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Sírio-Libanês Negociações da campanha salarial com a organização social continuam. Situação ocorre porque o sindicato patronal foi alterado Sem Justiça gratuita Com a “reforma” trabalhista médicos não poderão mais processar empregadores sem custos processuais Simesp Debate O tema “Preceptoria como trabalho médico: onde estamos?” discutiu os conceitos de preceptoria e os vários tipos de contratos de trabalho Pág. 4 Pág. 5 Pág. 6 Jornal do Simesp Nº 30 Publicação mensal do Sindicato dos Médicos de São Paulo • janeiro / 2018 Pág. 3 Prefeito de Osasco não equipara salários dos médicos Rogério Lins não cumpriu promessa e retirou o Projeto de Lei Nº 31/2017 da pauta de votação da Câmara. Cidade enfrenta falta de profissionais e insumos Entrevista Carlos Neder, deputado estadual: “As OSs assumem parcela crescente dos fundos públicos” Pág. 7

Pág. 3 Prefeito de Osasco não equipara salários dos médicos · Osasco tem 666 mil habitantes, de acordo com o último Censo, de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

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Sírio-LibanêsNegociações da campanha salarial

com a organização social continuam. Situação ocorre porque o sindicato

patronal foi alterado

Sem Justiça gratuitaCom a “reforma” trabalhista médicos não poderão mais

processar empregadores sem custos processuais

Simesp DebateO tema “Preceptoria como trabalho médico: onde estamos?” discutiu os conceitos de preceptoria e os vários

tipos de contratos de trabalho

Pág. 4 Pág. 5 Pág. 6

Jornal do SimespNº 30 • Publicação mensal do Sindicato dos Médicos de São Paulo • janeiro / 2018

Pág. 3

Prefeito de Osasco não equipara salários dos médicosRogério Lins não cumpriu promessa e retirou o Projeto de Lei Nº 31/2017 da pauta de votação da Câmara. Cidade enfrenta falta de profissionais e insumos

Entrevista Carlos Neder, deputado estadual: “As OSs assumem parcela crescente dos fundos públicos” Pág. 7

O ano de 2017 ficou marcado pelo avanço de uma agenda conservadora em nosso país. Junto com ela, observamos um agravamento no financiamen-to da saúde e a desvalorização do serviço médico, da forma-ção médica e do atendimento à população, mas nos mantive-mos fortes e resistimos.

Com o novo ano que se inicia, chegou o momento de barrar esse avanço conserva-dor e também impedir o des-monte da saúde. Acompanha-mos já no início de 2018 casos de febre amarela na capital paulista, acompanhado de uma ineficiência dos gover-nos municipal e estadual em realizar medidas adequadas, com dificuldades logísticas para efetivar a vacinação da população. Esse surto, assim como o de hepatite A, não são puramente o avanço de doen-ças endêmicas no Brasil, eles simbolizam a consequência do contínuo projeto de sucatea-mento da saúde, implantado por agendas políticas que não acreditam que a saúde seja um dever do estado e um direito da população.

Esse tipo de governo acredi-ta apenas no lucro e na saúde

2 • Jornal do Simesp

Diretoria do Simesp

Editorial

Uma caminhada de lutas

Todas as matérias publicadas terão seus direitos resguardados pelo Jornal do Simesp e só poderão ser publicadas (parcial ou integralmente) com a autorização, por escrito, do Sindicato.

A versão digital desta publicação está disponível no site do Simesp. Caso não queira receber a edição impressa, basta mandar e-mail para [email protected]

DIRETORIAPresidente Eder Gatti [email protected]

SECRETARIASGeralDenize Ornelas P. S. de Oliveira FinançasDiângeli SoaresAssuntos JurídicosJuliana Salles de CarvalhoComunicações e Imprensa Gerson Salvador Formação Sindical e SindicalizaçãoAdemir Lopes JuniorAdministraçãoEderli Grimaldi de CarvalhoRelações do TrabalhoJosé Erivalder Guimarães de OliveiraRelações Sindicais e AssociativasOtelo Chino Júnior

EQUIPE DO JORNAL DO SIMESPDiretoresRafael SantosSupervisão de comunicação, edição e redaçãoNicolli OliveiraRedaçãoLeonardo Gomes Nogueira Estagiária de comunicaçãoMiréia LimaRevisãoEliane DomaneschiFotografiaBBustos

Redação e administraçãoRua Maria Paula, 78, 3° andar - SPCEP: 01319-000 – Fone: (11) 3292-9147 [email protected]

PROJETO GRÁFICOMed Idea - Design & Planning

Edição de arte e diagramaçãoJoana Brasileiro

Tiragem: 11 mil exemplaresCirculação: estado de São Paulo

2 • Jornal do Simesp

como mercadoria, fugindo de suas obrigações mais básicas.

