Upload
phamnhan
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Nuno Pinto Seabra
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
Universidade Fernando Pessoa
Faculdade de Ciências da Saúde
Porto, 2016
Nuno Pinto Seabra
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
Universidade Fernando Pessoa
Faculdade de Ciências da Saúde
Porto, 2016
Nuno Pinto Seabra
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
Trabalho apresentado à Universidade Fernando
Pessoa como parte dos requisitos para obtenção do
grau de Mestre em Medicina Dentária.
(Nuno Pinto Seabra)
i
Resumo
O bruxismo caracteriza-se por um ato involuntário de apertar e/ou ranger os dentes
sendo este hábito um fator de risco que pode comprometer a função do sistema
estomatognático com várias sequelas associadas (dor dentária e muscular, desgaste
dentário, etc.). Esta pesquisa bibliográfica pretende rever as possibilidades terapêuticas
que se podem apresentar como soluções no controlo desta parafunção. A bibliografia
ainda é inconclusiva sobre qual o melhor tratamento a seguir sugerindo uma abordagem
multidisciplinar, tendo em conta a etiologia e a sintomatologia para a definição de um
plano de tratamento mais completo e adequado. Têm surgido cada vez mais alternativas
terapêuticas e cada uma delas, ao longo do tempo, tem desenvolvido novas
metodologias mais eficazes no tratamento do bruxismo.
Palavras-chave: Bruxismo; Tratamento do Bruxismo; Goteiras; Farmacoterapia;
Tratamento Dentário; Toxina Botulínica; Tratamento Comportamental; Tratamento
Psicológico; Acupuntura; Fisioterapia.
ii
Abstract
Bruxism is characterized by an involuntary act to teeth tighten and / or grinding habit
which is a risk factor that may compromise the function of the stomatognathic system
with several other associated sequelae (dental and muscle pain, tooth wear, etc.).
This literature review aims the therapeutic possibilities that may arise solutions in
controlling parafunction. The literature is still inconclusive about the best treatment,
although suggests a multidisciplinary approach, taking into account the etiology and
symptomatology, defining a more complete treatment plan. There’s an increase of
alternatives over time, by having each one of them developed new methods with more
effectiveness in treatment of bruxism.
Keywords: Bruxism; Treatment of bruxism; Gutters; pharmacotherapy; Dental
treatment; Botulinum toxin; Behavioral treatment; Psychological treatment;
acupuncture; Physiotherapy.
iii
Agradecimentos
À minha orientadora Joana Sardinha por toda a dedicação, apoio e todo o espirito
crítico, sem ela não teria conseguido.
À minha namorada Fabiana Andrade por todo o apoio, amizade e ajuda, que me
auxiliou a alcançar vários objetivos ao longo destes anos.
À minha binómia Ana Luísa Miranda por toda a confiança, suporte e amizade que
sempre depositou em mim e por todas as vitórias que conquistamos.
Aos meus pais por tudo o que me permitiram e ofereceram ao longo da vida.
Aos meus colegas por todas as experiências e amizades compartilhadas.
Aos meus amigos, que muitos deles conheci nestes últimos anos, por todo o
companheirismo, entreajuda e amizade que sempre me deram.
iv
Índice
Índice de Figuras……………………………………………...........................…………v
Índice de Tabelas………………………………………………………...…….……..…vi
Índice de Abreviaturas…………………………………………………..…..……..…...vii
I. Introdução……………………………………………..…………………………. Pág.1
II. Desenvolvimento……………………….………………...…………………….. Pág.3
1. Materiais e Métodos……………………………………..………………….. Pág.3
2. Bruxismo……………………………………………………...…………….. Pág.4
2.1. Definição e conceitos….…………………………………...……… Pág.4
2.2. Classificação ….…………………………………………...…….... Pág.5
2.3. Etiologia ……….…………………………………………...……... Pág.8
2.4. Diagnóstico………………..……..…………………………...….. Pág.11
2.5 Tratamento……………...………..…………………………...…... Pág.15
2.5.1 Tratamento Dentário ………………………………….……. Pág.16
2.5.2 Goteiras………………..……………………………….…… Pág.17
2.5.3 Toxina Botulínica …………………………...…………...…. Pág.18
2.5.4 Acupuntura ………………………………………………..... Pág.20
2.5.5 Fisioterapia ………………………………………………..... Pág.22
2.5.6 Tratamento Farmacológico ……………………………........ Pág.24
2.5.7 Tratamento Comportamental e Psicológico……………….... Pág.28
3. Discussão…………….. ……………………………………..……….…. Pág.30
III. Conclusão……………….…………….……………………………………… Pág.32
IV. Bibliografia…………..….……...……………………………………..…….... Pág.34
v
Índice de Figuras
Figura 1 – Sensores EEG, EMG e EOG, ligados à superfície da pele e couro cabeludo,
em posições específicas da cabeça, com uma cola especial (colódio) (Bustamante,
2006)……………………………...…………………….………………..…..….…Pág.15
Figura 2 - Pontos de acupuntura E7, E5, TA17, VB3, tayang e yntang (Borin et al.,
2011)……….............................................................................................................Pág.21
Figura 3 - Ponto de acupuntura GB 43 – xiaxu (Borin et al., 2011) ………...…...Pág.22
vi
Índice de tabelas
Tabela 1 - Sugestão de rápido exame para triagem destinada à avaliação de DTMs e
bruxismo (Maciel, 2010).…………………………………………..………..…….Pág.12
Tabela 2 - Sinais e sintomas do bruxismo (Murali et al., 2015)……………....…..Pág.13
Tabela 3 - Funções gerais atribuídas às placas interoclusais (Maciel, 2010)……..Pág.18
vii
Índice de abreviaturas
ATM – Articulação temporomandibular;
BTX – Toxina botulínica;
DAC – Drogas Anti-convulsivantes;
DTM – Disfunção temporomandibular;
DVO – Dimensão vertical de oclusão;
EEG – Eletroencefalograma;
EMG – Eletromiograma;
EOG – Eletrooculograma;
PIM – Posição de intercuspidação máxima;
SNC – Sistema nervoso central;
TENS – Estimulação elétrica nervosa transcutânea;
5-HT – Serotonina.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
1
I. Introdução
O aumento da esperança média de vida e a motivação para os cuidados de saúde
oral permite, nos dias de hoje, encontrar mais pacientes que mantêm os seus dentes
possibilitando a avaliação das alterações dentárias com a idade. Assim, verifica-se um
maior número de dentes em idosos e consequentemente um maior desgaste das
estruturas dentárias. Apesar disso o desgaste é cada vez maior nas crianças e nos
adolescentes sugerindo tratar-se de uma alteração patológica e não fisiológica (Meyers,
2008; Davies et al., 2002; Costa, 2013
Segundo Davies et al., 2002 e Costa, 2013 o desgaste dentário pode ocorrer de
forma fisiológica quando é resultado do processo natural de envelhecimento ou também
pode ser considerado patológico quando resulta de ações como a erosão, a abrasão e a
atrição. A atrição é a forma de desgaste mais ligada a parafunções, do qual é exemplo o
bruxismo.
O bruxismo é a parafunção do sistema estomatognático mais frequente no
consultório dentário (Johasson et al., 2011), que não sendo prevenido ou tratado poderá
levar à perda dentária (Okeson, 2008). O desgaste dentário apresenta-se como um dos
principais sinais da atividade parafuncional.
Considera-se um desgaste de origem patológica quando é diagnosticada perda de
dimensão vertical, dor, instabilidade oclusal, alterações estéticas ou sensibilidade
dentária (Barbosa, 2005; Davies, 2002).
Entre as atividades parafuncionais, o bruxismo é a que causa mais danos
dentários, funcionais e sociais. Os danos a nível dentário manifestam-se como fraturas
dentárias, fraturas de restaurações, fraturas de reabilitações (incluindo os implantes) e
sensibilidade dentária. Os danos funcionais como dores de cabeça podem contribuir
para a exacerbação de disfunções temporomandibulares interferindo na qualidade de
vida do indivíduo. Consideram-se danos sociais a irritabilidade do indivíduo decorrente
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
2
das alterações da qualidade do sono, bem como o transtorno causado pelo ruido do
ranger dos dentes (muitas vezes associado a insónias em familiares e/ou parceiros). Esta
atividade dá-se quer consciente, quer inconscientemente. (Gonçalves et al., 2010;
Lavigne et al., 2008; Lobezoo, 2006).
