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SUPLEMENTO DO AÇORIANO ORIENTAL FEVEREIRO DE 2012 n 05 COORDENAÇÃO: GRAÇA BORGES DE SOUSA MENESES MARGARIDA FREIRE DE ANDRADE Jorge Buescu, Prémio Rómulo de Carvalho de Investi- gação e Divulgação Científica, afirma que a Matemáti- ca vive hoje uma verdadeira idade de ouro. Não fora a afirmação da autoria de um reputado mate- mático, quantos conhecem o teor das análises sobre os resultados das provas nacionais de Matemática, di- riam que tal asserção evidenciava um desconhecimen- to da realidade recente. Desiluda-se quem for levado a pensar que estamos pe- rante um académico que, ensimesmado na torre da in- vestigação científica, ousa opinar em abstrato. Não se- ria caso inédito. Nada disso. O sentido da afirmação é este: hoje há mais matemáticos ativos do que em toda a história da humanidade. Aliás, Jorge Buescu não só conhece os problemas do ensino da Matemática, como tam- bém se tem empenhado na divulgação da impor- tância dessa ciência, seduzindo-nos para a sua aprendizagem. Para isso também chamou a atenção dos alunos da ES- Laranjeiras Edmundo Rego, membro da nossa comuni- dade educativa. Recordando a sua experiência de emi- gração, relevou as vantagens que, do conhecimento da Matemática, retirara para a sua vida. Pena é que a tutela, radicando a deliberação sobre a oferta formativa das três escolas secundárias de Ponta Delgada no número de alunos que as frequentam, te- nha esquecido um princípio matemático consabido: menos com menos = menos. Decisão pedagógica e matematicamente estranha! Editorial Matema(cri)ticando A estranha objetividade dos números Laranjeiras Gavel Club: A um passo da internacionalização Criar Laços Ricardo Moura: a narrativa de um sonho tornado realidade página Bicentenário de Charles Dickens: a vida como inspiração página ESLaranjeiras: a conquista de medalhas no CRJMatemáticos página Consciente de que a forma como comu- nicamos com os outros é a chave do su- cesso no campo pessoal e profissional, o Laranjeiras Gavel Club (LGC) está prestes a tornar-se membro oficial da Toastmasters International (TI), o que lhe permitirá aceder diretamente não só aos materiais concebidos por esta or- ganização educacional com o intuito de proporcionar aos seus membros o des- envolvimento das competências de co- municação e liderança, mas também a inúmeros eventos no país e no estran- geiro (Conferências, Encontros). No momento presente, os alunos que in- tegram o LGC contam já com os ma- nuais da TI, graciosamente cedidos pelo seu Counsellor, Dr. Igor Albernaz Fur- nas, membro efetivo da Toastmasters International, o que lhes tem permi- tido pôr em prática métodos continua- mente atualizados, baseados numa filo- sofia de autoestudo e de autorreflexão. Porque devagar se vai ao longe, no LGC estão a ser dados pequenos passos, mas seguros, rumo à mestria da comunica- ção e à formação de futuros líderes, num ambiente de suporte mútuo, pro- movendo-se a auto-confiança e o cres- cimento pessoal. Sabia que a capacidade de comunica- ção é uma das cinco características co- muns a todos os líderes de sucesso? No Clube Gavel, aprendo a liderar para vencer qualquer desafio O presidente do Clu- be Gavel tem por fun- ção assegurar que tanto os membros da direção como todos os outros estejam sempre informados da data das reuniões e da tarefa que lá irão desempenhar. Tam- bém tento angariar novos membros para o Clube. Esta é provavelmente a tarefa que re- presenta um maior desafio. A experiência tem sido excelente: sinto-me mais prepara- do para liderar qualquer projecto que possa surgir na minha vida. NOME: Henrique Fonseca IDADE: 1 anos Com a reflexão (auto e hetero) aprofundo competências pessoais Como vice-presiden- te do Clube, planifico as sessões, oriento os outros membros, recomendando- lhes as ações de melhoria que devem concreti- zar com vista à con- solidação das suas competências orais e de liderança. Tem sido uma experiência enri- quecedora a nível pessoal, pois desenvol- vo capacidades discursivas, de liderança, de planificação e ainda procuro incutir nos outros autoconfiança, incentivando o seu progresso. NOME: João Pedro Ferreira IDADE: 1 anos Com o Clube Gavel construo o meu futuro em bases sólidas A minha principal função no Gavel Club é a de Sergeant-at- Arms e consiste em organizar o espaço onde decorrem as reuniões, providen- ciar os materiais de que todos os membros precisam para pode- rem desempenhar os respetivos papéis e fa- zer o alinhamento de cada sessão. Graças ao Gavel Club, sinto-me cada vez mais à vontade em público, o que me ajuda muito nas apresentações de trabalhos. NOME: João Pedro Portela IDADE: 1 anos COORDENAÇÃO: GRAÇA BORGES DE SOUSA MENESES MARGARIDA FREIRE DE ANDRADE

