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OPINIÃO SALVADOR SÁBADO 28/9/2013 A2 opiniao @grupoatarde.com.br Participe desta página: e-mail: [email protected] Cartas: Redação de A TARDE/Opinião - R. Professor Milton Cayres de Brito, 204, Caminho das Árvores, Salvador-BA, CEP 41822-900 ESPAÇO DO LEITOR Médicos estrangeiros Poder emana do povo, já dizia o brilhante jurista Sobral Pinto. Assim, a população sábia e indubitavelmente carente de cuidados mé- dicos recebeu festivamente e entusiastica- mente os médicos estrangeiros, entendendo que grandes benefícios eles trarão aos nossos patrícios, diferentemente do que preconiza- ram os médicos elitistas almofadinhas fre- quentadores assíduos dos shoppings e demais espaços modernos e luxuosos. Os referidos médicos estrangeiros têm cheiro de povo e gostam de povo independentemente de classe social e condição financeira. O médico es- trangeiro sabe honrar a profissão e cumprir firmemente e fielmente o seu juramento. Pa- rabéns ao mentor da feliz importação. MA- THEUS VERNECK, SALVADOR - BA, MATHEUS- [email protected] Eleições na CBF Em abril de 2014, haverá eleições para a pre- sidência da CBF. Dois pré-candidatos já de- clararam que irão concorrer, são eles: Andrés Sanches e Marco Polo Del Nero. O primeiro é atual diretor de seleções da CBF e ex-pre- sidente do Corinthians, disse que tem como cabo eleitoral o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. O segundo é o atual vice-presidente da CBF e acumula o cargo de presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), falou que tem o apoio do presidente da CBF paulista, José Maria Marin, ligado ao São Paulo Futebol Clube. Faltando quase oito me- ses para as eleições, tudo indica que esta será uma das mais disputadas em toda a história da CBF. A pergunta que me faço: o que tem de especial nessa entidade que está sendo tão cobiçada? Enquanto a política estiver enrai- zada na CBF, o futebol brasileiro nunca se igualará ao futebol europeu. WILSON CAMU- RUGI, SALVADOR-BA Dia Nacional do Idoso Em 1º de outubro é comemorado o Dia Na- cional do Idoso, instituído pela Lei 11.433/06, que reforça a importância da inclusão social desta parcela da população, além da garantia de acesso aos benefícios já conquistados. O governo e políticos representantes da cida- dania precisam reconhecer e desenvolver po- líticas públicas que venham garantir direitos e garantias, daquelas pessoas que foram os grandes responsáveis por todo o crescimento alcançado pelo Brasil. Todos já nascem com um idoso dentro de si. Por esta razão acon- selhamos a pessoa jovem e ao trabalhador para abraçarem e defenderem o direito do aposentado, visando à futura aposentadoria digna para todos brasileiros. Parabéns, heróis idosos, pelo seu dia! ALDERICO SENA, SALVA- DOR - BA, [email protected] Alerta No dia seguinte ao que efetuei o recadas- tramento do imóvel onde moro, recebi e-mail “da prefeitura” – logomarca, endereço e ou- tros detalhes conhecidos da Sefaz – cobran- do-me R$ 60 por “serviço eletrônico” feito pela “empresa” Net Eletrônica. Que serviço? Certamente o de fornecer o protocolo para o recadastramento. Como desconfiei ser gatu- nagem eletrônica, estou alertando a todos, por meio de A TARDE, e também a prefeitura, pois não deixará de haver ingênuos e incautos que acreditem e paguem pelo “serviço”. ANTÔNIO MELLO, [email protected] Loira fatal Segundo Vinicius de Moraes, beleza é fun- damental, mas às vezes pode ser fatal. Uma modelo catarinense, loira, bonita e inteligen- te, foi presa pela Polícia Federal, indiciada por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. A fraude chega a R$ 50 milhões, provenientes de fundo de pensão de servidores de pre- feituras e governos estaduais. Ela usava a sua beleza e o seu charme para convencer os ges- tores, empresários e banqueiros a participa- rem do esquema fraudulento. Só para lem- brar, a sedução feminina remonta à época de Adão e Eva. CARLOS DE CARVALHO, CAR- [email protected] Punição de juiz O juiz de Monte Santo (BA), segundo apu- rações, envolvido em adoções ilegais de crian- ças, se for realmente punido, terá como pena uma bela aposentadoria. São privilégios da democracia brasileira, concedidos por uma elite minoritária (deputados, juízes, senado- res, governadores) que, mesmo praticando delitos e julgados, continuará lesando o erário público. O Zé do Povão arrasta enxada e corta de machado sessenta anos e vai para a vala comum, sem nenhuma aposentadoria. Até presidiários têm mais mordomias do que tra- balhadores. OLINDOCARVALHO,ORLINDOCAR- [email protected] Rua Bela Vista do Cabral Mais uma vez venho a esta coluna para pedir socorro aos órgãos municipais, a