P. Civil Freddie Didier

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LFG DIREITO PROCESSUAL CIVIL AULA 1 25/1/2006 Prof. Fredie Didier Jnior Aula: Princpios Gerais do Processo Civil Curso dividido em trs partes: - Introduo Teoria Geral da Prova: Livro de Marinoni (Manual do Processo de Conhecimento, RT); Vol. I de Alexandre Cmara da Editora Lumen Juris; Vol. I, do prprio professor, cuja 6 edio sai em 6 dias. - Antecipao de tutela at coisa julgada: s um livro, que o de Marinoni Manual. - Recursos e rescisria: Dois livros (alternativos). Bernardo Pimentel Souza (Saraiva Introduo aos Recursos Cveis); por ltimo o Vol. III do prprio professor. Ao lado desses livros, recomendado um livro que tem uma coleo de textos: Leituras Complementares de Processo Civil. Assuntos que no so bem tratados nos manuais. Editora Juspodivm LFG. Princpios do processo: Rol no exaustivo. Alguns sero tratados ao longo do curso. Neo-constitucionalismo ou fase ps-positivista (aps a segunda guerra): para eles princpios so normas, tm eficcia jurdica e indispensvel a criao da Teoria dos Direitos Fundamentais. Estes teriam uma dimenso subjetiva, mas tambm so valores (dimenso objetiva). Existem, portanto, direitos fundamentais processuais to importantes como os materiais. Devido processo legal: processo significa meio de criao do direito (estatal ou no estatal). Ex. processo legislativo, administrativo, judicial, arbitral, privado, qualquer um. O mbito estatal - indivduo relativo eficcia vertical dos direitos fundamentais. Relao cidado - cidado relativa eficcia horizontal dos direitos fundamentais. Pode ser aplicado no mbito de um condomnio, associao, clube? R: Vide L. 11.127/05 excluso de associado s admissvel se houver justa causa, com direito de defesa e recurso (alterou o art. 57 do CC). O STF ratificou que existem tais princpios no mbito das relaes privadas. Material de apoio contm o RE 201.819/RJ. Vide informativo 405 do STF (assunto novo e importante). Texto de Daniel Sarmento no leituras complementares. Devido processo legal se subdivide em DPL formal (conjunto de garantias mnimas de natureza formal para o exerccio da jurisdio juiz natural, contraditrio, motivao) e substancial substantive due process of law: A Declarao dos Direitos Humanos Fundamentais surgiu a partir da segunda guerra para criar mecanismos para que o direito tenha um mnimo de contedo tico. Antes tudo era submetido s formalidades da lei. A guerra foi lcita, mas foi necessria a criao de um respaldo para controlar os atos a partir de seu contedo. Para Kelsen no importava a matria da lei, bastando que seja lei e no contrarie a Constituio. Tal controle uma clusula aberta para que as decises (leis, atos administrativos ou judiciais) tenham que ser razoveis. Ex. exigncia de um mnimo de experincia de advocacia para comprovao de prtica jurdica (no razovel vez que no s a advocacia que leva prtica). Est ligado ao princpio da

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proporcionalidade (princpio dos princpios em todos os ramos, inclusive no processo). V. RE 374.981, de 28 de marco de 2005 informativo 381 do Supremo. O processo, para ser devido, deve ser: 1. Efetivo: princpio da efetividade: no basta declarar o direito, tem que executar. No est na CF/88. uma nova preocupao que no vinha sendo tratada devidamente. Esse princpio decorre do DPL e, portanto, tambm um direito fundamental e qualquer interpretao que comprometa a efetividade de um direito inconstitucional. Marinoni diz que este o principal direito fundamental que existe, que o direito de efetivar todos os outros direitos, e at princpios constitucionais. No site de Marinoni: www.professormarinoni.com.br ler artigo sobre o princpio da efetividade. 2. Adequado: no adianta ser efetivo se no for adequado. Princpio da adequao (tambm no esta na CF). Diz que as regras devem ser adequadas, substancialmente corretas. Adequada a que? Existem trs critrios: a. Adequao objetiva: quilo que se busca tutelar, ao direito discutido. Ex. o procedimento de alimentos deve possuir um tratamento especial e diferente do direito de cobrar um cheque. Tm necessidades distintas. por isso que existem procedimentos especiais, estes que so uma tentativa de adequao do processo a determinados direitos. b. Adequao subjetiva: aos sujeitos que vo participar do processo. No pode haver o mesmo tratamento a pessoas distintas. Ex. idosos, necessitados, fazenda pblica etc. c. Adequao teleolgica: adequadas aos fins para as quais elas foram criadas. A regra do processo cautelar, por exemplo, deve ter carter de urgncia. Dos juizados especiais, deve ser adequado celeridade, que seu fim maior. * possvel ao juiz dar adequao lei processual no caso concreto? Como, v.g., deixar de aplicar a lei do processo a determinados casos? R: Considerando-se que Marinoni escreveu sobre isto, pode ser que se cobre em concurso: em Portugal tem regra expressa dizendo que o juiz deve adequar. No Brasil existem regras soltas, existindo, tambm, uma tendncia legislativa neste sentido. Ex: Prazos que o juiz pode variar a quantidade. Marinoni defende este direito em qualquer caso, sempre, vai alm da doutrina e das tendncias. O juiz deve corrigir, no caso concreto, a lei processual inadequada. Texto de Marinoni: Da ao abstrata e uniforme ao adequada dos direitos. 3. Tempestivo: o princpio do processo com durao razovel, sem dilaes indevidas. At a Emenda 45 acreditava-se que este princpio existia a partir da interpretao do DPL. Outros autores diziam que ele existia autonomamente vez que est previsto no Pacto de So Jos da Costa Rica. Acabou-se a discusso com a Emenda, que incluiu o inciso LXXVIII ao art. 5, da CF. O que durao razovel? Impossvel conceituar, no existe apenas uma. Deve ser examinada caso a caso. No processo penal foi estabelecido prazo de 81 dias para a manuteno do ru preso no curso da instruo, mas, no processo civil diferente. preciso criar critrios para examinar se a durao razovel. Esse direito j existe na Europa desde o Direito Romano. Existe jurisprudncia consolidada no Tribunal de Direitos Humanos Europeu estabelecendo os seguintes critrios:

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a. Estrutura fsica/tecnolgica do rgo; b. Complexidade da causa; - no juizado especial no pode ter o mesmo prazo de uma falncia. c. Comportamento do juiz; se colaborou ou no; d. Comportamento das partes; Obs: a CF cita a necessidade de meios que garantam a celeridade da tramitao do processo. Exemplos existentes: Art. 198 do CPC (representao contra o juiz por excesso de prazo); art. 7, pargrafo nico, da lei de Ao Popular (priva o juiz da incluso em lista de promoo por merecimento e paralisa o tempo para promoo por antiguidade por tantos dias quantos forem o retardamento). Outra tentativa seria o mandado de segurana. 2 parte da aula: princpio do contraditrio: - quase intuitivo. Tem duas dimenses: uma formal e outra substancial: Dimenso formal: garante o direito de participar do processo, de ser ouvido, de se manifestar, de que a deciso somente seja proferida aps a oportunidade de se expor as razes. Dimenso substancial: preciso que se confira pessoa poderes para influenciar na deciso. Os alemes dizem que o contraditrio seria o poder de falar (ser ouvido) e de influenciar. Ex. o juiz pode - ex officio - punir o litigante de m-f, vez que pode punir sem requerimento da parte, no entanto, deve o prejudicado ser ouvido. Seria deciso sem processo, sem que ningum participe do contraditrio. Agir ex officio no agir sem ouvir, mas apenas sem requerimento. Princpio da cooperao: juiz no apenas um fiscal, mas um colaborador do processo (dilogo). O juiz deve fazer parte do dilogo, no apenas entre as partes. Este princpio informa o princpio do contraditrio, que tem que ser visto como um contraditrio cooperativo, qual seja, que todos faam parte, inclusive o juiz. uma coisa nova, vez que, se no for dito nada no concurso, no bom citar. Este princpio gera trs deveres ao juiz: 1. Dever de esclarecimento: se alguma parte est com dvida do que foi solicitado, o juiz no pode indeferir por no entender o requerimento. agente do dilogo e deve solicitar que se esclarea o que se diz. Veda-se, por exemplo, o indeferimento da inicial. 2. Dever de preveno: diante de um defeito processual, o juiz deve apontlo, comunicar s partes e dizer como o defeito deve ser corrigido. O STJ tem dito em diversas decises que o juiz no pode indeferir a inicial sem mandar emend-la. 3. Dever de consulta: o juiz poder trazer questes novas, que ningum manifestou, questo de ordem pblica. Pode decidir ex officio sem submeter a idia ao contraditrio? Ex. Lei de execuo fiscal, de 1980, pargrafo quarto do art. 40, modificado pela Lei no 11.051/2004. Juiz s pode conhecer de ofcio a prescrio intercorrente do crdito tributrio depois de ouvir a Fazenda Pblica. Princpio da ampla defesa: o aspecto substancial do contraditrio. Garantia de que o contraditrio possui ampla defesa. Contraditrio no s formal, possui substncia, que a ampla defesa.

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Princpio da instrumentalidade: o processo tem que ser pensado e aplicado de acordo com as necessidades do direito material. um instrumento de realizao do direito material. No pode o processo ser encarado como um fim. H uma relao de integrao, mas no de subordinao. Princpio da precluso: a perda de um poder processual. inevitvel que os poderes processuais terminem, caso contrrio o processo no terminaria. Atende aos critrios da celeridade e da segurana. No tem a ver com justia. Situaes em que ocorrem: 1. Precluso temporal: perda de um poder que decorre do no exerccio dele em determinado prazo; 2. Precluso consumativa: perde o poder processual quando o exercita, consomese. Ex. Direito de recorrer: se exercido, no o possui mais (de uma s vez); 3. Precluso lgica: adotado determinado comportamento no se pode agir de maneira diversa quela adotada anteriormente (no pode se contradizer). Ex. se a parte aceita a deciso, no se pode recorrer posteriormente. Tem a ver com a proteo da lealdade e da boa-f objetiva, confiana, gera uma expectativa com o comportamento. Trata-se da proibio do venire contra factum proprium. Proibio de comportar-se contra fato prprio. Renasceu, readquiriu expresso no direito civil com o novo cdigo. * H precluso para o juiz? R: sim! Precluso consumativa: decidida a questo, no pode retroceder, salvo raras excees; Precluso lgica: ex. o juiz diz que vai julgar antecipadamente a lide (quer dizer que no h necessidade de provas) no poder ele concluir pela falta de provas. Apenas a precluso temporal no existe. Como fica a precluso em relao s questes de ordem pblica? R: Podem ser conhecidas ex officio. Costuma-se dizer que no h precluso nestas matrias. Mas h distino no sentido de que pode haver precluso para exame das questes de ordem pblica e do reexame (examinada e decidida) das questes de ordem pblica. Quanto ao primeiro ponto no h discusso, possvel o exame a qualquer tempo, por conta do pargrafo terceiro do art. 267 do CPC. J o reexame (pelo prprio rgo) discutido! 90% da doutrina entendem que no h precluso, que possvel o exame e o reexame da questo a qualquer tempo. 10% entendem que no pode reexaminar (professor entende desta forma) comprometeria a segurana e a celeridade. Tambm pensam assim Barbosa Moreira e Frederico Marques (s). Principio da publicidade: atos do Estado tm que ser publicizados. Tal princpio tem status constitucional e foi realado pela Emenda 45: Vide art. 93, IX, CF. Pode ser restringida para proteger o direito intimidade. Mas esta no ser sempre maior, sendo errada tal interpretao.O certo seria fazer uma ponderao, caso a caso. Aplica-se o princpio da proporcionalidade. Inovao do inciso X, do art. 93: publicidade das sesses administrativas dos tribunais. Princpio da igualdade: lei de assistncia judiciria. Tem importncia para o direito como um todo, mas no h peculiaridade para o direito processual. Livro: Contedo Jurdico do Princpio do Igualdade, de Celso Antnio Bandeira de Mello, Malheiros Editores (40 pginas).

