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Queridos fiéis, neste trimestre comemoram-se as solenidades do Preciosíssimo Sangue (1 Julho) e a exaltação da Santa Cruz (14 Setembro) de Nosso Senhor Jesus Cristo. O Preciosíssimo Sangue corre na Santa Missa saindo das Chagas de Cristo na Cruz. Todas as devoções não igualam o sublime Sacrifício, que actualiza, duma forma incruenta, o perpétuo Sa- crifício de Cristo. Contudo, o oferecimento do Sangue de Cristo em acto devocionário pelos fiéis tem um valor infinito e é desejável por Deus. Podemos ter esta certeza pelas palavras de santa Madalena de Pazzi, que oferecendo diariamente o Preciosíssimo San- gue, afirmou: «que todas as vezes que uma criatura oferece este Sangue pelo qual foi resgatada, oferece uma dádiva de um preço infinito». Disse ainda Nosso Senhor à Irmã Marta Chambon (1841-1907): «todas as vossas acções, mergulhadas no Meu Sangue, adquirirão, por isso um mérito infinito e contentarão o Meu Coração». A devoção ao Precisíssimo Sangue está intimamente ligada à das Santas Chagas, pois foram elas que O derramaram. Por isso, Nosso Senhor dizia a esta Religiosa que «deveis pedir-Me a perseverança no amor às minhas Chagas, porque elas são a fonte de todas as graças. É preciso invoca-las muitas vezes… falar delas e insistir muitas vezes, para imprimir essa devoção nas almas…. Concederei tudo o que Me pedirem pela invocação às Santas Chagas. Obtereis tudo, porque é o mérito do Meu Sangue, que é dum preço infinito». É pois vontade de Deus que se ofereça «muitas vezes as minhas divinas Chagas ao meu Eterno Pai, porque por esse meio há-de vir o triunfo da Igreja, o qual passará pela minha Mãe Imaculada». Nossa Senhora disse em Fátima: «por fim, o Meu Coração Imaculado triunfará». Aumentemos a nossa devoção à Virgem Santíssima na recitação do rosário e nas práticas de devoção em Sua honra neste tempo de apostasia. O Rosário rezado conjuntamente com a meditação dos mistérios: 1) eleva-nos gradual- mente ao conhecimento perfeito de Jesus Cristo; 2) purifica as nossas almas do pecado; 3) torna-nos vitoriosos sobre todos os nossos inimigos; 4) facilita-nos na prática das vir- tudes; 5) provoca em nós um amor mais ardente por Jesus; 6) enriquece-nos de graças e de méritos e, 7) proporciona-nos os meios para pagar as nossas dívidas, quer diante de Deus quer diante dos homens e, finalmente, alcança-nos toda a espécie de graças. Aproveito esta oportunidade para convidar todos os fiéis para a comemoração das mi- nhas bodas Sacerdotais a realizar no dia 29 de Setembro do corrente ano, na Capela de Lisboa. Será uma alegria contar com os fiéis não só na Missa, mas também no almoço e confraternização que lhe seguirá. No final desta publicação encontrarão algumas ideias sobre a coordenação e realização deste evento. Nesse domingo não celebrarei em Argon- cilhe. Abençoo-vos, Padre Anselmo

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Queridos fiéis,

neste trimestre comemoram-se as solenidades do Preciosíssimo Sangue (1 Julho) e a exaltação da Santa Cruz (14 Setembro) de Nosso Senhor Jesus Cristo. O Preciosíssimo Sangue corre na Santa Missa saindo das Chagas de Cristo na Cruz. Todas as devoções não igualam o sublime Sacrifício, que actualiza, duma forma incruenta, o perpétuo Sa-crifício de Cristo. Contudo, o oferecimento do Sangue de Cristo em acto devocionário pelos fiéis tem um valor infinito e é desejável por Deus. Podemos ter esta certeza pelas palavras de santa Madalena de Pazzi, que oferecendo diariamente o Preciosíssimo San-gue, afirmou: «que todas as vezes que uma criatura oferece este Sangue pelo qual foi resgatada, oferece uma dádiva de um preço infinito». Disse ainda Nosso Senhor à Irmã Marta Chambon (1841-1907): «todas as vossas acções, mergulhadas no Meu Sangue, adquirirão, por isso um mérito infinito e contentarão o Meu Coração». A devoção ao Precisíssimo Sangue está intimamente ligada à das Santas Chagas, pois foram elas que O derramaram. Por isso, Nosso Senhor dizia a esta Religiosa que «deveis pedir-Me a perseverança no amor às minhas Chagas, porque elas são a fonte de todas as graças. É preciso invoca-las muitas vezes… falar delas e insistir muitas vezes, para imprimir essa devoção nas almas…. Concederei tudo o que Me pedirem pela invocação às Santas Chagas. Obtereis tudo, porque é o mérito do Meu Sangue, que é dum preço infinito». É pois vontade de Deus que se ofereça «muitas vezes as minhas divinas Chagas ao meu Eterno Pai, porque por esse meio há-de vir o triunfo da Igreja, o qual passará pela minha Mãe Imaculada». Nossa Senhora disse em Fátima: «por fim, o Meu Coração Imaculado triunfará». Aumentemos a nossa devoção à Virgem Santíssima na recitação do rosário e nas práticas de devoção em Sua honra neste tempo de apostasia.

O Rosário rezado conjuntamente com a meditação dos mistérios: 1) eleva-nos gradual-mente ao conhecimento perfeito de Jesus Cristo; 2) purifica as nossas almas do pecado; 3) torna-nos vitoriosos sobre todos os nossos inimigos; 4) facilita-nos na prática das vir-tudes; 5) provoca em nós um amor mais ardente por Jesus; 6) enriquece-nos de graças e de méritos e, 7) proporciona-nos os meios para pagar as nossas dívidas, quer diante de Deus quer diante dos homens e, finalmente, alcança-nos toda a espécie de graças.

Aproveito esta oportunidade para convidar todos os fiéis para a comemoração das mi-nhas bodas Sacerdotais a realizar no dia 29 de Setembro do corrente ano, na Capela de Lisboa. Será uma alegria contar com os fiéis não só na Missa, mas também no almoço e confraternização que lhe seguirá. No final desta publicação encontrarão algumas ideias sobre a coordenação e realização deste evento. Nesse domingo não celebrarei em Argon-cilhe.

Abençoo-vos,

Padre Anselmo

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Em ��6 de maio de �86�� (São) JoãoDom Bosco tinha prometido a seusjovens que lhes narraria algo muitoagradável nos últimos dias do mês.Em30demaio,pois,denoitecontou-lhesumaparábolaousonhosegundoele quis denominá-la. Eis aqui suaspalavras:

“Quero-lhes contar um sonho. É certo que o que sonha não raciocina; contudo, eu que contaria a Vós até meus pecados se não temesse que saíssem fugindo as-sustados, ou que caísse a casa, este o vou contar para seu bem espiritual. Este so-nho o tive faz alguns dias.

Figurem-se que estão comigo junto à praia, ou melhor, sobre um escolho iso-lado, do qual não vêem mais terra que a que têm debaixo dos pés. Em toda aquela vasta superfície líquida via-se uma mul-tidão incontável de naves dispostas em ordem de batalha, cujas proas termina-vam em um afiado esporão de ferro em forma de lança que fere e transpassa todo aquilo contra o qual arremete. Estas naves estão armadas de canhões, carre-gadas de fuzis e de armas de diferentes classes; de material incendiário e tam-bém de livros, e dirigem-se contra outra

nave muito maior e mais alta, tentando cravar-lhe o esporão, incendiá-la ou ao menos fazer-lhe o maior dano possível.

A esta majestosa nave, provida de tudo, fazem escolta numerosas navezinhas que dela recebiam as ordens, realizando as oportunas manobras para defender-se da frota inimiga. O vento lhes era ad-verso e a agitação do mar parece favore-cer aos inimigos.

Em meio da imensidão do mar levan-tam-se, sobre as ondas, duas robus-tas colunas, muito altas, pouco dis-tantes a uma da outra. Sobre uma delas está a estátua da Virgem Ima-culada, a cujos pés vê-se um amplo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum.(Auxilio dos Cristãos) Sobre a outra coluna, que é muito mais alta e mais grossa, há uma Hóstia de tamanho proporcionado ao pedestal e debaixo dela outro cartaz com estas palavras: Salus credentium.(Salvação dos crentes)

O comandante supremo da nave maior, que é o Romano Pontífice, ao perceber o furor dos inimigos e a situação difícil em que se encontram seus fieis, pensa em convocar a seu redor aos pilotos das

AsDuasColunas:aEucaristiaeaDevoçãoàSantíssimaVirgem

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naves ajudantes para celebrar conselho e decidir a conduta a seguir. Todos os pilo-tos sobem à nave capitaneada e congre-gam-se ao redor do Papa. Celebram con-selho; mas ao ver que o vento aumenta cada vez mais e que a tempestade é cada vez mais violenta, são enviados a tomar novamente o mando de suas respectivas naves.

Restabelecida por um momento a calma, O Papa reúne pela segunda vez aos pi-lotos, enquanto a nave capitã continua seu curso; mas a borrasca torna-se nova-mente espantosa.

O Pontífice empunha o leme e todos seus esforços vão encaminhados a dirigir a nave para o espaço existente entre aque-las duas colunas, de cuja parte superior pendem numerosas âncoras e grosas ar-golas unidas a robustas cadeias.

As naves inimigas dispõem-se todas a assaltá-la, fazendo o possível por deter sua marcha e por afundá-la. Umas com os escritos, outras com os livros, outras com materiais incendiários dos que con-tam em grande abundância, materiais que tentam arrojar a bordo; outras com os canhões, com os fuzis, com os espo-rões: o combate torna-se cada vez mais encarniçado. As proas inimigas chocam-se contra ela violentamente, mas seus es-forços e seu ímpeto resultam inúteis. Em vão reatam o ataque e gastam energias

e munições: a gigantesca nave prossegue segura e serena seu caminho.

Às vezes acontece que por efeito dos ataques de que lhe são objeto, mostra em seus flancos uma larga e profunda fenda; mas logo que produzido o dano, sopra um vento suave das duas colunas e as vias de água fecham-se e as fendas desaparecem.

Disparam enquanto isso os canhões dos assaltantes, e ao fazê-lo arrebentam, rompem-se os fuzis, o mesmo que as demais armas e esporões. Muitas naves destroem-se e afundam no mar. Então, os inimigos, acesos de furor começam a lutar empregando a armas curtas, as mãos, os punhos, as injúrias, as blasfê-mias, maldições, e assim continua o com-bate.

Quando eis aqui que o Papa cai ferido gravemente. Imediatamente os que lhe acompanham vão a ajudar-lhe e o levan-tam. O Pontífice é ferido uma segunda vez, cai novamente e morre. Um grito de vitória e de alegria ressoa entre os inimigos; sobre as cobertas de suas na-ves reina um júbilo inexprimível. Mas apenas morto o Pontífice, outro ocupa o posto vacante. Os pilotos reunidos o es-colheram imediatamente; de sorte que a notícia da morte do Papa chega com o da eleição de seu sucessor. Os inimigos co-meçam a desanimar-se.

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O novo Pontífice, vencendo e superando todos os obstáculos, guia a nave em volta das duas colunas, e ao chegar ao espaço compreendido entre ambas, a amarra com uma cadeia que pende da proa uma âncora da coluna que ostenta a Hóstia; e com outra cadeia que pende da popa a sujeita da parte oposta a outra âncora pendurada da coluna que serve de pedes-tal à Virgem Imaculada. Então produz-se uma grande confusão. Todas as naves que até aquele momento tinham lutado contra a embarcação capitaneada pelo Papa, dão-se à fuga, dispersam-se, cho-cam entre si e destroem-se mutuamente. Umas ao afundar-se procuram afundar às demais. Outras navezinhas que com-bateram valorosamente às ordens do Papa, são as primeiras em chegar às co-lunas onde ficam amarradas.

Outras naves, que por medo ao combate retiraram-se e que se encontram muito distantes, continuam observando pru-dentemente os acontecimentos, até que, ao desaparecer nos abismos do mar os restos das naves destruídas, remam ra-pidamente em volta das duas colunas, e chegando às quais se amarram aos gan-chos de ferro pendentes das mesmas e ali permanecem tranqüilas e seguras, em companhia da nave capitã ocupada pelo Papa. No mar reina uma calma absolu-ta.”

