âmbito dos mesmos visem o desen-volvimento directo de actividades produtivas, com excepção de actividades de natureza imobiliária.

Os benefícios fiscais ora criados apenas podem ser concedidos quando se verifiquem, cumulativamen-te, as seguintes condições:

- A operação de concentração ou cooperação empre-sarial não prejudique a existência de um grau desejável de concorrência no mercado e tenha efeitos positivos em termos do reforço da competi-tividade das empresas ou da respectiva estrutura produtiva, designadamente através de um melhor aproveitamento da capacidade de produção ou co-mercialização ou do aperfeiçoamento da qualidade dos bens ou serviços das empresas;

- As sociedades envolvidas na operação exerçam, efecti-va e directamente, a mesma actividade económica ou actividades económicas integradas na mesma cadeia de produção e distribuição do produto, compartilhem canais de comercialização ou processos produtivos ou, ainda, quando exista uma manifesta similitude ou complementaridade entre os processos produtivos ou os canais de distribuição utilizados; e

- Relativamente às operações de incorporação e cisão de sociedades o ramo de actividade transmitido seja constituído por um conjunto de elementos que constituam, do ponto de vista organizacional e técnico, uma exploração autónoma, não sendo con-siderados como tal uma carteira de participações ou um activo isolado.

Os benefícios acima enunciados são concedidos por des-pacho do Ministro das Finanças, precedido de informação da Direcção-Geral dos Impostos (DGCI), a requerimento das empresas interessadas, o qual é entregue na DGCI, acompanhado, em duplicado, de estudo demonstrativo das vantagens e dos elementos comprovativos das con-dições de concessão acima indicadas.Dos requerimento a apresentar pelas empresas inte-ressadas devem constar os actos de concentração ou de cooperação realizados.Esse requerimento deve ser entregue até à data de apresentação a registo dos actos de concentração ou cooperação ou, não havendo lugar a registo, à data da produção dos efeitos jurídicos desses actos.Os requerimentos apresentados pelos interessados devem, ainda, ser acompanhados de parecer sobre a substância da operação de reorganização empresarial e sobre o estudo emitido pelo ministério da tutela da ac-tividade da empresa, bem como de parecer, emitido pela Autoridade da Concorrência, sobre a compatibilidade da operação projectada com a existência de um grau de concorrência no mercado.

22 - Contabilidade & Empresas - Maio 2007

Finanças fazem recenseamentode imóveis da administração pública

O Ministério das Finanças e da Administração Pública con-cluiu o apuramento dos dados da segunda fase da operação de recenseamento dos imóveis da administração pública (RIAP II). De um total de 4400 imóveis utilizados, com uma área de 7,9 milhões de m2, cerca de 61% dos imóveis são propriedade do Estado. Foram identificados 6% de imóveis devolutos, face ao número total de imóveis, os quais represen-tam cerca de 3% da área total, sendo que Lisboa representa 23% do número total de imó-veis. Verificaram-se rácios de ocupação mais eficientes nos casos dos imóveis arrendados em relação aos próprios e veri-

Breves

Colecta de IRC com resultados positivos

ficam-se rácios de área útil mé-dia de 50 m2 por trabalhador. O estado de conservação dos imóveis, em mais de metade dos casos, é classificado como regular. Em relação à renda, foram obtidos níveis médios mensais de 11 euros por metro quadrado. “Com estes elemen-tos, o Governo possui agora informação mais detalhada sobre a situação actual dos imóveis da administração cen-tral que, em conjugação com as iniciativas legislativas em curso, permite reunir as condi-ções necessárias à prossecução do objectivo estratégico do Es-tado de rentabilização do seu património imobiliário”, refere o Ministério das Finanças.

O resultado líquido do exer-cício positivo declarado pelas empresas, que não abrange aquelas abrangidas pelo regi-me simplificado, tem aumen-tado de forma significativa nos três últimos exercícios. Passou de 22,4 mil milhões de euros, em 2003, para cerca de 29 mil milhões em 2005, sendo que superou em muito o crescimento do PIB nominal no triénio (mais 7,5%).De acordo com as estatísticas de IRC do Ministério das Finanças, o resultado líquido do exercício negativo, naquele período, registou uma quebra de 2,5%, situando-se, em 2005, nos 9,2 mil milhões de euros. Importante é que mais

de 80% do total das empresas efctuam pagamentos de IRC, seja em resultado da exis-tência de matéria colectável, seja por via das tributações autónomas, IRC de exercí-cios anteriores, derramas ou pagamentos especiais por conta. As medidas adoptadas contribuíram para os bons resultados obtidos em sede deste imposto junto dos con-tribuintes.