A saúde é tratada como uma grande fonte de lucro por meio de planos de saúde com cober-tura limitada, que exploram tanto os profissionais, quanto os usuários. A transferência de recursos para organizações sociais, cujo custo de opera-ção e eficiência não aparen-tam ser melhores do que o da administração direta, também mostram que a prioridade é apenas o lucro, em detrimento da saúde da população.

O processo de sucatea-mento da saúde seguirá por 2018, mas seguiremos juntos ao lado dos médicos em busca da saúde pública de qualidade, condições adequadas de traba-lho e remuneração justa. Man-teremos nossa mobilização, nossos debates e campanha salariais, sempre na defesa do médico e de seu trabalho.

Contem com o Simesp para a sua defesa e proteção, assim como contamos com vocês para manter nosso sindicato cada vez mais forte e atuante.

Um ótimo 2018 a todos e, unidos por meio de lutas, faremos desse ano um ciclo melhor.

Osasco tem 666 mil habitantes, de acordo com o último Censo, de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. É a sexta maior população entre as 645 cidades do estado de São Paulo. É o 26º entre os 5.570 municípios brasileiros. Osasco, portanto, é grande. E amplos também têm sido os seus problemas.

Os médicos osasquenses, há meses, reclamam da falta de profissionais e insumos nas 56 unidades de saúde do município. Perto do fim de 2017, no entanto, eles ainda presenciariam um fato que iria coroar um ano de retrocessos.

Em 19 de dezembro, o prefei-to Rogério Lins, descumprin-do promessa feita ao Sindicato dos Médicos de São Paulo (Si-mesp), retirou o Projeto de Lei (PL) Complementar Nº 31/2017 da pauta de votação da Câma-ra Municipal. O projeto de lei, que altera outra lei comple-mentar (a de Nº 130/2005), trata da equiparação salarial entre plantonistas e diaristas da ci-dade, criando um cargo único para médicos e acabando, dessa forma, com injustiças salariais.

“Essa atitude demonstra que o prefeito é descompromissado com a saúde pública da cidade e com o munícipe que precisa dessa assistência à saúde. Duran-te 2017, a área da saúde do mu-nicípio não avançou em nada”, protestou, na ocasião, Eder Gatti, presidente do Simesp.

“O PL foi colocado na pauta

como medida de urgência devido à evasão dos médicos no muni-cípio”, explica Lígia Gonçalves, presidente da regional do Simesp de Osasco. O Projeto de Lei, inclu-sive, já havia sido aprovado em primeira votação, ocorrida em 14 de dezembro.

AtoEm resposta ao descumprimento da promessa do prefeito, médi-cos protestaram, na manhã de 21 de dezembro, nas dependên-cias da Policlínica da Zona Norte, importante serviço de saúde na cidade de Osasco.

Os profissionais, que seguem mobilizados pela crise na saú-de, caminharam, conversaram e distribuíram panfletos para quem esteve na policlínica na-quela manhã. “O objetivo foi dialogar com a população. E fomos muito bem recebidos”, agradeceu Eder Gatti.

Problema antigoEm abril de 2017, durante a primei-ra reunião da mesa permanente de negociação com a prefeitura (pleiteada pelo Simesp), já foram apresentados os problemas estru-turais enfrentados pelos médi-cos da cidade, como infiltrações, computadores sem funcionar, número insuficiente de salas para atendimento e falta de equipa-mentos como balança pediátrica, oftalmoscópio, otoscópio, termô-metro, fita métrica etc.

Os profissionais também se queixavam de determinação da secretaria que impõe ao médico atender cinco pacientes por hora.