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LFG DIREITO PROCESSUAL CIVIL AULA 2 30/1/2006 Prof. Fredie Didier Jnior Aula: Jurisdio NOO GERAL: o poder de aplicar o direito ao caso concreto em ltima instncia. Explicao: poder, pois manifestao da soberania; sempre exercida por um terceiro, estranho ao processo; sempre se exerce pelo processo (no instantneo), que o mtodo/modo de exerccio da jurisdio; aplica o direito ao caso concreto em ltima instncia (uma vez aplicado, no h mais discusso, definitiva, essa a grande marca da jurisdio) ultima ratio; ACEPES: a) Como Poder do Estado ao lado dos outros poderes, o poder de decidir os conflitos definitivamente. a manifestao de soberania (de poder). b) Como Funo funo de aplicar o direito objetivo ao caso concreto definitivamente. S que aqui, o juiz no mero reprodutor do direito, o juiz cria a regra particular, pois ele vai onde o legislador no foi. Esse enfoque subdivide-se em trs: I- funo de certificar direitos; = processo de conhecimento II- funo de efetivar direitos; = processo de execuo III- funo de proteger direitos. = processo cautelar Alguns autores chegam a dizer que a jurisdio voluntria seria uma 4 funo funo integrativa onde direitos seriam integrados, torn-los aptos. c) Como Atividade no se realiza instantaneamente, preciso de um complexo de atos para ser realizada. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS: expresso antiga que se refere aos meios de soluo de conflitos no-jurisdicionais. No se trata de jurisdio: 1. Auto-tutela: uma forma de soluo do conflito em que um dos litigantes submete a soluo ao adversrio ( dada por um dos litigantes). uma forma egosta de soluo dos conflitos. Em regra proibida (exerccio arbitrrio das prprias razes). Embora permitida em alguns casos, pode ser submetida jurisdio. permitida nos seguintes casos: na guerra direito de reao, em desforo incontinente na proteo possessria, no direito de reteno, no poder da Administrao de executar suas prprias decises (auto-executoriedade dos atos administrativos) etc. 2. Auto-composio: incentivada, diferentemente da auto-tutela. uma forma de soluo de conflitos mais eficaz, tendem a pacificar melhor as relaes, sendo resolvido por ambos os litigantes, no imposta. Distingue-se da jurisdio por que esta uma heterocomposio. a. Auto-composio judicial: pode assumir trs feies: i. Transao: concesses recprocas. Ambas as partes cedem um pouco em homenagem ao acordo ii. Renncia: autor abre mo em nome do ru. Diferente da autotutela porque no h imposio, simplesmente se abdica.

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iii. Reconhecimento da procedncia do pedido: quando o ru abdica. A diferena desta para a renncia est nos plos, ou seja, quando o autor abdica h renncia. b. Auto-composio extrajudicial: preventiva, no pressupe processo. ADR: alternative dispute resolution, no direito americano. Significa: Meio alternativo de soluo do conflito. 3. Mediao: um terceiro se coloca entre os litigantes para ajud-los a fazer um acordo, facilitar a obteno de uma autocomposio. um desenvolvimento da auto-composio, mas no o propriamente, sendo distintiva a figura do terceiro. Atualmente, a doutrina a coloca como autnoma. Na mediao o terceiro apenas ajuda as partes a tomar a deciso, ele no decide nada, diferentemente da arbitragem. Acessar o site do Ministrio da Justia para encontrar o projeto da Lei da Mediao (www.mj.gov.br), regulamentando-a como uma etapa processual. uma ADR. 4. Arbitragem: tambm uma ADR. um equivalente jurisdio ou jurisdio? Examinando o direito brasileiro, a arbitragem jurisdio, no havendo distino, inclusive a definitividade. A sentena arbitral no pode ser revista pelo judicirio em seu contedo. S pode haver controle sobre a validade da deciso arbitral, no revisa, somente anula ou no. Ao anulatria tem prazo de 90 (noventa) dias. Essa ao semelhante rescisria. O rbitro no tem competncia executiva, mas apenas para certificar o direito. O judicirio pode anular ou executar a sentena arbitral, nunca rev-la. ttulo executivo judicial. No ofensa ao princpio do amplo acesso ao judicirio, vez que a arbitragem somente pode ser feita por pessoas capazes e envolvendo direitos disponveis que voluntariamente optarem pela excluso do juzo comum. Somente seria inconstitucional se fosse imposta, ao contrrio, sendo facultativa. Contrato de adeso que imponha arbitragem abusivo. As partes escolhem o modo como o processo vai ser organizado, podendo ser delimitado (prazos, regras a serem aplicadas etc.). Permite-se jurisdio por equidade. O rbitro pode ser qualquer pessoa capaz, no sendo necessria formao jurdica. Mestre de obras, que entende do assunto, pode ser o rbitro, bastando que saiba escrever para proferir a sentena. Ele juiz de fato e de direito, inclusive para fins penais. rbitro corrupto o mesmo que juiz corrupto. Quem faz curso de arbitragem no arbitro at ser nomeado por duas pessoas. No precisa fazer curso para ser. Arbitragem tem fundo negocial e o pacto que o gera chama-se conveno de arbitragem. Esta um gnero do qual so espcies a clusula compromissria e o compromisso arbitral. a. Clusula compromissria: conveno de arbitragem prvia e abstrata. firmada antes de o litgio acontecer. para o futuro. No se refere a nenhum litgio especfico. Exclui a jurisdio envolvendo aquele contrato e aquelas partes. bastante pesada. Essa que a novidade. Redundar num compromisso arbitral. Apenas quer dizer que quando houver um litgio... vai ser decidido atravs de rbitro. Surgindo um litgio preciso que se regulamente como ocorrer a arbitragem. b. Compromisso arbitral: as partes convencionam a arbitragem em torno de um conflito especfico, determinado, j surgido. Isso antigo, sempre existiu. Esta pode se dar sem que exista clusula compromissria anterior.

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* V. art. 301, pargrafo quarto, CPC: o compromisso tem de ser provocado pelo ru. Na clusula, o juiz pode conhecer de forma ex officio. FINS DA JURISDIO: 1. Fim ou escopo jurdico: tem por objetivo realizar o direito, aplicar o direito ao caso concreto. Essa realizao do direito pode se dar com a: a. Certificao do direito: tutela de conhecimento. b. Assegurao do direito: tutela cautelar. c. Efetivao do direito: tutela executiva. d. Integrao do direito: jurisdio voluntria. 2. Escopo social: pacificar o conflito, restabelecer a paz social. No basta resolver juridicamente, mas tambm socialmente. 3. Escopo poltico: o Estado reafirma seu poder, sua soberania. Torna possvel a participao poltica do cidado e de associaes civis atravs da jurisdio (ao popular e ao civil pblica so instrumentos de participao poltica). Na ADIN e na ADC tambm se visualiza tal participao na jurisdio constitucional. Alguns dizem ser tal funo assemelhada funo legislativa. Seria difcil separar, existindo clara inteno poltica em tal controle. A Constituio seria o que une o direito e a poltica. No penltimo concurso para Procurador da Repblica perguntaram-se quais os escopos da jurisdio (Dinamarco faz boa explanao sobre o tema). CARACTERSTICAS DA JURISDIO: 1. Substitutividade: foi desenvolvida por Chiovenda. Para ele seria a marca da jurisdio. Por ela o Estado-juiz se coloca entre as partes e substitui suas vontades. (Caiu no concurso do TRF2 qual seria a caracterstica para Chiovenda, Carnelutti e Pontes de Miranda). 2. Aptido para a coisa julgada: a nica deciso de Poder, Estatal, exclusivamente jurisdicional, apta a ficar imune. Nenhum outro ato de poder tem. errado dizer que somente haver jurisdio se houver coisa julgada (no sendo pressuposto). Allorio radicalmente dizia que somente haveria jurisdio se houvesse coisa julgada, seria sua marca e essncia ( errado). 3. Imparcialidade: o desinteresse no litgio, com tratamento igualitrio das partes, que estas combatam com paridade de armas. Para Micheli Taruffo, esta seria a grande marca da jurisdio. caracterstica, mas no a distingue, vez que outros rgos tambm sero imparciais (ex. CADE etc.). A imparcialidade no implica em neutralidade, vez que nada neutro, insosso. O ser humano no se desvincula de suas experincias para tomar decises. 4. Monoplio do Estado: textos antigos. Velho, vez que existe jurisdio privada (juzo arbitral). Alguns dizem que a arbitragem autorizada pelo Estado, sendo, portanto, monoplio. 5. Unidade: embora una, fracionvel, podendo ser repartida, dividida. Cada diviso da jurisdio uma competncia. So vrias justias, competncias, mas no jurisdies. Sempre que houver mais de uma jurisdio, haver mais de um pas (conflito entre pases conflito de jurisdies). 6. Existncia de lide: desenvolvida por Carnelutti. Pare ele s haver jurisdio quando houver lide (conflito de interesses). Est superada vez que h lide no mbito administrativo (CADE), jurisdio voluntria, preventiva, jurisdio constitucional (ADIN/ADC). Superada mas foi cobrada em concurso.

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7. Inpcia: v. art. 2, 262, do CPC. Precisa ser provocada. uma regra geral, mas no absoluta. inerte, mas tem muitas excees: inventrio pelo juiz (989, CPC), execuo das contribuies sociais previdencirias execuo fiscal de ofcio (EC 45/04 alterou o art. 114, VII da CF/88) etc. PRINCPIOS DA JURISDIO: 1. Investidura: s pode exercer quem estiver devidamente investido. Existem diversas formas de investidura: no STF por nomeao, para rbitro outra, para Desembargador outra etc. 2. Inevitabilidade: no se pode fugir aos seus efeitos. Se pudesse fugir no seria jurisdio. 3. Indelegabilidade: no pode ser transferida, repassada. Carta precatria um pedido de auxlio, colaborao (no h delegao). V. art. 102, I, m, CF/88: STF pode delegar a prtica de atos processuais a outros rgos (juzes) para execuo de sentenas de sua competncia. V. art. 492, CPC: na rescisria, relator delega competncia ao juiz para produzir prova. V. art. 93, XIV, da CF/88: o juiz pode delegar aos seus funcionrios (escrivo) delegao para prtica de atos de mero expediente sem carter decisrio. Inovao na Constituio pela EC n. 45/04. Antes havia previso infraconstitucional, no art. 162, pargrafo quarto, do CPC (desde 1994). 4. Territorialidade: sempre h um limite territorial, toda jurisdio tem esta limitao. H casos de extraterritorialidade: a. Art. 107 do CPC: imvel situado em mais de um Estado ou comarca, juiz prevento exerce a jurisdio sobre todo o imvel, inclusive parcela que se estende. Questo prtica. b. Art. 230, CPC: comarcas contguas, mesma regio metropolitana, oficial de justia pode efetuar citaes ou intimaes em qualquer uma delas (atos de mera comunicao, penhora no). * Onde a causa deve ser processada fixada por normas, mas onde produzir seus efeitos no se sabe, no Brasil todo. Ex. divrcio. * V. art. 16 da Lei de Ao Civil Pblica: eficcia erga omnes nos limites da competncia territorial do rgo prolator. Confunde-se competncia com o lugar onde a deciso deve produzir os efeitos, aniquilando, fragmentando a ao civil pblica, um erro crasso. O STJ aplica isso, somente valendo no municpio. Juizes confundem, aplicando ora no Estado, ora no Brasil. Prova dissertativa: deve-se atacar o artigo, principalmente e mais incisivamente se o concurso for do MP, fere o princpio da proporcionalidade, por dificultar o acesso justia (para fazer valer no Estado inteiro o MP teria que entrar com a ao em todos os municpios). 5. Inafastabilidade: CF, art. 5, XXXV: no afasta leso ou ameaa a direito. o direito de ao, de acesso aos tribunais. um direito a um processo adequado, tempestivo e efetivo. No s ir a juzo. ir e obter uma tutela adequada, clere. No h direito que possa ser excludo, salvo nos casos em que o Senado tem competncia para julgar (crimes de responsabilidade do Presidente). Arbitragem no exceo, vez que o rbitro juiz, o rgo que muda. No fere porque convencional, s para direitos disponveis, no afasta a jurisdio, mas apenas o Poder Judicirio. Na CF passada havia previso de que a lei infraconstitucional poderia ser limitada ao esgotamento das vias administrativas. O texto novo no fala mais em jurisdio condicionada. A nica jurisdio

