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Cristiana Balby Rodrigues Silva ‐ Estudante do 10º Período de Direito COMENTÁRIOS AO PROCESSO ADMINISTRATIVO SEGUNDO A LEI 9.784/1999 SUMÁRIO: 1 – Introdução; 2 – Disposições Gerais da Lei; 2.1 – Objetivos Legais; 3 – Princípios Aplicáveis ao Processo Administrativo; 3.1 ‐ Princípios Informadores dos Processos Administrativos; 3.2 ‐ Princípios expressos na lei 9.784/99; 4 – Do Processo Administrativo; 4.1 ‐ Instauração; 4.2 – Instrução; 4.3 – Defesa; 4.4 – Relatório; 4.5 – Julgamento; 5 – Conclusão. 1 INTRODUÇÃO A lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, foi promulgada para regular o processo Administrativo no âmbito da Administração Pública Federal e estabelece em seus artigos, de acordo com o art. 1º, normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. Trata‐se de lei geral do processo administrativo, não se confundindo com as espécies de processos administrativos mais específicos, tais como o Processo Administrativo Disciplinar (PAD), por exemplo. Traz a positivação expressa dos princípios que regem o processo administrativo, já ressaltados doutrinariamente como pilares da Administração Pública, para enfatizar a completa importância que eles terão no âmbito geral desse dito processo. Através da codificação do processo administrativo com a lei, possibilita‐se um maior controle da Administração Pública pelos cidadãos, agentes públicos e servidores, evitando uma atuação administrativa arbitrária e subjetiva, que poderia se dar na ausência desta. O processo administrativo regido na lei, também conhecida como Lei Geral dos Processos Administrativos, é aplicado subsidiariamente no âmbito federal, respeitados a autonomia dos demais entes administrativos e atinge, inclusive, os poderes Legislativos e Judiciários da União quando estes desempenharem funções administrativas. Os Estados e Municípios que queriam dispôr sobre a matéria deverão promulgar as suas próprias leis, como no Estado de São Paulo, por exemplo, onde a matéria é disciplinada pela lei nº 10.177/98. Esta tem influência nos mais variados procedimentos administrativos regulados em leis especiais, a exemplo do Regime Jurídico Único (RJU), em suas disposições relativas ao procedimento administrativo disciplinar; do processo administrativo fiscal (PAF), sistematizando o procedimento de consulta fiscal e defesa do contribuinte; dos dispositivos sobre recursos administrativos previstos pela Lei de licitações; etc. 2 DISPOSIÇÕES GERAIS DA LEI Cabe ressaltar que a Lei 9.784 tem aplicabilidade no âmbito da : ÍNDICE : Outra : COMENTÁRIOS AO PROCESSO ADMINISTRATIVO SEGUNDO A LEI 9.784/1999 Artigos Pesquisa Artigos recentes Índice de artigos Mostrar 10 por página

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  • Cristiana Balby Rodrigues Silva Estudante do 10 Perodo deDireito

    COMENTRIOS AO PROCESSO ADMINISTRATIVO SEGUNDO A LEI9.784/1999

    SUMRIO: 1 Introduo; 2 Disposies Gerais da Lei; 2.1 Objetivos Legais; 3 Princpios Aplicveis ao Processo Administrativo;3.1 Princpios Informadores dos Processos Administrativos; 3.2 Princpios expressos na lei 9.784/99; 4 Do Processo Administrativo;4.1 Instaurao; 4.2 Instruo; 4.3 Defesa; 4.4 Relatrio; 4.5 Julgamento; 5 Concluso.

    1 INTRODUO

    A lei n 9.784, de 29 de janeiro de 1999, foi promulgada pararegular o processo Administrativo no mbito da AdministraoPblica Federal e estabelece em seus artigos, de acordo com oart. 1, normas bsicas sobre o processo administrativo nombito da Administrao Federal direta e indireta, visando, emespecial, proteo dos direitos dos administrados e ao melhorcumprimento dos fins da Administrao. Tratase de lei geraldo processo administrativo, no se confundindo com as espciesde processos administrativos mais especficos, tais como oProcesso Administrativo Disciplinar (PAD), por exemplo.