Ao chegar a este ponto do relato,(São)JoãoDomBoscoperguntouao(Beato)MiguelDomRúa:

—Oquepensasdestanarração?

O (Beato) Miguel Dom Rúa respon-deu:

—Parece-mequeanavedoPapaéaIgreja da qual ele é a Cabeça: as ou-tras naves representam aos homenseomaraomundo.OsquedefendemàembarcaçãodoPontíficesãoosfieisàSantaSe;osoutros,seus inimigos,quecomtodasortedearmastentamaniquilá-la.Asduascolunassalvado-ras parece-me que são a devoção aMaríaSantíssimaeaoSantíssimoSa-cramentodaEucaristia.

O (Beato) Miguel Dom Rúa não fezreferência ao Papa cansado e mortoe (São) João Dom Bosco nada dissetampouco sobre este particular. So-menteacrescentou:

— Hás dito bem. Somente terei quecorrigirumaexpressão.Asnavesdosinimigos são as perseguições. Prepa-ram-se dias difíceis para a Igreja. Oque até agora aconteceu (na históriada Igreja) é quase nada em compa-ração ao que tem de acontecer. Osinimigos da Igreja estão represen-tados pelas naves que tentam afun-dar a nave principal e aniquilá-la se

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pudessem. Só ficam dois meios parasalvar-se dentro de tanto desconcer-to!DevoçãoaMaria.FreqüênciadosSacramentos: Comunhão freqüente,empregando todos os recursos parapraticá-la nós e para fazê-la praticaraoutrossempreeemtodomomento.Boanoite!

Asconjecturasquefizeramosjovenssobreestesonhoforammuitíssimas,especialmente no referente ao Papa;mas(São)JoãoDomBosconãoacres-centounenhumaoutraexplicação.

Quarentaeoitoanosdepois-em�907

-umantigoaluno,cônegoDomJoãoMa.Bourlotrecordavaperfeitamenteaspalavrasde(São)JoãoDomBosco.

Temosqueconcluirdizendoquemui-tos consideraram este sonho comoumaverdadeiravisãoouprofecia,em-bora(São)JoãoDomBoscoaonarrá-loparecequenãosepropôsoutracoi-saque,induziraosjovensarezarpelaIgrejaepeloSumoPontíficeinculcan-do-lhes ao mesmo tempo a devoçãoaoSantíssimoSacramentoeaMariaSantíssima.

(M.B.VolumeVII,págs.�69-�7�)

ÓSantoPontífice,fielservodoSenhor,fielehumildediscípulododivinoMes-tre.Nadorenaalegria,nostrabalhosenassolicitudes,experimentadopastordorebanhodeCristo,volveiovossoolharsobrenós.

Árduossãoostemposemquevivemos.Durasasfadigasquedenósexigem.AEsposadeCristo,confiadaaosvossoscuidados,estádenovoemangústiasterríveis.Osvossosfilhossevêemameaçadosporinúmerosperigosnaalmaenocorpo.

Oespíritodomundo,qualleãoenfurecido,rodeia-nosbuscandoaquemdevo-rar.Nãopoucoscaemnassuasgarras.Têmolhosenãovêem.Têmouvidosenãoouvem.Fechamosolhosàluzdaeternaverdade,preferindodarouvidos

OraçãoaSãoPioXpelaSantaIgrejadeDeus

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àsvozesqueinsinuammensagensenganadoras.

VósquefostesnaterragrandeanimadoreguiadopovodeDeus,sedeauxílioeintercessornossoedetodososqueseprofessamseguidoresdeCristo.

Vós,cujocoraçãoserompeuquandoomundoseprecipitouemsanguinolentaluta, socorrei a humanidade, a cristandade, exposta presentemente a seme-lhantesabalos.

Obtende-nosdamisericórdiadivinaodomdapazduradourae,comoaproxi-mação,oretornodosespíritosàquelesentidodefraternidade,quesomentepodedaraoshomenseasnaçõesajustiçaeaconcórdiadesejadasporDeus.Assimseja.

Por ocasião do ���º aniversáriodas sagrações, os bispos da Fra-ternidade Sacerdotal São Pio Xexpressam solenemente sua gra-tidão a Dom Marcel Lefebvre eaDomAntóniodeCastroMayerpeloactoheróicoquenãotiverammedoderealizarem30deJunhode �988. Mais particularmente,querem manifestar a sua grati-dãofilialaoseuveneradofunda-dor que, depois de tantos anosde serviço à Igreja e ao RomanoPontífice,parasalvaguardaraféeosacerdóciocatólico,nãohesitouempadecerainjustaacusaçãodedesobediência.

Na carta que nos dirigiu antes

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das sagrações, escreveu: “Eu vosconjuroapermanecerunidosàSédePedro,àIgrejaromana,MãeeMestradetodasas Igrejas,nafécatólica íntegra, expressada nosSímbolos da fé, no catecismo doConcílio de Trento, conforme oque vos foi ensinado no vossoseminário. “Permanecei fiéis natransmissãodestaféparaqueve-nha o Reino de Nosso Senhor”.Esta frase expressa bem a razãoprofundadoactoqueiriarealizar:“paraquevenhaoReinodeNossoSenhor”,adveniatregnumtuum!

Seguindo Dom Lefebvre, afirma-mosqueacausadosgraveserrosqueestãodemolindoaIgrejanão

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Declaraçãoporocasiãodo���ºaniversáriodassagraçõesepiscopais

(30 de junho de 1988 – 27 de junho de 2013)

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reside na má interpretação dostextosconciliares–uma“herme-nêuticadaruptura”queseoporiaauma“hermenêuticadareformanacontinuidade”-,masnospró-priostextos,porcausadainauditalinhaescolhidapeloconcílioVati-canoII.Estaescolhamanifesta-senosdocumentosenoseuespírito:diantedo“humanismolaicoepro-fano”,dianteda“religião(poissetratadeumareligião)dohomemque se faz Deus”, a Igreja, únicadetentoradaRevelação“doDeusquesefezhomem”,quisdaraco-nheceroseu“novohumanismo”,dizendoaomundomoderno:“nóstambém, mais do que ninguém,temosocultodohomem”(PauloVI, Discurso de encerramento, 7dedezembrode�96�).Noentan-to, essa coexistência do culto deDeusedocultodohomemopõe-se radicalmente à fé católica queensinaadarocultosupremoeoprimadoexclusivamenteaoúnicoDeus verdadeiro e ao Seu únicoFilho,JesusCristo,emquem“ha-bita corporalmente a plenitudedadivindade”(Col.��,9).

SomosobrigadosaconstatarqueesteConcílioatípico,quequisserapenaspastoralenãodogmático,inaugurou um novo tipo de ma-gistério, desconhecido até entãonaIgreja,semraízesnaTradição;ummagistériodecididoaconciliaradoutrinacatólicacomas ideiasliberais; um magistério imbuído

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dos princípios modernistas dosubjectivismo, do imanentismoe na perpétua evolução segundoofalsoconceitodetradiçãoviva,viciandoanatureza,oconteúdo,afunçãoeoexercíciodomagisté-rioeclesiástico.

Desde então, o reino de Cristodeixou de ser a preocupação dasautoridades eclesiásticas, apesardestas palavras de Cristo: “todopoder me foi dado na terra e nocéu” (Mat. ��8, �8) continuaremsendoumaverdadeeumarealida-deabsolutas.Negá-lasnosfactossignificanãoreconhecernapráti-caadivindadedeNossoSenhor.Assim, por causa do Concílio, arealeza de Cristo sobre as socie-dades humanas simplesmente éignorada,oucombatida,eaIgrejaé arrastada por esse espírito li-beral que se manifesta especial-mente na liberdade religiosa, noecumenismo, na colegialidade enamissanova.

AliberdadereligiosaexpostaporDignitatishumanaeenasuaapli-caçãopráticaporcinquentaanosconduzemlogicamenteapediraoDeusfeitohomemquerenuncieareinarsobreohomemquesefazDeus, o que equivale a dissolverCristo.Ao invésdeumacondutainspirada por uma fé sólida nopoderrealdeNossoSenhorJesusCristo,vemosa Igrejavergonho-samente guiada pela prudência

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humanaeduvidandoatalpontode si mesma que não pede aosEstados nada além daquilo queas lojas maçónicas lhe queremconceder: o direito comum, nomesmo nível e entre as outrasreligiões, que ela não ousa maischamardefalsas.

Emnomedeumecumenismoom-nipresente (Unitatis redintegra-tio)edeumvãodiálogointer-re-ligioso(NostraAetate),averdadesobre a única Igreja é silenciada;assim,umagrandepartedospas-toresedosfiéis,nãovendomaisemNossoSenhorenaIgrejacató-licaaúnicaviadesalvação,renun-ciaramaconverterosadeptosdasfalsas religiões, deixando-os naignorânciadaúnicaVerdade.Esteecumenismo literalmente matouoespíritomissionáriopelabuscadeumafalsaunidade,reduzindomuito frequentemente a missãoda Igreja à transmissão de umamensagemdepazpuramenteter-restre e a um papel humanitáriode alívio da miséria no mundo,colocando-se assim atrelada àsorganizaçõesinternacionais.

AdebilidadedafénadivindadedeNossoSenhorfavoreceadissolu-çãodaunidadenaautoridadenaIgreja, introduzindo um espíritocolegial,igualitárioedemocrático(cf.LumenGentium).Cristonãoémaisacabeçadaqualtudopro-vém,emparticularoexercícioda

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autoridade.ORomanoPontífice,quenãoexercemaisefectivamen-teaplenitudedasuaautoridade,assimcomoosbisposque–con-trariamente ao ensinamento doVaticano I – crêem poder com-partilhar colegialmente de modohabitualaplenitudedopodersu-premo,colocam-sedaíemdiante,comospadres,àescutaeatrásdo“povodeDeus”,novosoberano.Éadestruiçãodaautoridadee,emconsequência, a ruína das insti-tuições cristãs: famílias, seminá-rios,institutosreligiosos.

A missa nova, promulgada em�969,debilitaaafirmaçãodorei-nodeCristopelaCruz(“regnavita ligno Deus”). De facto, o seupróprioritoatenuaeobscureceanatureza sacrificial e propiciató-riadosacrifícioeucarístico.Sub-jacente a esse novo rito, encon-tra-se a nova e falsa teologia domistériopascal.Ambosdestroemaespiritualidadecatólicafundadasobre o sacrifício de Nosso Se-nhornoCalvário.Estamissaestápenetradadeumespíritoecumé-nicoeprotestante,democráticoehumanista,queremoveosacrifí-cio da Cruz. Ela ilustra tambéma nova concepção do “sacerdóciocomum dos baptizados” que es-conde o sacerdócio sacramentaldopadre.

CinquentaanosdepoisdoConcí-lioascausaspermanecemecon-

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tinuam produzindo os mesmosefeitos,demodoquehojeaquelassagrações episcopais conservamtodaasua justificação.Éoamorpela Igreja que guiou Dom Lefe-bvre e que guia os seus filhos. Éomesmodesejode“transmitirosacerdóciocatólicoemtodaasuapureza doutrinal e sua caridademissionária” (Dom Lefebvre, Avidaespiritual)queanimaaFra-ternidadeSãoPioXnoserviçoàIgreja, quando pede com instân-cia às autoridades romanas dereassumir o tesouro da Tradiçãodoutrinal,moralelitúrgica.

Este amor pela Igreja explica aregra que Dom Lefebvre sempreobservou: seguir a Providênciaem todo momento, sem jamaispretender antecipá-la. Entende-mosquefazemosomesmo,querRomaregresselogoàTradiçãoeàfédesempre–oquerestabeleceráaordemnaIgreja-,querelanosreconheçaexplicitamenteodirei-todeprofessarintegralmenteaféederejeitaroserrosquelhesãocontrários, com o direito e o de-verdenosopormospublicamen-

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teaoserroseaosfautoresdesseserros,sejaquemfor–oqueper-mitiráumcomeçodorestabeleci-mentodaordem.Naesperadisso,ediantedestacrisequecontinuaseusestragosnaIgreja,persevera-mosnadefesadaTradiçãocatóli-caeanossaesperançapermaneceíntegra,poissabemoscomfécer-taque“asportasdo infernonãoprevalecerãocontraela”(Mat.�6,�8).