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condicionada que existe a justia desportiva (somente aps exaurida que se pode mover o judicirio). Isto est na CF/88. Smulas do STJ so contraditrias (ver smulas 2 e 83). A smula 2 inspirou a lei de hbeas data: somente aps recusa administrativa. A smula 83 diz que a ao acidentria prescinde (no necessita) de exaurimento. * O juzo a priori feito sem experimentar, abstraindose a situao e fazendo juzo (julga sem saber). O juzo a posteriori feito aps experimentar. O legislador no pode a priori dizer que tem que esgotar as vias administrativas... somente aps analisada a situao concreta, a posteriori, onde o juzo vai examinar se existe necessidade de esgotamento das vias administrativas. O juzo a priori viola as peculiaridades do caso concreto. O constituinte retirou tal possibilidade. A legislao do habeas data inconstitucional. 6. Princpio do juiz natural: no tem texto expresso. a soma dos incisos XXXVII e LIII da CF. a) Juzo extraordinrio ou ad hoc ou tribunal de exceo um juzo constitudo para julgar determinado conflito j existente. Diz a doutrina que um juzo post facto. Quebra regras de competncia/igualdade. Nome tcnico a vedao ao poder de comisso. Antigamente os reis designavam juizes, eram comissrios. b) ningum processado ou sentenciado seno pela autoridade competente: so critrios gerais/abstratos, criados para a generalidade das situaes. As regras de competncia so indisponveis, violando-se o princpio do juiz natural que deve ser observado mesmo no mbito administrativo. * Importante: Est superada a questo sobre a impossibilidade de submisso do mrito do ato administrativo ao Poder Judicirio, vez que est adstrito ao princpio da proporcionalidade. Existem diversos textos. Tudo est submetido jurisdio. JURISDIO VOLUNTRIA: 1 parte: O que indiscutvel, geral: h determinados atos jurdicos que precisam da chancela do Poder Judicirio para serem integrados (mostrados e tornados ntegros) para produzirem os efeitos desejados. integrado pelo Estado. Diz que a jurisdio voluntria tem uma funo integrativa. atividade de fiscalizao. Integra fiscalizando. Outra caracterstica a necessariedade/indispensabilidade regra (tem de ir a juzo, nada teriam de voluntrias). No entanto, h situaes opcionais mesmo (Ex. homologao de acordo). Todas as garantias constitucionais do processo se aplicam jurisdio voluntria, inclusive o contraditrio (v. art. 1.105, CPC) citados interessados sob pena de nulidade. Dizer que no tem contraditrio um erro crasso. essencialmente constitutiva, constituindo situaes jurdicas novas. 2 parte: Doutrina diz que perdeu um pouco a importncia, perdeu a exclusividade: a inquisitoriedade, onde o juiz teria mais poderes (professor entende que tambm tem nos outros casos, no sendo nada distintivo); outra seria a possibilidade de deciso por equidade (v. art. 1.109, CPC): no precisa adotar a legalidade estrita, sendo aplicada soluo conveniente e oportuna (discricionariedade?). Somente existe legalidade estrita no direito penal, no sendo obrigado ao juiz em nenhum caso! Hoje, com o princpio da proporcionalidade, no se discute mais. Em concurso, apenas se cobra a possibilidade

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de deciso por juzo de equidade. geral tambm a caracterstica da ... somente indisponvel a interveno do Ministrio Pblico quando houver interesse indisponvel (1.105 combinado com o art. 82 do CPC). 3 parte: doutrina administrativista e jurisdicionalista. Administrativistas (majoritria): teoria que entende que a jurisdio voluntria jurisdio administrativa. Administrao pblica de interesses privados. No seria nem jurisdio nem voluntria. administrao e involuntria. Argumento de que no h lide, logo no havendo ao, mas simples requerimento. Se no h ao, no h processo, s procedimento. Se no tem lide, no tem partes, somente interessados. Se no h jurisdio, no haveria coisa julgada, somente precluso. Jurisdicionalistas (minoritria): multiplica a corrente administrativista por -1! Lide no pressuposto da jurisdio. H lide sem jurisdio (falsa premissa). No precisa alegar, dizer que existe lide. Poder existir/surgir no momento em que forem sendo citados os interessados para que possam se manifestar. Ex. ao de interdio. Tem ao (que a ao de jurisdio voluntria), processo, partes (conceito processual, quem est no processo ficam submetidos ao regime de partes, tais como a lealdade, boa-f etc.), e h coisa julgada. Dizem que h coisa julgada com o mesmo argumento (art. 1.111, CPC), vez que s poderia ser alterada se houver fatos/circunstncias supervenientes. Qualquer sentena pode ser alterada por fatos novos! No exclusivo da jurisdio voluntria. LFG DIREITO PROCESSUAL CIVIL AULA 3 6/2/2006 Prof. Fredie Didier Jnior Aula: Competncia Noo geral: uma noo que pertence teoria geral do direito, no exclusiva de direito processual. Na teoria quantidade de poder, limite, medida de poder (qualquer um). Existe competncia legislativa, executiva (21 a 24 da CF), jurisdicional. Competncia a medida (mensurao) do poder. Competncia jurisdicional a quantidade de poder jurisdicional atribuda a cada rgo. O Estado de Direito um Estado de competncias. Agentes agem nos limites de sua competncia. algo que nos protege dos abusos do Estado. matria de lei, em sentido amplo. So tpicas. Primeiro veculo que corta a competncia a CF, criando 5 (cinco) partes (fatias) da competncia: 1. Justia Militar; 2. Justia Eleitoral; 3. Justia Trabalhista; 4. Justia Federal; 5. Justia Estadual: competncia residual (o que no for das outras).

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Calmon de Passos/Ada Pellegrini: para eles, o juiz s juiz dentro de sua justia. Fora no nada. Se julgar fora dos casos a que lhe compete, seria um ato inexistente, uma no sentena! Para eles a incompetncia constitucional gera inexistncia. minoritria. Outros dizem que a incompetncia (constitucional) causa de nulidade (nula) corrente majoritria. O regimento interno de um tribunal tambm pode distribuir competncia entre seus rgos. O regimento no cria competncia, apenas distribui a competncia que o tribunal tem entre seus rgos. A distribuio, toda ela, em abstrato. preciso que haja para todos os casos, para todos aqueles que podem ser o juzo competente. necessrio concretizar, chamandose tal momento o de fixao de competncia. Ento ser sabido qual ser efetivamente o juzo competente. Art. 87 do CPC: 1 parte: determina-se a competncia no momento em que ela proposta (na data da propositura da ao). Que data essa? V. art. 263 do CPC (distribuio/despacho pelo juiz nesta data considera-se proposta a ao!). 2 parte: so irrelevantes as modificaes do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente: uma vez identificado o juzo da causa, o que acontecer depois irrelevante, pouco importando os fatos supervenientes. Regra de estabilizao da competncia, para garantir que o processo no fique rodando de juzo em juzo. aquele juzo que vai sentenciar! o princpio da perpetuao da jurisdio. 3 parte: salvo quando suprimirem o rgo judicirio ou alterarem a competncia em razo da matria ou da hierarquia: dois fatos que se acontecerem acarretam a quebra da perpetuao. So, portanto, excees: Supresso do rgo judicirio: se ele desaparece, vai para juzo novo. um fato superveniente apto a quebrar a perpetuao. Fcil. Alterao em razo da matria ou hierarquia : no somente matria e hierarquia, so exemplos! Leia-se alterarem a competncia absoluta. Toda competncia absoluta est includa. Doutrina diz que no so somente estes exemplos. O artigo mais amplo do que parece. Enfim: se um fato futuro altera a competncia absoluta, quebra-se a perpetuao! Se houver alterao, por fato superveniente, que altere competncia relativa, ser irrelevante. *EC/45: fato novo que modifica competncia absoluta. Processos pendentes tiveram que ser remetidos justia que passou a ser! (v. Justia do Trabalho). Se h sentena no pode mais reverter, vez que o processo j acabou! Classificao da competncia: 1. Competncia originria: aquela apta a proferir a primeira deciso, originariamente. Normalmente atribuda aos juzes de primeira instncia. Nada impede que tribunal tenha competncia originria. Ex. ao rescisria. 2. Competncia derivada: para julgar recursos. Derivada porque recebe a causa depois de outro e normalmente atribuda aos tribunais. Nada impede que a

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competncia do juiz de primeira instncia seja derivada. raro, mas pode acontecer. Ex. Lei de Execuo Fiscal (art. 34): at R$ 500,00 o recurso julgado pela sentena julgado pelo prprio juiz! 3. Competncia de foro: comarca, territrio. 4. Competncia de juzo: competncia da vara em que vai tramitar. Dentro do foro.

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5. Competncia absoluta: Criadas para atender o interesse pblico. O desrespeito leva chamada incompetncia absoluta, que um defeito que pode ser reconhecido ex officio, que qualquer um pode alegar (aquele que a alegar depois do momento que lhe couber falar nos autos arcar com as custas pelo retardamento). Enquanto pendente o processo, pode ser alegada a qualquer tempo. Se o processo j terminou, d margem ao rescisria. No h forma prevista em lei para ser alegada. As regras no podem ser alteradas pela vontade das partes nem por conexo ou continncia. * Reconhecida a incompetncia absoluta, h duas conseqncias: Nulidade dos atos decisrios: Remessa dos autos ao juzo competente: * A incompetncia relativa no anula os atos decisrios, apenas gera a remessa. * Nenhuma das duas gera a extino do processo. A regra aproveitar os atos processuais. H trs excees gerais (se aplicam a ambas as incompetncias) em que se gera a extino do processo. So to especficas que no precisaria nem dizer: Incompetncia internacional: se disser que no tramita no Brasil, no remete os autos ao pas competente. Extingue-se. Juizados especiais: art. 51, III, LJE. Incompetncia no mbito do Supremo sempre absoluta. O regimento do STF diz isso. 6. Competncia relativa: serve para atender a interesse particular. Por conta disso, no pode ser declarada ex officio pelo juiz. S o ru pode alegar incompetncia relativa. Deve faz-lo no primeiro momento que lhe couber falar nos autos, sob pena de precluso. O silencio gera precluso, no podendo mais alegar. O legislador exige que a alegao seja feita por uma forma prevista em lei, no sendo livre como a forma de alegao de incompetncia absoluta. Chama-se exceo de incompetncia relativa. uma petio escrita que suspende o processo e que diferente da contestao. Peas autnomas. * O STJ tem, em reiteradas decises, admitido alegao de incompetncia relativa dentro da contestao, sem ser por exceo, sob o fundamento de que no h prejuzo, devendo-se aproveitar. Agora, e em concurso? a lei clara! Macete: se a questo falar de jurisprudncia, pode-se aceitar como certo! Se a afirmativa for seca, dizendo que a incompetncia relativa feita na prpria petio... est errado! Formas de alterao de competncia relativa: Tcita: ru silenciando. A no oposio de exceo de incompetncia uma forma de alterao. Expressa: o foro de eleio ou foro contratual. S pode ser em negcio escrito. Nada impede que seja em mais de um lugar (lugares diferentes para qual das partes for autora, v.g.). Abrangncia da permisso da insero da clusula de eleio: - Indiscutvel: resoluo, interpretao e execuo do contrato, tramitam no foro de eleio.

