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Cultura TURISMO: Porto diz-se com Honra P elos caminhos desta cidade, c o n t a n d o histórias, desvendando segredos, uma viagem de autocarro pode- se revelar uma agradável descoberta. A Avenida dos Aliados num dia do fim do mês de Maio, às nove e meia da manhã é dos turistas e das pessoas que correm apressadas de pasta na mão. Está muito calor. O sol ilumina a Avenida e no posto de “City Sighteseeing Tour” já estão turistas: sandálias nos pés, óculos de sol na cabeça, máquina fotográfica ao peito: o Porto é uma cidade prestes a desbravar. O funcionário do posto de City Sightseeing Tour estende longos mapas desdobráveis, fala inglês e esbraceja. Chegam mais quatro turistas, visivelmente mais velhos que os primeiros e compram bilhetes para a viagem de visita à cidade. O funcionário volta a estender o mapa, a esbracejar e a falar inglês. Na Rua Infante D. Henrique o autocarro que se prepara para iniciar a rota “Porto das Pontes” conta já com algumas pessoas. São sete e todos falam inglês embora aparentemente não se conheçam: sentam- se em lugares separados e não comunicam entre si. Os passageiros ligam os headphones oferecidos pelo condutor do autocarro ao banco da frente. A história do Porto pode ser ouvida em seis idiomas diferentes. Percorrer as diferentes faixas é um exercício engraçado. A viagem está prestes a começar. A Ponte D.Luís é a primeira atracção do roteiro. A história da ponte sopra ao ouvido dos passageiros. O trajecto segue pelas pontes D. Maria, do Infante e do Freixo. Avista-se o Museu de Imprensa, o autocarro pára para entrarem mais seis passageiros. Falam francês. O autocarro entra agora na via rápida e sai em S.Roque da Lameira, subindo, em direcção ao Estádio do Dragão. Assim que o veículo se aproxima do estádio há a reacção imediata dos turistas: pescoços esticados, máquinas a disparar, alguns até se levantam para tentar ver o interior do edifício. O estádio fica cada vez mais longe, mas ainda há quem olhe para trás… A viagem prossegue pela Praça Francisco Sá Carneiro, outrora conhecida como Praça Velasquez, por S.Crispim, até ao Campo 24 de Agosto. Aqui entram mais duas senhoras que falam espanhol. O sol esquenta. Ao atravessar a Ponte do Infante, rumo à Serra do Pilar, o espanto perante a vista privilegiada da zona ribeirinha fez-se notar. As máquinas fotográficas tentaram captar a paisagem. Depois de uma curta passagem pelo centro de Gaia, o autocarro ruma à ribeira da cidade. À medida que se desce em relação ao rio, a voz que vai dando informações ao ouvido de cada um dos viajantes avisa que se aproxima uma das perspectivas mais marcantes da ribeira do Porto. “Lily! Olha para isto!!!”, diz um senhor em inglês, levantando- se do seu lugar para melhor apreciar a paisagem. O Douro é uma linha curva, reflectindo luz. Barcos rebelos estão ancorados justo à margem. No aglomerado de pequenas casas detelhados laranjas escuros pode-se distinguir a Torre dos Clérigos, parte da Sé e a cúpula do Palácio de Cristal. Ao fundo vê-se Pontda Arrábida. No outro extremo a Ponte D. Luís. James e Lily vêm do Reino Unido e estão pela terceira vez no Porto. Dizem que o Porto é uma cidade única. Adoram o clima, a simpatia dos portuenses, o marisco e as caves de vinho do Porto. “É uma alegria visitar esta cidade”, Passando pelo Museu Sóares dos Reis e pelo Palácio de Cristal o autocarro vai até à Boavista. A Casa da Música é a atracção da zona. Muitas crianças ocupam as escadas da entrada principal do edifício. Este diamante já está na história do Porto. E “diamonds are forever”… Cecile e Marie são francesas. Gostam do Porto porque é uma cidade pequena. “Conseguimos ver muitos em falar inglês, não querem continuar a conversa. A parte seguinte da viagem adianta já parte do percurso afirmam. O autocarro volta a estacionar na Rua Infante D.Henrique..A viagem chegou ao fim. A próxima rota é a “Porto Histórico”. Já passa do meio dia. Na parte superior do autocarro estão seis turistas aparentemente estrangeiros que olham distraidamente à sua volta. A primeira preocupação quando o autocarro arranca é conectar os auscultadores ao rádio incorporado no banco da frente. Desta vez há uma inovação em relação à vez anterior: há música portuguesa a passar. Cada vez que a voz que nos fala dos cantos e encantos desta cidade se cala, entra o fadinho. “Preciso de uma razão, para não ir naquela nuvem. Preciso de uma razão que o vento não leve não”. Mas no céu não há nuvens. E vento, só o provocado pelo andamento do autocarro. O autocarro segue em direcção à igreja de Santa Clara, subindo para a Batalha. A Rua de Santa Catarina é uma azáfama. Passeios em dias de sol, compras em dias de sol e de chuva. Sacos plásticos coloridos abanam nas mãos de várias pessoas. Depois de passar pelo Rivoli, pela Câmara do Porto e pela Trindade, o autocarro ruma até à Reitoria da Universidade do Porto, segue o compasso do eléctrico. da próxima rota: a passagem por Serralves, e todo o percurso da foz até à ribeira. "Nem negros nem azuis são os teus olhos, meu amor, seriam da cor da mágoa” se a mágoa tivesse cor”, diz Cecile. Têm dificuldade "James e Lily vêm do Reino Unido e estão pela terceira vez no Porto. Adoram o clima, a simpatia dos portugueses, o marisco e as caves do vinho do Porto." Por Daniela Teixeira 8