Entendemosassimseguiraexor-taçãodonossoqueridoevenera-do pai no episcopado: “Queridosamigos, sede o meu consolo emCristo, permanecei fortes na fé,fiéis ao verdadeiro sacrifício damissa, ao verdadeiro e santo sa-cerdócio de Nosso Senhor, parao triunfo e a glória de Jesus nocéuenaterra”(Cartaaosbispos).Que a Santíssima Trindade, porintercessão do Imaculado Cora-çãodeMaria,nosconcedaagraçada fidelidade ao episcopado querecebemos e que queremos exer-cerparahonradeDeus,otriunfodaIgrejaeasalvaçãodasalmas.

���.

Ecône,��7dejunhode��0�3,nafestadeNossaSenhoradoPerpétuoSocorro

DomBernardFellay

DomBernardTissierdeMallerais

DomAlfonsodeGalarreta

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Deve-se, desde o início, falar da ne-cessidade de uma fé mais profunda,porcausadosperigosvindosdeerrosgravíssimos,actualmenteespalhadospelomundo,epor causada insufici-ência dos remédios a que frequente-menterecorremoscontraeles.

Osperniciososerrosqueseespalhampelomundo,tendemàdescristianiza-çãocompletadospovos.Ora,istoco-meçacomarenovaçãodopaganismonoséculoXVI,ouseja,comarenova-çãodasoberbaedasensualidadepagãentre cristãos. Este declínio avançoucom o protestantismo, pela negaçãodo Sacrifício da Missa, do valor daabsolvição sacramental e, por conse-quência, da confissão; pela negaçãodainfalibilidadedaIgreja,daTradiçãoouMagistério,edanecessidadedeseobservarospreceitosparaasalvação.Emseguida,aRevoluçãofrancesalu-tou manifestamente para a descris-tianizaçãodasociedade,conformeosprincípiosdoDeísmoedonaturalis-mo—istoé:seDeusexiste,nãocuidadaspessoasindividuais,massomentedasleisuniversais.Opecado,deacor-do com estes princípios, não é umaofensa a Deus, mas apenas um actocontra a razão, que sempre evolui;assim, considerava-se o furto comopecadoenquantoseadmitiaodireitoà propriedade individual; porém, se

a propriedade individual é, como di-zemoscomunistas,contrárioaoquese deve à comunidade, nesse caso, éaprópriapropriedadeindividualqueéfurto.

Em seguida, o espírito da revoluçãoconduziuaoliberalismoque,porsuavez, queria permanecer numa meiaaltitude entre a doutrina da Igreja eos erros modernos. Ora, o liberalis-monadaconcluía;nãoafirmava,nemnegava, sempre distinguia, e sempreprolongava as discussões, pois nãopodia resolver as questões que sur-giamdoabandonodosprincípiosdocristianismo. Assim, o liberalismonão era suficiente para agir, e apósele veio o radicalismo mais opostoaos princípios da Igreja, sob a capade “anticlericalismo”, para não dizeranticristianismo. Assim, os maçons.Oradicalismo,então,conduziuaoso-cialismo e o socialismo, ao comunis-momaterialistaeateu,comoagoranaRússia,equisinvadiraEspanhaeou-trasnaçõesnegandoareligião,apro-priedadeprivada,afamília,apátria,ereduzindotodaavidahumanaàvidaeconómicacomosesóocorpoexistis-se,comoseareligião,asciências,asartes,odireitofosseminvençõesda-quelesquequeremoprimirosoutrosepossuirtodapropriedadeprivada.

Contra todas essas negações do co-

Sobreanecessidadedeumafémaisprofunda

Garrigou-Lagrange, O.P., “De Sanctificatione Sacerdotum”

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munismo materialista, só a Igreja,somente o verdadeiro Cristianismoou Catolicismo pode resistir eficaz-mente,poissóelecontémaVerdadesemerro.

Portanto, o nacionalismo não poderesistir eficazmente ao comunismo.Nem, no campo religioso, o protes-tantismo,comonaAlemanhaenaIn-glaterra,pois contémgraveserros, eoerromataassociedadesquenelesefundam, assim como a doença gravedestrói o organismo; o protestantis-mo é como a tuberculose ou como ocâncro, é uma necrose pela negaçãoda Missa, da confissão, da infalibili-dadedaIgreja,danecessidadedeob-servarospreceitos.

O que, pois, se segue dos erros cita-dos no que diz respeito à legislaçãodos povos? Esta legislação torna-sepaulatinamente atéia. Não somentedesconsidera a existência de Deus ea lei divina revelada, tanto positivacomo natural, mas formula váriasleis contrárias à lei divina revelada,porexemplo,a leidodivórcioea leida escola laica, que termina por tor-nar-se atéia, nos três graus: escolasprimárias,liceusouginásioseuniver-sidades, nas quais frequentementesereduzareligiãoàhistóriamaisoumenos racionalista das religiões, naqualo cristianismosomenteaparececomonomodernismo,comoumafor-maagoramaisaltadaevoluçãodeumsensoreligiosoquesempremuda,demodoquenenhumdogmaseriaimu-

távelnemimutáveisospreceitos;porfim,vemaliberdadetotaldecultosoureligiões, e da própria impiedade ouirreligião.Ora,asrepercussõesdestasleisemtodasociedadesão enormes;tome,porexemplo,arepercussãodalei do divórcio: qualquer que seja oano, qualquer que seja a nação, mi-lharesdefamíliassãodestruídaspelodivórcioedeixamsemeducação,semdirecção, crianças que terminam porsetornarouincapazes,ouexaltadas,oumás,porvezes,péssimas.Domes-momodo,saemdaescolaatéia,todososanos,muitoshomensoucidadãossem nenhum princípio religioso. Eportanto,emlugardafé,daesperan-çaedacaridadecristã,têmelesara-zãodesordenada,aconcupiscênciadacarne, a concupiscência dos olhos, odesejoderiquezaeasoberbadevida.Todas essas coisas são erigidas numsistema especial materialista, sob onome de ética laica ou independen-te, sem obrigação e sanção, na qualàs vezes remanesce algum vestígiododecálogo,masumvestígiosempremutável. Se, porém, os efeitos dolo-rosíssimos destes erros perniciososainda não aparecem claramente naprimeira geração, na terceira, quartaequintasemanifestamsegundoaleidaaceleraçãonaqueda.—Écomonaaceleração da queda dos corpos: senumaprimeiraetapadadescida,ave-locidadeécomoque��0,numaquintaserácomoque�00.E istosecontra-põeaoprogressodacaridade,que,se-gundoaparáboladosemeador,épor

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vezes30,�0,�00paraum.

É a verdadeira descristianização ouapostasia das nações. E isto foi ex-posto justamente na longa epístolado grande católico espanhol DonosoCortesescritaaoCardealFornariparaque a apresentasse a Pio IX; o títulodela é: Sobre o princípio generativodosgraveserroshodiernos(trintapá-ginas)eDiscursosobreoestadoatualdaEuropa(�830).Cf.Operadomes-moautor�vol.Madrid�8�6:trad.Fr,�86��,t.II,p�����,ss;t.I,p399;trad.It.�86�.Emseguida,amesmasériedeerrosfoiexpostanoSilabodePioIX,�86�(Dz.�70�).

O princípio destes erros é: Se Deusexiste, não cuida das pessoas indivi-duais, mas somente, das leis univer-sais.Daíopecadonãoserumaofensacontra Deus, mas somente contra arazão, que sempre evolui. Disto se-guequenãoexistiuopecadooriginal,nemaEncarnaçãoRedentora,nemagraçaregenerativa,nemossacramen-tosquecausamagraça,nemosacrifí-cioe,porisso,nãoéútilosacerdócio,neméútilaoração.

No fundo, o Deísmo não parece ver-dadeiro,poisseoshomensindividu-almente não precisam de Deus, por-que se admitiria que Deus existe nocéu?ÉpreferíveladmitirqueDeussefaznahumanidade,queéatendênciamesma ao progresso, à felicidade detodos,sobreaqualfalamosocialismoeocomunismo.

Portanto, qual é, segundo este prin-

cípio, o modo de discernir o falso do verdadeiro? O único modo é a livre discussão, no parlamento ou em al-gum outro lugar, e esta liberdade é, portanto, absoluta, nada pode ser subtraído à sua jurisdição, nem a questão do divórcio, nem a neces-sidade da propriedade individual, nem a da família ou da religião para os povos.Assim, a discussão fica libérrima,comosenãoexistisseaRevelaçãodi-vina;seseobjecta,porexemplo,queodivórcioéproibidonoEvangelho,istopoucoimporta.

Destascoisasnascem,comoépaten-te, grandes perturbações, inúmerosabortos,crimes,enãoseencontrare-médio,senãoodeaumentarcadavezmaisapolíciaouoexército.

Mas,apolíciaobedeceàquelesquees-tãonopoderenãoraro,depoisdestes,vêmosseusadversárioseordenamocontrário. De outra parte, tendo-sesuprimidoapropriedadeprivada,su-prime-se,demodogeral,opatriotis-mo,queécomoaalmadoexército.

Donde estes remédios não são sufi-cientesparaconservaraordemeevi-tarasgravese intermináveispertur-bações,poisnãomaisseadmitealeidivina,enemaleinaturalescritaporDeusnosnossoscorações(Etudoissoé uma demonstração per absurdumdaexistênciadeDeus.)

Neste caso, é para se concluir comDonosoCortesqueestassociedades,fundadas sobre princípios falsos ou

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sobre uma legislação atéia, tendemparaamorte.Nelas,comoauxíliodagraça, as pessoas individuais podemaindasesalvar,masestassociedades,comotais,tendemparaamorte,poisoerro,sobreoqualsefundam,mata,comoatuberculoseouocâncroque,progressiva e infalivelmente, destrói

nosso organismo. — Só a fé cristã ecatólica pode resistir a estes erros,e tornar a cristianizar a sociedade,mas,paraisso,requer-seumacondi-ção,umafémaisprofunda,conformeaEscritura:«Estaéavitóriaquevenceomundo,anossafé.»(�Jo�,��).

Aliberdadereligiosa,éum“direitomonstruoso”

Breve “Quod aliquantum”, PIO VI

O efeito necessário da ConstituiçãodecretadapelaAssembleiaéaniquilarareligiãoCatólicae,comela,aobedi-ênciadevidaaosreis.

Com este propósito ela estabelececomoumdireitohumanonasocieda-deessaliberdadeabsoluta,quenãosóasseguraodireitodepermanecer in-diferenteàsopiniõesreligiosas,comotambém concede plena autorizaçãoparalivrementepensar,falareescre-ver,eatémesmoimprimirtudooquequalquer um queira em matéria reli-giosa,inclusiveasmaisdesordenadasideias.

Nãoobstante,éumdireitomonstru-oso, o que a Assembleia reivindicacomo resultado da igualdade e da li-berdadenaturaldohomem.

Masoquepoderiasermaisinsensato,

do que estabelecer entre os homensessa igualdade e essa liberdade semlimites,quereprimearazão–omaispreciosodomnaturaldadoaohomemequeodistinguedosanimais?

Depoisdehavercriadoohomemnumlugarprovidocomcoisasdeleitáveis,Deusnãooameaçoucomamortesecomesse a fruta da árvore do bem edo mal? E com essa primeira proibi-çãoElenãoestabeleceulimitesparaasua liberdade? Depois que o homemdesobedeceuàordem,incorrendopormeio disso em culpa, Deus não lheimpôsnovasobrigações,pormeiodeMoisés?Eapesardedeixaraohomemo livre arbítrio para escolher entre obemeomal,Deusnãolheforneceuospreceitosemandamentos,quepode-riamsalvá-lo“seeleosobservasse”?

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Deonde,então,éaliberdadedepen-samento e acção, que a Assembleiaoutorgou ao homem na sociedade,comoumindiscutíveldireitonatural?Ainvençãodessedireitonãoécontrá-ria ao direito do Supremo Criador, aquemnósdevemosnossaexistênciaetudooquetemos?Podemosignorarofactodequeohomemnãofoicriadoapenasparasipróprio,masparaserútilaoseupróximo?...

Ohomemdeveusarasuarazãoantesde tudo para mostrar-se agradecidoaoseuSoberanoCriador,parahonrá-loeadmirá-lo,eparasubmetertodaasuapessoaaEle.Paraisso,desdea

suainfância,devesersubmissoàque-lesquesãosuperioresaeleemidade;deve ser educado e instruído pelassuaslições;deveordenarsuavidadeacordocomasleisdarazão,dasocie-dadeedareligião.