página página página Laranjeiras Gavel Club · da época vitoriana, designada-mente as grandezas e misérias de Londres, traduzidas na vida opulenta da grande burguesia e nas desumanas

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FEVEREIRO DE 2012

n 05

COORDENAÇÃO: GRAÇA BORGES DE SOUSA MENESES MARGARIDA FREIRE DE ANDRADE

Jorge Buescu, Prémio Rómulo de Carvalho de Investi-gação e Divulgação Científica, afirma que a Matemáti-ca vive hoje uma verdadeira idade de ouro. Não fora a afirmação da autoria de um reputado mate-mático, quantos conhecem o teor das análises sobre os resultados das provas nacionais de Matemática, di-riam que tal asserção evidenciava um desconhecimen-to da realidade recente. Desiluda-se quem for levado a pensar que estamos pe-rante um académico que, ensimesmado na torre da in-vestigação científica, ousa opinar em abstrato. Não se-ria caso inédito. Nada disso. O sentido da afirmação é este: hoje há mais matemáticos ativos do que em toda a história da humanidade. Aliás, Jorge Buescu não só conhece os problemas do ensino da Matemática, como tam-bém se tem empenhado na divulgação da impor-tância dessa ciência, seduzindo-nos para a sua aprendizagem. Para isso também chamou a atenção dos alunos da ES-Laranjeiras Edmundo Rego, membro da nossa comuni-dade educativa. Recordando a sua experiência de emi-gração, relevou as vantagens que, do conhecimento da Matemática, retirara para a sua vida. Pena é que a tutela, radicando a deliberação sobre a oferta formativa das três escolas secundárias de Ponta Delgada no número de alunos que as frequentam, te-nha esquecido um princípio matemático consabido: menos com menos = menos. Decisão pedagógica e matematicamente estranha!

Editorial Matema(cri)ticando A estranha objetividade dos números

Laranjeiras Gavel Club: A um passo da internacionalização

Criar Laços

Ricardo Moura: a narrativa de um sonho tornado realidade

página

Bicentenário de Charles Dickens: a vida como inspiração

página

ESLaranjeiras: a conquista de medalhas no CRJMatemáticos

página

Consciente de que a forma como comu-nicamos com os outros é a chave do su-cesso no campo pessoal e profissional, o Laranjeiras Gavel Club (LGC) está prestes a tornar-se membro oficial da Toastmasters International (TI), o que lhe permitirá aceder diretamente não só aos materiais concebidos por esta or-ganização educacional com o intuito de proporcionar aos seus membros o des-envolvimento das competências de co-

municação e liderança, mas também a inúmeros eventos no país e no estran-geiro (Conferências, Encontros). No momento presente, os alunos que in-tegram o LGC contam já com os ma-nuais da TI, graciosamente cedidos pelo seu Counsellor, Dr. Igor Albernaz Fur-nas, membro efetivo da Toastmasters International, o que lhes tem permi-tido pôr em prática métodos continua-mente atualizados, baseados numa filo-

sofia de autoestudo e de autorreflexão. Porque devagar se vai ao longe, no LGC estão a ser dados pequenos passos, mas seguros, rumo à mestria da comunica-ção e à formação de futuros líderes, num ambiente de suporte mútuo, pro-movendo-se a auto-confiança e o cres-cimento pessoal. Sabia que a capacidade de comunica-ção é uma das cinco características co-muns a todos os líderes de sucesso?

No Clube Gavel, aprendo a liderar para vencer qualquer desafio

O presidente do Clu-be Gavel tem por fun-ção assegurar que tanto os membros da direção como todos os outros estejam sempre informados da data das reuniões e da tarefa que lá irão desempenhar. Tam-bém tento angariar novos membros para o Clube. Esta é provavelmente a tarefa que re-presenta um maior desafio. A experiência tem sido excelente: sinto-me mais prepara-do para liderar qualquer projecto que possa surgir na minha vida.