fim de que mandem verificar o que se passa na rua Bela Vista do Cabral, em Nazaré. Mão dupla, es- tacionamento em ambos os lados e, para com- pletar, duas garagens transformadas em la- va-jatos, os quais tinham placas frontais que, segundo eu soube, foram retiradas pela pre- feitura. Mas a bagunça continuou atrapalhan- do o tráfego local. Espero que desta vez o órgão competente municipal possa tomar uma pro- vidência mais séria. ROQUE OLIVEIRA, RO- [email protected] Antonio Risério Escritor [email protected] M e lembro muito bem de quando os búzios disseram que Stella de Oxóssi, Odé Kayodé, seria a mãe de santo do Axé do Opô Afonjá. Muita gente, entre os mais velhos, reagiu. Eu até brincava na época, dizendo que Stella só tinha do seu lado a juventude do terreiro. Me lembro também de quando ela nos levou, há uns bons trinta anos, para fazer nossos pedidos na fogueira de Xangô Ai- rá. Andando em volta do fogo, Tutuca, filha de Iansã, na hora de fazer o seu pedido, falou palavras de raio: “Iansã queime a língua de quem fala mal de minha mãe!” E muita gente queimou a língua. Com o tempo, os mais velhos voltaram. Stella era enfermeira, trabalhava no Estado e o então governador Roberto Santos (que dispensou os terreiros da humilhação de terem registro na polícia), sensível ao caso, a colocou à dis- posição dos orixás. Stella foi se afirman- do, ganhando majes- tade, reinando. Hoje, é a grande mãe de santo do Brasil. A grande ialaxé. E seu discurso de posse, na Academia Baiana de Letras, diz bem disso. O que soa ali, para lembrar o poema de Waly Salomão, é a voz de uma pessoa vito- riosa. Talvez por isso a mídia tenha passa- do em silêncio sobre o assunto. Se fosse um discurso agres- sivo, raivosamente racialista, esbravejan- do contra opressões, teria tido todas as manchetes. Mas não: foi discurso sereno e verdadeiro, de quem sabe o que fez e o que é. O espaço aqui é pequeno para comen- tar tudo o que Stella disse. Mas quero falar de, pelo menos, duas coisas. A pri- meira foi o lúcido posicionamento no terreno onde vive, onde pisa os pés, sem fazer concessão a modismos ditados por instituições norte-americanas. A segun- da foi um certo vacilo na releitura dos ocupantes anteriores da cadeira que ago- ra é dela, nessa entidade algo ridícula que é a Academia Baiana de Letras, que deu a Antonio Carlos Magalhães o título de letrado imortal, em troca do prédio ou da reforma do prédio de sua sede. Dixit Stella: “Sou bisneta do povo lu- sitano e do povo africano. Não sou bran- ca, não sou negra. Sou marrom. Carrego em mim todas as cores. Sou brasileira. Sou baiana”. Daí, me disseram que o pes- soal do movimento negro ficou irritado com a declaração. Por que? O que essa gente queria? Que a ialorixá, com todos os seus compromissos com a verdade, mentisse? Fingisse que não existem an- tepassados brancos em sua história? Mu- tilasse sua narrativa de vida, amputando uma parte dos seus ancestrais? Queriam que Stella fechasse os olhos à sua própria birracialidade? Não faz sentido. O sectarismo racia- lista não tem o menor respeito pelos fatos (a começar pela dimensão genética, biológica), mas Stella não é obrigada a pactuar com o desprezo pela verdade. Pelo factual. E a beleza maior de sua declaração está no fato de que, em vez de mentir para nós mesmos, amputando patologicamente nossas histórias de vi- da, devemos assumir, clara e abertamen- te, todos os nossos antepassados, sejam negros, índios ou brancos. Não temos de renegar, de fingir que esquecemos um antepassado, apenas por conta da cor de sua pele. Mestiços mais escuros fazendo de conta de que não tiveram uma avó branca, ou mestiços mais claros fingindo que não tiveram um avô preto? Isso é uma fantasia prejudicial para a nossa vida so- cial, cultural e polí- tica. Mentiras, re- pressões e autonega- ções envenenam a existência de qual- quer coletividade. Quanto ao vacilo na releitura de seus antecessores na aca- demia, refiro-me a Xavier Marques. Acho que Stella não che- gou ainda a ler o principal livro do ro- mancista, O Feiticeiro. Isso não é ne- nhum problema ou demérito (posso co- brir uma edição inteira desse jornal com títulos de livros que não li). Nem há tem- po para ler tudo. Por que digo isso? Por- que, se tivesse lido O Feiticeiro, uma ia- lorixá não passaria ao largo do fato de que aquele romance introduz o mundo nagô do candomblé na literatura bra- sileira, falando do despacho de Exu, do culto da gameleira sagrada, da pedra de raio de Xangô, de gente mascando obi. Mas isso é o de menos: o que conta é que Stella de Oxóssi fez um discurso muito, muito bonito. ANTONIO RISÉRIO ESCREVE SÁBADO, QUINZENALMENTE “Sou bisneta do povo lusitano e do povo