    Traz a positivao expressa dos princpios que regem o processoadministrativo, j ressaltados doutrinariamente como pilares daAdministrao Pblica, para enfatizar a completa importnciaque eles tero no mbito geral desse dito processo. Atravs dacodificao do processo administrativo com a lei, possibilitaseum maior controle da Administrao Pblica pelos cidados,agentes pblicos e servidores, evitando uma atuaoadministrativa arbitrria e subjetiva, que poderia se dar naausncia desta.

    O processo administrativo regido na lei, tambm conhecidacomo Lei Geral dos Processos Administrativos, aplicadosubsidiariamente no mbito federal, respeitados a autonomiados demais entes administrativos e atinge, inclusive, os poderesLegislativos e Judicirios da Unio quando estesdesempenharem funes administrativas. Os Estados eMunicpios que queriam dispr sobre a matria deveropromulgar as suas prprias leis, como no Estado de So Paulo,por exemplo, onde a matria disciplinada pela lei n10.177/98.

    Esta tem influncia nos mais variados procedimentosadministrativos regulados em leis especiais, a exemplo doRegime Jurdico nico (RJU), em suas disposies relativas aoprocedimento administrativo disciplinar; do processoadministrativo fiscal (PAF), sistematizando o procedimento deconsulta fiscal e defesa do contribuinte; dos dispositivos sobrerecursos administrativos previstos pela Lei de licitaes; etc.

    2 DISPOSIES GERAIS DA LEI

    Cabe ressaltar que a Lei 9.784 tem aplicabilidade no mbito da

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  • Administrao Federal Direita, Indireta e tambm, de acordocom o 1 do art. 2, aos rgos do poder Legislativo eJudicirio quando no desempenho de suas funesadministrativas, visto que embora as funes administrativassejam realizadas majoritariamente pelo poder Executivo, estestambm podem realizlas.

    O processo administrativo, que pode ser instaurado medianteprovocao do interessado ou por iniciativa da prpriaAdministrao estabelece uma relao bilateral, inter partes,ou seja, de um lado, o administrado, que deduz uma pretensoe, de outro, a Administrao que, quando decide, no agecomo terceiro, estranho a controvrsia, mas como parte queatua no prprio interesse e nos limites que so impostos porlei. (DI PIETRO, 2002, p. 505).

    Ou seja, a atuao ocorre sempre no interesse daAdministrao para atender os fins que lhe so especficos.

    2.1 Objetivos legais

    Embora expresso que o estabelecimento das normas previstasna lei visam especialmente a proteo dos direitos dosadministrados e ao melhor cumprimento dos fins daAdministrao, podemos ressaltar inmeros outros destesdecorrentes, segundo Medauar (2007, p. 162):

    Seus objetivos foram se ampliando medida que se alteravamas funes do Estado e da Administrao, as relaes entre oEstado e sociedade e as prprias concepes do direitoadministrativo. Extrapolouse o perfil do processoadministrativo ligado somente dimenso do atoadministrativo em si, para chegar legitimao do poder.

    Eis a um dos pontos chaves do processo administrativo:legitimao do poder. A explicao simples: no exerccio desuas funes, a Administrao Pblica imperativa, faz uso dopoder a todo instante, mas esta no pode exerclo de maneiraarbitrria e opressiva, devendo decidir sempre motivadamenteem vista da eficincia administrativa. Isso muito contribui parauma atuao administrativa mais democrtica, que aproxima aAdministrao Pblica dos cidados, que com esta colaboram,demonstrando que o poder pblico est a favor da sociedade,no contra ela. Alm do que, quanto mais democrtico for oprocesso administrativo, mais demonstrativo ele da essnciae da prtica do exerccio do poder em determinado Estado,afirma Rmulo Conceio (2008).

    A autora Medauar (2002, p. 163) apresenta outros dessesobjetivos, tais como: funo de garantia, j que o processoadministrativo tutela direitos que o ato administrativo podeafetar; melhor contedo das decises, que decorre do fato deser possibilitado aos interessados a formao de provas,argumentos, o acesso a informaes, etc; justia daadministrao, que coloca uma postura que atribui tambm Administrao uma tarefa de justia, com a finalidade deevitar condutas negligentes, de mf, no atendimento aosservidores e cidados; etc.