NOME: Henrique Fonseca IDADE: 1 anos

Com a reflexão (auto e hetero) aprofundo competências pessoais

Como vice-presiden-te do Clube, planifico as sessões, oriento os outros membros, recomendando- lhes as ações de melhoria que devem concreti-zar com vista à con-solidação das suas competências orais e de liderança. Tem sido uma experiência enri-quecedora a nível pessoal, pois desenvol-vo capacidades discursivas, de liderança, de planificação e ainda procuro incutir nos outros autoconfiança, incentivando o seu progresso.

NOME: João Pedro Ferreira IDADE: 1 anos

Com o Clube Gavel construo o meu futuro em bases sólidas

A minha principal função no Gavel Club é a de Sergeant-at-Arms e consiste em organizar o espaço onde decorrem as reuniões, providen-ciar os materiais de que todos os membros precisam para pode-rem desempenhar os respetivos papéis e fa-zer o alinhamento de cada sessão. Graças ao Gavel Club, sinto-me cada vez mais à vontade em público, o que me ajuda muito nas apresentações de trabalhos.

NOME: João Pedro Portela IDADE: 1 anos

COORDENAÇÃO: GRAÇA BORGES DE SOUSA MENESES MARGARIDA FREIRE DE ANDRADE

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02 FEVEREIRO DE 2012

Depois de uma descrição inicial do som que o vento fazia em torno das velhas igrejas e dos seus campanários, é-nos apresentado Toby Veck, um moço de fre-tes, que se encontrava diariamente à por-ta da igreja. Na véspera de ano novo, Toby estava no campanário e Meg, a sua filha, foi ter com ele, para almoçarem juntos. Mais tarde, apareceu o Vereador Cute, que deu uma

carta a Toby para ele entregar a Sir Joseph. A carta acusava Fern, um homem da vila, de vagabundagem. Sir Joseph, depois de ler a carta, escreveu outra, em que dizia que Fern deveria ser preso, e entregou-a a Toby, para que este a levasse ao vereador. A caminho da casa do Vereador, Toby chocou com Fern e com a sua sobrinha órfã, com os quais simpatizou de ime-diato, contando-lhes o que se passava. Como eles não tinham onde pernoitar, convidou-os a passar a noite de Ano Novo em sua casa. Depois do jantar, Toby foi para o campa-

nário da igreja, tendo tido um sonho fa-buloso, em que um sino o guiou ao longo de uma fantástica viagem. Nesta viagem, Toby soube que morrera há nove anos, que a sobrinha de Fern tinha morrido, que este tinha enfrentado Sir Joseph e Cute, con-seguindo que eles é que fossem presos por difamação, e que Meg e Richard trabalha-vam demasiado. Toby disse aos espíritos que tinha apren-dido a lição, que não devia submeter-se às vontades dos outros, nem viver apenas para o trabalho. Logo, os espíritos volta-ram a ser sinos, começando a tocar para celebrar o Ano Novo.

Os Carrilhões: na demanda de um mundo mais justoEvocando Charles Dickens

Charles Dickens: a consagração anos depoisA Escola e a Sociedade

NOME: José Pereira IDADE: 1 anos ANO: .º A

Associando-se às comemorações do bicentenário do nascimento de Dickens, a nossa escola, em parceria com o Instituto Cultural de PD, proporcionou aos seus alunos o visionamento dos filmes Oliver Twist e A Christmas Carol. Este originou uma Sopa de Letras, elaborada pelo 9.º A. Nela encontrarás cinco palavras-chave do conto.Procura-as.

Da sombra à luz: A esperança de que tudo é possível!

No filme Oliver Twist, Roman Polanski apresenta-nos as duas faces da socie-dade londrina do sé-culo XIX: o lado som-brio, mesmo tene-broso, onde Oliver se movimenta até encontrar o seu benfeitor e o lado luminoso, onde o requinte e o bem-estar marcam um estilo de vida que nos obriga a refletir sobre aquele mundo de contrastes.Esta é, sem dúvida, uma histó-ria envolvente, que capta a nossa atenção e alimenta a esperança de que a vida de Oliver há de ter um twist, alcançando ele a merecida felicidade.