Jornal do Simesp • 3

Leonardo Gomes Nogueira

Além da falta de profissionais e insumos, o prefeito Rogério Lins, descumprindo promessa feita ao Sindicato dos Médicos de São Paulo, retirou o Projeto de Lei Nº 31/2017 da pauta de votação da Câmara Municipal

Capa

Prefeito de Osasco descumpre acordo e votação de lei que equipara salários de médicos é adiada

> Médicos distribuiram panfletos em ato na Polinorte

30 DE JANEIRO

MÉDICO, MARQUE NA AGENDA.

Essa é a data de reunião

já agendada pelo prefeito

Rogerio Lins Wanderley

para discutir, com

representantes do Simesp,

os problemas na saúde do

município.

1º DE FEVEREIRO

É uma quinta-feira e é

quando termina o recesso

na Câmara Municipal de

Osasco. Pressione os 21

vereadores pela aprovação

do PL Nº 31/2017. No

endereço a seguir, é

possível ter acesso aos

e-mails e telefones da cada

um deles: goo.gl/WmfNyb

> Profissionais também estiveram na Câmara pela equiparação salarial

4 • Jornal do Simesp

São Paulo

Por iniciativa da vereadora Ju-liana Cardoso, foi apresentada uma proposta de emenda para o repasse de R$192 milhões ao orçamento de 2017 da cidade de São Paulo, no dia 15 de dezem-bro, com o objetivo de viabilizar a nomeação de 700 médicos que passaram em concurso público, mas a proposta foi negada pela

De acordo com dados do Centro de Vigilância Epidemiológica do estado, a hepatite A teve um au-mento de 895%, principalmente na faixa etária de 20 a 49 anos. Para se ter uma ideia, em 2017 foram registrados 677 casos (até setem-

Surto de Hepatite A gera preocupação

Doria convoca apenas 200 médicos aprovados em concursos

Comissão de Finanças e Orçamen-to da Câmara Municipal de São Paulo. “Apresentei essa emenda por saber o impacto positivo que esses 700 médicos podem causar na ampliação dos serviços e cui-dados de saúde para a popula-ção. Seriam mais novos médicos atendendo e ampliando o SUS”, diz Juliana Cardoso.

Prefeito reduziu 20% dos pagamentos dos médicos

Má distribuição de vacina contra a febre amarela

O prefeito de Poá, Gian Lopes, en-trou na Justiça contra os médicos da cidade para que seus paga-mentos tenham uma redução de 20%, alegando inconstituciona-lidade da Lei 3115/15, que previa esse valor como gratificação dos profissionais. O município en-frenta uma grave crise em sua saúde pública e a retirada da gratificação dos médicos pode agravar ainda mais a situação.

Além do corte nos pagamen-tos dos médicos, foi fechado o setor de pediatria do Hospital Municipal Guido Guida em ou-tubro. “A população não pode pagar pela má administração dos serviços públicos. Pedimos todo o apoio para a volta com os serviços que foram perdidos e para que os servidores públicos tenham uma remuneração dig-na.” E reitera: “O que o prefeito está fazendo é um verdadeiro sucateamento da saúde pública de Poá e faz isso na intenção de terceirizar os serviços”.

A vacina da febre amarela não está sendo distribuída em todas as unidades básicas de saúde (UBSs) da cidade de São Paulo. Por essa ra-zão, algumas UBSs da zona oeste do município estão com grandes filas.

De acordo com o secretário de Formação Sindical e Sindicalização do Simesp, Ademir Lopes Junior, as UBS responsáveis pela vacinação estão ficando sobrecarregadas, pois têm que atender uma população para além da sua área de abran-gência, sem receber recursos hu-manos adicionais da Prefeitura. “A quantidade de profissionais que era precária, está ainda pior”.

Poá

São Paulo

Negociações com OS Sírio-Libanês continuamApós negociações entre o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e o Sindicato das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo (Sindhosfil-SP), refe-rentes à Campanha Salarial 2016, a entidade patronal propôs reajuste salarial de 7% para os médicos da orga-nização social (OS) Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês (IRSS), pago em 15 vezes, sendo a primeira em fevereiro de 2018. Os profissio-nais têm como data-base 1º de setembro.