Sendo o desgaste e a consequente perda dentária as principais sequelas a evitar
do bruxismo, torna-se essencial o diagnóstico precoce. O diagnóstico desta parafunção
pode ser feito através de um exame clínico minucioso, da avaliação comparativa de
modelos realizados periodicamente de forma a identificar a progressão do desgaste, de
questionários e de registos eletrónicos. Alguns destes meios de diagnóstico são muitas
vezes abandonados devido ao custo elevado e ao tempo necessário (Davies, 2002).
Ainda não existe consenso sobre qual a melhor terapêutica ou guia para o
manuseamento do bruxismo sendo por isso necessária a avaliação de cada caso de
forma a selecionar a abordagem adequada (Koyano, 2008). Aliás, considera-se que o
bruxismo enquanto parafunção não apresenta um tratamento específico capaz de o
resolver. O objetivo é a minimização de sinais e sintomas causados pela parafunção e de
certa forma controlar a condição (Lobezoo et al., 2006; Paesani, 2010).
A motivação para a realização deste trabalho baseou-se no desafio que o
tratamento destes pacientes representa para a comunidade médico-dentária bem como a
necessidade de aprofundar o conhecimento sobre um problema cujo tratamento não é
consensual. Neste sentido, a presente revisão bibliográfica tem como propósitos:
contribuir para a definição de bruxismo, diagnóstico desta parafunção e revisão das
principais opções terapêuticas.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
3
II. Desenvolvimento
1. Materiais e Métodos
Esta revisão bibliográfica foi baseada em informação científica devidamente
publicada. A pesquisa bibliográfica foi feita a partir da internet recorrendo às bases de
dados B-on, Medline/PubMed Scielo e a livros científicos. Na pesquisa foram incluídos
artigos em Inglês e Português, revisões bibliográficas e estudos estabelecendo como
critério publicações apenas partilhadas depois do ano 2000. Os critérios de inclusão para
a seleção dos artigos foram: artigos publicados em revistas indexadas. As palavras-
chaves usadas foram: “Bruxismo”; “Tratamento do Bruxismo”; “Goteiras”;
“Farmacoterapia”; “Tratamento Dentário”; “Toxina Botulínica”; “Tratamento
Comportamental”; “Tratamento Psicológico”; “Acupunctura”; “Fisioterapia”. A revisão
bibliográfica apresentada baseou-se depois de seleccionados, em 67 artigos, 3 teses e 13
livros que representam a seleção final a integrar.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
4
2. Bruxismo
2.1. Definição e conceitos
O termo bruxismo provém do grego “bruchein” e significa apertamento, fricção
ou atrito dos dentes. Em 1907, foi utilizado o termo “Bruxomania”, na literatura
odontológica e em 1931, foi substituído por “Bruxismo” (Silva et al., 2009).
É uma parafunção do sistema estomatognático com várias complicações que se
apresenta cada vez mais no consultório dentário.
O bruxismo é caraterizado pelo contacto estático ou dinâmico das superfícies
oclusais, também conhecido pelo “ranger ou apertar dos dentes” durante períodos em
que não ocorre a mastigação nem a deglutição. Dá-se tanto consciente como
inconscientemente e a sua etiologia tem origem multifatorial. Embora não exista um
consenso acredita-se que o bruxismo está associado a problemas do Sistema Nervoso
Central, mais especificamente ligada ao stress (Makino et al.,2009).
Um episódio de bruxismo dura em média 8 segundos e repete-se até seis vezes
por hora (Haggiag, 2010).
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
5
2.2. Classificação
Esta parafunção apresenta-se de várias formas, intensidades e tipos podendo ser
classificada de diversas maneiras.
Bruxismo Diurno e Noturno
Uma das principais classificações subdivide a parafunção em bruxismo diurno/
em vigília/ acordado e em bruxismo noturno/ do sono (Shetty et al., 2010; Johansson et
al., 2011; Reddy, et al., 2014). O bruxismo diurno ocorre conscientemente com o
indivíduo em vigília/acordado cerrando os dentes numa atividade semi-voluntária
estando associado a atos de concentração como ler, escrever, conduzir ou esforços
físicos enquanto o bruxismo noturno ocorre num estado inconsciente do indivíduo
quando este se encontra a dormir (Amorim et al., 2014; Johansson et al., 2011).
Bruxismo Cêntrico e Excêntrico
O bruxismo também pode ser classificado como cêntrico e excêntrico, sendo o
primeiro caraterizado pelo “apertar dos dentes” e o segundo pelo “ranger dos dentes”.
No bruxismo cêntrico dá-se a contração muscular isométrica havendo produção de
ácido láctico e ocorre principalmente num estado consciente/acordado. O bruxismo
excêntrico tem maior associação com um estado inconsciente/ de sono em que ocorre
uma contração isotónica do músculo (varia em extensão e favorece a oxigenação dos
tecidos). É de extrema importância estabelecer esta classificação - bruxismo
diurno/cêntrico ou noturno/excêntrico - de forma a determinar o melhor método de
tratamento e a selecionar os materiais mais adequados (Rodrigues. et al., 2006).
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
6
Bruxismo Agudo e Crónico
Segundo outros autores, (Silva et al., 2009) ainda é possível classificar o
bruxismo em agudo e crónico. Quando são evidentes sinais clínicos e o individuo não
consegue adaptar-se classifica-se como bruxismo agudo, enquanto no bruxismo crónico
existe a adaptação do indivíduo aos sinais, sintomas e à perda de função.
Bruxismo Leve, Moderado e Severa
O bruxismo também é considerado uma desordem do sono e dentro desta
vertente esta parafunção também pode ser classificada como leve, moderada e severa.
Esta última é considerada mais grave e caracteriza-se pela presença de danos no sistema
estomatognático (Molina, 2002).
Bruxismo Primário e Secundário
Também se pode classificar o bruxismo tendo em conta a sua etiologia em
primário ou idiopático quando a sua causa é desconhecida ou em bruxismo secundário
quando este está associado a doenças, medicamentos ou drogas (Macedo et al., 2009).
~
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
7
Em suma, podemos classificar o bruxismo de acordo com vários critérios (Lavigne
et al.,2008):
Quando ocorre (Macedo et al., 2009):
o Bruxismo em Vigília/diurno;
o Bruxismo do sono/noturno;
o Bruxismo combinado (junção das duas situações).
Como ocorre (Rodrigues. et al., 2006):
o Cêntrico;
o Excêntrico.
Pelo tempo e pelos sintomas presentes com a parafunção (Silva et al., 2009):
o Agudo;
o Crónico.
Pela Severidade (Academia América de Medicina do Sono, 2005; Molina et al.,
2002):
o Leve – não ocorre todos os dias, sem danos nos dentes e sem
comprometimento psicossocial;
o Moderada – ocorre todos os dias, com comprometimento leve
psicossocial e funcional;
o Severa – ocorre todos os dias, com danos aos dentes, associado a
disfunções temporomandibulares ou outras disfunções físicas e severo
comprometimento psicossocial.
Pela etiologia (Macedo et al., 2009):
o Bruxismo primário, essencial ou idiopático (causa desconhecida);
o Bruxismo secundário:
Associado a doenças;
Medicamentos;
Drogas
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
8
2.3. Etiologia
A etiologia do bruxismo é um assunto bastante controverso e de difícil
identificação mas maioritariamente afirma-se que esta é de origem multifatorial.
Existem vários estudos em relação à etiologia desta parafunção que se justificam
pela vasta prevalência de pacientes, como crianças e adultos de ambos os sexos e vários
fatores etiológicos que predispõem uma pessoa ao desenvolvimento do bruxismo.
Considera-se uma etiologia multifatorial e os fatores de risco podem ser locais,
sistémicos, hereditários, ocupacionais/comportamentais, psicológicos, emocionais,
associados a doenças e/ou distúrbios ou ao consumo de determinadas substâncias,
estando em grande parte das vezes associado ao stress (Diniz, 2009; Gimenes, 2008;
Pizzol et al., 2006).
Estudos antigos indicavam que fatores como interferências oclusais e má
oclusão eram as principais causas pelo desencadear do bruxismo, mas estudos mais
recentes vão contra essa ideia dando cada vez mais importância ao estado psicológico e
emocional do indivíduo e ao nível de stress a que este está sujeito.
Entre os fatores locais, são exemplos a má oclusão, os traumatismos oclusais, as
prematuridades ou interferências, as reabsorções radiculares, a presença de cálculo
dentário, as restaurações em supraoclusão, os quistos odontogénicos, a perda dentária e
a tensão muscular com capacidade de se tornarem agentes irritantes que podem alterar o
estado psicológico do individuo e desencadear hábitos parafuncionais que se
caracterizam pela necessidade de descarga de tensão emocional e/ou psíquica (Diniz et
al., 2009).