africano. Não sou branca, não sou negra. Sou marrom. Carrego em mim todas as cores. Sou brasileira. Sou baiana” O horário da discórdia No fórum do empresariado baiano com ACM Neto, realizado ontem na Federação das In- dústrias da Bahia (Fieb), sobrou para o go- vernador Jaques Wagner. A certa altura, discutiu-se a inconveniência, para o empresariado, da não adoção do ho- rário de verão na Bahia. José de Freitas Mas- carenhas, presidente da Fieb, ao historiar o recuo de Wagner ano passado, disparou: – O governador voltou a ser populista e atendeu às centrais sindicais. Citou também uma pesquisa mostrando que a grande maioria dos assaltos ocorrem no fim da tarde, o que, segundo ele, é melhor ter luz à tarde do que de manhã cedo. Os empresários concitaram ACM Neto a dizer a posição dele sobre o assunto. Neto ficou no muro o quanto pôde. No fim, cedeu. Também é contra a adoção do horário de verão na Bahia. Ou melhor, também nisso está afinado com Wagner. Nó na Defensoria Os defensores públicos baianos estão incon- formados com a morosidade do governo que até hoje não enviou à Assembleia o projeto de lei que ajusta a estrutura da Defensoria Pú- blica à Lei de Organização Judiciária (LOJ). São quase seis anos de atraso, o que produz sérios entraves gerenciais. A defensora-geral Vitória Bandeira diz confiar que o governador Jaques Wagner desate o nó. Do jeito que está, o funcionamento do re- cém-inaugurado Núcleo de Prisão em Fla- grante e a implantação da Casa de Mulher podem ficar comprometidos. Prêmio ao crime Agora radicado em Livramento de Nossa Se- nhora, o jornalista Raimundo Marinho, tam- bém advogado, lançou o livro A vítima e o princípio da celeridade processual. É um tra- balho de conclusão de uma pós-graduação em ciências criminais, que traz à tona um tema instigante: o descaso com que a legislação e a Justiça tratam as vítimas de crimes. Numa palavra, para o criminoso, tudo. A família recebe até benefício previdenciário. Para a vítima e família, que sofrem os trans- tornos do crime ou a própria morte, nada. Até parece que o crime compensa. Cartão vermelho Antônio Albino, presidente do PSDC, diz que o PSL está fora da Frente Jorge Aleluia, formada também pelo PRP, PTdoB e PPL. O conjunto congrega dois minutos em tempo de televisão e fez o compromisso de marchar juntos em 2014. Albino acusa Antônio Olívio, o Toninho, presidente do PSL, de ter se aliado na tentativa de levar o grupo para os braços do governo. – Toninho tem a CAR e a Sudic. Nos vendeu ao governo, mas não conseguiu entregar. O PSL é o novo partido de João Henrique. Mudança no MPT Roberto Balazeiro vai assumir o Ministério Público do Trabalho (MPT) na Bahia dia 1º oficialmente e dia 10 solenemente prome- tendo dar nova dinâmica à instituição. Ideia básica: reforçar a estrutura, especial- mente no interior, para intensificar a vigi- lância sobre questões como o trabalho escravo (área em que já atuou bastante), a situação dos terceirizados e o trabalho infantil. O procurador-chefe substituto dele (na prá- tica, o vice) será Jairo Sento Sé. . A presidente do TRT baiano, Vânia Chaves, é a convidada da vez na reunião da diretoria da Fecomércio-BA, segunda (18h). Fará pa- lestra sobre os 70 anos da criação da CLT, abordando também todo o histórico dos di- reitos trabalhistas no Brasil e no mundo. COLABOROU: JOÃO PEDRO PITOMBO POLÍTICA COM VATAPÁ A coragem Carioca de nascimento, o padre José Luiz Soa- res Palmeira, ou padre Palmeira (irmão de Guilherme Palmeira, ex-governador de Ala- goas), virou figura de vulto na história de Conquista. Fundou em 1939 o Ginásio de Con- quista, o popular Ginásio do Padre, ganhou prestígio, foi deputado e secretário estadual da Educação e cassado em 1964. Pelo ginásio passaram as mais proeminen- tes figuras do sudeste baiano, entre elas Él- quisson Soares, ex-deputado federal. Conta Élquisson que lá um dia a professora chamou o padre para queixar-se dele: – Padre, eu vou ter que dar zero a este menino. Ele é muito mentiroso. Eu pedi aos alunos que fizessem uma dissertação sobre a terra em que nasceram e imagine que ele descreveu uma terra com campos floridos, lagoas encantadas, um paraíso. E ele nasceu em Anagé, padre! Onde já se viu Anagé, uma terra árida daquela, ter campos floridos?! E o padre: – Dê 10, professora. Só em ter a coragem de confessar que é de Anagé, ele já merece. Levi Vasconcelos Jornalista [email protected] TEMPO PRESENTE Palavras de Stella de Oxóssi Editor interino Valmir Palma atarde.com.br/cienciaevida http://cineinsite.atarde.com.br DESTAQUES DO PORTAL A TARDE Confira as estreias do final de semana Nova tinta “cicatriza” ao ser arranhada Reprodução Cena do longa baiano Depois da Chuva