O valor exigido inicial-mente pelo Simesp foi de 9,62%, o que equivale ao Índice Nacional de Preços ao Consu-midor (INPC) do período. A categoria já havia recusado a primeira proposta da OS, que sugeria o reajuste de 6% pago em 18 vezes. O Simesp

continua negociando com o Sindhosfil-SP e com os médicos.

Os médicos também deli-beraram pelo pagamento ime-diato do reajuste de 2%, refe-rente ao acordo fechado com o Sindhosfil-SP na Campanha Salarial 2017. Essa demanda de negociação surgiu devido à mudança de representação patronal da OS,

Campanha Salarial

> Profissionais debatem durante assembleia na sede do Simesp

Em contrapartida, o prefeito da cidade, João Doria, decidiu con-vocar 200 médicos nomeados para atuarem nos serviços de saúde da cidade, no dia 22 de dezembro. De acordo com o diretor do Simesp, Gerson Salvador, esse número é insuficiente para cobrir a deman-da de profissionais do município, que sofre com alto déficit.

que era pelo Sindicato dos Hos-pitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sin-dhosp), com o qual a Campanha Salarial 2016 foi judicializada e ainda aguarda decisão judi-cial. Agora, como o reajuste do mesmo período já havia sido fechado com o Sindhosfil-SP, foi necessário retomar as ne-gociações com o IRSS.

bro) e, em contrapartida, foram 68 casos em 2016.

De acordo com Carué Contrei-ras, médico sanitarista e ativista LGBT, o aumento de casos é mais latente em uma população específi-ca, de homens que fazem sexo com

homens. “Nos preocupa que esse surto está invisível, não está sendo amplamente divulgado. Também é difícil a classificação de risco porque a ficha de notificação não possui os campos de orientação sexual ou identidade de gênero”.

Epidemia

Jornal do Simesp • 5

Preceptoria como trabalho médicoO reconhecimento da precep-toria como trabalho médico foi tema do último Simesp Debate, realizado na noite do dia 11 de dezembro, na sede do Simesp. O evento contou com a participação de preceptores e profissionais da saúde interessados no assunto.

“O objetivo deste Simesp De-bate é discutir os conceitos de preceptoria e os vários tipos de contratos de trabalho que são fei-tos com os preceptores, sejam nas instituições de ensino ou nos ser-viços de saúde da rede municipal de São Paulo, alguns, inclusive, são contratos de trabalho pre-carizado”, explica Ademir Lopes Júnior, secretário de Formação Sindical e Sindicalização, que fez a mediação do debate.

Sandra Regina Godoy, coor-denadora do Comitê Municipal dos Contratos Organizativos de Ação Pública Ensino-Saúde (Co-apes) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e debatedora, re-conheceu que o valor pago aos preceptores ligados a SMS é um valor irrisório, de apenas de R$ 78,00. “Dá até vergonha de falar esse valor, precisamos mudar esse quadro”.

Sobre a atividade em si, Ma-ria do Patrocínio Tenório Nunes, também uma das debatedoras, acredita que um bom preceptor também é um bom médico. “Só o médico que está atendendo dia-riamente será um bom preceptor porque ele precisa testar o que ele está orientando.”

19º Simesp Debate

A contribuição social é uma anuidade prevista em Estatuto que proporciona colaborar com o Simesp de forma voluntária. Ela assegura a solidez nas ne-gociações com os representan-tes patronais e nas lutas por melhores condições de traba-lho para os médicos.Foi com ela que o Simesp con-seguiu conquistar 9,62% de re-ajuste na Campanha Salarial de 2016 para os médicos do setor privado, em 2017.

Além da defesa do médico e de seu trabalho, sendo sócio do Sindicato os profissionais têm acesso a advogados de forma gratuita, nos campos ético-pro-

Você sabe o que é a contribuição social?

> Simesp Debate abordou os tipos de contrato dos preceptores

O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) recebeu denúncias com relação ao sucateamento que ocorreu no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Ou-rinhos após a troca de gestão da unidade, que passou a ser admi-nistrada pela organização social (OS) Santa Casa de Misericórdia de Assis. No local, cirurgias foram canceladas por falta de materiais básicos como agulhas; houve re-dução de 34,5% no agendamento de consultas; falta farmacêutico em horário de pico, impedindo a liberação de medicamentos; são recorrentes os atrasos de duas ho-ras nos atendimentos agendados; e até a bolacha disponibilizada para pacientes que precisam es-tar em jejum foi cortada, gerando risco a diabéticos.