Esseexagerodaigualdadeedaliber-dade, portanto, são para ele, desdeo momento em que nasce, não maisdoquesonhosimagináriosepalavrassemsentido.

PioVI,Breve“Quodaliquantum”,de�0deMarçode�79�.InRecueildesAllocutions, Paris: Adrien Leclere,�86�,pp.�3-��.

«onde se acham dois ou três congrega-dos em meu nome, aí estou eu no meio deles» Mt 18, 20

Porqueeudisse“doisetrês?”porquenãoexiste“dois”sem“três”etrêssemdois.Ohomemqueestásónãopossi-bilitaaminhapresença“nomeio”,porfaltadecompanheiroquemepermita“estarentre”eles.Osolitárioéumva-zio,bemcomoaquelequesópossuioegoísmoevivesemamorpelaminhagraça e pelo próximo. Um nada, eisoqueéapessoaemquemestouau-

sente,porcausadopecado.SomenteEu“souaquelequesou”(Ex3,���).Oegoísta, solitário, não conta diantedemim,nãomeagrada.EisporqueomeuFilhodiz:“Sedoisoutrêsestãoreunidosemmeunome,Euestareinomeiodeles”(Mt��0,�8).Afirmeiantesque não existe dois sem três ou trêssemdois.Explico-Me.Sabesqueosmandamentosda leisereduzem a dois; sem eles, nenhumoutroéobservado.São:amar-meso-bre todas as coisas e a mar o próxi-mo como a ti mesma. Eis o começo,

Memória,inteligênciaevontade

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omeioeofimdosmandamentosdalei.Todaviaesses “dois”nãose “reú-nem” em mim sem os “três”, isto é,sem a unificação das três faculdadesdaalma:amemória,ainteligênciaeavontade.Amemóriahá-derecordar-sedosmeusbenefíciosedaminhabon-dade;ainteligênciapensaránoamorinefável reveladoemCristo,poisElese oferece como objecto de reflexãoparamanifestarachamadomeuamo;avontade,unindo-seàsduasfaculda-des anteriores, me amará e desejarácomoseufim.Quandoessas três fa-culdadesestãoassimreunidas,acho-mepresenteentreelaspelagraça.E,como consequência, a pessoa vê-serepletadeamorpormimepelopróxi-mo,na“companhia”deverdadeirasemúltiplasvirtudes.Emprimeiro lugar,avontadesedis-põeatersede.Sededasvirtudes,sededa minha glória, sede das almas. Asdemais sedes se apagam e morrem.Tendo subido o primeiro degrau, daafeição,ohomemcaminhasegurodesi, sem temor servil. Livre do egoís-mo,avontadesepõeacimadesimes-maeacimadosbenspassageiros.Seapessoaquerpossuirtaisbens,ama-osedelesseserveemmim,comtemorsanto e verdadeiro, virtuosamente.Em seguida passa-se ao segundo de-grau,odainteligência,noqualapes-soa,emcordialamorpormim,medi-tasobreCristocrucificado,enquantomediador.Porfimamemóriaenche-sedaminhacaridadeealcançaapazetranquilidade.

Umrecipientevazio,aosertocado,fazrumor; o recipiente cheio, nenhumsomproduz.Damesmaforma,quan-do a memória está toma da pela luzdainteligênciaepeloamor,apessoajánãoseperturbadiantedasadversi-dadesouatrativosdomundo;estáre-pletademinhapresença,comosumobem; não sente falsas alegrias, nemimpaciência. Quando o homem sobe(ostrêsdegrauscomuns),assuasfa-culdadesunificam-se,colocam-sesobodomíniodarazãoe“congregam-se”emMeunome.Umavezreunidososdoisamores-porDeusepelopróxi-mo - a memória para reter, a inteli-gênciaparareflectireavontadeparaamar - encontra-se o homem na mi-nha companhia, forte e seguro; estánacompanhiadasvirtudes;caminhasegurodesi.Estoupresentenele!Parte, então, o cristão, inflamado dedesejosanto,sequiosodeirpelocami-nhodaverdade,àprocuradafontedeáguaviva.Éodesejodaminhaglória,dasalvaçãopessoaledasantificaçãoalheiaqueincentivaacaminhar,poiséoúnicomeioquepossibilitaalcançarametafinal.Nasaída,ocoraçãoestávaziodeapegosterrenos.Masenche-selogo!Nenhumrecipientepermane-cecomvácuo;senãocontiverobjetosmateriais, enche-se de ar. O mesmoacontece com o coração humano. Aoretirar-se dele o apego aos bens ma-teriais,enche-secomo“ar”celestedoamordivinoecoma“água”dagraça.Em posse deste dom, o caminhanteentra pela porta de Cristo e bebe da

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águavivaemmim,oceanodepaz�.Retirei-Meparaohortocomtrêsdosmeusdiscípulosparavosensinar,al-masamadasdomeuCoração,queastrêspotênciasdavossaalmavosde-vemacompanhareajudarnaoração.Recordai,comamemória,osbenefí-ciosdivinos,asperfeiçõesdeDeus;aSuabondade,oSeupoder,aSuami-sericórdia,oamorquevostem.Pro-curai, depois, com o entendimento,comopodereiscorresponderàsmara-vilhasquefezporvós…Deixaiquesemovaavossavontade,parafazerporDeusomaiseomelhor,paravoscon-sagrardes à salvaçãodasalmas,quer

� SantaCATARINADESENA([�378],��0�0),O Diálogo,Paulus,��ªed.,Brasil,p.����-�����.

pormeiodosvossos trabalhosapos-tólicos,querpelavossavidahumildeeoculta,ounoretiroousilênciopormeio da oração. Prostrai-vos humil-demente,comocriaturasempresen-ça do seu criador e adorai os Seusdesígniossobrevós,sejamelesquaisforem,submetendoavossavontadeàdivina��.

�� Ir.JOSEFAMENÉNDEZ,PaixãoemortedeNossoSenhorJesusCristo,visõeserelevaçõesdocoraçãodeJesusàirmãJosefaMenéndez,��ªed,MemMartins,AssociaçãoCulturalTudoInstauraremCristo,�998,p.��8-��9.DezanosantesdeseinstauraroprocessoaSantaMariaJosefaMenéndez,oCardealEugénioPacelli,futuroPapaPioXII,deuaconheceraomundoumlivroescritopelaIrmãJosefa,intitulado“ApeloaoAmor”,querelatavaasexperiênciasmísticasdareligiosadurantesuabrevevida.

PactoMortal

Pe Christian Bouchacourt, Superior de Distrito América do Sul

HáalgumassemanasaIgrejanosfezreviveraPaixão.Gostariadedeter-menapersonagem-chavedacondenaçãode Nosso Senhor Jesus Cristo: Pila-tos.Ogovernadorromanoforaviva-mente impressionadopeloprisionei-rocujacondenaçãoselhepedia.Comefeito, com uma serenidade poucocomumaoscondenadosquelheeram

apresentados, Cristo faz diante deleuma profissão da sua realeza divina.Asconsequênciasforamtais,quePi-latosseconvenceudasuainocência,eoEvangelhonosdizque“desdeentãoprocuravasoltá-lo”�.Contudo,diantedetímidasresistênciaseváriosequí-vocos,“Pilatos,querendosatisfazeropovo,soltou-lhesBarrabás;eentregou� S. João �9, ���.S.João�9,���.

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Jesus, depois de açoitado, para quefosse crucificado”��. Diferentementedo Sumo Sacerdote Caifás, inimigodeclarado de Cristo, e ao contráriodeHerodes,quemanifestouomaiordesprezopeloSalvador,PilatosestavaconvencidodainocênciadeCristo,e,aindaassim,cedeuàpressãodopovo.Desdeentão,converteu-separatodasas gerações no protótipo do homemqueécapazdesacrificaraverdadeso-breoaltardaopiniãomaioritária.

Desdeopecadooriginal,sabemosquedoiscamposseconfrontamdeformairredutívelatéaofimdostempos:osdeDeusedeSatanás:“Poreiinimizadeentre tua raça e sua descendência”3.Estasduascidadessãoabsolutamenteirreconciliáveis,porquesãoessencial-mente diferentes. Santo Agostinhodescreve-as magnificamente: “Doisamores construíram duas cidades:oamordesimesmoatéaodesprezode Deus construiu a cidade terrena;o amor de Deus até ao desprezo desimesmo,acidadedeDeus.Umasegloria em si mesma, a outra no Se-nhor”��.

Cristo salientou o quanto o mundoe os seus princípios se opunham aEle.Exortouosseusdiscípulosanãoperderem a coragem: “Se o mundovosodeia,sabeiquemeodiouamimantesqueavós”�.OsApóstolosnão

�� S. Marcos, ��, ��.S.Marcos,��,��.3 Gen, 3, ��.Gen,3,��.�� Santo Agostinho, A Cidade de Deus, �.SantoAgostinho,ACidadedeDeus,�.���,cap.��8.� S. João, ��, �8.S.João,��,�8.

deixaram de advertir os novos cris-tãos contra os compromissos com omundo:“Nãoameisomundonemascoisas do mundo. Se alguém ama omundo,nãoestáneleoamordoPai”6(…) “Não vos conformeis com estemundo”.7Nãoobstante,algunscon-tinuaramsurdosaestasadvertências.Recai, então, a condenação: “Adúlte-ros,nãosabeisqueoamordomundoéabominado porDeus?Todoaquelequequerseramigodomundoconsti-tui-seinimigodeDeus”8.

Apesar destas repetidas admoesta-ções,aolongodahistóriafoigrandeatentaçãodesepactuarcomomundoe as suas atracções. A Renascença, oprotestantismo que nega o sobrena-tural, o espírito do “Iluminismo” doséculo XVIII, a Revolução Francesa,dentre outros, tentaram impor o es-pírito do mundo e contribuir para adissolução da cristandade. A laiciza-çãodopodercivilsobaprotecçãodadeusaRazãodeu-seaocustodosacri-fício da Fé e da Igreja. Devido à fra-queza dos governantes, ou com suacumplicidade,oserrosdifundiram-seentreopovo,semquenoentantoospapasGregórioXVI,PioIX,LeãoXIIIeSãoPioXdeixassemdecondená-los;aindaassim,espalharam-seportodaparte.

Neste estado de coisas, alguns cató-licos quiseram chegar a um compro-misso.Assimcomportam-seoscató-6 I S. João, ��, ��.IS.João,��,��.7 Romanos, ���, ��.Romanos,���,��.8 S. Tiago, ��, ��.S.Tiago,��,��.

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licosliberais,quepreferemagradaraomundoqueaDeuseasacrificaraver-dadenoaltardaunidade.Esteserrosliberaissãodenominadossillonismo,modernismoouprogressismo,etêmpor princípio que o homem deve se-guir antes de mais nada sua própriaconsciência.Dessemodo,oerroéco-locadonomesmopatamardaverda-de,aRevelaçãoéequiparadaàrazão,aFéàheresia,averdadeirareligiãoàsseitas.Énecessáriocomprovar—eéummistério—queasastúciasdode-móniotriunfaramsobreoensinodospapas.Este liberalismoabriuaspor-tas ao indiferentismo e ao ateísmo,quecausamdanosportodaparte.

Há mais de cinquenta anos a “Igrejaconciliar”parecefascinadapelomun-doecrêpoderassimilarosprincípiosmodernosqueeleveicula.Faz-sene-cessáriorelerasinsólitaspalavrasqueopapaPauloVIpronuncioudurantea conclusão do Concílio Vaticano II:AreligiãodoDeusquesefezhomemencontrou-se com outra religião —porqueétal—dohomemquesefazDeus. Que aconteceu? Um choque,uma luta, uma condenação? Poderiateracontecido,masnãoseproduziu.A antiga história do samaritano foia pauta da espiritualidade do Concí-lio. Uma simpatia imensa se lhe pe-netrou por inteiro. A descoberta dasnecessidades humanas (…) absorveuaatençãodonossosínodo.Vocês,hu-manistasmodernos,querenunciamàtranscendência das coisas supremas,dêemaindaesteméritoereconheçam

o nosso novo humanismo: tambémnós—emaisqueninguém—temosocultodohomem(…)Umacorrentedeafectoeadmiraçãochegouaomundomoderno pelo Concílio (…) Seus va-lores não só foram respeitados, mastambémhonradas(…)assuasaspira-ções,purificadaseabençoadas”9.