As condições sistémicas como as alterações do trato digestivo, as deficiências
nutricionais e vitamínicas, as alergias, as parasitoses intestinais, os distúrbios
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
9
otorrinolaringológicos, as alterações endócrinas, o Síndrome de Down e a deficiência
mental, são exemplos de fatores causais de bruxismo (Silva et al., 2009; Gonçalves et
al., 2010; Diniz et al., 2009).
Quando são mencionados os fatores psicológicos, é de referir o estado
emocional, a ansiedade, os problemas sociais, as crises existenciais, a depressão, o
medo em crianças em fase de auto-afirmação, os exames, as competições (estilo de vida
associado a stress) e o stress a que o indivíduo está submetido (principal fator
desencadeador do bruxismo) (Poveda, 2007; Gonçalves et al., 2010).
O autismo e a paralisia cerebral são disfunções ou alterações neurológicas
também associadas ao bruxismo. Por isso aquando do diagnóstico do bruxismo, a
avaliação psicológica destes pacientes é considerada de enorme importância na seleção
da melhor terapêutica do bruxismo (Rodrigues et al., 2006).
Estudos indicam que existe associação a fatores hereditários embora o modo de
transmissão ainda seja desconhecido (Wassell, 2008; Diniz et al., 2009). Existem
pesquisas que apresentam como resultados uma maior prevalência de crianças com
bruxismo quando o pai possui ou possuiu este hábito assim como uma percentagem de
21-50 % para a probabilidade de um individuo com bruxismo apresentar um familiar
com esta parafunção (Macedo, 2007).
Os fatores ocupacionais e comportamentais estão associados a atividades físicas,
profissionais e mentais caracterizados por hábitos/comportamentos e pela rotina (Silva
et al., 2009). Alguns autores também defendem que quanto maior for o tempo de
aleitamento na criança menor será a probabilidade de esta vir a desenvolver bruxismo.
Por outro lado hábitos como sucção digital, uso de chupetas, roer unhas, morder lábios,
morder objetos, respiração bucal, etc associam-se a um maior risco de poder apresentar
a parafunção (Zenari et al., 2010).
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
10
A utilização de determinadas substâncias estimulantes (chá, café, coca-cola)
também são fatores a ter em conta na etiologia do bruxismo uma vez que podem ter
consequências a nível muscular. Também são consideradas substâncias de risco o
tabaco, o álcool, determinadas substâncias e algumas drogas uma vez que estimulam o
sistema nervoso central e aumentam a ansiedade e o stress (Rodrigues et al, 2006).
Tendo em conta todas estas possíveis etiologias poderemos considerar então
como fatores de risco o stress, o modo de vida, o tipo de personalidade, hábitos,
substâncias estimulantes, transtornos psíquicos, ansiedade, e outras disfunções/doenças
associadas.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
11
2.4. Diagnóstico
O diagnóstico precoce melhora consideravelmente o prognóstico e é de extrema
importância, uma vez que este hábito tem consequências que se podem manifestar
muito deteriorantes quer na função quer na qualidade de vida do indivíduo (Shetty et
al., 2010).
Assim sendo o médico dentista deve ter sempre a maior atenção à manifestação
de sinais e sintomas apresentados pelo paciente no exame clínico de forma a poder
intercetar este hábito e evitar as suas sequelas.
Então, como complemento do exame clínico o médico dentista deve questionar o
doente sobre alguns aspetos que ajudam no diagnóstico do bruxismo, como por
exemplo, se já se apercebeu da parafunção, se alguém já detetou o hábito durante a
noite, se manifesta cansaço mandibular e se sente dentes ou gengivas doridas ao
acordar.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
12
Na tabela seguinte estão compiladas as observações a ter em conta num exame
clínico bem como questões que objetivam identificar sinais associados à parafunção.
1- Observar o grau de movimento da mandibula;
2- Observar (palpação) sensibilidade dolorosa da ATM;
3- Observar ruídos nas ATMs em movimento (estalidos e crepitações);
4- Observar desgastes dentários, mobilidades e fraturas (dentes e restaurações);
5- Observar sensibilidade dolorosa dos músculos da face e pescoço;
6- Observar simetria da face;
7- Questionar presença de cansaço, dor e fadiga matinal;
8- Questionar nível de stress, tensão e ansiedade;
9- Questionar qualidade do sono;
10- Questionar uso de medicamentos.
Tabela 1 - Sugestão de rápido exame para triagem destinada à avaliação de DTMs e
bruxismo (Maciel, 2010).
Clinicamente o médico dentista deve estar atento à presença de sinais como
desgaste dos bordos incisais, hipertrofia muscular, incremento da linha alba na mucosa
jugal, língua com edentações na sua face lateral, recessão gengival, redução do fluxo
salivar, fraturas dentárias e de restaurações, facetas polidas e limitação da abertura
máxima da boca. Além destes sinais também devem ser valorizados sintomas do
paciente como cefaleias, sensibilidade dentária, dores nos músculos cervicais e
mastigatórios, mobilidade dentária e agravamento da qualidade de sono (cansaço) não
só individual como também de familiares/parceiros (Shetty et al., 2010).
Os sinais e sintomas não estão sempre perfeitamente visíveis e muitas vezes por
si só podem ser insuficientes para se chegar a um diagnóstico assertivo, daí a
necessidade de valorização das queixas do paciente e de familiares/parceiros. Alguns
exemplos estão ilustrados na tabela 2.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
13
Relatado por amigos/parceiros/familiares:
- Ranger de dentes;
- Ruídos relatados por terceiros;
- Pobre qualidade de sono.
Queixas do Paciente:
- Hipertrofia muscular;
- Desconforto/dor nos músculos mandibulares;
- Limitação do movimento mandibular;
- Dor de cabeça, principalmente ao nível do músculo temporal;
- Hipersensibilidade/dor nos dentes ou gengivas;
- Fratura dos dentes e/ou de restaurações;
- Pobre qualidade do sono.
Observados pelo Médico Dentista:
- Desgaste dentário;
- Hipertrofia muscular;
- Dor nos músculos mandibulares sob palpação digital;
- Fraturas radiculares;
- Fraturas dos dentes e/ou de restaurações;
- Mobilidade dentária sem doença periodontal;
- Incremento da linha alba;
- Língua com edentações;
- Menor fluxo salivar;
- Recessão gengival.
Tabela 2 – Sinais e sintomas do Bruxismo (Murali et al., 2015).
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
14
Atualmente também é possível fazer o diagnóstico do bruxismo através da
eletromiografia (EMG) que capta, regista e avalia a atividade elétrica das fibras
musculares através de elétrodos. Estes podem ser profundos (no músculo), sub-cutâneos
(sob a pele) ou de superfície, sendo esta última a técnica, a mais utilizada em casos de
disfunções por ser a menos invasiva. Após o registo dessa atividade é possível comparar
os resultados com a normalidade de forma a perceber se as fibras musculares estão
hiperativas ou não (Koyano et al., 2008).
A polissonografia é um exame de múltiplos parâmetros realizada durante o sono
com o objetivo de detetar variações fisiológicas. É utilizado para diagnóstico de vários
distúrbios do sono e é caracterizado pela aplicação de sensores não invasivos na
superfície da pele, que não devem interferir com o conforto, garantindo o normal padrão
do sono. Este método é considerado o mais preciso e é realizado através de sensores
responsáveis pelo registo de três parâmetros: a atividade cerebral (EEG), a atividade dos
músculos envolvidos no bruxismo através da EMG, a deteção da fase dos sonhos e os
movimentos oculares (EOG) (Togeiro et al., 2005). Também são avaliados outros
parâmetros como o fluxo oral e nasal, são analisadas arritmias cardíacas
(eletrocardiograma), oximetria e registo dos movimentos dos membros inferiores. Este
procedimento também engloba a gravação por vídeo com registo sonoro. Tem como
principal desvantagem a quantidade de tempo necessária para a obtenção de resultados
fidedignos, pois obriga à realização repetida do método até que ocorra uma adaptação
por parte do paciente ao ambiente envolvente. O custo elevado é também um
inconveniente da sua utilização (Koyano et al.,2008; Shetty et al., 2010).
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
15
Figura 1 – Sensores EEG, EMG e EOG, ligados à superfície da pele e couro cabeludo, em
posições específicas da cabeça, com uma cola especial (colódio) (Bustamante, 2006).
Como método de diagnóstico também é possível a utilização de dispositivos
intra-orais que possibilitam identificar a intensidade e a progressão do bruxismo.