Ourinhos

Falta de insumos, assédio e redução de consultas são a nova realidade do AME

De acordo com Eder Gatti, presidente do Simesp, a admi-nistração também está assedian-do os médicos com ameaças de demissões e advertências. “A atual realidade imposta pela nova administração fez com que vários profissionais se desligas-sem da unidade, gerando lacu-nas assistenciais à população. A OS impôs que só contrataria novos médicos por pessoa jurí-dica, o que é caracterizado como fraude trabalhista.”

Devido ao grave cenário, o Sin-dicato dos Médicos de São Pau-lo enviou ofício cobrando uma posição sobre a crise no AME a Lucas Pocay, prefeito da cidade; David Uip, secretário de Saúde do Estado; e parlamentares locais, mas ainda não obteve resposta.

Após meses de negociação en-tre a regional do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) em Ribeirão Preto e o sindicato dos servidores municipais da ci-dade com a Secretaria Municipal da Saúde, no dia 12 de dezembro foi aprovado na Câmara Muni-cipal, por 16 votos a 8, o projeto de lei que pedia a reposição do pagamento do prêmio incentivo aos servidores da cidade. “Depois de muita luta nós conseguimos a incorporação do valor do prêmio ao nosso salário-base. Ficamos um mês sem receber, mas, no fim,

Ribeirão Preto

Reposição de pagamento do prêmio incentivo é aprovada na Câmara Municipal

acabamos com uma grande vi-tória”, relembra Helena Lugão, diretora da regional.

No meio do ano passado, os médicos da prefeitura de Ribei-rão Preto tiveram a gratificação suspensa, correndo o risco de ter o benefício extinto por ser con-siderado inconstitucional pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Depois de muita pressão do Simesp, dos médicos e dos ser-vidores do município, o projeto foi encaminhado para a Câmara e aprovado pelos vereadores sem nenhuma emenda adicional.

fissional, trabalhista, previdenci-ário e administrativo.

Os associados também pos-suem benefícios exclusivos por meio do Simesp +, com descon-tos em seguros, investimentos, capacitação profissional e lojas online, além de opções de lazer e turismo como hotéis e parques.

Como novidade, a partir de 2018, o associado pode efetuar o pagamento da contribuição via cartão de crédito com 10% de desconto em 12 parcelas. Basta entrar em contato com nos-so relacionamento pelo e-mail :[email protected], pelo telefone (11) 3292-9147 ou pelo WhatsApp (11) 99111-5490.

Fique por dentro

Plantão Médico

6 • Jornal do Simesp

A médica Erika Plascak Jorge se formou há pouco tempo, mas já pôde sentir como a rotina da profissão pode ser devastadora para a saúde de quem cuida da saúde dos outros

Justiça gratuita

Como era?Antes da “reforma” traba-lhista, qualquer empregado, ao mover uma ação contra o seu atual ou antigo patrão, poderia solicitar ao Poder Judiciário os benefícios da Justiça gratuita. Nesse caso, quando o pedido era aceito, o empregado ficava isento do pagamento dos custos processuais e de eventuais honorários periciais. O que, obviamente, garantia o acesso de mais pessoas à Justiça, tor-nando-a mais democrática.

Direitos dos médicos

Leonardo Gomes Nogueira

Minutos de sabedoria

> Erika: “O morador de rua vê na gente um cuidado que nunca teve”O famosíssimo físico Albert Eins-tein, há um bom tempo, sugeriu que a noção do tempo é relativa e que ela depende do ponto de vista do observador. O período de 15 mi-nutos na fila de um banco talvez seja muito, mas seria tempo sufi-ciente para uma consulta médica? Para alguns, talvez sim. Para Erika Plascak Jorge, certamente não.