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OPINIÃOSALVADOR SÁBADO 28/9/2013A2

[email protected]

Participe desta página: e-mail: [email protected]: Redação de A TARDE/Opinião - R. Professor Milton Cayres de Brito, 204, Caminho das Árvores, Salvador-BA, CEP 41822-900

ESPAÇO DO LEITOR

Médicos estrangeirosPoder emana do povo, já dizia o brilhantejurista Sobral Pinto.Assim, a população sábiae indubitavelmente carente de cuidados mé-dicos recebeu festivamente e entusiastica-mente os médicos estrangeiros, entendendoque grandes benefícios eles trarão aos nossospatrícios, diferentemente do que preconiza-ram os médicos elitistas almofadinhas fre-quentadoresassíduosdosshoppingsedemaisespaços modernos e luxuosos. Os referidosmédicos estrangeiros têm cheiro de povo egostamdepovoindependentementedeclassesocial e condição financeira. O médico es-trangeiro sabe honrar a profissão e cumprirfirmemente e fielmente o seu juramento. Pa-rabéns ao mentor da feliz importação. MA-THEUS VERNECK, SALVADOR - BA, [email protected]

Eleições na CBFEm abril de 2014, haverá eleições para a pre-sidência da CBF. Dois pré-candidatos já de-clararam que irão concorrer, são eles: AndrésSanches e Marco Polo Del Nero. O primeiro éatual diretor de seleções da CBF e ex-pre-sidente do Corinthians, disse que tem comocabo eleitoral o ex-presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva. O segundo é o atualvice-presidente da CBF e acumula o cargo depresidente da Federação Paulista de Futebol(FPF), falou que tem o apoio do presidente daCBF paulista, José Maria Marin, ligado ao SãoPaulo Futebol Clube. Faltando quase oito me-ses para as eleições, tudo indica que esta seráuma das mais disputadas em toda a históriada CBF.A pergunta queme faço: o que tem deespecial nessa entidade que está sendo tãocobiçada? Enquanto a política estiver enrai-zada na CBF, o futebol brasileiro nunca seigualará ao futebol europeu. WILSON CAMU-RUGI, SALVADOR-BA