Taisafirmaçõesdeixamqualquerumatónito.

Hoje, infelizmente,esteespíritoper-dura na Igreja e na sua hierarquia.Mons.Bruguès,secretáriodaCongre-gação para a Educação Católica, fezrecentementeumadeclaraçãoaojor-nal La Croix, confirmada durante asconferências de quaresma proferidasna Notre Dame de Paris:“PodemosafirmarqueoVaticanoIIensinouaoscristãos o que eu chamaria de prin-cípio de boas-vindas do mundo talcomo ele é (…) Deus ama este mun-do. Como não estaríamos preocupa-doscomisso?”.�0Deusamaomun-do, certamente, porque o criou, mastem horror aos seus princípios, quesãoaquelesquecrucificaramCristoeperseguiramsuaIgreja.Deusamaaomundo actual como um médico amaum paciente: com o fim de levá-lo àsaúde; mas para chegar a esse fim,temdecombateraenfermidadequeoafecta.Deusamaaomundocomoosa-cerdoteamaaopecador,aquemquerlevaràconversão;entretanto,odeiao

9 Paulo VI, discurso de encerramento doPauloVI,discursodeencerramentodoConcílioVaticanoII,7deDezembrode�96�.�0 Monse�or Bruguès, jornal “La Croix”, ��6Monse�orBruguès,jornal“LaCroix”,��6deMarçode��0�0.

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pecadoquemanchaasuaalmaepõeemperigosuasalvaçãoeterna.

Éprecisorender-sediantedaevidên-cia:assimcomoodesejodePilatosdeagradar à multidão entregando Cris-tootornouresponsável, juntamentecom os judeus, pela morte do Salva-dor,domesmomodoodesejoinsen-satodoscatólicosliberaisemagradaraomundoeaosseusprincípiososfa-zem co-responsáveis — juntamentecomosinimigosdaIgreja—naobradedestruiçãodacristandade.

Efectivamente, o católico liberal mi-lita ardentemente pela separação deIgrejaedoEstado,porum“laicismopositivo”, por uma Igreja livre numEstadolivre,jáqueparaelearestau-raçãodacristandadenosdiasactuaiséimpossível.

Qual a consequência disso? Bastaabrirosolhos.OEstadoeasocieda-de,recusando-seadefenderaIgreja,decompõem-se na imoralidade, nacorrupção e na desordem social, en-quantoqueaIgreja,colocadanomes-moníveldasoutrasreligiões,torna-seumtantoafónicaeinvisível.Asseitasproliferam,aomesmotempoemqueainfluênciadaprópriaIgrejaestáemqueda livre.Éevidente:porquêcur-var-se ao ideal que propõe a IgrejaCatólicase,comodizoVaticanoII,��

�� DecretoDecretoUnitatis Redintegratio,§3,���deNovembrode�96��:“Por conseguinte, embora cremos que as igrejas e comunidades separadas têm seus defeitos, não estão desprovidas do sen-tido e valor no ministério da salvação, porque o Espírito de Cristo não recusou de servir-se

oEspíritoSantoserve-sedeoutrasre-ligiões,quesãocapazesdesantificaroshomenscommínimasexigências?OliberalismoimpelidopeloVaticanoIIaosseusacólitosconduzomundoàapostasiageral.

Queridos amigos, conservemos ín-tegra a nossa Fé católica. Que esteliberalismo não entre nas vossas fa-mílias. Não há pessoa que se possaconsiderarincólume.Estudemasan-ta doutrina e os ensinamentos dospontífices!Mantenham-sefirmesnosprincípios e ponham-nos em práticanavidacotidiana.Queoespíritoca-tólicoimpregneasvossascasasequeCristo nelas reine. Respeitem a mo-ralconjugalcatólicatalcomoaIgrejasempreensinou.

Pais: façamossacrifíciosnecessáriosparaenviarosvossosfilhosaescolasverdadeiramente católicas, se elasexistiremnaregiãoondevivem,afimdepreservá-losdoespíritodomundoedassuaspompas.Cuidemdassuasalmas! Não permitam que recebamummaucatecismo.

Jovens: não se esqueçam de que sãofilhosefilhasdeDeusdesdeobaptis-mo.Nãosedeixemcorromperpelain-conscientecorrenteimperante,nãosedeixemprenderpelasmodasemvoga,nemsedeixemaoabandonoquearru-ínaasalmasediluiasvontades.

PoramordeDeus,daIgrejaedasvos-sas almas, não façam nenhum com-promisso com o espírito do mundo.delas como meios de salvação”.

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Talpactoseriamortal.SejamcemporcentoCatólicosatodomomentoelu-garemqueestejam!Omundoprocu-raridicularizá-los,debilitá-losefazê-losperderemacoragem.Nãobaixemaguarda!Nãosedeixemvencerpelorespeito humano e superem-se napráticadavirtude.Saibamquenãohánadamaissectárioqueumcatólicoli-beral,porqueelevêemvocêsoquede-veriaser,masnãotemforçaparaas-sumi-lo.TenhamFénagraçadeDeus,navidasobrenaturalefortificadape-losSacramentos,eestejamconvenci-dosdadivindadedaIgreja.Porestesmeios,Deuspodefazertudo,mesmoqueasprevisõeshumanassejamsom-brias.Porqueocatólicoliberaljánão

crê na eficácia destes meios, estimaque a doutrina tradicional católicajánãopodeserensinadanosdiasdehoje,equeéprecisofirmarumcom-promisso com o mundo. Nisso, pecacontraafé,aesperançaeacaridade.

Paraconcluir,gostariadedeixar-lhesestaspalavrasdoCardealPie:“Ogran-detriunfoqueomundoambiciona,avantagemquebuscaequebrandeso-bretudoquandoacreditatê-laobtido,éatrairparasiaqualquerumdenósoudosnossos”���.

Ânimo,então!QueDeusosabençoe!

��� Cardeal Pie, homilia proferida por ocasiãoCardealPie,homiliaproferidaporocasiãodeseu��7ºaniversáriodesagraçãoepiscopal,em���deNovembrode�876.

Apoiando-nos sobre o Evangelho,sobre a Teologia, sobre a Tradição eoMagistério,épossívelfazerrealçarosdiversosaspectosdapessoadeSãoJosé,asuavidaprofunda,bemcomoo seu papel na História da Salvação.Ospoucosdadosquenóspossuimospermitem-nosafirmarqueelepossuía

umaalmaexcepcional,equeasubli-meperfeiçãoqueasuafunçãorequercoloca-onavanguardadasfileirasdospadroeirosdosobrenatural.

SãoLucas,oevangelistada infância,ensina-nosqueSãoJoséédesanguereal,equesendoorigináriodeBelém,seinstalouemNazarédaGalileia.Ele

Deusconstituiu-ochefedasuacasa

Abbé Xavier Beauvais

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não vivia ainda com Maria, quandoela concebeu por virtude do Espíri-to Santo. Aquando do nascimentode Jesus, São José será aquele queconduzirá a Bem-Aventurada sem-pre Virgem Maria a Belém, encon-trando-se permanentemente a seulado. Na Apresentação no Templo,São José é expressamente nomeado,maseclipsa-seperanteJesuseMaria.Em seguida contemplamos o grandeepisódio do Menino Jesus perdido ereencontrado no Templo. O evange-lista coloca nos lábios da SantíssimaVirgem palavras de grande alcanceparaaTeologiadeSãoJosé:«Vê,TeupaieeuTeprocurávamos».ApesardarespostadeJesussobreoseuPaice-leste,estaspalavrasdaVirgemMariasurgem revestidas duma primordialimportância.

Emsequência,éoregressoaNazaréonde Jesus se mostra perfeitamentedócil:«Era-lhessubmisso»,umpluralmuitosignificativo.

SãoMateuséeleprópriotambémbre-ve, mesmo quando afirma mais queS.Lucas;comoSãoLucas,elesublinhaaconcepçãoeonascimentovirginal.

Mesmo se São José não é o pai real(segundoacarne)deJesus,elesurge,nìtidamente,comoochefedaSagra-da Família. É um homem justo, comuma admirável caridade para com asuaesposa,queelepensarepudiarse-cretamente,peranteomistério inex-plicável.NaadoraçãodosMagoséeleque o anjo previne, e é ele também

que toma a iniciativa de partir paraoEgipto:Estamensagemé,alémdis-so, a terceira do Novo Testamento eatestaomagníficopapelqueSãoJosépossuinaordemdasalvação.

Pelo regresso do Egipto é o mesmoenredo:aobediênciaprontaesobre-natural permanece humanamenterazoável, e calcula os perigos dumainstalaçãonaJudeia.Talconstitui,nasua sobriedade, o quadro evangélicode São José: é o duma personagemmuito real; São José era um artesãomuitoconhecidonacidade.

Não se conservou nenhuma palavradeste grande silencioso que foi SãoJosé.ErnestHellopossuibelaspági-nassobreestehomemsilencioso,SãoJosé:« o homem do silêncio, aquelepara quem a palavra difìcilmente seaproxima.OEvangelho,tãosóbriodepalavras, torna-se ainda mais sóbrioquando se trata de São José. Dir-se-ia que este homem envolvido em si-lêncio, inspira o silêncio. O silêncioconstitui o seu louvor, o seu génio,asuaatmosfera.Lá,ondeeleestá,osilêncio reina, este silêncio onde to-das as palavras estão contidas, estesilêncio vivificante, refrescante, pa-cificador, dessedentador... nem umapalavrasobreelenasEscrituras».Er-nest Hello no seu livro “FisionomiadosSantos”acreditaverem« Abraão, pai de Isaac, o representante do pai pu-tativo de Jesus, e em José, filho de Ja-cob, a sua imagem mais expressiva. O primeiro José guardou no Egipto o pão

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sobrenatural. Ambos foram os homens do mistério. Ambos foram instruídos em sonhos. Ambos adivinharam as coisas escondidas. Inclinados sobre o abismo, os seus olhos divisavam através das tre-vas. Viajantes noturnos, eles descobriam os seus caminhos através dos mistérios da sombra. O primeiro José viu a Lua e o Sol prostrados diante de si, o segundo José chefiou Jesus e Maria. Jesus e Ma-ria obedeciam. Em que abismo interior devia residir o homem que se apercebia de que Jesus e Maria lhe obedeciam, o homem a quem tais mistérios eram fa-miliares, e a quem o silêncio revelava a profundidade do segredo do qual ele fora constituído sentinela! Quando ele talhava os pedaços de madeira, quando ele via o Menino operar sob suas ordens, os seus sentimentos penetrados por esta situação inaudita entregavam-se ao si-lêncio que os aprofundava ainda mais; e do fundo da profundidade onde ele vivia com o seu trabalho, ele possuía a força de não dizer aos homens: O Filho de Deus está aqui!

O seu silêncio assemelha-se a uma ho-menagem prestada ao inexplicável. Era a abdicação da palavra diante do inson-dável e diante do imenso.»ErnestHelloprossegue:Étãobeloqueeunãore-sistaàtentaçãodevosfazerpartilharestatãolindahomenagemaSãoJosé.«OEvangelhoquepronunciatãopou-cas palavras, possui os séculos comocomentadores. Os séculos se encar-regaramde irradiara luzsobreose-gredo.SãoJoséfoiignoradodurantemuitotempo,masdesdeSantaTere-

sa,particularmenteencarregadadeotrair,eleémuitomenosdesconhecido[...]OséculoXIXéfundamentalmen-te,emtodosossentidosdotermo,oséculodaPalavra.Boaoumá,apalavrapreencheanossaatmosfera.Umadasrealidadesquenoscaracterizaéoruí-do.Nadaproduztantaalgazarracomoohomemmoderno:eleamaoruído,querproduzi-loàvoltadosoutros,equer,sobretudo,queosoutrosopro-duzamàsuavolta.Oruídoconstituiasuapaixão,asuavida,asuaatmosfe-ra.Apublicidadesubstituiporelemiloutraspaixões,asquaismorremasfi-xiadassobestapaixãodominante.Oséculo XIX fala, chora, grita, vanglo-ria-seedesespera-se.Fazostentaçãodetudo.Ele,séculoXIX,quedetestaaconfissãosecreta,disparaacadains-tante em confissões públicas, vocife-ra,exagera,ruge.Poisbem,seráesteséculo tumultuoso que contemplaráa elevação e o desenvolvimento, noscéusdaIgreja,daglóriadeSãoJosé.SãoJoséescolhidooficialmentecomopadroeiro da Igreja Universal duran-teoruídodatempestade.Eleémaisconhecido, mais objecto de orações,mais honrado, do que outrora. Pelomeio dos trovões e dos relâmpagos,arevelaçãodoseusilêncioseproduzinsensìvelmente.AtéondeéqueSãoJoséterápenetradonaintimidadedeDeus? Nós não o sabemos; todavianóssomospenetrados,noâmagodetodoesteruídoquenosenvolve,porumaimensapaz,noseiodaqualfluiavida.Ocontrastepareceincumbido

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denosfazertranspareceragrandezaescondidadascoisas.Muitosafirmamque nada possuem para dizer, dissi-mulando sob o fracasso buliçoso dasualinguagemeaturbulênciadasuavida, o nada dos seus pensamentos,bemcomodosseussentimentos.SãoJoséquetantotemadizer,SãoJosénãofala.Eleguardanofundodoseucoraçãoasgrandezasquecontempla.Oshomenssãoarrastadospelofeiti-ço,peloencantamento,deninharias,masS.Josépermaneceempaz,mestredasuaalma,eemplenapossedoseusilêncionosabalosdaviagemparaoEgipto,nestafugadeJesusCristo-jáperseguido. » Como escrevia Monse-nhorGay:«SãoJoséécomoqueumreflexo do Pai celeste, e uma formaDivina.ApaternidadedeS.Josécomrelação a Jesus constitui como queumreflexodaPaternidadeeterna.»