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- Discute-se: se as causas que versam sobre anulao do contrato vo para o foro de eleio. Professor entende que no. No tem posio majoritria. - Problema: contratos de consumo. Pode existir a clusula licitamente! No se probe em tese! Desde que no seja abusiva. Ex. em contrato com empresa de carto de crdito abusiva (Osasco-SP, Curitiba-PR). Clusulas abusivas podem ser reconhecidas de forma ex officio, sem que ningum pea, sendo tal reconhecimento autorizado pelo CDC. * Pode anular a clusula, mas poderia remeter ex officio, reconhecendo a incompetncia relativa? R: No, acaso se aplique a smula 33! STJ diz que nestes casos a smula 33 no se aplica porque as normas de proteo ao consumidor so de ordem pblica, excepcionalmente. Novo: Tal situao ganhou consagrao legislativa! Essa lei foi aprovada, mas ainda no sancionada (vai ser essa semana). Ver o nmero da lei, que acrescenta um pargrafo nico ao artigo 112 do CPC: A nulidade da clusula de eleio de foro (qualquer um!), pode ser declarada de ofcio pelo juiz, que declinar de competncia para o domiclio do ru. V. art. 114: s pode o juiz fazer isso ex officio, antes de citar o ru! A lei confere um poder para conhecer de ofcio, mas que gerar uma precluso, dependendo de provocao pelo ru, posteriormente. O que se diz que pode conhecer ex officio no quer dizer que pode ser conhecido a qualquer tempo. Este ser um exemplo de prorrogao de competncia pelo silncio do juiz. As regras de competncia relativa podem ser alteradas por conexo ou continncia (absoluta no)! Kompetenz kompetenz: alemo. Significa, ao p da letra, competncia da competncia. O juiz, por mais incompetente que seja sempre tem competncia para reconhecer a sua prpria incompetncia. Na relativa ele quem examina, s no pode ex officio, apenas se for provocado. Critrios para a distribuio da competncia: Desenvolvidos por Chiovenda e reconhecidos at hoje. No se excluem, mas convivem harmonicamente: Objetivo: distribui a competncia de acordo com os elementos da demanda (ou elementos da ao). Partes, pedido e causa de pedir. um ponto de partida, gerando trs subcritrios (um para cada elemento da ao): o Em razo da pessoa (partes): leva em considerao a presena de alguma pessoa em juzo para determinar a competncia. Ex. varas privativas da Fazenda Pblica. competncia de juzo, no territorial. * Smula 206 do STJ: existncia de vara privativa no altera competncia territorial quando for instituda por lei estadual! Se naquele juzo no houver vara privativa, no h remessa! o Em razo do valor (pedido); o Em razo da matria (causa de pedir): a competncia pela natureza da relao jurdica discutida. Vara penal, de famlia, de consumo etc. Tambm uma competncia de juzo.

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Funcional: desde o recebimento da inicial at execuo h diversas funes que devem ser efetivadas (ex. receber a inicial, etc.). O legislador pega essas funes e distribui entre rgos jurisdicionais. Dessa forma, atribui a competncia funcional. a competncia em razo da funo que se exerce dentro do processo. Dizem quem faz. o Competncia funcional vertical: entre instncias. Ex. competncia originria e derivada (so funcionais pega a atribuio de julgar a ao e outra o recurso). a competncia em funo da hierarquia. o Competncia funcional horizontal: em uma mesma instncia. Ex. jri. Diversas funes, exercidas por diversos rgos numa mesma instncia. Ex2: V. art. 109 do CPC: juiz principal julga qualquer causa incidente! Oposio de terceiro a funo de julgar que exercido na mesma instancia, formada em outro momento!

Territorial (primeiro a ser analisado): onde, em que foro, local, a causa deve ser ajuizada. aquela em que se vai determinar qual o foro/comarca em que a ao deve ser ajuizada. Em regra relativa, vez que existem hipteses raras de competncia territorial absoluta: o Parcela da doutrina brasileira, influenciada por doutrina italiana, no admite que competncia territorial seja absoluta, negando-se a dizer que territorial, dizendo-a funcional, simplesmente porque absoluta. o Por conta disso surgiu o art. 2 da Lei de Ao Civil Pblica (7.347/85) prola foro local de onde ocorrer o dano (territorial), dizendo-se ser funcional (errado, vez que apenas absoluta!). o Aps, surgiu a L. 8.069 (ECA), V.art. 209: foro de onde ocorreu ao ou omisso, dizendo-se a sim como sendo absoluta! O ECA segue o mesmo padro da ACP, sendo padro da tutela coletiva no Brasil. o Em 2003 veio o Estatuto do Idoso (10.741, art. 80): foro do domiclio do idoso, cujo juzo ter competncia absoluta (tambm territorial, corrigindo-se a lei da ACP). Mas o Estatuto do Idoso tem um problema prtico: diz de aes previstas neste captulo que tem previso apenas dos interesses difusos, coletivos e individuais indisponveis (esses podem gerar ao individual) ou homogneos. * O art. 80 do Estatuto do Idoso abrange as individuais ou somente as coletivas? R: professor entende que o idoso individual no pode ser obrigado a demandar no seu domiclio! Ex. Velho rico pode no querer! Entende-se que o Estatuto do Idoso somente pode ser usado nas aes coletivas, por dois motivos: a) historicamente assim; b) todas as regras que estabelecem benefcios so optativas (ECA, CDC, art. 101). Se for causa coletiva, a sim ser absoluta.

* ACP: se o dano for nacional ou regional? R: Art. 2 da L. ACP no responde. Deve-se buscar guarida no CDC, que funciona como norma complementar. V. art. 93 do CDC, aplicado por analogia. Foro da Capital ou DF (dano nacional ou regional), no em qualquer comarca! Regional aquele dano 15

que atinge o Estado inteiro ou alguns Estados. A capital nominada aquela dos estados envolvidos (qualquer uma daquelas). Quando o dano for nacional, ser em qualquer capital do Brasil. V. art. 94 do CPC: Direito real sobre bens mveis (mobilirias) CONCURSO CAI, TODO MUNDO ERRA Ex. usucapio de bens mveis (usucapio mobilirio, regra de domiclio do ru) - ou pessoais (qualquer uma). Se as aes reais forem imobilirias, aplica-se o art. 95 do CPC, e no o 94. Art. 95, dividido: 1. Aes fundadas em direito real sobre imveis competente o foro da situao da coisa: forum rei sitae. 2. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicilio (do ru) ou de eleio: Foros concorrentes: trs domiclio do ru, situao da coisa ou o foro de eleio. 3. No recaindo o litgio sobre (sete situaes) autor no ter a liberdade de escolha ser o foro da situao da coisa, sendo absoluta nestas hipteses: (no tem enfiteuse, usufruto etc. sendo relativa... vez que no esto elencadas) - DECORAR: professor falou em esquema de time de futebol... Propriedade; Posse e servido (se relacionam); Vizinhana e nunciao de obra nova (se relacionam); Diviso e demarcao de terras (se relacionam); Conflito de competncia: ocorre sempre que mais de um juzo discutir sobre a competncia para julgar determinada causa. Pode ser positivo ou negativo: Positivo: ambos brigam para julgar a causa; Negativo: brigam para no julgar; Tambm pode ser dividido em: 1. Conflito para julgar uma causa: 2. Conflito para julgar mais de uma causa: onde elas devem ser reunidas?! V. art. 115, III, do CPC: controvrsia sobre reunio ou separao de processos. Pode ser negativo ou positivo. * No se fala em conflito se houver hierarquia entre os rgos. Juiz no entra em conflito com seu tribunal. Deve obedecer. No tem conflito entre o STF e qualquer outro rgo do pas. ERRO: um juiz no pode conflitar com o seu tribunal, mas pode conflitar com outro tribunal (ex. juiz do ES com tribunal do RJ no est vinculado!). V. smula 59 do STJ: havendo trnsito em julgado de sentena proferida por um dois juzes, no h conflito. Natureza jurdica do conflito: um incidente processual que pode ser suscitado por qualquer um. V. art. 116: partes, MP e juiz. MP ouvido em todos os conflitos! Caso de interveno obrigatria! * Art. 117: quem oferece exceo de incompetncia no pode suscitar conflito! So alternativas excludentes: ou uma ou outra! Mas a doutrina diz que no pode ser assim: podem surgir necessidades no decorrer do processo. Interpreta-se cum granu salis.

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Entende-se que no pode simultaneamente ao mesmo tempo suscitar o conflito e entrar com exceo! * Art. 120: s tribunal julga conflito de competncia: relator pode ex officio determinar que seja sobrestado o processo, designando um juiz provisrio: partes no podem ser prejudicadas. Essa determinao de um juiz provisrio , tambm, ex officio. Pargrafo nico: deciso de plano, relator sozinho decide monocraticamente matria com jurisprudncia dominante no tribunal. Mais importante: a competncia para julgar o conflito: a) Conflitos julgados pelo STF tem que saber. b) Conflitos julgados pelo STJ por excluso, imensa, difcil de decorar. c) Conflitos julgados pelo TJ/TRF tem que saber. Regra 1: Se, no conflito, houver tribunal superior envolvido, ser competente o STF (independente de ser STJ, TSE etc.). Regra 2: TJ/TRF s pode julgar conflitos envolvendo juzes (e que sejam vinculados ao tribunal). Se tiver tribunal no meio, j no do TJ/TRF, mas do STJ. V. smula 3 do STJ: juiz estadual investido na jurisdio federal em conflito com juiz federal vai para o TRF se ambos forem da mesma regio. Se forem regies diversas, vai para o STJ o difcil saber as regies! * De baixo pra cima: Regio sul (PR/SC/RS): 4 REGIO. SP, MS: 3 REGIO. RJ, ES: 2 REGIO. Do Cear a Sergipe (seis CE/RN/PB/PE/AL/SE): 5 REGIO. O resto - todo - a 1 REGIO. Na 5 Regio faltou s o Piau e o Maranho, para chegar ao Par. 1 REGIO: EXCLUSO; 2 REGIO: ES/RJ 3 REGIO: SP/MS 4 REGIO: PR/SC/RS 5 REGIO: CE/RN/PB/PE/AL/SE