NOME: Cristiana Teixeira TURMA: 1.º B

Parabéns, Charles Dickens! Parabéns, ESLaranjeiras!

Oliver Twist é, sem dúvida, um filme que nos faz acreditar no twist, na mudança que, apesar de todas as adversidades, é sempre possível nas nossas vidas, desde que nos mantenhamos no lado do Bem, fiéis a nós próprios e aos nossos valores como o pequeno Oliver. Parabéns a Charles Dickens pelo seu enor-me talento em retratar a alma humana, mas, sobretudo, Parabéns à nossa Escola que, no âmbito das comemorações dos seus anos, nos tem proporcionado eventos tão relevantes quanto este!

NOME: Daniela Canha TURMA: 1.º B

A amizade não tem preço: Em vez de prendas, ofereçamos amor!

Considerei o filme A Christmas Carol, ba-seado no conto de Charles Dickens, uma importante lição de moral para os dias de hoje! Temos que dei-xar de contar o di-nheiro que temos no bolso e começar a con-tar os amigos e familiares que temos à nos-sa volta. Devemos pensar, especialmente na época natalícia, que esta deve ser mais sentida do que comprada. Porque, mesmo que o dinheiro fuja da carteira, as pessoas continuam sempre ao nosso lado. Esqueça-mos as prendas debaixo da árvore e ofere-çamos amor!

NOME: Lia Fialho TURMA: .º A

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03FEVEREIRO DE 2012

Leitora do mês

Charles Dickens: Um homem do e no seu tempoNo passado dia 7 de fevereiro, comemorou-se o bicentenário do nascimento do escritor inglês Charles Dickens (1812-1870). A Biblioteca da Escola Secundária das Laranjeiras não pôde deixar de se aliar às comemorações des-ta efeméride, recordando aque-le que foi o "apoiante dos pobres, dos que sofrem e dos oprimi-dos", conforme inscrição na lá-pide que perpetua, na abadia de Westminster, o nome deste vul-to britânico das letras. Para a comemoração deste ani-versário, a Equipa Educativa da Biblioteca Escolar da Escola Se-cundária das Laranjeiras convi-dou a Gina Silva, professora de História da nossa escola, a pro-ferir uma palestra subordinada ao tema A arte de viver para es-crever. Gina Silva abordou os momen-tos mais significativos da vida desse grande escritor da época vitoriana, que, antes de se ter tornado famoso, por contingên-cias financeiras, foi obrigado a trabalhar, ainda criança, como operário numa fábrica de graxa para calçado, onde colava os ró-tulos nas embalagens. Estes epi-sódios marcaram, indubitavel-mente, a sua obra e atestam que Dickens era um Homem do e no seu tempo.

Esta apresentação dos aspetos mais relevantes da época em que viveu Dickens foi ilustrada por diapositivos, que demonstraram que a Inglaterra do século XIX era uma nação em plena Revolu-ção Industrial, tanto no campo como na cidade, e que as trans-formações dela decorrentes marcaram a vida do autor. A palestrante mostrou como a

revolução dos transportes, em especial o comboio e os barcos a vapor, foi um marco incontorná-vel da modernidade do século XIX. Gina Silva abordou outros aspe-tos significativos da Inglaterra em que viveu o grande escritor da época vitoriana, designada-mente as grandezas e misérias de Londres, traduzidas na vida

opulenta da grande burguesia e nas desumanas condições de vida e de trabalho do operariado. Foi salientada, a este propósito, a exploração do trabalho infantil, nas fábricas e nas minas, injusti-ça que vitimou o autor de David Copperfield e de Oliver Twist, obras de caráter autobiográfico, ilustrativas de uma realidade que permanece bem atual.

Conferência

O convidado da sessão mensal de Histórias Oralmente Tans-missíveis (Sexta-feira H.O.T.), realizada no dia 27 de janeiro, foi o Campeão Nacional Abso-luto de Ralis, de 2011, Ricardo Moura, ex-aluno da ESLaran-jeiras. Ricardo Moura iniciou a sessão com a apresentação de uma en-trevista por ele concedida a um canal televisivo após a sua vitória no campeonato nacional de Ra-lis em 2011. Esta serviu de mote para a partilha, com os alunos, de aspetos marcantes da sua vida pessoal e profissional. O convidado falou sobre a sua ex-periência enquanto discente da

ESLaranjeiras, relevando o quanto esta instituição contri-buiu para a sua formação inte-gral, apesar dos momentos de dúvida vividos ao longo do seu percurso académico. Realçou ainda a importância do apoio da família para a concreti-zação dos seus sonhos. No final da sessão, o campeão nacional absoluto de ralis deixou duas perguntas aos alunos, for-muladas com o objetivo de pre-miar aquele(a) que desse a me-lhor resposta. Como prémio, o(a) vencedor(a) terá a oportunidade de efetuar um treino num dos troços do próximo SATA Rally Açores.