Após se formar em 2016, pela Escola Paulista de Medicina, Eri-ka começou a trabalhar em uma Unidade Básica Saúde (UBS) na cidade de São Paulo. Ali, como em muitos dos serviços da capital pau-lista, havia um limite no tempo de consulta para cada paciente: 15 minutos. O que ela considera, depois da experiência, insuficiente para prestar um bom atendimento.

A médica ficaria apenas seis meses ali. Apenas? O tem-po, afinal, é relativo. “Pra mim

foi muito sofrimento”, lembra. Nos primeiros quatro meses ela cumpriu uma carga de 40 horas semanais. Nos dois meses finais, ainda tentando se adaptar e acre-ditando que poderia suportar a rotina exigida pela UBS, pediu a redução da carga para 20 horas. Não bastou. Ela logo percebeu que não tinha a ver com a carga horá-ria, mas com o tempo que ela não poderia dedicar a cada um dos seus pacientes. No fim, como ela mesma afirma, teve a Síndrome de Burnout, estava esgotada. “Pedi demissão. Mesmo sem ter nada em vista”, recorda.

Pouco após se demitir, um ex-colega de faculdade lhe avisou de um processo seletivo para o aten-dimento a moradores de rua. Ela se candidatou, foi aprovada e logo estava no coração da tempesta-de: na região da Luz, centro de São Paulo, onde se concentram, ainda hoje, muitos dependentes

químicos. Logo, contudo, ela iria trabalhar próximo ao Aeroporto de Congonhas, no Campo Belo, in-crustado na zona sul da capital. Era um trabalho inédito: Erika e seus colegas formaram a primeira equipe do Consultório na Rua a atuar nessa região.

Na rua, diz a médica aliviada, “Eu não tenho tempo determina-do com cada paciente”. Os casos tendem a evoluir mais devagar, pois, segundo Erika, o vínculo de-mora mais para se formar. Mas, quando isso acontece, ressalta, ele é muito forte. “O morador de rua vê na gente um cuidado que nunca teve”, acredita.

A médica alerta para o aumen-to do número de moradores de rua em São Paulo por questões sociais, como o desemprego. De acordo

com o último levantamento rea-lizado pela Prefeitura de São Pau-lo, divulgado em outubro de 2015, havia 15.905 pessoas em situação de rua na cidade. Entre 2000 e 2015, segundo o mesmo levantamento, essa população aumentou 82,7% e o momento, ao contrário de agora, era de significativo cres-cimento econômico.

Erika Plascak Jorge lista os problemas mais recorrentes dos seus 170 pacientes cadastrados até o momento: transtornos psi-quiátricos, dependência química (sobretudo álcool e crack) e sífilis (“A gente tem novos casos toda semana”). Ela nasceu em São Pau-lo, mas cresceu em Santa Branca, cidadezinha de 13 mil habitantes no Vale do Paraíba. “Só o parto foi aqui, o resto foi lá”, brinca.

> O que você gostaria de ler na próxima edição? Mande suas sugestões: [email protected] <

Como fica?Com o retrocesso das regras tra-balhistas, esse benefício poderá ser concedido apenas a emprega-dos que recebam salário igual ou inferior a 30% do limite máximo do Regime Geral de Previdência Social, ou seja, dos benefícios pa-gos pelo INSS (o que hoje corres-ponde a R$ 3.315,78).

Considerando que, de modo geral, a categoria médica recebe salários superiores ao valor men-cionado, os médicos e médicas, em sua maioria, não poderão exi-gir o benefício da Justiça gratuita

Ficou bem mais difícil ter acesso a esse direitoA

rqui

vo p

esso

al

para processar os seus empre-gadores e, caso percam a causa, ainda terão de pagar os custos de eventuais perícias judiciais.

Resumindo: em tempos de atrasos salariais e vínculos em-pregatícios precários, o acesso à Justiça do Trabalho ficou ainda mais difícil.