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LFG DIREITO PROCESSUAL CIVIL AULA 4 13/2/2006 Prof. Fredie Didier Jnior Aula: Competncia Conexo e continncia: so hipteses de modificao legal de competncia (aula passada foi estudada modificao voluntria). So hipteses de alterao de competncia relativa. Embora o cdigo distinga as duas (ponto de vista terico), na prtica elas tm o mesmo procedimento. O regramento o mesmo para ambas. - Se dois processos forem iguais, ocorre litispendncia. - Quando dois processos so totalmente diferentes, juridicamente irrelevante. fato no jurdico. - Se dois processos forem diferentes, mas se relacionarem (algum vnculo, semelhana, liame) poder ocorrer conexo e continncia. O vnculo de semelhana a ligao que une dois processos diferentes. Esse vnculo que se chama de conexo e continncia. So fatos! Fatos esses que geram duas conseqncias jurdicas: 1. Reunio de processos pendentes em um mesmo juzo. 2. Processamento simultneo entre eles, reunio em um mesmo juzo. Um juzo perde a competncia como conseqncia da conexo/continncia. A reunio se d basicamente por questo de economia processual, mas no s isso. H o aspecto da precauo! Evitam-se decises contraditrias. importante distinguir os fatos (semelhana - vnculo) dos efeitos (reunio dos processos). possvel que haja semelhana, mas no haja conexo. A conexo gera a reunio (tem por efeito!). s vezes h conexo, mas no h reunio (efeito). Hipteses de conexo sem reunio: Se causas conexas tramitam em juzos distintos de competncia absoluta (vara cvel e penal, por exemplo). No pode alterar a competncia absoluta. STJ h conexo, mas no h reunio smula 235: conexo no determina reunio se um deles j foi julgado sumula tcnica, que distingue o que conexo do que reunio. Caso em que uma causa esteja no TJ e outro em primeiro grau, havendo competncia funcional distinta, tambm absoluta.

possvel reunir o processo de conhecimento com o processo de execuo, mesmo sendo conexos? R: Execuo de contrato x ao de nulidade de contrato: pergunta tormentosa, havendo duas correntes:

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Nelson Nery: no pode reunir porque a conexo para dar ensejo a julgamento simultneo. Como na execuo no haveria julgamento, no poderia haver porque reunir. Em So Paulo amplamente adotada. Majoritria na jurisprudncia: possvel vez que o objetivo juntar no mesmo juzo, evitando-se decises contraditrias. No seria necessrio o julgamento simultneo, mas necessrio que tramitem no mesmo juzo. Professor concorda completamente. O embargo execuo uma ao de conhecimento que corre junto com a ao de execuo pelo fato de serem conexas. Em prova de marcar, a melhor opo.

Nos casos em que h conexo, mas no possvel a reunio, a haver a suspenso de um processo espera do outro: ao invs de reunir, um fica suspenso esperando outro, para evitar decises contraditrias. A conexo ou gera reunio ou gera suspenso! Conexo e continncia podem ser conhecidas de forma ex officio e alegadas por ambos. Autor pode alegar j na petio inicial (distribuio por dependncia). O ru deve alegar na contestao (momento propcio), mas pode alegar a qualquer tempo. Tudo o que foi dito at agora parte conceitual, no muda com alterao legislativa. Acontece que o cdigo resolveu conceituar conexo e continncia: V. art. 103: reputam-se conexas duas ou mais aes quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. objetiva, pouco importa saber se as partes so as mesmas. V. art. 104: continncia acontece sempre quando h identidade de partes e a casa de pedir, e o pedido de uma abrange o de outra (um pedido engloba, est contido no da outra). Exemplo da ameba: fagocitose! So coisas diferentes, mas um incorpora o da outra. Ex. Anulao de contrato inteiro e outra ao de anulao de uma clusula apenas. Por que o legislador conceituou continncia? Toda conexo j pressupe identidade de causa de pedir, de modo que a continncia exemplo de conexo. Toda continncia uma conexo. A continncia est contida na conexo ( esdrxulo, vez que a continncia geralmente contm, mas no neste caso). Se retirar o artigo do cdigo no faz diferena vez que o caso ser hiptese de conexo. Aprofundando: O conceito de conexo do cdigo meramente exemplificativo, no exaurindo toda as hipteses de conexo. como se fosse o legislador dizendo que quando isso acontece, h conexo. No se pode entender que s se reputam conexas nestes casos. H inmeros outros casos de conexo fora do art. 103. Isto uma unanimidade doutrinria! Ex. Ao de investigao de paternidade e ao de alimentos: se olhar para o cdigo no se encaixa: pedido e causas de pedir so diversas, mas tem que reunir. Ex. Despejo por falta de pagamento e consignao de pagamento de aluguis: exemplos de bolso, todo livro tem: existe conexo, no com base no art. 103. Pedidos e causas de pedir distintas.

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O critrio para saber se h ou no conexo fora do art. 103 o critrio material ou Teoria Materialista: haver conexo quando voc conseguir estabelecer o vnculo entre as relaes jurdicas discutidas no processo. A conexo entre causas pendentes entre o que est sendo discutido. o critrio mais aceito e que mais funciona na prtica. Examinar de que forma? o Se concluir que as relaes discutidas forem originadas do mesmo vnculo jurdico (a mesma relao exemplos do despejo e da consignao). o Se forem relaes originadas de vnculos diversos, mas que esto ligadas entre si h conexo. Exemplo da ao de investigao de paternidade e alimentos (so relaes diversas, mas que esto ligadas entre si).

Obs. Se em dois processos forem discutidas relaes diversas e que no tm relao, no h conexo. Pergunta que sempre cai em concurso (98% de erro): Um milho (podem ser duas) de pessoas ajuizou aes individuais dizendo ser inconstitucional IPTU cobrado: h conexo entre estas causas? R: Todo mundo (de forma errada) diz que se o pedido igual h conexo. Na verdade no igual, vez que cada um pede para si! parecido. O que parecido no igual! So relaes diversas sem nenhum vnculo. Conexo por prejudicialidade: geralmente pergunta-se se existe: a resposta a de que a letra do cdigo no prev, mas que o art. 103 exemplificativo. Quando houve causas pendentes e a soluo de uma das causas interferir na soluo da outra h prejudicialidade que gera conexo. No tem previso legal! Onde as causas sero reunidas, em qual dos juzos? R: No juzo prevento! A preveno o critrio de escolha do juzo onde as causas sero reunidas. Preveno no hiptese de modificao de competncia, ela determina o juiz onde as causas conexas devam ser reunidas. Existem duas regras/critrios de preveno no CPC (aparente contradio): 1. 106: despacho inicial 2. 219: citao vlida Questo recente em concurso: o Se as causas estiverem na mesma comarca (mesma competncia territoriais) o critrio o despacho inicial. o Se estiverem em comarcas diversas, o critrio o da citao. Isso no tem razo de ser. A doutrina diz isso! Pergunta-se se h contradio entre o art. 106 e o 219: a resposta no! No h contradio, como explicado acima. Obs. Hoje no mais possvel legislar sobre processo por medida provisria, mas antes da proibio foi alterada a legislao sobre Ao Civil Pblica: art. 2, pargrafo segundo diz que a propositura da ao prevenir a jurisdio. No o despacho inicial ou citao vlida, sendo um terceiro critrio. 20

COMPETNCIA DA JUSTIA FEDERAL So regras constitucionais e, portanto, taxativas! H dois artigos que tratam: 1. 109: cuida da competncia dos juzes federais. 2. 108: cuida da competncia dos tribunais federais. Geralmente se esquece do art. 108, mas tem que dar ateno, vez que o art. 109 tem maior atrao, por ser mais volumoso. Em concurso, quando falar sobre competncia de TRF, tem que ver o 108! Juizes estaduais podem exercer competncia da justia federal. So os juizes investidos de jurisdio federal. Previso no pargrafo terceiro do art. 109 da CF. Este caso somente para a comarca em que no haja sede da justia federal. Neste caso o recurso contra suas decises vai para o TRF! S possvel o exerccio da jurisdio federal por juiz estadual se houver lei que expressamente diga isso! No basta que no haja sede da justia federal. Hipteses: Primeira hiptese legal: causas em que for parte instituio de previdncia social e segurado (art. 109, pargrafo terceiro). O constituinte antecipou-se ao legislador. a nica hiptese prevista pela Constituio, sendo a mais clssica. Foi permitido que o legislador ordinrio previsse isso. Verificado que no haja sede da justia federal: Exemplos: execues fiscais, justificaes, usucapio especial rural (mesmo envolvendo ente federal smula 11 do STJ confirma isso), cartas precatrias expedias por juiz federal, tambm podem ser ajuizadas na justia estadual. Dois graves problemas no pargrafo terceiro: 1. Mandado de segurana previdencirio: smula n. 16 do antigo TFR compete justia federal ainda que o segurado seja de comarca do interior. A parte tem que se deslocar sede da justia federal. Professor entende que a smula uma excrescncia, vez que a CF no exclui o mandado de segurana. Pode entrar com ao ordinria. O pior que o STJ continua aplicando esta smula! 2. A ao civil pblica exemplo de causa que pode tramitar na justia estadual mesmo envolvendo ente federal? R: Isso um clssico em concurso diz-se que o dano ocorreu em comarca que no sede da justia federal. A Ao Civil Pblica no caso de delegao de competncia vez que se um ente federal fizer parte, a competncia da justia federal! Juiz Estadual no pode julgar, no sendo exemplo. Durante muito tempo isso foi discutido, de modo que a antiga smula 183 do STJ dizia o contrrio disso, mas foi cancelada em 8/11/2000 h mais de 5 (cinco) anos atrs. Casos de competncia da justia federal: 1. Juizes Federais: a. Em razo da pessoa: incisos I, II e VIII b. Em razo da matria: incisos III, V-a, V e XI c. Competncia funcional: X * os incisos que no foram colocados so casos de competncia criminal.

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Competncia da JF no sempre em razo da pessoa, como se costuma pensar, mas tambm em razo de matria! Competncia em razo da pessoa:

Inciso I: somente uma das hipteses se a unio, entidade autrquica ou empresa pblica federal forem interessadas na condio de autoras, rs, assistentes ou opoentes. No se diz unio federal, no existe na CF. Dizem-se entidade autrquica em forma de gnero, podendo ser autarquias, fundaes autrquicas, agncias reguladoras, conselhos de fiscalizao profissional, OAB etc. Empresa pblica federal no tem a mesma competncia destinada sociedade de economia mista (Banco do Brasil, Petrobrs), sendo para estas a competncia da justia estadual. A competncia da JF somente para empresa publica (Caixa Econmica Federal, Infraero, Correios)

A presena do Ministrio Pblico Federal em juzo torna a causa de competncia da justia federal? R: No est no rol das pessoas. A resposta : no necessariamente! No porque ele est em juzo, no deslocando, mas por outras razes. Tanto assim que possvel haver litisconsrcio entre o MPF e o MP dos Estados, ou na justia federal ou na justia federal. O que acontece na prtica que o MPF cuida de causas de competncia da justia federal e por isso que geralmente h coincidncia e a competncia desta justia. H infinidade de smulas sobre o tema, mas h trs interessantes que devem ser estudadas na seguinte ordem (smulas do STJ): Smula 150: competncia da JF: decidir sobre existncia de interesse jurdico que justifique a presena, no processo, da presena da unio, autarquias ou empresas pblicas. Se a unio intervier, o juiz estadual no tem competncia para examinar o assunto, remetendo justia federal. Smula 224: excludo do feito o ente federal, o juiz federal deve restituir os autos e no suscitar conflito. Volta para a justia estadual. Smula 254: a deciso do juiz federal que excluir ente federal no pode ser examinada por juiz estadual! A dinmica do movimento justifica o estudo simultneo e nesta ordem das smulas! Excees do inciso I: no so de competncia da justia federal, mesmo se envolver ente federal: Falncia: leia-se concurso de credores, qualquer um (insolvncia civil, concurso de penhora etc.). Smula 270 do STJ: protesto pela preferncia de crdito por ente federal no desloca a competncia para a justia federal. Este protesto (da Caixa Econmica) no leva a causa para o juzo federal. Smula 244 do antigo TFR: interveno de ente federal em concurso de credores ou preferncia no desloca a competncia.