Através desta técnica é possível verificar o desgaste das facetas dos dispositivos e
também das forças a que são submetidos. Este método é baseado na localização de
pontos de contacto intensos, de desgastes e também na medição da força que é exercida
quando ocorre a parafunção (Shetty et al., 2010; Koyano, 2008).
2.5. Tratamento
Hoje em dia segundo Lobezoo et al., 2008 e Paesani, 2010 considera-se que o
bruxismo não apresenta cura, sendo o seu tratamento dirigido principalmente aos sinais
e sintomas. É também de extrema importância identificar os fatores que possam estar
envolvidos na sua etiologia, orientando o tratamento à causa e à prevenção de futuras
complicações. É um tratamento que envolve várias componentes: a medicina, a
psicologia e a odontologia (Gonçalves et al., 2010; Diniz et al., 2009).
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
16
O tratamento do bruxismo necessita então de uma abordagem multidisciplinar,
surgindo várias formas de controlo da parafunção em si, bem como as suas
consequências. São exemplos da forma de o abordar/tratar, o uso de placas interoclusais
(goteiras), o tratamento farmacológico, a fisioterapia, o tratamento comportamental e
psicológico, o recurso à toxina botulínica, o tratamento dentário e o tratamento com
medicinas alternativas como é o caso da acupuntura.
2.5.1. Tratamento dentário
O tratamento dentário inclui várias técnicas como o ajuste ou desgaste oclusal,
as restaurações das superfícies dentárias, o tratamento ortodôntico e as placas oclusais
comummente conhecidas como goteiras, que serão abordadas num outro sub-capítulo
(Alóe et al., 2003).
O ajuste ou desgaste oclusal é indicado para minimizar consequências do apertar
e/ou ranger dos dentes, para a obtenção de melhor equilíbrio oclusal, sendo um processo
irreversível indicado apenas nos casos em que a DVO se apresenta inalterada (Davies et
al., 2002).
Quanto à restauração das superfícies dentárias, devem ser realizadas quando a
DVO está alterada e há a necessidade de reconstrução oclusal. É de extrema importância
avaliar cada caso de forma a selecionar qual o material mais adequado. (Diniz, 2009;
Davies et al., 2002; Johansson et al., 2010).
Segundo alguns autores existem casos em que o tratamento ortodôntico pode ser
um tratamento indicado (Diniz, 2009; Primo et al., 2009). Este tipo de tratamento
necessita no entanto de mais estudos para comprovar a sua eficácia na terapêutica do
bruxismo.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
17
2.5.2. Goteiras
A placa oclusal ou mais vulgarmente conhecida como goteira é um dispositivo
interoclusal removível, que recobre todos dentes de uma arcada, geralmente a arcada
superior e o material mais comum é a resina acrílica. Tem como funções:
- evitar o desgaste dentário: uma vez que constitui um contacto prévio oclusal
com a arcada antagonista;
- permitir uma posição ortopedicamente mais estável à ATM: é indicada no
alívio da dor nas fases agudas nos casos de hábitos parafuncionais;
- desprogramar a atividade neuromuscular reflexa induzindo ao relaxamento
muscular (Shetty et al., 2010; Johansson et al., 2010; Gimenes, 2008;
Manfredini et al., 2011).
A goteira deve assentar totalmente na arcada sem inclinação ou báscula quando
os dentes ocluem, deve estar ajustada em relação cêntrica, deve balancear os contactos
oclusais, deve melhorar a relação da mandíbula com a maxila de forma a obter um
equilíbrio neuromuscular, deve permitir o alívio de dores associadas à parafunção e
assegurar o conforto do paciente (Silva et al., 2009; Diniz, 2009; Oliveira et al., 2000).
Existem diferentes tipos de goteiras sendo as miorrelaxantes/estabilizadoras e as
de reposicionamento ortopédico/de reposicionamento anterior as mais utilizadas. As
goteiras oclusais miorrelaxantes são indicadas quando existe a necessidade do côndilo
adotar uma posição mais estável na posição de intercuspidação máxima e são
normalmente confecionadas para a arcada superior. Têm como principais objetivos
obter o maior equilíbrio ortopédico entre a articulação e a posição oclusal, dividir
contactos e forças oclusais, induzir relaxamento muscular, diminuir os sintomas
musculares e articulares e proteger os dentes do desgaste dentário. Quanto às goteiras de
reposicionamento anterior destinam-se a que a mandibula adote uma posição mais
anterior em PIM no sentido de recaptar o disco articular (Okeson, 2008).
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
18
Para a seleção do tipo de placa oclusal mais adequada deve ser feito um estudo
com os modelos montados em articulador semi-ajustável. São critérios de seleção do
tipo de goteira a utilizar os desgastes dentários presentes, o número de dentes, a
presença de erosão ou abrasão, a mobilidade dentária, hipersensibilidade dentária, a
presença de patologia específica, a estabilidade articular assim como dor à palpação
muscular e articular.
Podemos então atribuir às placas interoclusais as seguintes funções
representadas na tabela 3.
Neutralização temporária e reversível das desarmonias oclusais que causam
interferências ou desvios na posição ou nos movimentos mandibulares;
Estabilização dos contactos dentários em cêntrica;
Proporcionar uma posição articular mais estável, funcional e fisiológica;
Estabelecimento de uma posição condilar mais estável;
Neutralização do reflexo neuromuscular condicionado;
Redução ou eliminação da sintomatologia decorrente da hiperatividade muscular;
Redução do desgaste de estrutura dentária no bruxismo excêntrico;
Instrumento auxiliar no diagnóstico diferencial das DTMs;
Estabilização ou recuperação da DVO tolerável pelo paciente durante o tratamento;
Estabilização de dentes com mobilidade;
Eventualmente poderá funcionar como placebo.
Tabela 3 – Funções gerais atribuídas as placas interoclusais (Maciel, 2010).
2.5.3. Toxina Botulínica
A toxina botulínica é produzida por um bacilo anaeróbio Gram positivo que é
conhecido como Clostridium botulinum. Existem vários tipos desta toxina sendo o tipo
A (BTX-A) o mais utilizado e estudado pela área de odontologia.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
19
O seu mecanismo de ação é caracterizado pelo bloqueio da libertação de
acetilcolina na junção neuromuscular levando assim a um estado de paresia muscular
que favorece o relaxamento do músculo, conferindo esta propriedade várias utilidades
em condições em que existe excesso de contração muscular (Tan et al., 2000; Aoki,
2005).
Sendo o bruxismo caracterizado por elevada ação motora da musculatura
mandibular, o uso da BTX-A pode ser benéfico devido à sua capacidade de redução da
atividade motora (Long et al., 2012).
Segundo Lee et al. 2010 pacientes tratados com a toxina botulínica apresentam
resultados significativos no que concerne à diminuição da atividade muscular do
músculo masseter e melhora o prognóstico das sequelas do bruxismo, enquanto a
atividade no músculo temporal não apresentou resultados significativos.
Pacientes submetidos a esta terapêutica afirmam ter diminuído os hábitos
parafuncionais não apresentando efeitos adversos significativos (Bolayir et al., 2005).
Resultados indicam que esta toxina administrada por profissionais é um método
seguro e efetivo para indivíduos com bruxismo severo, principalmente se associado a
disfunções. No entanto, este método apenas deve ser considerado em casos refratários
em que a terapia convencional não obteve os resultados esperados (Tan et al., 2000).
Os efeitos duram cerca de 3 a 6 meses, com redução dos sintomas e da
hipertrofia muscular, tendo que se repetir a injeção de 3 em 3 meses (Alóe, 2009; Alóe
et al., 2003; Bader et al., 2000).
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
20
Em suma é possível afirmar que a terapêutica com BTX-A é um método seguro
e eficaz, com efeitos adversos pouco significativos ou ausentes quando executado
corretamente, traduzindo-se na diminuição dos eventos de bruxismo assim como da dor
muscular associada à parafunção (Stephanie, 2013).
2.5.4. Acupuntura
A acupuntura é cada vez mais procurada pela sociedade em geral, uma vez que é
natural, segura, comprovada e eficaz, sendo uma modalidade que pode ser de extrema
relevância no tratamento de casos de bruxismo não só ao nível sintomático como
também em situações em que o stress e a ansiedade estão fortemente correlacionados
com a parafunção.
A acupuntura é uma terapia natural e não apresenta efeitos colaterais. O paciente
é estimulado por agulhas em pontos específicos (acupontos) o que permite a ativação ou
sedação da energia. O corpo pode responder com a libertação de determinadas
substâncias (endorfina e outras) que têm um efeito analgésico, relaxante e anti-
inflamatório (Quaggio et al., 2002).