Dia Nacional do IdosoEm 1º de outubro é comemorado o Dia Na-cional do Idoso, instituído pela Lei 11.433/06,que reforça a importância da inclusão socialdesta parcela da população, além da garantiade acesso aos benefícios já conquistados. Ogoverno e políticos representantes da cida-dania precisam reconhecer e desenvolver po-líticas públicas que venham garantir direitose garantias, daquelas pessoas que foram osgrandes responsáveis por todo o crescimentoalcançado pelo Brasil. Todos já nascem comum idoso dentro de si. Por esta razão acon-selhamos a pessoa jovem e ao trabalhadorpara abraçarem e defenderem o direito doaposentado, visando à futura aposentadoriadigna para todos brasileiros. Parabéns, heróisidosos, pelo seu dia! ALDERICO SENA, SALVA-DOR - BA, [email protected]

AlertaNo dia seguinte ao que efetuei o recadas-tramento do imóvel ondemoro, recebi e-mail“da prefeitura” – logomarca, endereço e ou-tros detalhes conhecidos da Sefaz – cobran-do-me R$ 60 por “serviço eletrônico” feitopela “empresa” Net Eletrônica. Que serviço?Certamente o de fornecer o protocolo para orecadastramento. Como desconfiei ser gatu-nagemeletrônica,estoualertandoatodos,pormeio deATARDE, e tambémaprefeitura, poisnãodeixará dehaver ingênuos e incautos queacreditemepaguempelo “serviço”. ANTÔNIOMELLO, [email protected]

Loira fatalSegundo Vinicius de Moraes, beleza é fun-damental, mas às vezes pode ser fatal. Umamodelo catarinense, loira, bonita e inteligen-te, foi presapela Polícia Federal, indiciadaporformaçãodequadrilhae lavagemdedinheiro.A fraude chega a R$ 50milhões, provenientesde fundo de pensão de servidores de pre-feituras e governos estaduais. Ela usava a suabeleza e o seu charme para convencer os ges-tores, empresários e banqueiros a participa-rem do esquema fraudulento. Só para lem-brar, a sedução feminina remonta à época deAdão e Eva. CARLOS DE CARVALHO, [email protected]

Punição de juizO juiz de Monte Santo (BA), segundo apu-rações, envolvidoemadoções ilegais de crian-ças, se for realmente punido, terá como penauma bela aposentadoria. São privilégios dademocracia brasileira, concedidos por umaelite minoritária (deputados, juízes, senado-res, governadores) que, mesmo praticandodelitose julgados, continuará lesandooeráriopúblico. O Zé do Povão arrasta enxada e cortade machado sessenta anos e vai para a valacomum, sem nenhuma aposentadoria. Atépresidiários têmmaismordomias do que tra-balhadores. OLINDOCARVALHO,[email protected]

Rua Bela Vista do CabralMais uma vez venho a esta coluna para pedirsocorro aos órgãos municipais, a fim de quemandem verificar o que se passa na rua BelaVista do Cabral, em Nazaré. Mão dupla, es-tacionamentoemambosos ladose,paracom-pletar, duas garagens transformadas em la-va-jatos, os quais tinham placas frontais que,segundo eu soube, foram retiradas pela pre-feitura.Masabagunçacontinuouatrapalhan-dootráfego local. Esperoquedestavezoórgãocompetentemunicipal possa tomarumapro-vidência mais séria. ROQUE OLIVEIRA, [email protected]

Antonio RisérioEscritor

[email protected]

Me lembro muito bem de quandoos búzios disseram que Stella deOxóssi, Odé Kayodé, seria a mãe

de santo do Axé do Opô Afonjá. Muitagente, entre os mais velhos, reagiu. Eu atébrincava na época, dizendo que Stella sótinha do seu lado a juventude do terreiro.Me lembro também de quando ela noslevou, há uns bons trinta anos, para fazernossos pedidos na fogueira de Xangô Ai-rá. Andando em volta do fogo, Tutuca,filha de Iansã, na hora de fazer o seupedido, falou palavras de raio: “Iansãqueime a língua de quem fala mal deminha mãe!”