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Acidentes de trabalho: pegadinha imensa. O que acidente no trabalho? Acidentado tem duas pretenses: uma oposta contra o empregador (definido que competncia da justia do trabalho depois da EC n. 45, matria pacificada no STF); e tambm uma pretenso previdenciria que o benefcio acidentrio movida contra o INSS. Neste caso, as causas previdencirias acidentrias a competncia da justia estadual do comeo ao fim! A pegadinha est a! No tem recurso para o TRF! No so causas da justia federal, sendo excludas pela prpria Constituio Federal! O recurso para o TJ.

Discute-se a competncia para ao de reviso de benefcio acidentrio previdencirio: R: H quem diga que da justia estadual apenas a ao para conceder. Mas, para revis-lo, seria a competncia da justia federal ( a posio do STJ loucura). STF no, vez que diz que revisar acessrio de conceder, sendo competncia da justia estadual para conceder e revisar benefcio acidentrio! Causas eleitorais: justia eleitoral! Terceira exceo, tranqilo. Justia do trabalho: discusso causas estatutrias so de competncia da justia comum e causas celetistas da justia do trabalho. Sempre foi assim! Na publicao da EC/45 publicou-se a emenda diferente do que foi aprovado, tirando esta parte. Todas as aes envolvendo servidores pblicos que tramitassem na justia estadual deveriam ter sido remetidas justia do trabalho. No dia 28/1/2005 sai deciso do STF em ADIN proposta pela AJUFE, onde Nelson Jobim disse que no obstante a mudana de texto, nada mudou: estatutrio na justia comum e celetista na justia federal!

Inciso II: causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional (ONU, OTAN, MERCOSUL, CRUZ-VERMELHA) e municpio ou PESSOA domiciliada ou residente no Pas: neste caso (de pessoa) no existe nenhum ente federal! Tem duas peculiaridades muito marcantes: Embora sejam causas que tramitam perante juzes federais, o recurso contra estas causas vai para o STJ e no para o TRF! Funciona o STJ como segunda instancia nestas causas. uma peculiaridade. O nome desse recurso o RECURSO ORDINRIO CONSTITUCIONAL. Isso caiu em prova oral! uma pegadinha: tramita na justia federal com recurso para o STJ! No direito internacional existe o Princpio da Imunidade de Jurisdio onde a jurisdio de um Estado no se submete de outra. Como compatibilizar? R: a imunidade no absoluta! O que imune (no se podendo discutir) so os atos de soberania, de poder de um Estado (ex. lei de um determinado pas!). Quando o Estado estrangeiro atua na condio de particular, responde normalmente. Ex. Carro de embaixada dos EUA que causa dano a ente privado/pessoa daqui ou casos de locao: pode mandar citar o Estado estrangeiro - EUA. Inciso VIII: mandados de segurana e habeas data contra ato de autoridade federal (expresso que tanto se refere quelas que compe os quadros federais chefe do INSS, BC, universidade pblica no havendo necessidade deste inciso, caindo no inciso I ou autoridades federais privadas). Estas autoridades federais no esto nos quadros do funcionalismo federal! Exemplo clssico: dirigente de ensino superior privado um dirigente privado, mas que exerce funo federal. Competncia da

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justia federal. O conceito engloba tambm as autoridades que, embora sendo privadas, exera funo federal por delegao. Existem duas smulas: - Smula 15 do TRF: interpretando o inciso VIII: justia federal competente para casos de dirigente de ensino superior particular. - Smula 60 do TRF: explicativa do inciso VIII: justia federal competente para decidir da admissibilidade de mandado de segurana: caso da ELETROPAULO. COMPETNCIA FUNCIONAL: Inciso X: execuo de carta rogatria e de sentena estrangeira de competncia da justia federal pouco importando quem esteja discutindo. EM RAZAO DA MATRIA: Inciso III: no h referencia a pessoa ou funo. matria: causas fundadas em contrato da Unio com Estado estrangeiro ou organismo internacional. Se o fundamento tratado internacional, pouco importa os sujeitos (ao p da letra). Se fosse assim, seria invivel justia federal. Hoje tem tratado para qualquer coisa, at dano moral! A jurisprudncia fechou completamente a interpretao, dizendo que para que a causa v para a justia federal seja uma causa exclusivamente regulada por tratado. Se tambm estiver regulada por direito interno no vai para a justia federal. O inciso III foi esvaziado. Tem um exemplo interessante: ao de alimentos internacionais pessoas em pases diferentes: tramita na justia federal! meio esdrxula. Quem regula alimentos internacionais um tratado! Inciso X: causas referentes nacionalidade ou naturalizao so causas que envolvem competncia da justia federal. Inciso XI: disputa sobre direitos indgenas: em razo da matria e no da pessoa. No pelo ndio que se regula, mas em razo do direito discutido. Aplica-se tanto s causas cveis quanto s criminais. Ao ler direito indgena, leia-se direito dos ndios. Isto , ndios coletivamente considerados. CC 39.818: Alvar judicial para levantamento de poupana de ndio falecido no diz respeito ao grupo! Ver no material de apoio. Smula 140, do STJ: justia estadual competente para processar e julgar crime em que ndio figure como autor ou vtima.

Inciso V-a: prxima aula! Matria extensa.

LFG DIREITO PROCESSUAL CIVIL AULA 5 20/2/2006 Prof. Fredie Didier Jnior Aula: Competncia (continuao) e teoria da ao. Leituras complementares: 4 edio 2006 promoo at dia 24.

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Lei citada na terceira aula foi publicada com o nmero n. 11.280/06. So 5 Leis de outubro para c. As leis 11.277, 11.276 e 11.280 alteram o CPC neste ano. Inciso V-a do art. 109 (em razo da matria): Causas relativas a direitos humanos a que se refere o pargrafo 5 deste artigo: Acrescentado pela EC/45. No derivao do inciso V, que de competncia criminal, mas na redao do V-a no h referncia, servindo para competncia cvel e criminal. o inciso da federalizao dos crimes envolvendo direitos humanos. No foram somente estes, mas tambm as causas envolvendo violaes. Pargrafo 5: quem julga o STJ, onde o PGR instaura um INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETNCIA para que a causa seja federalizada. Consideraes: Fere a garantia do juiz natural? R: No, vez que regra geral de competncia, cabendo lei em sentido amplo dizer quando a competncia deva ser alterada, fixada abstratamente pela CF. No processo penal existe a figura do desaforamento, sendo norma semelhante, no deixando se ser caso de deslocamento de competncia. Parte-se do pressuposto que a justia dos Estados fraca, corrupta. Pode infringir o Pacto Federativo, clusula ptrea. Essa premissa foi levada em considerao pelo julgamento do primeiro IDC INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETENCIA (IDC n. 1 caso Doroty Stang). STJ entendeu que h um pressuposto implcito que o seguinte: para permitir a federalizao preciso que se demonstre que as autoridades estaduais so inaptas (inaptido). Do contrrio esta no ser necessria. interessante ler o julgado. Vale para processo penal e civil. Fim da competncia dos juizes federais. Competncia do TRF: Est no 108, no no 109! Este s se aplica aos juzes. Tem dois incisos. Um de competncia originria e outro de competncia derivada ou recursal. Estas so exemplos de competncia funcional. * TRF no tem competncia em razo da pessoa ou matria, mas, apenas funcional. 1. Originria: s interessam os incisos que tratam de matria cvel, os outros so penais: b. Rescisrias de seus julgados ou de juzes federais: todo tribunal tem competncia para julgar a rescisria de seus julgados. No exclusividade do TRF e no tem exceo! Se a Unio entrar com rescisria de uma acrdo de Tribunal de Justia, a competncia do prprio TJ, no vai para a justia federal. TRF no poderia julgar rescisria de outro tribunal. Nenhum tribunal pode julgar rescisria de outro.

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c. Mandados de segurana e hbeas data contra ato prprio e de juzes federais. e. Conflitos de competncia entre juizes federais. Obs. No h meno a conflito onde figure o juiz estadual investido de jurisdio federal: R: A resposta est na smula 3 do STJ, onde se inclui o conflito entre juiz federal e juiz estadual investido de jurisdio federal. caso em que se acrescentou, ampliou o texto constitucional. * Se o STJ interpretou extensivamente a letra e, tambm assim deve ser feito com as letras b e c. Inciso II: a competncia recursal dos TRFs. Decises de juizes federais e estaduais investidos. V. smula n. 55 do STJ: ela interpreta este inciso II do art. 108. Diz que TRF no tem competncia se juiz estadual no estiver investido de jurisdio federal. Fim de competncia. TEORIA DA AO Matria importante. Vale a pena perder tempo. Conceito de ao: diversas teorias. As trs noes mais relevantes so: a. Sentido constitucional: ao o direito de ao, de ir a juzo, instaurar o processo, acesso aos tribunais, justia etc. Decorre do princpio da inafastabilidade (ver aula passada). Por isso o direito de ao abstrato e incondicionado. Abstrato porque o direito de levar a juzo qualquer alegao, sendo simplesmente o direito de ir. incondicionado vez que basta o simples querer. autnomo em relao ao direito material. b. Sentido processual de ao: neste sentido a ao deve ser chamada de demanda. Conceito de demanda: o exerccio do direito de ao, levando afirmao de uma situao jurdica substancial. Exercita-se a ao em direito constitucional, levando o sentido de direito material. Unio dos dois outros sentidos. c. Sentido material de ao: neste caso a ao sinnimo de direito subjetivo. Utiliza-se muito. O direito era tido como uma ao. CC art. 195 pessoas tm ao contra outras (sinnimo de direito). Obs. A demanda sempre concreta, porque sempre se refere a uma determinada situao. O direito de ir abstrato, mas quando se vai, a ida sempre concreta, levando-se um problema especfico. o ponto de contato entre o processo e o direito material. O exerccio do direito de ao pode ser condicionado: pode ir na hora que quiser, mas tem que ir certo. Condicionamento deste direito demonstrado com a existncia de custas etc.