Segundo Rosted, 2000, o mecanismo de ação da acupuntura caracteriza-se pela
introdução da agulha em pontos específicos que irão gerar um estímulo nas terminações
nervosas dos músculos, estimulo esse que será processado pelo SNC em três níveis: ao
nível hipotalâmico, onde ocorrerá a ativação do eixo hipotálamo-hipófise que levará à
libertação de β-endorfinas (analgésicos), cortisol (anti-inflamatório) e serotonina
(antidepressivo) na corrente sanguínea; ao nível do mesencéfalo, onde ocorrerá a
ativação de neurónios da substância cinzenta que vão libertar endorfinas e estas vão
estimular a produção de serotonina e norepinefrina e por fim ao nível da espinal medula,
onde ocorre a ativação de interneurónios na substância gelatinosa e a libertação de
dinorfinas.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
21
Estudos demonstraram que a acupuntura é uma terapêutica simples, segura, com
grande potencial e eficiência no tratamento da sintomatologia, inclusive da dor
provocada pelas DTMs (principalmente dores crónicas) (Wong et al., 2003; Rosted,
2006).
Assim, é possível afirmar que a acupunctura é eficaz no mecanismo de analgesia
da atividade muscular e na sensação de relaxamento e bem-estar devido à libertação de
neurotransmissores neuromoduladores como também no mecanismo da microcirculação
e na dissipação da atividade elétrica causada pelo dano de disfunções.
Figura 2 - Pontos de acupunctura E7, E5, TA17, VB3, tayang e yntang (Borin et al., 2011)
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
22
Figura 3 - Ponto de acupunctura GB 43 - xiaxu (Borin et al., 2011)
A acupuntura pode ainda ser utilizada para a diminuição e/ou controlo do stress
e da ansiedade, fatores intimamente relacionados com o bruxismo. Estudos comprovam
que o uso desta técnica é eficaz na redução da sintomatologia do stress e ansiedade
considerando os seus efeitos imediatos (Doria et al., 2012)
2.5.5. Fisioterapia
A fisioterapia é uma área de elevada importância para o restabelecimento da
função muscular e para o tratamento dos sintomas do paciente, abordando várias
terapias, sendo elas: a termoterapia, a eletroterapia (TENS). a cinesioterapia e a
crioterapia.
A termoterapia consiste na utilização de compressas quentes e/ou frias,
provocando vasodilatação no caso do calor, o que facilita a oxigenação das áreas
afetadas, reduzindo os sintomas musculares e provocando um efeito sedativo sobre os
nervos motores sendo essencialmente recomendado em casos crónicos. Por outro lado a
aplicação de frio tem o propósito de reduzir a taxa metabólica local e de promover a
diminuição das necessidades de oxigénio pelas células o que facilita o alongamento de
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
23
contraturas musculares, o alívio do tónus muscular, a diminuição da tensão e o alívio da
dor. Este método não deve exceder os 15 minutos e deve ser aplicado várias vezes por
dia até à resolução dos sintomas (Camparis et al., 2006).
A estimulação elétrica nervosa (TENS) é um recurso da fisioterapia com muitas
indicações no alívio sintomático da dor. É utilizado para estimular as fibras nervosas
que transmitem sinais ao encéfalo, interpretados pelo tálamo como dor. Esta
estimulação gera impulsos elétricos rítmicos criando contrações involuntárias repetidas
o que leva ao relaxamento, diminuindo assim os espasmos e aumentando a circulação
sanguínea nos músculos (Rodrigo et al., 2008).
A cinesioterapia caracteriza-se por exercícios terapêuticos e alterações posturais
e pretende reeducar funcionalmente os componentes músculos-esqueléticos do sistema
estomatognático. Os efeitos desta abordagem alcançam objetivos como o aumento da
amplitude de movimento articular, a melhoria da mobilidade, a nutrição da cápsula e a
melhoria da estabilidade articular. Também tem efeitos relaxantes a nível muscular
melhorando a função dos músculos, aliviando os sintomas de dor e fadiga muscular e
propiciando a consciencialização corporal e propriocetiva do indivíduo (Fuzaro, 2007;
Castro, 2011).
A crioterapia é uma modalidade terapêutica que consiste na utilização do frio
como tratamento e é frequentemente utilizada no tratamento de lesões músculo-
esqueléticas agudas (Schaser, 2007). Há evidências de que a crioterapia produz efeitos
analgésicos, anti-inflamatórios e anestésicos o que promove a restauração estrutural e
funcional favorecendo o processo de reabilitação. Esta abordagem promove a
vascularização superficial e reflexa, diminuindo o fluxo sanguíneo na região,
produzindo assim um efeito anti-inflamatório. O efeito analgésico e anestésico dá-se
com a diminuição da velocidade de condução do impulso nervoso diminuindo também a
excitabilidade dos recetores neuromusculares. A crioterapia apresenta assim resultados
como a diminuição do tônus muscular relaxando a musculatura lisa (Deal et al., 2002).
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
24
Na área da fisioterapia existem várias abordagens dependendo a melhor seleção
terapêutica de caso para caso, no entanto uma abordagem multidisciplinar entre o
dentista, fisioterapeuta, psicólogo e o próprio paciente são fulcrais para a obtenção de
sucesso do tratamento.
2.5.6. Tratamento Farmacológico
O tratamento farmacológico deve atuar como coadjuvante de outras áreas
terapêuticas como a fisioterapia, a psicoterapia e odontologia com o objetivo de
alcançar um efeito terapêutico máximo com o mínimo de resultados indesejados, que
muitas vezes pode ser dificultado pela variabilidade de respostas de indivíduos aos
mesmos fármacos (Pertes et al., 2005).
A farmacoterapia deve apenas ser realizada por médicos aptos com os
conhecimentos necessários sobre os mecanismos de ação dos fármacos bem como dos
seus efeitos adversos e contraindicações, sempre com um diagnóstico bem definido
(Rangel et al., 2011).
Nos dias que correm ainda não existe um tratamento farmacológico que seja um
procedimento padrão ou com validações científicas para o bruxismo, embora já existam
diversos estudos de várias substâncias que podem ajudar no controlo do mesmo, sendo
ainda necessários mais estudos orientados que avaliem a eficácia, segurança e efeitos na
parafunção (Lavigne et al., 2000; Lobezoo et al., 2001).
Segundo Okesson, (2000) a farmacoterapia deve apenas ser utilizada por
períodos limitados, de forma a evitar estados de dependência física e/ou psíquica por
parte do paciente, principalmente quando são utilizados analgésicos, narcóticos ou
substâncias tranquilizantes.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
25
A farmacoterapia é uma forma importante de auxiliar o tratamento do bruxismo
uma vez que consegue atuar em vários pontos como na diminuição da ansiedade, no
controlo da dor, na diminuição dos espasmos musculares e de outros sintomas (Cardoso,
2009; Alencar JR, 2005; Maciel, 2010).
Dentre os fármacos mais utilizados para o tratamento do bruxismo, são
prescritos quando existe dor, analgésicos, anti-inflamatórios e miorrelaxantes e também
são utilizados fármacos para casos agudos e graves do tipo benzodiazepínicos,
anticonvulsivantes, beta adrenérgicos, agentes dopaminérgicos, antidepressivos,
ansiolíticos e relaxantes musculares quando fatores emocionais estão envolvidos (Silva
et al., 2009; Macedo, 2008).
Beta adrenérgicos
Em relação a este grupo é de realçar o propanolol que se tem relatado como
efetivo no tratamento do bruxismo. É um fármaco que ainda necessita de mais estudos
pois ainda não se conhece qual o mecanismo de ação responsável pela sua eficácia mas
pensa-se que a sua ação sedativa indireta ou a redução da atividade da formação
reticular medular ascendente iniba os neurónios motores trigeminais por recetores beta-
adrenérgicos (Bader et al., 2000; Kato et al., 2001; Aloé et al., 2003).
É também de enunciar que o propranolol pode causar efeitos adversos como
insónias, pesadelos e agravar distúrbios respiratórios do sono (Schweitzer et al., 2000).
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
26
Anticonvulsivantes
Os anticonvulsivantes são uma classe de fármacos utilizados na prevenção e
tratamento das crises epiléticas e convulsivas. O mecanismo dos anticonvulsivos
pretende a supressão da ativação rápida e excessiva dos neurónios, preservando-os, a
estabilização da ansiedade e também, segundo alguns autores, a melhoria da
estabilidade do sono por aumento do sono delta e do sono REM (Sammaritano, 2000;
Alóe et al., 2003. Alóe, 2009).