Senóslançarmosumolharmaisteo-lógicosobreapessoadeSãoJosé,umconcílio que teve lugar em Bordéus- um concílio provincial - definiu-oassim: Esposo da Bem-Aventuradasempre Virgem Maria, Guarda, PaiputativodoVerboIncarnado,revesti-dodumgrandepoder,SãoJosééele-vadoatéàordemdaUniãoHipostáti-ca.»Nósobservamosaí,nessequadroconceptual, toda uma síntese funda-mentaldaTeologiadeSãoJosé.

É o esposo virginal de Nossa Senho-ra

SeaTeologiaCatólicacolocaaSantís-simaVirgemmuitoacimadetodosos

outrossereshumanos,eportantodeSão José, este pelos seus privilégiosabsolutamente pessoais é o homemque mais se aproxima da santidadedaMãedeDeus,poisqueeleéoseuEsposo.

O Matrimónio de Nossa Senhora eSãoJosééumverdadeitocasamento,oqualpossui,alémdisso,caracterís-ticas absolutamente únicas: ele é si-multaneamente virginal e fecundo.OtormentodeSãoJoséatestaomis-tério da Maternidade Virginal. Estasduas virgindades que se entregamumaàoutra,queseconsagramumaàoutra,constituemomatrimóniomaissublimeemaisperfeito,oúnicopos-sívelparaa ImaculadaMãedeDeus.Equandosesabequaisosprivilégiosque ornamentam a Virgem Maria,interrogamo-nos como o Pai celestepôdeencontraralguémtãopuro,tãofiel,tãohumildeegenerosocomoSãoJosé,paracumprir,ladoalado,opa-peldecompanheiroeesposo.

«O Matrimónio constitui uma rea-lidade santa, e é necessário tratá-losantamente» afirma o Concílio deTrento. Deus, sem dúvida alguma,quis demonstrar em Jesus e Mariaum exemplo de absoluta perfeição:Oamorconjugalqueuniaestesdoisperfeitos esposos, amor ardente quese alimentava do lume celeste, amortranquiloeprofundonasuacastida-de, amor respeitoso, generoso, amorqueserenovava incessantementenoamordeJesus,oqualhaviaconstituí-

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doacausadasuaunião,equeperme-neciacomovínculoecomoalegria.

Pai virginal de Jesus

Verdadeiro Esposo da Mãe de Deus,São José é portanto o pai espiritualdo seu Filho Jesus. A sua castidadeimaculadavaleu-lheessasublimepa-ternidade.Quantomaisumcoraçãoépuro,maiseleécapazdumamorpa-ternaleDivino.Ecomoesteconceitoé supremamente válido para um sa-cerdote.Medianteoseuolhar,queacastidadehaviapreservado,JoséviuaDeus,realizandoliteralmenteoanún-cioqueNossoSenhorproclamaráembreve:«Bem-aventuradosospurosdecoraçãoporqueverãoaDeus».

SãoJoséexerceuaautoridadepater-nalparacomJesus.ElefoioSeuedu-cador.Elefoiopaiputativodequemo Filho de Deus esperava o seu pãoquotidiano.

Naintimidade,Jesusdizia-lhe:«Pai».EquandooFilhodeDeussedenomi-nava“FilhodeDavid”,talsedeviaaoSeupaiadoptivo;vistoqueNossoSe-nhorpossuiumsóPaisegundooSeuSereaSuaorigem.MasoPaiEternodelegouumapartedassuasprerroga-tivasaumhomem,ematençãoaoSeuFilhofeitoHomem.

Paivirginal,SãoJoséconstituiaIma-gemdoPaiCelestecujageraçãoéto-talmenteespiritual.Poressarazão,opapaJoãoXXIIIretomandoaexposi-çãoteológicadoseupredecessorBen-to XIV, podia declarar:« A São José

pertence uma parte singular e únicanaeconomiadomistério fundamen-taldareligião,queéaUniãoHipostá-ticadoVerbodeDeuscomanaturezahumana;afunçõessemigual,tiveramassim que corresponder virtudes in-comparáveis. O título de esposo in-temeratodaVirgemImaculada,bemcomoaqualidadedepaideJesusCris-to,constituemprerrogativasepressu-põemgraçasqueposicionamSãoJoséforadetodasascategorias.»

ATradiçãocatólicafaloudeSãoJosé.É entretanto verdade que por muitotempoSãoJoséesteveescondidodoshomens,semcultoesemhonras:Semdúvidatalseexplicapeloquasetotalsilêncio do Evangelho sobre ele. Es-condidoduranteasuavidaterrestre,eledisponibilizoutodooespaçoaJe-suseMaria.Existeumtextoapócrifo,oproto-evangelhodeSãoTiago,quefazdizeraSãoJosé,nomomentodoseu matrimónio com a Bem-Aventu-rada sempre Virgem Maria, as pala-vrasseguintes:«Eusouvelho».TalvezporistoéqueaimagemoferecidaporSão José é a de um velho dado porcompanheiroàsuajovemesposa.

Parece que foi sòmente a partir doséculoXVIqueselheconferiuaima-gem dum jovem e forte esposo pro-videnciado à jovem e virginal MariaSantíssima. Mas na Tradição Patrís-tica, encontramos já São Jerónimo,SantoAmbrósioeSantoAgostinhoeSão João Crisóstomo, que defendemcontraosheréticosavirgindadeper-

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pétuadeSãoJosé,explicandojánestaépocaqueSãoJosééPaivistoserpainutritíciodoFilhodeDeuseSeuedu-cador.

NaIdadeMédia,aArtereligiosa, re-flectindoaslendaspopulares,faculta-nos a imagem dum São José calvo ebarbudo,oqualconduzaVirgemSan-tíssima e o Menino ao Egipto, segu-randooburrocomasrédeas.

AartedaliteraturadosséculosXIVeXVvãoconferirumaposiçãosemprecada vez maior a um São José bemvivoebemconcreto.

E eis que sùbitamente, a devoção dealgumasalmasdeescolcomeçaafazeratrairaatençãosobreSãoJosé,pre-parandoasuaentradanahistóriadapiedadeedaliturgia.SãoBernardinodeSenaconstitui-secomoseupoeta,e como seu cantor; e pela primeiravezeleexclama:«DepoisdeMaria,éaJoséqueaSantaIgrejamaisdeve.»Quanto a Gerson, chanceler da Uni-versidadedeParis,elepodeserconsi-deradocomooprimeiromestredade-voçãoaSãoJosé.Em��3deNovembrode����3,eleescreveuaoduqueJeandeBerry,solicitando-lhequediligen-ciasseemsolenizara festadosanto.Gerson,queBentoXIVapelidava«amaisilustreluzdoseutempo»,exal-tou a admirável Trindade na Terra:JESUS,MARIA,EJOSÉ.

Em����6,noConcíliodeConstança,Gersonpronunciaráumdiscursoqueficará célebre. Numa impressionantealocução, ele declarou aos seus ilus-

tresauditoresquequeriaobter,pelosméritos e intercessão de São José,que a Santa Igreja, tristemente divi-didaentretrêspapas,fosseentreguea um único esposo - o papa certo everdadeiro. Este meio parecia-lhe oúnicocapazderestauraraunidadeeapaz-oqueveioaacontecer.Deve-mosnotarumacuriosacoincidência,oumelhor,umgestodaProvidência.Esteconcílio,querestaurouaunida-de pontifical, (sem qualquer dúvidagraçasàintercessãodeSãoJosé)paraconseguir os seus fins, depôs Ben-to XIII e João XXIII; curiosamente overdadeiro Bento XIII foi aquele quenoséculoXVIII incluiuSãoJosénasLadainhas,eoverdadeiroJoãoXXIIIaquelequeintroduziuSãoJosénoCa-nondaSantaMissa.

Umoutronomedominatodososou-trosigualmente,odeSantaTeresadeÁvila,curadamiraculosamenteaos��6anos, pela intercessáo de S.José. Elaconverteu-senumaardentepropaga-dora do seu culto e da sua devoção,dedicando-lheoseuprimeiroconven-to em Ávila. A santa Teresa é neces-sárioacrescentaronomedeS.Fran-ciscodeSales,oqual,comoteólogoedoutorconsumadoqueera,justificoua sua grande devoção pessoal a SãoJosé. Conta-se que no seu Breviárioseencontravaumasóimagem-adeSãoJosé.

Anàlogamente a Santa Madre Igreja,pelavozdospapas,faloudeSãoJoséno decurso dos seis últimos séculos.

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Sisto IV, por exemplo, respondendosessentaanosdepoisaoapelodeGer-son,instituiuem���80umasolenidadeespecialemhonradosantoPatriarca,fixando-aem�9deMarço.ClementeXI compôs-lhe um ofício em �7���.BentoXIVcolocouSãoJoséàcabeçadosmártiresedosApóstolosnasLa-dainhas dos santos em �7��3. Pio IXrespondendoaumasolicitaçãodenu-merososbisposnoConcílioVaticanoIproclamou-osolenementePadroeirodaIgrejaUniversalem�870.LeãoXIIIconsagrouaencíclica“Quanquample-nies”aoseupatrocínioem�889.SãoPioX,nossogloriosoPadroeiro,apro-vouasLadainhasdeSãoJosé.PioXIIfixounoprimeirodiadeMaioafestadeSãoJoséoperário,outorgandoaomundo dos trabalhadores o exemplodeSãoJoséquetrabalhoutodaavidacomsuasprópriasmãos,santificandoo seu trabalho pela paciência e sub-missãoaDeus.JoãoXXIII,pormeiodum“Motupróprio”,tomouadecisãodeinserirSãoJosénoCanondaSantaMissa,colocando-oao ladodeMarianomomentomaissagradodaSagra-daLiturgia.

OlugaratribuídoaSãoJosénãopode-

rájamaisdebilitaraadoraçãoaNossoSenhorJesusCristo,bemcomoade-voçãodehiperduliaaMaria,talcomoadevoçãoaMarianãopodesernoci-vaàadoraçãodevidaaNossoSenhor.Oamorabsolutoquepertenceaoúni-coMediadorentreDeuseoshomens,bemcomoaadmiraçãoúnicaquede-dicamos à Bem-Aventurada sempreVirgem Maria completam-se e forti-ficam-serecìprocamente,semjamaisseconfundirem.Numapalavra:aSa-gradaFamíliadeveserunaeinsepará-velnocoraçãodocristão,talcomofoiemNazaré,talcomoénoCéu.

Eéisso,aliás,oqueNossaSenhoradeFátimaconfirmanaderradeiraapari-çãodeOutubro,nomomentoemquese produziu o prodígio solar, os trêspastorinhos contemplaram a Sagra-daFamíliadispostaàdireitadoSol,emaisbrilhanteainda,NossaSenhoracomseumantoazul,eàsuaesquer-daSãoJosélevandooMeninoJesus,abençoando o Mundo. Nós afirma-mos, pois, com a Sagrada Liturgia,«Deus constituiu-o chefe da sua casa,bemcomodetodososseusbens».