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O contedo da demanda determina tudo, como a competncia, se existe coisa julgada, conexo, interveno de terceiros etc. No h nenhum instituto processual que no sofra influncia da demanda (pode-se dizer isto sem medo de errar). Professor no recomenda livro nenhum vez que normalmente no se separa uma coisa da outra. O estudo do sentido constitucional de ao visto quando se fala em jurisdio. Agora, estuda-se a demanda: a ida a juzo, ato de instaurar o processo: Pode-se dizer que a ao de direito material o contedo da demanda. Relao jurdica deduzida em juzo: o que se afirma na demanda, o que levado. Afirmao que objeto da tutela do Estado. Muito importante. a res in iudicium deducta. Parte geral do CC tem que cuidar da teoria geral da relao jurdica! Toda relao tem trs elementos: 1. Sujeitos; 2. Objeto; 3. Fatos; Elementos da ao esto intimamente relacionados: 1. Partes; 2. Pedido; 3. Causa de pedir; Importante: So trs os elementos da ao porque so trs os elementos da relao. So os correspondentes no processo! As condies da ao tambm so trs e tambm correspondem a isto: 1. Legitimidade; 2. Possibilidade jurdica do pedido; 3. Interesse: a anlise do substrato ftico; Cada condio da ao tambm tem relao com os elementos da relao discutida. Explicao: Elementos da ao: 1. Parte: quem est no contraditrio agindo com parcialidade. um conceito processual, sendo aquele que est no processo. H dois tipos de parte: as partes principais (autor e ru) e as partes auxiliares (Ex. assistente simples parte, mas parte auxiliar). Parte do procedimento principal diferente de parte em incidente. Alguns incidentes tm partes exclusivamente para eles. H partes que so exclusivas, como o juiz que parte em incidente de suspeio. * Distingue-se, ainda, parte do litgio e parte do processo. Parte do litgio parte em sentido material, do conflito. Partes do processo so aquelas que esto em juzo. Pode haver coincidncia, apenas. Basta ver as aes em que funciona o

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MP. Assim se aprende o que legitimidade ad causam. Parte ilegtima parte que, embora seja parte e seja ilegtima, no deveria estar ali. 2. Pedido: se subdivide em: a. Imediato: o pedido de uma deciso judicial, para que o magistrado decida. b. Mediato: o resultado, o proveito que se espera alcanar com o processo. 3. Causa de pedir: a causa de pedir so os fatos e fundamentos jurdicos do pedido (fato jurdico + direitos que se afirma ter). Esquema: Hiptese/Fato -> Fato jurdico -> Relao Jurdica -> situao jurdica: PEDIDO Um fato da vida acontece e este fato repercute em uma norma que contm a previso sobre este fato. A hiptese normativa incide sobre o fato. Este fato passa a ser um fato jurdico, que o fato da vida aps a incidncia da hiptese normativa. O fato jurdico gera a relao jurdica, que conseqncia. Dentro de cada relao jurdica existem diversas situaes jurdicas (direito, dever, nus etc.). No se pode confundir fundamento jurdico com fundamento legal: aquele o direito que se afirma ter (propriedade, crdito, potestativo, enfim: o que se afirma ter). O fundamento legal a hiptese normativa a lei sendo dispensvel. A causa de pedir (totalidade) um conjunto, que a soma de fatos jurdicos e a relao jurdica alegada. Causa de pedir remota o fato, que aconteceu antes. A causa de pedir prxima o direito que se afirma ter (relao jurdica). O referencial, aqui o pedido (ver linha do tempo dos acontecimentos). Para Nelson Nery exatamente o contrrio (ele e seus discpulos). Causa de pedir remota seria o direito, prxima seriam os fatos. O cdigo exige causas de pedir prxima e remota: art. 282, III, do CPC (fato e fundamentos jurdicos do pedido). Esta exigncia o fundamento daqueles que entendem que o nosso cdigo adotou a Teoria da Substanciao da Causa de Pedir: a teoria que diz que a causa de pedir somente se perfaz com a afirmao dos fatos e fundamentos jurdicos do pedido. Consequentemente uma causa de pedir s ser igual a outra causa de pedir se todos seus elementos forem iguais (da remota e prxima). Teoria da Individualizao da Causa de Pedir: no foi adotada. De acordo com esta teoria a causa de pedir se compe apenas da afirmao do direito discutido. Somente a relao jurdica (afirmao do direito). Mesmo se houver fatos distintos haver identidade de causas de pedir se o direito discutido for o mesmo. Exemplo: Ao reivindicatria: pela teoria da substanciao teria que dizer qual foi o fato jurdico que gerou o direito de propriedade (uma compra, por exemplo, que geraria o direito, querendo a coisa de volta). Contrrio: Se perder a ao, tempos depois podese usucapir a coisa. Agora diz-se que ocorreu usucapio, alegando direito de

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propriedade e requerendo a coisa de volta. Por esta teoria as causas so diversas, embora gerem o mesmo direito, que a propriedade. * Se fosse pela teoria da individualizao a resposta seria outra. So causas iguais. Basta que o direito afirmado seja igual. * Somente a causa de pedir remota: se subdivide em: a. Causa de pedir remota ativa: o fato-ttulo (que serve com ttulo) do seu direito, a origem, a base. b. Causa de pedir remota passiva: o comportamento do ru que impulsiona o interesse de agir. Exemplo: contrato x inadimplemento: o contrato o fato-ttulo, mas somente pode ir a juzo se houver justificativa com o comportamento negativo do ru. o inadimplemento que impulsiona. No se pode confundir causa de pedir ativa e passiva com remota e prxima! No livro do professor isto estudado na parte que fala sobre petio inicial.

Classificao das demandas: 1. 2. Aes reais e pessoais: classificao de acordo com o direito discutido. Aes mobilirias e imobilirias: classificao que diz respeito ao objeto do pedido. Se o objeto mvel mobiliria.

Ao real mobiliria: usucapio de mvel (um carro, por exemplo). Ao real imobiliria: ao reivindicatria, demarcao de terras. Ao pessoal mobiliria: ao de cobrana. Ao pessoal imobiliria: despejo. * Ao reipersecutria: persegue coisa (rei). Toda ao que objetiva a entrega de uma coisa uma ao reipersecutria. * Ao necessria: alguns bens da vida/direitos somente podem ser efetivados se formos ao judicirio. Quando isso acontece, a ao necessria. Ela gera um processo necessrio, dispensando a demonstrao da necessidade de ir a juzo porque ela est na prpria coisa. Exemplo: ao de qualquer nulidade, rescisria, interdio, falncia, divrcio, separao. So todas elas constitutivas. H relao entre a ao voluntria e hipteses de jurisdio voluntria: normalmente estas so hipteses de jurisdio voluntria. Classificao de acordo com o tipo de tutela jurisdicional (clssica): a. Certificao: conhecimento. b. Proteo: cautelar. c. Efetivao: execuo. Hoje em dia est defasada, em franca decadncia. Continua importante como classificao das tutelas. Mas quanto s aes no.

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Atualmente aes no servem apenas a um propsito, no sendo apenas para certificar ou proteger ou efetivar. Visam diversos objetivos. Certificar e assegurar, assegurar e certificar etc. Renem-se as diversas espcies de tutela. So AES SINCRTICAS. Sincretizam as diversas espcies de tutela. Do origem a um processo que no serve s para efetivar ou certificar. Do origem a um processo multifuncional ou polifuncional. um assunto da moda. * A Lei 11.132/05 consagrou o sincretismo processual. Vai-se a idia de que cada processo servia para uma coisa. o agora chamado processo! * Aes coletivas: caracterizam-se por duas coisas: a. Pela legitimidade, que especfica, num rol legal de legitimados; b. Pelo objeto, que se demonstra como os direitos coletivos lato sensu. Os direitos coletivos lato sensu dividem-se em dois grupos (chavo para concurso) Barbosa Moreira: a. Direitos essencialmente coletivos: dividem-se em difusos e coletivos stricto sensu. Pertencem a uma coletividade, no a um indivduo. Por no pertencerem a um individuo so essencialmente coletivos ou trans-individuais. Eles transcendem os indivduos. b. Direitos acidentalmente coletivos: so direitos individuais homogneos. So, portanto, individuais, mas tutelados coletivamente, protegidos como se coletivos fossem. No so coletivos em sua essncia. Concurso: uma ao coletiva pode ter por objeto direitos individuais, que so os direitos individuais homogneos. Alternativa de leitura introdutria rpida importante (mximo 100 pginas): Hermes Zaneti Jnior (Processo Coletivo para concursos federais - MPF). Outro mais extenso, mas menos profundo o livro de Jos Marcelo Vigliar. Editora Jus Podivm. Ao dplice: diferena entre o boxe (pode esquivar e/ou bater) e o cabo-de-guerra (s uma coisa, que puxar ataque e defesa). Ao dplice tem duas acepes: 1. Acepo dplice em sentido processual: o ru, na ao dplice pode formular pedido contra o autor no bojo da sua contestao. Juizados Especiais e procedimento sumrio. Alguns autores dizem que aes de procedimento sumrio e dos juizados so dplices. Neste sentido ao dplice sinnimo de pedido contraposto (luta de boxe): ru tem que contestar + atacar ainda que em uma mesma pea tem que se defender e formular um pedido. Este sentido cai mais em concurso do que o outro, sendo importante saber. 2. Acepo dplice em sentido material: tem a ver com o direito discutido. Alguns direitos tm a especial caracterstica por qualquer das partes. Ambos poderiam ter sido autores/rus. Apenas alterada tal situao quando h antecipao do outro. Quando a ao no dplice o ru no ganha, mas apenas pode deixar de perder. Quando a ao dplice, se o ru vitorioso, ele ganha algo! A defesa do ru j seu ataque (cabo-de-guerra). No precisa formular pedido contraposto, bastando defender-se.

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Exemplos: - ao de consignao em pagamento, prestao de contas, oferta de alimentos e todas as aes meramente declaratrias. Ao defender-se tem que ser afirmado o prprio direito. Negar o pedido do autor dizer automaticamente que existe outra providencia a ser tomada. Aes possessrias: so dplices em ambos os sentidos: ru pode obter proteo possessria + indenizao. Em relao proteo possessria a ao dplice em sentido material (basta se defender). A indenizao ao dplice em sentido processual (pode pedir, alm da posse). Ler no leituras complementares. LFG DIREITO PROCESSUAL CIVIL AULA 6 6/3/2006 Prof. Fredie Didier Jnior Aula: Aes de conhecimento - CLASSIFICAO. Antes de iniciar, torna-se necessrio fazer uma breve digresso: Existem: 1. DIREITOS A UMA PRESTAO: um poder de exigir o cumprimento de determinada prestao. So os direitos obrigacionais, reais, personalssimos, direitos humanos. Eles permitem o inadimplemento ou a leso. Inadimplemento nada mais do que o no cumprimento de uma prestao. Somente em relao a esses direitos pode-se falar em execuo. Executar em juzo fazer cumprir uma prestao. A execuo divide-se de acordo com o tipo de prestao. Tudo se relaciona. O inadimplemento pressuposto. O artigo 617 fala em prescrio. Esto relacionados. Falar de execuo falar de prtica de atos materiais/fsicos. Podem ser: a. Pretenso: o poder de exigir determinada conduta (lado ativo credor); a prescrio atinge a pretenso. Pode-se dizer que a prescrio relaciona os direitos a uma prestao, onde existe uma pretenso (pretenso contedo exclusivo de direitos a uma prestao). b. Prestao: conduta devida, para que o direito se efetive. Plo passivo. As prestaes podem ser: i. Fazer; ii. No fazer; iii. Dar; 1. Dinheiro; 2. Coisa diferente de dinheiro. Execuo pode fundar-se em: 1. Ttulo judicial: 2. Ttulo extrajudicial:

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Execuo de uma prestao pode ser de duas formas: 1. Direta execuo direta COERO DIRETA: nesta o Estado toma providencias para efetivar a prestao devida. O Estado age para o devedor. Ela feita diretamente pelo Estado, no lugar do devedor. Ele faz o que o devedor deveria ter feito. Penhora-se o bem, vende-se, pegando o dinheiro e entregando para o credor. 2. Indireta execuo indireta COERO INDIRETA: o Estado fora por mecanismos de induo psicolgica o prprio devedor a cumprir a prestao. Conta-se com a colaborao do devedor. Pode-se dar pelo medo ou pelo estmulo (recompensa). Exemplo de estmulo: na monitria, se o devedor paga imediatamente, no so pagos custas nem honorrios advocatcios. Esta recompensa chamada de SANO PREMIAL (concurso). Est relacionada com coero indireta na modalidade estmulo. Hoje muito incentivada, mas nem sempre foi assim. uma execuo muito mais barata, alm de menos violenta (somente psquica). Execuo pode ocorrer ( a diferena entre execuo e processo de execuo): 1. Em um processo de execuo: instaurado somente para isso. 2. Em um processo sincrtico: para conhecer e executar no se pode dizer que s existe execuo em processo de execuo. A lei de dezembro alterou o sistema. Muitos esto dizendo que a execuo acabou. Mas no verdade vez que enquanto houver descumprimento de deciso judicial no acabar a execuo. No acabou o processo de execuo! Ainda existe. Quando se vai a juzo afirmando direito a uma prestao uma AO DE PRESTAO. aquela que veicula a afirmao de um direito a uma prestao (fazer, no fazer etc.). De 1.994 para c, todas as aes que envolvem obrigaes de FAZER E NO FAZER so aes sincrticas. A sentena nestas aes efetivada no mesmo processo em que elas so proferidas. No precisa de processo novo para efetivar estas sentenas. No h processo de execuo de sentena que imponha fazer ou no fazer. Existe execuo, mas ela ocorre em processo sincrtico. uma etapa/fase de execuo do mesmo processo. O que no h processo de execuo. ARTIGO 461. De 2002 para c este regramento passou a ser aplicado para as aes que pedem ENTREGA DE COISA/DINHEIRO. o mesmo regime das aes para cumprimento de obrigaes de fazer e no fazer. ARTIGO 461-A. Faltavam as aes em que se exigia PRESTAO PECUNIRIA. Eram aes que no eram sincrticas. S geravam a certeza. Para efetivar era necessrio novo processo (executivo). Era estranho o tratamento diferente (esdrxulo). Ao condenatria era aquela em que se dava o ttulo executivo, mas que tornava necessrio novo processo executivo (conceito clssico). Eram as aes condenatrias pecunirias.