Neste grupo de fármacos é de realçar a gabapentina, que é moduladora dos
canais de sódio, promove o aumento do sono delta, tem efeitos analgésicos com poucos
efeitos tóxicos, reduz a ansiedade e também apresenta, em vários estudos, eficiência
clínica no Síndrome das pernas inquietas e miclonias noturnas, caraterísticas estas que
demonstram um papel fundamental no tratamento do bruxismo (Garcia et al; 2002;
Alóe et al., 2003; Alóe, 2009).
Agentes dopaminérgicos
Esta categoria de fármacos atua ao nível dos recetores de dopamina e têm como
função estimular a atividade do SNC. Segundo alguns autores, estes medicamentos têm
um efeito atenuante nas manifestações do bruxismo, embora ainda sejam necessários
mais estudos de forma a perceber o seu efeito na parafunção (Alóe et al., 2003; Alóe,
2009; Bader et al., 2000).
A administração de doses baixas de dopamina D1/D2 ajuda no controlo do
bruxismo noturno (Shetty et al., 2010)
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
27
Ansiolíticos
Este grupo de fármacos é utilizado na área de odontologia maioritariamente na
pré-medicação de pacientes ansiosos e apreensivos sendo uma boa indicação nos casos
de bruxismo uma vez que a sua utilização é capaz de alterar a reação do paciente ao
stress (Osswald, 2010).
Segundo Bader, et al., 2000 e Alóe et al., 2003 entre os ansiolíticos, os
benziodiazepínicos são os mais utilizados em casos de DTM’s pois têm efeitos como o
relaxamento muscular e a melhoria da qualidade do sono, reduzindo assim hábitos
parafuncionais. É ainda de referir que esta terapêutica farmacológica deve ter em conta
riscos como a dependência, a ataxia, a sedação, os deficits cognitivos e a tolerância
aquando da sua prescrição. Uma vez suspensa a medicação pode-se observar um
reaparecimento da parafunção sendo apenas indicada em situações agudas e num curto
prazo (Shetty et al., 2010; Roehrs et al., 2000).
Antidepressivos
Neste grupo, os antidepressivos mais utilizados para o manuseio do bruxismo
são os tricíclicos, que são capazes de inibir a recaptação de noradrenalina e da
serotonina - sendo que esta última substância é responsável pelo estado de vigília do
cérebro, pela regulação do sono, entre outras funções. Tendo este efeito, este grupo de
fármacos apresenta mecanismos capazes de ajudar no controlo do bruxismo pois, de um
modo geral, os antidepressivos tricíclicos provocam sedação, efeitos anticolinérgicos e
hipotensão ortostática (Osswald, 2010).
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
28
É ainda de referir que os antidepressivos com o perfil antagonista 5-HT2 como a
mirtazapina, a clomipramina, a trazodona, a nefazodona e a ritanserina podem também
ser úteis no controlo da parafunção uma vez que o efeito destas substâncias produz um
aumento do sono em indivíduos normais ou com depressão. Assim, no bruxismo do
sono a atividade orofacial é menos abundante e intensa pela ação destes antidepressivos
que aumentam o sono delta, funcionando como um mecanismo protetor da parafunção
(Aslan et al., 2002; Schweitzer, 2000).
Os antidepressivos têm sido usados empiricamente no tratamento do bruxismo,
necessitando ainda de mais estudos científicos pois não apresentaram grande sucesso na
redução da parafunção (Alóe et al., 2003).
2.5.7. Tratamento Comportamental e Psicológico
O plano de tratamento deve incluir objetivos principais como a
consciencialização, a proprioceção e a redução ao mínimo da tensão emocional do
indivíduo.
Na consciencialização deve ser explicado ao paciente qual a fisiologia da
parafunção, da ATM e as consequências que o hábito pode desencadear, de forma a
obter a colaboração máxima por parte do paciente. Assim quanto maior a
consciencialização do paciente sobre o hábito, melhor será o prognóstico e mais
motivado estará para o envolvimento na terapêutica. Relativamente à proprioceção,
resume-se à capacidade do paciente perceber quando realiza o hábito e as suas
alterações posturais ou funcionais e a partir daí evitar/desaprender esses mesmos
costumes nocivos (Lobbezzo et al., 2008; Shetty et al., 2010).
Segundo alguns autores (Gimenes, 2008) o stress e a ansiedade são fatores
principais no que diz respeito ao agravamento e perpetuação do bruxismo, sendo de
extrema importância evitar esses estados emocionais através de técnicas de higiene do
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
29
sono, de biofeedback, técnicas de relaxamento, técnicas comportamentais, gestão do
stress e ansiedade, acupunctura e aconselhamento (Cawson et al., 2002; Van der
Meulen et al., 2000)
A higiene do sono é baseada num conjunto de instruções que corrigem
determinados hábitos pessoais do indivíduo e que também ajudam no controlo do
ambiente de forma a melhorar a qualidade de sono.
O biofeedback é um treino especializado em que o paciente aprende a relaxar
através da monitorização de várias funções fisiológicas, como os batimentos cardíacos,
a temperatura cutânea, a pressão arterial e também a atividade muscular e eletrodérmica
(Kato et al., 2001; Lavigne et al., 2000).
As técnicas de relaxamento consistem num conjunto de manobras que o
indivíduo pratica para que a musculatura, principalmente mandibular, alcance estados
mais relaxados.
O stress e a ansiedade são fatores permissivos do bruxismo e relativamente ao
seu controlo são tomadas medidas comportamentais e alterações no estilo de vida que
possibilitam a diminuição destes níveis.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
30
3. Discussão
O bruxismo é uma parafunção cada vez mais recorrente e não é consensual qual
a sua melhor abordagem.
Segundo vários autores como Diniz em 2009; Gimenez em 2008 e Pizzol et al.
em 2006, esta parafunção tem diversos fatores etiológicos englobando assim o seu
tratamento várias componentes. Um primeiro autor afirma que a sua origem está
relacionada com fatores locais enquanto outros (Poveda, 2007; Gonçalves et al., 2010)
citam os fatores psicológicos como a principal etiologia da parafunção. As condições
sistémicas segundo Silva et al., 2009; Gonçalves et al., 2010 e Diniz et al., 2009 devem
ser consideradas na origem da parafunção, não esquecendo as disfunções ou alterações
neurológicas e as substâncias estimulantes citadas por Rodrigues et al., 2006; os fatores
hereditários por Wassell, 2008; Diniz et al., 2009 e os fatores ocupacionais e
comportamentais por Silva et al., 2009.
Relativamente ao diagnóstico é de realçar a função do médico dentista uma vez
que cabe a este identificar a parafunção na maioria das vezes, pois as sequelas do hábito
manifestam-se maioritariamente na cavidade oral, tornando assim segundo Shetty et al.,
2010 o exame clínico de extrema importância na identificação de sinais e sintomas
associados ao bruxismo para que seja possível chegar a um correto diagnóstico.
Existem também outros métodos que demonstram eficácia no diagnóstico do
bruxismo como a eletromiografia (Koyano et al., 2008), a polissonografia (Togeiro et
al., 2005) e a utilização de dispositivos intra-orais (Shetty et al., 2010; Koyano, 2008).
Vários parâmetros devem ser avaliados para a classificação do bruxismo
dependendo da forma como se apresenta, da intensidade, do tipo e dos períodos em que
ocorre a parafunção (Lavigne et al.,2008). Aqui também existe uma diferente opinião
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
31
quanto à importância dada a cada parâmetro de classificação como referem Macedo et
al., 2009; Rodrigues. et al., 2006; Silva et al., 2009; Macedo et al., 2009.
No que se refere ao tratamento, na atualidade ainda não existe um consenso
sobre o tratamento ideal para o bruxismo, uma vez que segundo Lobezoo et al., 2008 e
Paesani, 2010 este não apresenta uma cura sendo o objetivo do médico o controlo dos
seus sinais e sintomas.
Hoje em dia existem várias opções terapêuticas para o controlo do paciente
bruxómano e segundo Gonçalves et al., 2010 e Diniz et al., 2009 a ligação de várias
modalidades terapêuticas é a solução mais indicada e eficaz. No fundo a globalização
dos cuidados, não tratando a parafunção de forma isolada.