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Umaextraordináriasantidade

Abbé François Marie Chautard

Quandopensamosnasantidadesemigual da humanidade de Nosso Se-nhor,compreendemoslogoqueelasebaseia sobre o mistério da Encarna-ção. A alma humana de Jesus Cristoestáinundadadegraçacelesteporqueasuahumanidadeestáunidaàpessoadivina. Este simples raciocínio quejustificaplenamenteagraçahumanadeJesusCristotambéméválidoparasuamãe.MariaéaImaculada,ame-diatriz de todas as graças, a Virgemdas Virgens, a Rainha dos mártires,masantesdetudo,MariaéamãedeDeus. E é esta maternidade divinaqueéabasedasuasantidadesempare de todas as suas perfeições. Tudotem origem nesta maternidade, istoé,nessaligaçãoparticularqueassociao mistério da Incarnação a Maria. AsantidadedeMariamede-sepelasuaproximidadecomaIncarnaçãodoseufilho,emboraaumgraumenorqueadeCristo,massemprenamesmaló-gicadivina.

PoristosevêtodaadiferençaabismaleteológicaqueseparaasantidadedeMariadasantidadedosoutrosheróisdo Cristianismo. Podemos desfiar ossantos do Novo Testamento e fazera contaaoscampeõesdaFé,masnaverdadeasantidadedeumSãoMar-tinhooudeumaSantaTeresadoMe-nino Jesus não estão vinculados deuma maneira tão estreita- essencial,

diremosnós-aomistériodaEncarna-ção.AsantidadedaalmahumanadeCristoprovémdasuauniãoàpessoadivina,asantidadedeMariaprovémdoseupapelnaIncarnação,enquantoasantidadedeSãoMartinhonãopro-vém de uma união pessoal ao VerbonemdequalquerpapelnaIncarnação.É por isso que se chama ao culto daVirgemMariadehiperduliaenquantoocultodossantossechamasimples-mentededulia.

A santidade de São José e o mistério da Incarnação

EntreaVirgemMariaeossantosdaIgrejaexistemoutrossantoscujopa-pelestáintimamenteligadoaomisté-riodaIncarnação.Comefeitoexistemtrêstiposdesantosqueestiveramli-gadosdemaneiratãopróximoaessemistérioqueasuasantidadeédotadadeumaelevaçãosingular.

OprimeirodessessantoséSãoJoãoBaptistaqueNossoSenhornãohesitaemlouvarnoEvangelhoecujocultofoiconsiderávelnaIgrejaeéaindaac-tualcomonoslembramoPrólogodeSãoJoãoeosimplesConfiteor.DomE.Flicotaeuxescreviaacercadele:“SãoJoão Baptista foi investido de umamissão cujo carácter era demasiadogeral,oalcancedemasiadouniversal,paraqueelepudesseserconsideradoorepresentantedeumaépocaoude

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um país. O que temos de ver antesde tudo na pessoa de São João Bap-tista não é um aspecto particular dasantidadeCristã,masoseupapeldePrecursorqueopõe,porassimdizer,no estado de relação viva com JesusCristo e lhe confere uma dignidadeincomparável”.(1)

O segundo tipo de santo ligado deuma maneira particular ao mistériodo Verbo Incarnado é o Apóstolo.Comefeito,osApóstolossãoascolu-nasaIgreja,ousejadocorpomísticode Jesus Cristo, sendo São Pedro oseuprimeirochefe.OsApóstolosusu-fruemportantodeumarelaçãomuitoestreitacomomistériodaIncarnaçãoe consequentemente possuem umasantidade iminente. É assim que oexplicaSãoTomásdeAquino:”Entreos outros santos, os Apóstolos fo-ram escolhidos para uma dignidademais excelente, isto é, para recebe-rem imediatamente de Jesus Cristoe transmitir aos outros tudo aquiloquedizrespeitoàsalvação,dadoqueaIgrejarepousasobreelessegundoaspalavras do Apocalipse (XXI, ���) .”OmurodacidadetinhadozefundaçõesenelasosdozenomesdosApóstolosdocordeiro”Eisarazãoporqueéditoque “Deus estabeleceu primeiro nasua Igreja os Apóstolos” ( Epístola �aosCoríntios,XII,��8).Estaétambéma razão pela qual Deus lhes deu, depreferênciaatodososoutrossantos,umagraçamaisabundante.(2)

Enfim o terceiro tipo de santo é re-

presentado por São José, cujo papelnomistériodaIncarnaçãoéconside-rável.Peranteoprodígiodamaterni-dade divina não sabemos se é maisconveniente o espanto, a admiração,aadoraçãoouolouvor.Eesseprivilé-gioétãoluminosoquepõenasombraopapeleminentementeprodigiosodeSãoJosé.QuepapelincomparávelfoiodeexercerafunçãodePaiparaofi-lhodeDeus,deseroesposodamãedesseDeusfeitohomem,deseroseuprotectorechefe!Daí,setivermosemcontaasduasverdadessobrenaturaissegundoasquaisquantomaisunidose está ao mistério da Incarnação, equanto mais tremenda é a missão,maisgraçasserecebe,entãonãopo-deremos pôr limites à santidade deSãoJosé.

Como notava o R.P.Synave, “o prin-cipio que São Tomás de Aquino deuparatornarmaismanifestaaplenitu-dedaVirgemMariavaletambémdamesma maneira para São José (IIIa.qu.��7,art�):“Quantopróximoseestádeumacausa,qualquerquesejaasuanatureza, mais se participa nos seusefeitos.Quantomaisseestápróximode Deus, mais se participa nas bon-dades divinas.” Ora São José viveudurante muito tempo na intimidadedeJesusemNazaré.Daísedepreen-dequeesteconvíviodiáriocomJesusdevetersidoocasiãodemuitasgraças.Aliás a função de educador humanodoFilhodeDeusdavatambémaSãoJosé o benefício de favores divinos.“CadaumrecebedeDeusagraçaque

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convémaoseudesempenho”dizSãoTomás de Aquino (IIIa, qu.��7, art.�,sol.�)

Quando vemos a admirável disposi-ção da Divina Providência, que pre-para com uma minúcia espantosa osacontecimentoseoshomensparafa-zeraparecernosmomentosnecessá-riosossalvadorestãoesperados-pen-samos em Santa Joana de Arc- nãopoderemosimaginarocuidadocomoqualoVerboincarnadodeveterpre-paradoaalmadeseupaisobreater-ra.AdevoçãoaSãoJosé,longedeserumadevoçãobarata,temporfunda-mentoamaissegurateologia.NãohádúvidasdequeSãoJosé,aocontráriodaImaculada,devetertidofraquezase deve ter cometido pequenos peca-dos.Masmesmoassim,qualnãode-verátersidooseugraudesantidade!

Um incomparável intercessor

Maisainda,senoslembrarmosdestaoutra lei sobrenatural chamada a leidaComunhãodosSantosoudarever-sibilidadedosméritos,dar-nos-emoscontade quantoSãoJosé poderáserpara nós uma ajuda poderosa. Vistoque a santidade sobreeminente deJesusCristofezdeleoredentor,queasantidadedaVirgemMariacontri-

buiuparafazerdelaco-redentoraeamãedoshomens,entãoagraçadeSãoJoséfazdeleoPatrão,opaiadoptivodetodaaIgreja.

Comoentãopoderemosnósficar in-diferentes a um tão grande Santo?Como então não agradecer a Deusde nos ter tornado participantes napreferência a São José? Como entãopoderemosduvidarqueumaalmatãosanta,queumcoraçãotãorecto,nãoesteja pronto para nos ajudar lá doaltodocéu?

“VãotercomJosé”diziaoFaraóaosEgípcios.O“VãotercomJosé”tam-bémnosensinaateologiadomistériodaEncarnação.ElesaberáalimentaraalmadoCorpoMísticocomoalimen-tououtroraocorpodaalmadeJesusCristo.

R.P.Synave,O.P.SommeThéologique,ViedeJésus, t.�,Renseignementte-chniques,éd.DelaRevuedesJeunes,�9��7,p.30��-30�.

Dom E.Flicoteaux, “Un saint que l’on oublie: le Précurseur du Christ”,LaViespirituelle,Lapenséecatholi-que, nºs ��8-��9. juillet-aôut �9��9,p.��07Commentaire sur l´êpitre aux Ro-mains8/��3.Leçon�.

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SãoJosé,opaiporexcelência.

Cercle Charles et Zita Habsbourg

SãoJosééomodelodopaisobaNovaLei.SãoJoséfoiumpaimuitopobre,muitoedespojado, sendoconsidera-doapesardisso,omodelodopai.EleeaVirgemMariaescolheram-selivre-menteafimdesecasarem;SãoJoséfoiohomemqueescolheuamaisper-feitadasmulheresparaesposa.Esta,porsuavez,lheteránecessariamentecomunicadooseusegredo,istoéasuaconsagraçãototalaDeus.SãoJosé,aocooperar inteiramente com os desíg-nios da Divina Providência, teve deaceitarderespeitaressaconsagração;no entanto este casamento casto foium verdadeiro casamento e os es-posos gozaram de um amor de umaextraordinária intensidade,poisesseamorfoipurificadoporDeusatravésdessesacrifício.

O amor no sacrifício

QuandoMariarecebenaAnunciação,amensagemdoAnjo,elanãofalacomJosé e guarda esse segredo para ela;José só se apercebe da situação de-pois de ela voltar da sua estadia emcasa de Isabel. Esta é a sua primeiraprovação no que diz respeito ao seuamor conjugal: ele deverá aceitar,semqualquerexplicação,osdesígniosdeDeusacercadasuaesposa;então,depois deste período de provação,ele terá também a sua Anunciação;OAnjopede-lheparaescolherMariainteiramentecomoesposarespeitan-

donelaaobradeDeusoqueexigedeJoséumagrandepobreza,umgrandedespojamentonoseuamor.SãoJosédeve desempenhar integralmente afunçãodepaidoFilhodeDeus.Éas-simqueeleconstituia imagemmaisperfeitadapaternidadedeDeus.

Esta pobreza continua aquando donascimentodeJesus:SãoJosé,ores-ponsávelpeloFilhodeDeus, temdeaceitardeOfazernascernomeiodeumagrandeindigênciaeeles,ambosdeestirpereal,poissãodescendentesdo Rei David, são rejeitados por to-dos.Joséaceitaestapobrezaquevaipermitirumaintimidademuitogran-denoseiodestafamília.

Quando Jesus vai a Jerusalém comos seus pais para festejar a Páscoa,Ele permanece no Templo sem nadalhesdizer.Jesuscomeçaassim,comoporantecipação,asuavidapública,asuavidadepregação.AsuaprimeirainiciativaElea tomasemnadadizera seus pais. Enquanto Jesus ensinano Templo, José conhece o mistériodo Calvário. Contrariamente à San-taVirgem,queconheceráeviverádeuma maneira ainda mais dolorosa osofrimentodaseparação,elenãoes-tarápresentenoCalvário.Aprovaçãodaseparação,SãoJosévaivivenciá-laquando perde Jesus, o que lhe é in-compreensível.

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Ele teve necessariamente um gran-de sentido da sua responsabilidadecomopaienessanoite,quandoJosée Maria se encontram sozinhos semJesus pela primeira vez, ambos sãotomados por uma profunda inquie-tação e ficam sem compreender poisJesusnadadisse.Esteéumdosgran-desmistériosdosofrimentohumanoqueéodenãocompreenderosigni-ficadodessesofrimento;háportantoaquiumapurificaçãomuitograndedocoração de José dado que o homemcomo ser racional que é, tem neces-sidadedecompreenderoporquêdosacontecimentos.

Unidos no mesmo sofrimento, Josée Maria voltam para Jerusalém àprocuradeJesus;equandoOencon-tram, Este em vez de lhes dar umaexplicaçãoplausívelqueosteriatran-quilizado, responde-lhes de maneiraenigmática:“Porqueéquemeprocu-raram?Nãosabeisquemeénecessá-rio ocupar-me das coisas que são doserviçodemeuPai?”(SãoLucas��,��9)O que não os consolou de nenhumamaneira…

TambémJosé,talcomoMaria,guar-dou estas palavras no seu coração oqueconstituiuumgrandesofrimentoparaoseucoraçãopaterno.Aespadada dor trespassou não só o coraçãoMaria como também o de José. Aítambémexisteumapurificação:DeusquerqueJoséaceiteavocaçãosacer-dotal de Jesus. Aceitar a vocação deum filho é sem dúvida o que é mais

misteriosonavocaçãodeumpai.