E muita gente queimou a língua. Como tempo, os mais velhos voltaram. Stellaera enfermeira, trabalhava no Estado e oentão governador Roberto Santos (quedispensou os terreiros da humilhação deterem registro na polícia), sensível aocaso, a colocou à dis-posição dos orixás.Stella foi se afirman-do, ganhando majes-tade, reinando. Hoje,é a grande mãe desanto do Brasil. Agrande ialaxé. E seudiscurso de posse, naAcademia Baiana deLetras, diz bem disso.O que soa ali, paralembrar o poema deWaly Salomão, é a vozde uma pessoa vito-riosa. Talvez por issoa mídia tenha passa-do em silêncio sobreo assunto. Se fosse um discurso agres-sivo, raivosamente racialista, esbravejan-do contra opressões, teria tido todas asmanchetes. Mas não: foi discurso serenoe verdadeiro, de quem sabe o que fez eo que é.

O espaço aqui é pequeno para comen-tar tudo o que Stella disse. Mas querofalar de, pelo menos, duas coisas. A pri-meira foi o lúcido posicionamento noterreno onde vive, onde pisa os pés, semfazer concessão a modismos ditados porinstituições norte-americanas. A segun-da foi um certo vacilo na releitura dosocupantes anteriores da cadeira que ago-ra é dela, nessa entidade algo ridículaque é a Academia Baiana de Letras, quedeu a Antonio Carlos Magalhães o títulode letrado imortal, em troca do prédio ou

da reforma do prédio de sua sede.Dixit Stella: “Sou bisneta do povo lu-

sitano e do povo africano. Não sou bran-ca, não sou negra. Sou marrom. Carregoem mim todas as cores. Sou brasileira.Sou baiana”. Daí, me disseram que o pes-soal do movimento negro ficou irritadocom a declaração. Por que? O que essagente queria? Que a ialorixá, com todosos seus compromissos com a verdade,mentisse? Fingisse que não existem an-tepassados brancos em sua história? Mu-tilasse sua narrativa de vida, amputandouma parte dos seus ancestrais? Queriamque Stella fechasse os olhos à sua própriabirracialidade?

Não faz sentido. O sectarismo racia-lista não tem o menor respeito pelosfatos (a começar pela dimensão genética,biológica), mas Stella não é obrigada apactuar com o desprezo pela verdade.Pelo factual. E a beleza maior de suadeclaração está no fato de que, em vez dementir para nós mesmos, amputandopatologicamente nossas histórias de vi-da, devemos assumir, clara e abertamen-te, todos os nossos antepassados, sejamnegros, índios ou brancos. Não temos derenegar, de fingir que esquecemos umantepassado, apenas por conta da cor desua pele. Mestiços mais escuros fazendo

de conta de que nãotiveram uma avóbranca, ou mestiçosmais claros fingindoque não tiveram umavô preto? Isso é umafantasia prejudicialpara a nossa vida so-cial, cultural e polí-tica. Mentiras, re-pressões e autonega-ções envenenam aexistência de qual-quer coletividade.

Quanto ao vacilona releitura de seusantecessores na aca-demia, refiro-me a

Xavier Marques. Acho que Stella não che-gou ainda a ler o principal livro do ro-mancista, O Feiticeiro. Isso não é ne-nhum problema ou demérito (posso co-brir uma edição inteira desse jornal comtítulos de livros que não li). Nem há tem-po para ler tudo. Por que digo isso? Por-que, se tivesse lido O Feiticeiro, uma ia-lorixá não passaria ao largo do fato deque aquele romance introduz o mundonagô do candomblé na literatura bra-sileira, falando do despacho de Exu, doculto da gameleira sagrada, da pedra deraio de Xangô, de gente mascando obi.Mas isso é o de menos: o que conta é queStella de Oxóssi fez um discurso muito,muito bonito.

ANTONIO RISÉRIO ESCREVE SÁBADO, QUINZENALMENTE

“Sou bisneta dopovo lusitano e dopovo africano. Nãosou branca, não sounegra. Sou marrom.Carrego em mimtodas as cores.Sou brasileira.Sou baiana”

Ohorário da discórdiaNo fórum do empresariado baiano com ACMNeto, realizado ontem na Federação das In-dústrias da Bahia (Fieb), sobrou para o go-vernador Jaques Wagner.

A certa altura, discutiu-se a inconveniência,para o empresariado, da não adoção do ho-rário de verão na Bahia. José de Freitas Mas-carenhas, presidente da Fieb, ao historiar orecuo de Wagner ano passado, disparou:

– O governador voltou a ser populista eatendeu às centrais sindicais.

Citou também uma pesquisa mostrandoqueagrandemaioriados assaltos ocorremnofim da tarde, o que, segundo ele, é melhor terluz à tarde do que de manhã cedo.