    3 PRINCPIOS APLICVEIS AO PROCESSO ADMINISTRATIVO

    O art. 2 da lei elenca um rol no exaustivo de 11 princpiosaos quais a Administrao Pblica deve obedincia, quaissejam: princpio da legalidade, finalidade, motivao,razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico eeficincia. Dizse no exaustivo porque destes mesmosdecorrem outros implicitos e/ou explicitamente considerados

  • nas legislaes infraconstitucionais e na Constituio Federal.Dentre tais legislaes, encontrase a prpria lei em estudo,visto que ao analisla a partir dos seus preceitos, objetivos eregramentos, levantase a importncia tambm de outrosprincpios ressaltados na obra de Di Pietro e Alexandrino ePaulo , tais como: princpio da oficialidade, informalismo,verdade material, etc.

    3.1 Princpios Informadores dos Processos Administrativos

    Para os autores Alexandrino e Paulo (2008, p. 668), cinco soos princpios orientadores dos processos administrativos:

    a) Legalidade objetiva: este, muito se assemelha ao princpioda legalidade, chegando a este se confundir, visto que exige aatuao administrativa seja baseado na lei para conduzir umprocesso administrativo, de tal modo que, de acordo com osautores supramencionados, inexistindo norma legal que opreveja, ou sendo conduzido contrariamente lei, nulo oprocesso (p. 669).

    b) Princpio da Oficialidade: contido implicitamente no art. 5da lei, referese ao fato de que embora seja facultado aoparticular iniciar o processo administrativo, o impulso oficial sempre da Administrao Pblica, a ela cabendo darprosseguimento at a deciso, adotando todas as mediasnecessrias a sua adequada instruo.

    c) Informalismo: este princpio ressalta que os atos praticadosno processo no so submetidos a nenhuma formalidadeespecial, de acordo com o art. 22, que afirma: os atos doprocesso administrativo no dependem de forma determinadaseno quando a lei expressamente a exigir. certo que deveter um certo cuidado com a palavra informalismo, uma vez quea lei pode exigir que determinados atos ocorram e sua noobservncia poder acarretar at mesmo a nulidade do ato, porisso este princpio tambm conhecido como formalismomoderado.

    d) Verdade Material: importa conhecer o fato como ocorridorealmente, p. ex. atravs da formao de provas em qualquerfase do processo, ou seja, no se vale mera verdade formaladmitida nos processos judiciais.

    e) Contraditrio e Ampla Defesa: expressos no art. 5 daConstituio Federal, esto no rol explcitos de princpios da leie dele trataremos adiante.

    A autora Di Pietro (2002, p. 515), ainda ressalta dois princpiosimplcitos importantes a serem citados: primeiro o daceleridade processual, que comumente considerado em todosos processos, sejam judiciais ou administrativos, visto que emquaisquer destes devem ser evitados excessos de formalismoque servem apenas para emperrar a mquina administrativa; ooutro, referese ao princpio da atipicidade, que confirma aquase inexistncia no direito administrativo de infraesdescritas na lei, ou seja, cabe a Administrao definir o serentendido como infrao e qual grau de ilicitude ela seenquadra. Logo, a maior parte delas fica sujeita discricionariedade administrativa diante de cada casoconcreto; a autoridade julgadora que vai enquadrar o ilcitocomo falta grave, procedimento irregular , ressalta aautora.

    3.2 Princpios expressos na lei 9.784/99

    Esto estabelecidos no art. 2 os seguintes princpios:legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade,

  • proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio,segurana jurdica, interesse pblico e eficincia. Onde setem, em sntese:

    Princpio da Legalidade: este princpio, como se sabe, basepara toda a atividade da Administrao Pblica, que devedesenvolver suas atividades na forma e nos limites da lei, emseu sentido amplo e incluindose, certamente a ConstituioFederal. Ressaltase que, ao contrrio do Direito Civil, onde oparticular pode fazer sempre o que no est proibido em lei, aAdministrao Pblica s poder atuar quando a lei assimpermitir;

    Princpio da Finalidade: temse que o princpio da finalidadeexige que o ato seja praticado sempre com finalidade pblica(BARBOSA, 2008). Ou seja, o administrador fica impedido depraticar algum ato em seu prprio interesse ou em interesse deterceiros, visto que o interesse pblico que deve ser levadoem considerao