Atribuídos os prémiosRogério Fernandes Ferreira

O júri do Prémio Professor Rogério Fernandes Ferreira entregou o galardão ex-aequo a dois trabalhos. Um relativo ao tema “Distribuição de dividen-dos e estrutura de capital: uma aplicação empírica integrada no contexto das sociedades anónimas portuguesas”, da autoria de Mário António Go-mes Augusto, e outro sobre “A relação entre perdas e valores no contexto de um sector emer-gente: o caso das empresas americanas da nova econo-

mia”, da responsabilidade de Ana Paula Matias.O prémio, no valor de três mil euros, vai ser entregue no próximo dia 5 de Junho. É de carácter bianual e é instituído pelo ISEG, em parceria com a CTOC e a OROC, e pretende-se estumular o desenvolvimento da investigação científica na área da contabilidade. Foi cria-do em 1999, com o objectivo de distinguir trabalhos originais em Português e vai na sua quarta edição.

Livros

COMO EVITAR E RECUPERAR CRÉDITO MALPARADO

O livro representa um conjunto de boas práticas, sugestões e referências normativas que pretende reforçar o conhecimento de quem analisa e concede crédito. A obra caracteriza-se por uma linguagem prática e acessível. Explicam-se alguns termos forenses, por vezes pouco familiares aos profissionais de gestão e finanças empresariais.Um pedido de crédito passa por uma avaliação ou julgamento prévios. Os critérios de aceitação nem sempre seguem as melho-res práticas. Neste contexto, o crédito malparado é o resulta-do de um processo cujo início ignorou a solvência do devedor. Desta feita, o crédito concedido torna-se incobrável quando se constata que o devedor não tem património suficiente que garanta as suas obrigações. “Como evitar e recuperar crédito malparado” é da responsabilidade editorial do grupo Vida Económica. Os assuntos tratados são: documentos de crédito, como evitar o crédito malparado, garantias, seguro de crédito, “factoring”, reclamação da dívida, acções judiciais e extrajudiciais, reclamações de crédito, responsabilidade penal e recuperação de créditos do Estado.

EMPRESAS VALIOSASAo longo dos diferentes capítulos do livro “Empresas valiosas – Do capital intelectual à criação de valor” é efectuada uma análise dos modelos de gestão do capital intelectual exsitentes, bem como a necessária ligação entre estes e a estratégia da empresa. Foram analisados os valores da empresa Unión Fenosa, para que os resultados e conclusões possam ser utiliza-dos na prática.É um facto que o capital social sempre existiu nas empresas, mas só agora é reconhecida a sua importância enquanto criador de valor. Através dele é possível alcançar vantagens competitivas. De notar que os activos físicos e financeiros não têm capacidade para gerarem vantagens sus-tentáveis no tempo. São outros activos de carácter intangível que trazem verdadeiro valor.Da autoria de Calos López Navaza e Maria Ángeles López Cabarcos, é mais uma obra da responsabili-dade editorial do grupo Vida Económica. A questão central abordada prende-se com a determinação do valor real de uma empresa, cada vez mais distante daquele que resulta da análise dos dados apresen-tados nos relatórios, sob as formas de resultados ou a sua demonstração e balanço.

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Autor: Joaquim RicardoFormato: 17,5x25 cm

Nº págs: cerca de 1200

P.V.P: A 44 (IVA incl)

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Todos os profissionais que se relacionam com questões fiscais e tributárias sentem as dificuldades provocadas

pela crescente complexidade do nosso sistema fiscal e pela dispersidade e abundância das normas legais

para além das contínuas alterações.

O Grupo Editorial Vida Económica apresenta a nova edição do livro da autoria do Dr. Joaquim Fernando

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❏ SIM. Solicito o envio de exemplar(es) do livro DIREITO TRIBUTÁRIO - Colectânea de Legislação/2007

por ❏ A 44 ❏ A 39No caso de tratar de funcionário das Contribuições e Impostos necessário enviar fotocópia de comprovativo com o pedido de encomenda.

Se Assinante indique p.f. o Nº de Assinante.

❏ Solicito o envio do CD Rom Direito Tributário - Colectânea de Legislação 2007, no valor de 30 euros.

❒ Para o efeito envio cheque/vale nº , s/ o , no valor de A

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