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As aes de prestaes sincrticas eram chamadas mandamentais ou executivas lato sensu. * Vem a lei 11.232/05: ela completou o trabalho (a etapa evolutiva) iniciado em 1994. Ela fechou o ciclo, passando a aplicar aquele sistema s sentenas que determinam o pagamento de quantia (prestao pecuniria). No mais necessrio processo de execuo. TODAS AS AES DE PRESTAO VIRARAM SINCRTICAS! E agora? Como distinguir aes condenatrias, mandamentais e executivas lato sensu? A distino era a necessidade de processo executivo. Na opinio do professor tudo pode ser chamado de condenatria! O conceito de ao condenatria era dado luz do direito positivo. No era um conceito de teoria geral. Mudou o direito, muda-se o conceito. H relao ntida entre ao condenatria e execuo. Agora a sentena condenatria gera execuo como fase! ACABOU APENAS O PROCESSO DE EXECUO DE SENTEA! Era somente para execuo de prestao pecuniria. O PROCESSO DE EXECUO RESTRINGE-SE, HOJE, AOS TTULOS EXTRAJUDICIAIS. As aes de prestao geram ttulo judicial que geram execuo direta ou indireta. H trs tipos de sentena (ttulo executivo judicial) que ainda precisam de um processo de execuo para ser efetivadas: 1. SENTENA ARBITRAL; 2. SENTENA ESTRANGEIRA; 3. SENTEA PENAL CONDENATRIA; So sentenas proferidas em outro lugar, necessitando de um processo de execuo autnomo. So hipteses muito excepcionais, podendo-se dizer que o processo de execuo de sentena no existe mais (como regra). Antes se distinguiam aes mandamentais de executivas lato sensu. Tinham ponto em comum o fato de serem aes sincrticas. Diferenciam-se porque as AES MANDAMENTAIS se efetivam por execuo indireta. So intimamente relacionadas com multa. As aes EXECUTIVAS LATO SENSU, ao contrrio, tambm geram ttulo judicial, geram execuo direta. HOJE PODE-SE DIZER QUE AS DUAS SO ESPCIES DE CONDENATRIAS! A ao condenatria continua a existir s que com outro sentido (sincrticas) Os artigos 466-A, B e C so as transcries dos antigos artigos 641, 639 e 640. No mudou nada, s de lugar. Se for perguntado algo sobre este artigo preciso saber o porqu deste deslocamento bem como porque foram alterados em sua ordem! R: O artigo 466-A sobre obrigao de fazer (emitir declarao de vontade). Antes da lei nova, em concurso, perguntava-se se o artigo estava no local certo do cdigo. O 641 estava dentro do livro do processo de execuo. Mas ele dispensava o processo de execuo e estava no lugar errado. Era para ser deslocado para o captulo de sentena.

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Mesma coisa com os artigos 466 B e C. Foi feita uma transposio topogrfica dos artigos por questo puramente tcnica (para corrigir defeito desde 1.994). Por que inverter a ordem? A ordem era atcnica. O 641 era um regra geral e o 639 era uma regra especial. A doutrina criticava, estando tecnicamente errado a regra especial vir antes da regra geral. Ainda tinha o fato de que o artigo 640 tratava de outro assunto, sem nada a ver com o tema! Agora coloca-se a regra geral, depois a regra especial e, por ltimo, a regra que no tem nada a ver (com o tema)! Obs. Saiu o volume n. 3 do livro do professor que fala sobre recursos. Est em promoo at dia 8. No livro leituras complementares h dois textos sobre o que foi dito acima. Um critica o outro, com posicionamentos diversos. Um texto de Guilherme Marinoni e outro de Barbosa Moreira. So textos escritos antes da lei! Interessante ler. 2. DIREITO POTESTATIVO: cria, altera, extingue situaes jurdicas. No h prestao a ser cumprida. No se pode falar: em prescrio, em pretenso, em inadimplemento (no existe) e em execuo. Direito potestativo no se executa, no havendo o que ser executado (no tem prestao). Aqui fala-se em: decadncia (prazo para exerccio do direito potestativo). Os direitos a uma prestao operam efeitos no mundo fsico e os direitos potestativos atuam penas no mundo jurdico! Eles se efetivam normativamente, no mundo do direito. Interdio, casamento, no so perceptveis no mundo fsico. Direito de anular um contrato potestativo (extinguir uma situao jurdica). Basta dizer que est nulo. Com a simples palavra ele anulado. No necessrio rasgar, queimar o contrato. Exemplos: direito de anular, rescindir, interditar, divorciar-se, separar-se, resolver o contrato. A partir destes direitos dada origem a uma AO CONSTITUTIVA: aquela que veicula a afirmao de um direito potestativo. Os direitos potestativos que criam, modificam e extinguem direitos. por isso que as aes constitutivas criam, modificam e extinguem os direitos. SENTENA CONSTITUTIVA NO TTULO EXECUTIVO PELO FATO DE QUE NO H O QUE SE EXECUTAR. ELA VEICULA DIREITO POTESTATIVO. BASTA O JUIZ DIZER QUE RESCINDE, HOMOLOGA ETC. Costuma-se dizer que aes constitutivas no tm eficcia retroativa: afirmao freqente, mas no de sua essncia ( a regra, mas no 100%). Elas normalmente no retroagem, mas podem retroagir. Exemplo o artigo 182 do CC: Anulado o negcio jurdico, restituir-se-o as partes ao estado em que antes dele se achavam.... Existe ao constitutiva que no se submete a prazo decadencial: exemplo a separao judicial. Agora, se houver prazo para ajuizar ao constitutiva, este prazo ser decadencial! Ao de interdio ao constitutiva: objetivo criar situao jurdica nova. No apenas para reconhecer o defeito. O objetivo tirar a capacidade jurdica da pessoa, tendo em vista a doena. Assim tambm o a situao do pedido de falncia.

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POLMICA: Ao de Investigao de paternidade: civilistas, de um modo geral, colocam esta ao como ao declaratria. Professor acha que constitutiva cujo objetivo atribuir (criar vnculo jurdico) da paternidade. Antes no era pai, apenas genitor! Genitor vem de gen, quem fornece gameta. Pai outra coisa. a regra, mas possvel ser pai sem ser genitor (adoo, filho adulterino, inseminao artificial heterloga etc.). Os mais antigos civilistas confundiriam, no havendo como se testemunhar o vnculo biolgico (que jurdico), sem poder afirmar (visualmente) a fecundao. AO DE INVESTIGAO DE ASCENDNCIA GENTICA: existe um pai, mas no se sabe quem . Pode-se ir a juzo para investigar? No para atribuir paternidade, mas para saber se a pessoa forneceu o gameta. Pode ser para que a pessoa se trate de uma doena, por exemplo. Professor entende possvel, sendo ao indispensvel tutela da sade. No ao constitutiva. ACO DE OBRIGACO DE FAZER. para que se submeta algum a fazer exames. possvel tal submisso? Na investigao de paternidade a recusa legtima, podendo ser utilizada a presuno. Neste caso no pode, abuso de direito. A pessoa no pode se negar. Juiz pode determinar e a pessoa tem que se submeter. Esta situao nova! Trata-se de direito fundamental vida! Existe texto sobre isso no livro leituras complementares texto de Paulo Lobo (membro do CNJ). AO MERAMENTE DECLARATRIA: serve apenas para certificar a existncia ou inexistncia de uma situao jurdica. uma relao de pura certificao. S para dar certeza. Desta forma pode-se dizer que as mesmas so IMPRESCRITVEIS. Falase que no existe ao meramente declaratria de um FATO. s de SITUAO JURDICA (MUNDO JURDICO NO DOS FATOS). EXCEO: Admite-se ao declaratria de autenticidade ou falsidade de documento! UM FATO! preciso demonstrar o interesse (a controvrsia). Bom exemplo disso a ADC (ao declaratria de constitucionalidade). Precisa demonstrar a controvrsia, no podendo ir ao judicirio fazer uma simples consulta. Smulas do STJ sobre ao declaratria: Smula 181: admissvel ao declaratria visando obter certeza quanto a exata interpretao de clusula contratual. Smula 242: cabe ao declaratria para reconhecimento de tempo de servio para fins previdencirios.

Importante: Artigo 4, do CPC: existncia ou inexistncia de relao jurdica ou autenticidade/falsidade de documento (fato). Pargrafo nico: admissvel, AINDA QUE TENHA OCORRIDO A VIOLAO DO DIREITO! Neste caso era possvel entrar com ao condenatria! Para que pedir a certificao, apenas, se possvel pedir a certificao e efetivao? Legislador deixou vontade. Pode haver utilidade prtica: em ao meramente declaratria a regra de fixao de sucumbncia mais branda. Beneficia a parte que suspeita que no tenha sucesso na ao. Pode-se executar a ao meramente declaratria em hiptese em que ela poderia ser condenatria?

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R: De um modo geral dito pela doutrina que no ttulo executivo. Para o professor uma afirmao vulgar! Elas certificam o direito. Para que iniciar outro processo para certificar e efetivar? J est certificado! Havia tendncia doutrinria e jurisprudencial a dar efetividade a estas sentenas. V. REsp. 588.202/PR 10/2/2004: No atual estgio do processo civil, no h como insistir no dogma que as aes declaratrias no tenham eficcia executiva.... * Ver artigo 475, n, I, do CPC: o antigo 584! So ttulos executivos judiciais... A SENTENA PROFERIDA NO PROCESSO CIVIL que reconhea a existncia de obrigao... (a redao anterior era... a sentena condenatria...). Ampliou-se: incluemse as condenatrias (bvio) e TAMBM AS MERAMENTE DECLARATRIAS! GRANDE MUDANA! Foi declarada a efetividade das aes declaratrias! A base doutrinria de texto do Ministro TEORI ALBINO, relator do REsp. 588.202. Esta interpretao autntica! Ernani Fidlis concordou. Arakm de Assis percebeu a mudana, mas no concordou. Como distinguir ao meramente declaratria de condenatria? R: Nem toda ao meramente declaratria gera ttulo executivo. o caso da ADC (no gera ttulo). A declara