    Princpio da Motivao: explcito no prprio texto legal emseu art. 50, que exige que os atos administrativos devero sermotivados, com indicao dos fatos e dos fundamentosjurdicos, especialmente quando: negarem, limitarem ouafetarem direitos ou interesses; imporem ou agravaremdeveres, encargos ou sanes; decidirem processosadministrativos de concurso ou seleo pblica; dispensarem oudeclararem a inexigibilidade de processo licitatrio, etc.;

    Princpio da razoabilidade e proporcionalidade: encontramaplicao no controle de atos discricionrios que implicamrestrio de direitos dos administrados ou imposio desanes. Ou seja, os atos praticados pela Administrao devemser sempre necessrios, adequados e aplicados semdiscricionariedade ou abuso de poder;

    Princpio da Moralidade: atravs deste, exigese que osagentes da Administrao Pblica atuem eticamente, agindocom boaf. Para Alexandrino e Paulo (2008, p. 195), adenominada moral administrativa difere da moral comum,justamente por ser jurdica e pela possibilidade de invalidaodos atos administrativos que sejam praticados cominobservncia deste princpio;

    Princpio da ampla defesa: consiste na adequada defesa aoque alegado e deve ser anterior ao ato decisrio;

    Princpio do contraditrio: significa, segundo Medauar (op.cit., p. 166) faculdade de manifestar o prprio ponto de vistaou argumentos prprios, ante fatos, documentos ou pontos devista apresentados por outrem. De outro modo, complementaPessoa (2000) que este implica conhecimento, por parte dosinteressados, dos atos mais relevantes da marcha processual,mormente aqueles que possam interferir na deciso a sertomada ao cabo do processo;

    Princpio da Segurana Jurdica: para Braga (2004), esteprincpio se expressa na previsibilidade da atuao dospoderes do Estado, dentro dos liames constitucionais,assegurando a governantes e governados o respeito das esferasde competncia, aos primeiros; e das esferas de direitos egarantias, dos segundos;

    Princpio da Eficincia: princpio base da Administraogerencial, diz respeito a melhor realizao dos fins pblicos,com o mximo de celeridade. Gouveia (2008) aduz o quantoeste princpio importante, em especial no tocante aoreconhecimento da necessidade de progressos e melhorias no

  • Poder Executivo, carente de reformas, reciclagens eaperfeioamentos em geral, a fim que possa chegar a nveis dequalidade similares aos que se vem nas empresas ecorporaes privadas.

    Alm destes princpios, o nico do mesmo artigo enumerauma srie de critrios a serem observados, que nada mais so aconfirmao dos objetivos legais com a devida observncia dosprincpios ressaltados.

    Logo, temse que o Processo Administrativo Federal deve (I )atuar conforme a lei e o Direito; (II) atender a fins de interessegeral, vedada a renncia total ou parcial de poderes oucompetncias, salvo autorizao em lei; (III) observar aobjetividade no atendimento do interesse pblico, vedada apromoo pessoal de agentes ou autoridades; (IV) atuarsegundo padres ticos de probidade, decoro e boaf; (V)divulgar oficialmente do atos administrativos, ressalvadas ashipteses de sigilo previstas na Constituio; (VI) observar aadequao entre meios e fins, vedada a imposio deobrigaes, restries e sanes em medida superior quelasestritamente necessrias ao atendimento do interesse pblico;(VII) indicar os pressupostos de fato e de direito quedeterminarem a deciso; (VIII) observar as formalidadesessenciais garantia dos direitos dos administrados; (IX) adotarformas simples, suficientes para propiciar adequado grau decerteza, segurana e respeito aos direitos dos administrados;(X) garantir os direitos comunicao, apresentao dealegaes finais, produo de provas e interposio derecursos, nos processos de que possam resultar sanes e nassituaes de litgio; (XI) proibio de cobrana de despesasprocessuais, ressalvadas as previstas em lei; (XII) impulsionar,de ofcio, o processo administrativo, sem prejuzo da atuaodos interessados; e, finalmente, (XIII) interpretar a normaadministrativa da forma que melhor garanta o atendimento dofim pblico a que se dirige, vedada aplicao retroativa denova interpretao.