Em maio, a lei que criou as Organizações Sociais (OSs) em âmbito nacional completa 20 anos. Para o médico e deputado estadual Carlos Neder, mesmo após duas décadas, ainda não é possível avaliar esse modelo de gestão dos serviços de saúde. Faltam estudos sobre o assunto e os órgãos de controle, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas, não estão cumprindo o seu papel de fiscalização. “Essas organizações sociais vieram com um discurso de que elas iriam alavancar recursos privados. Entretanto, elas vivem, essencialmente, de recursos públicos”, avalia Neder, que já foi vereador e secretário municipal de Saúde durante a gestão da ex-prefeita Luiza Erundina

Jornal do Simesp • 7

Entrevista

Em maio, a lei que criou as or-ganizações sociais (OSs) com-pleta 20 anos. O que isso trou-xe de bom e de ruim? Quais as consequências dessa escolha para o Sistema Único de Saúde (SUS)?Essa lei das Oss, em São Paulo [Lei 14.132, de 2006], foi ante-cedida por uma outra feita em Brasília e inspirada pelo ministro Luiz Carlos Bresser--Pereira, que hoje faz toda uma autocrítica em relação à visão que tinha sobre a reforma do Estado [ele foi ministro da Administração Federal e da Reforma do Estado, entre 1995 e 98, no primeiro governo de Fernando Henrique Cardo-so]. Em São Paulo, isso jamais aconteceu: fazer um balanço crítico e isento sobre a atuação das organizações sociais. Em geral, o que acontece são au-ditorias, pretensamente exter-nas, isentas, mas que são pagas pelo poder público e acabam não tendo a isenção necessária para que a gente possa fazer uma avaliação sobre os avan-ços e os problemas. Se nós nos pautarmos por essas auditorias

externas, sejam elas nacionais ou internacionais, pagas pelo poder público, elas vão dizer que tudo corre às mil maravilhas.

Entretanto, se nós analisarmos de uma forma mais criteriosa, poderíamos fazer uma avaliação comparativa entre, por exemplo, hospitais de mesmo porte sob ges-tão das organizações sociais ou da administração direta ou indireta do Estado, que são modalidades de gestão pública, diferentemente das organizações sociais, que são uma modalidade de gestão priva-da. Lá atrás, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) fez um estudo comparativo e não deu sequên--cia a ele porque houve muitas reclamações por parte do Estado, da Secretaria de Estado da Saúde. Lembrando que a lei das OSs, que é a Lei 9.637 de 1998, não se restringe à área da saúde. Já naquele mo-mento ela foi estendida também para a área da cultura e, de lá pra cá, houve várias modificações na lei, de forma a usá-la em outras áreas, como no caso da Fundação Casa, do meio ambiente e cada vez mais eles pretendem chegar na área da ciência, tecnologia e inova-ção e também na área da educação.

O Ministério Público poderia ser outro órgão a fazer esse tipo de análise, mas não faz. Porque, da mesma forma que o TCE, ele anda muito subserviente, a reboque das conveniências do Poder Executivo. Então o que a gente observa é que, nesse período de 20 anos, o modelo de gestão das organizações sociais vem consumindo uma parcela crescente do orçamento estadual, sem a garantia de que o dinheiro esteja sendo bem utilizado.

E há uma disputa de mercado entre as organizações sociais. Pode ser tanto disputa por equipamen-tos, para serem geridos por elas, como disputa de território, como acontece no município de São Pau-lo. Em que elas não apenas fazem a gestão dos serviços e ações, mas elas vêm assumindo um territó-rio, fazem, praticamente, a gestão da política de saúde em âmbito regional e isso, muitas vezes, em desacordo com o que está definido nos planos nacional, estadual ou no plano municipal de saúde que deveria chegar também em planos regionais em uma cidade grande como São Paulo. As OSs assumem parcela crescente dos fundos pú-blicos sem que nós tenhamos uma análise isenta e comparativa com outras modalidades de gestão para que pudéssemos avaliar se, de fato, é a melhor opção. Essas organizações sociais vieram com

um discurso de que elas iriam alavancar recursos privados. Entretanto, elas vivem, essen-cialmente, de recursos públi-cos. O poder público vai abrindo mão de suas competências e fica praticamente sem condição de direcionar a atuação dessas or-ganizações sociais e das entida-des a elas vinculadas.