SabemosqueSãoJosénãoestavapre-senteduranteaPaixãodeCristode-preendendo-se portanto que já teriafalecido.IssotambémfoiumagrandepobrezaqueDeuspediuaJosé;adedesaparecer.Épor issoqueSãoJosééconsideradoopatrãodaBoaMorte,embora não se saiba nada acerca dasuaprópriamorte,porqueeleaceitoudesaparecer e não presenciar a reali-zaçãodamissãodeseufilho.SãoJosédemonstrou ao longo de toda a suavidaumgrandedespojamentoeumatotalsubmissãoàvontadedeDeus.

Conclusão

SãoTomásdeAquinoensina-nosqueoaugedavidamísticaconsiste,viven-ciando-o, em poder chamar a Deus:“Pai”.Anossaeternidaderesume-seaisso;adizerpermanentemente“Pai”aDeus.Jáaquinaterradevemospedirao Espírito Santo de nos introduzirumpouconestemistériodapaterni-dadeDivina;umadasmaneirasdeofazer é estudar as Sagradas Escritu-ras.

NasSagradasEscrituraséverdadeira-menteoEspíritoSantoquenosfalaedevemosestaratentosàsmensagensqueelenosdá.Apalavra“Abba”vemdo Aramaico e significa Papá (pai éuma tradução um pouco solene quenãoexistenoAntigoTestamento).

Apalavra“Abba”éempregadatrêsve-zesnoNovoTestamento;UmaveznaEpístolaaosGálatas,umaveznaEpís-

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tolaasoRomanosepelaprimeiravezno Evangelho de São Marcos aquan-dodaagoniadeJesusnomontedasOliveiras :”Abba, Pai, todas as coisaste são possíveis, afasta de mim estecálice”.(SãoMarcos���,36)

FoiassimopróprioJesusCristoopri-meiro a nos revelar a maneira comofalava com seu pai. Foi necessário opeso do sofrimento da agonia paraqueJesussedirijaaseupaicomoumacriancinha,istoé,comumaconfiançaimensa. Quando rezamos podemospedir a Deus que disponha o nossocoração como o dele quando disse“Abba”

Na sua Epístola aos Romanos SãoPaulodiz-nosqueéoEspíritoSantoque dentro de nós diz “Abba”; O Es-píritoSantoénospessoalmentedadoparaquepossamosdizer“Abba”.

Esta é toda a importância da oração(oração e meditação são duas coisasdiferentes:nameditaçãolê-se,usa-se

ainteligência,naoraçãotornamo-nosdisponíveis à acção do Espírito San-to).ÉaoraçãoquenosfazdescobriroPai.”ÉporissoquetodososCristãosdevem dedicar diariamente algunsminutos à oração, mesmo se igno-ram como o fazer. E aquele que temmuitotrabalhomaisodevefazer!Te-mosdetertodososdiasumpequenomomentodeencontrocomJesus(…)Temosdearranjartempoparaofazer(…) Temos de nos lembrar sempreestaexigênciadaoração.”Sóaoraçãoéquenospodeintroduzirnarealida-dedequeDeusénossoPai.

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As ideias deste artigo foram tiradas de“Toute paternité vient de Dieu, Être père aujourd´hui” do padre Marie-DominiquePhilippe (�9���-��006). Trata-se de umarecolha de conferências que ele deu so-breomistériodapaternidadedivinaem�98�e�98��nas“ActionsFamilialesCa-tholiques”emParis.

AsParábolasdeJesus

(Capítulos XX do livro de Catequese “Jesus nosso Salvador” de A. Amaral, 1962)

Muitasvezes,paraqueoSeuensina-mentofossemaisfacilmentecompre-endido e se gravasse melhor na me-mória, Jesus serviu-Se de parábolas.As parábolas são narrativas, feitas a

partir de factos da vida real, com ofimdepôremrelevoumensinamentomoraloureligioso.FixemosalgumasdasmuitasparábolasqueJesuscon-tou.

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Palavra de Deus

QuerendoexplicaraosSeusouvintesqueaPalavradeDeusproduziráfrutoem nós, na medida em que souber-mosacolhê-lacomféedocilidade,Je-suscontouaseguinteparábola:

“Um lavrador saiu, para fazer as se-menteiras. Ora, quando ele lançava a semente à terra, parte dela caiu no ca-minho. Foi calcada, e as aves comeram-na. Outra parte caiu em terreno rocho-so; mal nasceu, logo secou por falta de humidade. Outra caiu entre espinhos; estes, crescendo com ela, sufocaram-na. A outra parte caiu na terra boa. Nasceu e deu fruto a cem por um”.

Então os Discípulos perguntaram-Lhe o que queria dizer aquela parábola. E Je-sus disse-lhes:

“A vós foi dado o privilégio de conhecer os segredos do Reino dos Céus. Eis o que significa esta parábola: A semente é a Palavra de Deus. Os que se assemelham ao caminho, são aqueles que ouvem, mas, em seguida, vem o demónio e tira a Palavra do seu coração, para impedir que eles acreditem e se possam salvar. Os que se assemelham ao terreno rocho-so, são os que recebem alegramente a Pa-lavra, no momento em que a ouvem. Não chega, porém, a criar raízes: acreditam por algum tempo, mas na altura da ten-tação, abandonam tudo. Os que se as-semelham ao terreno com espinhos, são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, mas, depois, deixam-na sufocar pelos cuidados, as riquezas e pelos prazeres da vida. Também não chegam a dar fruto.

Os que se assemelham à boa terra, são aqueles que, tendo ouvido a Palavra com um coração recto e bem disposto, produ-zem fruto, graças à sua perseverança”. (Luc. 8, 4-15)

Oração

Dirigindo-seaalgunsquesejulgavammuitovirtuosos,masdesprezavamosoutros,Jesusdisseaseguinteparábo-la:

“Dois homens foram ao Templo rezar. Um era fariseu, e o outro publicano. O fariseu de pé rezou assim: ‘Meu Deus, eu Vos agradeço por não ser como os outros homens, que são ladrões, injus-tos e adúlteros, nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por sema-na e dou a décima parte do que recebo’. O publicano ficou distante dele e nem ousava levantar os olhos ao Céu; mas, batendo no peito, dizia: ‘Meu Deus, ten-de piedade de mim, que sou pecador!’ Pois Eu afirmo-vos, concluiu Jesus, que o publicano voltou para sua casa recon-ciliado com Deus. O outro não. Quem se exalta, será humilhado; e quem se humi-lha, será exaltado”. (Luc. 18, 9-141)

Aparáboladofariseuedopublicanomostra-nos que a oração orgulhosadofariseunãoagradouaDeus;masaoraçãohumildedopublicanoobteve-lheoperdãodospecados.

Paraexeprimentaranossaféeanos-saconfiança,etambémparamerecer-mos,decertomodo,oqueLhepedi-� VerMissal:Evangelhodo�0ºDo-mingodepoisdePentecostes.

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mos, Deus nem sempre nos atendeimediatatamente.Noentanto,opró-prioJesusdiz-nosquenãodesanime-mos.SeinsistirmosempediraDeusumacoisaquesejaútilàSuaglóriaouànossasalvação,Elenãodeixadenosatender.

Vejamos a parábola que Jesus con-tou:

Imaginemos o seguinte: um de vós tem um amigo e vai bater-lhe à porta, à meia-noite, pedindo-Lhe: Empresta-me três pães, porque chegou agora a minha casa um amigo que vem de viagem, e não tenho que lhe dar. Lá de dentro, vem esta resposta: ‘Não me incomodes!’ As portas estão fechadas e já estou a descansar com os meus filhos. ‘Não posso agora le-vantar-me.’ Se insistirdes em bater, ele virá dar-vos os pães. Se não por amiza-de, ao menos para se ver livre de vós.

E Jesus continuou: ‘Também Eu vos digo: pedi e dar-se-vos-á; procurai e en-contrareis; batei e abrir-se-vos-á’. (Luc. 11, 5-8)

Sejamos humildes e perseverantesem nossas orações, mas com as dis-posições de alma que Jesus tambémensinou:“Senhor, no entanto, faça-se a Vossa Vontade e não a minha”.

Arrependimento

Jesuscontoutambémalgumaspará-bolas sobre a alegria que há no Céuquandoumpecadorseconverte.As-simaparáboladaovelhaperdidaedamoedaperdida.

“Os publicanos e os pecadores aproxi-maram-se de Jesus para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas começaram logo a murmurar, dizendo: ‘Este homem acolhe os pecadores e come com eles!’ Então Jesus disse-lhes estas parábolas: ‘Qual de vós, se possuísse cem ovelhas e perdesse uma, não deixaria as 99 no de-serto, para ir procurar a que se perdeu, até a encontrar? Tendo-a encontrado, põe-a aos ombros, cheio de alegria. Quando chega a casa, chama os vizinhos e amigos e diz-lhes: ‘ Alegrai-vos comigo, porque já encontrei a ovelha que se tinha perdido!’ Pois Eu afirmo-vos que também há mais alegria no Céu, por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove jus-tos que não precisam de fazer penitência. Se uma mulher possuir dez moedas e perder uma, não vai logo acender uma lâmpada, varrer a casa e procurá-la até a encontrar? Tendo-a encontra-do, chama as amigas e vizinhas e diz-lhes: ‘ Alegrai-vos comigo, porque já encontrei a moeda que tinha perdido!’ Pois Eu afirmo-vos que também há gran-de alegria entre os Anjos de Deus, quan-do se converte, mesmo um só pecador”.

Perdoar

Deusperdoa-nos,senóstambémper-doarmos.Senãoquisermosperdoaraquemnostemofendido,comopode-mosesperarqueDeusnosperdoasse?Esclareceestadoutrinaaparáboladoservo sem caridade, que pretendiapara si o perdão de uma enorme dí-vidaenãoqueriaperdoarumadívidainsignificante(cf.Mat.�8,��3-3�).

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Fazer o bem

Façamosobem,mesmoaosinimigoscomoobomsamaritanoquesocorreuum inimigo. Samaritanos e Judeusnão eram amigos entre si. Para nosensinar que devemos amar e fazerbemmesmoaosinimigos,Jesuscon-touaparáboladobomSamaritano,naqualnosmostracomoumsamaritanosocorreuumjudeuquehaviasidoas-saltadopelosladrõeseseencontravaquasemortonavaletadaestrada(cf.Luc.�0,��3-37).

O mal

Deussóqueronossobem.Se todosseguissemaSuadoutrina,oshomensseriam mais felizes. Por que razão éque vivem no mundo bons e maus?PorqueéqueDeusnãoexterminaosmaus,paraficaremsóosbons?

A resposta encontra-se na paráboladotrigoedojoio.ODemóniosemeiaomalportodaaparte,easeparaçãodefinitiva entre os bons e os mausseráfeitaporDeusnofimdomundo,quandoosAnjoslevaremosbonsparao Céu e os maus forem precipitadosnoInferno(cf.Mat.�3,����-30).

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BodasSacerdotais

doReverendíssimoPadreAnselmo

ParamelhorserviroalmoçoquesesegueàSantaMissanodomingo,dia��9deSetembro,énecessárioque,quemdesejeparticipar,registeoseunomedeumadasseguintesformas:

• nalistadeinscriçãoparaalmoço

• portelefoneasenhorRuiMachado(9669���������)

• porEmail([email protected])

Ainscriçãonestalistaéimportanteporquepermitiráterdadosprecisossobreo número de pessoas presentes e assim garantir a aquisição em quantidadesuficienteaconfeccionar.Édesejávelquea inscriçãosejafeitaaté����deSe-tembro.

Deacordocomagenerosidadedecadaum,ébem-vindaaajudanasdespesasdesteevento.

HátambémateremcontaalembrançaaofereceraoRevºPadreAnselmo.Umapossívelofertaespiritual,paraquemsequeiraassociar,consistenoseguinte:

Duashorasdeoraçãonosdias��6(quinta),��7e��8,entre��0.00e����.00ho-ras,comarezadoRorário(3terços)emfrentedoSantíssimoSacramento.Asintenções serão de acção de graças pelos ��� anos de Sacerdócio e intençõesparticularesdoRevºPadreAnselmo.

A organização da Boda Sacerdotal