    4 DO PROCESSO ADMINISTRATIVO

    Para Rmulo Conceio o processo administrativo o conceitoatribudo a uma srie de medidas que ocorrem dentro daadministrao pblica, elencadas para o bom andamento dosprojetos a serem executados para melhor desenvolvimento dasociedade, podendo o mesmo, ser divido em vrios tipos deprocesso. Desse modo, o processo ocorre de acordo com asnecessidades da sociedade, sem seguir um padro determinado,prova disso que poucas muitas das determinaes legais sogenricas, podendo ser aplicados, como so, subsidiariamente,nos mais variados processos.

    A Administrao Pblica Federal no estabeleceu qualquerprocedimento a ser rigorosamente seguidos nos processosadministrativos. Em geral, estabelece normas pertinentes afase de instaurao, instruo e deciso (DI PIETRO, 2002, p.506).

    4.1 Instaurao

    O processo pode ser requerido de ofcio ou a pedido dointeressado, neste podem ser feitos de maneira escrita, emboratambm possa ser admitida oralmente. Ressalta Barbosa (2008)que,

    Sendo por provocao do interessado, o pedido dever conter,salvo na admissibilidade de proposio verbal, diversos dados,imprescindveis formao do processo. Havendo alguma falhana proposio de abertura do processo, dever da

  • administrao pblica orientar o interessado visando o seusuprimento.

    4.2 Instruo

    De acordo com o art. 29 da lei, as atividades de instruo sedestinam a averiguar e comprovar os dados necessrios tomada de deciso. Estes so realizados de ofcio ou medianteimpulso do rgo responsvel pelo processo, sem prejuzo dodireito dos interessados de propor atuaes probatrias.

    A inovao aqui contida, ressalta Gouveia (2008), aexpresso da democracia para a atuao administrativa,existindo a necessidade de consulta e a audincia pblicas, nocurso da instruo processual quando se decida ou aprecieassunto de interesse geral.

    Concluda a Instruo, a Administrao tem o prazo de at 30dias para emitir deciso fundamentada, este prazo, todavia,poder ser prorrogado por igual perodo.

    Muitas consideraes no faz a lei acerca desta etapa,enumerando uma srie de recomendaes a serem executadaspara melhor andamento do processo. Exigese, por exemplo,que os atos de instruo que exijam a atuao dos interessadosdevem realizarse do modo menos oneroso para estes, alm deinadmitir no processo administrativo as provas obtidas pormeios ilcitos.

    Consagra tambm, no art. 31, que quando a matria doprocesso envolver assunto de interesse geral, o rgocompetente poder, mediante despacho motivado, abrirperodo de consulta pblica para manifestao de terceiros,antes da deciso do pedido, se no houver prejuzo para a parteinteressada, reafirmando princpios como da publicidade,devido processo legal, dentre outros.

    Quando o interessado declarar que fatos e dados estoregistrados em documentos existentes na prpria Administraoresponsvel pelo processo ou em outro rgo administrativo, orgo competente para a instruo prover, de ofcio, obteno dos documentos ou das respectivas cpias.

    Nesta fase, facultase ao interessado, antes da tomada dadeciso, juntar documentos e pareceres, requerer diligncias epercias, bem como aduzir alegaes referentes matriaobjeto do processo.

    Exige a considerao dos elementos probatrios na motivaodo relatrio e da deciso. Somente podero ser recusadas,mediante deciso fundamentada, as provas propostas pelosinteressados quando sejam ilcitas, impertinentes,desnecessrias ou protelatrias.

    4.3 Defesa

    Diz respeito ao direito de tomar conhecimento dos fatos paraassim poder contestar, apresentar provas e testemunhas, sercitado e intimado conforme a lei, etc.

    Segundo o art. 36 da lei, cabem aos interessados a prova dosfatos que tenha alegado, sem prejuzo do dever atribudo aorgo competente para a instruo. Estes, sero intimados deprova ou diligncia ordenada, com antecedncia mnima detrs dias teis, mencionandose data, hora e local derealizao.