Qual o quadro da saúde hoje na maior cidade do país? Ini-ciativas do atual prefeito nessa área surtiram algum efeito ou foram, como alguns acusam, meras peças de marketing?Tanto em âmbito estadual como municipal, e esse é um quadro que se observa no país todo, a saúde tem sido o principal indicador negati-vo de avaliação dos governos. Recente pesquisa do Datafo-lha [divulgada no início de dezembro do ano passado] mostra que essa é a área pior avaliada do governo João Do-ria. Entretanto, ele assumiu dizendo que ia acabar com filas, fazer o Corujão da Saú-de, que ele ia tomar uma série de providências para que não faltassem medicamentos... E passado mais de um ano, ele não conseguiu implementar mudanças que fossem susten-táveis e coerentes.

“As OSs vivem, essencialmente, de recursos públicos”

> “Nesse período de 20 anos, o modelo de gestão das organizações sociais vem consumindo uma parcela crescente do orçamento estadual, sem a ga-rantia de que o dinheiro esteja sendo bem utilizado”

Leonardo Gomes Nogueira

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Cultura

8 • Jornal do Simesp

Carnaval: opções para fugir da foliaDepois de uma virada de ano cheia de promessas e renova-ções, está chegando o tão espe-rado feriado de Carnaval. Os fo-liões aguardam ansiosamente e já separaram as serpentinas e os confetes para a folia na cidade de São Paulo. Mas quais são as opções para quem quer sair desse agito? Confira a rota alternativa que criamos para você fugir dos bloquinhos de Carnaval sem deixar de curtir o feriado prolongado.

A primeira dica é uma óti-ma opção para quem não gosta de fazer viagens longas, pois está apenas a 66 km da capital. Famosa por sua grande quan-tidade de vinícolas, a cidade de

São Roque é ideal para um pro-grama em casal, ou até mesmo para famílias e crianças.

Quem quiser conhecer a re-gião poderá deliciar-se na Es-trada do Vinho, uma rota com mais de 10 km de extensão, na qual está liberado colher uvas, provar vinhos recém-fabricados e conhecer as vinícolas. Além dis-so, a cidade tem um local reser-vado especialmente para crian-ças e adultos aventureiros, a Ski Mountain Park, um parque com teleférico, arvorismo, paintball, tirolesa, arco e flecha, torre de al-pinismo, tobogã, passeio a cavalo e, além de tudo, uma miniestação de esqui e snowboard. Ingressos a partir de R$ 79.

Do interior de São Paulo a visita ao Masp. Saiba o que fazer no feriado

> Em São Roque é possível vivenciar toda a produção do vinho, desde a plantação das uvas até o produto final

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ulga

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Rot

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Vin

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Serviço Ski Mountain ParkEndereço: Estrada da Serrinha, 1500 - bairro Cambará

Telefone: (11) 4712-3351

Exposição conta ‘Histórias da Sexualidade’

Para quem procura uma progra-

mação alternativa em São Paulo

e de baixo custo, vale a pena

visitar a exposição Histórias da

Sexualidade, recebida em outu-

bro do ano passado pelo Museu

de Arte de São Paulo (MASP),

que ficará em cartaz até dia 14

de fevereiro. São aproximada-

mente 250 obras de artistas re-

nomados, como Anita Malfatti a

Egon Schiele, que retratam atra-

vés da arte o desejo, a questão

de gênero, sexualidade, femi-

nismo, entre outros.

As obras foram distribuídas

em três espaços do MASP, nos

quais se mistura a arte de mais

de 140 artistas brasileiros e es-

trangeiros. A exposição conta

com nove núcleos: corpos nus,

totemismos, religiosidades, per-

formatividades de gênero, jogos

sexuais, mercados sexuais, lin-

guagens, voyeurismos e políticas

do corpo e ativismos, que podem

conter desde pinturas a filmes.

ServiçoMASP - Museu de Arte de São

Paulo

Faixa etária: 18 anos

Endereço: Avenida Paulista, 1578

Bela Vista - Centro São Paulo - SP

(próximo à Estação Trianon-Masp

do Metrô - Linha 2 Verde)

>‘Himeneu Travestido Assistindo a uma Dança em Honra a Príapo’ (1634-38)Re

prod

ução

Ace

rvo

Mas

p

Temporadas de janeiro

a julho: aberto de terça

a domingo, das 10h

às 18h.

Outros meses: aberto

aos sábados, domingos,

feriados e feriados

prolongados,

das 10h às 18h.

https://goo.gl/Esfc5A