Os empresários concitaram ACM Neto adizer a posição dele sobre o assunto.

Neto ficou nomuro o quanto pôde. No fim,cedeu. Também é contra a adoção do horáriode verão na Bahia. Oumelhor, também nissoestá afinado com Wagner.

Nó naDefensoriaOs defensores públicos baianos estão incon-formados com amorosidade do governo queaté hoje não enviou àAssembleia o projeto delei que ajusta a estrutura da Defensoria Pú-blica à Lei de Organização Judiciária (LOJ).

São quase seis anos de atraso, o que produzsérios entraves gerenciais. A defensora-geralVitória Bandeira diz confiar queogovernadorJaques Wagner desate o nó.

Do jeito que está, o funcionamento do re-cém-inaugurado Núcleo de Prisão em Fla-grante e a implantação da Casa de Mulherpodem ficar comprometidos.

Prêmio ao crimeAgora radicado em Livramento de Nossa Se-nhora, o jornalista Raimundo Marinho, tam-bém advogado, lançou o livro A vítima e oprincípio da celeridade processual. É um tra-balhodeconclusãodeumapós-graduaçãoemciências criminais, que traz à tona um temainstigante: o descaso com que a legislação e aJustiça tratam as vítimas de crimes.

Numa palavra, para o criminoso, tudo. Afamília recebe até benefício previdenciário.

Paraavítimae família, quesofremos trans-tornos do crime ou a própria morte, nada.

Até parece que o crime compensa.

Cartão vermelhoAntônio Albino, presidente do PSDC, diz queoPSLestáforadaFrenteJorgeAleluia,formadatambém pelo PRP, PTdoB e PPL. O conjuntocongregadoisminutosemtempode televisãoe fez o compromisso de marchar juntos em2014. Albino acusa Antônio Olívio, o Toninho,presidentedoPSL, de ter sealiadona tentativade levar o grupo para os braços do governo.

– Toninho tem a CAR e a Sudic. Nos vendeuao governo, mas não conseguiu entregar.

O PSL é o novo partido de João Henrique.

Mudança noMPTRoberto Balazeiro vai assumir o MinistérioPúblico do Trabalho (MPT) na Bahia dia 1ºoficialmente e dia 10 solenemente prome-tendo dar nova dinâmica à instituição.

Ideia básica: reforçar a estrutura, especial-mente no interior, para intensificar a vigi-lânciasobrequestõescomootrabalhoescravo(áreaemque jáatuoubastante), a situaçãodosterceirizados e o trabalho infantil.

Oprocurador-chefe substituto dele (naprá-tica, o vice) será Jairo Sento Sé.

. ApresidentedoTRTbaiano,VâniaChaves,é a convidada da vez na reunião da diretoriada Fecomércio-BA, segunda (18h). Fará pa-lestra sobre os 70 anos da criação da CLT,abordando também todo o histórico dos di-reitos trabalhistas no Brasil e no mundo.

COLABOROU: JOÃO PEDRO PITOMBO

POLÍTICA COM VATAPÁ

A coragemCarioca de nascimento, o padre José Luiz Soa-res Palmeira, ou padre Palmeira (irmão deGuilherme Palmeira, ex-governador de Ala-goas), virou figura de vulto na história deConquista. Fundou em 1939 oGinásio de Con-quista, o popular Ginásio do Padre, ganhouprestígio, foi deputado e secretário estadualda Educação e cassado em 1964.

Pelo ginásio passaram asmais proeminen-tes figuras do sudeste baiano, entre elas Él-quisson Soares, ex-deputado federal.

Conta Élquisson que lá um dia a professorachamou o padre para queixar-se dele:

– Padre, eu vou ter que dar zero a estemenino. Ele é muito mentiroso. Eu pedi aosalunos que fizessem uma dissertação sobre aterra em que nasceram e imagine que eledescreveu uma terra com campos floridos,lagoas encantadas, um paraíso. E ele nasceuem Anagé, padre! Onde já se viu Anagé, umaterra árida daquela, ter campos floridos?!

E o padre:– Dê 10, professora. Só em ter a coragem de

confessar que é de Anagé, ele já merece.

Levi VasconcelosJornalista

[email protected]

TEMPO PRESENTE Palavras de StelladeOxóssi

Editor interinoValmir Palma

atarde.com.br/cienciaevida

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Nova tinta “cicatriza”ao ser arranhada

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Cena do longa baiano Depois da Chuva