Surgem então vários métodos/tratamentos de diferentes áreas com o intuito de
melhorar a eficácia na resposta à parafunção apresentando-se terapêuticas na área de
medicina dentária, na fisioterapia, na medicina, na psicologia e em medicinas
alternativas como foi discutido ao longo deste trabalho.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
32
III. Conclusão
Grande parte da população sofre de bruxismo em alguma fase da sua vida e em
intensidades variadas sendo por isso um assunto que deve ser valorizado.
O bruxismo continua a ser uma das grandes incógnitas da odontologia devido à
dificuldade do estabelecimento do plano de tratamento correto. O motivo dessa
dificuldade prende-se sobretudo com a origem multifatorial da parafunção, com o facto
de os efeitos serem lentos e gradativos e de poder ocorrer em períodos de inconsciência
nem sempre detetáveis.
Conclui-se que o bruxismo não tem uma cura e que o objetivo do seu tratamento
se baseia no controlo e prevenção. Isto implica um bom diagnóstico que permita
estabelecer prioridades e a seleção de terapêuticas capazes de controlar a parafunção e
minimizar os seus efeitos.
A terapêutica dependerá da origem da parafunção e dos sinais/sintomas
apresentados. Destacam-se os diversos tratamentos referidos nesta revisão que surgem
como alternativas eficazes principalmente quando são utilizadas em conjunto,
envolvendo várias áreas.
Apesar da etiologia multifatorial desta parafunção e da necessidade de
envolvimento de vários profissionais, o médico dentista tem uma grande
responsabilidade no tratamento do paciente bruxómano. Em primeiro lugar é o
profissional que mais se defronta com a parafunção e também o que possui mais
habilitações para o seu diagnóstico, uma vez que sequelas do bruxismo se manifestam
maioritariamente no sistema estomatognático. Além disso tem o privilégio de contactar
com o paciente regularmente, de criar uma relação de confiança que permite de uma
forma menos comprometedora abordar assuntos delicados que podem estar na base da
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
33
parafunção e assim fazer a ponte para outras áreas da medicina para as quais o doente
jamais recorreria por sua iniciativa.
Pelo exposto é de extrema importância que o médico dentista esteja apto a
reconhecer todos os sinais (ainda que subtis), as diferentes origens da parafunção e
adequar o tratamento. Para isso deve ser realizada uma minuciosa história clínica que
permita obter o maior número de dados para o diagnóstico correto da parafunção.
O médico dentista deve tomar como primeiras medidas após diagnóstico, a
consciencialização do paciente acerca do hábito, procurar a devida motivação por parte
do individuo e explicar os tratamentos disponíveis. O plano de tratamento deve seguir
os seguintes objetivos: redução da tensão física e psicológica; tratamento dos sinais e
sintomas; minimização de interferências oclusais e nos casos multidisciplinares uma
abordagem ampla que contemple a colaboração de várias especialidades.
Dada a complexidade deste assunto conclui-se que continua a ser pertinente a
investigação nesta área, a necessidade de delimitar tarefas entre os profissionais
envolventes, integrar conhecimentos de modo a obter diagnósticos mais precisos e
possibilitar tratamentos multidisciplinares protocolados cientificamente.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
34
IV. Bibliografia
Alencar, Jr., et al. (2005) Oclusão, dores orofaciais e cefaléia. São Paulo. Santos.
Alóe, F., et al (2003). Bruxismo durante o Sono. Revista Neurociências, 11(1), pp. 4-17.
Alóe, F. (2009). Sleep Bruxism Treatment. Sleep science, 2(1), pp.49-52.
American Academy of Sleep Medicine (2005) International classification of sleep
disorders: diagnostic and coding manual. Westchester, Illinois. Second.
Amorim, C., et al. (2014). Effetiveness of two physical therapy interventions, relative to
dental treatment in individuals with bruxism: study protocol of a randomized clinical
trial. Trials, 15(8), pp.2-8.
Aoki K. (2005). Review of a proposed mechanism for the antinociceptive action of
botulinum toxin type A. Neurotoxicology, 26(5), pp. 785-793.
Aslan S., Isik E., Cosar B. (2002).The effects of mirtazapine on sleep: a placebo
controlled, double-blind study in healthy young volunteers. Sleep, 25(6), pp. 666-8.
Bader, G., Lavigne, G. (2000). Sleep bruxism; an overview of an oromandibular sleep
movement disorder. Sleep Medicine Reviews, 4(1), pp. 27–43.
Barbosa, C. (2005). Desgaste Dentário e Prótese Removível. [Tese de Mestrado].
Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, Porto.
Behr, M., et al., (2012). The two main theories on dental bruxism. Annals of Anatomy -
Anatomischer Anzeiger, 194(2), pp. 216 – 219.
Bolayir, G., et al. (2005). Toxin Type-A Practice in Bruxism Cases. Neurology
Psychiatry and Brain Research, 12(1), pp. 43-5.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
35
Borin, G., et al. (2011). Acupuntura como recurso terapêutico na dor e na gravidade da
desordem temporomandibular. Fisioterapia e Pesquisa. 18 (3) pp. 218-9.
Bustamante, G. (2006). Monitorização polissonográfica – Aspectos gerais. Resvista
Medicina, 39(2), pp. 169-184.
Camparis, C., et al. (2006). Sleep bruxism and temporomandibular disorder: Clinical
and polysomnographic evaluation. Archives of oral biology, 51(9), pp. 721-8.
Cardoso, A. (2009). Oclusão e implantodontia. São Paulo. Quintessense.
Castro, A. (2011). Proposta de Recursos Fisioterapêutico em Pacientes Portadores de
Bruxismo Revista Hórus . 5(1), pp 113-122.
Cawson, A., Odell, W., Porter, S. (2002). Essentials of Oral Pathology and Oral
Medicine. Edinburgh: Churchill Livingstone. Seventh.
Costa, A. (2013). Pacientes com Desgaste Dentário e Tratamento com Prótese Fixa.
[Tese de Mestrado]. Universidade Fernando Pessoa, Porto.
Davies, S. et al. (2001). Management of tooth surface loss. Brithish Dental Journal,
192(1), pp. 11-23.
Deal, D., et al ,(2002). Ice reduces edema. A study of microvascular permeability in
rats. American Journal of Bone and Joint Surgery, 84(9), pp. 1573-8.
Dekon, C., Pellizzer, P., et al. (2003). Reabilitação oral em paciente portador de
parafunção severa. Revista Odontológica de Araçatuba, 24(1), pp.54-59.
Diniz, B., Silva, C. (2009). Bruxismo na infância: um sinal de alerta para
odontopediatras. Revista Paul Pediatr. 27(3), pp.329-334.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
36
Doria, M., Lipp, M., Silva, D. (2012). O Uso da Acupuntura na Sintomatologia do
Stress. Psicologia: Ciência e Profissão, 32(1), pp.34-51.
F. Lobbezoo, et al. (2008). Principles for the management of bruxism. Journal of Oral
Rehabilitation, 35(7), pp. 509–523
Fuzaro, J. (2007). ATM e Fisioterapia: uma revisão. [Tese de Mestrado]. Faculdade de
Odontologia de Ribeirão Preto
Garcia-Borroguero, et al. (2002). Treatment of restless legs síndrome with gabapentin.
Neurology, 59(10), pp. 1573-9.
Gimenes, M. (2008). Bruxismo aspectos clínicos e tratamentos. [Em Linha]. Disponível
em http://www.portaleducacao.com.br/odontologia/artigos/2909/bruxismo-aspectos-
clinicos-e-tratamento. [Consultado em 29/07/2016].
Gomes, A., et al. (2012). Tratamento do stresse psicológico pela acupuntura, avaliado
pela eletromiografia do músculo trapézio. Revista Dor, 13(3), pp. 220-4.
Gonçalves, V., Toledo, A. et al. (2010). Relações entre bruxismo, fatores oclusais e
hábitos locais. Dental Press Jounal of Orthodontics, 15(2), pp.97-104.
Haggiag, A. (2010). O bruxismo nosso de cada dia. Revista da Associação Paulista de
Cirurgiões Dentistas. 64(2), pp.144-5.
Johansson, A. et al. (2011). Bruxism and prosthetic treatment: A critical review.
Journal of Prosthodontic Research, 55(3), pp. 127-136.
Kalantzis, A., Scully, C. (2005). Oxford Handbook of Dental Patient Care, The
Essential Guide to Hospital Dentistry. New York: Oxford University Press. Second.
Kato, T., et al. (2001). Bruxism and orofacial movements during sleep. Sleep Medicine
Reviews, 45(4), pp. 657-84
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
37
Kato, T., et al. (2003) Evidence that experimentally induced sleep bruxism is a
consequence of transient arousal. Journal of Dental Research, 82(4), pp. 284-288.