    Encerrada a instruo, o interessado ter o direito demanifestarse no prazo mximo de dez dias, salvo se outro

  • prazo for legalmente fixado, bem como ter direito vista doprocesso e a obter certides ou cpias reprogrficas dos dados edocumentos que o integram, ressalvados os dados e documentosde terceiros protegidos por sigilo.

    4.4 Relatrio

    Est ressaltado no art. 47 da referida lei, que recomenda: orgo de instruo que no for competente para emitir adeciso final elaborar relatrio indicando o pedido inicial, ocontedo das fases do procedimento e formular proposta dedeciso, objetivamente justificada, encaminhando o processo autoridade competente. uma pea informativa, sntese doque foi apurado no processo, sem efeito vinculante para aAdministrao Pblica, ou seja, a deciso pode chegar a umadeciso completamente diferente do relatrio desde quedevidamente fundamentada dentro dos elementos que seencontram no processo. Deve ser feito por quem presidiu oprocesso ou pela comisso processante, com apreciao deprovas, dos fatos apurados, do direito debatido e propostaconclusiva para deciso da autoridade julgadora competente(MEIRELES, 2002, P. 650).

    4.5 Julgamento

    A Administrao tem o dever de explicitamente emitir decisonos processos administrativos e sobre solicitaes oureclamaes, em matria de sua competncia. Logo, ensinaMeirelles (2002, p. 650) que:

    o julgamento a deciso proferida pela autoridade ou rgocompetente sobre o objeto do processo. Esta decisonormalmente baseiase nas concluses do relatrio, mas podedesprezlas ou contrarilas, por interpretao diversa dasnormas legais aplicveis ao caso, ou por chegar o julgador aconcluses fticas diferentes das da comisso processante ou dequem individualmente realizou o processo.

    5 CONCLUSO

    A lei n 9.784, de 29 de janeiro de 1999, constitui, de fato, umgrande avano em face do objetivo a que se prope, noentanto, aplicase apenas subsidiariamente aos processosadministrativos especficos, que j apresentam suas leisprprias mesmo no mbito federal. Ou seja, s serinteiramente aproveitada em processos administrativos em queno exista lei regulamentando; nos demais casos, serparcialmente aproveitada onde as leis especficas em algumponto forem omissas. Logo, o que ressalta o art. 69 sobre aaplicao subsidiria da lei, retrocede no que se refere ao idealde traar um processo unificado e mais organizado. Para oadministrado, que deve retornar s diversas formas deprocedimentos, um empecilho, da mesma forma queprejudica os benefcios destinados aos cidados perante aAdministrao, j que um procedimento nico traria maioreficincia e confiabilidade aos atos administrativos.

    No entanto, no se retira o mrito da codificao do ProcessoAdministrativo Federal, que muito contribuiu para a atuao dasociedade no controle e melhor conhecimento dos atos daAdministrao Pblica, bem como facilitou o controle tambmpor parte do Poder Judicirio e de todos os outros entes quefiscalizam a Administrao, objetivando sempre a garantia dapreservao dos direitos e interesses dos administrados, melhoralcance dos interesses da Administrao e, consequentemente,pblicos.

    REFERNCIAS

  • BARBOSA, Jos Olindo Gil. A lei geral do processoadministrativo: Lei n 9.784/99. Disponvel em:. Acessoem 3 nov. 2008.

    BRAGA, Luzinia Carla Pinheiro. Processo administrativo comoinstrumento de cidadania. Participao dos administrados naadministrao pblica. Elaborado em jan. 2004. Disponvel em:. Acessoem 12 nov. 2008.

    CONCEIO, Rmulo. Dos Princpios s Finalidades do ProcessoAdministrativo. Disponvel em:.Acesso em 2 nov. 2008.

    DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. SoPaulo: Atlas, 2002.

    GOUVEIA, Alexandre Grassano; SALINET, Francisco.Comentrios nova Lei do Processo Administrativo Federal (Lei9784/99). Disponvel em: . Acesso em 2 nov. 2008.

    MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo moderno. 11 ed. rev.e atual. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

    MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. SoPaulo: Malheiros.

    PESSOA, Robertnio Santos. Processo Administrativo. Disponvelem: .Elaborado em 2000. Acesso em 2 nov. 2008.

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