Ricardo Moura: a vida que dava um livro

Sexta-feira H.O.T.

NOME: Daniela Faro IDADE: 1 anos ANO: .º D

Aprender com a própria vida

Recados de mãe, de M.ª Tere-sa Gonzalez, acompanha a vida de duas irmãs, Clara e Leonor, filhas de pais separa-dos, que ficaram órfãs quan-do a mãe morreu num aci-dente. Na tentativa de as animar, o pai permitiu que passassem todo o verão com a avó ma-terna na Quinta do Chorão, em Coimbra. Ali, os dias eram passados a brincar, mas o silêncio da noite trazia-lhes terríveis saudades. Então Clara, para animar Leonor, a sua irmã mais nova, conta-va-lhe que sonhava com a mãe e que ela lhes enviava mensagens de amor. O verão passou e um novo ano letivo começou. Por deci-

são da família, as duas irmãs entraram como alunas inter-nas para o Colégio de Santa Isabel, onde, afinal, acaba-riam por passar toda a ado-lescência. Ao completarem os estudos, Leonor ainda não sabia o que queria fazer, mas Clara já de-cidira que seria missionária em qualquer país de África, para ajudar crianças órfãs. Admirada com aquela deci-são, Leonor pensou que a es-colha da irmã fora influencia-da pelos anos que passara no Colégio, mas depressa com-preendeu que aquela era a sua vocação. Leonor continuou a viver em Coimbra. Clara foi trabalhar para Moçambique como mis-sionária e só regressou a Por-tugal duas vezes: a primeira, para ser madrinha da filha adotiva da irmã; a segunda, passados vinte anos, para o casamento da afilhada.

COMPANHIA DOS LIVROS

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04 FEVEREIRO DE 2012

FICHA TÉCNICA: Equipa Editorial: Graça Meneses e Margarida Freire de Andrade. Colaboraram neste número: Igor Furnas, Gina Silva, Jorge Marques e docentes do Departamento de Matemática, coordenado por Sandra Dutra.

(A)caso(s) à parte Os jogos de Matemática na ESlaranjeirasEm 2009, alguns docentes de Matemática participaram na Es-cola de Verão, fazendo formação em "Jogos Matemáticos". Nas suas "pastas", trouxeram o gos-to por eles. Divulgaram-nos. Se-gundo Nuno Crato (2004), es-tamos perante "jogos de infor-mação perfeita, onde o acaso não intervém [...]", daí o seu nome. Dinamizámos, então, o primeiro Campeonato de escola. Moveu-nos o desejo de premiar o traba-lho desenvolvido pelos alunos e de selecionar quem participaria no primeiro Campeonato Regio-nal de Jogos Matemáticos (CRJM1). As expetativas eram muitas. Passávamos tardes "a brincar" e a nossa relação afetiva com os jogos ia crescendo. Após o CRJM1, o entusiasmo por este tipo de iniciativas aumentou.

Connosco veio um Campeão Re-gional no Jogo Ouri, André Di-nis, do 3.º Ciclo, que em Santa-rém competiu com alunos de todo o país. A sorte estava lançada. Fizemos mais formação. Em 2010/2011, renasceu o Clube de Matemática, cujo principal objetivo era o de "brincar" com os jogos (estas ati-vidades estão documentadas no M@t, http://matlaranjeiras. blogspot. com). A adesão ao tra-balho obrigou à realização de dois campeonatos. Participámos no CRJM2. O grande número de inscritos no Ouri levou à realização de três eliminatórias. O silêncio e o fair-play superaram as nossas expe-tativas. O cansaço nunca nos derrotou. Os sorrisos, as estra-tégias e a Matemática foram os

grandes vencedores. Surgiu um Campeão Regional no Hex, se-cundário, José Pedro Batista, que participou no Nacional, em Lis-boa-ISEL, ficando num honroso 7.º lugar. Nem sempre os alunos que mais gostam de matemática são os melhores jogadores, mas estes, sem dúvida, são conquistados pelo jogo para a Matemática, pois ela "está para o nosso inte-lecto como uma aventura emo-cionante está para o nosso corpo:

Departamento de Matemática

Bicampeão Regional de Hex-Secundário

cheia de desafios interessantes que a todo o custo queremos ul-trapassar." Os resultados da participação da escola no CRJM, no presente ano lectivo, foram realmente ex-celentes. Dos 18 alunos que levá-mos ao CRJM3, seis obtiveram medalhas. A Ordem dos Enge-nheiros Técnicos e a Direção Re-gional da Juventude premiaram a dedicação dos campeões à MATEMÁTICA, levando-os a Coimbra.

NOME: Alexandre Raposo (11.º C) 1.º Lugar: RASTROS-Secundário

NOME: José Pedro Batista (11.º C) 1.º Lugar: HEX- Secundário

NOME: Renata Couto (.º A) 1.º Lugar: HEX- .º Ciclo

NOME: António Fernandes (.º A) .º Lugar: HEX- .º Ciclo

NOME: Beatriz Silva (.º A) .º Lugar: OURI- .º Ciclo

NOME: Miguel Melo (.º A) .º Lugar: RASTROS-.º Ciclo

É com muita satisfação que ar-recado o título de bicampeão de Hex de Secundário e é com muito prazer que irei participar pela segunda vez no Campeo-nato Nacional de Jogos Mate-máticos. Apostei neste jogo, dado que jo-gar Hex é uma forma lúdica de pensar e de prever as estratégias do adversário. É uma mais-va-lia não só porque desenvolve o raciocínio matemático, mas

também porque nos prepara para a superação de problemas. Penso que a organização de um campeonato anual para apurar os alunos que vão representar a escola nos campeonatos regio-nais tem sido uma boa iniciativa dos nossos professores de Mate-mática. As adversidades financeiras qua-se comprometeram a ida dos 3 campeões da ESLaranjeiras ao próximo Campeonato Nacional

de Jogos Matemáticos, por isso queria agradecer àqueles que se empenharam em conseguir pa-trocínios para tornar a nossa via-gem possível. Felicito as entidades que promo-vem a realização destes jogos, porque proporcionam aos jovens a oportunidade de se "colocarem à prova", de competirem sauda-velmente e de evoluírem através do contacto com jogadores mais experientes.

Não é preciso gostar para ser bomQue conselho dás aos teus cole-gas que sentem dificuldades na matemática? Digo-lhes que só conseguirão o que querem com trabalho e dedi-cação e que, sem isso, não se con-segue ir para a frente. Não é pre-ciso gostar para ser bom. Para António Fernandes, aluno do 9.º A, a matemática é um de-safio. As dificuldades que en-contra são um estímulo para lu-tar por um sucesso que desde sempre alcançou. No mundo da matemática, o António movi-menta-se com segurança e des-cobriu que poderia constituir um

suporte para aqueles que escor-regam e sentem mais dificuldade em conviver com a aridez dos nú-meros.

Movido pelo gosto de ajudar os colegas, é presença assídua na aula de Apoio Educativo, cola-borando com o professor da disciplina: "É com os erros que se aprende, não só com os nos-sos, mas também com os dos outros". Estudar matemática não é enfa-donho, ideia que transmite aos colegas: " A matemática é uma brincadeira. Há várias formas de brincar, mas todas suscitam o gosto pela descoberta". A palavra brincadeira aguçou-nos a curiosidade acerca da in-fância do António e o que nos disse confirmou o estreito elo

que estabelece entre a matemáti-ca e o jogo: "Eu jogava todo o tipo de jogos, dando preferência aos de estratégia ou de constru-ção. Comecei a jogar xadrez mui-to novo, influenciado por meu pai, constatando que o jogo pu-xava pela cabeça. ". Os desafios da matemática ali-ciam-no ao ponto de participar infalivelmente no concurso "Pro-blema do Mês", sendo o seu ven-cedor nos dois últimos anos. No perfil do António, desta-cam-se a motivação, o esforço, a disciplina, o companheirismo, condimentos indispensáveis ao sucesso na escola e na vida.