Koyano, K., et al., (2008). Review Article: Assessment of Bruxism in the clinic.
Journal of Oral Rehabilitation. 35(7), pp.495-508.
Lavigne, J., et al., (2008). Review Article: Bruxism Physiology and Patology: an
overview for clinicians. Journal of Oral Rehabilitation. 35(7), pp.476-494.
Lavigne, GJ., Manzini, C. (2000). Bruxism. In: Kryger, M., Roth T, Dement W.
Principles and practice of sleep medicine. Philadelphia. Third.
Lee, J., et al., (2010). Effect of botulinum toxin injection on nocturnal bruxism: a
randomized controlled trial. American Journal of Physical Medicine and Rehabilitation.
89(1), pp.16-23.
Lobbezoo F., Naeije M. (2001). Bruxism is mainly regulated centrally, not peripherally.
Journal of Oral Rehabilitation. 28(12), pp. 1085-91
Lobezoo, F., Zaag, D., Naeije, M. (2006). Bruxism: its multiples causes and its effects
on dental implants - an updated review. Journal of Oral Rehabilitation. 33(4), pp. 293-
300.
Lobbezzo F et al. (2006). Dental implants in patients with bruxing habits. Journal of
Oral Rehabilitation, 33(2), pp. 152-159.
Lobbezzo F et al. (2008). Principles for the managent of bruxism. Journal of Oral
Rehabilitation, 35(7), pp. 509-523.
Long, H., (2012). Efficacy of botulinum toxins on bruxism: an evidence-based review
International Dental Journal, 62(1), pp. 1–5.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
38
Macedo, C. R. (2008). Bruxismo do sono. Revista Dental Press Ortodon Ortop Facial,
13(2), pp. 18-22.
Macedo, R., et al. (2009). Pharmacotherapy for sleep bruxism. Cochrane Database
Systematic Reviews. 36(2). pp.86–92.
Macedo, R., et al. (2007). Occlusal splints for treating sleep bruxism (tooth
grinding). Cochrane Database of Systematic Reviews. 17(4), pp.1-3
Maciel, R. (2010). Bruxismo. São Paulo. Artes Médicas.
Makino M, et al. (2009) The relationship between sleep bruxism behavior and salivary
stress biomarker level. International Journal of Prosthodontics. 22(1), pp. 43-8.
Manfredini, D. et al. (2011). Bruxism: Overview of current Knownledge and
suggestions for dental implants planning. The Journal of Craniomandibular Practice,
29(4), pp. 304-312.
Meulen, V., Lobbezoo, F., Naeije, M. (2000). Role of the psychologist in the treatment
of bruxism. Ned Tijdschr Tandheelkd. 107(7), pp. 297–300.
Meyers, I. (2008). Diagnosis and management of the worn dentition: risk management
and pre-restorative strategies for the oral and dental environment, Annals of the Royal
Australasian College of Dental Surgeons, 19(6), pp. 27-30.
Molina, F., et al. (2002). Uma análise crítica dos sistemas de classificação sobre o
bruxismo: implicações com o diagnóstico, severidade e tratamento dos sinais e sintomas
de DTM associados com o hábito. Jornal Brasileiro de Oclusão, ATM e Dor Orofacial,
2(5), pp.61-9.
Murali, R., Rangarajan, P., Mounissamy, A. (2015) Bruxism: Conceptual discussion
and review. Journal of Pharmacy and Bioallied Science. 7(1), pp. 265–270.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
39
Okeson, P. (2008). Etiologia e Identificação dos Distúrbios Funcionais do Sistema
Mastigatório. Lexington, Kentuchy. Sixth.
Okesson P. (2000). Tratamento das desordens têmporomandibulares e oclusão. São
Paulo. Forth.
Oliveira, E., Carmo, C. (2000). Placa de mordida interoclusal para tratamento de
bruxismo. Revista do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais, 7(3),
pp.183-186.
Osswald, V. (2010) Prontuário Terapêutico. [Em linha]. Disponível em
http://www.infarmed.pt/prontuario/index.php. [Consultado em 20/07/2016].
Paesani, A. (2010). Bruxism. Theory and practice, London. Quintessence.
Pertes, A., Gross, G. (2005). Tratamento clínico das disfunções têmporomandibulares e
da dor orofacial. São Paulo. Quintessence.
Pizzol, C., et al., (2006). Bruxismo na infância: fatores etiológicos e possíveis
tratamentos. Revista de odontologia da Universidade Estadual Paulista. 35(2). pp.157-
63.
Poveda, R., et al. (2007). Review of temporomandibular joint pathology. Part I:
Classification, epidemiology and risk factors. Medicina Oral, Patología Oral y Cirurgía
Bucal. 12(4), pp. 292–8.
Primo, P., Miura, C., Boleta, D. (2009). Considerações Fisiopatológicas Sobre o
Bruxismo. Arquivos de Ciências da Saúde da Universidade Paranaense, 13(3), pp.263-
266.
Quaggio, A., et al. (2002) A utilização da acupuntura em desordens craniomandibulares.
Jornal Brasileiro de Oclusão, ATM e Dor Orofacial, 2(8), pp.334-337..
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
40
Rangel, R., et al., (2011). Os Fármacos na Etiologia e Tratamento do Bruxismo. Revista
Brasileira de Ciências da Saúde, 14(4), pp.91-96.
Reddy, S. et al. (2014). Bruxism: A literature Review. Journal of International Oral
Health, 6(6), pp.105-109.
Rodrigo, P., Leandro, A., Neli, M. (2008) Estimulação Elétrica Transcutânea do Nervo
(TENS) na Dor Oncológica - uma Revisão da Literatura, Revista Brasileira de
Cancerologia, 54(2), pp. 193-199.
Rodrigues, C., et al., (2006). Bruxismo: uma revisão da literatura. Ciências Biológicas e
da. Saúde, 12(3), pp. 13-21.
Roehrs T, Roth T. (2000). Hypnotics: efficacy and adverse effects. In: Kryger M; Roth,
Dement W. Principles and practice of sleep medicine. Philadelphia, Third.
Rosted, P. (2000). Introduction to acupuncture in dentistry. British Dental Journal,
189(3), pp.136- 140.
Rosted, P., Bundgaard, M., Pedersen, L. (2006). The use of acupuncture in the treatment
of temporomandibular dysfunction. Acupuncture In Medicine, 24(1), pp. 16-22.
Sammaritano M, Sherwin A. (2000) Effect of anticonvulsants on sleep. Neurology,
54(1), pp. 16-24.
Schaser, D., et al. (2007). Prolonged superficial local cryotherapy attenuates
microcirculatory impairment, regional inflammation, and muscle necrosis after closed
soft tissue injury in rats. American Journal of Sports Medicine. 35(1). pp.93-102.
Schweitzer, P., et al (2000). Drugs that disturb sleep and wakefulness - Principles and
practice of sleep medicine. Philadelphia, Third.
Shetty, S., et al. (2010). Bruxism: A literature review. Journal of Indian Prosthodontics
Society., 10(3), pp. 141–8.
Paciente Bruxómano e as suas Opções Terapêuticas
41
Silva, S., Castisano, H. (2009). Bruxismo etiologia e tratamento. Revista Brasileira de
odontologia, 66(2), pp. 223-227.
Stephanie, A. (2013) A utilização de Toxina botulínica A para bruxismo: Revisão de
Literatura Revista brasileira de odontologia, 70(2), pp. 202-4
Tan, K., Jankovic, J. (2000). Treating Severe Bruxism with Botulinum Toxin.
American Journal of Dental Association, 131(2), pp. 211-6.
Togeiro, S. M. G. P. a S.m Anna Karla, (2005). Métodos diagnósticos nos distúrbios do
sono. Revista Brasileira Psiquiatra. 27(1), pp.8-15.
Tonella, R., Araújo, S., Silva, Á. (2006). Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea no
Alívio da Dor Pós-Operatória Relacionada com Procedimentos Fisioterapêuticos em
Pacientes Submetidos a Intervenções Cirúrgicas Abdominais. Revista Brasileira de
Anestesiologia. 56(6), pp. 630-642.
Wassell, R., et al. (2008). Applied Occlusion. London Quintessence.
Wong, Y., Cheng, J. (2003). A case series of temporomandibular disorders treated with
acupuncture, occlusal splint and point injection therapy. Acupuncture In Medicine,
21(4), pp.138-149.
Zenari, S., Bitar, L. (2010). Fatores associados ao bruxismo em crianças de 4 a 6 anos.
Pró-fono revista de atualização científica, 22(4), pp. 465-72.