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"James e Lily vêm do Reino Unido e estão pela terceira vez no Porto. Adoram o clima, a simpatia dos portugueses, o marisco e as caves do vinho do Porto." elos caminhos desta cidade, contando histórias, desvendando segredos, uma viagem de autocarro pode- se revelar uma agradável descoberta. Por Daniela Teixeira

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Cultura

Turismo: Porto diz-se com Honra

Pelos caminhos desta cidade, c o n t a n d o

histórias, desvendando segredos, uma viagem de autocarro pode-se revelar uma agradável descoberta.

A Avenida dos Aliados num dia do fim do mês de Maio, às nove e meia da manhã é dos turistas e das pessoas que correm apressadas de pasta na mão. Está muito calor. o sol ilumina a Avenida e no posto de “City sighteseeing Tour” já estão turistas: sandálias nos pés, óculos de sol na cabeça, máquina fotográfica ao peito: o Porto é uma cidade prestes a desbravar. O funcionário do posto de City sightseeing Tour estende longos mapas desdobráveis, fala inglês e esbraceja. Chegam mais quatro turistas, visivelmente mais velhos que os primeiros e compram bilhetes para a viagem de visita à cidade. O funcionário volta a estender o mapa, a esbracejar e a falar inglês. Na Rua Infante D. Henrique o autocarro que se prepara para iniciar a rota “Porto das Pontes” conta já com algumas pessoas. São sete e todos falam inglês embora aparentemente não se conheçam: sentam-se em lugares separados e não comunicam entre si. os passageiros ligam os headphones oferecidos pelo condutor do autocarro ao banco da frente. A história do Porto pode ser ouvida em seis idiomas diferentes. Percorrer as diferentes faixas é um exercício engraçado. A viagem está prestes a começar.A Ponte D.Luís é a primeira atracção do roteiro. A história da ponte sopra ao ouvido dos passageiros. o trajecto segue pelas pontes D. Maria, do Infante e do Freixo. Avista-se o Museu de Imprensa, o autocarro pára para entrarem mais seis passageiros. Falam francês. o autocarro entra agora na via rápida e sai em s.roque da Lameira, subindo, em direcção ao Estádio do Dragão. Assim que o veículo se aproxima do estádio há a reacção imediata dos turistas: pescoços esticados, máquinas

a disparar, alguns até se levantam para tentar ver o interior do edifício. O estádio fica cada vez mais longe, mas ainda há quem olhe para trás…A viagem prossegue pela Praça Francisco Sá Carneiro, outrora conhecida como Praça Velasquez, por S.Crispim, até ao Campo 24 de Agosto. Aqui entram mais duas senhoras que falam espanhol. o sol esquenta.Ao atravessar a Ponte do Infante, rumo à Serra do Pilar, o espanto perante a vista privilegiada da zona ribeirinha fez-se notar. As máquinas fotográficas tentaram captar a paisagem.Depois de uma curta passagem pelo centro de Gaia, o autocarro ruma à ribeira da cidade. À medida que se desce em relação ao rio, a voz que vai dando informações ao ouvido de cada um dos viajantes avisa que se aproxima uma das perspectivas mais marcantes da ribeira do Porto. “Lily! Olha para isto!!!”, diz um senhor em inglês, levantando-se do seu lugar para melhor apreciar a paisagem. O Douro é uma linha curva, reflectindo luz. Barcos rebelos estão ancorados justo à margem. No aglomerado de pequenas casas detelhados laranjas escuros pode-se distinguir a Torre dos Clérigos, parte da sé e a cúpula do Palácio de Cristal. Ao fundo vê-se Pontda Arrábida. No outro extremo a Ponte D. Luís. James e Lily vêm do Reino unido e estão pela terceira vez no Porto. Dizem que o Porto é uma cidade única. Adoram o clima, a simpatia dos portuenses, o marisco e as caves de vinho do Porto. “É uma alegria visitar esta cidade”, Passando pelo Museu Sóares dos reis e pelo Palácio de Cristal o autocarro vai até à Boavista. A Casa da Música é a atracção da zona. Muitas crianças ocupam as escadas da entrada principal do edifício. Este diamante já está na história do Porto. E “diamonds are forever”… Cecile e Marie são francesas. Gostam do Porto porque é uma cidade pequena. “Conseguimos ver muitos

em falar inglês, não querem continuar a conversa.A parte seguinte da viagem adianta já parte do percursoafirmam.o autocarro volta a estacionar na Rua Infante D.Henrique..A viagem chegou ao fim. A próxima rota é a “Porto Histórico”. Já passa do meio dia. Na parte superior do autocarro estão seis turistas aparentemente estrangeiros que olham distraidamente à sua volta. A primeira preocupação quando o autocarro arranca é conectar os auscultadores ao rádio incorporado no banco da frente. Desta vez há uma inovação em relação à vez anterior: há música portuguesa a passar. Cada vez que a voz

que nos fala dos cantos e encantos desta cidade se cala, entra o fadinho. “Preciso de uma razão, para não ir naquela nuvem. Preciso de uma razão que o vento não leve não”. mas no céu não há nuvens. E vento, só o provocado pelo andamento do autocarro. o autocarro segue em direcção

à igreja de Santa Clara, subindo para a Batalha. A rua de santa Catarina é uma azáfama. Passeios em dias de sol, compras em dias de sol e de chuva. sacos plásticos coloridos abanam nas mãos de várias pessoas.Depois de passar pelo Rivoli, pela Câmara do Porto e pela Trindade, o autocarro ruma até à reitoria da universidade do Porto, segue o compasso do eléctrico. da próxima rota: a passagem por Serralves, e todo o percurso da foz até à ribeira. "Nem negros nem azuis são os teus olhos, meu amor, seriam da cor da mágoa” se a mágoa tivesse cor”,diz Cecile. Têm dificuldade

"James e Lily vêm do Reino Unido e

estão pela terceira vez no Porto.

Adoram o clima, a simpatia dos portugueses, o

marisco e as caves do vinho do Porto."

Por Daniela Teixeira

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